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Estudo do livro Roteiro

Psicografia de Chico Xavier


Autor Espiritual Emmanuel

Estudo realizado por Candice Günther 2017/2018


Estudo do livro Roteiro de Emmanuel

Aos que amam a leitura, nada há como um livro que acabou de ser comprado, olha-se a
arte da capa, contracapa, aspira-se o ar para sentir o doce e suave aroma que um livro
que está prestes a ser lido pela primeira vez exala.

Eis-me, assim, com o livro Roteiro nas mãos.

Na capa uma bússula, em perfeita consonância com o título Roteiro, mas também um
papel antigo em rolo, talvez um papiro...

Onde iremos com este “roteiro”? De que se trata este livro/caminho apresentado por
Emmanuel no ano de 1952, pela psicografia de Chico Xavier, em sua primeira edição?
É preciso que primeiro se “Defina rumos”, então, olhemos o que o prefácio nos tem a
dizer:

Definindo Rumos

Em verdade, meu amigo, terás encontrado no Espiritismo a tua renovação mental.


O fenômeno terá modificado as tuas convicções.
As conclusões filosóficas alteraram, decerto, a tua visão do mundo.
Admites, agora, a imortalidade do ser.
Sentes a excelsitude do teu próprio destino.

Mas se essa transformação da inteligência não te reergue o coração com o


aperfeiçoamento íntimo, se os princípios que abraças não te fazem melhor, à frente dos
nossos irmãos da Humanidade, para que te serve o conhecimento? Se uma força
superior te não educa as emoções, se a cultura te não dirige para a elevação do caráter
e do sentimento, que fazes do tesouro intelectual que a vida te confia?

Não vale o intercâmbio, somente pelo capricho atendido.


A expressão gritante do inabitual pode estar vazia de substância.
A ventania impetuosa que varre o solo, com imenso alarido, costuma gerar o deserto,
enquanto que o rio silencioso e simples garante a floresta e a cidade, os lares e os
rebanhos.
Se procuras contacto com o plano espiritual, recorda que a morte do corpo não nos
santifica. Além do túmulo, há também sábios e ignorantes, justos e injustos, corações
no céu e consciências no inferno purgatorial . . .
As excursões no desconhecido reclamam condutores.

O Cristo é o nosso Guia Divino para a conquista santificante do Mais Além...


Não te afastes dEle.
Registrarás sublimes narrações do Infinito na palavra dos grandes orientadores,
ouvirás muitas vozes amigas que te lisonjearão a personalidade, escutarás novidades
que te arrebatam ao êxtase, entretanto, somente com Jesus no Evangelho bem vivido é
que reestruturaremos a nossa individualidade eterna para a sublime ascensão à
Consciência do Universo.
***
Estas páginas despretensiosas constituem um apelo à congregação de nossas forças em
torno do Cristo, nosso Mestre e Senhor.
Sem a Boa Nova, a nossa Doutrina Consoladora será provavelmente um formoso
parque de estudos e indagações, discussões e experimentos, reuniões e assembléias,
louvores e assombros, mas a felicidade não é produto de deduções e demonstrações.
Busquemos, pois, com o Celeste Benfeitor a lição da mente purificada, do coração
aberto à verdadeira fraternidade, das mãos ativas na prática do bem e o Evangelho nos
ensinará a encontrar no Espiritismo o caminho de amor e luz para a Alegria Perfeita.
Emmanuel
Pedro Leopoldo , 10 de junho de 1952

As primeiras linhas falam ao meu coração. Realmente encontrei na doutrina espírita as


chaves e respostas para muitas inquietações que pairavam em minha alma. Nestas
verdades imortais encontrei uma quietude e uma calma em meu viver que até então
desconhecia. Sim, as luzes do espiritismo hoje guiam o meu caminhar e parece-me que
é este o rumo que nosso benfeitor está a definir...
Mas não se trata de exercício apenas do intelecto, onde já tantos se perderem em
divagações vazias e superficiais. Emmanuel nos alerta que se a “transformação da
inteligência não te reergue o coração com o aperfeiçoamento íntimo”, para que servem?
Por que sou espírita? Qual a razão de dirigir-me a casa espírita semanalmente? O que
procuro?
Educar emoções, elevar caráter e sentimento...
Vejam esta frase, que faz menção ao intercâmbio espiritual: “A expressão gritante do
inabitual pode estar vazia de substância. Li, reli, refleti.

Eis uma alerta e uma constatação: mesmo participando de reuniões mediúnicas, mesmo
tendo acesso ao intercâmbio com o mundo espiritual, mesmo sendo um ativo membro
de uma casa espírita, posso estar desperdiçando mais uma existência, o que faço pode
estar “vazio de substância”. É como um lindo frasco que esteja vazio, uma panela que
não tem mais arroz, uma garrafa que não tenha mais água. Vazio!

Estamos definindo rumos, correto? Por que iremos estudar um livro que intitula-se
roteiro!! Há uma frase popular que diz que se você não sabe para onde quer ir, qualquer
direção serve. Folhas ao vento, não sabem para onde ir, são apenas reféns da vontade do
vento, conduzidas. Somos folhas ao vento? Ou somos senhores de nossas vidas e do
nosso querer?

Recordo-me de Saulo. Homem fiel ao seu pensamento, a sua vontade, ao seu querer.
Talvez por estas virtudes tão raras tenha sido chamado de “vazo escolhido”. Certamente
ele cometeu muitos equívocos, mas era uma alma em busca da verdade, de forma
honesta e corajosa. Saulo era fiel ao que acreditava ser correto e isto lhe permitiu
vivenciar uma transformação moral em sua vida como raras vezes vimos na
humanidade.

Saulo deixou-se conduzir pelo Cristo, e tornou-se Paulo, a quem somos todos devedores
por todos os ricos ensinamentos que a sua vida nos deixou.

Eis, então, que Emmanuel nos apresenta o guia: Jesus. Os espíritos já o haviam dito a
Kardec, no livro dos Espíritos:
625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de
guia e modelo?
“Jesus.”

E Ele, nosso modelo, nos guiará para que “reestruturemos a nossa individualidade
eterna para a sublime ascensão à Consciência do universo.”

Deus nos fez únicos! E nosso caminho é encontrar esta individualidade eterna. Sabendo,
assim, que o meu caminhar é único, individual e intransferível. Irei aprender com quem
cruzar pelo meu caminho, coisas boas e ruins, porém, a minha trajetória eu escolherei e
a trilharei com meus pés.

Saber-se senhor dos seus passos é vital para quem deseja ascender. Não poderei mais
delegar ao outro a minha responsabilidade de conduzir a minha vida e pautá-la nos
ensinamentos que me são apresentados.

Emmanuel encerra o prefácio com o check-list, sim, uma lista do que devemos procurar
em nossa existência:
- mente purificada;
- do coração aberto à verdadeira fraternidade;
- das mãos ativas na prática do bem;
- e o Evangelho nos ensinará a encontrar no Espiritismo o caminho de amor e luz para a
Alegria Perfeita.

Não sabemos do que se trata esta “Alegria Perfeita”, quem já a viveu? Quem já a
sentiu?

Houve um povo antigo que também trilhou um caminho, seguiu um roteiro. Eles eram
escravos e houve a promessa de que seriam libertos e conduzidos a uma terra fértil,
cheia de leite e mel. O povo hebreu, que nos trouxe a primeira revelação, buscava,
também, a ALEGRIA PERFEITA, a Terra de Canaà.

Atravessaram um deserto, foram 40 anos de lutas e sacrifícios para adentrar na Terra


Prometida.
Não por acaso, o livro Roteiro possuiu 40 lições. Caminhamos, hoje, em outros
desertos, a aridez não é mais do solo, é a alma que anda endurecida, seca, infértil de
bondade...não é mais o alimento que falta, mas a palavra amiga e acolhedora...temos
sede de afeto, temos necessidade de acolhimento amigo...eis o Mestre a nos convidar
através de seus trabalhadores a adentrarmos na Terra Fértil, pelo caminho do amor e luz,
alegres em Deus e com Deus.

Eu sou uma peregrina, amante do estudo e compartilho o que vou descobrindo em


minhas andanças. Não tenho o ensejo de ensinar, mas de aprender. E quando aprende
me sinto tão feliz que preciso compartilhar. É simples o que lhes ofereço, é, também,
fruto de um coração sincero, que quer melhorar-se trilhando o caminho do amor e luz.

Iniciamos assim o estudo do livro Roteiro, rogando ao Mestre Jesus e aos bons espíritos
que nos conduzam nesta nova jornada, permitindo que adentremos no pensamento
trazido por Emmanuel neste livro/tesouro que acreditamos, com firma convicção,
emanar das esferas mais altas, onde os bons habitam e zelam por nós.

Grata Jesus pela oportunidade do estudo, que minha alma não lhe seja indiferente.
Estudo do livro Roteiro
Lição 1 – O homem ante a vida

Na primeira lição deste livro que Emmanuel nos apresenta, intitulado Roteiro,
temos a oportunidade de situarmo-nos enquanto homens e enquanto espíritos. Iremos
percorrer uma trajetória com o autor, no prefácio ele nos definiu o rumo
(“... reestruturaremos a nossa individualidade eterna para a sublime ascensão à
Consciência do Universo.”), agora ele irá nos auxiliar a termos uma perspectiva de
quem somos e onde estamos.

O título já é um convite à reflexão: O homem ante a vida!! Qual a minha posição


ante a nova oportunidade reencarnatória que estou vivenciando? Vivo o hoje, consciente
da semeadura que estou realizando? Sou o grande responsável pela minha jornada,
ontem, hoje e amanhã.

Vejamos um trecho:

“No crepúsculo da civilização em que rumamos para a alvorada de novos milênios, o


homem que amadureceu o raciocínio supera as fronteiras da inteligência comum e
acorda, dentro de si mesmo, com interrogativas que lhe incendeiam o coração.
Quem somos?
Donde viemos?
Onde a estação de nossos destinos?”

Nos primeiros tempos, enquanto humanidade, ocupávamos toda a nossa energia


preocupando-nos com nossa sobrevivência. Tudo era escasso e difícil. A alimentação, a
moradia, a saúde, a vida rudimentar infligia ao homem lutas constantes e, com isso,
aguçou-lhe a inteligência. Criou novas formas de viver, veio a indústria e depois a
tecnologia e tornaram essas lutas mais simples e tudo mais acessível.
Eis, então, que a inteligência aprimorada é convidada a despertar e inicia uma
trajetória fantástica, cheia de descobertas e possibilidades, o homem descobre seu
mundo interior, percebe-se um ser que pensa e questiona:

Quem eu sou?

Já pensamos sobre isso? Hoje estamos vestindo uma roupa carnal, vivendo com
pessoas que amamos e que nos amam, também convivemos com aqueles que nos são
difíceis, convidando-nos a paciência e ao perdão, todos eles auxiliando-nos na jornada,
porém, isto é apenas uma parte de quem somos e de onde estamos. Indo além, somos
convidados a olhar nossas aptidões, tendências, talentos e dificuldades, reunindo o que
conseguimos construir ao longo de nossa trajetória evolutiva, para iniciarmos a resposta
desta valorosa pergunta.

E, enquanto humanidade, também é necessário que nos situemos. Vejamos o que


dizem os espíritos na questão 793 do Livro dos Espíritos:

“Credes que estais muito adiantados, porque tendes feito grandes descobertas e obtido
maravilhosas invenções; porque vos alojais e vestis melhor do que os selvagens.
Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de
vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram, e quando viverdes como
irmãos, praticando a caridade cristã. Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que
percorreram a primeira fase da civilização.”

A civilização, como todas as coisas, apresenta gradações diversas. Uma civilização


incompleta é um estado transitório, que gera males especiais, desconhecidos do homem
no estado primitivo. Nem por isso, entretanto, constitui menos um progresso natural,
necessário, que traz consigo o remédio para o mal que causa. À medida que a
civilização se aperfeiçoa, faz cessar alguns dos males que gerou, males que
desaparecerão todos com o progresso moral.”

Assim, ampliando a perspectiva, somos convidados a olhar para o passado e


reconhecermos que lá já estivemos:
“À margem da senda em que jornadeia, surgem os escuros estilhaços dos ídolos
mentirosos que adorou e, enquanto sensações de cansaço lhe assomam à alma
enfermiça, o anseio da vida superior lhe agita os recessos do seu, qual braseiro vivo do
ideal, sob a espessa camada de cinzas do desencanto.”

Em busca da resposta para a pergunta “quem somos”, o espiritismo informa que somos
a somatória de muitas experiências, vividas em muitas vidas. E nesta estrada (margem
da senda em que jornadeia) surgem os reflexos deste passado (estilhaços dos ídolos
mentirosos que adorou).
Assim nos ensinam os espíritos:
“Ao nascer, traz o homem consigo o que adquiriu, nasce qual se fez; em cada
existência, tem um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber o que foi antes: se
se vê punido, é que praticou o mal. Suas atuais tendências más indicam o que lhe resta
a corrigir em si próprio e é nisso que deve concentrar-se toda a sua atenção,
porquanto, daquilo de que se haja corrigido completamente, nenhum traço mais
conservará. As boas resoluções que tomou são a voz da consciência, advertindo-o do
que é bem e do que é mal e dando-lhe forças para resistir às tentações.” (Evangelho
Segundo o Espiritismo – Cap. Bem Aventurados os Aflitos)
No exercício do intelecto, questionando sua vida e sua inteligência, o homem é levado a
refletir quanto ao seu saber.
Somos sábios?
O sábio reconhece o seu tamanho, sabe-se pequeno diante do Universo, mas também
sabe o seu papel diante da vida e do lugar em que vive. É humilde, não por falta de
inteligência, mas porque aprendeu a olhar para o alto.
Vejam como Emmanuel nos encaminha para este pensamento, do micro ao
macrocosmo:

"Recorre à sabedoria e examina o microcosmo em que sonha.


Reconhece a estreiteza do círculo em que respira.
Observa as dimensões diminutas do Lar Cósmico em que se desenvolve.
Descobre que o Sol, sustentáculo de sua apagada residência planetária, tem um volume
de 1.300.000 vezes maior que o dela.
Aprende que a Lua, insignificante satélite do seu domicílio, dista mais de 380.000
quilômetros do mundo que lhe serve de berço.
Os Planetas vizinhos evolucionam muito longe, no espaço imenso.
Dentre eles, destaca-se Marte, distante de nós cerca de 56.000.000 de quilômetros na
época de sua maior aproximação.
Alongando as perquirições, além do nosso Sol, analisa outros centros de vida.
Sirius ofusca-lhe a grandeza.
Pólux, a imponente estrela do Gêmea, eclipsa-o em majestade.
Capela é 5.800 vezes maior.
Antares apresenta volume superior.
Canópus tem um brilho oitenta vezes superior ao do Sol."

Porque olhar para o céu? Qual a razão, a necessidade de nos sentirmos tão pequeninos
diante do mundo? Jesus já dizia que na casa de nosso Pai há muitas moradas...
Se estamos num roteiro e esta é a primeira lição é preciso que a interpretemos com
eficácia para não comprometer o restante da viagem.
Olhar para céu é assumir a perspectiva do infinito. Somos deuses, disse o Cristo.
Sabemos que viveremos muitas vidas, sabemos que estamos em trajetória evolutiva,
pois está na hora de vivermos com esta perspectiva e não mais apegadas as coisas
efêmeras da Terra.

Mas Emmanuel irá complicar um pouco isso, pois após nos levar para o céu, nos trará
novamente para a Terra e para as suas dores e lutas. Vejam:

"Deslumbrado, apercebe-se de que não existe vácuo, de que a vida é patrimônio de


gota d’água, tanto quanto é a essência dos incomensuráveis sistemas siderais, e,
assombrado ante o esplendor do Universo, o homem que empreende a laboriosa tarefa
do descobrimento de si mesmo volta-se para o chão a que se imanta e pede ao amor
que responda à soberania cósmica, dentro da mesma nota de grandeza, todavia, o amor
no ambiente em que ele vive é ainda qual milagrosa em tenro desabrochar.
Confinado ao reduzido agrupamento consanguíneo a que se ajusta ou compondo a
equipe de interesses passageiros a que provisoriamente se enquadra, sofre a
inquietação do ciúme, da cobiça, do egoísmo, da dor. Não sabe dar sem receber, não
consegue ajudar sem reclamar e, criando o choque da exigência pra os outros, recolhe
dos outros os choques sempre renovados da incompreensão e da discórdia, com raras
possibilidades de auxiliar e auxiliar-se.
Viu a Majestade Divina nos Céus e identifica em si mesmo a pobreza infinita da Terra.
Tem o cérebro inflamado de glória e o coração invadido de sombra.
Orgulha-se, ante os espetáculos magnificentes do Alto e padece a miséria de baixo."

Primeiramente nos faz voltar ao mundo pequenino da gota d'água para nos lembrar que
lá também há vida. Prossegue falando da Majestade Divina e da pobreza da Terra, do
cérebro inflamado de glória (grande) e invadido de sombra (pequeno), orgulho e
miséria...lado a lado.

É como se estivéssemos voando e algo nos puxasse repentinamente para baixo e isso
tem uma razão especial. Precisamos olhar para o céu, porém, jamais deixarmos a
humildade de lado. Somos deuses, em construção. Estamos em trajetória evolutiva.

Somos convidados a assumir a perspectiva da imortalidade, porém, sabendo-nos


principiantes na escola da sabedoria, tendo como grandes mestres desta escola divina a
dor e a renúncia. Não esquecendo é claro, do Mestre dos Mestres, o amor.

E Emmanuel nos lembra que "o amor na Terra é ainda a alegria dos oásis fechados."

Agora sim estamos aptos a mais este passo e aos parágrafos finais:

"E, partindo os elos que o prendem à estreita família do mundo, o homem que
desperta, para a grandeza da Criação, perambula na Terra, à maneira do viajante
incompreendido e desajustado, peregrino sem pátria e sem lar, a sentir-se grão
infinitesimal de poeira nos Domínios Celestiais.
Nesse homem, porém, alarga-se a acústica da alma e, embora os sofrimentos que o
afligem, é sobre ele que as Inteligências Superiores estão edificando os fundamentos
espirituais de Nossa Humanidade."

Uma forma de entender bem este final é pensarmos no povo hebreu e no que a primeira
revelação nos ensina em relação a um Roteiro Evolutivo.
Eles viviam na escravidão, não eram senhores de si, não tinham a liberdade de exercer
a sua vontade. Quando fugiram do Egito, foram para o deserto enfrentar duras provas a
fim de chegarem a Terra Prometida. Eis os símbolos que necessitamos para entender a
lição.
Ao tomarmos a decisão de assumirmos a nossa trajetória evolutiva, nos tornando
responsáveis pelo nosso bom ou mau viver, deixamos de ser escravos de opiniões e
paixões. Começamos a nossa trajetória, mas há um deserto a ser atravessado.
Este deserto são nossas imperfeições.

Alguém já viu o céu no deserto...creio que não há nada mais belo...tantas estrelas num
profundo silêncio que é quase possível estender a mão para tocá-las. A Via Láctea se
desenha perfeita e nos descobrimos parte de um Universo Imenso.

Este é o olhar de quem almeja a liberdade e caminha em frente. Sabe que está num
deserto, sabe que não pode ficar parado, ou nas palavras de Emmanuel: " à maneira do
viajante incompreendido e desajustado, peregrino sem pátria e sem lar, a sentir-se grão
infinitesimal de poeira nos Domínios Celestiais."

A forma como nos posicionamos ante a vida é o primeiro passo deste roteiro magnífico
que Emmanuel nos convida a trilhar.

Olhemos para céu, reconhecendo-nos viajantes do Universo, hoje, moradores de um


lugar de provas e expiações, mas com o coração almejando mundos mais elevados, onde
o bem e o belo sejam esplendores de luz que a todos alcançam.

Caminhemos...nosso roteiro prossegue.


Estudo Roteiro
Lição 2 – No plano carnal

Começamos o estudo deste livro “definindo rumos”, sabendo-nos espíritos em


caminho evolutivo, seguiremos este Roteiro e “reestruturaremos a nossa individualidade
eterna para a sublime ascensão à Consciência do Universo.” Conhecemos o guia, Jesus,
conscientes de nossa imortalidade, trilharemos o caminho com humildade.

Pois bem, seguindo as lições é chegada a hora de avaliarmos “como iremos”.

Imaginemos uma viagem, iremos a pé, de carro, ônibus ou avião? Se queremos


atravessar o deserto de nossas imperfeições, é preciso descobrir o que temos a nossa
disposição para a travessia.

O espírito, caros amigos, já o disse o Cristo “sopra onde quer”, mas o corpo
físico é limitado, não obstante, é o nosso “meio de transporte” durante esta jornada
evolutiva. E para que possamos fazer uma boa viagem, Emmanuel nos convida a refletir
um pouco sobre este “veículo”.

Assim, inicia o texto:

“Isolado na concha milagrosa do corpo, o espírito está reduzido em suas


percepções a limites que se fazem necessários.”

Compara nosso corpo a uma concha milagrosa, tal qual uma ostra que produzirá
uma pérola:

“A parte interna da concha de uma ostra é uma substância lustrosa chamada


nácar. Quando um grão de areia a penetra, as células do nácar começam a trabalhar e
cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas, para proteger o corpo indefeso
da ostra. Como resultado, uma linda pérola é formada. Uma ostra que não foi ferida,
de algum modo, não produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada...” (Rubens
Alves)

Ao fazer esta comparação, em apenas duas palavras “concha milagrosa”,


Emmanuel nos remete ao valoroso significado de estar encarnado. Algo está sendo
realizado em nosso interior, em nosso mundo íntimo. Há uma pérola sendo produzida e,
ainda, que sejamos capazes de reconhecer apenas o grão de areia, há um esforço
evolutivo tentando produzir uma pérola, ou seja, uma existência que represente mais um
degrau evolutivo, uma existência que angarie um tesouro para o espírito.

Precisamos, assim, conhecer melhor esta “concha”.

Prossegue Emmanuel:

“A esfera sensorial funciona, para ele, à maneira de câmara abafadora. Visão,


audição, tato, padecem enormes restrições.”

Quando encarnados, nossos sentidos estão limitados. Pensemos, como exemplo,


em nossa visão. Posso ver o que me cerca até onde meus olhos alcançarem e estou
limitada a percepção que meu globo ocular consegue realizar. Mas, e nosso espírito?
Como são estas percepções?

Os espíritos disseram a Kardec no Livro dos Espíritos:

247. Os Espíritos precisam transportar-se, para ver em dois lugares diferentes? Podem
ver ao mesmo tempo num e noutro hemisfério do globo?
— Como o Espírito se transporta com a rapidez do pensamento, podemos dizer que
vê por toda parte de uma só vez. Seu pensamento pode irradiai dirigir-se para muitos
pontos ao mesmo tempo. Mas essa faculdade depende da sua pureza: quanto menos
puro ele for, mais limitada é a sua vista; somente os Espíritos superiores podem ter
visão de conjunto.
Comentário de Kardec: A faculdade de ver dos Espíritos, inerente à sua natureza,
difunde-se por todo seu ser, como a luz num corpo luminoso. É uma espécie de lucidez
universal, que estende a tudo, envolve simultaneamente o espaço, o tempo e as coisas e
par; qual não há trevas nem obstáculos materiais. Compreende-se que assim deve ‘
pois no homem a vista funciona através de um órgão que recebe a luz, e sem luz fica na
obscuridade. Nos Espíritos, a faculdade de ver é um atributo próprio, que independe de
qualquer agente exterior. Avista não precisa da luz. (Ver Ubiqüidade item 92.)
248. O Espírito vê as coisas distintamente como nós?
— Mais distintamente, porque a sua vista penetra o que a vossa não pode penetrar;
nada a obscurece.
249. O Espírito percebe os sons?
— Sim, e percebe até mesmo os que os vossos sentidos obtusos não podem perceber.
249 – a) A faculdade de ouvir, como a de ver, está em todo o seu ser?
— Todas as percepções são atributos do Espírito e fazem parte do seu ser. Quando
ele se reveste de corpo material, elas se manifestam pelos me orgânicos; mas, no estado
de liberdade, não estão mais localizadas.

Eis, então, algo de grande relevância que precisamos conhecer em nossa jornada
evolutiva: nosso espírito vive uma experiência carnal, passageira e transitória, limitada,
mas com um objetivo.

Prossigamos com a lição do livro Roteiro:

“O cérebro físico é um gabinete escuro, proporcionando-lhe ensejo de recapitular e


reaprender.
Conhecimentos adquiridos e hábitos profundamente arraigados nos séculos aí jazem na
forma estática de intuições e tendências.
Forças inexploradas e infinitos recursos nele dormem, aguardando a alavanca da
vontade para se externarem no rumo da superconsciência.”

Ao encarnarmos, por misericórdia divina, esquecemo-nos das vidas anteriores.


Esquecemos dos desenganos, das fraquezas, das discórdias, dos débitos, dos desafetos,
porém, Deus nos permite recordar do tesouro que já angariamos, através das intuições e
das tendências. A pérola produzida em uma concha deixará uma cicatriz, mesmo se
retirada, e será sempre uma lembrança de que havia algo muito precioso ali. Assim,
também, nossas aptidões, algumas adormecidas que ao menos incentivo despertam em
nós, sejam as intectuais, como facilidades em determinadas áreas de estudo, sejam as
afetivas, ao reencontrar alguém com quem já estivemos em vidas anteriores, enfim, o
despertar se dará nas mais diversas áreas, boas e ruins.

Há, porém, aquilo que ainda não foi descoberto, ao que Emmanuel chama de
“Forças inexploradas e infinitos recursos nele dormem”, remetendo-nos novamente ao
conceito de um ser em evolução. Somos a soma do que até aqui foi construído, porém,
estamos matriculadas em uma escola, encarnados em um corpo físico, que é o agente
divino escolhido por Deus para nos auxiliar nesta trajetória, nesta grande viagem que é a
nossa vida.

Prossegue a lição:

“No templo miraculoso da carne, em que as células são tijolos vivos na


construção da forma, nossa alma permanece provisoriamente encerrada, em
temporário olvido, mas não absoluto, porque, se transporta consigo mais vasto
patrimônio de experiência, é torturado por indefiníveis anseios de retorno à
espiritualidade superior, demorando-se, enquanto no mundo opaco, em singulares e
reiterados desajustes.”

Quando iniciamos a lição, comparamos nosso corpo a um veículo neste roteiro


que estamos seguindo. Será ele a transportar a nossa alma nesta etapa da jornada. A
constituição deste veículo se dá através das células, que Emmanuel nos define como
“tijolos vivos na construção da forma.”

O que isto quer dizer? Nosso corpo nos dá a exata dimensão do nosso espírito,
pois este o molda. O milagre da carne é ser animada, é ter vida e quem a dá é o espírito
que nela habita, organizando-a conforme seu adiantamento moral.

“A carne não é fraca senão porque o espírito é fraco, o que derruba a questão e
deixa ao espírito a responsabilidade de todos os seus atos. A carne, que não tem nem
pensamento nem vontade, jamais prevalece sobre o Espírito, que é o ser pensante e
voluntarioso. É o espírito que dá à carne as qualidades correspondentes aos instintos,
como um artista imprime à sua obra material o cunho de seu gênio. Liberto dos
instintos da bestialidade, o espírito modela um corpo que não é mais um tirano para as
suas aspirações à espiritualidade de seu ser; então o homem come para viver, porque
viver é uma necessidade, mas não vive para comer. A responsabilidade moral dos atos
da vida, portanto, permanece íntegra. Mas, diz a razão que as consequências dessa
responsabilidade devem ser proporcionais ao desenvolvimento intelectual do Espírito,
pois quanto mais esclarecido ele for, menos escusável será, porque, com a inteligência
e o senso moral, nascem as noções do bem e do mal, do justo e do injusto. O selvagem,
ainda vizinho da animalidade, que cede ao instinto do animal, comendo o seu
semelhante, é, sem contradita, menos culpável que o homem civilizado que comete uma
simples injustiça."

Esta lei ainda encontra sua aplicação na Medicina e dá a razão do seu insucesso em
certos casos. Considerando-se que o temperamento é um efeito, e não uma causa, os
esforços tentados para modificá-lo podem ser paralisados pelas disposições morais do
espírito que opõe uma resistência inconsciente e neutraliza a ação terapêutica. É, pois,
sobre a causa primeira que devemos agir; se se consegue mudar as disposições morais
do espírito, o temperamento modificar-se-á por si mesmo, sob o império de uma
vontade diferente ou, pelo menos, a ação do tratamento médico será ajudada, em vez de
ser tolhida. Se possível, dai coragem ao poltrão, e vereis cessarem os efeitos
fisiológicos do medo. Dá-se o mesmo com as outras disposições.

Mas, perguntarão, pode o médico do corpo fazer-se médico da alma? Está em suas
atribuições fazer-se moralizador de seus doentes? Sim, sem dúvida, em certos limites; é
mesmo um dever que um bom médico jamais negligencia, desde o instante que vê no
estado da alma um obstáculo ao restabelecimento da saúde do corpo. O essencial é
aplicar o remédio moral com tato, prudência e convenientemente, conforme as
circunstâncias. Deste ponto de vista, sua ação é forçosamente circunscrita, porque,
além de ele ter sobre o seu doente apenas uma ascendência moral, em certa idade é
difícil uma transformação do caráter. É, pois, à educação, e sobretudo à primeira
educação, que incumbem os cuidados dessa natureza. Quando a educação, desde o
berço, for dirigida nesse sentido; quando nos aplicarmos em abafar, em seus germes,
as imperfeições morais, como fazemos com as imperfeições físicas, o médico não mais
encontrará no temperamento um obstáculo contra o qual a sua ciência muitas vezes é
impotente. ” Revista Espírita 1869
Começamos, assim, a vislumbrar que o nosso corpo é um material neutro, a
matéria não tem vontade própria, mas é o espírito quem a anima e organiza, de forma
harmônica ou não.

De posse deste conhecimentos, temos, então a oportunidade de adentrar neste


mundo fantástico e inquietante que é o auto-conhecimento. Nosso corpo, ferramenta
divina em nossa trajetória evolutiva, é moldado por nosso espírito. Poderíamos, então,
pensar que quanto mais belo mais evoluído? Isto seria atribuir a matéria algo além do
que ela é. Nosso corpo está ajustado a nossa necessidade espiritual, manifestando
tendências adquiridas ao longo dos milênios e as manifestando em inteligência,
aptidões, talentos, não se trata, assim, apenas de ser belo, mas de ser útil e bom.

E são por estas razões que somos convidados ao trabalho:

“Dentro da grade dos sentidos fisiológicos, porém, o espírito recebe gloriosas


oportunidades de trabalho no labor de auto-superação.
Sob as constrições naturais do plano físico, é obrigado a lapidar-se por dentro, a
consolidar qualidades que o santificam e, sobretudo, a estender-se e a dilatar-se em
influência, pavimentando o caminho da própria elevação.” Roteiro

Desenvolveremos aptidões e talentos, como também iremos adquirir novos


conhecimentos, angariando novo patrimônio evolutivo a ser utilizado em nova
experiência reencarnatória. Tudo o que estamos realizando hoje, será considerado na
próxima existência...

Eis, então, a exata dimensão de como nos encontramos hoje:

“Aprisionado no castelo corpóreo, os sentidos são exíguas frestas de luz,


possibilitando-lhe observações convenientemente dosadas, a fim de que valorize, no
máximo, os seus
recursos no espaço e no tempo.
Na existência carnal, encontra multiplicados meios de exercício e luta para a aquisição
e fixação dos dons de que necessita para respirar em mais altos climas.” Roteiro
Nosso espírito vive uma experiência corpórea, que o limita de forma educativa,
ensinando-o, capacitando-o, elevando-o.

É interessante Emmanuel usar a expressão “aprisionado no castelo corpóreo”.


Recordemos do fantástico livro deixado por Teresa D’Avila, intitulado Castelo Interior:

“Teresa parte da idéia de que a felicidade, que ela chama de Deus, está dentro
de cada um de nós e não pode ser encontrada em nenhum outro lugar, visto ser um
estado de consciência, cujo aflorar demanda o autoconhecimento, pois o homem –
afirma – não é a idéia que tem de si mesmo, mas uma alma ou consciência com vários
graus de perfeição que abriga no mais recôndito o verdadeiro ser. A entrada nessa
esfera de consciência, no entanto, não depende de conhecimento intelectivo e sim de
experiência direta que caracteriza o saber místico, a verdadeira sabedoria. É pelo
autoconhecimento, lastreado na introspecção, que o ser humano consegue
compreender-se e se transformar, de ser psíquico em Eu superior, ensejando a
renovação da mente e o nascer para uma vida completamente nova, fruto de aliança
definitiva da personalidade com o homem interior, o grande desconhecido.” (Sergio
Carlos Covello)

Tudo o que Deus faz é fruto do seu imenso amor por nós. Muitas vezes
encontraremos na vida física dificuldades e lutas, mas serão elas que impulsionarão o
nosso ser espiritual para patamares mais elevados.

Muitas vezes serão nossas dores quem nos conduzirão.

“Pela necessidade, o verme se arrasta das profundezas para a luz.


Pela necessidade, a abelha se transporta a enormes distâncias, à procura de flores que
lhe garantam o fabrico do mel.
Assim também, pela necessidade de sublimação, o espírito atravessa extensos túneis de
sombra, na Terra, de modo a estender os poderes que lhe são peculiares.
Sofrendo limitações, improvisa novos meios para a subida aos cimos da luz, marcando
a própria senda com sinais de uma compreensão mais nobre do quadro em que sonha e
se agita.
Torturado pela sede de Infinito, cresce com a dor que o repreende e com o trabalho que
o santifica.” Roteiro

Eis-nos, então, diante de uma mais ampla compreensão deste veículo divino ao
qual estamos ligados nesta existência, que irá nos advertir a corrigenda, através da
escola bendita da dor, mas também irá nos impulsionar a mais elevados patamares de
entendimento do mundo e de nós mesmos, sempre que nos colocarmos em trabalho útil,
que nos torne pessoas melhores para nós e para o mundo que nos cerca.

Encerra a lição com os seguintes dizeres:

“As faculdades sensoriais são insignificantes résteas de claridade descerrando-lhe


leves notícias do prodigioso reino da luz.
E quando sabe utilizar as sombras do palácio corporal que o aprisiona
temporariamente, no desenvolvimento de suas faculdades divinas, meditando e agindo
no bem, pouco a pouco tece as asas de amor e sabedoria com que, mais tarde, desferirá
venturosamente os vôos sublimes e supremos, na direção da Eternidade.”

O Roteiro que iremos seguir está em nosso querer, temos as ferramentas


necessárias, sabemos o rumo que este voo sublime e supremo nos aponta, a Eternidade,
e seguiremos aprendendo com o nosso Mestre Jesus, que mostrou-nos toda a nossa
potencialidade enquanto homens, mas sobretudo, enquanto espíritos imortais. Ele
venceu a carne.
Estudo Roteiro
Lição 03 – O Santuário Sublime

Estudar o livro Roteiro nos convida a um maior entendimento da vida, dos


motivos de estarmos encarnados e dos instrumentos que Deus coloca a serviço do nosso
espírito para que alcemos voos mais altos.

Somos moradores de um Universo imenso, que o próprio Cristo afirmou, ter


muitas moradas. As estrelas abrigam planetas e estes abrigam habitantes espalhados
pelo mundo e em tal quantidade que mal conseguimos contá-los.

Emmanuel nos leva, porém, do macro ao microcosmo, convidando-nos a


conhecer melhor um outro universo, em que habitamos, e que, também, abriga milhares
de vidas em caminho evolutivo. Sim, nosso corpo também é uma morada celestial.

Nossos olhos se voltam para as grandezas do mundo, para as belezas que o


homem já foi capaz de realizar:

“Noutro tempo, as nações admiravam como maravilhas o Colosso de Rodes,


os Jardins Suspensos da Babilônia, o Túmulo de Mausolo, e, hoje, não há quem fuja ao
assombro, diante das obras surpreendentes da engenharia moderna, quais sejam a
Catedral de Milão, a Torre Eiffel ou os arranha-céus de Nova Iorque.” Roteiro

Não há dúvida que estes lugares encerram uma grandiosa beleza, falando-nos da
riqueza de seus criadores, não apenas material, mas sobretudo espiritual. O homem
revela-se em sua obra.

Somos levados, então, a perguntar: quem é o homem, na Terra?

Já vimos que nosso espírito está em uma experiência carnal, aprendemos que o
espírito anima e molda o corpo físico, mas Emmanuel nos convida e irmos um pouco
além.
“Raros estudiosos, no entanto, se recordam dos prodígios do corpo humano,
realização paciente da Sabedoria Divina, nos milênios, templo da alma, em temporário
aprendizado na Terra.” Roteiro

O que sabemos sobre o veículo carnal que recebe o nosso espírito nesta
encarnação? Qual o conhecimento que temos do nosso corpo? Interessamo-nos por ele?
Observamos suas reações ante os fenômenos que nos cercam?

Poucos poderão responder de forma afirmativa as perguntas acima. Em geral,


nos atemos as aulas escolares e deixamos de lado o estudo desta fantástica “máquina”,
templo da alma...

Despertando, então, para novos horizontes, não iremos, neste singelo estudo,
desvendar as maravilhas do nosso corpo, mas iremos aproveitar o momento para
pincelar argumentos que nos levem a mudar o nosso viver, de modo a que nos
interessemos mais por conhecer este lugar fantástico em que habitamos.

Recordando que, se é nosso espírito que anima e molda nosso corpo, certo é que
não é ele que o cria. Nossa constituição física é criação divina, foi Deus que pensou o
homem e através de um sopro criador, deu as diretrizes para a organização da matéria,
revelando-nos assim, através de sua criação, muito de si mesmo. Sim, nosso corpo é tão
fantástico que revela uma Inteligência superior que a quis, pensou e criou.

Eis, então, que iremos começar uma fantástica aventura rumo ao nosso desconhecido
corpo. Quem nos conduz é Emmanuel, um pequeno texto, que nos remete a profundos
conhecimentos...

“Por mais se nos agigante a inteligência, até agora não conseguimos explicar,
em toda a sua harmoniosa complexidade, o milagre do cérebro, com o coeficiente de
bilhões de células...” Roteiro
O cérebro humano contém cerca de 86 bilhões de neurônios, ligados por mais
de 1.000 conexões sinápticas cada. Eis, algumas curiosidades sobre o nosso cérebro,
apresentados pela Revista Galileu:

“Cerca de 75% da massa total do cérebro é composta por água. Pesando mais ou
menos 1,5kg, representa de 2 a 3% da massa corporal, consome cerca de 20% do nosso
oxigênio e de 15 a 20% da glicose. Ele pode arquivar o equivalente a 1.000 terabytes
de informações. O cérebro possui mais conexões do que o número de estrelas em nossa
galáxia. Existem de 80 a 100 bilhões de células nervosas no cérebro. Somos capazes de
escanear e processar imagens complexas em até 13 milissegundos. As redes neurais
artificiais (RNAs), que são modelos computacionais inspirados pelo sistema nervoso
central, precisam de 40 minutos para processar o que o cérebro leva apenas um
segundo. Mais de 160.000 quilômetros de vasos sanguíneos se espalham pelo cérebro
humano, o suficiente para dar a quatro voltas na Terra. O cérebro em repouso produz
energia suficiente para acender uma lâmpada de 25 watts.”

Uau!!! Alguém duvida que o inventor de nosso cérebro é um “cara legal”? E a


ciência reconhece que não está nem perto de desvendar todos os mistérios de
funcionamento do nosso cérebro.

Sigamos em frente com Emmanuel, ele continua o texto dizendo: “o aparelho


elétrico do sistema nervoso, com os gânglios à maneira de interruptores e células
sensíveis por receptores em circuito especializado, com os neurônios sensitivos,
motores e intermediários, que ajudam a graduar as impressões necessárias ao
progresso da mente encarnada, dando passagem à corrente nervosa, com a velocidade
aproximada de setenta metros por segundo...” Roteiro

O tempo todo estamos recebendo informações, nosso cérebro as organiza,


estabelece prioridades e nos indica o que fazer ou o que não fazer. Este texto da Revista
Super Interessante nos auxilia a entender a afirmativa acima:

“Na opinião do neurofisiologista Luiz Menna-Barreto, da Universidade de São Paulo,


não se pode entender o mecanismo de compreensão de mensagens quando se pensa em
um único ou mesmo em poucos neurônios. “O cérebro sempre raciocina em cima de
centenas de milhares de células nervosas. É muito mais adequado imaginá-lo como um
jogo de batalha naval em três dimensões, onde os pontos assinalados seriam neurônios
ativados”, sugere Menna-Barreto. “
Conforme o padrão formado por esses pontos, o cérebro entende um significado.”
Existem neurônios que já nascem sabendo o que fazer: é o caso dos que controlam o
ritmo cardíaco, feito marca-passos, disparando constantemente ondas elétricas em uma
freqüência predeterminada. Outros, porém, surgem como folhas em branco, mas, à
medida que um estímulo chega ali pela primeira vez, fica gravado para sempre de
alguma maneira ainda não muito clara para os cientistas. Ou seja, aquele neurônio
ativado passará a gerar regularmente a onda elétrica desencadeada pelo estímulo, que
pode até já ter desaparecido.

Do mesmo modo, na batalha naval imaginada por Menna-Barreto, existem padrões


inatos de comportamento cerebral, como os do sono. Mas outros padrões são criados
pela experiência. Isso é possível graças à mais fantástica característica do cérebro
humano: a plasticidade. Pode-se visualizar as ligações entre os neurônios como
caminhos, a maior parte deles criados na infância. No decorrer da vida, o cérebro deixa
de lado na memória as ruas por onde transitam poucas informações. Em compensação,
rasga novas estradas e abre avenidas nas áreas por onde passam muitos estímulos
nervosos. Isto é, faz crescer novos prolongamentos unindo mais neurônios ou aumenta
as áreas de contato, as sinapses, já existentes entre as células.”

Sobre a audição, diz-nos Emmanuel:


"...o parque da audição, com os seus complicados recursos para o registro dos sons e
para fixação deles nos recessos da alma, que seleciona ruídos e palavras, definindo-os e
catalogando-os na situação e no conceito que lhes são próprios;" Roteiro

“O ouvido humano detecta sons de 20 a 20.000 Hertz, isto é, desde um ruído mínimo
como o incômodo barulhinho que o pernilongo faz de madrugada, até o barulho de um
avião a jato. (O nível sonoro é a grandeza em décibeis - dB - que permite saber se o som
é forte ou fraco).
Doenças ou cirurgias na orelha podem alterar o paladar. Uma das funções das orelhas é
justamente passar sinais de sabor do cérebro, e isso se dá graças ao nervo conhecido
como corda do tímpano.

Esse nervo transpassa a região central da orelha enquanto conecta a língua e o cérebro.
É por isso, então, que a orelha pode afetar potencialmente a forma como sentimos o
sabor dos alimentos que ingerimos.

O ouvido humano tem três ossos nominais. São ossos minúsculos que, se juntados,
correspondem ao tamanho de uma moeda pequena – o menor osso do corpo humano é o
estribo, localizado no ouvido. A área interna do ouvido é do tamanho de uma
borrachinha daquelas que ficam na ponta do lápis – e só ali há pelo menos 20 mil cílios,
que são pelinhos que vibram conforme escutamos diversos sons e que servem para
proteger a região.

Quando você dorme, seus ouvidos continuam a ouvir todos os barulhos do ambiente. A
diferença é que seu cérebro desliga a maioria dos receptores dos sons para que você
possa dormir em paz e só desperte ao ouvir um barulho realmente alto.

Seu ouvido é o responsável por manter seu corpo em equilíbrio. Problemas relacionados
a tonturas crônicas podem indicar labirintite. A estrutura interna do ouvido tem o
labirinto, formado pela cóclea, cuja função está relacionada à audição, e o vestíbulo, que
cuida do equilíbrio. A função dessas estruturas pode ser afetada em decorrência de
inflamações, infecções e tumores." Fonte: Site megacurioso.com.br

Prossegue Emmanuel no livro Roteiro:

"...o centro da fala; a sede miraculosa do gosto, nas papilas da língua, com um
potencial de corpúsculos gustativos que ultrapassa o número de 2.000;"

“A voz emitida pelo ser humano tem sua origem nas vibrações de duas membranas,
denominadas cordas vocais. Quando você está calado, o ar que sai dos pulmões passa
livremente pela laringe, pois as cordas vocais estão completamente afastadas. Não há
som. Para falar, você faz com que elas se juntem. O ar força a passagem e surgem as
vibrações.

As vibrações dessas cordas são comunicadas ao ar existente nas diversas cavidades da


boca, da garganta e do nariz. A combinação de todas essas vibrações determina o timbre
da voz, que é característico de cada pessoa.

