Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Empatia em Psicoterapia
Traduzido por Carlos Nunes
É um mecanismo vital?
Sim.
É um conceito do terapeuta?
Demasiado frequente.
Suficiente por ele próprio?
Não.
John Shlien
3
Eu sou da opinião de que o leitor estude as palavras de Buber fazendo várias leituras, para imaginar, reflectir e talvez relembrar. Essas
palavras exprimem profundos níveis de pensamento. Rogers desejava aproximar-se desta posição, mas qualquer coisa evitou que tal
acontecesse, pelo menos nos primeiros escritos. Note também que o segundo parágrafo de Buber refere-se em parte à sexualidade. É
estranho que psicólogos tão preocupados simultaneamente som o sexo e a empatia tenham tão pouco a dizer acerca das suas conexões.
A única excepção é em The Talk Book, de Gerald Goodman, o qual se expande sobre o parágrafo de Buber acima referido numa
paráfrase mais prosaica (Goodman, 1988).
lugar a ligeiras alterações na am- intelectualização” do psicólogo. Allport, F. (1937): Social Psychology. Boston:
Houghton-Mifflin.
plitude do seu corpo. Você pode- Esta atractiva classificação Anderson, R. & Cissna, K. N.: The Marin
rá ouvir música ou vozes se usar de “inteligência do corpo” é uni- Buber – Carl Rogers Dialogue: A New
Transcript, with Commentary. Albany:
auscultadores de baixa frequência. lateral e pouco feliz. A empatia State University of New York Press.
Armstrong, K. (1993): A History of God. New
Se mudar a posição ou a tempera- não deve ser a negação do cére- York: Ballentine Books.
tura do corpo a recepção alterar- bro. Algumas das nossas ideias Blakeslee, S. (1966): Complex and Hidden
Brain in the Gut Makes Cramps,
se-á. modernas mais avançadas podem Butterflies and Valium. In The New York
Times, p.B5, B10.
Outros efeitos tais como ser o resultado da empatia. As “ex- Brecht, B. & Weill, K. (1934): Three Penny
este aguardam a oportunidade de periências de pensamento” de Opera. “Ballad of Mack the Knife”. New
York: Columbia Masterworks, Library of
serem descobertos ou revelados Einstein mostram o lançamento Congress.
Buber, M. (1933): Between Man and Man.
(tal como o fenómeno das pupi- imaginário de um objecto para o London: Kegan Paul.
las). E enquanto que alguns po- espaço acompanhado por este gé- Goodman, G. (1988): The Talk Book. New
York: Rodale Press.
derão ser falsas pistas, outros nio (tal como o arqueiro lança a Hess, E. H. (1975): The Tell-Tale Eye. New
York: Van Nostrand Reinhold.
mesmo demasiado efémeros flecha?) e após o seu regresso à Kirschenbaum, H. (1979): On Becoming Carl
para merecer um estudo, algu- Terra tem lugar uma nova com- Rogers. Dell Publishing Co.
Kirschenbaum, H. & Henderson, V. (1989):
mas capacidades até agora es- preensão do tempo e do espaço. The Carl Rogers Dialogues. Houghton-
Mifflin.
condidas virão à superfície. Será que este exercício de Kluver, H. (1966): Mescal and Mechanisms of
Embora subtis, elas são, contu- empatia promove a supremacia do Hallucinations. University of Chicago
Press.
do, mais substanciais que algu- cérebro sobre o corpo? Imparci- Koch, S. (1959): Psychology: A Study of
Science, Vol. III. New York: McGraw-Hill.
mas noções do mundo físico nas almente não pode favorecer ne- Mead, G. (1939). Mind, Self and Society. C.
quais nós pomos uma conside- nhum deles porque nós sabemos Morris: University of Chicago Press.
Murphy, G. (1947): Personality: A Biosocial
rável confiança. O electrão é agora que eles são um só. É re- Approach. New York: Harper and Bros.
Perls, F., Hefferline, R.F. & Goodman, P.
apenas uma teoria, mas ele fun- centemente do conhecimento pú- (1951): Gestalt Therapy. New York:
ciona tão bem, que deste modo blico que uma parte do tubo neu- Julian Press.
Rogers, C. (1942): Counselling and
explica quase tudo o que existe ral que se forma no feto é compri- Psychotherapy. Boston: Houghton-
Mifflin.
na vida real (mas não tudo). mida até à cavidade inferior, cri- Rogers, C. (1951): Client-Centered Therapy.
A empatia, por outro ando o “sistema nervoso entérico” Boston: Houghton-Mifflin.
Sartre, J.P. (1956): Self-Deception and
lado, não é tanto uma teoria; não (Blakeslee, 1986, p.35). O cére- Falsehood, in Kauffman: Existensialism
of Dostoevsky. New York: Meridian
explica solidamente o que quer bro não está apenas encerrado na Books.
que seja, não nos diz nada dos caixa craniana, uma parte dele, li- Shlien, J. (1961): A Client- Centered
Approach to Schizophrenia: First
“mecanismos”, mas é uma actu- gado através do nervo vagus, en- Approximation, in Burton, A ., The
Psychotherapy of Psychoses. New York:
alidade experiencial para muitas contra-se actualmente no tecido Basic Books.
pessoas e geralmente considera- abdominal. Os estudos biológicos Stoehr, T. (1994): Here, Now, Next: The
Origins Of Gestalt Therapy. San
da um facto assumido. Esse dão conta dos mesmos neurónios Francisco: Jossey Bass.
Vaihinger, R. (1924): The Philosophy of the
“facto” foi descoberto e bapti- e transmissões em cada uma das “AS-IF”. London: Rutledge Kegan Paul.
zado tão recentemente que pa- partes, ambos formados pela cú- Wispe, L. (1994): History of the Concept of
Empathy, in Eisenberg and J. Strayer:
rece inovador e está na moda. pula neural primitiva. Empathy and its Development.
Cambridge University Press.
Sem dúvida é um facto primiti- Quando a teoria da em- Worringer, W. (1908): Abstraktion and
vo extraordinariamente antigo. Empathy. New York: International
University Press.