As notas mais agudas são produzidas quando as cordas estão mais estendidas e as mais
graves quando elas se afrouxam. A pressão do ar vindo dos pulmões controla a
intensidade do som.

Segundo pesquisas feitas pelo Instituto Max Planck, Antropologia Evolucionária:


"Geneticamente, a fala é exclusividade humana".”

Fonte: http://www.sitedecuriosidades.com/curiosidade/como-funciona-a-fala.html

Poderíamos nos debruçar sobre todos os itens citados por Emmanuel, que seguem
abaixo:

"... as admiráveis revelações do esqueleto ósseo; as fibras musculares; o aparelho


digestivo; o tubo intestinal; o motor do coração; a fábrica de sucos do fígado; o vaso
de fermentos do pâncreas; o caprichoso sistema sanguíneo, com os seus milhões de
vidas microscópicas e com as suas artérias vigorosas, que suportam a pressão de
várias atmosferas; o avançado laboratório dos pulmões; o precioso serviço de seleção
dos rins; a epiderme com os seus segredos dificilmente abordáveis; os órgãos
veneráveis da atividade genésica e os fulcros elétricos e magnéticos das glândulas no
sistema endocrínico." Roteiro

Esta frase, porém, sintetiza o que devemos aprender e começar a desvendar:

"No corpo humano, temos na Terra o mais sublime dos santuários e uma das
supermaravilhas da Obra Divina." Roteiro
Conhecer o nosso corpo, como ele funciona, como extrair dele as suas melhores
potencialidades é um convite que este Roteiro nos faz.

Em geral, nos encheremos de entusiasmo diante de uma nova viagem, para um lugar
desconhecido e com enormes possibilidades de descobertas. Pois nos dedicarmos a
conhecer nosso corpo, como ele funciona, como podemos beneficiá-lo com uma
alimentação sadia, exercícios, meditação, etc. é também um convite a uma viagem
espetacular à "supermaravilha da Obra Divina".

Mas será que entendemos o que este conhecimento fará por nossa evolução?

Vejamos o que Emmanuel nos diz:

"Da cabeça aos pés, sentimos a glória do Supremo Idealizador que, pouco a pouco, no
curso incessante dos milênios, organizou para o espírito em crescimento o domicílio de
carne em que alma se manifesta. Maravilhosa cidade estruturada com vidas
microscópicas quase imensuráveis, por meio dela a mente se desenvolve e purifica,
ensaiando-se nas lutas naturais e nos serviços regulares do mundo, para altos encargos
nos círculos superiores." Roteiro

Nossa alma se manifesta em nosso corpo e este corpo é estruturado por Deus. Conhecê-
lo é, também, saber do nosso Criador, de suas leis, de sua bondade, mas, sobretudo, do
seu amor.

Por exemplo, há uma lei de solidariedade que nos interliga, não caminhamos sozinhos
no mundo e cada ação nossa tem uma repercussão. A começar pelo nosso próprio corpo
que aloja bilhões de formas microscópicas.

"Alguns pesquisadores afirmam que, no total, existe um número superior a 10 bilhões


de bactérias em nosso corpo, divididas em mais de 200 espécies diferentes. A grande
maioria vive no interior do organismo, em que a temperatura é mais ou menos estável e
o alimento é abundante. Elas preferem os lugares em que é fácil encontrar comida:
dentes, garganta e aparelho digestivo. Mas poucas bactérias habitam os locais em que há
líquido correndo , como os canais por que passam as lágrimas ou a urina (veja o quadro
ao lado). Elas não resistem à força da correnteza e acabam sendo arrastadas.
Embora o número de bactérias que habitam o corpo humano seja alto, todas elas, se
reunidas, encheriam um recipiente pouco maior que uma garrafa pequena de
refrigerante. E esse volume, comparado com o do nosso corpo, não significa muito."
"...você não precisa mais sentir aquele medo de ficar sozinho que às vezes aparece. Se
lhe servir de consolo, lembre que, o tempo todo, mais de 10 bilhões de seres vivos estão
juntinhos de você, fazendo uma companhia que, muitas vezes, é benéfica para o
funcionamento do seu organismo… "
(Fonte: http://chc.cienciahoje.uol.com.br/o-condominio-chamado-corpo-humano/)

Eis, então, que neste caminho que percorreremos, caminho evolutivo do espírito, Deus,
Nosso Pai Celestial nos auxilia. Perguntamos em estudo anterior "como iremos? a pé, de
carro ou avião?" Iremos com o nosso corpo, que supera todas as invenções que o
homem já foi capaz de realizar. Nosso corpo é uma benção.

"A bênção de um corpo, ainda que mutilado ou disforme, na Terra, é como preciosa
oportunidade de aperfeiçoamento espiritual, o maior de todos os dons que o nosso
Planeta pode oferecer." Roteiro

Precisamos estudá-lo, compreendê-lo, explorar suas potencialidades, não obstante ele


limitar o espírito, é certo que o nosso desconhecimento do seu funcionamento o limita
ainda mais.

Mas não é assim que agimos, infelizmente.

"Até agora, de modo geral, o homem não tem sabido colaborar na preservação e na
sublimação do castelo físico. Enquanto jovem, estraga-lhe as possibilidades, de fora
para dentro, desperdiçando-as impensadamente, e, tão logo se vê prejudicado por si
mesmo ou prematuramente envelhecido, confia-se à rebelião, destruindo-o de dentro
para fora, a golpes mentais de revolta injustificável e desespero inútil.” Roteiro

Se formos sábios, seremos gratos pelo corpo que acolhe nosso espírito, saberemos que
ele está moldado da melhor forma que o nosso caminhar evolutivo fez por merecer e
hoje podemos construir algo bom para o nosso futuro. Duas asas nos guiam (amor e
sabedoria), como disse Emmanuel, e também Kardec:

Amai-vos e instrui-vos.

Eis o dia, eis a hora, mudemos o nosso modo de ver o mundo, ampliemos o nosso olhar,
sabendo-nos peregrinos em experiência corporal.

Encerra a lição com os dizeres:

"Dia surge, porém, no qual o homem reconhece a grandeza do templo vivo em que se
demora no mundo e suplica o retorno a ele, como trabalhador faminto de renovação,
que necessita de adequado instrumento à conquista do abençoado salário do progresso
moral para a suspirada ascensão às Esferas Divinas." Roteiro

Sejamos gratos pelo dia de hoje e pelas oportunidades que o dia nos oferece, quando a
escuridão chegar e o retorno à Pátrio Espiritual estiver próximos, teremos a alegria da
missão cumprida, ou como Paulo o disse no final dos seus dias, “lutei um bom
combate.” (2Timóteo 4:7)
Estudo Roteiro
Lição 04 - Na senda evolutiva

"Natura non facit saltum" (A natureza não dá saltos), dizia Darwin 7 vezes ao
longo de sua grande obra prima: "A Origem das espécies", também, neste sentido, inicia
Emmanuel mais uma lição do livro Roteiro:

"Quantos milênios gastou a Natureza Divina para realizar a formação da máquina


física em que a mente humana se exprime na Terra?
O corpo é para o homem santuário real de manifestação, obra-prima do trabalho
seletivo de todos os reinos em que a vida planetária se subdivide.
Quanto tempo despenderá, desse modo, a Sabedoria Celeste na estruturação do
organismo da alma?" Roteiro

Recordemos que na lição passada fomos convidados a ter uma percepção melhor
do nosso corpo que é animado e moldado pelo espírito, conforme já o permita sua
evolução, porém, é criado por Deus e, por este motivo, revela-se como uma máquina
super fantástica, repleta de enigmas e possibilidades que o homem começa a conhecer.

Mas este corpo não foi criado assim, foi desenvolvido por milênios, como
ratificam os cientistas:

"O ser humano como o conhecemos hoje nem sempre teve as mesmas características
físicas. Segundo estudos científicos, os primeiros ancestrais parecidos com o homem
atual surgiram na Terra há um período de aproximadamente 3,5 a 4 milhões de anos
atrás."

A pergunta que Emmanuel nos faz, porém, revela um outro fator que precisamos
entender e refletir:

"Quanto tempo despenderá, desse modo, a Sabedoria Celeste na estruturação


do organismo da alma?" Roteiro
Agregamos a pergunta da lição outras, decorrentes do mesmo pensamento:
Quanto tempo nosso espírito necessita para evoluir? Este tempo é igual para todos?
Como é esta evolução?

Vejamos um trecho do cap. III do livro O céu e o inferno:

"Os Espíritos são criados simples e ignorantes, mas com a aptidão de adquirir tudo e
de progredir, em virtude de seu livre-arbítrio. Pelo progresso, eles adquirem novos
conhecimentos, novas faculdades, novas percepções, e, por conseguinte, novos prazeres
desconhecidos dos Espíritos inferiores; eles veem, ouvem, sentem e compreendem o que
os espíritos atrasados não podem ver, nem ouvir, nem sentir, nem compreender. A
felicidade é proporcional ao progresso realizado; de modo que, de dois Espíritos, um
pode não ser tão feliz quanto o outro, unicamente porque não está tão avançado
intelectual e moralmente, sem que eles precisem estar cada qual num lugar distinto.
Embora estando um ao lado do outro, um pode estar nas trevas, ao passo que tudo é
resplandecente à volta do outro, absolutamente como para um cego e alguém, que vê
que se dão as mãos: um percebe a luz, a qual não faz nenhuma impressão no seu
vizinho."

Começamos a entender a pergunta de Emmanuel. Do estágio inicial, o espírito


criado simples e ignorante, percorrerá caminhos, vidas, mundos e irá sempre evoluir,
Deus o criou perfectível, ou seja, um ser que tende a perfeição sem, no entanto, jamais o
ser.

Vejamos mais um trecho da lição:

"Da sensação à irritabilidade, da irritabilidade ao instinto, do instinto à inteligência e


da inteligência ao discernimento, século e séculos correram incessantes.
A evolução é fruto do tempo infinito.
A morte da forma somática não modifica, de imediato, o Espírito que lhe usufrui a
colaboração.
Berço e túmulo são simples marcos de uma condição para outra." Roteiro
Novamente um convite a uma perspectiva mais ampla perante a vida. Não
iremos resolver tudo de uma só vez, não iremos corrigir nossos defeitos, nem adquirir as
virtudes almejadas senão com muito esforço e trabalho reiterado no bem. O desejo é o
primeiro passo, querer algo é muito bom, mas não basta querer, é preciso agir.

André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, nos dá notícias deste longo
caminho evolutivo:

"...para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio


e discernimento, o ser, automatizado em seus impulsos, na romagem para o reino
angélico, despendeu para chegar aos primórdios da época quaternária, em que a
civilização elementar do sílex denuncia algum primor de técnica, nada menos de um
bilhão e meio de anos. Isso é perfeitamente verificável na desintegração natural de
certos elementos radioativos na massa geológica do Globo. E entendendo-se que a
Civilização aludida floresceu há mais ou menos duzentos mil anos, preparando o
homem, com a bênção do Cristo, para a responsabilidade, somos induzidos a
reconhecer o caráter recente dos conhecimentos psicológicos, destinados a automatizar
na constituição fisiopsicossomática do Espírito humano as aquisições morais que lhe
habilitarão a consciência terrestre a mais amplo degrau de ascensão à Consciência
Cósmica."

É preciso saber de nossa limitação não para nos conformarmos, mas para termos
persistência, sabendo que cada passo é essencial em nossa jornada. Começamos simples
e ignorantes, mas já não o somos mais...

Continuemos com Emmanuel na lição:

"Assim é que, para as consciências primárias, a desencarnação é como se fora a


entrada em certo período de hibernação. Aves sem asas, não se elevam à altura.
Aguardam o momento de novo regresso ao ninho carnal para a obtenção de recursos
que as habilitem para os grandes vôos. Crisálidas espirituais, imobilizam-se na feição
exterior com que se apresentam, mas no íntimo conservam as imagens de todas as
experiências que armazenaram nos recessos do ser, revivendo-as em forma de
pesadelos e sonhos,imprimindo na mente as necessidades de educação ou reparação,
com que devem comparecer no cenário da carne, em momento oportuno." Roteiro

Somos aves ainda sem asas, crisálidas que estão aprisionadas em casulo
aguardando o momento de eclodir. Esta comparação é muito oportuna, pois corrobora a
idéia que já apresentamos acima. Imaginemos uma pequena ave, recém saída do ovo,
ela necessita de algum tempo para estar apta ao voo. Assim, também, a crisálida, precisa
de um tempo para que se desenvolva corretamente. Se abrirmos o casulo antes do
tempo, a lagarta jamais se transformará em borboleta, jamais voará.

“O que a lagarta chama de fim do mundo, o homem chama de borboleta.” Richard Bach

Retornamos, então, a pergunta de Emmanuel:

" Quanto tempo despenderá, desse modo, a Sabedoria Celeste na estruturação do


organismo da alma?"

Diz-nos, também, que " A evolução é fruto do tempo infinito."

Sempre haverá algo a ser melhorado, sempre haverá algo a aprender. E se não
estamos satisfeitos com o que temos hoje, pensemos um pouco em como era o mundo
há 1000 anos...será que sentiremos saudades?

Não obstante reconhecermos que hoje estamos melhores que ontem, há em nós
um anseio, uma necessidade de algo melhor. Um sentimento de inadequação ao mundo
em que estamos, e se não soubermos entender isso, tenderemos ao isolamento, será
triste a nossa jornada.

Nosso rumo é o infinito e a isso se deve esta inquietação constante. Nós não
apenas queremos ser melhores, esta é a nossa mais profunda necessidade. A evolução é
Lei Divina e está em nós, gravada em nosso consciência pelo Pai Celestial.
Perceber-se limitado nos permite ver o outro de igual forma. Ampliando-se a lei
áurea que nos diz para amar ao próximo como a nós mesmos, verifica-se um
desdobramento desta lei. Se eu ainda estou estagiando em mundos de provas e
expiações, sou falível e estou em busca de melhoria, devo permitir ao outro o uso do seu
livre-arbítrio, com consciência de que todos estão jornadeando em processo evolutivo.
Os defeitos e imperfeições alheios não apenas serão tolerados, mas compreendidos.

Percebam que é neste sentido que Emmanuel prossegue o texto da lição:

"Para semelhantes inteligências, a morte é como que a parada compulsória, por algum
tempo, diante de mais altos degraus da escada evolutiva que ainda não se acham aptas
a transpor. Sem os instrumentos de exteriorização, que lhes cabe desenvolver e
consolidar, essas mentes, quando desencarnadas, sofrem consideráveis alterações da
memória.
Quase sempre, demoram-se nos acontecimentos que viveram e, de alguma sorte,
perdem, temporariamente, a noção do tempo. Cristalizam-se, dessa maneira, em
paixões e realizações do passado que lhes é próprio, para renascerem, na arena da luta
material, com as características do quadro moral em que se coloram, desintegrando
erros e corrigindo falhas, edificando, pouco a pouco, as qualidades sublimes com que
se transportarão às Esferas Mais Altas." Roteiro

Quais são as nossas cristalizações? Quais são os caminhos que acostumamos a


percorrer durante milênios e que nos são mais fáceis, quase automáticos, mas que
precisamos mudar para evoluir? E isto, as cristalizações, não se dão apenas
individualmente, mas verifica-se na conduta de todo um povo, como nos informa
Emmanuel no livro A Caminho da Luz:

"Essas tribos assimilaram todos os elementos encontrados em seus caminhos,


impulsionando-lhes os passos nas sendas do progresso e do aperfeiçoamento. Enquanto
os semitas e hindus se perderam na cristalização do orgulho religioso, as famílias
arianas da Europa, embora revoltadas e endurecidas, confraternizaram com o
selvagem e nisso reside a sua maior virtude."

Sobre a China:
"A cristalização das ideias chinesas advém, simplesmente, desse insulamento voluntário
que prejudicou, nas mesmas circunstâncias, o espírito da Índia, apesar da fascinante
beleza das suas tradições e dos seus ensinos. É que a civilização e o progresso, como a
própria vida, dependem das trocas incessantes."

Esta fala de Emmanuel é tão pertinente que a própria medicina terapeutica


abraça o tema, verificando que muitas vezes a dinâmica funcional da família é repetida,
reiterada na vida adulta, ainda que seja ruim, ainda lhe esteja causando dor. Práticas
cristalizadas na infância que permanecem na vida adulta.

A questão é quanto tempo iremos nos demorar nestas situações e a resposta


começa a surgir quando já estamos aptos a verificar qual o esforço diário que realizamos
no auto-conhecimento, e, também, no quanto nos dedicamos para alcançar novas
virtudes, através de boas práticas realizadas cotidianamente.

Não vivemos sob um determinismo, atraímos o bom ou o mal que nos acontece.
E isto decorre de não sermos uma página em branco, algumas coisas estão tão
arraigadas, são tão profundas em nosso ser que demorarão muito tempo, muitas vidas
para serem curadas.

Qual a virtude que queremos e que reconhecemos ainda não ter? O que estamos
realizando em relação a este fato? Quais as boas práticas que me auxiliam a melhorar
em determinado aspecto que já descobri ser incompleto em meu ser?

Vejamos como segue a lição:

"Em razão disso, os Espíritos delinqüentes ressurgem nas correntes da vida física,
reproduzindo no patrimônio congenial as deficiências que adquiriram à face da Lei.
O malfeitor conservará consigo longo remorso por haver desequilibrado o curso do
bem, impondo lamentável retardamento ao avanço espiritual que lhe diz respeito e, com
essa perturbação, represará na própria alma grande número de imagens que, na zona
mental dele mesmo, se digladiarão mutuamente, inibindo, por tempo indeterminável, o
acesso de elementos renovadores ao campo do próprio “eu”."
Existem pessoas que carregam dentro de si uma tristeza imensa, outras são
agressivas diante da menor contrariedade...eles estão "reproduzindo no patrimônio
congenial as deficiências que adquiriram à face da Lei." Ou seja, estão fazendo o que
aprenderam a fazer ao longo das muitas vidas que já tiveram. O que necessitam, porém,
é de renovação, e esta se dá pelas portas do amor, que nutre com paciência, bondade,
abnegação a vida do outro, sem esperar nada em troca, simplesmente, porque este ser
que vive na delinquência ainda não está apto a oferecer algo de si mesmo para o mundo.
Suas potencialidades estão inibidas, como Emmanuel diz, seu ser inibe o " acesso de
elementos renovadores ao campo do próprio “eu”."

Vejam o quanto a doutrina espírita nos auxilia a compreendermos o mundo e as


pessoas que nos cercam. Não se trata apenas de como eu estou diante do mundo, mas
também, de como vejo o outro diante do mundo e do processo evolutivo em que ele se
encontra. E se já houver em nós um pouco de amor, poderemos ir além, e buscar como
podemos auxiliar o nosso irmão a seguir em frente, porque é auxiliando-nos
mutuamente que iremos avançar.

Prossegue a lição com importante informação, mostrando-nos que o processo de


purificação exigirá não apenas do espírito, mas afetará o vaso físico:

"Purificado o vaso íntimo do sentimento, renascerá na paisagem das formas, com o


defeito adquirido através do longo convívio com o desespero, com o arrependimento ou
com a desilusão, reajustando o corpo perispirítico, por intermédio de laborioso esforço
regenerativo na esfera carnal.
Os aleijões de nascença e as moléstias indefiníveis constituem transitórios resultados
dos prejuízos que, individualmente, causamos à corrente harmoniosa da evolução."

"Laborioso esforço regenerativo" é trabalho, é ação reiterada no bem a si


mesmo e aos outros. Reajustaremos os erros do passado adquirindo as virtudes que
estavam ausentes. É preciso que lembremos que muito do que fazemos, ainda, é
decorrência do nosso estagio inicial de simplicidade e ignorância. Em muitos aspectos
ainda somos limitados e apenas com experiências de vida iremos adquirir maior
harmonia.
Emmanuel encerra a lição:

"De átomo a átomo, organizam-se os corpos astronômicos dos mundos e de pequenina


experiência em pequenina experiência, infinitamente repetidas, alargasse-nos o poder
da mente e sublimam-se-nos as manifestações da alma que,no escoar das eras
imensuráveis, cresce no conhecimento e aprimora-se na virtude, estruturando,
pacientemente, no seio do espaço e do tempo, o veículo glorioso com que
escalaremos,um dia, os impérios deslumbrantes da Beleza Imortal."

A vida física não se distingue da vida espiritual no que tange a sua organização,
assim como hoje, para nós, respirar é um ato automático, dia virá em que o bem será
algo que simplesmente realizamos, sem tanto esforço, sem tanto pensar, estará no cerne
do nosso espírito, cristalizado de uma forma positiva e imutável.

O conhecimento de que somos seres em evolução nos dá um olhar diferenciado


para o mundo em que habitamos, mas sobretudo, nos convida a uma olhar mais
profundo para nós mesmos, a fim de que sejamos capazes de reconhecer quem somos e
quem queremos ser.
Estudo Roteiro
Lição 05 - Nos círculos da matéria

Didaticamente, Emmanuel nos conduz neste Roteiro, mostra-nos um passo e nos


faz seguir em frente, seja na percepção do mundo ou de nós mesmos, o caminho vai
ganhando mais amplos contornos. Permitindo, assim que nossas reflexões caminhem
por searas importantes visando o nosso desenvolvimento, ou, como ele disse no
Prefácio: “reestruturaremos a nossa individualidade eterna para a sublime ascensão à
Consciência do Universo.”

Estamos em um mundo material, isto é fato e todos sabemos. Temos, aliás, os


sentidos a nos lembrarem disto...nós vemos, tocamos, cheiramos, sentimos frio, calor,
enfim, o mundo material a todo o tempo nos está estimulando, fazendo o nosso intelecto
avançar e chamando-nos a conhecer as Leis Divinas que também nele operam.

Nesta etapa, o benfeitor nos convidará a um olhar novo sobre a matéria, assim
iniciando:

"Superando as vulgaridades que lhe assinalam a romagem na carne, o Espírito


reconhece a sua posição de internado nos círculos da matéria que, a seu turno, é
simplesmente o conjunto das vidas inferiores, suscetível de ser examinado pela nossa
capacidade de apreciação." Roteiro

O que se pode entender pela expressão "vulgaridades que lhe assinalam a


romagem na carne" ?

Verificamos algumas lições em que o autor usa o termo "vulgaridades", em


busca do sentido exato que o mesmo quer dar a expressão. Vejamos, assim, um trecho
do livro Caminho Verdade e Vida:

"A revelação divina, significando o que a Humanidade possui de melhor, é


cooperação da espiritualidade sublime, trazida às criaturas pelos colaboradores de
Jesus, através da exemplificação, dos atos e das palavras dos homens retos que, a
golpes de esforço próprio, quebram o círculo de vulgaridades que os rodeia,
tornando-se instrumentos de renovação necessária."

"Quando o homem comum descansa nas vulgaridades e inutilidades da existência


terrestre, ninguém lhe examina os passos. Suas atitudes não interessam a quem quer
que seja. Todavia, em lhe surgindo no coração a erva tenra da fé retificadora, sua vida
passa a constituir objeto de curiosidade para a multidão."

Talvez, a primeira imagem ao pensarmos em algo vulgar, seja algo comum,


corriqueiro, ou, então, algo exagerado, de gosto duvidoso. Mas a expressão utilizada por
Emmanuel nos quer dizer algo mais, fala-nos do homem que olha apenas para sua vida
material, apoiando-se nela exclusivamente. Sua felicidade reside em ter, e de engano em
engano, aprende que os sentidos não nos ofertam algo para o qual não foram criados. A
matéria é efêmera e tudo o que nela se apoia também o será.

Eis-nos, então, avançando, superando as coisas corriqueiras da vida para um


entendimento maior do que ela é e representa para nosso espírito. Apenas a este espírito,
que superou esta etapa é possível seguir em frente, eis que " reconhece a sua posição de
internado nos círculos da matéria."

Percebo-me um ser encarnado, percebo-me tendo uma experiência material,


porém, sei que estou muito além de tudo isto, eis que reside em meu corpo um espírito
que é imortal.

A questão a que seremos levados a enfrentar nesta lição é a forma como


interagimos com este mundo material. Vejamos o próximo parágrafo:

"Em seus múltiplos estados, a matéria é força coagulada, dentro de extensas faixas
dinâmicas, guardando a entidade mental de tipos diversos, em seu longo roteiro
evolutivo.
Corpos sólidos, líquidos, gasosos, fluidos densos e radiantes, energias sutis, raios de
variadas espécies e poderes ocultos tecem a rede em que a nossa consciência se
desenvolve, na expansão para a imortalidade gloriosa." Roteiro
Segundo o vernáculo: " Matéria é qualquer substância que ocupa lugar no
espaço." Emmanuel, porém, nos fala que é força coagulada!! O que isso quer dizer?

A verdade é que o conceito de vernáculo, ante os estudos que a física quantica


nos oferta, está ultrapassado e definir matéria, hoje em dia, é algo pra lá de complicado.
Apenas para aproveitarmos a oportunidade e aprendermos um pouco sobre o assunto,
vejamos que hoje já se tem a notícia de 07 estados da matéria:

Os 7 estados da matéria:

1º estado: No estado sólido considera-se que a matéria do corpo mantém a forma


macroscópica e a posição relativa de sua partícula. É particularmente estudado nas áreas
da estática e da dinâmica.

2º estado: No estado líquido, o corpo mantém a quantidade de matéria e


aproximadamente o volume; a forma e posição relativa das partículas não se mantém. É
particularmente estudado nas áreas da hidrostática e da hidrodinâmica.

3º estado: No estado gasoso, o corpo mantém apenas a quantidade de matéria, podendo


variar amplamente a forma e o volume. É particularmente estudado nas áreas da
aerostática e a aerodinâmica.

4º estado: O Plasma está presente principalmente nas televisões de LCD ou cristal


líquido, ou ainda chamadas de TVs de plasma. Neste estado há certa pastosidade da
substância, que permite uma maior e melhor resposta quando recebe informações
decodificadas pelos feixes de luz emitidos pelos componentes da TV.

5º estado: O Condensado de Bose-Einstein é o quinto estado da matéria, e é obtido


quando a temperatura chega a ser tão baixa que as moléculas entram em colapso. O
condensado de Bose-Einstein é uma coleção de milhares de partículas ultra-frias
ocupando um único estado quântico, ou seja, todos os átomos se comportam como um
único e gigantesco átomo.
6º estado: Gás Fermiônico, diferentemente do condensado de Bose-Einstein nesse
estado as partículas apesar de estarem a baixíssimas temperaturas ainda se comportam
isoladamente, ou seja, as partículas são solitárias e não se comportam como um
condensado perfeito (completamente unidas).

7º estado: Superfluido de polaritons, trata-se de um material sólido preenchido com


uma série de partículas de energia conhecidas como polaritons. Os polaritons foram
aprisionados e tiveram sua velocidade diminuída no interior do novo material. Este
estado da matéria até agora desconhecido, introduz um método radicalmente novo tanto
para mover energia de um ponto a outro, quanto para gerar um feixe de luz coerente -
um laser - utilizando uma quantidade muito pequena de energia.
Fontes:http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/estados-fisicos-
materia.htm; http://docplayer.com.br/4565397-A-materia-possuem-7-estados-
fisicos.html

Mas o que isto representa para nós? Qual a importância disto, destes estados da
matéria, que Emmanuel bem define: "Corpos sólidos, líquidos, gasosos, fluidos densos e
radiantes, energias sutis, raios de variadas espécies e poderes ocultos"?

Eles "tecem a rede em que a nossa consciência se desenvolve, na expansão para


a imortalidade gloriosa." Roteiro

Qual rendeira que ponto a ponto, fio a fio vai realizando seu trabalho, estas
forças coaguladas que nos cercam também possuem um objetivo.

Sigamos com a lição.

"O homem é gênio divino em aperfeiçoamento ou um anjo nascituro, no grande


império das existências microscopias, em cujo âmbito é escravo natural das ordenações
superiores e legítimo senhor das potências menores. Em torno dele tudo é movimento,
transformação e renovação. No seio multifário da natureza em que se agita, tudo se
modifica no embate turbilhonário das energias que lhe favorecem a experiência e a
ascensão." Roteiro
Relembrando que nosso corpo abriga centenas de vidas, a lição nos vem dizer
que para estas somos qual gênio divino, qual anjo, a lhes auxiliar em sua trajetória
evolutiva. Não obstante, ao olhar para o mundo, percebe-se sujeito a forças outras,
superiores, que o governa e dirige. Há algo menor, que depende de mim e de igual
forma, há algo maior, do qual eu dependo.

E agora, vem a informação bombástica de lição:

"Em torno dele tudo é movimento, transformação e renovação. No seio multifário da


natureza em que se agita, tudo se modifica no embate turbilhonário das energias que
lhe favorecem a experiência e a ascensão.
Embora a ordem dominante nos elementos infra-infinitesimais, tudo aí se desfaz e se
refaz incessantemente, oferecendo ao Espírito fases importantes de materialização e
desmaterialização, dentro de leis sistemáticas que funcionam em igualdade de
condições para todos.
Mas, além dos elementos químicos analisados, entre o hidrogênio e o urânio, que se
agrupam no Planeta, através de infinitas combinações, jazem as linhas de força do
mundo subatômico, geradas pelos potenciais elétricos e magnéticos que presidem a
todos os fenômenos da vida e, por trás dessas linhas positivas, neutras ou negativas,
que constituem a matéria, verdadeira aglomeração de sistemas solares microscópicos e
de nebulosas infinitesimais, permanece o pensamento que tudo cria, renova e destrói
para refazer. "

Eis o "poder oculto", que "cria, renova e destrói para refazer". Do dizer de
Emmanuel,"Os pensamentos assemelham-se a tintas multicoloridas. A ação é o pincel
que formará os quadros em que passarás a viver." (Da Obra “A SEMENTE DE
MOSTARDA”).

Antes de prosseguir, precisamos compreender que o que Emmanuel está


afirmando nesta lição em relação ao pensamento é algo muito mais amplo do que o
senso comum considera hoje.

Em geral, o pensamento é tido como mera atividade intelectual, que surge


mediante atividades racionais ou abstrações da imaginação. Através dele realizamos
operações racionais como a análise, a síntese, a comparação, a generalização e a
abstração. Tudo isto está correto, porém, não é apenas isto.

Kardec, comentando a questão 662 do livro dos Espíritos afirma que "O
pensamento e a vontade representam em nós um poder de ação que alcança muito além
dos limites da nossa esfera corporal."

Do Livro A Gênese, ítem 15 do Cap. XIV: "Sendo os fluidos o veículo do


pensamento, este atua sobre os fluidos como o som sobre o ar; eles nos trazem o
pensamento, como o ar nos traz o som. Pode-se pois dizer, sem receio de errar, que há,
nesses fluidos, ondas e raios de pensamentos, que se cruzam sem se confundirem, como
há no ar ondas e raios sonoros. Há mais: criando imagens fluídicas, o pensamento se
reflete no envoltório perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo
modo se fotografa. (...) Desse modo é que os mais secretos movimentos da alma
repercutem no envoltório fluídico; que uma alma pode ler noutra alma como num livro e
ver o que não é perceptível aos olhos do corpo."
Item 23 do Cap. II: "As propriedades do fluido perispirítico dão-nos disso uma idéia.
Ele não é de si mesmo inteligente, pois que é matéria, mas serve de veículo ao
pensamento, às sensações e percepções do Espírito. Esse fluido não é o pensamento do
Espírito; - é, porém, o agente e o intermediário desse pensamento. Sendo quem o
transmite, fica, de certo modo, impregnado do pensamento transmitido. Na
impossibilidade em que nos achamos de o isolar, a nós nos parece que ele, o
pensamento, faz corpo com o fluido, que com este se confunde, como sucede com o
som e o ar, de maneira que podemos, a bem dizer, materializá-lo.”

Ora, de tudo isto se conclui que o pensamento não está separado da matéria
como um observador distante, mas nela atua a todo tempo e saber isto e usar esta
informação em nossa vida cotidiana pode mudar nossas vidas.

Quantas doenças seriam curadas se as pessoas cuidassem dos seus pensamentos,


buscando boas vibrações? Outras tantas dores seriam evitadas se fôssemos mais
diligentes com o alimento do nosso pensar. Bons livros, boa música, conversas
instrutivas...quão raro quem vive assim.
Emmanuel nos alerta quanto a questão do pensamento:

"A energia mental é o fermento vivo que improvisa, altera, constringe, alarga,
assimila, desassimila, integra, pulveriza ou recompõe a matéria em todas as dimensões.
Por isso mesmo, somos o que decidimos, possuímos o que desejamos, estamos onde
preferimos e encontramos a vitória, a derrota ou a estagnação, conforme imaginamos."

Avancemos um pouco mais para, então, refletir sobre o pensamento divino.

Prossegue a lição:

"A história da Criação, no livro de Moisés, idealizando o Senhor diante do abismo,


simboliza a força da mente e perante o cosmo.“Faça-se a Luz _ determinou a Divina
Vontade _ e a luz se fez sobre as trevas”.

André Luiz nos auxilia a compreendermos o Pensamento do Criador:

"Identificando o Fluido Elementar ou Hálito Divino por base mantenedora de todas as


associações da forma nos domínios inumeráveis do Cosmo, do qual conhecemos o
elétron como sendo um dos corpúsculos-base, nas organizações e oscilações da
matéria, interpretaremos o Universo como um todo de forças dinâmicas, expressando o
Pensamento do Criador. E superpondo-se-lhe à grandeza indevassável, encontraremos
a matéria mental que nos é própria, em agitação constante, plasmando as criações
temporárias, adstritas a nossa necessidade de progresso.
No macrocosmo e no microcosmo, tateamos as manifestações da Eterna Sabedoria que
mobiliza agentes incontáveis para a estruturação de sistemas e formas, em variedade
infinita de graus e fases, e entre o infinitamente pequeno e o infinitamente grande surge
a inteligência humana, dotada igualmente da faculdade de mentalizar e co-criar,
empalmando, para isso, os recursos intrínsecos à vida ambiente.
Nos fundamentos da Criação vibra o pensamento imensurável do Criador e sobre esse
plasma divino vibra o pensamento mensurável da criatura a constituir-se no vasto
oceano de força mental em que os poderes do Espírito se manifestam." Mecanismos da
Mediunidade
É o que Emmanuel nos fala logo no começo da lição: "O homem é gênio divino em
aperfeiçoamento ou um anjo nascituro, no grande império das existências
microscopias, em cujo âmbito é escravo natural das ordenações superiores e legítimo
senhor das potências menores." Roteiro

Nosso espírito se manifesta na esfera material conforme o nosso estágio evolutivo e


nesta imensa cadeia de seres pensantes há um fluido elementar, base mantenedora. E
nosso pensamento será luz ou trevas, conforme vibremos ou não com o Pensamento do
Pai Celestial.

Assim, então, Emmanuel encerra a lição:

“Por nossa vez, cada dia, proclamamos com as nossas idéias, atitudes, palavras e atos:
_“Faça-se o destino!” E a vida nos traz aquilo que dela reclamamos.
Os acontecimentos obedecem às nossas intenções e provocações manifestas ou ocultas.
Encontraremos o que merecemos, porque merecemos o que buscamos.
A existência, pois, para nós, em qualquer parte, será invariavelmente segundo
pensamos.”

Somos coautores do Pai Criador, Ele nos concedeu que fossemos partícipes dos
rumos que nossa existência seguirá. O pensamento é a mola propulsora que nos
remeterá sempre em frente, ou nos fará estacionar por séculos, tudo está em nosso
querer, porque aliada ao pensamento que nos conduz, está a vontade que nos dirige.
Estudo Roteiro
Lição 6 - Perispírito

Na lição anterior refletimos sobre como atua o nosso espírito no mundo material
em que se encontra. Nos ensinou, o benfeitor, que o nosso pensamento "tudo cria,
renova e destrói para refazer. A energia mental é o fermento vivo que improvisa, altera,
constringe, alarga, assimila, desassimila, integra, pulveriza ou recompõe a matéria em
todas as dimensões."

Somos convidados, agora, a adentrar em um campo de grande importância, eis


que trata-se de matéria, não obstante ser sutil, invisível aos olhos humanos, mas, ainda
sim matéria...

Adentraremos, assim, nesta busca de aprofundar nossos conhecimentos sobre o


tema da lição, sem nos esquecermos que é o pensamento que age diretamente no
perispírito.

Vejamos como Emmanuel começa a lição:

"Como será o tecido sutil da espiritual roupagem que o homem envergará, sem o corpo
de carne, além da morte?
Tão arrojada é a tentativa de transmitir informes sobre a questão aos companheiros
encarnados, quão difícil se faria esclarecer à lagarta com respeito ao que será ela
depois de vencer a inércia da crisálida.
Colado ao chão ou à folhagem, arrastando-se, pesadamente, o inseto não desconfia que
transporta consigo os germes das próprias asas."

Novamente a metáfora do crisálida a nos lembrar que estar encarnado é um


momento de grande limitação para o espírito e que nossos sentidos estão limitados a
nossa condição atual, inclusive do nível vibratório do nosso planeta, que é um lugar de
provas e expiações.
Para compreendermos isso com maior clareza, socorremo-nos de uma diálogo
do livro Renúncia entre Antênio e Alcíone, que apresentava requerimento para
reencarnar na Terra e era advertida do grande risco que isto representava:

"—Já ponderaste nos obstáculos imensos? Lembra que o próprio Jesus, penetrando na
região terrena, foi compelido a se aniquilar em sacrifícios pungentes. Recorda que as
leis planetárias não afetam somente os espíritos em aprendizado ou reparação, mas,
também, os missionários da mais elevada estirpe. Experimentarás, igualmente, o olvido
transitório e, embora não tanto agravados em virtude das tuas conquistas, sentirás o
mesmo desejo de compreensão e a mesma sede de afeto que palpitam nos outros
mortais. Paraesclarecimento desses problemas, minha querida, o Mestre deixou à
comunidade dos discípulos profundos ensinamentos no Evangelho. O mundo,
representado por maus sacerdotes e falsos doutores, buscou tentar o próprio carne?
Sabemos que Pólux parte com deveres de suma importância, em função de coletividade;
e tu te sentes preparada para neutralizar a poderosa leida atração das almas? Não o digo
no sentido de preocupações subalternas, mas ponderando a grandeza dos teus
sentimentos afetivos, em relação à grandeza mais sublime das obrigações assumidas
para com Deus. Terás ânimo para lhe ouvir no mundo os rogos amorosos, mantendo-o
no seu posto, incólume e sobranceiro à solidão de si mesmo? Sem dúvida, a lei terrestre
te encherá de desejos e te induzirá a considerar a possibilidade de proporcionar-lhe
filhos afetuosos, em obediência aos seus princípios naturais. Além disso,teus afetos de
outras épocas, como, por exemplo, os que te foram pais amorosos, receberão a palma de
lutas ásperas e agudas provações. A senda de quase todos os teus amigos está semeada
de espinhos, que eles próprios plantaram no seu desapego à misericórdia do Todo-
Poderoso. Sentes-te bastante forte para assumir tão grave compromisso? Conheço
numerosos irmãos que, depois de pedirem missões arriscadas como esta, voltaram
onerados de mil problemas a resolver, retardando assim preciosas aquisições."

Alcíone já era uma borboleta e, por amor, rogava retornar a condição de lagarta.
Restringindo sua condição espiritual com grande risco para si mesma.
E, nós, que ainda transitamos ao lado dos que rastejam no lodo de suas e nossas
imperfeições, precisamos compreender estes ensinamentos, não apenas para conhecer
outras realizadas, mas para almejá-las.
Mas poderá a alma esquecer de si mesma? Será que dormitava em Alcíone a sua
condição espiritual, não obstante estar encarnada em um planeta que já não lhe
pertencia?

Prosseguindo com a lição entenderemos isso...vejamos mais um trecho:

"O perispírito é, ainda, corpo organização que, representando o molde fundamental da


existência para o homem, subsiste, além do sepulcro, de conformidade com o seu peso
específico.
Formado por substâncias químicas que transcendem a série estequiogenética
conhecida até agora pela ciência terrena, é aparelhagem de matéria rarefeita,
alterando-se, de acordo com o padrão vibratório do campo interno."

Formado por algo que, ainda, desconhecemos, este "corpo do espírito" mantém o
padrão vibratório do campo interno. Assim, quanto mais elevado o espírito, quanto mais
harmônico o seu espírito com as leis divinas, mais isto irá refletir em seu perispírito e
em seu corpo quando encarnar.

Kardec nos auxilia a compreender:

PERISPÍRITO – de peri, em redor e spiritus, espírito. Envoltório semi material do


Espírito, depois de sua separação do corpo. O Espírito o adquire no mundo em que se
acha e muda-o ao passar a um outro mundo. É mais ou menos sutil ou grosseiro,
conforme a natureza de cada globo. O perispírito pode tomar todas as formas, à vontade
do Espírito. De ordinário afeta a imagem que tinha em sua última existência corpórea.

Posto que de natureza etérea, a substância do perispírito é susceptível de certas


modificações que a tornam perceptível aos nossos olhos. É o que se dá nas aparições.
Pode até, por sua união com o fluido de certas pessoas, tornar-se temporariamente
tangível, isto é, oferecer ao tato a resistência de um corpo sólido, como se tem visto nas
aparições estereotitas ou palpáveis.

A natureza íntima do perispírito é ainda desconhecida. Poderia, porém, supor-se que a


matéria dos corpos é composta de uma parte sólida e grosseira e de uma parte sutil
etérea; que somente a primeira sofra a decomposição produzida pela morte, ao passo
que a segunda persista e acompanhe o Espírito. Assim, o Espírito teria um duplo
envoltório; a morte apenas o despojaria do mais grosseiro; o segundo, que constitui o
perispírito, conservaria a marca e a forma do primeiro, do qual é uma espécie de
sombra. Mas sua natureza essencialmente vaporosa permitiria que o Espírito lhe
modificasse a forma à vontade, e a tornasse visível ou invisível, palpável ou impalpável.

O perispírito é para o Espírito aquilo que o perisperma é para o germe do fruto.


Despojada de seu invólucro lenhoso, a amêndoa encerra o germe no envoltório delicado
do perisperma." Livro Instruções Práticas sobre as manifestações espíritas -
Vocabulário Espírita.

Sigamos com o livro Roteiro:

"Organismo delicado, extremo poder plástico, modifica-se sob o comando do


pensamento.
É necessário, porém, acentuar que o poder apenas existe onde prevaleçam a agilidade
e a habilitação que só a experiência consegue conferir.
Nas mentes primitivas, ignorantes e ociosas, semelhante vestidura se caracteriza pela
feição pastosa, verdadeira continuação do corpo físico, ainda animalizado ou
enfermiço."

Quão importante é o pensamento. Oculto de todos? Não! Não de si mesmo, nem de


Deus, nem dos que já conseguem olhar além do que a matéria produz.
Reuniões espíritas já receberam espíritos apresentando-se em seu corpo espiritual,
aliando-se aos fluidos dos encarnados, tornando-se visível e muitas vezes até sensível ao
toque.

Diante destes conceitos e revelações, pergunta-se em reflexão: O que pensamos? Agora,


há uma hora atrás, no dia anterior? Para onde nosso pensamento no conduziu? O que ele
criou, destruiu, refez? Entendemos a relevância disto em nossa vida cotidiana? E
compreendemos que estamos hoje preparando a nossa próxima vida?
Sigamos com a lição:

"O progresso mental é o grande doador de renovação ao equipamento do espírito em


qualquer plano de evolução."

Em lição anterior Emmanuel pergunta quanto tempo "despenderá a Sabedoria Celeste


na estruturação do organismo da alma?"

Certamente não temos a resposta, mas podemos entender o processo para auxiliarmos
ou, ao menos, não atrapalharmos esta "estruturação do organismo da alma". Assim,
vemos que nossas encarnações, nossos estágios na matéria estão auxiliando na
renovação do espírito, contribuindo em sua trajetória evolutiva, ou não. O bom ou mau
uso destas potencialidades permitirão que avancemos ou não. A matéria não nos define,
mas a forma como atuamos quando encarnados atua diretamente no caminho evolutivo
que nosso espírito está traçando.

Emmanuel nos fala do mau uso:

"Note-se, contudo, que não nos reportamos aqui ao aperfeiçoamento interior.


O crescimento intelectual, com intensa capacidade de ação, pode pertencer a
inteligências perversas.
Daí a razão de encontrarmos, em grande número, compactas falanges de entidades
libertas dos laços fisiológicos, operando nos círculos da perturbação e da crueldade,
com admiráveis recursos de modificação nos aspectos em que se exprimem."

Primeiro Emmanuel nos fala de períspirito dos espíritos ainda simples e ignorantes.
Prossegue nos dizendo que há, também, aqueles que já progrediram em inteligência,
porém, não em moralidade e atribui a estes espíritos "intensa capacidade de ação".
Como estes espíritos atuam com seu perispírito e em nosso perispírito?

Percebam que a matéria permite troca constante, isto é fato científico. E, ainda que não
conheçamos em essência a composição da matéria sutil que forma o perispírito é certo
que é matéria.
Vejamos o que diz Kardec sobre o assunto:

"Na obsessão, o Espírito atua exteriormente, com a ajuda do seu perispírito, que ele
identifica com o do encarnado, ficando este afinal enlaçado por uma como teia e
constrangido a proceder contra a sua vontade." (A Genese, Capítulo XIV,Obsessões e
possessões)

Assim como há uma atuação para prejudicar, caso da obsessão, acima descrita, há,
também, a utilização desta troca fluídica para curar, restaurar:

“A doença material é um efeito. Para destruí-lo não basta atacá-lo, agarrá-lo corpo a
corpo e o aniquilar. Persistindo a causa, ela produzirá novos efeitos mórbidos quando
estiver afastada a ação curativa.
“O fluido transmissor da saúde no magnetismo é um intermediário entre a matéria e a
parte espiritual do ser, e que poderia comparar-se ao perispírito. Ele une dois corpos
um ao outro; é um ponto sobre o qual passam os elementos que devem trazer a cura nos
órgãos doentes. Sendo um intermediário entre o Espírito e a matéria, em consequência
de sua composição molecular, esse fluido pode transmitir tão bem uma influência
espiritual quanto uma influência puramente animal." Revista Espírita - Jornal de
estudos psicológicos - 1867 > Junho > Dissertações espíritas

Percebemos, assim, que a matéria é neutra e é o pensamento que lhe inflama para atuar
de forma positiva ou não. Importante percebermos que Kardec nos diz que o espírito
atua " com a ajuda do seu perispírito, que ele identifica com o do encarnado".
Necessária a identificação fluídica para que haja uma ação. Assim, novamente somos
chamados à vigilância dos nossos pensamentos a fim de evitarmos estas influências
maléficas que atuam não apenas em âmbito espiritual, mas também no material,
promovendo mal estar e até mesmo doenças que jaziam em estado latente em nosso
organismo e são despertadas por estes fluidos maléficos.

Prossegue Emmanuel, nos auxiliando a compreender este processo de intercâmbio:


"Não adquiriram, ainda, a verticalidade do Amor que se eleva ao santuários divinos, na
conquista da própria sublimação, mas já se iniciaram na horizontalidade da Ciência
com que influenciam aqueles que, de algum modo, ainda lhes partilham a posição
espiritual.
Os “anjos caídos” não passam de grandes gênios intelectualizados com estreita
capacidade de sentir.
Apaixonados, guardam a faculdade de alterar a expressão que lhes é própria,
fascinando e vampirizando nos reinos inferiores da natureza."

"Grandes gênios intelectualizados com estreita capacidade de sentir" atuam sobre a


humanidade causando dor e sofrimento. A história nos oferece vigorosos exemplos de
mentes brilhantes sem, no entanto, nenhum sentimento afetivo, nenhuma compaixão
pelo outro.

O que a lição nos oferece é a percepção de que não estaremos sujeitos a estas forças
exteriores se soubermos cultivar o nosso mundo interior.

Como nos alerta a codificação:

Parte superior do formulário


"Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em conseqüência da inferioridade moral
de seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos flagelos
com que a Humanidade se vê a braços neste mundo. A obsessão que é um dos efeitos de
semelhante ação, como as enfermidades e todas as atribulações da vida, deve, pois, ser
considerada como provação ou expiação e aceita com esse caráter.

Chama-se obsessão à ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo.
Apresenta caracteres muito diferentes, que vão desde a simples influência moral, sem
perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades
mentais. Ela oblitera todas as faculdades mediúnicas. Na mediunidade audiente e
psicográfica, traduz-se pela obstinação de um Espírito em querer manifestar-se, com
exclusão de qualquer outro."

Assim como as enfermidades resultam das imperfeições físicas que tornam o corpo
acessível às perniciosas influências exteriores, a obsessão decorre sempre de uma
imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau. A uma causa física, opõe-se
uma força física; a uma causa moral preciso é se contraponha uma força moral. Para
preservá-lo das enfermidades, fortifica-se o corpo; para garanti-la contra a obsessão,
tem-se que fortalecer a alma; donde, para o obsidiado, a necessidade de trabalhar por se
melhorar a si próprio, o que as mais das vezes basta para livrá-lo do obsessor, sem o
socorro de terceiros. Necessário se torna este socorro, quando a obsessão degenera em
subjugação e em possessão, porque nesse caso o paciente não raro perde a vontade e o
livre-arbítrio.

(...)

Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um
fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É daquele
fluido que importa desembaraçá-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por
outro igualmente mau. Por meio de ação idêntica à do médium curador, nos casos de
enfermidade, preciso se faz expelir um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor.

(...)

Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para
demover de seus propósitos maléficos o obsessor." A Genese

Compreendermos a natureza destas forças que atuam ao nosso redor nos permite
adquirir não apenas conhecimento, mas a fé raciocinada, que conhece o mundo material
e espiritual e reconhece na prece o verdadeiro lenitivo para revigorar as forças e
prosseguir em frente, não obstante as lutas e sacrifícios.

Assim, encerra o benfeitor a lição:

"Entretanto, nada foge à transformação e tudo se ajusta, dentro do Universo, para o


geral aproveitamento da vida.A ignorância dormente é acordada e aguilhoada pela
ignorância desperta.
A bondade incipiente é estimulada pela bondade maior.
O perispírito, quanto à forma somática, obedece a leis de gravidade, no plano a que se
afina.
Nossos impulsos, emoções, paixões e virtudes nele se expressam fielmente. Por isso
mesmo, durante séculos e séculos nos demoraremos nas esferas da luta carnal ou nas
regiões que lhes são fronteiriças, purificando a nossa indumentária e embelezando-a,
afim de preparar, segundo o ensinamento de Jesus, a nossa veste nupcial para o
banquete do serviço divino."

Fácil concluir que o amor e a bondade são os grandes agentes divinos que nos
beneficiam a todo instante. Devemos buscá-las, eis que o Mestre nos disse "pedi e dar-
se-vos-á, buscai e achareis..." (Lucas 11:9)

Três imperativos
E eu vos digo a vós: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. –
Jesus. (Lucas, 11:9.)
Pedi, buscai, batei…
Estes três imperativos da recomendação de Jesus não foram enunciados sem um sentido
especial.
No emaranhado de lutas e débitos da experiência terrestre, é imprescindível que o
homem aprenda a pedir caminhos de libertação da antiga cadeia de convenções
sufocantes, preconceitos estéreis, dedicações vazias e hábitos cristalizados. É necessário
desejar com força e decisão a saída do escuro cipoal em que a maioria das criaturas
perdeu a visão dos interesses eternos.
Logo após, é imprescindível buscar.
A procura constitui-se de esforço seletivo. O campo jaz repleto de solicitações
inferiores, algumas delas recamadas de sugestões brilhantes. É indispensável localizar a
ação digna e santificadora. Muitos perseguem miragens perigosas, à maneira das
mariposas que se apaixonam pela claridade de um incêndio. Chegam de longe, acercam-
se das chamas e consomem a bênção do corpo.
É imperativo aprender a buscar o bem legítimo.
Estabelecido o roteiro edificante, é chegado o momento de bater à porta da edificação;
sem o martelo do esforço metódico e sem o buril da boa-vontade, é muito difícil
transformar os recursos da vida carnal em obras luminosas de arte divina, com vistas à
felicidade espiritual e ao amor eterno.
Não bastará, portanto, rogar sem rumo, procurar sem exame e agir sem objetivo
elevado.
Peçamos ao Senhor nossa libertação da animalidade primitivista, busquemos a
espiritualidade sublime e trabalhemos por nossa localização dentro dela, a fim de
converter-nos em fiéis instrumentos da Divina Vontade.
Pedi, buscai, batei!… Esta trilogia de Jesus reveste-se de especial significação para os
aprendizes do Evangelho, em todos os tempos.
Pão Nosso - Emmanuel.

Abraços fraternos e até o próximo estudo. Fiquemos na paz de Jesus.


Estudo do livro Roteiro
Lição 07 – No Aprimoramento.

O livro Roteiro nos convida a refletir sobre o mundo em que vivemos e,


também, sobre os mundos em que já habitamos e iremos habitar. Fala-nos de nossa
condição espiritual e da nossa interação com o plano material.

Ao estudarmos sobre o perispírito na lição anterior, verificamos que, não


obstante não ser visível aos nossos olhos, ele é formado por matéria e que são nossos
pensamentos que atuam a todo tempo sobre a matéria.

Diante destes conhecimentos, somos convidados, então, a uma maior percepção


dos diversos intercâmbios que existem neste mundo material invisível para muitos.

Nesta etapa, Emmanuel nos convida a estudar sobre os espíritos que não mais se
encontram na condição primitiva, porém, ainda jazem distantes do caminho evolutivo
no bem e no amor.

De quem se trata? De desconhecidos ou pessoas que nos são próximas? De algo


distante ou de vivências que nós mesmos já atravessamos em nosso caminho evolutivo?

Vejamos o início da lição:

“No aperfeiçoamento do corpo espiritual, além do primitivismo de certas almas que


jazem, longo tempo, entorpecidas após a morte física, observemos, ainda, o quadro das
mentes evolvidas intelectualmente, mas submersas nas densas vibrações decorrentes de
compromissos escuros.
Não permanecem no regime da inércia, em sono larval; entretanto, agitam-se nos
desvarios da loucura.
Criam imagens que vivem e se movimentam na intimidade delas próprias, por tempo
indeterminado, cuja duração varia com a força do impulso de suas paixões.
Carregam consigo os dramas intensos de que se fizeram autoras.” Roteiro
No livro Nosso Lar, André Luiz nos relato o caso de uma Senhora, fazendeira,
que desencarnara em maio de 1888 e ficou durante longos anos estacionada em
pensamentos e condutas que já não faziam parte mais da organização da sociedade,
exemplificando o que Emmanuel nos vem ensinar. Vejamos um trecho:

“- De grande distância. Fui, na Terra, meu filho, mulher de muito bons costumes; fiz
muita caridade, rezei incessantemente como sincera devota. Mas, quem pode com as
artes de Satanás? Ao sair do mundo, vi-me cercada de seres monstruosos, que me
arrebataram em verdadeiro torvelinho. A princípio implorei a proteção dos Arcanjos
Celestes. Os espíritos diabólicos, entretanto, conservaram-me enclausurada. Mas eu não
perdia a esperança de ser libertada, de um momento para outro, porque deixei uns
dinheiros para celebração de missas mensais por meu descanso. Atendendo ao impulso
vicioso de perseguir assuntos que nada tinham que ver comigo, insisti:
- Como são interessantes as suas observações! Mas não procurou saber as razões de sua
demora naquelas paragens?
- Absolutamente não - respondeu, persignando-se. Como lhe disse, enquanto estive na
Terra, fiz o possível por ser uma boa religiosa. Sabe o senhor que ninguém está livre de
pecar. Meus escravos provocavam rixas e contendas, e embora a fortuna me
proporcionasse vida calma, de quando em quando era necessário aplicar disciplinas.
Os leitores eram excessivamente escrupulosos e eu não podia hesitar nas ordens de cada
dia. Não raro algum negro morria no tronco para escarmento geral; outras vezes, era
obrigada a vender as mães cativas, separando-as dos filhos, por questões de harmonia
doméstica. Nessas ocasiões, sentia morder-me a consciência, mas confessava-me todos
os meses, quando o padre Amâncio visitava a fazenda e, depois da comunhão, estava
livre dessas faltas veniais, porque, recebendo a absolvição no confessionário e ingerindo
a sagrada partícula, estava novamente em dia com todos os meus deveres para com o
mundo e com Deus.” Trecho Nosso Lar

“Agitam-se no desvario da loucura”, o mundo prosseguia, porém, esta senhora


como outros tantos, jazia no pensamento em que se acomodara, fixando-se num tempo
remoto, cujas idéias se coadunavam com seu estágio evolutivo.
Observá-la é um convite a olharmos para nós mesmos em busca de melhor nos
conhecermos, verificando que idéias ainda conservamos em nosso íntimo e que são
fruto de vivências passadas. Muitos vezes persistimos vidas e vidas travando os mesmos
desenganos, por não termos a coragem de assumir pensamentos equivocados, fincados
no orgulho que não quer reconhecer o erro e recomeçar.

Sigamos com o livro Roteiro:

“Encarnada na Terra, a inteligência vive entre as provocações da esfera carnal e as


sugestões silenciosas da mente. Quanto mais intelectualizada a criatura, mais
profundamente respira no plano das idéias, influenciando e sendo influenciada.”
Roteiro

Recordemos a frase do próprio Emmanuel que nos diz que para ascender
necessitamos de duas asas: o amor e a sabedoria. Aquele que só aprimora o intelecto
mas estaciona no amor é qual pássaro de uma asa só que jamais conseguirá sair do
lugar.

Não obstante, onde estivermos estaremos interagindo, trocando pensamentos e


sentimentos com quem nos afinizamos. Assim, estas almas jazem influenciando o meio
em que se encontram.

Compreender este fato nos permite, também, compreender melhor a sociedade


em que nos encontramos e por quem ela tem sido influenciada. Há numerosos espíritos
na Terra que já alcançaram valoroso patrimônio intelectual, atuando diretamente na
condição psíquica do planeta como um todo, infelizmente, ainda arraigados na matéria
como fim e não como meio, ou seja, acham que possuir lhes dará prazer e felicidade,
não obstante a matéria não tem essa função em nossas vidas. Ela é instrumento divino
para que possamos aprender e evoluir, não apenas intelectualmente e moralmente,
aprimorando-nos para bem viver e permitindo que sejamos, também, ferramenta de
auxilio aos que Deus coloca em nosso caminhar.

Vejamos o que diz a Revista Espírita sobre uma sociedade material:


“É que, quando a Sociedade humana não tem outro objetivo de atividade senão a
prosperidade material e o prazer dos sentidos, ela mergulha no materialismo egoísta;
aprecia todas as ações conforme o bem que das mesmas retira; renuncia a todos os
esforços que não conduzem a uma vantagem palpável; só estima os que têm posses e só
respeita o poder que se impõe.

Quando os homens só se preocupam com os sucessos imediatos e lucrativos, eles


perdem o senso da honestidade, renunciam à escolha dos meios, calcam aos pés a
felicidade íntima, as virtudes privadas, e deixam de se guiar conforme os princípios de
justiça e de equidade. Numa sociedade lançada nessa direção imoral, o rico leva uma
vida de moleza ignóbil e embrutecedora, e o deserdado aí arrasta uma existência
dolorosa e monótona, cujo último consolo parece ser o suicídio.”Revista Espírita 1863

Vejamos mais um trecho da lição:

“Geralmente, porém, o homem desequilibra os próprios sentimentos, inclinando-se, em


maior ou menor percentagem, para o afastamento das leis com as quais se deve
nortear.
Atravessa os caminhos humanos, ganhando pouco e quase sempre perdendo muito,
dentro de si mesmo, obscurecendo-se nas pesadas sombras dos pensamentos
inquietantes que produz para o consumo de suas necessidades mentais.
Assim é que a desencarnação não lhes modifica o campo íntimo.
Encasulada no círculo vibratório das criações que lhe dizem respeito, a alma sofre
naturais inibições, ante a paisagem da vida gloriosa. Não possui ainda órgão de
percepção para sintonizar-se com os espetáculos deslumbrantes da imensidade,
encarcerada, qual se encontra, entre as paredes estranhas das concepções obscuras e
estreitas em que se agita.” Roteiro

Morrer não irá modificar quem somos, eis o alerta que a lição nos vem
apresentar. Eis, então, que é chegada a hora de assumirmos a nossa condição,
reconhecendo-nos como criaturas imperfeitas e utilizarmos as ferramentas divinas que o
Pai Celestial nos concede para evoluirmos.
Se ainda não temos a elevada vibração para a sintonia com a espiritualidade
superior, a existência desta já não nos é desconhecida e através do trabalho, da
perseverança do bem iremos pouco a pouco nos aproximarmos deste mundos felizes
que tanto almejamos.

Ao olharmos a natureza temos a oportunidade de estudar as leis divinas


operando de forma harmônica, eis que nos seres onde a inteligência e o racioncínio,
ainda, dormitam, o instinto impera e nos revela uma harmonia que decorre das Leis do
Pai Maior. Se no pouco que já somos capazes de observar já reconhecemos a
grandiosidade do Criador, imaginemos quando deixarmos essa condição evolutiva e
conseguirmos sintonizar em vibrações mais altas. Paulo de Tarso sentiu que assim o era
e disse: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração
humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. I Corintios 2:9

Sigamos com a lição:

“Como a lâmpada vive no seio das próprias irradiações, imitindo luz que é também
matéria sutil, a alma permanece no seio das criações que lhe são peculiares,
prendendo-se à paisagem em que prevaleçam as forças e desejos que lhe são afins,
porque o pensamento é também substância rarefeita, matéria dentro de expressões
inabordáveis até agora pelas investigações terrestres.” Roteiro

Ao tempo em que foram ditas estas afirmações de Emmanuel devem ter causado
grandes reflexões. Luz é matéria sutil? Pensamento é substância rarefeita? Pensamento e
luz, matéria?

A física moderna já admite estes conceitos e até mesmo as revistas não


especializadas já noticiam o avanço dos cientistas nestas afirmativas:

“ Uma equipe de vinte físicos do Centro do Acelerador Linear de Stanford, nos Estados
Unidos, conseguiu na prática o que até agora só era possível em teoria: tirar matéria
da luz (veja o infográfico ao lado). Eles usaram raios laser com potência de 500
bilhões de watts – o equivalente a uma lâmpada doméstica acesa por habitante do
planeta. O laser foi comprimido por raios gama, outro poderoso tipo de luz, que é
invisível. A cada quatro esbarrões entre os fótons, que são as partículas que compõem
a luz, a energia concentrada num único ponto foi suficiente para criar um elétron e um
antielétron, também chamado de pósitron. Os pesquisadores dizem que agora vão
entender melhor o que acontece nas estrelas de nêutrons – que são superdensas e
podem estar gerando elétrons e pósitrons a partir de luz em sua superfície.
Energia espremida gera elétrons
Veja como o choque entre partículas de luz produz um elétron e um antielétron.
1. Um feixe de laser (luz visível) é jogado contra um feixe de raios gama (luz invisível).
2. Os fótons (partículas de luz) do laser se chocam contra os fótons de raios gama.
3. A energia espremida na trombada entre quatro fótons fabrica um elétron e um
pósitron (antielétron).”
Revista Super Interessante – 31.10.2016.

Já vimos em estudos anteriores como é relevante compreender esta questão.


Nossos pensamentos atuam diretamente sobre a matéria que nos cerca, organizando-a de
acordo com a nossa vibração. Isto interfere em nossa vida cotidiana, em nossa saúde,
em nosso humor e em tudo o que nos acontece.

Caminhemos mais um pouco com Emmanuel, na lição de hoje:

“Podendo alimentar-se, por tempo indefinível, das emanações dos próprios desejos,
entidades existem que estacionam, durante muitos anos, dentro dos quadros emocionais
em que se comprazem, atrasando a marcha evolutiva, até que reencarnam na
recapitulação das experiências em que faliram, retomando o serviço de purificação
interior para a sublimação de si mesmas.
Desse modo, somos defrontados por dolorosos fenômenos congeniais.
Suicidas recomeçam a luta física, no círculo de moléstias ingratas, e criminosos
reaparecem no berço, com deploráveis mutilações e defeitos; alcoólatras regressam à
existência, em companhia de pais que se sintonizam com eles e grandes delinquentes
reencetam a viagem do aprimoramento moral, na esfera de provas temíveis, quais
sejam as de enfermidades indefiníveis e de aflições dificilmente remediáveis.”
Se morte não nos modifica, forçoso é reconhecer que uma nova encarnação não
é uma carta em branco. Nosso espírito trará suas emanações fazendo-os interferir na
constituição do perispírito e do nosso corpo físico.

Reconhecemos, assim, que nossa trajetória evolutiva não apenas não da saltos,
como é uma corrente contínua, interligada, em que cada impulso a faz vibrar para cá ou
para lá. Vibrar no bem ou no mal é sempre uma escolha para o espírito, porém, o
aprimoramento moral requer de nós esforço continuado, trabalho árduo para vencer as
barreiras que nós mesmos estabelecemos ao longo dos milênios.

Encontramos no livro Céu e Inferno valorosas considerações que nos auxiliam a


compreender estas questões:

“O Espiritismo não vem, portanto, mediante sua autoridade privada, formular um


código de fantasia; sua lei, no que toca ao futuro da alma, deduzida de observações
feitas sobre o fato, pode resumir-se nos seguintes pontos:

1º A alma ou o Espírito sofre, na vida espiritual, as consequências de todas as


imperfeições de que não se despojou durante a vida corporal. Seu estado, feliz ou
desgraçado, é inerente ao grau de sua purificação ou de suas imperfeições.

2º A felicidade perfeita está ligada à perfeição, ou seja, à purificação completa do


Espírito. Toda imperfeição é ao mesmo tempo uma causa de sofrimento e de privação
de gozo, assim como toda qualidade adquirida é uma causa de gozo e de atenuação dos
sofrimentos.

3º Não há uma única imperfeição da alma que não traga consigo suas consequências
lastimáveis, inevitáveis, e nem uma única boa qualidade que não seja a fonte de um
gozo. A soma das penas é assim proporcionada à soma das imperfeições, como a dos
gozos está na razão da soma das qualidades.

4º Em virtude da lei do progresso, toda alma tendo a possibilidade de adquirir o bem


que lhe falta e se desfazer do que tem de mau, segundo seus esforços e sua vontade,
resulta daí que o futuro não está fechado a nenhuma criatura. Deus não repudia
nenhum de seus filhos; recebe-os no seu seio à medida que atingem a perfeição,
deixando assim a cada um o mérito de suas obras.

5º Estando o sofrimento vinculado à imperfeição, como o gozo à perfeição, a alma


carrega em si mesma seu próprio castigo em toda parte onde se encontra: não é preciso
para isso de um lugar circunscrito. O inferno está portanto em todo lugar onde há
almas sofredoras, como o céu está em toda parte onde há almas bem aventuradas."
(...)
Livro Céu e Inferno – cap. VII – Código Penal da Vida Futura

Encerra a lição:

“No extenso e abençoado viveiro de almas que é o mundo, pouco a pouco, de século a
século e de milênio a milênio, usando variados corpos e diversas posições no campo
das formas, nosso espírito constrói lentamente, para o próprio uso, o veículo acrisolado
e divino, com que o Senhor nos reserva em plena imortalidade vitoriosa.” Roteiro

Tudo o que nos acontece está sob a égide divina e o nosso caminhar está
amparado por leis que visam nos auxiliar em nossa trajetória evolutiva. Não
caminhamos qual folha ao vento que parece não ter direção ou destino, tudo o que nos
acontece é tijolo sendo colocado lentamente em nossa “casa”. Somos seres em
construção e o grande arquiteto é o nosso Pai Celestial. E para não ficar incompleta a
nossa analogia, tenho para mim que Jesus é o grande Mestre de Obras, que conhece o
plano do Arquiteto e o cumpre com habilidade, dedicação e muito amor.

Estudo do livro Roteiro


Lição 8 – A Terra
“Ó Terra — mãe devotada,
A ti, nosso eterno preito
De gratidão, de respeito
Na vida espiritual!
Que o Pai de Graça Infinita
Te santifique a grandeza
E abençoe a natureza
Do teu seio maternal!

Quando errávamos aflitos,


No abismo de sombra densa,
Reformaste-nos a crença
No dia renovador.
Envolveste-nos, bondosa,
Nos teus fluidos de agasalho,
Reservaste-nos trabalho
Na divina lei do amor.

Suportaste-nos sem queixa


O menosprezo impensado,
No sublime apostolado
De terno e infinito bem.
Em resposta aos nossos crimes,
Abriste nosso futuro,
Desde as trevas do chão duro
Aos templos de luz do Além.

Em teus campos de trabalho,


No transcurso de mil vidas,
Saramos negras feridas,
Tivemos lições de escol.
Nas tuas correntes santas
De amor e renascimento,
Nosso escuro pensamento
Vestiu-se de claro sol.

Agradecemos-te a bênção
Da vida que nos emprestas;
Teus rios, tuas florestas,
Teus horizontes de anil,
Tuas árvores augustas,
Tuas cidades frementes,
Tuas flores inocentes
Do campo primaveril!...

Agradecemos-te as dores
Que, generosa, nos deste,
Para a jornada celeste
Na montanha de ascensão.
Pelas lágrimas pungentes,
Pelos pungentes espinhos,
Pelas pedras dos caminhos:
Nosso amor e gratidão!

Em troca dos sofrimentos,


Das ânsias, dos pesadelos,
Recebemos-te os desvelos
De mãe de crentes e incréus.
Sê bendita para sempre
Com tuas chagas e cruzes!
Ás aflições que produzes!
São alegrias nos céus.

Ó Terra — mãe devotada,


A ti, nosso eterno preito
De gratidão, de respeito,
Na vida espiritual!
Que o Pai de Graça Infinita
Te santifique a grandeza
E abençoe a natureza
Do teu seio maternal!”
Obreiros da Vida Eterna

Em nova lição do livro Roteiro, convida-nos Emmanuel a aprendermos algo


mais sobre a Terra. Assim, iniciamos com a belíssima prece trazida no livro Obreiros da
Vida Eterna, em gratidão a Mãe Gaia que nos acolhe bondosamente em mais este passo
evolutivo.

Caminhemos, iniciando a lição:

“A Terra é um magneto enorme, gigantesco aparelho cósmico em que fazemos, a pleno


céu, nossa viagem evolutiva.”

Tudo no mundo é movimento constante, desde o mais diminuto átomo até


imensos planetas movimentam-se neste Universo imenso e desconhecido. Tal qual os
elétrons que gravitam em torno do núcleo central, no pequeno átomo, a Terra gravita em
torno do Sol, conduzindo-nos pelo mundo, em alta velocidade. Tudo é movimento.

“A velocidade que a Terra gira ao redor do Sol (translação) é cerca de 107 000
quilômetros por hora e a velocidade do movimento em torno de seu próprio eixo
(rotação) é cerca de 1 700 quilômetros por hora na região do Equador, diminuindo
quanto mais se aproxima dos pólos.” Revista Super Interessante.

Para tudo há um propósito e cabe a nós buscarmos uma maior compreensão do


que acontece e porque acontece.

Emmanuel afirma que a Terra é um magneto enorme. Magneto, segundo o


dicionário, pode apresentar duas definições, a primeira: “material que tem a propriedade
de atrair certas substâncias”; e a segunda: “gerador de corrente elétrica cujo campo
indutor é um ímã permanente.”
A Terra pode ser considerada um imã gigantesco. O magnetismo terrestre é atribuído a
enormes correntes elétricas que circulam no núcleo do planeta, que é constituído de
ferro e níquel no estado líquido, devido às altas temperaturas.
Fonte: http://www.geocities.ws/saladefisica5/leituras/magnetismoterra.html

Sigamos com Emmanuel, aprendendo mais sobre a nossa “casa”:

“Comboio imenso, a deslocar-se sobre si mesmo e girando em torno do Sol, podemos


comparar as classes sociais que o habitam a grandes vagões de categorias diversas.
De quando em quando, permutamos lugar com os nossos vizinhos e companheiros.
Quem viaja em instalações de luxo volta a conhecer os bancos humildes em carros de
condição inferior.
Quem segue nas acomodações singelas, ergue-se, depois, a situações invejáveis,
alterando as experiências que lhe dizem respeito.
Temos aí o símbolo das reencarnações.” Roteiro

A Terra nos acolhe e nela viveremos muitas vidas. Quando todos o soubermos,
deixaremos de maltratá-la, traremos de conhecer melhor suas propriedades, suas leis,
suas possibilidades. Em relação, por exemplo, ao magnetismo, os espíritos já alertavam
que haverá dia em que usaremos destas propriedades para um melhor viver:
“Quem, de magnetismo terrestre, apenas conhecesse o brinquedo dos patinhos
imantados que, sob a ação do ímã, se movimentam em todas as direções numa bacia
com água, dificilmente poderia compreender que ali está o segredo do mecanismo do
Universo e da marcha dos mundos. O mesmo se dá com quem, do Espiritismo, apenas
conhece o movimento das mesas, no qual só vê um divertimento, um passatempo, sem
compreender que esse fenômeno tão simples e vulgar, que a Antiguidade e até povos
semi-selvagens conheceram, possa ter ligação com as mais graves questões da ordem
social. Efetivamente, para o observador superficial, que relação pode ter com a moral e
o futuro da Humanidade uma mesa que se move? Quem quer, porém, que reflita se
lembrará de que de uma simples panela a ferver e cuja tampa se erguia continuamente,
fato que também ocorre desde toda a antiguidade, saiu o possante motor com que o
homem transpõe o espaço e suprime as distâncias.” O Livro dos Espíritos – Conclusão.

André Luiz também nos ensina sobre o planeta que nos acolhe:

“A Terra não é somente o campo que podemos ferir ou menosprezar, a nosso bel-
prazer. É organização viva, possuidora de certas leis que nos escravizarão ou
libertarão, segundo nossas obras. É claro que a alma esmagada de culpas não poderá
subir à tona do lago maravilhoso da vida. Resumindo, devo lembrar que as aves livres
ascendem às alturas; as que se embaraçam no cipoal sentem-se tolhidas no vôo, e as
que se prendem a peso considerável são meras escravas do desconhecido.” Nosso Lar

Vejamos mais um trecho da lição:

“De corpo em corpo, como quem se utiliza de variadas vestiduras, peregrina o Espírito
de existência em existência, buscando aquisições novas para o tesouro de amor e
sabedoria que lhe constituirá divina garantia no campo da eternidade.”

Eis, novamente, a referência as duas asas que nos farão ascender: “o amor e a
sabedoria”. Somos todos caminheiros, viajantes. A Terra movimenta-se pelo Universo,
para rodear o Sol a 107.000 km/h. Também o pequeno elétron movimenta-se em torno
do núcleo, tudo da natureza é movimento constante...assim também em nossas vidas,
nossas muitas vidas.

Sigamos com Emmanuel:

“Podemos, ainda, filosoficamente, classificar o Planeta, com mais propriedade,


tomando-o por nossa escola multimilenária.
Há muitos aprendizes que lhe ocupam as instalações, na expectativa inoperante, mas o
tempo lhes cobra caro a ociosidade, separando-os, por fim, de paisagens e criaturas
amadas ou relegando-os à paralisia ou à cristalização, em largos despenhadeiros de
sombra.
Outros alunos indagam, dia e noite...e, com as perquirições viciosas, perdem os valores
do tempo.
Imaginemos um educandário, em cuja intimidade comparecessem os discípulos de
primária iniciação, exigindo retribuições e homenagens, antes de se confiarem ao
estudo das primeiras lições.
O menino bisonho não poderia reclamar esclarecimentos, quanto à congregação que
dirige a casa de ensino onde está recebendo as primeiras letras.
E, ante a grandeza infinita da vida que nos cerca, não passamos de crianças no
conhecimento superior.
Vacilamos, tateamos e experimentamos, a fim de aprender e amealhar os recursos do
Espírito.” Roteiro

Como estamos ocupando a Terra, esta escola que o Pai Celestial nos concedeu? Somos
aprendizes ociosos? Estamos perdidos em indagações que não nos levam a caminho
algum? Estamos exigindo louros e benefícios sem termos o trabalho como sustento e
garantia de nossas vidas?

Sócrates ensinava aos seus alunos e a frase que lhe é atribuída, constava no pórtico em
que faziam seus estudos: “Conhece-te a ti mesmo.”

Este trecho que Emmanuel nos oferta, permite a constatação de nossa condição
espiritual, ainda somos meninos em tenra infância espiritual e quem conseguir constatar
isto verdadeiramente trilhará seu caminho evolutivo com mais humildade. Carecemos
uns dos outros e carecemos dos espíritos superiores para nos auxiliar. A Terra é escola
na qual estamos na condição de alunos, aprendizes e trabalhadores. Vivamos assim e
viveremos bem.

Prossigamos com a lição:

“Compete-nos, assim, tão somente, um direito: - o direito de trabalhar e servir,


obedecendo às disciplinas edificantes que a Sabedoria Perfeita nos oferece, através das
variadas circunstâncias em que a nossa vida se movimenta.
Ninguém se engane, julgando mistificar a Natureza.
O trabalho é divina lei.” Roteiro

Nossa sociedade estabelece deveres e direitos, geralmente colocamos o trabalho como


um dever, aliás, até pouco tempo o trabalho era algo a ser evitado e indigno da classe
mais abastada, como vemos no texto abaixo:

“Ao longo da história da humanidade, variando com o nível cultural e com o estágio
evolutivo de cada sociedade, o trabalho tem sido percebido de forma diferenciada.
Como lembra Peter Drucker, o trabalho é tão antigo quanto o ser humano. No
ocidente, a dignidade do trabalho foi falsamente louvada por muito tempo. O segundo
texto grego mais antigo, cerca de cem anos mais novo que os poemas épicos de
Homero, é um poema de Hesíodo (800 a.C.), intitulado "Os Trabalhos e os Dias", que
canta o trabalho de um agricultor. Porém, tanto no ocidente como no oriente esses
gestos de louvor eram puramente simbólicos. Nem Hesíodo, nem Virgílio, nem ninguém
da época, estudou de fato o que um agricultor faz e, menos ainda, como faz. O trabalho
não merecia a atenção de pessoas educadas, abastadas ou com autoridade. Trabalho
era o que os escravos faziam. Mas o trabalho é mais do que um instrumento criador de
riqueza (posição dos economistas clássicos). Além do valor intrínseco, serve também
para expressar muito da essência do ser humano (o homo faber). O trabalho está
intimamente relacionada à personalidade. (Quando dizemos que fulano é um
carpinteiro, um médico ou um mecânico, estamos, de certa forma, definindo um ser a
partir do trabalho que ele exerce).”
Fonte: http://historialecionada.blogspot.com.br/2012/02/o-trabalho-ao-longo-da-
historia-da.html
Emmanuel, porém, na lição do livro Roteiro afirma que o trabalho é um
direito.“Compete-nos um só direito: trabalhar e servir.”

Se observarmos nossa sociedade veremos que, enquanto humanidade, estamos


longe deste conceito, para a grande maioria trabalho é dever, obrigação e até mesmo um
verdadeiro tormento. Mas aquele que busca a própria evolução, que quer seguir o
caminho deixado pelo Mestre Jesus, percebe no trabalho uma valorosa ferramenta de
edificação pessoal. E quando percebemos isto, trabalhar se torna uma alegria e servir
começa a fazer parte de nossa história, muitas vezes sem que o percebamos. Acolher
esta lição em nossa vida cotidiana é um valorosa passo em nosso roteiro, mas é preciso
trabalhar bem e Emmanuel irá nos alertar sobre isso.

Sigamos mais um pouco com a lição:

“Pesquisar indefinidamente, na maioria das vezes é disfarçar a preguiça intelectual.


A vida, porém, é ciosa dos seus segredos e somente responde com segurança aos que
lhe batem à porta com o esforço incessante do trabalho que deseja para si a coroa
resplandecente do apostolado no serviço.” Roteiro

Podemos, em nosso mundo exterior demonstrar trabalho, serviço, até mesmo


bondade, porém, Deus conhece nosso coração e nossas intenções e é por isso a lição nos
diz “do trabalho que deseja para si a coroa resplandecente do apostolado no serviço.”

Todas as nossas atividades devem ser feitas com consciência do bem que se
almeja para o outro e não para si mesmo. Trabalhar e servir são ferramentas que temos
em nossas vidas para exercermos a nossa condição de Filhos de Deus, co-autores da
criação, administradores do planeta que nos acolhe.

Assim, encerrando a lição, deixamos a todos este belíssimo texto de Emmanuel,


Trabalhar e servir:
A cada momento, o Criador concede a todas as criaturas a bênção do trabalho, como
serviço edificante, para que aprendam a criar o bem que lhes cria luminoso caminho
para a glória na Criação.
Não permitas, portanto, que o repouso excessivo te anule a divina oportunidade.
Assim como o relaxamento é ferrugem na enxada, a benefício do joio que te prejudica a
seara, o tempo vazio é flagelo na alma, em favor das energias perniciosas que devastam
a vida.
Não há corrosivo da ociosidade que possa resistir aos antídotos da ação.
Não acredites, desse modo, no poder absoluto das circunstâncias adversas, a se
mostrarem, constantes, nos eventos da marcha.
Se a injúria te persegue, trabalha servindo, e o sarcasmo far-se-á reconhecimento.
Se a calúnia te apedreja, trabalha servindo, e a ofensa converter-se-á em louvor.
Se a mágoa te alanceia, trabalha servindo, e a dor erguer-se-á por utilidade.
Se o obstáculo te aborrece, trabalha servindo, e o embaraço surgirá por lição.
No trabalho em que possas fazer o melhor para os outros, encontrarás a quitação do
passado, as realizações do presente e os créditos do futuro. E é ainda por ele que
conquistarás o respeito dos que te cercam, a riqueza da experiência, a láurea da cultura,
o tesouro da simpatia, a solução para o tédio e o socorro a toda dificuldade.
Importa anotar, porém, que há trabalho nas faixas superiores e inferiores do mundo.
Movimento que aprisiona e atividade que liberta, atração para o abismo e impulso para
o Céu…
O egoísmo trabalha para si mesmo.
A vaidade trabalha para a ilusão.
A usura trabalha para o azinhavre.
O vício trabalha para o lodo.
A indisciplina trabalha para a desordem.
O pessimismo trabalha para o desânimo.
A rebeldia trabalha para a violência.
A cólera trabalha para a loucura.
A crueldade trabalha para a queda.
O crime trabalha para a morte.
Todas essas monstruosidades do campo moral representam fruto amargo e venenoso de
audiências da alma com a inteligência das trevas, no palácio deserto das horas perdidas.
Todavia, o trabalho dos que trabalham servindo chama-se humildade e benevolência,
esperança e otimismo, perdão e desinteresse, bondade e tolerância, caridade e amor, e,
somente através dele, o Espírito caminha, na senda de ascensão, em harmonia com as
leis de Deus.

Religião dos Espíritos — Emmanuel


Trabalha servindo
Reunião pública de 26 de Junho de 1959
Questão n.° 676 de “O Livro dos Espíritos”
Estudo do livro Roteiro
Lição 09 – O Grande Educandário

“...edificaremos para eles uma grande escola, que tenha a beleza dum paraíso, a
delicadeza dum jardim e a sublimidade dum templo, na qual encontrem recursos para o
aprendizado e para o trabalho, conquistando, por si mesmos, a sabedoria e a
glorificação.” Os Filhos do Grande Rei – Veneranda

A Terra é uma grande escola, suas leis nos ensinam e nos fazem progredir,
intelectual e moralmente. Assim, Emmanuel nas valorosas lições que o livro Roteiro
nos apresenta, nos convida a refletir um pouco mais sobre o planeta que nos acolhe e a
bendita oportunidade de nele viver. Somos gratos?

Iniciemos a lição:

“De portas abertas à glória do ensino, a Terra, nas linhas da atividades carnal, é,
realmente, um universidade sublime, funcionando, em vários cursos e disciplinas, com
dois bilhões de alunos, aproximadamente, matriculados nas várias raças e nações.
Mais de vinte bilhões de almas conscientes, desencarnadas, sem nos reportarmos aos
bilhões de inteligências sub-humanas que são aproveitadas nos múltiplos serviços do
progresso planetário, cercam o domicílio terrestre, demorando-se noutras faixas de
evolução.” Roteiro

Neste trecho, Emmanuel faz uma revelação surpreendente. Estimava-se 2


bilhões de encarnados, porém, mais de 20 bilhões desencarnados, é uma proporção
interessante, 2/20, isto representa que a cada 2 pessoas encarnadas, 20 estão
desencardas, ou, simplificando, 1/10.

Será, ainda hoje, que se mantém esta proporção? Não temos mais Emmanuel e
Chico para nos responderem este questionamento, porém, ainda que não o saibamos,
forçoso é pensar que o número de desencarnados é muito superior ao de encarnados e só
esta informação já nos remete a pensamentos importantes. Estou aproveitando esta
oportunidade? Depois desta vida, quando poderei retornar? São muitas as pendências
que terei que resolver na próxima vida? Quando ela será?

Sigamos mais um pouco com Emmanuel na lição:

“Para a maioria dessas criaturas, necessitadas de experiência nova e mais ampla, a


reencarnação não é somente um impositivo natural mas também um prêmio pelo ensejo
de aprendizagem.” Roteiro

Em outras palavras, podemos dizer que “a fila está grande”, sim, há muitos que
querem a oportunidade que hoje nos é oferecida e isto tem um significado muito
importante. Não apenas pessoal, mas também espiritual.

Existem diversos relatos de processos de obsessão por parte de espíritos que não
conseguiram reencarnar e achando-se prejudicados, perturbam aqueles que estão
encarnados e que não estão tão zelosos de seus deveres e obrigações.

Não basta receber um prêmio, perante a lei divina, devemos ser merecedores
dele, do contrário, seria mero privilégio e Deus ama a cada um de seus filhos de igual
maneira, assim, suas leis devem a todos alcançar.

O livro Céu e Inferno, em seu terceiro capítulo, nos auxilia na compreensão


deste contínuo intercâmbio:

“Embora os Espíritos estejam em toda parte, os mundos são os centros onde eles se
reúnem de preferência, devido à analogia que existe entre eles e aqueles que os
habitam. Em torno dos mundos avançados são abundantes os Espíritos superiores; em
torno dos mundos atrasados pululam os Espíritos inferiores. A Terra é ainda um destes
últimos. Cada globo tem então, de alguma forma, sua própria população de Espíritos
encarnados e desencarnados, a qual se alimenta na maior parte pela encarnação e
desencarnação dos mesmos Espíritos. Essa população é mais estável nos mundos
inferiores onde os Espíritos são mais apegados à matéria, e mais flutuante nos mundos
superiores. Entretanto, dos mundos, centros de luz e de felici dade, Espíritos se
desprendem rumo aos mundos inferiores para semear neles os germes do progresso,
trazer a consolação e a esperança, reanimar as coragens abatidas pelas provações da
vida, e às vezes encarnam-se neles para cumprirem sua missão com mais eficácia.”

Sigamos com Emmanuel:

“Assim é que, sob a iluminada supervisão das Inteligências Divinas, cada povo, no
passado ou no presente, constitui uma seção preparatória da Humanidade, à frente do
porvir.
Ontem, aprendíamos a ciência no Egito, a espiritualidade na Índia, o comércio na
Fenícia, a revelação em Jerusalém, o direito em Roma e filosofia na Grécia. Hoje,
adquirimos a educação na Inglaterra, a arte na Itália, a paciência na China, a técnica
industrial na Alemanha, o respeito à liberdade na Suíça e a renovação espiritual nas
Américas.
Cada nação possui tarefa especifica no aprimoramento do mundo. E ainda mesmo
quando os blocos raciais, em desvairo, se desmandam na guerra, movimentam-se à
procura de valores novos no próprio engrandecimento.” Roteiro

A missão dos povos permanece e se temos uma responsabilidade individual, é


necessário compreender que também fazemos parte de uma grande família, reunida com
um propósito e uma tarefa dentro do orbe que nos acolhe.

As Américas, como ensina o benfeitor, são responsáveis pela renovação


espiritual. Qual o nosso esforço coletivo neste sentido? De que forma estamos
contribuindo para que nossa missão se realize com proveito? Temos consciência desta
tarefa ou só nos preocupamos com o nosso bem estar?

A Roma Antiga possuía belíssima lição, mas foi no individualismo, no excesso


de poder, de mandos e desmandos visando interesse pessoal, que este povo se perdeu.
Deixou-nos ricas heranças, mas faliu em sua missão primordial.
Olhamos o passado e reconhecemos os erros, mas é hora de trazermos esta
informações para o presente, eis que ontem estávamos lá, encarnados como romanos,
gregos, judeus e, hoje, nos é concedida nova oportunidade. Façamos dela bom uso.

Meditemos em mais um trecho da lição:

“Nos círculos do Planeta, vemos as mais primitivas comunidades dirigindo-se para as


grandes aquisições culturais.
Se é verdade que a civilização refinada de hoje voa, pelo mundo, contornando-o em
algumas horas, caracterizando-se pelos mais altos primores da inteligência, possuímos
milhões de irmãos pela forma, infinitamente distantes do mundo moral. Quase nada
diferindo dos irracionais, não conseguiram ainda fixar a mínima noção de
responsabilidade.” Roteiro

A Terra, ainda, é lugar que abriga uma imensa diversidade de espíritos,


característica do mundo de provas e expiações, onde o mau ainda predomina, como nos
ensinam os espíritos:

‘Que vos direi dos mundos de expiações que já não saibais, pois basta observeis o em
que habitais? A superioridade da inteligência, em grande número dos seus habitantes,
indica que a Terra não é um mundo primitivo, destinado à encarnação dos Espíritos que
acabaram de sair das mãos do Criador. As qualidades inatas que eles trazem consigo
constituem a prova de que já viveram e realizaram certo progresso. Mas, também, os
numerosos vícios a que se mostram propensos constituem o índice de grande
imperfeição moral. Por isso os colocou Deus num mundo ingrato, para expiarem aí suas
faltas, mediante penoso trabalho e misérias da vida, até que hajam merecido ascender a
um planeta mais ditoso.

Entretanto, nem todos os Espíritos que encarnam naTerra vão para aí em expiação. As
raças a que chamais selvagens são formadas de Espíritos que apenas saíram da infância
e que na Terra se acham, por assim dizer, em curso de educação, para se desenvolverem
pelo contacto com Espíritos mais adiantados. Vêm depois as raças semicivilizadas,
constituídas desses mesmos Espíritos em via de progresso. São elas, de certo modo,
raças indígenas da Terra, que aí se elevaram pouco a pouco em longos períodos
seculares, algumas das quais hão podido chegar ao aperfeiçoamento intelectual dos
povos mais esclarecidos.”

Evangelho Segundo o Espiritismo Cap. III

O que já sabemos temos a obrigação de ensinar, esta é a lei que o Pai nos
convida a praticar. Diante de nosso irmãos que ainda transitam na infância de ignorância
do espírito somos chamados a auxilia-los, promovendo o intercâmbio entre os povos.

Historicamente a relação entre os povos não espelha a fraternidade que a lição


nos remete. Foi o poder que predominou, esquecidos de somos todos uma grande
família, colocamos sob o jugo do braço mais forte aquele que de nós esperava auxilio,
conhecimento, aprimoramento intelectual.

E Emmanuel exemplifica muitos destes povos que, ainda hoje, transitam pelo
mundo qual selvagens dos tempos idos:

“Os anões docos da Abissínia, sem qualquer vestuário e pronunciando gritos estranhos
à guisa de linguagem, mais se assemelham aos macacos.” Roteiro

Fala-nos, Emmanuel, de nossos irmãos que sofrem de fome e grande miséria na


Etiópia.
“O Império Etíope, também conhecido como Abissínia, foi um império que ocupou os
presentes territórios da Etiópia e da Eritreia, existindo de aproximadamente 1270 (início
da Dinastia Salomónica) até 1974, quando a monarquia foi deposta por um golpe de
estado. Foi na sua época o mais antigo estado do mundo, e o único a resistir com
sucesso à Partilha de África pelas potências coloniais do século XIX.”
Gabriel Delanne também cita dos Dokos no livro Evolução Anímica:
“O missionário A. L. Krapf, que algum viu de perto os Dokos do Sul de Kafa e Qurage,
na Abissínia, conta que estes selvagens têm todos os traços físicos de grande
inferioridade.
Não sabem fazer fogo nem cultivar o solo. Sementes e raízes, arrancadas à unha,
constituem a alimentação usual, e felizes se consideram quando podem pilhar um rato,
um lagarto, uma serpente. Assim, erram pelas florestas, incapazes de construir uma
choça, abrigando -se sob o arvoredo. Ignoram, mais ou menos, o pudor e apenas toleram
efêmeros laços familiares, tão certo como as mães abandonarem o filho, ao termo da
lactação.”

“Os nossos irmãos negros de Kytches passam os dias estirados no chão, à


espera de ratos com que possam mitigar a própria fome. Entre grande parte dos
africanos orientais, não existe ligação moral entre pais e filhos. Os Latucas, no interior
da África, não conhecem qualquer sentimento de compaixão ou dever.” Roteiro

Talvez alguns comentários possam levar a falsa impressão de um sentimento de


superioridade, mas ele inexiste. Não estamos em patamar superior a estes irmãos, Deus
nos permite ensinar o que já sabemos, mas também aprender com eles. Em verdade, se
nos aproximarmos deles com sentimentos de fraternidade, teremos a oportunidade de
trocar conhecimentos e aprendizados de vida. Certamente o mundo ocidental já possui
avanços tecnológicos e científicos que tornam o dia a dia menos inóspito,
principalmente nas questões de moradia, saúde, saneamento. Não obstante, Emmanuel
bem o diz, são nossos irmãos e possuem costumes e culturas que nos permitem novos
aprendizados.

Aqui mesmo, dentro do Brasil, temos exemplos belíssimos de culturas indígenas


que possuem conceitos belíssimos e de profundo significado. A título de exemplo:
“A mitologia guarani se insere dentro do quadro maior da mitologia tupi, que é o
conjunto das crenças fundamentais dos povos do tronco linguístico tupi. A mitologia
tupi foi criada em tempos imemoriais e ainda é cultivada até hoje por alguns povos
indígenas sul-americanos, como os guaranis, osurubus-caapores, osmunducurus, os
suruí de Rondonia, os guajajaras e os camaiurás.

A figura primária na maioria das lendas guaranis da criação é Iamandu (ou


Nhanderuvuçu ou Tupã), o Deus trovão e realizador de toda a criação. Com a ajuda da
deusa lua Jaci (ou Araci), Tupã desceu à Terra num lugar descrito como um monte na
região do Areguá, no Paraguai, e, deste local, criou tudo sobre a face da Terra, incluindo
o oceano, florestas e animais. Também as estrelas foram colocadas no céu nesse
momento.”
Tupã, então, criou a humanidade (de acordo com a maioria dos mitos guaranis, eles
foram, naturalmente, a primeira raça criada, com todas as outras civilizações nascidas
deles) em uma cerimônia elaborada, formando estátuas de argila do homem e da
mulher com uma mistura de vários elementos da natureza. Depois de soprar vida nas
formas humanas, deixou-os com os espíritos do bem e do mal e partiu.” Wikipedia

Fácil verificar semelhanças com outras culturas, mas, o mais importante, é


identificar que mesmo de forma rudimentar, o mesmo anseio de busca por seu criador.

Sigamos com Emmanuel:

“No imenso educandário, há tarefas múltiplas e urgentes para todos os que aprendem
que a vida é movimento, progresso, ascensão.
Na fé religiosa como na administração dos patrimônios públicos, na arte tanto quanto
na indústria, nas obras de instrução como nas ciências agrícolas, a individualidade
encontra vastíssimo campo de ação, com dilatados recursos de evidenciar-se.” Roteiro

Colocar-se diante da vida como aprendiz nos permite um olhar fantástico para
culturas e pensamentos diversos. Se nos achamos em patamar superior nossa tendência
sempre será de querer impor o que sabemos e a forma como vivemos, porém, se
compreendemos que cada um está em seu momento evolutivo, tentamos ser úteis de
alguma forma e também nos aproximamos no ensejo de aprender.

Isto funciona até mesmo para pessoas com ideologias totalmente diversas.
Elizabeth Kübler-Ross, autora do livro A Roda da Viva, relata um encontro com uma
enfermeira nazista, a abordagem e a forma como conversaram é de uma humanidade
incrível e necessária para que possamos nos respeitar como homens, mas, acima de
tudo, nos encontrar como irmãos:

“Tive vontade de gritar que não concordava com o que ela dizia. “Eu não!” Eu era
pacifista. (...) Golda leu isso tudo em meus olhos e com convicção, replicou: “-Ficaria
surpresa se soubesse o que é capaz de fazer. Se tivesse crescido na Alemanha nazista,
poderia ter facilmente se transformado no tipo de pessoa que faria isso. Existe um Hitler
em cada um de nós.
Eu queria entender, não discutir, e, convidei Golda para dividir comigo o meu
sanduíche.”

Encerra a lição:

“O trabalho é a escada divina de acesso aos lauréis imarcescíveis do espírito.


Ninguém precisa pedir transferência para Júpiter ou Saturno, a fim de colaborar na
criação de novos céus. A Terra, nossa casa e nossa oficina, em plena paisagem
cósmica, espera por nós, a fim de que a convertamos em glorioso paraíso.” Roteiro

Nada nos falta, todas as ferramentas que nos são necessárias estão disponíveis, é
chegado o momento de trabalhar.

“Nasceste no lar que precisavas.


Vestiste o corpo físico que merecias.
Moras no melhor lugar que Deus poderia te proporcionar, de acordo com teu
adiantamento.
Possuis os recursos financeiros coerentes com as tuas necessidades; nem mais, nem
menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas.
Teu ambiente de trabalho é o que elegeste espontaneamente para a tua realização.
Teus parentes e amigos são as almas que atraíste com tuas próprias afinidades.
Portanto, teu destino está constantemente sob teu controle.
Tu escolhes, recolhes, eleges, atrais, buscas, expulsas, modificas tudo aquilo que te
rodeia a existência.
Teus pensamentos e vontade são a chave de teus atos e atitudes, são as fontes de atração
e repulsão na tua jornada vivencial.
Não reclames nem te faças de vítima. Antes de tudo, analisa e observa. A mudança está
em tuas mãos.
Reprograma tua meta, busca o bem e viverás melhor.”

Francisco do Espírito Santo Neto , Um Modo de Entender: Uma Nova Forma de Viver.
Editora Boa Nova.
Nota: Esta mensagem, ditada por Hammed, terá sido recebida pelo médium Francisco
do Espírito Santo em Reunião Pública da Sociedade Espírita Boa Nova, na noite de 06
de março de 1996. A autoria do texto tem vindo a ser erroneamente atribuída a Chico
Xavier.
Estudo do livro Roteiro
Lição 10 Religião

Há quem critique a religião e até diga que grandes males da humanidade


decorrem da sua existência.

Será preciso delimitar o seu significado para que a saibamos boa ou ruim? A
busca do homem por seu criador atravessa os milênios e reflete, também, equívocos,
descaminhos, até mesmo crueldades, porém, será possível conceber o homem sem
religião?

Richard Dawkins , proeminente cientista, escritor e palestrante contemporâneo,


defensor do ateismo, manifesta-se:

"Existe uma tentação de argumentar que, embora Deus possa não ser necessário para
explicar a evolução da ordem complexa uma vez que o universo, com suas leis
fundamentais da física, tenha começado, nós necessitamos de um Deus para explicar a
origem de todas as coisas. Essa idéia não deixa Deus com muito o que fazer: apenas
iniciar o big bang, então sentar e esperar por tudo acontecer. (...) Por definição,
explicações construídas de premissas simples são mais plausíveis e mais satisfatórias do
que explicações que tem que postular começos estatisticamente improváveis e
complexos. E você não pode conseguir algo mais complexo do que um Deus Todo-
Poderoso!"

O que eu não compreendo, refuto como falso! Se não compreendo Deus, ele não
existe, assim é que muitos e muitos transitam pelo mundo. Mas a grande maioria dos
homens possuem a crença em um Deus criador, um força superior que tudo rege e
governa e é esta parcela da humanidade que ao longo dos séculos tem vivenciado a
religião.
Assim, sem nenhuma pretensão de definir o que seja a religião, é preciso que a
delimitemos como algo dos homens e não confundi-la com Deus. Deus e religião não
são sinônimos. A religião é, acima de tudo, uma busca do homem por Deus.

Caminhemos, então, com Emmanuel neste tema tão rico que ele nos propõe:

"A ciência multiplica as possibilidades dos sentidos e a filosofia aumenta os recursos


do raciocínio, mas a religião é a força que alarga os potenciais do sentimento.
Por isso mesmo, no coração mora o centro da vida. Dele partem as correntes
imperceptíveis do desejo que se substanciam em pensamento no dínamo cerebral, para
depois se materializarem nas palavras, nas resoluções, nos atos e nas obras de cada
dia." Roteiro

Somos o que sentimos, já dizem grandes pensadores. E é justamente isto que


Emmanuel está a afirmar, eis que do nosso sentir (coração) nasce o desejo, que vira um
pensamento e se revela em palavras, ações, posturas de nossa vida diária.
E neste primeiro pulso, o sentir, encontra-se, então a religião como "a força que
alarga os potenciais do sentimento". O que isto quer dizer? De que forma a religião atua
em nosso sentir?

Continuemos com a lição em busca deste entendimento:

"Na luta vulgar, há quem menospreze a atividade religiosa, supondo-a mero artifício
do sacerdócio ou da política, entretanto, é na predicação da fé santificante que
encontraremos as regras de conduta e perfeição de que necessitamos para o
crescimento de nossa vida mental na direção das conquistas divinas." Roteiro

Eis, então, uma chave que coloca-se nesta porta que alarga os potenciais do
sentimento, a religião, a chave é a fé, é por acreditarmos em algo e em alguém que
levantamo-nos todos os dias com um pouco de esperança. Ou como nos explicam os
espíritos:
"A esperança e a caridade são corolários da fé e formam com esta uma trindade
inseparável. Não é a fé que faculta a esperança na realização das promessas do
Senhor? Se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que dá o amor? Se não tendes fé,
qual será o vosso reconhecimento e, portanto, o vosso amor?

Inspiração divina, a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o homem


para o bem. É a base da regeneração. Preciso é, pois, que essa base seja forte e
durável, porquanto, se a mais ligeira dúvida a abalar, que será do edifício que sobre
ela construirdes? Levantai, conseguintemente, esse edifício sobre alicerces inamovíveis.
Seja mais forte a vossa fé do que os sofismas e as zombarias dos incrédulos, visto que a
fé que não afronta o ridículo dos homens não é fé verdadeira." Evangelho Segundo o
Espiritismo - cap. XIX

"No sentido especial da fé religiosa, a revelação se diz mais particularmente das coisas
espirituais que o homem não pode descobrir por meio da inteligência, nem com o
auxílio dos sentidos e cujo conhecimento lhe dão Deus ou seus mensageiros, quer por
meio da palavra direta, quer pela inspiração." Allan Kardec: A Gênese. Cap. I, item 7.

Sigamos mais um pouco com o livro Roteiro:

"A humanidade, sintetizando o fruto das civilizações, é construção religiosa.


Dos nossos antepassados invertebrados e vertebrados caminhamos nos milênios, de
reencarnação em reencarnação, adquirindo inteligência, por intermédio da
experimentação incessante, mas não é somente a razão o fruto de nosso aprendizado,
no decurso dos séculos, mas também o discernimento ou a luz espiritual, com que
pouco apouco aperfeiçoamos a mente.
A religião é a força que está edificando a Humanidade. É a fábrica invisível do caráter
e do sentimento." Roteiro

Pensemos que uma longa caminhada requer passos e mais passos, assim,
também em nossa trajetória evolutiva, cada conquista pessoal, cada virtude adquirida é
um passo a mais. Mas as virtudes não são, apenas, produto da razão ou do intelecto,
nossos sentimentos estão na base de todo este processo. E Emmanuel, no esforço de nos
auxiliar a compreender este processo evolutivo, este passo do nosso Roteiro, nos diz que
a religião é como uma fábrica invisível que tem em sua linha de produção o caráter e o
sentimento.

Com base nestes pensamentos de Emmanuel, podemos, então, avançar um


pouco mais no real significado da religião em nossas vidas, eis que o aproximamos do
sentimentos e não de um lugar, como os templos e locais de oração, ou uma atitude,
como os rituais e dogmas. O que se busca compreender é o sentimento religioso, é este
que impulsiona a humanidade.

" O sentimento religioso é a base de todas civilizações. Preconiza-se uma educação


pela inteligência, concedendo-se liberdade aos impulsos naturais do homem. A
experiência fracassaria. É ocioso acrescentar que me refiro aqui à moral religiosa, que
deverá inspirar a formação do caráter e do instituto da família e não ao sectarismo do
círculo estreito das igrejas terrestres, que costumam envenenar, aí no mundo, o
ambiente das escolas públicas, onde deverá prevalecer sempre o mais largo critério de
liberdade de pensamento. Falo do lar e do mundo íntimo dos corações.
No dia em que a evolução dispensar o concurso religioso para a solução dos grandes
problemas educativos da alma do homem, a Humanidade inteira estará integrada na
religião, que é a própria verdade, encontrando-se unida a Deus, pela Fé e pela Ciência
então irmanadas." Emmanuel - livro Emmanuel

Sigamos com a lição:

"Milhões de criaturas encarnadas guardam, ainda, avançados patrimônios de


animalidade.
Valem-se da forma humana, como quem aproveita de uma casa nobre para a
incorporação de valores educativos. Possuem coração para registrar o bem, contudo,
abrigam impulsos de crueldade. O instinto da pantera, a peçonha da serpente, a
voracidade do lobo, ainda imperam no psiquismo de inumeráveis inteligências.
Só a religião consegue apagar as mais recônditas arestas do ser. Determinando nos
centros profundos de elaboração do pensamento, altera, gradativamente, as
características da alma, elevando-lhe o padrão vibratório, através da melhoria
crescente de suas relações com o mundo e com os semelhantes." Roteiro

Percebe-se que há uma gradação no caminho evolutivo e que, não obstante o avanço
intelectual, o homem ainda vibra em faixas densas, eis que ainda não desenvolveu o seu
psiquismo de forma saudável, pautado no bem e no amor.

Sobre este tema, André Luiz nos auxilia:

"Até à época recuada do paleolítico, interferiram as Inteligências Divinas para que se


lhe estruturasse o veículo físico, dotando-a com preciosas reservas para o futuro imenso.
Envolvendo-a na luz da responsabilidade, conferiam-lhe o dever de conservar e
aprimorar o patrimônio recebido, e, investindo-a na riqueza do pensamento contínuo,
entregaram-lhe a obrigação de atender ao aperfeiçoamento de seu corpo espiritual.
Aceitar-se-á, razoavelmente, que até semelhante fase os tremendos conflitos da
Natureza, em que se mesclavam a violência e a brutalidade, foram debitados à conta da
evolução necessária para a discriminação de indivíduos e agrupamentos, espécies e
raças.
Estabelecido, porém, o princípio de justiça e aflorando a mentação incessante, o homem
começou a examinar em si mesmo o efeito das próprias ações, de modo a crescer,
conscientemente, para a sua destinação de filho de Deus, herdeiro e colaborador da Sua
Obra Divina.
Espicaça-se-lhe, então, a curiosidade construtiva. Faminto de elucidações adequadas
quanto ao próprio caminho, ergue as antenas mentais para as estrelas, recolhendo os
valores do espírito que lhe consubstanciam o patrimônio de revelações do Céu, através
dos tempos.
Era necessário satisfazer ao acrisolamento do seu veículo sutil, na essência íntima,
assegurar-lhe o transformismo anímico, revesti-lo de luminosidade e beleza e apurar-lhe
os princípios para que, além do angusto círculo humano, pudesse retratar a glória dos
planos superiores.
Para isso, o pensamento reclamava orientação educativa, de modo a despojar-se da
espessa sedimentação de animalidade que lhe presidia os impulsos.
Exigia-se-lhe a depuração da atmosfera vital, imprescindível à assimilação da influência
divina.
E a atividade religiosa nasceu por instituto mundial de higiene da alma, traçando ao
homem diretrizes à nutrição psíquica, de vez que, pela própria perspiração, exterioriza
os produtos que elabora na usina mental, em forma de eflúvios eletromagnéticos, nos
quais se lhe corporificam, em movimento, os reflexos dominantes, influenciando o
ambiente e sendo por ele influenciado." Evolução em Dois Mundos

Sigamos com Emmanuel em mais um trecho da lição:

"Nascida no berço rústico do temor, a fé iniciou o seu apostolado, ensinando às tribos


primárias que o Divino Poder guarda as rédeas da suprema justiça, infundindo respeito
à vida e aprimorando o intercâmbio das almas. Dela procedem os mananciais da
fraternidade realmente sentida, e, embora as formas inferiores da religião, na
antigüidade, muita vez incentivando a perseguição e a morte, em sacrifícios e
flagelações deploráveis, e apesar das lutas de separação e incompreensão que dividem
os templos nos dias da atualidade, arregimentando-os para o dissídio em variadas
fronteiras dogmáticas, ainda é a religião a escola soberana de formação moral do
povo, dotando o espírito de poderes e
luzes para a viagem da sublimação." Roteiro

Pergunta-se, então, qual o papel da religião na sociedade? E, ao olharmos o texto do


livro Roteiro, temos a resposta, qual seja: "a escola soberana de formação moral do
povo..."

Durante muito tempo fazia-se isso ou aquilo porque o padre assim ordenara. Até hoje
percebe-se este costume transcendendo as barreiras do catolicismo e adentrando nas
casas espíritas, onde escutamos que o médium disse para que se fizesse isso ou aquilo.
Conselhos bons são sempre úteis, vindos do padre ou de algum espírito amigo. Não
obstante, é importante que tenhamos as rédeas de nossa vida em mãos, buscando usar
nossos ferramentas do intelecto e do sentimento para buscar as soluções que
necessitamos ante aos inúmeros desafios que se apresentam todos os dias.

" O filósofo Dewey faz uma distinção entre ter uma religião e ser religioso. Para ele,
ter uma religião é pertencer a uma Igreja e obedecer aos dogmas por ela impostos. Ser
religioso é encaminhar o pensamento para os aspectos cósmicos da vida, ou seja, para
a humildade, a simplicidade e o amor ao próximo. A Parábola do Bom Samaritano,
pronunciada por Jesus, é um bom exemplo. Nela, Jesus retrata o Samaritano,
considerado herege, fazendo o que os conhecedores da lei e da religião deveriam fazer
e não o faziam.
É o Espiritismo uma religião? Prende-se ao sentimento religioso? É uma manifestação
fortuita? Tornar-se-á uma crença comum? Será uma Religião Universal? Eis algumas
perguntas valiosas em nossa reflexão sobre a religião.
Muita tinta se gastou para afirmar ou negar que o Espiritismo seja uma religião. De
acordo com Allan Kardec, O Espiritismo é chamado a desempenhar imenso papel na
terra. Reformará a legislação, retificará os erros da História, restaurará a religião do
Cristo, instituirá a verdadeira religião, a religião natural, a que parte do coração e vai
direto a Deus, sem se deter nas franjas de uma sotaina, ou nos degraus de um altar.
Extinguirá para sempre o ateísmo e o materialismo. (Kardec, Obras Póstumas, p. 299)"
Trecho do estudo de Sérgio Biagi Gregório sobre o Papel da Religião

Finaliza Emmanuel:

"A ciência construirá para o homem o clima do conforto e enriquecê-lo-á com os


brasões da cultura superior; a filosofia auxiliá-lo-á com valiosas interpretações dos
fenômenos em que a Eterna Sabedoria se manifesta, mas somente a fé, com os seus
estatutos de perfeição íntima, consegue preparar nosso espírito imperecível para a
ascensão universal." Roteiro

E mesmo aos que se amparam na ciência como um alicerce para o seu pensar e agir, eis
que, também ela, atribui a religião um papel essencial na vida humana, como nos conta
Jonathan Rosemblum:

Eis um fato interessante. A cidade de Benei Brak, a mais religiosa de Israel, tem a mais
alta expectativa de vida do país: 81,1 anos para mulheres e 77,4 para homens.O que
torna este dado ainda mais curioso é que Benei Brak é a cidade mais pobre de Israel,
contrariando a correlação esperada entre nível de riqueza e longevidade.Mais ainda: o
número de fumantes entre o público masculino é alto e uma simples olhadela pelas
ruasda cidade demonstra que as novidades sobre os benefícios de uma dieta de baixa
caloria e exercícios físicos ainda não atingiu a maioria de seus habitantes.Um crescente
número de evidências cientificas sugere que a chave para a longevidade dos residentes
de Benei Brak é sua religiosidade.

Dos 300 estudos científicos realizados até hoje sobre a relação entre crença religiosa e
saúde, 225 revelam uma correlação positiva. Vários estudos demonstram que a fé
religiosa e o comparecimento regular aos serviços religiosos estão associados à redução
no número de visitas ao médico, baixa incidência de certos tipos de câncer e doenças do
coração, e taxas menores de mortalidade pós-operatória e recuperações mais rápidas.O
informativo “The Harvard Health News Letter” recentemente dedicou uma edição
completa ao impacto da religiosidade sobre a saúde. Cursos sobre cura e
espiritualidade estão proliferando nas escolas de medicina americanas.Embora nenhum
dos estudos realizado até agora pôde estabelecer uma ligação tipo ‘causa-efeito’ entre
crença religiosa e melhoria da saúde, as correlações demonstradas já são suficientes
para dar o que pensar.

Um estudo realizado pela Universidade Duke demonstrou que aqueles que


comparecem aos serviços religiosos uma vez por semana têm cerca de 50% menos
chance de apresentar altos níveis sanguíneos de interleukin-6, substância associada a
alguns tipos de câncer e doenças coronárias.Um estudo realizado em 1995 pela
Dartmouth Medical School com 232 pacientes recuperando-se de cirurgias cardíacas
descobriu que nenhum dos 37 pacientes que se descreveram como profundamente
religiosos faleceu nos primeiros seis meses, enquanto 21 dos demais morreram. Aqueles
que receberam forte apoio comunitário reforçado por sua crença religiosa tiveram 14
vezes mais chance de sobreviver do que os que não tiveram todo este apoio.Uma
pesquisa realizada na Califórnia durante 28 anos e publicada em 1997 revelou que
aqueles que frequentavam serviços religiosos semanalmente tinham uma taxa de
mortalidade 33% inferior aos demais pesquisados. (Os judeus ortodoxos rezam três
vezes diariamente e as mulheres ortodoxas pelo menos uma vez ao dia).Mesmo quando
uma forte estrutura comunitária é mantida a postos, a crença religiosa parece ter seu
efeito salutar independente."
Estudo do livro Roteiro
Lição 11 – A Fé Religiosa

Nesta lição iremos realizar uma verdadeira viagem, Emmanuel nos conduz por
diversos povos, culturas, tempos, mostrando-nos que a fé sempre esteve presente na
vida do homem. O convite é para que nos deixemos conduzir, que possamos, ainda que
superficialmente, adentrar em cada parágrafo, aprendendo um pouco mais sobre cada
cultura e a forma como manifestaram-se em seus credos religiosos, muitas vezes
recordando vivências antigas.

Imperioso, porém, é que sondemos a intenção de Emmanuel em nos conduzir


por estes caminhos. Qual a razão de olharmos as diferenças? Por qual motivo somos
convidados a revisitar a fé de povos tão antigos e outros que ainda hoje se expressam
segundo a lição nos mostra? Quais sentimentos irão despertar diante deste
ensinamentos? O que podemos aprender com esta imensa diversidade que aponta para
uma só direção, a crença em algo maior do que a vida material?

Cada um tem seu próprio roteiro, “cada um constrói a sua própria história e cada
ser em si carrega o dom de ser capaz de ser feliz...” como nos diz a bela canção de
Almir Sater.

Iniciamos um caminhar, Emmanuel nos conduzirá, eis a lição: A Fé Religiosa.

“Em todos os tempos, o homem sonha com a pátria celestial. As idéias do céu e
inferno jazem no pensamento de todos os povos.” Roteiro

Ainda hoje buscamos a “pátria celestial”, porém, a doutrina espírita finalmente


esclarece ao homem, segundo os ensinos deixados pelo Cristo que não se trata de um
lugar físico, mas de um mundo interior que nos acompanha onde quer que nosso corpo
físico se encontre. Se o lugar é repleto de beleza e luz, somos invadidos pelo sentimento
de gratidão, se o lugar apresentasse eivado de sombras e sofrimento, somos convidados
ao trabalho que auxilia e alivia a dor do irmão, assim, ao que já encontrou as luzes do
evangelho dentro de si mesmo, todo lugar é templo religioso com oportunidade de
elevar-se, seja em gratidão, seja em serviço.

Assim nos dizem os espíritos:

“A verdadeira vida, tanto do animal como do homem, não está no invólucro corporal,
do mesmo que não está no vestuário. Está no princípio inteligente que preexiste e
sobrevive ao corpo. Esse princípio necessita do corpo, para se desenvolver pelo
trabalho que lhe cumpre realizar sobre a matéria bruta. O corpo se consome nesse
trabalho, mas o Espírito não se gasta; ao contrário, sai dele cada vez mais forte, mais
lúcido e mais apto. Que importa, pois, que o Espírito mude mais ou menos
freqüentemente de envoltório?! Não deixa por isso de ser Espírito. É precisamente
como se um homem mudasse cem vezes no ano as suas vestes. Não deixaria por isso de
ser homem.
Por meio do incessante espetáculo da destruição, ensina Deus aos homens o pouco
caso que devem fazer do envoltório material e lhes suscita a idéia da vida espiritual,
fazendo que a desejem como uma compensação.” A Genese – Cap III

O que somos convidados a estudar nesta lição são as diversas experiências pelas
quais o homem passou e passará em busca da plenitude da vida espiritual.

Sigamos com Emmanuel:

“Os indígenas da América admitem o paraíso de caça abundante e danças


permanentes, com reservas inesgotáveis de fumo.” Roteiro

A caça, a dança, o fumo eram elementos essenciais na cultura indígena e através


destes elementos eles se conectavam com as forças superiores, de acordo com sua
crença.

“O Fumo para o índio é um veículo de conexão com a espiritualidade, aqui não


corresponde o vício, fumamos para manter o elo com os seres da natureza, buscando a
harmonia do mundo terrestre ao universo celeste. Na vida social em comunidade
mantemos a boa relação entre parentes, compartilhando a colheita, as caçadas, o plantio
das roças, fumando e repassando ao companheiro do lado. O que faz do Fumo letal ao
ser humano são as drogas das indústrias que colocam nos cigarros para os consumidores
viciar e comprar mais e mais pelas empresas capitalistas . O Índio utiliza o fumo como
um elemento substancial de Comunicação com o Além, pelo Sinais de Fumaça
enviadas pelo Cachimbo da Harmonia do mundo, estamos agradecendo tudo a Deus,
pelo nascer e por do Sol, amanhecer, entardecer, pelo alimento colhido, o ar que
respiramos, a Neblina é a Fumaça de Deus. As Nuvens é a Fumaça do Sol que fumou
das Águas do Mar para amenizar o Clima da Terra. A Comunidade tem sua Fogueira
Social, onde as pessoas em reunião decide as coisas importantes da tribo, a energia da
convivência entre pessoas . Fazer uma fogueira traz uma energia acolhedora de
aconchego, de partilha, diálogo, para encaminhar as soluções e problemas do povo,
sobre a terra, as roças, a saúde, educação, os rios, e o meio ambiente..”
Fonte: http://www.indioeduca.org

Em frente com a lição:

“Os esquimós localizavam o éden nas cavernas adornadas.”

Pouco sei sobre os esquimós, mas nesta busca orientada por Emmanuel, descobri fatos
interessantes, como a crença, por alguns povos ditos esquimós, na reencarnação.
Confiram uma parte da pesquisa:

“Como todas as culturas e todos os povos, também os esquimós têm algumas crenças
bastante curiosas.
Os esquimós acreditam que a natureza é controlada por espíritos poderosos. Os inuit
crêem na existência de seres superiores aos quais não é necessário fazer orações. Os
caçadores esquimós tiram tudo o que lhes é necessário para a sua sobrevivência dos
animais – a comida, a luz, o calor, as roupas. Por tudo isto, eles consideram que o
mundo é regido pelos animais.
Com o intuito de afastar os maus espíritos para a ocorrência de catástrofes ambientais,
ou situações desagradáveis e inesperadas, os esquimós partilham a sua mulher, com os
visitantes. As crianças são muito importantes para os esquimós porque, de acordo com
suas crenças, os pequenos são reencarnações dos seus antepassados.
A forma de sepultamento dos esquimós é bastante original e interessante. Quando uma
pessoa morre, o seu corpo é colocado no chão, para que a alma possa encontrar o seu
caminho para o submundo. No entanto, se uma pessoa morre devido a alguma doença
ou enfermidade, o corpo é desmembrado e, em seguida, as partes separadas são
colocadas em locais diferentes. Os esquimós asiáticos queimam os corpos e os esquimós
da Gronelândia mandam os corpos ao mar. O resto dos esquimós do Alasca enterram os
mortos e, em seguida, colocam um monte de pedras sobre o túmulo. De acordo com as
crenças dos esquimós, os seres humanos, bem como os animais, têm uma alma para
além do corpo, mas a alma é independente do corpo. A alma pode sair do corpo
temporariamente e depois voltar. No entanto, depois de uma pessoa morrer, a alma
continua a viver da mesma maneira como quando a pessoa estava viva.
Quando uma pessoa morre, todos os seus valores são levados para fora de casa e
colocados a “arejar” para que se desinfectassem. Mesmo os membros da família do
falecido trazem todos os seus pertences fora, colocando-os ao ar. O corpo da pessoa
morta não é levado para fora através da porta, para o funeral. Em vez disso, o corpo é
retirado através de uma janela ou parte de trás da barraca.
As pessoas que ajudam a carregar o corpo da pessoa falecida para o túmulo são
considerados infectados e tem que ficar longe de fazer certas coisas. Durante o período
de luto, as mulheres da casa não se lavam nem se vestem bem, e por vezes até fazem
dietas especiais.
Os costumes funerários esquimós são bastante estranhos em termos de enterrar uma
pessoa. O que eles fazem é dobrar o corpo da pessoa morta ao meio e depois colocar o
cadáver do seu lado em uma caixa. Esta caixa é então levantada em torno de três a
quatro metros acima do solo por meio de quatro apoios. A caixa é então pintada com
aves, peixes e outros animais. Às vezes, a caixa está envolvida com peles. Itens como
roupas, utensílios e armas de fogo são colocados dentro da caixa.”
Publicada por grupo "a cultura esquimó"

Sigamos em frente com Emmanuel, com o livro roteiro:

“As tribos maori, que cultivam a guerra, por estado natural de felicidade, esperam que
o céu lhes seja uma rinha eterna, em que se digladiem, indefinidamente.” Roteiro
“Os Maoris são o povo indígena da Nova Zelândia, eles são Polinésios e compreendem
cerca de 14 por cento da população do País. Maoritanga é o idioma nativo, que está
relacionado ao Taitiano e o Havaiano. Acredita-se que os Maoris migraram da Polinésia
em canoas por volta do século 9 ao século 13 dC.
A lenda Māori diz que os Maoris vieram de “Hawaiki”, a lendária terra natal cerca de
1000 anos atrás. Quando os Maoris chegaram em Aotearoa (Nova Zelândia)
encontraram uma terra muito diferente da Polinésia tropical. A Nova Zelândia não era
apenas um País mais frio, mas também possuía muitos vulcões e imensas montanhas
cobertas de neve. Aotearoa é o nome Māori para a Nova Zelândia e significa “Terra da
longa nuvem branca”.
Antes da vinda do Pakeha (Homem branco) para a Nova Zelândia, toda a literatura em
Māori era passada oralmente para as gerações seguintes. Isto incluiu muitas lendas e
“waiata” (canção). A tradição mais reconhecida hoje é a “Haka”, que é uma dança de
guerra.
A Haka era realizada antes do início da guerra pelos Maoris do século passado, mas foi
imortalizada pelo time de Rugby da Nova Zelândia os “All Blacks”, que executam esta
dança antes de cada jogo.” Fonte: http://www.estudenovazelandia.com.br/cultura/o-
povo-maori-nativos-da-nova-zelandia/

Quando nos deixamos conduzir por um espírito que nos quer auxiliar em nosso processo
evolutivo, somos convidados a aprender, investigar, questionar. Até aqui o aprendizado
sobre estes povos e culturas foi fantástico. Onde estávamos? Com quais culturas
guardamos afinidades? Por onde nosso espírito já caminhou em vidas anteriores? Tudo
isto nos permite ser quem somos hoje e é importante nos conhecermos, reconhecendo-
nos como espíritos imortais que de passagem pela Terra, passam por diversas e
educativas experiências.

Prossigamos com Emmanuel nesta viagem por povos e culturas e a sua fé.

“Entre os hindus, as noções de responsabilidade e justiça estão fortemente associados


à idéia da sobrevivência. De conformidade com a crença por eles esposadas, nas eras
mais remotas, os desencarnados eram submetidos às apreciações do Juiz dos Mortos.
Os bons seriam destinados ao paraíso, a fim de se deliciarem, ante os coros celestes, e
os maus desceriam para os despenhadeiros do império de Varuna, o deus das água,
onde se instalariam em câmaras infernais, algemados uns aos outros, por laços vivos
de serpentes. Situados, porém, na sementeira da verdade, sempre admitiram que do
palácio celeste ou do abismo tormentoso, as almas regressariam à esfera carnal, de
modo a se adiantarem na ciência da perfeição.” Roteiro

“O hinduísmo pode ser definido como um conjunto de ritos, princípios, e práticas que
vieram para a Índia por volta do ano 2 500 a.C. trazidos pelos vedas e foram sendo
inicialmente transmitidos oralmente de geração a geração até finalmente serem
transcritos. O hinduísmo não possui todos os atributos para ser definido como uma
religião (fundador, hierarquia, liturgia e dogmas), mas é praticado e seguido por mais de
85% da população Índia (sendo para estes muito mais que uma religião). A
característica singular da fé hindu é a sua universalidade, pois é respeita e reconhece
todas as formas de culto e de fé, atribuindo valor aos profetas e ícones das outras
religiões.
Embora possua um vasto panteão de divindades, o hinduísmo possui uma trindade
principal que é composta por Brahma, Vishnu, e Shiva (criação, preservação e
destruição) – ao contrário do que a maioria pensa, a religião dos vedas não é politeísta,
pois todos os deuses e deusas são na verdade manifestações do Deus uno ou verdade
suprema que é Brahma. Para os hindus (Brahma) é uma só, que abrange tudo e todos,
caracterizando o panteísmo desta religião. Segundo os ensinamentos hinduístas o
mundo material em que vivemos é uma mera ilusão, em que Maya (a ilusão), faz
parecer real para enganar os homens e fazê-los sofrer. Fonte:
http://areligiao.blogs.sapo.pt/2097.html
“Os assírios-caldeus supunham que os mortos viviam sonolentos em regiões
subterrâneas, sob amplo domínio das sombras.” Roteiro
“Ao norte da Mesopotâmia, existe a Assíria que se espalha através de quatro países do
presente. Na Síria, se estende a oeste até o rio Eufrates; na Turquia, se espalha ao norte
nas regiões de Harran, Edessa, Diyarbakir e no lago Van; no Irã, se estende ao leste até
o lago Urmi e no Iraque segue por 100 milhas ao sul até Kirkuk. Os assírios
praticaram duas religiões ao longo de sua história: o Assurismo e o Cristianismo. O
Assurismo foi a primeira religião dos assírios. Fonte: Wikipédia “Uma das crenças
mais arraigadas que os assírios tinham era a de que o controle do universo era feito por
deuses que não podiam ser vistos pelos homens, mas que de um lugar superior como um
panteão decidiam os destinos dos mortais. Esse povo acreditava que existia um plano
traçado por esses deuses que tinham poderes sobrenaturais e que eles se guiavam por
regras bastante rigorosas. Um dos primeiros passos do Estado Islâmico em busca de
sufocar as minorias cristãs do Oriente Médio aconteceu em 2014 quando cidades do
Iraque que são reconhecidas por serem cristãs foram marcadas. Nesse momento o
mundo assistiu em silêncio o avanço das tropas militares do Estado
Islâmico. Atualmente, a região está dominada e a população iraquiana cristã está
vivendo sob constante ameaça e tensão. O mesmo terror religioso tem sido instaurado
na Síria, no Oriente os cristãos não tem vida fácil. As divergências religiosas se devem a
situações históricas e a diferentes caminhos que tomados pelos povos antigos dos quais
os povos atuais descendem.” Fonte: http://religiao.culturamix.com/religioes/religiao-
assiria/
“Na Grécia, a partir dos mistérios de Orfeu, as concepções de justiça póstuma alcançam
grau mais alto. No Hades terrificante de Homero, os Espíritos são julgados por Minos,
filho de Zeus. Os gauleses aceitavam a doutrina da transmigração das almas e eram
depositários de avançadas revelações da Espiritualidade Superior. Os hebreus
localizavam os desencarnados no "scheol", que Job classifica como sendo "terra de
miséria e trevas, onde habitam o pavor e a morte".” Roteiro
Ressaltamos aqui os gauleses, eis que trata-se da região onde o próprio Kardec viveu
uma de suas encarnações como um druida celta. Há na Revista Espírita de 1858,
abril, um belíssimo estudo sobre a religião celta, mostrando-nos pontos de consonância
com a doutrina espírita, compartilhamos um pequeno trecho: Deus e o Universo,
segundo a religião celta:

I“ ─ Há três unidades primitivas e de cada uma delas não poderia existir mais que uma:
um Deus, uma verdade e um ponto de liberdade, isto é, o ponto onde se encontra o
equilíbrio de toda oposição.
II ─ Três coisas procedem das três unidades primitivas: toda vida, todo bem e todo
poder. III ─ Deus é necessariamente três coisas: a maior parte da vida, a maior parte
da ciência e a maior parte do poder. De cada coisa não poderia haver uma parte maior.
IV ─ Três coisas Deus não pode deixar de ser: o que deve constituir o bem perfeito, o
que deve querer o bem perfeito e o que deve realizar o bem perfeito.
V ─ Três garantias do que Deus faz e fará: seu poder infinito, sua sabedoria infinita e
seu amor infinito, pois não há nada que não possa ser efetuado, que não possa tornar-se
verdadeiro e que não possa ser desejado por um atributo.
VI ─ Três fins principais da obra de Deus, como Criador de todas as coisas: diminuir
o mal, reforçar o bem e esclarecer toda diferença, de modo que se possa saber o que
deve ser ou, ao contrário, o que não deve ser.
VII ─ Três coisas que Deus não pode deixar de conceder: o que há de mais vantajoso,
o que há de mais necessário e o que há de mais belo para cada coisa.
VIII ─ Três forças da existência: não poder ser de outro modo; não ser
necessariamente outra e não poder ser melhor pela concepção. Nisto está a perfeição de
todas as coisas.
IX ─ Três coisas prevalecerão necessariamente: o supremo poder, a suprema
inteligência e o supremo amor de Deus.
X ─ As três grandezas de Deus: vida perfeita, ciência perfeita, poder perfeito.
XI ─ Três causas originais dos seres vivos: o amor divino, de acordo com a suprema
inteligência; a sabedoria suprema, pelo conhecimento perfeito de todos os meios; o
poder divino, de acordo com a vontade, o amor e a sabedoria de Deus.” Revista Espírita
de 1858

“Com Virgílio, encontramos princípios mais seguros no que se refere às leis de


retribuição. Na entrada do Orco, há divindades infernais para os trabalhos punitivos,
quais a Guerra, o Luto, as Doenças, a Velhice, o Medo, a Fome, os Monstros, os
Centauros e as Harpias, as Fúrias e a Hidra de Lerna, simbolizando os terríveis
suplícios mentais das almas que se fazem presas da ilusão, durante a vida física. Entre
esses deuses do abismo, ergue-se o velho ulmeiro, em cujos galhos se dependuram os
sonhos, aí principiando a senda que desemboca no Aqueronte, enlameado e lodoso,
com largos redemoinhos de água fervente.” Roteiro

“Virgílio é tradicionalmente considerado um dos maiores poetas de Roma, e expoente


da literatura latina. Sua obra mais conhecida, a Eneida, é considerada o épico nacional
da antiga Roma: segue a história de Eneias, refugiado de Troia, que cumpre o seu
destino chegando às margens de Itália — na mitologia romana, o ato de fundação de
Roma. A obra de Virgílio foi uma vigorosa expressão das tradições de uma nação que
urgia pela afirmação histórica, saída de um período turbulento de cerca de dez anos,
durante os quais as revoluções prevaleceram. Virgílio teve uma influência ampla e
profunda na literatura ocidental, mais notavelmente na Divina Comédia de Dante, em
que Virgílio aparece como guia de Dante pelo inferno e purgatório.” Fonte: Wikipedia

“Mais recentemente, Maomet estabelece novas linhas à vida espiritual, situando o Céu
em sete andares e o inferno em sete sub divisões. Os eleitos respiram em deliciosos
jardins, com regatos de água cristalina, leite e mel, e os condenados vivem no território
do suplício, onde corre ventania cruel, alimentando estranho fogo que tudo consome, e
Dante, o vidente florentino, apresenta quadros expressivos do Inferno, do Purgatório e
do Céu.” Roteiro

A Revista Espírita de março de 1858 trás interessante diálogo de um espírito que era
muçulmana.
“(...) 23. ─ Pensais que se o povo que tivestes de governar fosse cristão, teria sido
menos rebelde à civilização? ─ Sim. A religião cristã eleva a alma; a maometana apenas
fala à matéria.
24. ─ Quando vivo, vossa fé na religião muçulmana era absoluta? ─ Não. Eu
considerava Deus maior.
25. ─ Que pensais agora dessa religião? ─ Ela não forma os homens.
26. ─ Na vossa opinião, Maomé tinha missão divina? ─ Sim, mas a desvirtuou.
27. ─ Em que a desvirtuou? ─ Ele quis reinar.
28. ─ Que pensais de Jesus? ─ Esse vinha de Deus.
29. ─ Na vossa opinião, quem fez mais pela felicidade humana: Jesus ou Maomé? ─
Por que o perguntais? Qual o povo que foi regenerado por Maomé? A religião cristã
saiu pura das mãos de Deus; a maometana é obra de um homem.
30. ─ Credes que uma dessas duas religiões esteja destinada a apagar-se da face da
Terra? ─ O homem progride sempre. A melhor perdurará.
31. ─ Que pensais da poligamia, consagrada pela religião muçulmana? ─ É um dos
laços que retêm na barbárie os povos que a professam.
32. ─ Credes que a escravidão da mulher seja conforme os desígnios de Deus? ─ Não.
A mulher é igual ao homem, de vez que o Espírito não tem sexo.
33. ─ Diz-se que o povo árabe não pode ser conduzido senão pelo rigor. Não pensais
que os maus tratos, em vez de o submeterem, apenas o embrutecem? ─ Sim. Este é o
destino do homem. Ele se avilta quando escravizado.”
Não estamos, ao compartilhar este texto, com a intenção de criticar a religião alheia,
apenas constatar que há muitos desenganos nesta busca espiritual da humanidade. As
doutrinas, muitas vezes, apresentam idéias de fraternidade, amor ao próximo, mas a
condição evolutiva em que nos encontramos deturpa os melhores ideais e transformam
algo bom e belo em alicerce para guerras e destruições. Assim, ao viajarmos através
dos tempos e dos povos com Emmanuel, nesta maravilhosa lição, somos convidados a
caminharmos com maior humildade, sabedores de que, ainda hoje, estamos passíveis de
desenganos. Em outras palavras, recebemos um precioso tesouro que é a doutrina
espírita, mas, ela será o que dela fizermos e se ela não estiver pautada na caridade que é
seu principal alicerce, dito pelo próprio Kardec, dificilmente prosperará para o bem da
humanidade.

“As realidades da sobrevivência acompanham a alma humana que a vida não se


encontra circunscrita às estreitas atividades da Terra. O corpo é uma casa temporária
a que se recolhe nossa alma em aprendizado. Por isso mesmo, quando atingido pelas
farpas da desilusão e do cansaço, o espírito humano recorda instintivamente algo
intangível que se lhe afigura ao pensamento angustiado como sendo o paraíso perdido.
Desajustado na Terra, pede ao Além a mensagem de reconforto e harmonia.
Semelhante momento, porém, é profundamente expressivo no destino de cada alma,
porque, se o coração que pede é portador da boa vontade, a resposta da vida superior
não se faz esperar e um novo caminho se desdobra à frente da alma opressa e fatigada
que se volta para o Além, cheia de amor, sofrimento e esperança.” Roteiro

Buscamos por algo que dê um sentido maior à nossa existência e Deus nos tem
respondido conforme a nossa capacidade de discernir, de compreender. Outrora
acreditávamos em deuses, monstros, sombras da realidade e ainda hoje estamos longe
de compreender o amanhã em sua plenitude. Porém, reconhecemos o avanço, outrora
acreditávamos num paraíso material, caça, pesca, fumo, guerras, deuses poderosos,
lugares terríveis...a lição, porém, nos convida a buscar a fé religiosa em nossa vida
cotidiana, lembrando-nos que nosso corpo é passageira e a vida superior está muito
além do nossa alma é capaz de perceber. Nas palavras de Paulo: "Nem olhos viram, nem
ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado
para aqueles que o amam." 1 Coríntios 2:9
Todos estes povos olharam para o céu, buscando compreender seus sentimentos, em
muitos casos era sua alma que recordava e ansiava por aquele que lhes traria a
oportunidade de redenção e regresso à pátria natal, como nos ensina o livro A Caminho
da Luz: “A recordação dos exemplos do Mestre não se restringia aos povos da Judeia,
que lhe ouviram diretamente os ensinos imorredouros. Numerosos centuriões e cidadãos
romanos conheceram pessoalmente os fatos culminantes das pregações do Salvador. Em
toda a Ásia Menor, na Grécia, na África e mesmo nas Gálias, como em Roma, falava-se
d’Ele, da sua filosofia nova que abraçava todos os infelizes, cheia das claridades
sacrossantas do reino de Deus e da sua justiça. Sua doutrina de perdão e de amor trazia
nova luz aos corações e os seus seguidores destacavam-se do ambiente corrupto do
tempo, pela pureza de costumes e por uma conduta retilínea e exemplar. Jesus veio até
nós para ensinar a verdadeira fé.
Estudo do livro Roteiro
Lição 12 – O Serviço Religioso

Abrimos a lição refletindo um pouco em seu valoroso título: “Serviço


Religioso”. O vernáculo nos informa que servir é trabalhar em favor de algo ou alguém.
Já a religião possui diversas definições, dentre elas temos que é a “crença na existência
de um poder ou princípio superior, sobrenatural, do qual depende o destino do ser
humano e ao qual se deve respeito e obediência.”

O resultado da união destes dois substantivos nos remete ao trabalho dentro


crença que se possui ou, indo um pouco além, o trabalho que oferecemos a Deus, se
entendermos a religião como a busca do homem em conectar-se com seu Criador.

Emmanuel nos remete a algo ainda maior: adoração.

Vejamos o início da lição:

“Desde quando começou na Terra o serviço de adoração a Deus? Perde-se o alicerce


da fé na sombra de evos insondáveis.
Dir-se-ia que o primeiro impulso da planta e do verme, à procura da luz, não é senão
anseio religioso da vida, em busca do Criador que lhes instila o ser.” Roteiro

Há quem pense que adoração é um termo estranho à doutrina espírita, sendo


mais comum entre católicos e evangélicos, porém, basta um olhar mais cuidadoso e
veremos no Livro dos Espíritos que trata-se de uma lei divina, contemplada em seu
segundo capítulo: Lei de Adoração.

Assim, então, servimo-nos da definição dos espíritos para adentrarmos no


entendimento da palavra:

“649. Em que consiste a adoração?


“Na elevação do pensamento a Deus. Deste, pela adoração, aproxima o homem sua
alma.”

650. Origina-se de um sentimento inato a adoração, ou é fruto de ensino?

“Sentimento inato, como o da existência de Deus. A consciência da sua fraqueza leva o


homem a curvar-se diante daquele que o pode proteger.”

651. Terá havido povos destituídos de todo sentimento de adoração?

“Não, que nunca houve povos de ateus. Todos compreendem que acima de tudo há um
Ente Supremo.”

Conclui-se que o trabalho/serviço religioso deveria aproximar o homem de sua


alma, deveria elevar o pensamento a Deus, curvando-se diante do seu Pai e Criador.
Porém, há muitos desenganos neste caminhar do homem e nos parágrafos que seguem
Emmanuel nos irá apontar alguns.

Na lição anterior, ao tratarmos da fé religiosa, nos deixamos conduzir pelo


benfeitor, adentrando nas mais diversas crenças, nesta etapa, porém, iremos fazer o
caminho inverso e buscar reconhecer o que estas vivências antigas ainda evocam em
nossas práticas cotidianas.

Somos reencarnacionistas, então, cremos que já vivemos muitas vidas, nas mais
diversas culturas e religiões. Isto nos convoca a um olhar mais crítico para nossas
condutas e tendências. Se erramos outrora, hoje, temos o conhecimento e o
discernimento a nos dizer para não mais errarmos. Mas apenas deixaremos de perpetuar
os desenganos milenares se olharmos para nossa conduta, para nossas tendências
religiosas com muita coragem e fé para promover as mudanças que nosso espírito
necessita, com o amparo do Pai Celestial.
Sigamos, assim, com a lição:

“Considerando, porém, as escolas religiosas dos povos mais antigos, vemos no sistema
egípcio a idéia central da imortalidade, com avançadas concepções da Grandeza
Divina, mas enclausurada nos templos do sacerdócio ou no palácio dos faraós, sem
ligação com o espírito popular, muita vez relegado à superstição e ao abandono.”
Roteiro

O serviço religioso transcende um lugar, ele deve ser um estado de espírito que
se manifesta onde quer que o homem se encontre. Alerta-nos Emmanuel que os egípcios
enclausuraram-se em templos e palácios, deixando os conhecimentos da imortalidade
restritos a uma classe. Como consequência, o povo caminhava na superstição, com o
sentimento de abandono.

Reconhecemos esta condição em algumas casas religiosas nos dias de hoje? Até
mesmo dentro do espiritismo? Qual a tendência que se revela? O que devemos cuidar
para não repetir?

Restringir o conhecimento, afastar-se dos simples e humildes com pregações


complexas e voltadas ao intelectualismo, acreditar que é possível viver isolado dos
pobres e humildes que sofrem e necessitam do amparo daqueles que vivem na riqueza
ou com mais conforto.

Muitos espíritas afirmam que já viveram no antigo Egito, sentem na alma a


ligação com aquela terra distante, reconhecem em sua cultura vivências antigas, mas
não percebem que estão falindo novamente.

A lição é clara e límpida, mas necessita de nós o exercício de observar, refletir e


discernir. Se ainda guarda as tendências de restrição, de intelectualismo exacerbado em
detrimento da classe mais pobre, é preciso mudar, renovar, crescer.

Sigamos em frente.
“Na Índia, identificando o culto da sabedoria. Instrutores eminentes aí ensinam
que a bondade deve ser a raiz de nossas relações com os semelhantes, que as nossas
virtudes e vícios são as forças que nos seguirão, além do túmulo, propagando-se
abençoadas lições de aperfeiçoamento moral e compreensão humana; entretanto, o
espírito das castas aí sufocou os santuários, impedindo a desejável extensão dos
benefícios espirituais aos círculos do povo.”

Eis uma religião belíssima, milenar, que possui avançados estudos na área da
meditação e do auto-conhecimento, cultuam a sabedoria, são bons até mesmo com os
irmãos menores que os cercam, evitando o sacrifício de alguns animais que consideram
sagrados. Novamente, porém, a separação, o desengano de achar-se melhor que o outro,
as castas.

Não temos castas no Brasil, nem mesmo na doutrina espírita, porém, este
espírito de separação está presente em muitos corações. Uns defendem Chico Xavier,
outros o condenam, uns abraçam as diretrizes do Grupo Auta de Souza, outros o
repudiam, muitos veneram Ramatis, outros tantos o desconsideram, Pietro Ubaldi
inspira a muitos, outros, porém, o rejeitam sem pestanejar. As diferenças são tantas
dentro do movimento espírita que a idéia de castas começa a fazer sentido, como a
explicar a nossa conduta e a nos alertar que concordar ou não com uma idéia jamais
deverá afastar de nós a conduta da caridade, de nos sentirmos irmãos uns dos outros e
buscarmos, através da atitude respeitosa, o melhor caminho sem condenar o caminho
alheio.

A idéia que se multiplicou na Índia durante muito tempo, separando o homem


em castas até mesmo de forma hierárquica, permanece em nossa psique e se não a
enfrentarmos com honestidade, tenderemos a repeti-la.

Avancemos um pouco mais na lição.

“Na Pérsia, temos no zoroastrismo a consagração do nosso dever para com o


Bem; todavia, as comunidades felicitadas por seus respeitáveis ensinamentos se
confiam a guerras de conquista e destruição.” Roteiro
Conhecimento e ânimo de contenda, eis as tendências deste povo e que nos
assombra ainda hoje.

Em nome da verdade, arvoram-se muitos espíritas em críticos enérgicos,


argumentos que beiram a ofensa, palavras duras e em nome de uma suposta verdade,
destilam o fel que o coração ainda abriga, palavras e condutas que se afastam tanto da
caridade que quase se desconhecesse o caráter religioso de quem o realiza.

Emmanuel nos dá uma oportunidade ímpar nesta lição. Fazer uma auto-crítica,
reconhecer onde estamos falindo e mudar, redirecionar o caminho, deixando-nos seguir
em rumo certo e inequívoco que mais a frente irá nos apontar.

Vejamos mais um trecho.

“Entre os Judeus, sentimos o sopro da revelação do Deus Único, estabelecendo


o reino da justiça na Terra, mas, apesar da glória sublime que coroa a fronte de Moisés
e dos profetas que o sucederam, o orgulho racial é uma chaga viva no coração do Povo
Escolhido.”

O judaísmo é belíssimo e nos ensina lições ricas sobre Deus, nosso Pai Celestial.
Como nos ensina Emmanuel no livro A Caminho da Luz: “Examinando esse povo
notável no seu passado longínquo, reconhecemos que, se grande era a sua certeza na
existência de Deus, muito grande também era o seu orgulho, dentro de suas concepções
da verdade e da vida.
Consciente da superioridade de seus valores, nunca perdeu oportunidade de demonstrar
a sua vaidosa aristocracia espiritual, mantendo-se pouco acessível à comunhão perfeita
com as demais raças do orbe. Entretanto, em honra da verdade, somos obrigados a
reconhecer que Israel, num paradoxo flagrante, antecipando-se às conquistas dos outros
povos, ensinou de todos os tempos a fraternidade, a par de uma fé soberana e
imorredoura. Sem pátria e sem lar, esse povo heroico tem sabido viver em todos os
climas sociais e políticos, exemplificando a solidariedade humana nas melhores
tradições de trabalho; sua existência histórica, contudo, é uma lição dolorosa para todos
os povos do mundo, das consequências nefastas do orgulho e do exclusivismo.”
“Só o que eu faço é bom”, “apenas a minha forma de interpretação é adequada”,
eis alguns pensamentos e condutas que nos remetem a tendências dos espíritos que
outrora viveram entre os judeus. Há uma superioridade em seus ensinos, este povo
avançou muito na direção do conhecimento das leis divinas, tanto que reconhecemos o
Antigo Testamento como a primeira revelação, não obstante, estes conhecimentos nos
tornam ainda mais responsáveis pelo que veio depois.

Não cabe, dentro de uma saudável concepção religiosa, o sentimento de orgulho,


de vaidade, de posicionar-se em patamar superior ao irmão. É preciso que
reconheçamos estas tendências dentro de nós sob pena de projetos belíssimos de estudo
e aprofundamento na primeira revelação afundarem em reminiscências de outrora,
permitindo novamente o orgulho e o exclusivismo reinarem em detrimento do amor, da
humildade e da caridade.

Sigamos com mais um trecho da lição, aprendendo sobre o passado, mas


reconhecendo-o em nosso presente:

“Na China, possuímos a exaltação da simplicidade, através de lições que fulguram em


todas as suas linhas sociais, destacando o equilíbrio e a solidariedade, contudo, o
grande povo chinês não consegue superar as perturbações do separativismo e do
cativeiro.” Roteiro

Qual um sino que tine sem parar em vigorosas badaladas, eis o mesmo som,
também, entre os chineses, separativismo, cativeiro. Não falimos por este ou aquele
detalhe doutrinário, não falimos porque agimos de forma mística ou de forma
intelectual, falimos outrora e iremos falir novamente se não compreendermos que a
ausência de fraternidade nos destrói, nos afasta e perturba o que há de bom em nosso
sentimento religioso.

A China possui ensinamentos valorosos, sua cultura, seus costumes, sua


medicina, muito da China tem inspirado e ensinado o mundo, quando compartilhado,
porém, há que haver superação para que nos reconheçamos como irmãos que somos. Eis
a palavra que nos falta: reciprocidade, ou como o Cristo nos ensinou, fazer ao outro o
que gostaríamos que fizessem a nós. Se acredito em algo e aquilo me é precioso, quero
ser respeitado, assim, mesmo que eu não concorde com um pensamento, uma forma de
ver o mundo e expressar a religiosidade, se houver caridade em meu ser, irei respeitar a
conduta do irmão.

Vejamos, ainda, mais um povo:

“Na Grécia, encontramos o culto da Beleza. Os mistérios de Orfeu traçam formosos


ideais e constroem maravilhosos santuários. O aprimoramento da arte e da cultura,
porém, não consegue criar no espírito helênico a noção do Amor Universal. Generais e
filósofo usam a inteligência para a dominação e, de modo algum, se furtam às
tentações do campo bélico, acendendo a abominável fogueira da discórdia e do
arrasamento.” Roteiro

Ao ler este trecho, recordei-me da narrativa do livro Paulo e Estevão, quando


Paulo vai a Atenas levar a palavra do Cristo:
“Ali, entretanto, encontrara a frieza da pedra. O mármore das colunas soberbas deu-lhe
imediatamente a imagem da situação. A cultura ateniense era bela e bem cuidada,
impressionava pelo exterior magnífico, mas estava fria, com a rigidez da morte
intelectual. (...)O Apóstolo dos gentios despediu-se com serenidade; mas, tão logo se
viu só, chorou copiosamente. A que atribuir o doloroso insucesso? Não pôde
compreender, imediatamente, que Atenas padecia de seculares intoxicações
intelectuais...”

De que forma utilizamos nossa inteligência? Reconhecemos traços da cultura


grega, ainda hoje? Culto ao corpo, culto ao intelectualismo frio que desconsidera o
semelhante, com sentimento de superioridade?

Emmanuel nos alerta sobre a “rigidez da morte intelectual”, nada pode prosperar
se for usado para ferir, para sobrepor-se, para ganhar em detrimento do outro. Apenas
quando o amor edifica instala-se a prosperidade que atravessa os séculos.

Enfim, os romanos:
“Em Roma, surpreendemos o Direito ensinando que o patrimônio e a liberdade
do próximo devem ser respeitados, no entanto, em nenhuma civilização do mundo
observamos juntos tantos gênios da flagelação e da morte.” Roteiro

Emmanuel conhecia bem este povo. Já vivera como romano nos tempos de Jesus
como Senador Públio Lentulus, cuja belíssima história esta narrada no livro Há 2000
anos.

A pax romana prosperou durante algum tempo, Roma dominou o mundo,


porém, perdeu-se no excesso do poder que leva ao flagelo e a morte. Caminhava em
expansão mas visando apenas os próprios interesses. Facilmente associaremos a cultura
romana aos povos que dominam a política e a economia no mundo, mas e se fôssemos
fazer a lição de casa e buscássemos esta tendência dentro do movimento espírita, onde o
encontraríamos? Regras e mais regras visando domínio e poder, impositivos de
comportamento, mesmo que cause dor e sofrimento a quem é imposto, críticas
destrutivas que destoam da caridade e do amor fraterno, reconhecemos isto em nossas
casas espíritas? Infelizmente...

Estudar estes povos buscando a essência dos sentimentos e reconhecendo-os


presentes, ainda, nos dias de hoje não é um exercício de crítica, mas sim de auto-crítica.
Percebo em mim muito a ser melhorado e serei sempre grata a Emmanuel pela
oportunidade de refletir e observar as tendências que ainda moram em meu mais
profundo ser.

Enfim, cada povo ofereceu-nos algo, deixou-nos uma herança e é preciso saber
qual é o seu papel e o que eles nos revelaram para que busquemos os seus
ensinamentos com sabedoria. Ninguém irá procurar uva em um pé de laranja, assim,
Emmanuel nos oferece didaticamente o que iremos encontrar em cada uma destas
culturas:

“Hermes é a Sabedoria.
Buda é a Renunciação.
Zoroastro é o Dever.
Moisés é a Justiça.
Confúcio é a Harmonia.
Orfeu é a Beleza.
Numa Pompílio é o Poder.”

“Em todos os grandes períodos da evolução religiosa, antes do Cristo, vemos, porém,
as demonstrações incompletas da espiritualidade. Não há padrões absolutos de
perfeição moral, indicando aos homens o caminho regenerador e santificante.
Aparecem linhas divisórias entre raças e castas, com vários tipos de louvor e
humilhação para ricos e pobres, senhores e escravos, vencedores e vencidos.” Roteiro

Quando o caminho do aprendizado estava pronto, quando estávamos aptos a


segui-lo e a identificá-lo, ei-lo entre nós, nosso modelo e guia: Jesus.

“Com Jesus, no entanto, surge no mundo o vitorioso coroamento da fé. No


Cristianismo, recebemos as gloriosas sementes de fraternidade que dominarão os
séculos. O Divino Fundador da Boa Nova entra em contacto com a multidão e o
santuário do Amor Universal se abre, iluminado e sublime, para a santificação da
Humanidade inteira.” Roteiro

Muitos nos olharão buscando sabedoria, outros beleza e harmonia, haverão,


também, os que nos impulsionarão a sermos poderosos, ou mesmo o que nos
conclamarão a sermos justos, porém, se estivermos com Jesus, verdadeiramente, nosso
único intento será que sejamos reconhecidos como pessoas fraternas e amorosas.

Reconheço-me distante deste ideal, percebo, agora, diversas tendências com as


quais necessito trabalhar, porém, desde hoje e para sempre reitero meu desejo sincero de
seguir-te os passos, nosso Mestre, Amigo e Senhor.

Cada povo deixou-nos uma herança, um legado e reconhecemos seu valor,


como, também, seu erro. Porém, a maior herança que nos deixou foi o Mestre Jesus e é
com o texto de Emmanuel no livro Escrínio de Luz que encerramos a lição de hoje:

“Herança do Mestre
Perdoa setenta vezes sete cada dia.
Esquece todo mal.
Serve sem recompensa.
Não amealhes riquezas, acessíveis à traça ou à inconsciência de malfeitores.
Procura a verdade para que a verdade te encontre.
Bate à porta da Luz, através do esforço reiterado no bem, a fim de que a Luz te
responda.
Tem ânimo no círculo de todas as vicissitudes.
Persevera na bondade até o fim.
Se teu irmão exige a caminhada de mil passos, avança dois mil.
A quem te pedir a capa, cede igualmente a túnica.
Ora pelos que te perseguem.
Ajuda os adversários.
Não permitas que a treva te domine.
Abençoa os que te caluniam.
Sê a claridade do mundo que espera de teu concurso uma vida melhor.
Compadece-te dos doentes.
Auxilia as crianças e os velhos.
Não recuses o copo d’água ao sedento.
Divide o teu pão com o vizinho necessitado.
Cura os enfermos e ensina-lhes a direção do Reino de Deus.
Não desencorajes o companheiro.
Sacrifica-te pelo engrandecimento comum.
Abre o coração aos avisos celestiais.
Olvida todas as vacilações, crê no Poder Divino e santifica-te nas boas obras.
Sê o abençoado servidor de todos.
Não procures os primeiros lugares nas assembleias, mas aprende a ser útil em toda
parte.
Ama o próximo, até o sacrifício, porque perdendo a vida, em favor dos outros, ganhá-
la-ás, abundantemente, na Eternidade; e, se abandonado de alguns, em tua devoção à
justiça, receberás a glória de partilhar as alegrias da Família Universal.
Eis, meus amigos, alguns tesouros da herança sublime do Mestre Crucificado, cuja
suprema renunciação hoje lembramos.
Usemos semelhantes valores em todos os ângulos do caminho evolutivo e o Senhor
estará conosco tanto quanto necessitamos permanecer com Ele.”
Fraterno abraço e até o próximo estudo.

Campo Grande – MS, 30.07.2017.


Estudo Roteiro
Lição 13 - A Mensagem Cristã

Decorridos quase 2000 anos da passagem do Mestre pela Terra, ainda há os que afirma,
mesmo dentro do movimento espírita, que sua mensagem não se difere ou não se
sobrepõe a de outros sábios de tempos variados.

Afinal, quem é Jesus? O que sua mensagem trouxe para a humanidade? Quais as razões
de segui-lo, ou de tê-lo como modelo e guia, na afirmativa dos espíritos a Kardec?

O primeiro ponto a ser observado:

"Não se reveste o ensinamento de Jesus de quaisquer fórmulas complicadas." Roteiro

Einstein dizia que "Se você não consegue explicar algo de forma simples, você não
entendeu suficientemente bem." Assim, a lição de Jesus é simples, assimilável, de fácil
entendimento, não obstante há quem o diga de forma diferente. É certo que os anos
encarregaram-se de dar um ar de complexidade a certos ensinos deixados pelo Mestre,
até mesmo em razão da cultura judaica tão diversa da nossa, ocidental. Não obstante,
em sua essência, ela é simples, límpida e precisamos ter isto em mente se queremos
compreender-lhe, e mais ainda, seguir-lhe.

Continua Emmanuel:

"Guardando embora o devido respeito a todas as escolas de revelação da fé com os


seus colégios iniciáticos, notamos que o Senhor desce da Altura, a fim de libertar o
templo do coração humano para a sublimidade do amor e da luz, através da
fraternidade, do amor e do conhecimento." Roteiro

Eis o segundo ponto: liberdade.


Certa feita uma querida amiga me ensinou que não existe nada mais livre do que o amor
incondicional. Tão simples, e tão verdadeiro. O amor que nada exige em troca, que não
depende de uma ação ou pensamento do outro para existir, que se sustenta em si
mesmo, sem nenhuma condição para permanecer ou não, este amor possui uma
liberdade que ainda desconhecemos. Nós a estamos exercitando, através do perdão, mas
ainda não alcançamos a liberdade de amar, apenas o Cristo a demonstrou de forma
límpida e plena.

Fraternidade, amor e conhecimento é a tríade que Emmanuel nos informa como os


meios pelos quais se dá a nossa libertação. Tudo o que estiver fora destes três
pensamentos, posso concluir, será ignorância e escravidão. O amor liberta, o
conhecimento liberta, a fraternidade liberta. Acreditamos nisto? Pautamos a nossa vida
nestes alicerces?

Sigamos em frente com a lição:

"Para isso, o Mestre não exige que os homens se façam heróis ou santos de um dia para
outro. Não pede que os seguidores pratiquem milagres, nem lhes reclama o impossível.
Dirige-se a palavra dEle à vida comum, aos campos mais simples do sentimento, à luta
vulgar e às experiências de cada dia." Roteiro

Jesus é um Mestre que conhece seus aprendizes, sabe quem somos e sabe do que
necessitamos. Nosso Pai Celestial colocou-lhe como o espírito responsável por nossa
trajetória evolutiva, o Cristo de Deus que nos acompanha desde os primórdios.

Darwin ao observar durante anos a natureza e o comportamento das diversas espécies


afirmou que a natureza não dá saltos, eis uma lei natural, que serve para a mais simples
criatura, e também para nós, enquanto espíritos em caminho evolutivo. Passo a passo
vamos trilhando um caminho único e individual, sabedores de que cada vitória sobre o
nosso orgulho e sobre o nosso egoísmo é um passa a frente na trajetória evolutiva, ou,
lembrando do parágrafo anterior, cada passo que damos em direção ao amor, à
fraternidade e ao conhecimento, são passos importantes que representam o avanço do
nosso ser espiritual.
Prossegue Emmanuel:

"Contrariamente a todos os mentores da Humanidade, que viviam, até então, entre


mistérios religiosos e dominações políticas, convive com a massa popular, convidando
as criaturas a levantarem o santuário do Senhor nos próprios corações." Roteiro

Antes de entrar nos ensinamentos deixados pelo Cristo, em sublime síntese, Emmanuel
no informa um ponto essencial na trajetória do Cristo e de todos os que o seguem:
conviver com a massa popular. Jesus viveu a fraternidade de forma plena, amou a todos
indistintamente e semeou o conhecimento das leis divinas por onde passou, o fez de
forma simples, caminhando com o povo, nos montes, praças, a beira do mar num barco
de simples pescadores. Não há em sua trajetória mistérios religiosos ou dominações
políticas, ele jamais sucumbiu as tentações do poder e do intelecto, manteve-se fiel a sua
missão e nos mostrou o único caminho verdadeiro.

Teremos sempre o nosso livre arbítrio para fazer nossas escolhas, porém, ser cristão
implica olhar para o Cristo, para sua vida e deixar-se tocar por ela, deixar-se influenciar
por seus passos.

E é justamente estes passos, ditos ensinamentos que teremos a oportunidade de ver em


seguida, um a um:

"Ama a Deus, Nosso Pai - ensinava Ele -, com toda a tua alma, com todo o teu coração
e com todo o teu entendimento." Roteiro

Mateus 22:37-38: “E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração,
e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande
mandamento.”

Eis o mandamento maior, que já os antigos conheciam, eis que constava da Lei Mosaica
o mesmo entendimento:
"Amarás o SENHOR, teu Deus, com todo o coração, com toda a tua alma e com todas
as tuas forças." Deuteronômio 6:5
E o Evangelista Mateus o apresenta novamente (Mateus 22:37).
Alma, coração e entendimento, compreendem a essência do nosso ser e esta essência se
expressa, quando ama a Deus, fraternidade, amor e conhecimento. Tríades que se unem
para expressar que somos a imagem e semelhança do nosso Pai Criador, em última
instância, amá-lo é descobrir quem somos.

"Ama o próximo como a ti mesmo." Roteiro

Mateus 22:39: “E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti


mesmo.

Novamente uma citação que consta no Antigo (Levítico 19:18) e no Novo Testamento
(Mateus 22:39).

Não obstante a regra ser conhecida, insistia o povo judeu que o próximo era apenas seu
irmão de raça, ao que Jesus demonstrou como um entendimento limitado, que
necessitava ser melhor compreendido, ensinando a todos a Parábola do Bom
Samaritano.

Eis a régra áurea, que muitos conheciam, como nos diz Emmanuel no livro Caminho,
Verdade e Vida:
"Diziam os gregos: “Não façais ao próximo o que não desejais receber dele.”
Afirmavam os persas: “Fazei como quereis que se vos faça.”
Declaravam os chineses: “O que não desejais para vós, não façais a outrem.”
Recomendavam os egípcios: “Deixai passar aquele que fez aos outros o que desejava
para si.”
Doutrinavam os hebreus: “O que não quiserdes para vós, não desejeis para o próximo.”
Insistiam os romanos: “A lei gravada nos corações humanos é amar os membros da
sociedade como a si mesmo.”

Interessante que são os mesmos povos que o próprio Emmanuel enumera na lição
anterior, mostrando-nos, porém, suas quedas e desenganos. E nos explica, enfim, como
aplicá-la: "Com o Mestre, todavia, a Regra Áurea é a novidade divina, porque Jesus
a ensinou e exemplificou, não com virtudes parciais, mas em plenitude de trabalho,
abnegação e amor, à claridade das praças públicas, revelando-se aos olhos da
Humanidade inteira."

Não apenas ensinou, mas viveu o que ensinava, através do trabalho, da abnegação e do
amor em todos os lugares por onde andou.

Sigamos com mais um trecho do livro Roteiro:

"Perdoa ao companheiro quantas vezes se fizerem necessárias." Roteiro

Ateus 18:21-22: "Então Pedro se aproximou dele e disse: Senhor, quantas vezes devo
perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Respondeu Jesus:
Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete."

Pedro questionara Jesus quantas vezes ainda teria que perdoar, se havia um limite para a
paciência com as faltas alheias, ao que ele responde 70 vezes 7. Sem o perdão não
conseguiremos vivenciar o amor, nossa condição ainda imperfeita nos remete a erros,
equívocos, desenganos, carecendo da benevolência alheia quando erramos e,
principalmente, quando reiteremos erros já cometidos.

Se acreditamos que a liberdade virá através da vivência amorosa, se esta premissa é


verdadeira em nossos corações, o perdão será uma consequência lógica e também
decorrente dos mais puros sentimentos que nutrimos por nós, pelo outro e por Deus, que
a todos criou.

"Empresta sem aguardar retribuição."

Lucas 6:35 " Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada
esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é
benigno até para com os ingratos e maus."

Eis a fraternidade em sua melhor expressão, fazer algo bom por alguém sem aguardar
nada em troca, nem reconhecimento, nem agradecimentos, nem bonificações. É o bem
pelo bem, é fazer algo bom porque se acredita que este é o melhor caminho sempre.
Emmanuel usa o verbo "empresta" e é digno de nota a sua perspicácia. Porque o que
empresta dá algo de si mesmo, algo que é seu por direito e que oferece ao outro. Em
geral, quem empresta quer de volta, mas com o Cristo somos convidados a trabalhar o
nosso egoísmo, ofertando sem esperar a contrapartida.

"Ora pelos que te perseguem e caluniam." Roteiro

Mateus 5:43/44: "Ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu
inimigo’. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos
perseguem;

Mais um rico ensinamento do Mestre. Muitos o queriam morto, muitos rejeitavam sua
proposta de fraternidade, de igualdade, perdão e amor, não obstante a todos ele amou e
ama. Orar por quem não nos quer bem, pedindo a Deus como se pode por um irmão vai
na contramão do que ouvimos e vemos em nosso dia a dia. O "toma lá dá cá" está em
plena vigência e o desafio é não entrar neste círculo vicioso, mais que isso, é quebrar
este eterno círculo de vingança e desforra. Se alguém lhe fez mal, lhe persegue, lhe
calunia, ore, deixo-o sob a proteção e justiça de Deus, a nós é isso que cabe, Deus agirá.

"Ajuda os adversários."

Mateus 5:25: "Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho
com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue
ao oficial, e te encerrem na prisão."

Eis uma grande pedra no caminho daqueles que tentam aderir ao cristianismo, sem
porém, buscarem seguir seus ensinos. O perdão é exemplificado por Jesus a todo
momento e, não apenas aos que amamos e queremos bem, mas sobretudo aos que se
colocam em nosso caminho como inimigos, como adversários.
Emmanuel comenta este versículo no livro Palavras da Vida Eterna, lição 178:
"Jesus nos solicitou a imediata reconciliação com os adversários, para que a nossa
oração se dirija a Deus, escoimada de qualquer sentimento aviltante. Não ignoramos
que os adversários são nossos opositores ou, mais propriamente, aqueles que
alimentam pontos de vista contrários aos nossos. E muitos deles, indiscutivelmente, se
encontram em condições muito superiores às nossas, em determinados ângulos de
serviço e merecimento. Não nos cabe, assim, o direito de espezinhá-los e sim o dever de
respeitá-los e cooperar com eles, no trabalho do bem comum, embora não lhes
possamos abraçar o quadro integral das opiniões."

"Não condenes para que não sejas condenado." Roteiro

Mateus 7:1: "Não julgueis para que não sejais julgados."

Um desdobramento da régra áurea que nos diz para fazermos ao outro todo bem que
quereríamos que nos fizessem, vale também na contramão, não condenar, não julgar,
não atirar pedras a quem quer que seja.
Adverte-nos, porém, Emmanuel (livro Refúgio) que: "não equivale dizer que é preciso
abolir a análise do nosso campo de inteligência, mas, sim, que toda condenação é
vinagre no pão da fraternidade com que pretendemos nutrir a concórdia entre os
homens."

"A quem te pedir a capa cede igualmente a túnica." Roteiro

Lucas 6:29: "Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver
tirado a capa, nem a túnica recuses;"
Mateus 5:40: “E se ao que quiser pleitear contigo, tirar-te o vestido, larga-lhe também a
capa.”

Este versículo nos pede para ir além da suposta justiça que nossos olhos alcançam,
pede-nos indulgência, é primeiro exemplificar, semeando o bem, para depois esperar a
colheita, no tempo de cada um.
Esta é a luz do Evangelho Segundo o Espiritismo: "“Sede indulgentes com as faltas
alheias, quaisquer que elas sejam; não julgueis com severidade senão as vossas próprias
ações e o Senhor usará da indulgência para convosco, como de indulgência houverdes
asado para com os outros.” — Cap. X, 17

"Se alguém te solicita a jornada de mil passos, segue com ele dois mil." Roteiro

Mateus 5:41: " “E se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas”

"As milhas a que se reportam os ensinamentos do Mestre são aquelas de nossa jornada
espiritual, no processo de elevação, cada dia. Aprende a ceder para os outros, se desejas
realmente ajudar. Não regenerarás o criminoso atormentando-lhe o campo íntimo com
chibatadas verbais, não corrigirás o transviado à força de imposições humilhantes e nem
conquistarás a confiança curativa do enfermo, aprofundando-lhes as próprias chagas."
Emmanuel - Cartas do Coração

Aprender a ceder...eis um conselho do Cristo, um caminho para a fraternidade e para a


paz.

"Não procures o primeiro lugar nas assembléias, para que a vaidade te não tente o
coração.” Roteiro

Lucas 14:8: "“Quando por alguém fores convidado para um banquete de casamento, não
busques o lugar de honra; pois é possível que tenha sido convidada também outra
pessoa, ainda mais digna do que tu."

A lição da humildade que nos remete a exemplos valorosos que nos ensinam, mas
sobretudo no educam. Chico Xavier transitou pela Terra desconhecido de muitos, seu
trabalho era desenvolvido com humilde extrema, não obstante, a possibilidade de
conforto e regalias, viveu tal qual o Cristo ensinou, nunca buscou um lugar de honra, e,
hoje, o reconhecemos como um grande e honrado trabalhar do Cristo, com um exemplo
de vida raras vezes visto.

"Quem se humilha, será exaltado." Roteiro


Mateus 23:12: "Portanto, todo aquele que a si mesmo se exaltar será humilhado, e todo
aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado."

Já diziam os antigos que "A sabedoria ministra o temor do SENHOR, e a humildade


antecede a honra." Provérbios 15:33
Ao que buscou aplausos, toda a glória já lhe foi concedida, mas ao que passou pelo
mundo esquecido de si mesmo, dignificou-se como exemplo, inspirando aos que vieram
depois. Eis, novamente, Chico Xavier, como um forte exemplo desta máxima trazida
por Emmanuel.

"Ao que te bater numa face, oferece também a outra." Roteiro

Lucas 6:29: Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver
tirado a capa, nem a túnica recuses;

É o convite à indulgência, à fraternidade que vimos acima.

"Bendize aquele que te amaldiçoa." Roteiro

Lucas 6:28: "abençoai aos que vos amaldiçoam, orai pelos que vos acusam falsamente"

Em tempos de críticas e maledicências, eis a lição nos lembrando de como deve agir um
cristão. E se não conseguirmos bendizer, usemos o silêncio como aprendizado, para
mais a frente, sermos capazes de encontrar no irmão mais bondade que defeito.

E seguem os ensinos do Cristo, que Emmanuel tão bem sintetiza, harmonizando-se com
os pilares do amor, da fraternidade e da liberdade:

"Liberta e serás libertado.


Dá e receberás.
Sê misericordioso.
Faze o bem ao que te odeia.
Qualquer que perder a sua vida, por amor ao apostolado da redenção, ganhá-la-á mais
perfeita, na glória da eternidade.
Resplandeça a tua luz.
Tem bom ânimo.
Deixa aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos." Roteiro

Certo é que, ainda, estamos distantes de andar de acordo com estas máximas, não
obstante, nossa ação reiterada no bem e nossa vontade em seguir os passos do Mestre
nos conduzirá neste caminho, abençoando-nos na luzes do amor e da fraternidade, a fim
de que sejamos livres para amar e viver.

Encerra a lição:

"Se pretendes encontrar-me na luz da ressurreição, nega a ti mesmo, alegra-te sob o


peso da cruz dos próprios deveres e segue-me os passos no calvário de suor e sacrifício
que precede os júbilos da aurora divina!
E, diante desses apelos, gradativamente, há vinte séculos, calam-se as vozes que
mandam revidar e ferir!... E a palavra do Cristo, acima de editos e espadas, decretos e
encíclicas, sobe sempre e cresce cada vez mais, na acústica do mundo, preparando os
homens e a vida para a soberania do Amor Universal." Roteiro

Passaram os reinos, passaram os reis, os poderes, até mesmo aqueles que caminharam
usando o nome santo de Jesus para interesses próprios passaram e passarão, e a cada
dia, quando o sol nascer, saberemos que o Cristo jamais passará, apenas sua palavra de
amor e perdão é eterna e nos conduzirá.

Um fraterno abraço e até o próximo estudo.

Campo Grande – MS, 06.08.2017.

Candice Günther
Estudo Roteiro
Lição 14 - Evangelho e Alegria

Sou cristão? O que isto representa para minha vida cotidiana? Como percebo a ação do
Cristo em minha família, em meu ambiente de trabalho, com os amigos? Seu Evangelho
traz que tipo de sentimentos para o meu ser interior?

Andar pelo mundo sem reflexão é correr o risco de perder-se em desatinos sem
nenhuma consciência, deixando uma oportunidade passar sem mesmo percebê-la.
Assim, iniciamos esta lição buscando verificar se a essência do Evangelho de Jesus está
realmente adentrando em nossas vidas e corações.

Caminhemos com Emmanuel:

"Grande injustiça comete quem afirma encontrar no Evangelho a religião da tristeza e


da amargura." Roteiro

Já dizia o cantor popular que "tristeza não tem fim, felicidade sim..." Parece que este é o
tom da vida de alguns que vivem entre crises, doenças e queixumes.

Qual o tom da nossa vida?

Já somos como Paulo de Tarso que afirmou aos Filipenses: "Sei o que é passar
necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e
qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando
necessidade. 13 Tudo posso naquele que me fortalece. Filipenses 4:12,13

Sigamos com a lição:

"Indubitavelmente, o sacerdócio muita vez impregnou o horizonte cristão de nuvens


sombrias, com certas etiquetas do culto exterior, mas o Cristianismo, em sua essência,
é a revelação da profunda alegria do Céu entre as sombras da Terra." Roteiro
É importante observarmos este referência que Emmanuel faz, eis que ela nos chama a
observar as influências que recebemos ao longo da vivência cristã. Seja um sacerdote,
uma familiar, um amigo, um mentor, todos caminhamos em convivio e troca constante,
sabedores que exemplos nos inspiram, nos motivam, nos impulsionam, porém, podem
também nos levar a vivências e entendimentos equivocados. Eis o alerta, para onde
estamos dirigindo o nosso olhar e a nossa atenção? Aquele que tanto admiramos e que
muitas vezes seguimos em definições, conceitos e vivências, possui uma vida realmente
pautada no Evangelho? Mais do que isto, estas convivências nos remetem ao exemplo
maior que é o Cristo?

Vejamos mais um trecho da lição:

"A vinda do Mestre é precedida pela visitação do anjos.


Maria, jubilosa, conversa com um mensageiro divino que a esclarece sobre a chegada
do Embaixador Celestial.
Nasce Jesus na manjedoura humilde, que se deslumbra ao clarão de inesperada estrela.
Tratadores rústicos são chamados por um emissário espiritual, repentinamente
materializado à frente deles, declarando-se portador das “notícias de grande alegria”
para todos o povo. No mesmo instante, vozes cristalinas entoam cânticos na Altura,
glorificando o Criador e exaltando a paz e a boa-vontade entre os homens.
Começam a reinar o contentamento e a esperança..." Roteiro

Nada na vida de Jesus aconteceu sem algum significado, desde antes do seu nascimento,
somos convidados a observar e refletir. O espírito mais puro que já pisou na Terra
revestiu-se de extrema simplicidade, precisava de pouco, vivia de forma singela, no
entanto, amou profundamente a cada um que cruzou o seu caminho e isto mudou o
mundo.

Não se trata de um lugar, Jesus nunca precisou de templos e construções para levar sua
mensagem de luz e paz a quem quer que fosse. Por que isto tornou-se tão importante
para os homens, mesmo os que se dizem cristãos?
Não se trata de status ou de poder, Jesus nunca precisou de títulos ou aplausos para
trabalhar na edificação do reino de Deus na Terra. Por que, então, tratamos algumas
pessoas como se fosse verdadeiras celebridades, mesmo os que se dizem cristãos?

Contentamento e esperança...eis o convite inicial do Mestre quando veio a Terra.


Perceber que o que temos ao nosso alcance é fruto do nosso trabalho e podemos nos
alegrar com a nossa vida e condição, sem nos perdermos em anseios e necessidades que
não são importantes.

Emmnauel nos alerta sobre isso na lição do livro Caminho, Verdade e Vida:

"A vertigem da posse avassala a maioria das criaturas na Terra.


A vida simples, condição da felicidade relativa que o planeta pode oferecer, foi
esquecida pela generalidade dos homens. Esmagadora percentagem das súplicas
terrestres não consegue avançar além do seu acanhado âmbito de origem.
Pedem-se a Deus absurdos estranhos. Raras pessoas se contentam com o material
recebido para a solução de suas necessidades, raríssimas pedem apenas o “pão de cada
dia”, como símbolo das aquisições indispensáveis."

Sigamos com Emmanuel, observando como se deu a presença do Mestre entre nós:

"Mais tarde, o Mestre inicia o seu apostolado numa festa nupcial, assinalando os
júbilos da família." Roteiro

Este trecho é uma referência ao texto bíblico intitulado as Bodas de Canã que consta no
capítulo 2 do Evangelho de João. É dito pelos estudiosos que nesta festa Jesus
inaugurou seu ministério, realizando o milagre da transformação da água em vinho.

O Evangelista João é conhecido por utilizar-se de simbolismos e neste texto não é


diferente. Não nos cabe, neste momento, adentrarmos em detalhes, eis que não é objeto
de nosso estudo, porém, é preciso que saibamos que o Cristo esteve em festas, alegrou-
se com os amigos.
Esta passagem em especial o vinho representa a alegria, um casamento sem vinho era a
representação de algo triste, porém, quando Jesus dá um diretriz e os que o ouvem, o
seguem, coisas novas acontecem, a água transforma-se em vinho, a tristeza em alegria.
Recordemos, também, que muitas vezes o casamento foi usado para simbolizar a aliança
de Deus com o seu povo (Livro dos Cânticos - Antigo Testamento simboliza o
casamento de Israel com Deus).

Como andamos em nosso dia a dia? Os ensinamentos de Jesus que buscamos seguir
trazem alegria para a nossa vida? Amar, perdoar, auxiliar, nos tornam pessoas mais
alegres e felizes?

Sigamos em frente.

"Como que percebendo limitação e estreiteza em qualquer templo de pedra para a sua
palavra no mundo, o Senhor principia as suas pregações à beira do lago, em
plenosantuário da natureza. Flores e pássaros, luz e perfume representam a moldura de
suadoutrinação.
Multidões ouvem-lhe a voz balsamizante.
Doentes e aleijados tocam-se de infinitas consolações.
Pobres e aflitos entrevêem novos horizontes no futuro.
Mulheres e crianças acompanham-no, alegremente.
O Sermão da Montanha é o hino das bem-aventuranças, suprimindo a aflição e o
desespero."

No livro Há 2000 anos, temos a personagem Lívia (esposa de Públio Lentulus, uma das
encarnações de Emmanuel), informando-se deste momento magnífico que foi o Sermão
do Monte.

Transcrevemos um trecho:

" A barca de Simão acostara brandamente à margem, ensejando a que o Mestre se


dirigisse ao local costumeiro de suas lições divinas. Sua fisionomia parecia
transfigurada em resplendente beleza. Os cabelos, como de costume, caíam-lhe aos
ombros, à moda dos nazarenos, esvoaçando levemente aos ósculos cariciosos dos ventos
brandos da tarde.
A esposa do senador não pôde mais despregar os olhos deslumbrados, daquela figura
simples e maravilhosa.
Começara o Mestre um sermão de beleza inconfundível e suas palavras pareciam tocar
os espíritos mais empedernidos, figurando-se que os ensinamentos ressoavam nas
devesas de toda a Galileia, ecoando pelo mundo inteiro, previamente modelados para
caminhar no mundo com a própria eternidade.
"Bem-aventurados os humildes de espírito, porque a eles pertencerá o reino de meu Pai
que está nos céus!...
"Bem-aventurados os pacíficos, porque possuirão a Terra!...
"Bem-aventurados os sedentos de justiça, porque serão saciados!...
"Bem-aventurados os que sofrem e choram, porque serão consolados nas alegrias
eternas do reino de Deus!..."
E a sua palavra enérgica e branda disse da misericórdia do Pai Celestial; dos bens
terrestres e celestes; do valor das inquietações e angústias humanas, acrescentando que
viera ao mundo não para os mais ricos e mais felizes, mas para consolar os mais pobres
e deserdados da sorte.
A assembléia heterogênea escutava-o embevecida nos seus transportes de esperança e
gozo espiritual.
Uma luz serena e caridosa parecia vir do Hebron, clarificando a paisagem em tonalidade
de opalas e safiras eterizadas.
A hora ia adiantada e alguns apóstolos do Senhor resolveram trazer alguns pães aos
mais necessitados de alimento. Dois grandes cestos de merenda frugal foram trazidos,
mas os ouvintes eram em demasia numerosos. Jesus, porém, abençoou-lhes o conteúdo
e, como num suave milagre, a escassa provisão foi partida em pequenos pedaços, que
foram religiosamente distribuídos por centenas de pessoas.
Lívia recebeu igualmente a sua parte e, ao ingeri-la, sentiu um sabor diferente, como se
houvera sorvido um remédio apto a lhe curar todos os males da alma e do corpo, porque
uma certa tranqüilidade lhe anestesiou o coração flagelado e desiludido...."

Lívia jamais esqueceria este momento de luz sublime que seria, inclusive, uma
lembrança que lhe traria força para as duras provas da vida.
A mensagem do Cristo nos dá alegria porque tem um caráter profundamente
consolador. Não importa o quanto nossa vida atravesse dificuldades, com fé e esperança
atravessamos as tempestades, soerguendo-nos das provas mais fortalecidos, sabedores
de que tudo o que nos acontece está dentro do propósito divino, das leis do nosso Pai
Celestial. Não há engano, há aplicação da lei, não há injustiça, há lei de causa e efeito.

Sigamos com a mensagem do Evangelho.

" Por onde passa o Divino Amigo, estabelece-se o contentamento contagiante.


Em pleno campo, multiplica-se o pão destinado aos famintos. O tratamento dispensado
pelo Mestre aos sofredores, considerados inúteis ou desprezíveis, cria novos padrões de
confiança no mundo.
Desdobra-se o apostolado da Boa Nova, no clima da alegria perfeita." Roteiro

Quando buscamos uma vida com o Cristo, vamos aprendendo o quão preciosa é uma
prece sincera e quantas vezes somos atendidos. Não é uma experiência teórica, mas uma
vivência que acontece dia a dia.

Esta experiência com o Evangelho não se dá apenas no receber, mas também, e


principalmente, na alegria de sermos úteis a alguém que necessita de auxílio, porque
quando isto acontece somos instrumentos de Deus, e estas oportunidades acontecem
todos os dias, precisamos estar atentos.

Emmanuel comenta sobre a alegria de servir:

"A caridade não depende da bolsa. É fonte nascida no coração. É sempre respeitável o
desejo de algo possuir no mealheiro para socorro do próximo ou de si mesmo, nos dias
de borrasca e insegurança, entretanto, é deplorável a subordinação da prática do bem ao
cofre recheado. Descerra, antes de tudo, as portas da tua alma e deixa que o teu
sentimento fulgure para todos, à maneira de um astro cujos raios iluminem, balsamizem,
alimentem e aqueçam…" Fonte Viva

Segue a lição.
"Cada criatura que registra as notas consoladoras do Evangelho começa a contemplar
o mundo e a vida, através de prisma diferente.
Surge-lhe a Terra por bendita escola de preparação espiritual, com serviço santificante
para todos.
Cada enfermo que se refaz para a saúde é veículo de bom ânimo para a comunidade
inteira.
Cada sofredor que se reconforta constitui edificação moral para a turba imensa."
Roteiro

O mundo ao nosso redor não irá transformar-se, primeiramente, somos nós que
mudaremos, percebendo, compreendendo e modificando o nosso mundo íntimo, a fim
de nos colocarmos como co-autores de nosso processo evolutivo, fazendo escolhas
conscientes e responsáveis, sabedores sempre que o que semearmos hoje, colheremos
amanhã.

Encerra a lição:

"Madalena, que se engrandece no amor, é a beleza que renasce eterna, e Lázaro, que
se ergue do sepulcro, é a vida triunfante que ressurge imortal.
E, ainda, do suor sangrento das lágrimas da cruz, o Senhor faz que flua o manancial da
vida vitoriosa pra o mundo inteiro, com o sol da ressurreição a irradiar-se para a
Humanidade, sustentando-lhe o crescimento espiritual na direção dos séculos sem-fim."

Finalmente, quando o mundo só enxergar morte e tristeza, fim e desespero, o cristão


verá que a luz jamais se extinguirá, contemplará estes momentos com sabedoria e fé e
será fonte de consolo aos que ainda não conseguem sentir o amor que rege o Universo e
nos acolhe a cada instante.

Não estamos sós, porém, o nosso livre arbítrio é sempre respeitado. Se nos colocamos
em prece, sintonizamos com os irmãos benfeitores que nos auxiliam na jornada, não
obstante, nosso esforço de sintonia é tão diminuto que não raro nos sentimos sós e
abandonados. Eis o grande mal do nosso tempo, a tristeza, o desespero, os sentimentos
maltratados virando doenças sérias que atravancam o espírito em estados de profunda
dor.
O convite é para que nos alegremos, para que vivamos confiantes de que se hoje a
madrugada se faz densa, o sol já vai nascer.

Encerramos com o texto de Emmanuel, fraterno abraço e até o próximo estudo.

Rejubila-te sempre

Mesmo em provas difíceis,


Rejubila-te e serve.

A natureza em tudo
É um cântico de amor.

Cada flor é um poema,


Toda fonte é bondade.

O Sol, cada manhã,


É uma explosão de luz.

Dor é apenas estrada


Para as horas felizes.

A alegria na vida
É presença de Deus.

.Emmanuel
Tocando o Barco

Campo Grande-MS, 13.08.2017.


Candice Günther
Estudo do livro Roteiro
Lição 15 - Evangelho e Individualidade.

A cada nova mensagem deste rico livro vem o pensamento de que algo essencial me
está sendo ensinado, mesmo ao conhecimento que eu já tinha, um novo olhar está sendo
acrescentado. Emmanuel é um professor incomum, nos convida a refletir, mas não nos
dá tudo pronto, quer de nós um pouco de esforço a fim de que tenhamos a compreensão
própria do que ele nos está dizendo.

Eis, então, que inicia-se nova etapa, nova lição: O Evangelho e a Individualidade.

Antes, porém, de adentrarmos nas linhas tão bem escritas por Emmanuel é preciso que
busquemos algo sobre a questão da individualidade.

O vernáculo nos diz que a individualidade é "a característica ou particularidade do que é


individual; Conjunto das qualidades que compõe a originalidade, fazendo com que algo
ou alguém seja único."

Segundo Augusto Cury: " Há uma grande diferença entre o individualismo e a


individualidade. O individualismo é uma característica doentia da personalidade,
ancorada na incapacidade de aprender com os outros, na carência de solidariedade, no
desejo de atender em primeiro, segundo e terceiro lugar aos próprios interesses. Em
último lugar, ficam as necessidades dos outros. A individualidade, por sua vez, está
ancorada na segurança, na determinação, na capacidade de escolha. É, portanto, uma
característica muito saudável da personalidade. Infelizmente, desenvolvemos
frequentemente o individualismo e não a individualidade. (Augusto Cury, in 'Nunca
Desista dos Seus Sonhos' )

Quem eu sou? Quais as minhas qualidades, potencialidades, virtudes, defeitos,


dificuldades? Como se dá a minha interação com o mundo? Assumo uma postura única
e individual, porém, aprendendo com o semelhante? Ou tento me adequar aos padrões
estabelecidos por nossa sociedade como características de uma pessoa dita normal?

Reconhecer-se como um ser único é algo importante a quem está trabalhando na


construção de si mesmo. Grande número de pessoas apenas vive conforme lhe dizem
para viver, é um caminhar conforme o vento, ausente a reflexão, a percepção de si
mesmo, em síntese, é a ausência ou mesmo o esquecimento do tão necessário do auto-
conhecimento.

Vale a pena aprofundarmos um pouco nesta questão, adentrando inclusive nos conceitos
do Ego e do Self, para tanto compartilho alguns trechos do artigo escrito por Juliz
Zayas, sobre estudos de Jung:

"Psicólogo analítico do século XIX, Carl Gustav Jung desenvolveu diversos estudos na
área da psicanálise com foco nas relações entre consciente e inconsciente e tipos de
personalidade. Em seus estudos inclui a análise do ego e sua função e funcionamento no
corpo humano.
Para Jung, o Ego é parte constituinte da mente humana, como um processo funcional
composto por tudo aquilo que vimos, convivemos e percebemos. Sendo assim, é muito
mais do que o simples “eu”, é a junção de lembranças, sentimentos e ideias que
posicionam nosso comportamento e nos tornam conscientes.
Considera que a personalidade é constituída pela junção do ego com aquilo que chama
de “self”, que seria uma parte “suprema” do indivíduo responsável por mover o ego e
sua consciência, este, encarregado de desvendar e interpretar o que parece inconsciente
e desconhecido. Ao contrário do conceito religioso por exemplo, que define o
“desconhecido” como sombras ou trevas e não admite sua interiorização e
desenvolvimento, exteriorizando-os como “personalidades superiores”.
A predominância do “self” consiste em uma etapa da “individuação” dos seres, que
ocorre ao longo da vida.
A análise de psicólogos e estudiosos como Freud, Jung, e outros, descreve essa
formação a partir do momento em que se atua na manipulação do ego desde o momento
em que se nasce. O ego é, então, o contato da mente com a tal “sombra desconhecida”
tomando consciência da atitude e interpretação que se deve ter. Essa singularidade de
entendimento posiciona cada ser humano originalmente na sociedade e grupo em que
vive, sendo de extrema importância para a formação de seres sociais.
Para que essa atitude de comportamento e reação “natural” seja cabível a convivência
social, ela limita-se a normas pré-estabelecidas por um comportamento coletivo, ou seja,
as regras comuns se sobressaem sobre as normas individuais em questão moral. Por
conta disso, a individuação é algo pessoal e primitivo da identidade do ser, porém,
fortemente contaminado e guiado pelas condições externas alteradoras de consciência."

Importante citar que é justamente a percepção da individualidade que nos distingue de


nossos irmãos animais. Como nos explicam os espíritos na questão 598 do Livro dos
Espíritos:
"Após a morte, conserva a alma dos animais a sua individualidade e a consciência de si
mesma? “Conserva sua individualidade; quanto à consciência do seu eu, não. A vida
inteligente lhe permanece em estado latente.”

Presente, então, em nosso estudo os alicerces para que possamos compreender o que
significa a nossa individualidade, estamos aptos a colocar o Evangelho em seu caminho,
buscando o entendimento de como este contribui para a nossa evolução, inclusive para
que possamos perceber se estamos no caminho correto, ou melhor dizendo, no caminho
que o próprio Cristo nos ensinou.

Iniciemos com Emmanuel, observando que ele nos dá, primeiramente, informações
negativas, ou seja, ele nos informa o que o Cristo não fez. Vejamos:

"Efetivamente,as massas acompanhavam o Cristo, de perto, no entanto, não vemos no


Mestre a personificação do agitador comum.
Em todos os climas políticos, as escolas religiosas, aproximando-se da legalidade
humana, de alguma sorte partilham da governança, estabelecendo regras espirituais
com que adquirem poder sobre a multidão.
Jesus, porém, não transforma o espírito coletivo em terreno explorável." Roteiro

Não se trata aqui de mera informação para introduzir uma idéia, mas um convite a
percebermos que em muitos lugares e em muitos tempos, as escolas religiosas tentaram
trabalhar o coletivo. Dogmas, rituais, "verdades inquestionáveis" que faziam e, ainda,
fazem parte da vivência das pessoas.

Diz-nos Emmanuel que Jesus não adentrou neste terreno, do espírito coletivo. Isto é
muito interessante e é também um norte para a forma como devemos trabalhar em
nossas casas religiosas. Um a um, o ser possui uma importância e uma forma única de
ver a vida e isto deve ser estimulado, permitido, porém, o único ambiente em que as
pessoas se sentem confortáveis para demonstrar o seu pensamento, ainda que contrário
aos demais, é num ambiente amoroso e fraterno.

Assim, caminhando em sentido contrário à massificação, o espiritismo deve incentivar o


olhar para si mesmo a fim de que cada ser descubra e desenvolva a sua individualidade.
Deus nos fez únicos.

Sigamos em frente.

"Proclamando as bem-aventuranças à turba no monte, não a induz para a violência, a


fim de assaltar o celeiro dos outros. Multiplica, Ele mesmo, o pão que a reconforte e
alimente.
Não convida o povo a reivindicações.
Aconselha respeito aos patrimônios da direção política, na sábia fórmula com que
recomendava seja dado “a César o que é de César”." Roteiro

Talvez, numa leitura rápida, possa se pensar que o Cristo nos convida a aceitar tudo o
que nos acontece, mesmo o que é injusto, sem tentar buscar a justiça e a retidão.

Em tempos de crise, quando tantas notícias de corrupção nos são reveladas dia após dia,
como não reivindicar? Como não almejar que o pão possa chegar aos humildes, aos
pobres que são os que mais sofrem com os desvios e roubos que assombram nosso país.

A questão é como estamos combatendo estas questões. Este é o cerne.


Sem violência, buscando caminhos que agreguem (multiplicação do pão), caminhos que
sejam positivos, trazendo novas formas de se realizarem estas práticas antigas.

A crítica é diferente da proposta de solução, do arregaçar as mangas para ver o que cada
um pode fazer dentro de suas possibilidades para resolver as questões morais que
assombram nossas vidas e nossos lares. Os discípulos informaram que o pão não daria
(problema), o Cristo nos mostrou que para cada problema é necessário buscar uma ação
positiva. Agir com justiça, com retidão, buscando a melhoria de si mesmo para, então,
inspirar que também outros modifiquem o seu modo de viver é uma forma positiva de
encarar o momento negativo que atravessamos.

Não se trata de um caminho fácil ou rápido, mas o que a lição sugere é que o trabalho de
melhoria é feito um a um e é neste campo que devemos atuar, a começar em nós
mesmos.

Vejamos mais um trecho da lição:

"Muitos estudiosos do Cristianismo pretendem identificar no Mestre Divino a


personalidade do revolucionário, instigando os seus contemporâneos à rebeldia e à
discórdia; entretanto, em nenhuma passagem do seu ministério encontramos qualquer
testemunho de indisciplina ou desespero, diante da ordem constituída.
Socorreu a turba sofredora e consolou-a; não se mostrou interessado em libertar a
comunidade das criaturas, cuja evolução, até hoje, ainda exige lutas acerbas e
provações incessantes, mas ajudou o Homem a libertar-se." Roteiro

Quando aconselhava seus discípulos, Jesus lhes disse: " Sede, pois, prudentes como as
serpentes, mas simples como as pombas. Mateus 10:16"

Prudência e simplicidade evitariam muitos disparates, evitariam contendas


desnecessárias e por motivos que não justificam os danos emocionais que geram. Todas
as atividades que realizamos precisam passar por este crivo que o Mestre nos
trouxe: socorro e consolo, com profundo respeito pelo livre-arbítrio de cada um, não
impondo pontos exclusivistas de pensamento a quem quer que seja.
Emmanuel assevera que Jesus ajudou o Homem a libertar-se. Interessante a grafia da
palavra "Homem" em letra maiúscula, o que isto representa?

Este texto de Emmanuel nos ajuda compreender:

Deus e o homem
Deus criou a Terra, à maneira de um paraíso repleto de fontes e de flores para as
criaturas em evolução.
O Homem dilapidou-lhe a face, a pretexto de buscar recursos e cultivá-los para a
própria alimentação.

Deus formou o solo do Planeta com incalculáveis tesouros.


O Homem encontrou vestígios de semelhantes riquezas e bastou isso para escavar-lhe o
corpo, apropriando-se das criações divinas e instalando antagonismos entre os próprios
irmãos para transformá-las em objetos de cobiça e ambição desvairada.

Deus levantou as árvores, destinando-as à proteção da vida.


O Homem, no entanto, derrubou-as, não apenas a fim de aproveitá-las na edificação da
própria moradia, segundo as finalidades que lhes foram assinaladas, mas simplesmente
por bagatelas ou para contemplar o espetáculo de pavorosos incêndios.

Deus inspirou a formação da dinamite para facilitar a construção de estradas que


favorecessem o intercâmbio entre os povos.
O Homem, entretanto, empregou-a na fabricação de bombas para a destruição de
comunidades indefesas.

Deus plasmou a beleza e a música, a arte e a ciência, da conjugação das quais nascesse a
paz entre todos os seres.
O Homem inventou planos de hegemonia e fez a guerra que se alimenta com milhões
de vidas, expulsando, vaidosamente, a paz do ambiente deles mesmos.

Quando observares a Terra, sofrendo agressões à Natureza e estabelecendo a dominação


da guerra, não incluas Deus em tuas indagações, porque já sabes de quem é a culpa."
Monte Acima - Emmanuel
Trata-se do Homem enquanto herdeiro de Deus, com um papel a desempenhar sobre si
mesmo e sobre o mundo que o cerca. Quando usa a palavra em caixa alta, Emmanuel
nos está falando não apenas do homem que conhecemos e que temos sido, mas do
Homem, integral e pleno, que ainda seremos.

Vejamos mais um trecho da lição do livro:

"Ao apóstolo exclama _ “vem e segue-me.”


Á pecadora exorta _ “vai e não peques mais”.
Ao paralítico fala, bondoso _ “ergue-te e anda”.
Á mulher sirofenícia diz, convincente _ “a tua fé te curou”.
Por toda parte, vemo-lo interessado em levantar o espírito, buscando erigir o templo da
responsabilidade em cada consciência e o altar dos serviços aos semelhantes em cada
coração." Roteiro

A mensagem que Jesus deixou para os seus seguidores é modelo de vida que
necessitamos aprender a utilizar. Somos ávidos em perceber defeitos e tecer críticas,
Jesus, porém, ao ver o caído, levantava-o, ao ver o erro, socorria quem errava,
convidando-o a seguir em frente, ao doente, promovia a cura. Há sempre uma ação
positiva diante das lutas e dificuldades da vida. Não há críticas, julgamentos, opiniões,
apenas a mão estendida para auxiliar, fruto de uma alma amorosa que a todos,
indistintamente, quer bem.

É neste pensamento que prossegue Emmanuel com a lição:

"Por toda parte, vemo-lo interessado em levantar o espírito, buscando erigir o templo
da responsabilidade em cada consciência e o altar dos serviços aos semelhantes em
cada coração.
Demonstrando as preocupações que o tomavam, perante a renovação do mundo
individual, não se contentou em sentar-se no trono diretivo, em que os generais e os
legisladores costumam ditar determinações... Desceu, Ele próprio, ao seio do povo e
entendeu-se pessoalmente com os velhos e os enfermos, com as mulheres e as crianças.
Entreteve-se em dilatadas conversações com as criaturas transviadas e
reconhecidamente infelizes.
Usa a bondade fraternal para com Madalena, a obsidiada, quanto emprega a gentileza
no trato com Zaqueu, o rico." Roteiro

Jesus conversa comigo? Conversa contigo? De que forma permitimos este intercâmbio
de idéias, sentimentos e vivências?

O mundo que necessita ser renovado é o meu mundo individual, o meu íntimo, é lá que
Jesus quer agir como uma jardineiro e plantar as mais belas flores, porque só assim,
estaremos aptos a exalar o perfume das criaturas que amam, que querem pacificar o
mundo, que querem se revestir da esperança e, a cada dia, renovam em seu querer a
vontade de trabalhar no bem.

Ouçamos o Mestre, sua vida fala-nos tão alto, mas tão alto, que raras vezes iremos
necessitar de suas palavras, parafraseando o ditado popular.

Encerra Emmanuel:

"Reconhecendo que a tirania e a dor deveriam permanecer, ainda, por largo tempo, na
Terra, na condição de males necessários à retificação das inteligências, o Benfeitor
Celeste foi, acima de tudo, o orientador da transformação individual, o único
movimento de liberação do espírito, com bases no esforço próprio e na renúncia ao
próprio “eu”.
Para isso, lutou, amou, serviu e sofreu até à cruz, confirmando, com o próprio
sacrifício, a sua Doutrina de revolução interior, quando disse: “e aquele que deseja
fazer-se o maior no Reino do Céu, seja no mundo o servidor do todos.” Roteiro

Esforço próprio e renúncia do próprio "eu", eis as premissas que devem nortear a nossa
vida, trabalhemos por nossa melhoria deixando o individualismo, no sentido egoístico
da palavra, para celebrar o amor e a fraternidade. Jesus exemplificou servindo, agora
espera que seus trabalhadores sigam seus passos.
Assim nos fala a poesia de Maria Dolores:
A Vida Conta — Maria Dolores

Tempo e nós

Enquanto o Tempo segue renovando


Os quadros da existência a que se atrela,
Indagas, muita vez, alma querida e bela,
Como vencer na prova a te agredir…
De tudo quanto aprendo, entre as lições do mundo,
Dá-me a estrada, na luta a que me vejo exposta,
Quatro verbos distintos por resposta:
— Amar e compreender, trabalhar e servir.

A própria Natureza é um livro aberto…


Se inquirisses do sol no firmamento
Como brilhar sem pausa, firme e atento,
Nutrindo mundos sem se consumir:..
Ele, decerto, te responderia
Que o Senhor lhe traçou por alta obrigação
Cumprir as leis da vida, tais quais são:
— Amar e compreender, trabalhar e servir.

Interroguei, um dia, à roseira podada,


Já que se lhe furtava o véu de rosas
A pancadas e injúrias espantosas,
Como devia a pobre reflorir;
Ela, porém, me disse, humilde e crente:
— “Enriquecer a Terra é o meu dever
E, se quero evoluir, necessito aprender
Amar e compreender, trabalhar e servir.”

Vejo tratores retalhando o solo,


Dinamites na serra, a parti-la, de todo,
Fontes varando tremedais de lodo,
Árvores venerandas a cair…
E se busco entender a dor do campo,
Nesses despojamentos que pesquiso,
Cada elemento fala que é preciso
Amar e compreender, trabalhar e servir.

Assim também, alma fraterna e boa,


Se trazes sob o Tempo, aflições e problemas,
Constrói, age, confia, crê, não temas
E resguarda no peito o anseio do porvir;
Por mais sofras, não pares, segue à frente,
Enquanto cada dia surge e avança,
Eis que o Céu nos repete, através da esperança:
— Amar e compreender, trabalhar e servir.
Estudo do livro Roteiro
Lição 16 - Evangelho e Caridade

Caridade é palavra que é muito ouvida e pouco praticada. Muitos se reconhecem


caridosos, poucos realmente o são.

Para bom aproveitamento da lição, é preciso que se entenda o que é a caridade.

Paulo de Tarso compreendeu o que era caridade, conforme nos diz Kardec no capítulo
XV do Evangelho Segundo o Espiritismo:

"De tal modo compreendeu S. Paulo essa grande verdade, que disse: Quando mesmo eu
tivesse a linguagem dos anjos; quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos
os mistérios; quando tivesse toda a fé possível, até ao ponto de transportar montanhas,
se não tiver caridade, nada sou. Dentre estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade,
a mais excelente é a caridade. Coloca assim, sem equívoco, a caridade acima até da fé.
É que a caridade está ao alcance de toda gente: do ignorante, como do sábio, do rico,
como do pobre, e independe de qualquer crença particular.
Faz mais: define a verdadeira caridade, mostra-a não só na beneficência, como também
no conjunto de todas as qualidades do coração, na bondade e na benevolência para com
o próximo."

São Vicente a coloca como pressuposto de qualquer outra virtude: "A caridade é a
virtude fundamental que deve sustentar todo o edifício das virtudes terrenas. Sem ela
não existem as outras. Sem caridade não há fé nem esperança, porque sem a caridade
não há esperança de uma sorte melhor, nem interesse moral que nos guie. Sem a
caridade não há fé, porque a fé é um puro raio que faz brilhar uma alma caridosa; ela é a
sua consequência decisiva." (Revista Espírita Agosto de 1858)

Mas é na Revista Espírita de 1862 que encontramos um dos textos mais belos já escritos
sobre a caridade:
"Eu sou a Caridade, sim, a verdadeira Caridade. Em nada me pareço com a caridade
cujas práticas seguis. Aquela que entre vós usurpou o meu nome é fantasista,
caprichosa, exclusiva, orgulhosa. Venho premunir-vos contra os defeitos que, aos olhos
de Deus, empanam o mérito e o brilho de suas boas ações. Sede dóceis às lições que o
Espírito de Verdade vos dá por minha voz. Segui-me, meus fiéis! Eu sou a Caridade.

Segui-me. Conheço todos os infortúnios, todas as dores, todos os sofrimentos, todas as


aflições que assediam a Humanidade. Sou a mãe dos órfãos, a filha dos velhos, a
protetora e suporte das viúvas. Curo as chagas infectas; trato de todos os doentes; visto,
alimento e abrigo os que nada têm; subo aos mais humildes tugúrios e às mais
miseráveis mansardas; bato à porta dos ricos e poderosos porque onde quer que exista
uma criatura humana, há, sob a máscara da felicidade, dores amargas e cruciantes. Oh!
Como é grande minha tarefa! Não poderei cumpri-la se não vierdes em meu auxílio.
Vinde a mim! Eu sou a Caridade.

Não tenho preferência por ninguém. Jamais digo aos que de mim necessitam: “Tenho os
meus pobres; procurai alhures.” Oh! falsa caridade, quanto mal fazes! Amigos, nós nos
devemos a todos. Crede-me. Não recuseis assistência a ninguém. Socorrei-vos uns aos
outros com bastante desinteresse para não exigirdes reconhecimento da parte dos que
tiverdes socorrido. A paz do coração e da consciência é a suave recompensa de minhas
obras. Eu sou a verdadeira Caridade.

Ninguém sabe na Terra o número e a natureza de meus benefícios.

Só a falsa caridade fere e humilha aqueles a quem beneficia. Evitai esse funesto desvio.
As ações desse gênero não têm mérito perante Deus e atraem a sua cólera. Só ele deve
saber e conhecer os generosos impulsos de vossos corações, quando vos tornais os
dispensadores de seus benefícios. Guardai-vos, pois, amigos, de dar publicidade à
prática da assistência mútua. Não mais lhe deis o nome de esmola. Crede em mim. Eu
sou a Caridade.

Tenho tantos infortúnios a aliviar que por vezes tenho os seios e as mãos vazios. Venho
dizer-vos que espero em vós. O Espiritismo tem como divisa Amor e Caridade, e todos
os verdadeiros espíritas quererão, no futuro, conformar-se a esse sublime preceito
ensinado pelo Cristo há dezoito séculos. Segui-me, pois, irmãos, e eu vos conduzirei ao
Reino de Deus, nosso pai. Eu sou a Caridade." ADOLFO, bispo de Argel.

Cientes, então, a que se refere esta palavra, estamos aptos a iniciar a lição do livro
Roteiro, com Emmanuel:

"Antes de Jesus, a caridade é desconhecida." Roteiro

Impactante a afirmativa de Emmanuel. Jesus inaugura nova era para a humanidade. Seu
exemplo sublime nos remete a uma nova forma de viver. Não mais a força, o poder, a
justiça, mas o amor disciplinando nossos pensamentos e ações. Ainda não alcançamos
este novo mundo, mas é certo, que estamos a caminho.

Segue a lição:

"Os monumentos das civilizações antigas não se reportam à divina virtude."

As sete maravilhas construídas pelo homem dão testemunho de poder, inteligência,


ousadia, destreza e inúmeras outras qualidades tão festejadas pelos homens em todos os
tempos, porém o que nós construímos, a nossa história enquanto humanidade não nos
remete à caridade, divina virtude.

Emmanuel passa a enumerar obras humanas e cabe a nós, estudiosos de sua obra,
sondar a sua intenção ao colocar no texto sobre Evangelho e Caridade tais feitos
realizados pela humanidade, por nós mesmos, em outras vidas. Considerando que o
benfeitor não costuma desperdiçar palavras, muito pelo contrário, usa-as com destreza e
reconhecida capacidade de síntese, cremos que as citações são oportunidades de
aprendizado e reflexão. Ao que passamos a analisá-las.

" Os destroços do palácio de Nabucodonosor, no solo em que ser erguia a grandeza de


Babilônica, falam simplesmente de fausto e poder que os séculos consumiram."
"Nabucodonosor II, governou durante 42 anos o Segundo Império Babilônico. Ficou
famoso pela construção dos Jardins Suspensos da Babilônia e pela destruição de
Jerusalém e seu Templo Nabucodonosor II ou Nebucadrezar ( 632 a.C.- 562 a.C.) é o
filho e sucessor do Rei Nabopolasar, que fundou o segundo império babilônico (ou
caldeu), sobre as ruínas do Império Assírio. Seu nome em hebraico, nebukadrezzar, é a
transliteração do acadiano, Nabu-cudurri-utsur, que talvez significa “Nabu (deus)
protegeu os direitos de sucessão ou minha herança”. (Fonte:
http://universodahistoria.blogspot.com.br/2010/09/o-imperio-de-nabucodonosor.html)

As coisas materiais que tanto ocuparam este rei passaram, qual sua herança? Ruínas.

O que estamos construindo em nossa passagem pela terra? Acumulando bens materiais
que cedo ou tarde se transformarão em ruínas? Construir e destruir foram os verbos
usados para definir este rei e seu legado. O que estamos construindo e destruindo em
nossa existência? Como gostaríamos de ser lembrados?

Sigamos em frente com a lição.

"Nas lembranças do Egito glorioso, as Pirâmides não se referem à compaixão." Roteiro

Quem já visitou a cidade do Cairo teve a oportunidade de deslumbrar-se com estas


construções que atravessam os milênios e nos remetem ao antigo Egito. Mas, pergunta-
se, qual a razão de sua existência? Com que propósito foram edificadas estas pirâmides?

" (...) as pirâmides eram construídas para ser o túmulo do faraó, ou seja, o corpo do
faraó seria ali preservado até este retornar da morte, para viver eternamente.
Quando ocorria a morte de algum faraó, todos os seus empregados, sacerdotes, escribas
e animais domesticados eram sacrificados e colocados nas pirâmides (túmulos)
juntamente com o corpo do faraó. Além disso, todos os objetos valiosos, joias e
ornamentos eram colocados na pirâmide. Isso era feito para que o faraó encontrasse
todos os seus empregados, sacerdotes, animais e riquezas quando voltasse à vida.
Geralmente os túmulos dos faraós eram de difícil acesso para evitar roubos e saques."
(Fonte: http://m.mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/piramides-egipcias.htm)
Imagine se ao morrer o Prefeito de sua cidade, todos os moradores também tivessem
suas vidas ceifadas? O poder e o interesse do faraó estavam acima da vida e do
sentimento das pessoas, como nos noticia Emmanuel, ausência de compaixão.

Não obstante o exemplo ser de extremo, onde vidas eram ceifadas em decorrência da
morte do faraó, precisamos trazer a lição para os nossos dias. Muitas vezes caminhamos
pautando nossas vidas apenas em nossos interesses, em nosso bem estar, agindo como
se apenas a nossa vida fosse importante. A compaixão nos chama a olhar para o outro
como irmão, a buscar, também, o atendimento das necessidades alheias e não apenas as
nossas.

Sigamos em frente com Emmanuel.

"Os famosos hipogeus de Persépolis são atestados de orgulho racial." Roteiro

Vejamos a descrição do Palácio de Persépolis: "O Palácio de Persépolis era decorado


com relevos que proclamavam a glória dos persas sobre as demais nações. A escadaria
du- pla, simétrica, que leva à sala de audiências (apadana) foi decorada lateralmente
com relevos de fi leiras de pessoas em marcha solene, dignitários e portadores de
tributos, numa típica demonstração de submissão ao poderio persa. No exterior, relevos
com batalhas de animais fantásticos e os Imortais, os guardas de elite do rei, numa
nítida demonstração do poderio militar persa. Acima deles, entre duas esfi nges, a
representação do deus persa Ahura-Mazdâh (um disco alado que deveria conter na
parte superior uma fi gura antro- pomorfa), o senhor da luz, do Bem, criador de todas as
coisas. Assim, são característicos das construções aquemênidas dois elementos: a
coluna em pedra e as vergas de madeira, que possibilitaram a edifi cação das altas salas
dos palácios de Passárgada, Susa e Persé- polis. A coluna persa típica tem fuste
canelado (infl uência grega da ordem jônia) e seu capitel é composto por duas cabeças
de touros (infl uência assíria). Há variantes com capitéis com leões e grifos."
"O luxo e a grandiosidade desses palácios são descritos por uma inscrição de Dario em
Susa que diz: Este Palácio que eu construí em Susa, seus materiais foram trazidos de
bem longe. O que foi cavado na terra, o que foi amontoado de cascalhos, foi o povo
babilônico que o fez. O cedro foi trazido do monte Líbano. Babilônios trouxeram-no
até Babilônia e os cários e os jônios – os deportados – de Babilônia até Susa. A madeira
de teça foi trazida da Índia; o ouro, de Sardes e de Bactriana; o lápis- lazúli e o
cinábrio, da Sogdiana; as turquesas, da Carasmia; a prata e o chumbo, do Egito; os
materiais que decoram as paredes, da Jônia; o marfi m, da Etiópia, da Índia e da
Aracósia; as colunas de pedra, da Cária. Os entalhadores de pedra eram jônios e lídios;
os ourives, lídios e egípcios; os fabricantes de tijolos, babilônios; os homens que
enfeitaram as paredes, medos e egípcios. Em Susa foi realizado um trabalho
esplêndido. Possa Ahura-Mazda proteger-me ...” (GIOR- DANI, 1969, p.283). Assim,
mão-de-obra e materiais eram importados de todo o Império para a glória persa. Há
indícios de que os palácios possuíam deslumbrantes jardins de desenho geométrico,
alimentados por um sistema de canais de irrigação. "
(Fonte: https://www.passeidireto.com/arquivo/19750931/historia-da-arte-2007-livro/8)

Cultuamos a simplicidade? Como é nosso lar? Certamente não moramos em um palácio


como este descrito, mas será que precisamos de tantas coisas, tantos bens?

Não somos páginas em branco, somos espíritos milenares. Poucos se recordam ou tem
notícias de suas vidas passadas, porém, os espíritos nos dizem que as reconheceremos
pelas nossas tendências inferiores nesta vida. Assim, saibamos observar com cuidado a
cada uma destas características que Emmanuel nos está ofertando, através destas
civilizações. Se estivemos lá, talvez, algo dentro de nós ainda transite por estas esferas
de orgulho, de apego as coisas.

Vejamos mais um trecho:

"As muralhas da China traduzem a preocupação de defesa." Roteiro

Durante muito tempo pensou-se que a Grande Muralha fora construída para proteger o
Império Chinês contra a ameaça de invasão por tribos vizinhas. Na verdade, porém, o
Império Qin não corria qualquer perigo em relação às tribos do norte quando a muralha
começou a ser construída. Apenas os Hsiung-nu se haviam fixado significativamente no
território chinês, e mesmo estes pouco resistiram quando o exército de Meng T’ien os
expulsou da região de Ordos. A muralha seria uma defesa contra ataques futuros, mas o
custo em vidas humanas parece excessivo para uma estrutura que não era uma
necessidade imediata. A idéia da muralha pode ter nascido da obsessão de Shi Huang Di
pela segurança e da sua paixão por grandes projetos. Porém, pode ter havido razões
mais pragmáticas: a muralha seria um local conveniente para onde enviar os desordeiros
e fazê-los trabalhar. A construção da muralha também dava emprego aos milhares de
soldados sem trabalho, depois que a formação do império pôs fim à guerra entre os
estados. Além disso, logo que a muralha ficasse terminada, teriam de ser colocados
soldados em toda a sua extensão, assegurando-se assim que grande parte do exército
seria mantida bem longe do capital. (Fonte: Livro Grandes Acontecimentos que
Transformaram o Mundo)

Preocupação de defesa, eis o sentimento que motivou a construção desta grandeza que a
humanidade reverencia.

Quantos de nós, também, erguemos muralhas psicológicas impedindo que o outro se


aproxime? Justificamos que as pessoas são desonestas, não confiáveis e nos confinamos
em nossas vidas, deixando de nos abrir para as experiências que a vida pode nos
oferecer.

É certo que os dias atuais nos recomendam prudência, mas é preciso discernir nossas
verdadeiras intenções. A muralha da China representa um sentimento muito comum em
nossos dias, vivemos na defensiva e muitas vezes o perigo é só imaginado, não existe
efetivamente. E este sentimento nos isola, nas faz viver distante dos que necessitam de
nós e de quem necessitamos. Eis o alerta, a lição que este povo nos deixa e que
Emmanuel, sabiamente, nos traz para avaliação e reflexão.

"Nos velhos santuários da Índia, o Todo-Poderoso é venerado por milhões de fiéis,


indiscutivelmente sinceros, mas deliberadamente afastados dos semelhantes, nascidos
na condição de párias desprezíveis." Roteiro

A Índia é um lugar procurado por muitos no mundo para aprimoramento espiritual,


busca-se na meditação, nos exercícios milenares da ioga e em outros tantos
ensinamentos valorosos deste povo um maior equilíbrio. Certo é que este mesmo povo
que tanto nos ensina, não conseguiu afastar da sua forma de viver a separação que as
castas promovem.
Observar esta conduta nos leva a refletir que é preciso cuidado com o culto externo,
com rituais que aparentemente nos fazem bem mas não nos tornam pessoas melhores e
mais fraternas.

"A acrópole de Atenas, com as suas colunas respeitáveis, é louvor à inteligência."


Roteiro

A Grécia nos ofereceu filósofos como Sócrates, não obstante não encontrou em seus
alicerces sustentá-lo para as dores e dificuldades do caminho.

A inteligência move o mundo e nos traz, a todos instante, melhorias, porém, quando
anda sozinha cai sempre em excessos que a fazem sucumbir em si mesma.

O próprio Emmanuel nos adverte " “O sentimento e a sabedoria são as duas asas com
que a alma se elevará para a perfeição infinita. No círculo acanhado do orbe terrestre,
ambos são classificados como adiantamento moral e adiantamento intelectual, mas,
como estamos examinando os valores propriamente do mundo, em particular, devemos
reconhecer que ambos são imprescindíveis ao progresso, sendo justo, porém, considerar
a superioridade do primeiro sobre o segundo, porquanto a parte intelectual sem a moral
pode oferecer numerosas perspectivas de queda, na repetição das experiências, enquanto
que o avanço moral jamais será excessivo, representando o núcleo mais importante das
energias evolutivas.” (O Consolador, questão 204.)

Por fim, fala-os Emmanuel de Vespasiano.

"O coliseu de Vespasiano, em Roma, é monumento levantado ao triunfo bélico, para as


expansões da alegria popular." Roteiro

O Coliseu de Roma é um dos monumentos históricos mais visitados do mundo, " era
sobretudo um enorme instrumento de propaganda e difusão da filosofia de toda uma
civilização, e tal como era já profetizado pelo monge e historiador inglês Beda na sua
obra doséculo VII "De temporibus liber": "Enquanto o Coliseu se mantiver de pé, Roma
permanecerá; quando o Coliseu ruir, Roma ruirá e quando Roma cair, o mundo cairá".
(...) No Coliseu eram realizados diversos espectáculos, com os vários jogos realizados
na urbe. Os combates entre gladiadores, chamados muneras, não eram pagos
pelo Estado, mas sim por indivíduos em busca de prestígio e poder.
Outro tipo de espetáculos era a caça de animais, ou venatio, onde eram utilizados
animais selvagens importados de África. Os animais mais utilizados eram os grandes
felinos como leões, leopardos e panteras, mas animais como rinocerontes, hipopótamos,
elefantes, girafas, crocodilos e avestruzes eram também utilizados. As caçadas, tal como
as representações de batalhas famosas, eram efetuadas em elaborados cenários onde
constavam árvores e edifícios amovíveis. Estas últimas eram por vezes representadas
numa escala gigante; Trajano celebrou a sua vitória em Dácia no ano 107 com
concursos envolvendo 11 000 animais e 10 000 gladiadores no decorrer de 123 dias
(Fonte Wikipedia)

Festas eram realizadas neste lugar, mas onde a alegria em ver pessoas e animais
morrerem de forma brutal? Hoje, olhamos os jogos antigos como barbáries que jamais
deveriam ter acontecido, como será como olharemos os dias atuais daqui há 1000 ou
2000 anos? Quais serão os atos considerados bárbaros, mas que hoje são tido como
normais?

Sigamos em frente.

"Por milênios numerosos, o homem admitiu a hegemonia dos mais fortes e consagrou-a
através da arte e da cultura que era suscetível de criar e desenvolver.
Com Jesus, porém, a paisagem social experimenta decisivas alterações.
O Mestre não se limita a ensinar o bem. Desce ao convívio com a multidão e
materializa-o com o próprio esforço.
Cura os doentes na via pública, sem cerimoniais, e ajuda a milhares de ouvintes,
amparando-os na solução dos mais complicados problemas de natureza moral, sem
valer-se das etiquetas do culto externo." Roteiro

Eis a caridade encarnada na Terra, o amor que ensina e acolhe, que explica e cura, que
vê a sede e a sacia, que vê a fome e dá o alimento.
Jesus nos vem ensinar a viver através de ações positivas, exemplifica e dá testemunho
de suas palavras de forma que jamais será esquecida, ao contrário, cada vez mais o
homem precisará compreendê-lo para viver e prosseguir vivendo.

Prossegue Emmanuel

"Lega aos discípulos a parábola do bem samaritano, que exalta a missão sublime da
caridade para sempre.
A história é simples e expressiva.
Transmite Lucas a palavra do Celeste Orientador, explicando que “descia um homem
de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que o despojaram,
espancando-o e deixando-o semimorto. Ocasionalmente, passava pelo mesmo caminho
um sacerdote e, vendo-o, passou de largo. E, de igual modo, também um levita,
abordando o mesmo lugar e observando-o, passou a distância. Mas um samaritano, que
ia de viagem, chegou ao pé dele e, reparando-o, moveu-se de íntima piedade.
Abeirando-se do infortunado, aliviou-lhe as feridas e, colocando-o sobre sua
cavalgadura, cuidadosamente asilou-o numa estalagem”. Vemos, dentro da narrativa,
que o Senhor situa no necessitado simplesmente “um homem”.
Não lhe identifica a raça, a cor, a posição social ou os pontos de vista.
Nele, enxerga a Humanidade sofredora, carecente de auxílio das criaturas que
acendam a luz da caridade, acima de todos os preconceitos de classe ou de religião.
Desde aí, novo movimento de solidariedade humana surge na Terra." Roteiro

Eis o contraponto a todas as quedas que vimos nos parágrafos anteriores. Caminhando
distantes de Deus e envoltos em nosso próprio orgulho nos perdemos em legados e
heranças feitas de pedras. O Mestre, porém, deixou-nos o tesouro que a traça e a
ferrugem não consomem (Mateus 6:19)

Mostrou-nos que a verdadeira caridade é desinteressada, quando na parábola do Bom


Samaritano colocou um homem para ser auxiliada que não pode ser identificado, seja
por sua raça, por seu status social, não se sabia se era pobre ou rico, sabia-se apenas que
estava caído e necessitava da mão de um amigo para salvar-lhe a vida e prestar-lhe
assistência.
A Parábola ressoa em nossos corações, lembrando-nos sempre que o nosso próximo é
aquele que está ao nosso lado e a quem podemos e devemos oferecer o nosso auxílio,
sem esperar nada, absolutamente nada, em troca.

Encerra a lição:

No curso do tempo, dispersam-se os apóstolos, ensinando, em variadas regiões do


mundo, que “mais vale dar que receber”.
E, inspirados na lição do Senhor, os vanguardeiros do bem substituem os vales da
imundície pelos hospitais confortáveis; combatem vícios multimilenários, com
orfanatos e creches; instalam escolas, onde a cultura jazia confiada aos escravos;
criam institutos de socorro e previdência, onde a sociedade mantinha a mendicância
para os mais fracos. E a caridade, como gênio cristão na Terra, continua crescendo
com os séculos, através da bondade de um Francisco de Assis, da dedicação de um
Vicente de Paulo, da benemerência de um Rockfeller ou da fraternidade do
companheiro anônimo da via pública, salientando, valorosa e sublime, que o Espírito
do Cristo prossegue agindo conosco e por nós." Roteiro

Caminharemos pelo mundo, recordando, porém, da lição imorredoura deixada por Jesus
e reiterada por Kardec: Fora da Caridade, não há salvação.

Que a paz de Jesus nos acompanhe.

Até o próximo estudo.

Campo Grande-MS, 27.08.2017.

Candice Günther
Estudo do livro Roteiro
Lição 17 – Evangelho e Trabalho

Emmanuel nos trará nesta lição a oportunidade de refletirmos sobre um


importante item de nossa vida cotidiana: o trabalho.

Importante, porém, que saibamos primeiramente que, à luz do Espiritismo,


“trabalho é todo ocupação útil” (Questão 675 do Livro dos Espíritos).

O estudo, assim, não é apenas aos que trabalham aos olhos da sociedade, sob
remuneração ou mesmo voluntariamente, mas destina-se a todos aqueles que buscam
ocupar suas horas com tarefa útil, que benefície algo ou alguém.

Comecemos a lição:

“A glorificação do trabalho é serviço evangélico.” Roteiro

Se nós não levantamos as segundas-feiras feliz e contentes por mais um dia de


tarefas e trabalhos, ainda não alcançamos o que Emmanuel chama de glorificar o
trabalho.

Vejamos o que o dicionário nos traz sobre o verbo glorificar:

Significado de Glorificar
verbo transitivo direto Cobrir de glória, de louvor; gloriar, exaltar: glorificar um
herói.Fazer uma homenagem a; celebrar as boas qualidades, os feitos de; homenagear: o
colégio glorificou os melhores.[Religião] Atribuir a alguém a glória eterna; conduzir à
bem-aventurança, à felicidade eterna ao lado de Deus; canonizar, beatificar: glorificar
um papa.verbo pronominalTornar-se notável; distinguir-se dos demais: glorificou-se
fazendo o bem.Dar uma importância excessiva para os próprios feitos e qualidades;
exaltar-se: glorificava-se de seu dinheiro.Etimologia (origem da palavra glorificar): do
latim glorificare.
Glorificar é sinônimo
de: abençoar, bendizer, canonizar, enaltecer, gloriar, louvar, ufanar, exaltar,homenagear

Muitos acreditam que trabalhar para o Cristo e para o seu Evangelho de Luz é
frequentar um templo religioso o dedicar-se a uma atividade de prestação material,
como a entrega da sopa. Certamente, são atividades muito importantes, porém, o que o
benfeitor nos está apresentando é algo muito mais profundo. Ele nos convida a
compreender que tudo o que fazemos, principalmente nosso trabalho, pode estar a
serviço do Evangelho, trabalhar com alegria, retidão, dignidade, equidade, são virtudes
raras e necessárias a todos os cristãos.

Vejamos um pouco mais da lição.

“Antecedendo a influência do Mestre, a Terra era vasto latifúndio povoado de senhores


e escravos.
O serviço era considerado desonra.
Dominadas pelo princípio da força, as nações guardavam imensa semelhança com as
tabas da comunidade primigênia.
O destaque social resultava da caça.
Erguiam-se os tronos, quase sempre, sobre escuros alicerces de rapinagem.
Os favores da vida pertenciam aos mais argutos e aos mais poderosos.
Qualquer infelicidade econômica redundava em compulsório cativeiro.
Trabalho era sinônimo de aviltação.” Roteiro

Se olharmos para o século passado e o anterior a ele, facilmente veremos o quão


verdadeiras são estas afirmativas de Emmanuel. O trabalho não é bem visto pela maioria
dos homens. Ainda hoje há quem queira enriquecer para entregar-se ao ócio e aos
prazeres materiais.

Famílias são criadas sob valores de que o trabalho serve única e exclusivamente para
ganho financeiro e promovem, assim, um estrago imenso na vida dos jovens que
esquecem de suas aptidões para buscar apenas o emprego ou a profissão que lhes
garanta muito dinheiro, ou, na opinião de muitos, sucesso.
A realidade de outrora ainda reside em muitos pensamentos e condutas de pessoas que
acreditam que por terem posses materiais devem ser servidos e pouco se preocupam em
serem úteis ao mundo em que se encontram.

Qual o nosso entendimento sobre o trabalho que realizamos? Seja na profissão, em casa,
na comunidade, no serviço religioso, onde quer que estejamos temos a oportunidade de
auxiliar, de sermos úteis. Compreendemos a força do trabalho? Compreendemos que o
trabalho também é um ponte para o nosso caminho evolutivo?

Recordemos que o trabalho é Lei Divina, como nos dizem os espíritos:

674. A necessidade do trabalho é lei da Natureza?


“O trabalho é lei da Natureza, por isso mesmo que constitui uma necessidade, e a
civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os
gozos.”Livro dos Espíritos

Prossigamos com Emmanuel.

“Os espíritos mais nobres, na maioria das vezes, demoravam-se na subalternidade


absoluta, suando e gemendo para sustentar o carro purpúreo dos opressores.
Em toda as cidades, pululavam escravos de todos os matizes e somente a eles era
conferido o dever de servir, como austera punição.” Roteiro

Muitas pessoas, quando ocupam altos cargos, sejam privados ou públicos, acreditam
que devem ser servidos, até mesmo o cafezinho deve lhe ser trazido a mesa. A lição,
porém, nos fala de onde se encontram os espíritos nobres, não aqueles que a Terra
reconhece e homenageia, mas os que estão verdadeiramente a serviço do Cristo
trabalhando pela construção de um mundo melhor.

Os espíritos nobres estão “suando e gemendo” para sustentar estes homens,


revestidos transitoriamente em cargos de poder, esquecem de seu compromisso e de sua
função.
Há quem pense que isto se refere apenas a políticos, porém, até mesmo um pai
de família deve demonstrar aos filhos a dignidade do trabalho, nas pequenas tarefas da
lide doméstica, exemplificando aos pequeninos desde a tenra idade que o trabalho
dignifica o homem.

O fundamento desta conduta está alicerçado no egoísmo que ainda tinge a vida
humana com diversas cores, configurando-se numa chaga que atravessa os milênios e
que temos sérias dificuldades para combater.

Sigamos em frente:

“Roma imperial jazia repleta de cativos tomados ao Egito e à Grécia, á Gália e


ao Ponto. Só na revolução de Espártaco, no ano de 71, antes da era cristã, foram
condenados à morte trinta mil escravos na Via Ápia, cuja única falta era aspirar ao
trabalho digno em liberdade edificante.” Roteiro

Eis um triste exemplo de como temos agido ao longo dos milênios, interessante,
porém, observarmos que Emmanuel traz um exemplo do qual ele mesmo participou,
não como escravo, mas como um dos que estavam no poder. Recordemos que o livro
Há 2000 anos nos relata da vida do Senador Públio Lentulus que o próprio Emmanuel
afirma ser uma de suas vidas. O Senador, por sua vez, era o espírito do bisavô, Públio
Lentulus Sura reencarnado:

“- Repara estes papiros! São notas de meu bisavô, acerca dos seus projetos no
Consulado. Encontrei neste acervo de pergaminhos diversas minutas de sentenças de
morte, as quais já havia observado nas minhas digressões do sonho inexplicável...
Confronta estas letras! Não se parecem com as minhas? Que desejaríamos mais, além
destas provas caligráficas? Há muitos dias, vivo este obscuro dilema no íntimo do
coração... Serei eu Públio Lentulus Sura, reencarnado?”

A história nos fala do bisavô de Emmanuel (Públio Lentulus):

“Públio Cornélio Lêntulo Sura (114–62 a.C.; em latim: Publius Cornelius Lentulus
Sura) foi um político da família dos Lêntulos da gente Cornélia da República
Romana eleito cônsul em 71 a.C. com Cneu Aufídio Orestes. É famoso por ter sido um
dos principais personagens da Conspiração de Catilina e por ter sido padrasto de Marco
Antônio.
Lêntulo foi nomeado questor de Lúcio Cornélio Sula em 81 a.C.. Quando foi acusado
por ele de ter se apropriado de dinheiro público, recusou-se inclusive a se defender,
mas, de forma insolente, estendeu sua panturrilha (em latim: "sura"), que era o local
onde os garotos eram punidos quando cometiam erros em jogos de bola, um
comportamento similar a um "tapinha na mão". Foi eleito pretor em 75
a.C., propretor da Sicília nos dois anos seguintes, e cônsul em 71 a.C., desta vez
juntamente Cneu Aufídio Orestes.
Fonte: Wikipedia.

Assim como Emmanuel nos traz um exemplo de sua própria existência, também nós
tivemos diversas experiências, algumas positivas outras negativas. Reconheceremos as
vidas passadas através das tendências que apresentarmos nesta vida.

“O homem não conhece os atos que praticou em suas existências pretéritas, mas pode
sempre saber qual o gênero das faltas de que se tornou culpado, e qual era o cunho
predominante do seu caráter. Basta estudar-se a si mesmo, e poderá julgar do que foi,
não pelo que é, mas pelas suas tendências.
As vicissitudes da vida corpórea constituem expiação das faltas do passado e,
simultaneamente, provas com relação ao futuro. Depuram-nos e elevam-nos, se as
suportamos resignados e sem murmurar.
A natureza dessas vicissitudes e das provas que sofremos também nos pode esclarecer
acerca do que fomos e do que fizemos, do mesmo modo que neste mundo julgamos dos
atos de um culpado pelo castigo que lhe inflige a lei. Assim, o orgulhoso será castigado
no seu orgulho, mediante a humilhação de uma existência subalterna; o mau-rico e o
avarento, pela miséria; o que foi cruel para os outros, pelas crueldades que sofrerá; o
tirano, pela escravidão; o mau filho, pela ingratidão de seus filhos; o preguiçoso, por um
trabalho forçado, etc.”
Livro dos Espíritos – Trecho da questão 399

A compreensão destas leis que nos regem permite uma visão mais consciente do que
nos acontece e nos dá força e coragem para resistir ao mal, buscando, em tudo, o bem
maior. O trabalho é sempre uma ferramenta eficaz para lutarmos contra nossas
imperfeições, a medida que nos auxilia a desenvolver o intelecto e também nos dá a
oportunidade de sermos úteis para a sociedade que nos recebe. Se outrora agimos contra
a natureza, hoje temos a oportunidade de preservá-la, se outrora promovemos a guerra,
hoje, somos convidados a ser pacificadores, se outrora descumprimos a lei divina, hoje,
nos é dada nova oportunidade a fim de resgatarmos estas faltas.

Sigamos em frente com as lições do livro Roteiro:

“Com Jesus, no entanto, nova época surge para o mundo.


O ministério do Senhor é, sobretudo, de ação e movimento.
Levanta-se o Mestre com o dia e devota-se ao bem dos semelhantes pela noite a dentro.
Médico _ não descansa no auxílio efetivo aos doentes.
Professor _ não se fatiga, repetindo as lições.
Juiz _ exemplifica a imparcialidade e a tolerância.
Benfeitor _ espalha, sem cessar, as bênçãos do amor infinito.
Sábio _ coloca a ciência do bem ao alcance de todos.
Advogado _ defende os interesses dos fracos e dos humildes.
Trabalhador divino _ serve a todos, sem reclamação e sem recompensa.
O exemplo do Cristo é sublime e contagiante.” Roteiro

Eis um novo paradigma para o mundo, em todos os aspectos, Jesus foi o homem
integral, o que nós podemos almejar dentro de nossa condição evolutiva, ele
personificou.

Retirou a religião dos templos para dizer ao homem que ele é o templo divino e todos os
lugares são santos, todos os momentos importantes e nossa vida não pode ser dividida.
A nossa conduta deve ser a mesma seja em família, no trabalho, na casa religiosa que
frequentamos e, mais do que isso, em cada uma de nossas atividades temos a
oportunidade de trabalhar e servir.

O fato dos espíritos terem apontado Jesus como modelo e guia da humanidade tem
como consequência natural que devamos conhecer quem ele foi, como agiu, cada uma
de suas ações, dizeres e até mesmo seu silencio é oportunidade de reflexão e
aprendizado a nós outros que estamos buscando a melhoria íntima. Não basta admirá-lo,
não basta buscá-lo em nossas orações, é preciso conhecê-lo e trazê-lo para a nossa mais
profunda intimidade, só assim ele poderá nos inspirar a sermos melhores.

Sigamos em frente.

“Cada companheiro de apostolado ausenta-se, mais tarde, do comodismo para ajudar


e ensinar em seu nome, raspando horizontes mais vastos à compreensão da vida, em
regiões distantes do berço que os vira nascer.” Roteiro

Diferente da maioria das outras raças que utilizavam-se dos escravos para o trabalho, os
judeus eram sobretudo grandes trabalhadores, honravam a terra com o suor do seu rosto,
como previam as sagradas escrituras. Genesis 3:19: “Com o suor do teu rosto comerás o
teu pão, até que voltes ao solo, pois da terra foste formado; porque tu és pó e ao pó da
terra retornarás!”

Flavio Josefo, que escreveu sobre a história dos judeus, nos auxilia a compreender como
o trabalho era relevante para este povo, citamos alguns trechos:

“Gênesis 25. Abraão, depois da morte de Sara, desposou Quetura e teve dela seis filhos,
todos infatigáveis no trabalho e muito ativos.”
“Gênesis 35. Depois da morte de Isaque, os seus dois filhos dividiram a herança, e
nenhum deles ficou no mesmo lugar que antes havia escolhido para fixar residência [Gn
36]. Esaú deixou Hebrom a Jacó e estabeleceu-se em Seir. Ele possuía a Iduméia e deu-
lhe o seu nome, pois fora cognominado Edom, por motivo que vou explicar. Quando
ainda era jovem, voltava um dia da caça, exausto pelo trabalho e torturado por uma
grande fome.”
Êxodo 1. Como os egípcios são naturalmente preguiçosos e voluptuosos e só pensam no
que lhes pode proporcionar prazer e proveito, eles olhavam com inveja a prosperidade
dos hebreus e as riquezas que estes conquistavam com o trabalho.”

Esta cultura juntou-se aos ensinos do Cristo de amor e fraternidade e mudou o mundo.
Ainda hoje somos convidados a buscar no ensinamento do Cristo o norte para nossas
vidas: ““Se alguém quer ser o primeiro, seja o último e o servo de todos”. Marcos 9:37.
“Mais tarde, em Roma, o desejo de auxílio mútuo entre os cristãos atinge inconcebíveis
realizações no capítulo do trabalho.
Pessoas convertidas ao Evangelho se consagram, inteiramente, ao serviço como o
objetivo de amparar os companheiros necessitados.
Espalham-se aprendizes da Boa Nova nas atividades da indústria e da agricultura, das
artes e das ciências, da instrução e do comércio, da enfermagem e da limpeza pública,
disputando recursos para o auxílio aos associados de ideal, na servidão ou na
indigência, no sofrimento e nas prisões. Há quem jejue por dois e três dias seguidos, a
fim de economizar dinheiro para os serviços de assistência ao próximo, sob a direção
do pastor.
O trabalho passa, então, a ser interpretado por benção divina.” Roteiro

O mundo modifica-se com a inauguração de novos tempos, trazidos pela presença


sublime do Cristo, Governador do Planeta, entre nós. Seu exemplo inspirou e prossegue
inspirando a conduta de muitas vidas e haverá dia em que inspirará, também, as
coletividades.

Emmanuel nos auxilia em apontamentos no livro O Consolador:

“Em virtude dos seus postulados sublimes de fraternidade, a lição do Cristo


representava o asilo de todos os desesperados e de todos os tristes. As multidões dos
aflitos pareciam ouvir aquela misericordiosa exortação: “Vinde a mim, vós todos que
sofreis e tendes fome de justiça e eu vos aliviarei” e da cruz chegava-lhes, ainda, o
alento de uma esperança desconhecida.
A recordação dos exemplos do Mestre não se restringia aos povos da Judeia, que lhe
ouviram diretamente os ensinos imorredouros. Numerosos centuriões e cidadãos
romanos conheceram pessoalmente os fatos culminantes das pregações do Salvador. Em
toda a Ásia Menor, na Grécia, na África e mesmo nas Gálias, como em Roma, falava-se
d’Ele, da sua filosofia nova que abraçava todos os infelizes, cheia das claridades
sacrossantas do reino de Deus e da sua justiça. Sua doutrina de perdão e de amor trazia
nova luz aos corações e os seus seguidores destacavam-se do ambiente corrupto do
tempo, pela pureza de costumes e por uma conduta retilínea e exemplar.”
Encerra a lição do livro Roteiro sobre o trabalho:

“Paulo de Tarso, transferindo-se da dignidade do Sinédrio para o duro labor do tear,


confeccionando tapetes para não ser pesado a ninguém e garantindo, por esse modo, a
sua liberdade de palavra e de ação, é o símbolo do cristão que educa e realiza,
demonstrando que à claridade do ensino deve aliar-se a glória do exemplo.
E, até hoje, honrando no trabalho digno a sua norma fundamental de ação, o
Cristianismo é a força libertadora da Humanidade, nos quadrantes do mundo inteiro.”
Roteiro

Paulo compreendeu o Cristo como poucos, e estudar a obra Paulo e Estevão bem como
as suas Cartas no Novo Testamento nos dão a dimensão desta compreensão. Era
sobretudo um trabalhador, viajava, instalava-se na comunidade, buscava o próprio
sustento enquanto ali se encontrava e levava a palavra a todos os corações que ansiavam
pelo Cristo e sua boa nova.

A eficácia da pregação de Paulo residia sobretudo na coerência de suas palavras com a


sua vida, simbolizando o cristão, como diz Emmanuel, que “educa e realiza,
demonstrando que à claridade do ensino deve aliar-se a glória do exemplo.”

A doutrina do Cristo não reside em palavras bonitas que emocionam, ela reside
sobretudo na mudança que trará as nossas vidas cotidianas, fazendo-nos pessoas mais
amorosas e fraternas.

E por ser a doutrina espírita o resgate destes exemplos sublimes do Cristo que Kardec
nos deixou o ensinamento: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação
moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.” Evangelho
Segundo o Espiritismo, capítulo XVII.

Um fraterno abraço e até o próximo estudo.

Campo Grande – MS, 03.09.2017.


Candice Günther
Estudo do livro Roteiro
Lição 18 – Evangelho e Exclusivismo

Ensina-nos Kardec no cap. XV do Evangelho Segundo o Espiritismo que “Fora


da Caridade não há salvação”. E assenta esta máxima em alicerces seguros:

“A máxima – Fora da caridade não há salvação consagra o princípio da igualdade


perante Deus e da liberdade de consciência. Tendo-a por norma, todos os homens são
irmãos e, qualquer que seja a maneira por que adorem o Criador, eles se estendem as
mãos e oram uns pelos outros.”
Seja qual for a maneira que meu irmão escolher para aproximar-se do nosso Pai
Celestial, a mim, como cristão, cabe estender a mão e orar uns pelos outros.
Igualdade e liberdade de consciência são princípios inseparáveis da verdadeira caridade,
respeito o outro, seu pensar, seu livre agir, sabendo que os caminhos se multiplicam e o
bem não é prerrogativa de nenhuma denominação.

Iniciemos, assim, com um trecho do livro Roteiro:

“Quase todos os santuários religiosos divididos entre si, na esfera dogmática, isolam-
se indebitamente, disputando privilégios e primazias. E até mesmo nos círculos da
atividade cristã, o espírito de exclusivismo tem dominado grupos de escol, desde os
primeiros séculos de sua constituição.
Em nome do Cristo, muitas vezes a tirania política e o despotismo intelectual
organizaram guerras, atearam fogueiras, incentivaram a perseguição e entronizaram a
morte.” Roteiro

Eu nasci em família evangélica e ainda na minha infância fui apresentada e


convidada a ter em Jesus em amigo para todas as horas. O Jesus que conheci dentro de
uma Igreja evangélica não é diferente do Jesus que, hoje, abraço dentro da doutrina
espírita, ao contrário, estreitamos laços, conheço-o melhor e sigo-o com toda a força do
meu ser.
O Jesus que conheci dentro de uma igreja acolheu-me quando tive dúvidas,
consolou-me quando pelas portas da morte precisei desperdir-me de afetos queridos,
este mesmo Jesus conduziu-me por estradas profundamente consoladoras quanto
conheci o espiritismo, porém, Ele é o mesmo em todos os lugares, somos nós, os
homens, que mudam o seu olhar e o seu entendimento. O consolo e a paz profundos que
uma vivência com Jesus e o seu evangelho de luz nos dá, havendo sinceridade em
nossos corações, independe do lugar ou do credo religioso que professamos.

O espiritismo, porém, não é bem visto por muitos e, ainda hoje, há quem
atribua-lhe vinculações com o mal, não obstante as suas reiteradas ações em prol da
caridade seja material ou mesmo a espiritual.

O grande problema é que este movimento de fora para dentro, de rejeição da


doutrina espírita, aos poucos vai fazendo o caminho inverso e vemos muitos irmãos
criticando e desprezando as concepções e doutrinas diferentes do espiritismo.

Se isto persistir, nos perderemos, afastando-nos do propósito de resgatar o


cristianismo primitivo e levar a caridade como bandeira. A lição é clara e límpida e
precisamos corrigir nosso caminhar para ajustar-lhe aos ensinamentos de Jesus, como
nos ensina Emmnauel nesta valorosa lição.

Aprendamos, então, com a história, eis que Emmanuel nos traz fatos relevantes
que marcaram o caminhar da humanidade.

“Pretendendo representar o Mestre, que não possuía uma pedra onde repousar a
cabeça dolorida, o Imperador Focas estabelece o Papado, em 607, exalçando a
vaidade romana.
Supondo agir na condição de seus defensores, Godofredo de Bulhão e Tancredo de
Siracusa organizam, em 1096, um exército de 500.000 homens e estimulam conflitos
sangrentos, combatendo pela reivindicação de terras e relíquias que recordam a divina
passagem de Jesus pela Terra. Acreditando preservar-lhe os princípios salvadores,
Gregório IX, em 1231, consolida o Tribunal da Inquisição, adensando a sombra e
fortalecendo criminosas flagelações, no campo da fé religiosa. Convictos de garantir-
lhe a Doutrina, os sacerdotes punem com o suplício e com a morte valorosos pioneiros
do progresso planetário, quais sejam Giordano Bruno e João Huss.” Roteiro

“Flávio Focas Augusto, foi imperador bizantino de 602 a 610. Sucedeu ao


imperador Maurício I, e foi derrubado por Heráclio e seu pai, Heráclio, o Velho, depois
de ter sido derrotado na guerra civil.
Em 602, tendo fomentado a inquietação entre as legiões mediante reformas com o
intuito de reduzir as despesas com a sua manutenção, Maurício ordenou ao exército dos
Balcãs, então em campanha contra os Ávaros, que passasse o Inverno a norte
do Danúbio, ou seja, do lado não fortificado do rio. Por entre revoltas generalizadas
de Edessa à Europa, o exército dos Balcãs revoltou-se quase imediatamente e pôs-se em
marcha a caminho da capital, comandado por Focas. Em um mês apenas o governo de
Maurício caía, o imperador abdicava e fugia da cidade, e os "Verdes" aclamaram Focas
imperador. Foi coroado na igreja de São João Baptista e a sua mulher Leôncia recebeu o
título de augusta. Maurício, que pequena ameaça era, foi arrancado ao seu refúgio
monástico em Calcedônia e assassinado, juntamente com os seus cinco filhos, diz-se
que estes perante os olhos do pai. Os cadáveres foram atirados ao mar e as suas cabeças
exibidas em Constantinopla antes de Focas organizar um funeral cristão para os restos
do seu profundamente religioso antecessor.” Fonte Wikipedia

Eis o primeiro exemplo que Emmanuel nos traz alertando quanto ao perigo da vaidade.
O poder tem nuances diversas, uma delas é colocar a pessoa em destaque, criando a
ilusão de que se está acima da grande massa. Dizem os filósofos que se queremos
conhecer a verdadeira personalidade de alguém é preciso dar-lhe poder, pois este revela
as profundezas da alma, para o bem ou para o egoísmo.

Mais do que um exemplo histórico, Emmanuel vem nos alertar para este engano tão
comum, ainda hoje, em nosso meio. Não apenas os detentores de mandatos públicos
mas até mesmo um dirigente de uma casa espírita pode mostrar-se caridoso ou,
infelizmente, deixar fluir seus sentimentos de vaidade, achando-se acima ou melhor do
que seus irmãos.

Outro exemplo que Emmanuel nos oferece é de Godofredo de Bulhão e Tancredo de


Siracusa organizam, em 1096, um exército de 500.000 homens e estimulam conflitos
sangrentos, combatendo pela reivindicação de terras e relíquias que recordam a
divina”passagem de Jesus pela Terra”

Em nome do Cristo o homem reuniu um exército para cometer atrocidades, crimes,


esquecendo-se das lições do Mestre Amado que nunca precisou de lugares ou relíquias
para realizar o bem, rejeitando o culto exterior para convidar o homem a olhar para si e
descobrir o amor.

Eis o que nos relatam os historiadores:

“Reportando-nos ao século XI, as Cruzadas nos merecem especial referência, dados os


seus movimentos, característicos da época. Desde Constantino que os lugares santos da
Palestina haviam adquirido considerável importância para a Europa ocidental. Milhares
de peregrinos visitavam anualmente a paisagem triste de Jerusalém, identificando os
caminhos da Paixão de Jesus, ou os traços da vida dos Apóstolos.
____Enquanto dominavam na região os árabes de Bagdá ou do Egito, as correntes do
turismo católico podiam buscar, sem receio, as paragens sagradas; mas a Jerusalém do
século XI havia caído sob o poder dos turcos, que não mais toleraram a presença dos
cristãos, expulsando-os dali com a máxima crueldade.
____Semelhantes medidas provocam os protestos de todo o mundo católico do Ocidente
e, no fim do referido século, preparam-se as primeiras cruzadas em busca da vitória
contra o infiel. A primeira expedição que saiu dos centros mais civilizados, sob o
comando de Pedro, o Eremita, não chegou a ausentar-se da Europa, dispersada que foi
pelos búlgaros e húngaros. Todavia, em 1096, Godofredo de Bouillon com seus irmãos
e Tancredo de Siracusa e outros chefes, depois de se reunirem em Constantinopla,
demandaram Nicéia, com um exército de 500.000 homens.
____Depois da presa de Nicéia, apoderaram-se de Antioquia, penetrando em Jerusalém
com a palma do triunfo. Ali quiseram presentear Godofredo de Bouillon com a coroa de
rei, mas o duque da Baixa Lorena parecia rever o vulto luminoso do Senhor do Mundo,
cuja fronte fora aureolada com a coroa de espinhos, e considerou sacrilégio o
colocarem-lhe nas mãos um cetro de ouro, quando o Cristo tivera, tão-somente, nas
mãos augustas e compassivas, uma cana ignominiosa. Depois de muita relutância,
aceitou apenas o título de "defensor do Santo Sepulcro", organizando-se logo em
seguida as ordens religiosas de caráter exclusivamente militar, como a dos Templários e
a dos Hospitalários.
____Os turcos, porém, não descansaram. Depois de muitas lutas, apossaram-se de
Edessa, obrigando o papa Eugênio III a providenciar a segunda Cruzada, que, chefiada
por Luís VII da França e Conrado III da Alemanha, teve os mais desastrosos efeitos.”
Fonte: http://www.guia.heu.nom.br/cruzadas_fim_idade_media.htm

Prossegue este verdadeiro relato histórico no falando da criação de outro profundo


engano na história do cristianismo, a criação da inquisição por Gregório IX.

“Muito pouco valeram as lições do bem, diante do mal triunfante, porque em 1231 o
Tribunal da Inquisição estava consolidado com Gregório IX. Esse instituto,
ironicamente, nesse tempo não condenava os supostos culpados diretamente à morte –
pena benéfica e consoladora em face dos martírios infligidos aos que lhe caíssem nos
calabouços –, mas podia aplicar todos os suplícios imagináveis.

A repressão das “heresias” foi o pretexto de sua consolidação na Europa, tornando-se o


flagelo e a desdita do mundo inteiro.

Longo período de sombras invadiu os departamentos da atividade humana. A penumbra


dos templos era teatro de cenas amargas e sacrílegas. Crimes tenebrosos foram
perpetrados ao pé dos altares, em nome d’Aquele que é amor, perdão e misericórdia. A
instituição sinistra da Igreja ia cobrir a estrada evolutiva do homem com um sudário de
trevas espessas.” Livro O Consolador – Emmanuel

Sabe-se que o livro Libertação, de Andre Luiz, psicografado por Chico Xavier trata
justamente do resgate do espírito Gregório.

“Em 1959, perguntamos ao médium Francisco Cândido Xavier:

— O Gregório do Libertação será quem muitos pensam que seja?


— Sim, — respondeu o médium de Emmanuel — trata-se de Gregório IX, que não se
emocionou com a presença física de seu contemporâneo Francisco de Assis, e criou o
Tribunal da Inquisição.”
Fonte: http://bibliadocaminho.com/ocaminho/TXavieriano/Livros/Ivc/IvcP2C02.htm

Por fim, nesta verdadeira viagem histórica que Emmanuel nos proporciona, fala-nos de
Giordano Bruno e João Huss.

Giordano Bruno (Nola, Reino de Nápoles, 1548[3] — Roma, Campo de Fiori, 17 de


fevereiro de 1600) foi um teólogo, filósofo, escritor
e frade dominicano italiano [carece de fontes] condenado à morte na fogueira
pela Inquisição romana (Congregação da Sacra, Romana e Universal Inquisição do
Santo Ofício) com a acusação de heresia[1] ao defender erros teológicos. Fonte
Wikipedia

Jan Hus ou John Huss (Husinec, 1369 — Constança, 6 de julho de 1415) foi
um pensador e reformador religioso[1]. Ele iniciou um movimento religioso baseado
nas ideias de John Wycliffe. O seus seguidores ficam conhecidos como os Hussitas.
A Igreja Católicanão perdoou tais rebeliões e ele foi excomungado em 1410.
Condenado pelo Concílio de Constança, foi queimado vivo e morreu cantando um
cântico [cântico de Davi" Jesus filho de Davi tem misericórdia de mim] Um precursor
do movimento protestante (ver: Reforma Protestante), a sua extensa obra escrita
concedeu-lhe um importante papel na história literária checa. Também é responsável
pela introdução do uso de acentos na língua checa por modo a fazer corresponder cada
som a um símbolo único. Hoje em dia a sua estátua pode ser encontrada na praça central
de Praga, a Praça da Cidade Velha, em checo Staroměstské náměstí. Fonte Wikipedia
“Segundo o distinto pesquisador espírita Canuto Abreu, a notícia de Jan Huss ter
reencarnado como Allan Kardec veio em 1857, através da psicografia da médium
Ermance Dufaux.2 Notemos, assim, a modéstia e a humildade de Kardec, que nunca se
referiu em vida a este fato. A preciosa fonte dessa notável informação estava, em 1921,
na Livraria de Leymarie, onde o Dr. Canuto a copiara. Em 1925, passou para o arquivo
da Maison des Spirites, tendo sido destruída pelos alemães em 1940 durante a invasão
de Paris.” O Reformador

“Em belíssima mensagem que se encontra em Reformador de setembro de 1978,8 o


Espírito Humberto de Campos, através do mediunato de Chico Xavier, registra o
momento sublime em que Jesus se dirige a Jan Huss, antes de reencarnar como Allan
Kardec, numa assembleia de Espíritos elevados, no plano espiritual, planejando o século
XIX sob as diretrizes do Cristo:

Depois de se dirigir aos numerosos missionários da Ciência e da Filosofia, destinados à


renovação do pensamento do mundo no século XIX, o Mestre aproximou-se do
abnegado Jan Huss e falou, generosamente:
Não serás portador de invenções novas, não te deterás no problema de comodidade
material à civilização, nem receberás a mordomia do dinheiro ou da autoridade
temporal, mas deponho-te nas mãos a tarefa sublime de levantar corações e
consciências.

A assembléia de orientadores das atividades terrestres estava comovida. E ao passo que


o antigo campeão da verdade e do bem se sentia alarmado de santas emoções, Jesus
continuava: […]
É indispensável estabelecer providências que amparem a fé, preservando os tesouros
religiosos da criatura. Confio-te a sublime tarefa de reacender as lâmpadas da esperança
no coração da humanidade.
O Evangelho do Amor permanece eclipsado no jogo de ambições desmedidas dos
homens viciosos!… Vai, meu amigo. Abrirás novos caminhos à sagrada aspiração das
almas, descerrando a pesada cortina de sombras que vem absorvendo a mente humana.
Na restauração da verdade, no entanto, não esperes os louros do mundo, nem a
compreensão dos teus contemporâneos. […]
Ante a emoção dos trabalhadores do progresso cultural do orbe terreno, o abnegado Jan
Huss recebeu a elevada missão que lhe era conferida, revelando a nobreza do servo fiel,
entre júbilos de reconhecimento.
Daí a algum tempo, no albor do século XIX, nascia Allan Kardec em Lyon, por trazer a
divina mensagem.
Espírito devotado, jamais olvidou o compromisso sublime. […]
[…] Ao fim da laboriosa tarefa, o trabalhador fiel triunfara.
Em breve, a doutrina consoladora dos Espíritos iluminava corações e consciências, nos
mais diversos pontos do globo. […] Allan Kardec não somente pregou a doutrina
consoladora; viveu-a. Não foi um simples codificador de princípios, mas um fiel
servidor de Jesus e dos homens. (Grifos nossos em todos os parágrafos.)
Fonte: O Reformador (http://www.souleitorespirita.com.br/reformador/destaque/jan-
huss-600-anos-de-desencarnacao/)

A história nos ensina que Jesus nos cuida, encaminhando sempre seus abnegados
trabalhadores a fim de que acertemos o passo, corrigindo desacertos de outrora.

Sigamos em frente com a lição:

“Cristo nunca endossou o dogmatismo e a intransigência por normas de ação.


Afirma não haver nascido par destruir a Lei Antiga, mas para dar-lhe fiel cumprimento.
Não hostiliza senão a perversidade deliberada.
Não guerreia.
Não condena.
Não critica.” Roteiro

Novamente Emmanuel nos mostra, primeiramente, o que o Cristo não fez, não obstante
muitos de nós o façamos. Não critica, condena ou guerreia. Conhece-nos
profundamente, sabe que somos espíritos imperfeitos transitando em um mundo onde o
mal ainda prevalece e tem paciência com nossos desatinos.

A conduta de Jesus para conosco é profundamente amorosa e nela encontramos todos os


dizeres do Paulo de Tarso em sua célebre Carta aos Coríntios:

“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade,
não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se
irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo
sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias,
serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; Porque,
em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito,
então o que o é em parte será aniquilado. 1 Coríntios 13:4-10

Continua Emmanuel, mostrando-nos, agora os aspectos positivos da conduta de Jesus,


ou seja, o que ele fez enquanto esteve entre nós:
“Combate o mal, socorrendo-lhe as vítimas.
Dá-se a todos.
Ensina com paciência e bondade o caminho real da redenção.
Começa o ministério da palavra, conversando com os doutores do Templo, e termina o
apostolado, palestrando com os ladrões.
A ninguém desdenha e os transviados infelizes lhe merecem mais calorosa atenção.
Prepara o espírito dos pescadores para os grandes cometimentos do Evangelho, com
admirável confiança e profunda bondade, sem exigir-lhes qualquer atestado de pureza
racial.
Auxilia mulheres desventuradas, com serenidade e desassombro, em contraposição com
os preconceitos do tempo, trazendo-as, de novo, à dignidade feminina.” Roteiro

É interessante esta didática de Emmanuel, oferecendo-nos a oportunidade de refletir


sobre os nossos desenganos mostrando-nos que o Cristo nunca agiu assim, de igual
forma, não nos deixa sem um caminho, mostrando-nos que o verdadeiro cristão:
socorre, ensina, conversa com todos, a todos dá atenção, é bondoso, levanta-nos de
nossas misérias e nos convida a recomeçar.

A oportunidade de revermos a nossa conduta é hoje porta que se abre. Deixemo-nos


invadir por este sublime amor que nos remete a uma conduta mais fraterna e caridoso.

Encerra a lição:

“Não busca títulos e, sim, inclina-se, atencioso, para os corações.


Nicodemos, o mestre de Israel, e Bartimeu, o cego desprezado, recebem dEle a mesma
expressão afetiva.
A intolerância jamais compareceu ao lado de Jesus, na propagação da Boa Nova.
O isolacionismo orgulhoso, na esfera cristã, é simples criação humana, fadado
naturalmente a desaparecer, porque, na realidade, nenhuma doutrina, quanto o
Cristianismo, trouxe, até agora, ao mundo atormentado e dividido os elos de amor e luz
da verdadeira solidariedade.” Roteiro

Atribui-se a Napoleão um dizer que corrobora esta fala de Emmanuel, em que ele
próprio, já no fim de sua vida, reconhece que apenas o amor permanecerá.
“Alexandre, César, Carlos Magno e eu mesmo fundamos impérios, mas à base de que
firmamos as criações do nosso gênio? À base da força. Só Jesus Cristo fundou seu reino
à base do amor, e até hoje milhões de homens morreriam por ele.”
Napoleão Bonaparte

Seja o amor nossa bandeira de luz.

Fraterno abraço e até o próximo estudo.

Campo Grande – MS, 10.09.2017.

Candice Günther
Estudo do livro Roteiro
Lição 19 – Evangelho e Simpatia

O vernáculo nos define simpatia como “afinidade moral, similitude no sentir e no


pensar que aproxima duas ou mais pessoas.” Também os espíritos nos falam desta
atração entre os espíritos: “A simpatia que atrai um Espírito para outro resulta da
perfeita concordância de seus pendores e instintos.” (questão 301 do Livro dos
Espíritos).

A concordância nos atrai, assim, podemos concluir que o contrário, ou seja, a


discordância, nos afasta. Será simples assim? Nossas relações humanas são complexas e
nem sempre as palavras as alcançam, verdade é que nossa preferência é estar ao lado
dos que nos são simpáticos.

Emmanuel nos dará a oportunidade de analisar a simpatia de forma muito mais ampla,
eis que será o Cristo a nos ensinar este caminho para a felicidade.

Iniciemos a lição:

“Do apostolado de Jesus, destaca-se a simpatia por alicerce da felicidade humana.”


Roteiro

A afirmativa de Emmanuel nos é de fácil assimilação se pensarmos em nossa vida


cotidiana e em como nos sentimos diante de algumas pessoas. Se temos a alegria de ter
um companheiro ou companheira de jornada em quem encontramos afinidade moral e
similitude no sentir e no pensar, temos uma união feliz. De igual forma com os amigos e
familiares que caminham conosco, quando estamos em sua companhia sentimos paz,
tranquilidade, sentimos a alegria de podermos nos expressar livremente eis que nos
encontramos entre pessoas que nos acolhem amorosamente.

Assim viveu Jesus, seus apóstolos não eram apenas aqueles que o seguiam e acatavam
suas idéias e princípios, os apóstolos acima de tudo eram amigos queridos ao coração de
Mestre, caminhavam juntos em profundo amor, compartilhavam suas atividades
alegrando-se uns pelos outros e davam o testemunho de muito se amarem.

Vejamos mais um trecho da lição:

“A violência não consta da sua técnica de conquistar.


Ainda hoje, vemos vasta fileira de lidadores do sacerdócio usando, em nome dEle, a
imposição e a crueldade; todavia, o Mestre, invariavelmente, pautou os seus
ensinamentos nas mais amplas normas de respeito aos seus contemporâneos.” Roteiro

É preciso que respeitemos o tempo de cada um, como o Mestre nos ensinou. Para Pedro
que negou-lhe na cruz, mostrou-se paciente e compassivo, aguardando o despertar da
sua fé, para Judas, não esqueceu-se da amizade e do amor que lhe nutria, mesmo após
seus desatinos em Jerusalém, mas, além túmulo, buscou-lhe a fim de amainar sua dor e
seu sofrimento. Não há violência em Jesus, não há imposição ou crueldade em seus
ensinos, reconhecemos em seus atos o mais profundo respeito por nossa condição
evolutiva, tal qual um pai que ensina o filho a caminhar, seguindo perto para que não se
machuque gravemente, sem, no entanto, impedi-lo de cair, dizendo-lhe, tão somente:
levanta...continua...

Prossigamos com o livro Roteiro:

“Jamais faltou com o entendimento justo para com as pessoas e as situações.


Divino Semeador, sabia que não basta plantar os bons princípios e sim oferecer, antes
de tudo, à semente favoráveis condições, necessárias à germinação e ao crescimento.”
Roteiro

Compreender o próximo é acima de tudo colocar-se em seu lugar num ato de


compaixão. Chico Xavier dizia que é preciso uma gota de verdade num litro de amor,
reconhecendo que apenas o amor fará os mais belos princípios germinar e será sempre
um movimento de dentro para fora.

Nem sempre, porém, compreendemos ou somos compreendidos e nestas horas é bom


recordarmos o ensinamento de Jesus a Pedro:
“Pedro, o amor verdadeiro e sincero nunca espera recompensas. A renúncia é o seu
ponto de apoio, como o ato de dar é a essência de sua vida. A capacidade de sentir
grandes afeições já é em si mesma um tesouro. A compreensão de um amigo deve ser
para nós a maior recompensa. Todavia, quando a luz do entendimento tardar no espírito
daqueles a quem amamos, deveremos lembrar-nos de que temos a sagrada compreensão
de Deus, que nos conhece os propósitos mais puros. Ainda que todos os nossos amigos
do mundo se convertessem, um dia, em nossos adversários, ou mesmo em nossos
algozes, jamais nos poderiam privar da alegria infinita de lhes haver dado alguma
coisa!...” Humberto de Campos – Boa Nova.

Prossigamos com a lição:

“Certo, em se tratando do interesse coletivo, Jesus não menoscaba a energia benéfica.


Exprobra o comercialismo desenfreado que humilha o Templo, quanto profliga os erros
de sua época.
Entretanto, diante das criaturas dominadas pelo mal, enche-se de profunda compaixão
e tolerância construtivas.” Roteiro

Jesus não se omite diante do erro, não compactua com os desvarios da sociedade de seu
tempo, porém, ele não combate quem erra, não agride, não condena. Usa da compaixão
e da tolerância construtivas.

É interessante Emmanuel usar o termo “construtivas” agregado à compaixão e a


tolerância. O que isto nos quer dizer e alertar?

A palavra é o instrumento escolhido por Deus para nos comunicarmos e com ela nos
aproximamos das pessoas, despertando bons sentimentos e ou não. Nem sempre nos
lembraremos, porém, das palavras que ouvimos de alguém, não obstante, raramente nos
esquecemos de como nos sentimos diante de alguém, se a sensação foi boa,
reconfortante, guardamos isto na lembrança, de igual forma, o contrário também é uma
forte lembrança. E nisto reside o que construímos no coração daqueles que estiveram
em nossa presença, a palavra é apenas o meio para chegarmos ao outro, mas é a forma
como a pessoa se sente que define se fizemos ou não bom uso da palavra.
Jesus nos ensina a termos uma atitude construtiva, ao expressarmos a compaixão e a
tolerância, porque até mesmo estes sentimentos reconhecidamente nobres podem
humilhar e ferir a quem os recebe.

Humberto de Campos, no livro Boa Nova nos auxilia a compreender estes dizeres: “Os
verdadeiros discípulos das verdades do céu, esses não aprovam o erro, nem exterminam
os que os sustentam. Trabalham pelo bem, porque sabem que Deus também está
trabalhando."

Sigamos em frente.

“Aos enfermos não indaga quando à causa das aflições que os vergastam, para irritá-
los com reclamações. Auxilia-os e cura-os. Os apontamentos que dirige aos pecadores
e transviados são recomendações doces e sutis.” Roteiro

O Evangelho de Marcos, logo em seu início nos conta das curas que Jesus realizou e
mostra-nos como é verdadeira a assertiva de Emmanuel:

- A sogra de Pedro: “E a sogra de Simão estava deitada com febre; e logo lhe falaram
dela. Então, chegando-se a ela, tomou-a pela mão, e levantou-a; e imediatamente a febre
a deixou, e servia-os.”Marcos 1:30,31

- Cura dos Enfermos e Endemoninhados: “E, tendo chegado a tarde, quando já se estava
pondo o sol, trouxeram-lhe todos os que se achavam enfermos, e os endemoninhados. E
toda a cidade se ajuntou à porta. E curou muitos que se achavam enfermos de diversas
enfermidades, e expulsou muitos Marcos 1:32-34

- Cura de um leproso: “E aproximou-se dele um leproso que, rogando-lhe, e pondo-se


de joelhos diante dele, lhe dizia: Se queres, bem podes limpar-me. E Jesus, movido de
grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e disse-lhe: Quero, sê limpo. E, tendo ele
dito isto, logo a lepra desapareceu, e ficou limpo. Marcos 1:40-42
Auxiliar e curar são os verbos que estamos convidados a aprender. Muitas vezes somos
movidos pela curiosidade, queremos conhecer a causa, sem maldade ou má intenção,
mas isto pode ferir ou mesmo reacender dores sem necessidade alguma. Se apenas a
caridade nos mover, estaremos aptos a agir como Jesus, auxiliando e curando os que
passam pelo nosso caminhar.

Emmanuel também nos diz que Jesus usava recomendações doces e sutis. Há tanta dor
no mundo e em nossos corações que muitas vezes, em nome de uma suposta ajuda,
projetamos no outro os nossos sentimentos e em vez de auxiliar, aumentamos a dor e o
sofrimento. A docilidade de Jesus consistia em respeitar o tempo de cada um, esperando
pacientemente pelo desabrochar da alma. E sua paciência até hoje nos assiste e nos
espera, porém, é chegada a hora de nos deixarmos curar para termos a vida plena a que
o Mestre veio nos convidar.

Sigamos com o livro Roteiro.

“Ao doente curado do Tanque de Betesda, explica despretensioso:


_ Vai e não reincidas no erro para que te não aconteça coisa pior.” Roteiro
Dentro de uma simbologia belíssima e muito rica, João nos conta no capítulo 5 do seu
Evangelho a cura do doente de Betesda. Da leitura e estudo do trecho podemos ver que
o doente buscava a cura, esperava por ela, ao que foi atendido. Jesus não o acusa,
apenas o aconselha no sentido de que não faça novamente o que estava fazendo por que
algo de pior lhe poderia acontecer. Um conselho amoroso." Roteiro

Eis nosso Mestre, eis o modelo. Estamos aptos a segui-lo?

Vejamos mais um exemplo trazido por Emmanuel no livro Roteiro.

“À pobre mulher, apedrejada na praça pública, adverte, bondoso: _ Vai e não peques
mais. Não indica o inferno às vitimas da sombra. Reergue-as, compassivo, e acende-
lhes nova luz. Compreende os problemas e as lutas de cada um.” Roteiro

Ainda hoje há quem queira divulgar o cristianismo incutindo medo nos corações, seja o
inferno ou em termos espíritas, o umbral. Mas não é esta a mensagem de Jesus nem do
cristianismo. Sem dúvida nossos atos geram consequências, boas ou ruins, e somos
responsáveis por nosso agir e pensar, no entanto, o erro é inerente ao ser humano,
somos todos criaturas falhas e, como a mulher que seria apedrejada, precisamos nos
reerguer e seguir em frente.

A beleza da presença do Cristo em nossas vidas é perceber que quando todos estiverem
lhe condenando, acusando, apontando seus desenganos, bastará relembrarmos a história
da mulher adúltera para perceber que Jesus nos compreende e, compassivo, vem
iluminar a nossa estrada e nos reerguer.

A compreensão anda na contramão do julgamento. Estamos aptos a seguir este


caminho?

Sigamos em frente com as lições do livro Roteiro.

“Atrai as crianças a si, compadecidamente, infundindo nova confiança aos corações


maternos.
Sabe que Pedro é frágil, mas não desespera e confia nele.
Contempla o torvo drama do espírito de Judas, no entanto, não o expulsa.
Reconhece que a maioria dos beneficiários não se revelam à altura das concessões que
solicitam, contudo, não lhes nega assistência.” Roteiro

Poucos no mundo merecem as benesses que a vida lhes oferece, em geral, recebemos
muito mais do que merecemos e isto reside no fato de que estamos aqui, justamente,
para aprender sobre o que é amar e ser amado.

O amor que Jesus nos dirige é incondicional e puro. Ele não nos pede que sejamos
primeiramente bons para depois nos abraçar, ele primeiro nos acolhe em seus braços
para que sintamos a força do amor que ele nutre por nós e, então, nos convida a espalhar
este sentimento.

Crianças, Pedro, Judas, nós, quem poderia levantar-se e dizer-se merecedor de tão
profundo amor? Quantas vezes já nos esquecemos de Jesus distraídos em nossas
brincadeiras infantis de espíritos ainda tão ligados a matéria? Quantas vezes não
negamos Jesus com nossas atitudes e palavras ainda tão cheias de orgulho e egoísmo?
Quantas vezes não trocamos os ensinamentos do Mestre por vantagens que o mundo
oferece, não apenas as próprias da matéria, mas também aqueles que transitam no poder
e na vaidade?

Não obstante a nossa pequenez, Cristo permanece trabalhando por nós e pelo planeta
que nos acolhe. Já não é ora de fazermos a nossa parte? Retribuindo onde pudermos este
infinito amor que recebemos todos os dias?

Caminhemos mais um pouco com esta belíssima lição do livro Roteiro.

“Preso, recompõe e orelha de Malco, o soldado.


À frente de Pilatos e da Ántipas, não pede providências suscetíveis de lançar a
discórdia, ainda mesmo a título de preservação da justiça.
Longe de impacientar-se com a presença dos malfeitores que também sofreram a
crucificação, inclina-se amistosamente para eles e busca entendê-los e encoraja-los.”
Roteiro

Não basta a Jesus cuidar dos pobres e oprimidos, dos doentes e desconsolados, dos
frágeis e equivocados, ele auxilia os que não o compreendem, quer o bem pelo bem,
porque já sabe que o amor é a única porta que leva ao Pai Celestial.

Nós ainda transitamos pelo mundo experimentando as diversas portas que o orgulho
oferece, ora é a vaidade, a prepotência, a arrogância de achar-se melhor que o outro.
Jesus, porém, abre apenas uma porta com suas palavras e atitudes, que é a do amor.
Todos os seus pensamentos e atitudes nos encaminham para pensamentos amorosos,
pacíficos e repletos de esperança, e isto decorre do amor que nos endereça que, como
disse Paulo aos Corintios: “tudo espera, tudo suporta, tudo crê.” (Primeira Carta aos
Coríntios, cap. 13)

Encaminhando-nos para o final, vejamos mais um trecho:

“Á turba que o rodeia com palavrões e cutiladas envia pensamentos de paz e votos de
perdão.
E, ainda além da morte, não foge aos companheiros que fugiram. Materializa-se, diante
deles, induzindo-os ao serviço da regeneração humana, com o incentivo de sua
presença e de seu amor, até ao fim da luta.” Roteiro

O exemplo de Jesus nos convida a refletir: Quando nos defrontamos com notícias de
lutas, guerras, conflitos, desastres, como fica o nosso pensamento? Quando nossos
companheiros de jornada se mostram insensíveis ao nosso chamar, qual a nossa
postura?

É no pensamento que tudo nasce e se materializa, é nele que nossa vontade encontra as
molas propulsoras e dá as diretrizes para a nossa vida. Jesus tinha pensamentos de paz e
votos de perdão, o que nós temos?

E se não temos ainda pensamentos e atitudes de fraternidade, o que estamos fazendo


para construi-los?

Encerrando a lição.

“Em todas as passagens do Evangelho, perante o coração humano, sentimos no Senhor


o campeão da simpatia, ensinando como sanar o mal e construir o bem. E desde a
Manjedoura, sob a sua divina inspiração, um novo caminho redentor se abre aos
homens, no rumo da paz e da felicidade, com bases no auxílio mútuo e no espírito de
serviço, na bondade e na confraternização.” Roteiro

Somos simpáticos aos que se assemelham a nós, diante da afinidade que sentimos. Jesus
quando nos olha, percebe não apenas a pedra bruta que está sendo lapidada, mas o belo
diamante que nos tornaremos quando atingirmos patamares evolutivos mais ricos e
sólidos. Isto o torna simpático a nós no sentido apresentado pelo vernáculo logo no
início do estudo, a afinidade que o Mestre sente decorre de seu amor, mas também de
sua sabedoria, eis que nos reconhece irmãos em trajetória evolutiva, filhos do Pai
Celestial que a todos criou e a todos guia, hoje e sempre.

O Mestre anda a nossa frente, mas é chegada a hora de aprendermos a andar com Ele,
permitindo que ensinamentos simples como a gentileza, a alegria de estar junto de
alguém, nos acompanhem também, é chegada a hora de vivermos a fraternidade em sua
mais simples expressão,

Que Jesus nos auxilie para que sejamos, cada vez mais, pessoas que simpatizam com a
dor e os problemas alheios, levando um pouco de alento e paz aos corações
assombrados.

Deixemos sua luz brilhar, finalmente, dentro de nós.

Campo Grande – MS, 17.09.2017.

Candice Günther
Estudo livro Roteiro
Lição 20 - Evangelho e Dinamismo

Nesta lição Emmanuel nos traz um conceito muito moderno e em voga nos mais
diversos ramos das atividades que o homem exerce. Ser dinâmico é essencial, dizem os
especialistas.

"No dia a dia de uma empresa uma das competências que mais chamam atenção nos
profissionais é o seu dinamismo no trabalho. Colaboradores dinâmicos têm a
capacidade de raciocínio rápido e conseguem fazer mais tarefas ao mesmo tempo e de
forma mais rápida e ágil do que os demais, o que consequentemente, potencializa sua
produtividade e os seus resultados." Diz José Roberto Marques, coaching e especialista.
Mas será que este conceito pode se coadunar ao Evangelho? E, sendo positiva a
resposta, como fazê-lo?

Primeiramente, delimitemos o tema socorrendo-nos do exato significado da palavra


como nos informa o dicionário on line:

1. conjunto das forças que movem, animam o ser. "d. vital"


2.fig. característica daquele ou daquilo que é enérgico, ativo; diligência, energia,
vitalidade.
Enérgico, ativo, cheio de vitalidade!! Somos assim em nossa vida religiosa? Em nosso
dia a dia? Na família, com os amigos, no trabalho e em todos os lugares onde temos a
oportunidade de vivenciar o Evangelho de Jesus?

É preciso compreender melhor o alcance de ser uma pessoa dinâmica diante do


Evangelho e quando atuamos na sua seara. A lição nos trará importantes considerações,
principalmente por que está pautada nos exemplos deixados por nosso modelo e guia,
Jesus.

Iniciemos a lição do livro Roteiro.


"Desde os primórdios da organização religiosa no mundo, há quem estime a vida
contemplativa absoluta por introdução imprescindível às alegrias celestiais.
Cristalizado em semelhante atitude, o crente demanda lugares ermos como se a solidão
fosse sinônimo de santidade. Poderá, contudo, o diamante fulgurar no mostruário da
beleza, fugindo ao lapidário que lhe apura o valor? Com o Cristo, não vemos a idéia de
repouso improdutivo como preparação do Céu. Não foge o Mestre ao contacto com a
luta comum." Roteiro

Somos pedra bruta que necessita ser lapidada e isto não se dará com atitudes
contemplativas. Ficar olhando uma pedra não irá mudá-la. É preciso trabalho,
ferramenta, ação. Eis o exemplo, eis a vida.

É certo que neste mundo acelerado, precisamos de refazimento e tempo para refletir,
porém, não devemos acreditar que estes momentos definem a nossa vida religiosa, eles
são apenas parte dela, uma pequena parte em que buscamos compreender os
ensinamentos do Cristo para, então, levá-los ao nosso dia a dia, ao nosso labor diário.

De nada adiante frequentar reuniões, seminários, congressos se não houver ao menos


um pequena centelha que se acenda em nossas vidas e nos motive a um melhor agir.

Podemos aplaudir o palestrante, podemos sentir o conhecimento enriquecido através das


palavras proferidas, porém, se não assumirmos nova atitude estaremos ainda neste
primeiro estágio que Emmanuel nos traz na lição: " há quem estime a vida
contemplativa absoluta por introdução imprescindível às alegrias celestiais."

Humberto de Campos nos traz importante reflexão sobre esta questão: "... três grandes
sendas que conduzem a alma ao Eterno Amor e à Eterna Sabedoria: a evolução que
pede inumeráveis milênios; a devoção, que exige dezenas de séculos, e a ação, que
solicita, por vezes, simplesmente alguns anos… Como é fácil de observar, todas elas
conduzem a Deus; entretanto, quem deseje chegar à meta, em vigor de aproveitamento e
oportunidade, escolha, sem vacilar, a trilha da ação.Ainda mesmo entre flagelações da
vida mora l, nessa estrada de luta alcançará mais depressa a comunhão com o Senhor,
para servir-lhe a bondade e estender-lhe a vitória." Lição As três sendas do livro Irmãos
Unidos.
Vejamos mais um trecho da lição:

"A Boa Nova em seu coração, em seu verbo e em seus braços é essencialmente
dinâmica." Roteiro

Esta cadência apresentada por Emmanuel, coração, verbo e braços, lembra-nos do


mandamento maior, que consta no Evangelho de Lucas 10:27: "Amarás ao Senhor teu
Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu
entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo."

Jesus amava a Deus acima de todas as coisas, nisto reside o seu dinamismo, a sua força
atrativa que move a Terra e trabalha para que ela se torne um mundo regenerado.

E para que também nós alcancemos uma maior efetividade em nossas boas intenções,
precisamos desta premissa em nossas vidas, uma vez que amando a Deus acima de tudo,
estaremos, também, amando mais a nós mesmos e a todos que nos cercam.

"Entretanto, perguntarás, como amarei a Deus que se encontra longe de mim? Cala,
porém, as suas indagações e recorda que, se os pais e as mães do mundo vibram na
experiência dos filhos, se o artista está invisível em suas obras, também Deus
permanece nas suas criaturas. Lembra-te que, se deves esperar por Deus onde te
encontras, Deus igualmente espera por ti em todos os ângulos do caminho. Ele é o Todo
em que nos movemos e existimos. […] Amemos ao próximo com toda a alma e com
todo o coração e estaremos amando ao Senhor com as forças mais nobres de nossa
vida." Emmanuel, do livro Alma e Luz.

Sigamos em frente.

"Não se contenta em ser procurado para mitigar o sofrimento e socorrer a aflição. Vai,
Ele mesmo, ao encontro das necessidades alheias, sem alardear presunção. Instrui a
alma do povo, em pleno campo, dando a entender que todo lugar é sagrado para a
Divina Manifestação." Roteiro
Há algumas características na postura de vida de Jesus que Emmanuel enfatiza e que
nos é oportunidade para nos avaliarmos e também avaliarmos o mundo que nos cerca.

Cristo ia ao aflito, procura quem sofre para auxiliar. Não espera o pedido, mas percebe
as necessidades alheias e procura atendê-las. Quantas e quantas vezes temos alguém
sofrendo perto de nós, um familiar, um colega de trabalho, um amigo. Vamos até ele?
Oferecemos algo que nós mesmos para mitigar sua dor? Somos o braço que acolhe?

E ao fazê-lo, a lição nos diz, que é ser alardear presunção. Ele não precisa ser
anunciado ou ter um lugar próprio para realizar o bem, todo lugar é sagrado. Isto é
belíssimo, isto é essencial para que pautemos o nosso dia a dia com este propósito de
servir e fazer o bem em todo lugar que estivermos, mesmo nas coisas mais simples, nas
gentilezas que fazemos a quem nem conhecemos, tudo se encaixa neste exemplo
sublime do Mestre.

Vejamos mais um trecho da lição.

"Não adota posição especial, a fim de receber os doentes e impressiona-los. Na praça


pública, limpa os leprosos e restaura a visão dos cegos. À beira do lago, entre
pescadores, reergue paralíticos. Em meio da multidão, doutrina entidades da sombra,
reequilibrando obsidiados e possessos. Mateus, no capítulo nove, versículo trinta e
cinco, informa que Jesus “percorria todas as cidades e aldeias, ensinando nos templos
que encontrava, pregando o Evangelho do Reino e curando todas as enfermidades que
assediavam o povo”. Em ocasião alguma o encontramos fora de ação." Roteiro

Jesus caminhava com o povo sendo um deles, com humildade, alegria, simplicidade.
Conseguimos imaginar o Mestre caminhando entre nós hoje? Sentimos a sua presença
auxiliando os necessitados? Como ele se vestiria? Em qual Templo Religioso estaria
para o encontrarmos?

Jesus vivia em meio a multidão, percorria o mundo fazendo o bem.

É comum nos esquivarmos do trabalho alegando ausências...não temos tempo, não


temos dinheiro, não temos preparo emocional...quando na verdade, dispomos de tudo o
que necessitamos para ajudar, basta que a nossa vontade se erga acima das desculpas
que ainda nos dispomos a oferecer.

O importante é agir, Emmanuel nos diz que Jesus nunca foi encontrado fora de ação,
estava sempre operando o bem, porque não havia lugar, tempo ou pessoa que o
limitasse, tudo e todos eram o alvo do amor de seu imenso coração.

A lição é tão importante que é preciso refletir sobre isso pois se queremos viver o
cristianismo com verdade, precisamos abandonar a idéia que faremos isso em
determinado tempo ou lugar, é preciso ampliar a nossa percepção de vivência do
Evangelho, deixando-o livre em nossas vidas.

Se pensamos que devemos ir ao Centro ou a outro lugar qualquer para lá exercitarmos a


caridade, estamos restringindo a nossa ação. Todo lugar é sagrado, todo lugar nossa
postura deve ser de amor, paz e alegria.

Sigamos em frente.

"Quando se dirige ao monte ou ao deserto, a fim de orar, não é a fuga que pretende e
sim a renovação das energias para poder consagrar-se, mais intensamente, à
atividade." Roteiro

Orar não é fuga é renovação.

Quanto vamos a um lugar de prece e estudo, como nos sentimos? Renovados ou


exauridos? Motivados a sermos melhores ou entristecidos?

Eis a grande função dos templos religiosos, auxiliar-nos em nossa renovação de


energias, porém, até mesmo esta questão não prescinde de um lugar, de um tempo ou de
pessoas, eis que Deus está em todo parte e sempre nos ouvirá quando falarmos com
sinceridade. Nosso pensamento elevado nos permitirá o refazimento para as tarefas e
lutas da vida.
É outro ponto essencial para refletirmos, esta questão da renovação. Até o Mestre
necessitava dela, que dirá nós outros que, ante a nossa condição evolutiva, estamos mais
sujeitos a desequilíbrios. Muitas pessoas ocupam seus dias e horas com diversos
trabalhos, não obstante, não sentem-se em paz, e isto pode ser um bom alerta de que há
mais fuga do que renovação.

Vejamos mais um trecho.

"Certamente, para exaltar os méritos do Reino de Deus, não se revela pregoeiro barato
da rua, mas afirma-se, invariavelmente, pronto a servir. Atencioso, presta assistência à
sogra de Pedro e visita, afetuosamente, a casa de Levi, o publicano, que lhe oferece um
banquete." Roteiro

A disposição para o serviço faz com que tenhamos a postura de reconhecer o trabalho
que nos aguarda, antecipando-nos a ele, procurando-o onde quer que se encontre.

Gabriela Mistral tem uma poesia que trata do Prazer de Servir e este trecho representa
bem a postura de Jesus que tanto necessitamos aprender:

"Toda natureza é um desejo de serviço.


Serve a nuvem, serve o vento, serve o sulco.
Onde houver uma árvore para plantar, planta-a tu.
Onde houver um erro para corrigir, corrige-o tu.
Onde houver uma tarefa que todos recusem, aceita-a tu.
Sê quem tira:
a pedra do caminho,
o ódio dos corações
e as dificuldades dos problemas.
Há a alegria de ser sincero e de ser justo.
Há, porém, mais do que isso,
a imensa alegria de servir.
Como seria triste o mundo
se tudo já estivesse feito,
se não houvesse uma roseira para plantar,
uma iniciativa para lutar!
Não te seduzam as obras fáceis.
É belo fazer tudo que os outros se recusam a executar.
Não cometas, porém, o erro
de pensar que só tem merecimento executar as grandes obras.
Há pequenos préstimos que são bons serviços:
enfeitar uma mesa.
Arrumar uns livros.
Pentear uma criança.
Aquele é quem critica,
este é quem destrói;
sê tu quem serve.
Servir não é próprio dos seres inferiores:
Deus, que nos dá fruto e luz, serve.
Poderia chamar-se: O Servidor.
E tem os Seus olhos fixos nas nossas mãos
e pergunta-nos todos os dias:
Serviste hoje?

Eis mais um trecho importante da lição:

"Não impõe condições para o desempenho da missão de bondade que o retém ao lado
das criaturas. Não usa roupagens especiais para entender-se com Maria de Magdala,
nem se enclausura em preconceitos de religião ou de raça para deixar de atender aos
doentes infelizes." Roteiro

Eis duas diretrizes do que não se deve fazer, não obstante ser prática comum em muitos
lugares.

Ajuda incondicional, postura de simplicidade, de jamais causar qualquer tipo de


desconforto ou desajuste com o outro.
Nossas roupas, nossa apresentação diante de todos não deve causar nenhum tipo de
constrangimento, não precisamos de vestes especiais para praticar o bem, o branco tão
comum e utilizado por trabalhadores em diversas casas espíritas não nos torna mais
limpos, mas o coração sincero nos permite abraçarmos a quem necessita de amparo.

O livro Pão Nosso traz reflexão sobre o tema:

Que despertas?
“De sorte que transportavam os enfermos para as ruas e os punham em leitos e em
camilhas para que ao menos a sombra de Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns
deles.” — (ATOS, 5.15)
O conquistador de glórias sanguinolentas espalha terror e ruínas por onde passa.
O político astucioso semeia a desconfiança e a dúvida.
O juiz parcial acorda o medo destrutivo.
O revoltado espalha nuvens de veneno sutil.
O maledicente injeta disposições malignas nos ouvintes, provocando o verbo
desvairado.
O caluniador estende fios de treva na senda que trilha.
O preguiçoso adormece as energias daqueles que encontra, inoculando-lhes fluidos
entorpecentes.
O mentiroso deixa perturbação e insegurança, ao redor dos próprios passos.
O galhofeiro, com a simples presença, inspira e encoraja histórias hilariantes.
Todos nós, através dos pensamentos, das palavras e dos atos, criamos atmosfera
particular, que nos identifica aos olhos alheios.
A sombra de Simão Pedro, que aceitara o Cristo e a Ele se consagrara, era disputada
pelos sofredores e doentes que encontravam nela esperança e alívio, reconforto e
alegria.
Examina os assuntos e as atitudes que a tua presença desperta nos outros. Com atenção,
descobrirás a qualidade de tua sombra e, se te encontras interessado em aquisição de
valores iluminativos com Jesus, será fácil descobrires as próprias deficiências e corrigi-
las.”
Sigamos em frente.
"Seja onde for, sem subestimar os valores do Céu, ajuda, esclarece, ampara e salva.
Com o Evangelho, institui-se entre os homens o culto da verdadeira fraternidade. O
Poder Divino não permanece encerrado na simbologia dos templos de pedra. Liberta-se.
Volta-se para a esfera pública. Marcha ao encontro da necessidade e da ignorância, da
dor e da miséria. Abraça os desventurados e levanta os caídos. Não mais a tirania de
Baal, nem o favoritismo de Júpiter, mas Deus, o Pai, que, através de Jesus Cristo, inicia
na Terra o serviço da fé renovadora e dinâmica que, sendo êxtase e confiança, é também
compreensão e caridade para a ascensão do espírito humano à Luz Universal." Roteiro
Há uma frase que corre as redes sociais que nos auxilia a compreender a mensagem
desta lição: Floresça onde está plantado!
Simples assim, cada um tem a sua tarefa diante da vida, e as tarefas são muitas.
Colocar-se a caminho, buscando novas formas de praticar o bem e divulgar o Evangelho
do Cristo permite-nos este florescimento que a frase nos oferece.

Trabalhemos com zelo e amor em todas as tarefas, sabedores de que se formos fiéis no
pouco, também o seremos no muito, como nos ensina a Parábola dos Talentos,
Evangelho de Mateus 25: "Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel!
Foste fiel no pouco, muito confiarei em tuas mãos para administrar. Entra e participa da
alegria do teu senhor!’.

Não nos deixemos limitar por nossas imperfeições, recordemos dos exemplos dos que já
passaram pela vida enfrentando lutas muito maiores que as nossas e não se esquivaram
de suas tarefas.

Recordemos de Helen Keller (1880-1968) que foi uma escritora e ativista social norte-
americana. Cega e surda formou-se em filosofia e lutou em defesa dos direitos sociais,
em defesa das mulheres e das pessoas com deficiência. Foi a primeira pessoa cega e
surda a entrar para uma instituição de ensino superior. Conta-nos a sua biografia que ela
buscava auxiliar na limpeza da casa, nas tarefas cotidianas, tinha sede de ser útil,
mesmo privada de sentidos como a visão e a audição. Nas pequenas tarefas elas se
esmerava, fazia com zelo, buscava os serviço, e isto tornou-se tão forte em seu ser que
grandes tarefas lhe foram confiadas, ela fez bom uso de seus talentos.

Jesus nos auxilie a, também nós, identificarmos as nossas melhores qualidades e nos
capacite a colocá-las a serviço do bem. A seara, amigos, é imensa.
Estudo do livro Roteiro
Lição 21 - Evangelho e Educação

Iniciemos nossos estudos buscando ampliar um pouco nosso entendimento sobre o


verbo "educar".

"Origem da palavra educar


Do latim educare, educere, que significa literalmente “conduzir para fora” ou
“direcionar para fora”.
O termo latino educare é composto pela união do prefixo ex, que significa “fora”,
e ducere, que quer dizer “conduzir” ou “levar”.
O significado do termo (direcionar para fora) era empregado no sentido de preparar as
pessoas para o mundo e viver em sociedade, ou seja, conduzi-las para fora” de si
mesmas, mostrando as diferenças que existem no mundo.
É interessante observar que o termo 'educação' em português possui uma conotação não
encontrada na palavra education do inglês.
Enquanto que em português a palavra pode ser associada ao sentido de boas maneiras,
principalmente no adjetivo “educado”, em inglês educated refere-se unicamente ao grau
de instrução formal." (Fonte: dicionário on-line)

A educação nos conduz a um melhor entendimento do mundo que nos cerca, nos
permite o uso da palavra escrita e falada de forma a sermos bem compreendidos, nos
auxilia a quantificarmos as coisas, as distâncias, o tempo, faz-nos perceber a
grandiosidade da natureza e suas leis através das ciências biológica, química, física e
tantas outras.

Quem tem a oportunidade de estudar, reconhece que a educação lhe oferece meios para
crescer, para sair de si mesmo, de sua ignorância, e vislumbrar o mundo em novos
patamares.
O livro Pensamento e Vida nos informa sobre este movimento do espírito:

"O pensamento é força criativa, a exteriorizar-se, da criatura que o gera, por intermédio
de ondas sutis, em circuitos de ação e reação no tempo, sendo tão mensurável como o
fotônio que, arrojado pelo fulcro luminescente que o produz, percorre o espaço com
velocidade determinada, sustentando o hausto fulgurante da Criação. A mente humana é
um espelho de luz, emitindo raios e assimilando-os, repetimos. Esse espelho, entretanto,
jaz mais ou menos prisioneiro nas sombras espessas da ignorância, à maneira de pedra
valiosa incrustada no cascalho da furna ou nas anfractuosidades do precipício. Para que
retrate a irradiação celeste e lance de si mesmo o próprio brilho, é indispensável se
desentrance das trevas, à custa do esmeril do trabalho. Reparamos, assim, a necessidade
imprescritível da educação para todos os seres." Pensamento e Vida - Emmanuel

O que Emmanuel nos convida a realizar neste estudo é perceber o caráter educativo do
Evangelho de Jesus, não apenas individualmente, mas, também, de forma coletiva,
afirma o benfeitor que a vinda do Cristo inaugura nova era para a humanidade.

Contudo, o benfeitor nos explica que é processo gradativo, que não acontece do dia para
a noite e, portanto, encontraremos em cada um de nós obstáculos a serem transpostos de
acordo com nossas vivências anteriores. Cada um possui uma bagagem única, que
decorre de suas muitas vidas. Trazemos tendências boas e ruins e apenas se adentrarmos
neste processo educativo, compreendendo a nossa existência com este propósito,
teremos a oportunidade de nos enriquecermos, tal qual o aluno que vence uma etapa,
que passa de ano ou vai bem em uma prova.

Caminhemos com Emmanuel, usufruindo de seu lúcido pensamento nas lições do livro
Roteiro:

"Quando o mestre confiou ao mundo a divina mensagem da Boa Nova, a Terra, sem
dúvida, não se achava desprovida de sólida cultura.
Na Grécia, as artes haviam atingido luminosa culminância e, em Roma, bibliotecas
preciosas circulavam por toda parte, divulgando a política e a ciência, a filosofia e a
religião.
Os escritores possuíam corpos de copistas especializados e professores eméritos
conservavam tradições e ensinamentos, preservando o tesouro da inteligência.
Prosperava a instituição, em todos os lugares, mas a educação demorava-se em
lamentável pobreza." Roteiro

Observemos quão interessante é este trecho inicial da lição.

Emmanuel elenca o que já possuíamos enquanto humanidade: sólida cultura, artes,


bibliotecas, política, ciência, filosofia e até mesmo religião. Porém, alerta, que quem
prosperava era a instituição e não a educação.

O que isto nos quer dizer? Qual a razão desta distinção entre a instituição e educação?

Pensemos de forma simples, uma boa escola garante um bom aprendizado? Ou, então,
um professor culto e inteligente, garante que o aluno se desenvolverá com êxito?

Vejamos, ainda, um pouco mais sobre o significado da palavra "instituição":

"Significado de Instituição
substantivo feminino
Ação de instituir, de estabelecer, de fundar algo novo.
Conjunto de regras e normas estabelecidas para a satisfação de interesses coletivos: o
Estado, o Congresso, uma fundação são instituições.
Organização que, pública ou privada, busca resolver as necessidades de uma sociedade
ou comunidade: instituições religiosas.
Estabelecimento de educação e instrução: instituição de ensino." (Fonte: dicionário on-
line)

Temos aqui o exemplo clássico de forma e conteúdo. A instituição é a forma, porém, a


educação é o contéudo. Precisamos da forma, que são as escolas, professores,
experiências, porém, a educação é o que faremos com tudo o que nos é disponibilizado
neste processo de aprendizado.
O que se constata é que o homem já havia avançado em meios para educar-se, porém, a
ausência dos ensinamentos do Cristo o impediam de avançar como ser espiritual na
verdadeira educação, avançar em amor e em fraternidade.

Caminhemos um pouco mais com a lição para adentrarmos nesta questão.

"O cativeiro consagrado por lei era flagelo comum.


A mulher, aviltada em quase todas as regiões, recebia tratamento inferior ao que se
dispensava aos cavalos.
Homens de consciência enobrecia, por infelicidade financeira ou por questiúnculas de
raça, eram assinalados a ferro candente e submetidos à penosa servidão, anotados
como animais.
Os pais podiam vender os filhos.
Era razoável cegar os vencidos e aproveita-los em serviços domésticos.
As crianças fracas eram, quase sempre, punidas com a morte.
Enfermos eram sentenciados ao abandono.
As mulheres infelizes podiam ser apedrejadas com o beneplácito da justiça.
Os mutilados deviam perecer nos campos de luta, categorizados à conta de carne inútil.
Qualquer tirano desfrutava o direito do reduzir os governados à extrema penúria, sem
ser incomodado por ninguém.
Feras devoravam homens vivos nos espetáculos e divertimentos públicos, com aplauso
geral.
Rara a festividade do povo que transcorria sem vasta efusão de sangue humano, como
impositivo natural dos costumes.
Com Jesus, entretanto, começa uma era nova para o sentimento." Roteiro

Eis a descrição das misérias humanas, o homem subjuga o homem, caminhando a largos
passos em seu orgulho e egoísmo. Crianças, doentes, mulheres, pessoas desprovidas de
posse ou de sua liberdade, todos sentem o braço do tirano que ao invés de acolhe-los e
protegê-los com sua força, usa-a para causar mais dor e sofrimento.

Talvez pudéssemos nos alegrar se todas estas desditas descritas por Emmanuel fizessem
parte de um passado distante, mas se olharmos atentamente para o mundo que nos cerca,
veremos que, ainda hoje, estes desenganos persistem.
- "O cativeiro consagrado por lei era flagelo comum." As prisões ao redor do mundo,
salvo a exceção dos países ricos, terminam por deformar a personalidade já doente dos
que nela adentram. Quem já conheceu uma prisão em nosso país irá reconhecer que os
direitos humanos mínimos são diariamente esquecidos e negligenciados. Como
recuperar cidadãos em tais condições? Como educá-los a um novo agir se a nossa
atitude, enquanto sociedade, é apenas punir?

- "A mulher, aviltada em quase todas as regiões, recebia tratamento inferior ao que se
dispensava aos cavalos." No último século as mulheres tiveram grandes conquistas de
direitos e posições sociais, desde a oportunidade de trabalhar, estudar, tomar as próprias
decisões, muito se avançou, porém, ao olharmos com atenção veremos que muitos
países ainda dispensam tratamentos degradantes. Até mesmo em nosso país, estão
disponíveis as estatísticas de maus tratos, de mulheres que sofrem violências domésticas
das mais diversas ordens. Como avançar nesta questão? Serão apenas as nossas leis o
instrumento para conter esta barbárie que se perpetua ao longo dos milênios?

- "Os pais podiam vender os filhos." A lei não mais permite tal prática. Os filhos não
são mais propriedade dos pais, como não o são mais as mulheres, porém, até bem pouco
tempo, uma dívida era resolvida com a venda de um filho que passava a condição de
escravo do credor. Concebemos algo assim em nossas vidas? Parece-nos assombroso
algo assim? Atentemos para os ladrões dos nossos dias, já não são as dívidas que levam
nossos filhos embora, mas os vícios, como a droga e o alcool, lembrando-nos de que a
família, celula mater da sociedade, ainda padece e carece de novos rumos.

Assim, item por item, Emmanuel nos alerta deste mundo antigo e presente, destas
dicotomias humanas, de algo que já não deveria existir, mas que por fazer parte dos
mais íntimos sentimentos do homem, veste-se com outras roupas e permanece a agir.

E permanecerá agindo até que eduquemos nossos sentimentos sob as luzes do


Evangelho de Jesus.

Olhemos para o Mestre através das lentes que Emmanuel nos traz nesta valorosa lição:
"Condenado ao supremo sacrifício, sem reclamar, e rogando o perdão celeste para
aqueles que o vergastavam a feriam, instila no ânimo dos seguidores novas disposições
espirituais." Roteiro

Jesus rompeu com os costumes de guerra e vingança, deixou-se vencer para retornar
vencido, mostrando-nos que a vida na Terra é experiência restrita a um tempo, que não
encerra tudo o que somos, nem tudo o que vivenciamos, sendo apenas uma etapa da
vida verdadeira.

Dá-nos um novo olhar, faz-nos perceber a eternidade e nos convida a nela adentrarmos
com Ele, instigando-nos a buscarmos na profundidade do nosso ser a centelha divina
que o Pai nos concedeu quando nos criou.

E seu exemplo alcançou muito corações.

"Iluminados pela Divina Influência, os discípulos do Mestre consagram-se ao serviço


dos semelhantes.
Simão Pedro e os companheiros dedicam-se aos doentes e infortunados.
Instituem-se casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o
espírito popular.
Pouco a pouco, altera-se a paisagem social, no curso dos séculos." Roteiro

A fraternidade ilumina o nosso caminhar. No começo eram poucos os que se deixavam


conduzir por esta nova forma de viver. Pagaram com suas vidas por romper com a
forma como o mundo vivia, foram chamados de loucos e covardes, mas o seu exemplo
permanece até hoje, fortalecendo-nos e nos guiando em nossos lutas cotidianas.

Recordemos que no início do estudo verificamos que o vocábulo "educare" significa


"conduzir para fora". O bem que reside em nós, a centelha divina que nosso Pai
Celestial nos concedeu quando nos trouxe a vida, começa a se revelar, é conduzida para
fora, quando adentramos neste caminho, iniciamos um processo educativo ascendente.

Eis o novo mundo, nas palavras de Emmanuel:


"Dilacerados e atormentados, entregues ao supremo sacrifício nas demonstrações
sanguinolentas dos tribunais e das praças públicas, ou trancafiados nas prisões, os
aprendizes do Evangelho ensinam a compaixão e a solidariedade, a bondade e o amor,
a fortaleza moral e a esperança.
Há grupos de servidores, que se devotam ao trabalho remunerado para a libertação de
numerosos cativos.
Senhores da fortuna e da terra, tocados nas fibras mais íntimas, devolvem escravos ao
mundo livre.
Doentes encontram remédio, mendigos acham teto, desesperados se reconfortam,
órfãos são recebidos no lar.
Nova mentalidade surge na Terra." Roteiro

Novas palavras de ordem: compaixão, solidariedade, bondade, amor, fortaleza moral e


esperança.

Eis o roteiro dado ao espírito que quer educar-se, que já compreendeu que a Terra nos
acolhe qual escola bendita, permitindo-nos as mais diversas experiências que
aprendemos a intitular de provas e expiações.

No livro Fonte Viva, Emmanuel nos diz que: "Deus está em nós, quanto estamos em
Deus. Mas, para que a luz divina se destaque da treva humana, é necessário que os
processos educativos da vida nos trabalhem no empedrado caminho dos
milênios. Somente o coração enobrecido no grande entendimento pode vazar o
heroísmo santificante. Apenas o cérebro cultivado pode produzir iluminadas formas de
pensamento."

Jesus exemplifica, mas espera de nós o esforço para que avancemos em sua direção.

Encerra Emmanuel a lição:

"O coração educado aparece, por abençoada luz, nas sombras da vida.
A gentileza e a afabilidade passam a reger o campo das boas maneiras e, sob a
inspiração do Mestre Crucificado, homens de pátrias e raças diferentes aprenderam a
encontrar-se com alegria, exclamando, felizes: _ “meu irmão”." Roteiro
A educação de que trata este capítulo, transcende os conceitos humanos e acadêmicos
para nos falar das coisas do espírito, da educação dos sentimentos.

Atribue-se a São Francisco de Assis esta orientação: “Evangelize sempre. Se preciso,


com palavras”.

Nossas atitudes demonstram o que vai em nosso coração. E se permitimos que a luz do
Cristo adentre em nossas vidas, resignificando nosso caminhar, iremos nos perceber
com maior clareza, veremos nossa pequenez e que, ainda, muito erramos, não obstante,
encontraremos as respostas para nossos desenganos na fraternidade, no amor, na
caridade.

O despertar do homem acontece quando ele percebe a si mesmo e passa a olhar o


mundo com mais bondade. Não grita por perfeição, socorre o oprimido, não acusa o que
erra, acolhe-o com bondade, é afável em seu agir porque reconhece que estamos
caminhando juntos, muitas vezes tropeçando em desenganos, porém, caminhando na luz
que Jesus nos oferece a cada dia.

Eduquemos nossos corações, deixemos que as pequeninas lições do dia a dia nos
ensinem sobre a bondade, a gentileza, a alegria, a esperança.

Emmanuel nos dá alguns conselhos práticos no livro Paz e Renovação, lição 45


intitulada Disciplina e Educação. E é com esta lição que encerramos o estudo de hoje.

"Evidentemente, não se justificam cilício e jejum sistemáticos, a serviço da alma, no


entanto, é justo empenharmos atenção e esforço, na aquisição de hábitos dignos,
conducentes à elevação.
Considera que toda obra, por mais importante, principia no alicerce e iniciemos as
grandes realizações do Espírito, através de pequenos lances de disciplina.

Tanto quanto possível, aprende a te desprenderes dessa ou daquela porção de ti mesmo


ou daquilo que te pertença, a fim de ajudar ou facilitar alguém.
Não desprezes a possibilidade de visitar os irmão em doença ou penúria, pelo menos
uma vez por semana, de maneira e levar-lhes consolação e refazimento.

Em cada sete dias, qual ocorre ao impositivo do descanso geral, destaca um deles para
ingerir o mínimo de alimentação, doando o necessário repouso aos mecanismos do
corpo.

Semanalmente, retira igualmente um dia para o trabalho de vigilância absoluta no


próprio pensamento e no próprio verbo, mentalizando e falando exclusivamente no bem
dos outros.

Em cada ciclo de vinte e quatro horas, separa diminuta área de tempo, quando não
possas fazê-la mais ampla, para estudo e meditação, silêncio e prece.

Faze, por dia ou por semana, um horário de serviço gratuito, em auxílio aos
companheiros da Humanidade.

Decerto que não estamos generalizando recomendações, de vez que todos conhecemos
criaturas, quase inteiramente devotadas ao bem do próximo.
Ainda assim, apresentamos o assunto de nós para nós mesmos, porque toda educação
parte da disciplina e, para que nos ajustemos à disciplina nesse ou naquele setor da vida,
será sempre invariavelmente preciso começar."

Um fraterno abraço e até o próximo estudo.

Campo Grande - MS, 1º de outubro de 2017.

Candice Günther
Estudo do livro Roteiro
Lição 22 - O Espiritismo na atualidade

O tema nos convida a uma primeira reflexão, antes mesmo de adentrarmos em mais
uma valorosa lição do livro Roteiro: o que o espiritismo representa na atualidade da
minha vida?

Pensar no espiritismo é primeiramente verificá-lo em nossas vidas. Quando me tornei


espírita? O que me levou a ir ao encontro desta doutrina? O que o espiritismo representa
em minha vida? E, a pergunta fundamental, estou melhor depois de ter-me tornado
espírita?

Não nos interessa analisar o espiritismo na vida do outro, mas sim em nossa vida, no
que tange ao meu viver e isto se dá porque sou eu quem responderei diante de Deus e de
minha consciência o que faço diante de conhecimentos tão importantes.

Certamente, verificar o movimento como um todo é necessário a fim de se verificar


rumos, porém, nossa visão sempre será restringida por pontos de vista, alguns muitas
vezes equivocados. Muito do que se realiza no espiritismo é silencioso, espíritos
superiores revestidos da mais profunda humildade adentram na Terra incógnitos para
auxiliar e distanciam-se dos holofotes e dos aplausos buscando tão somente auxiliar e
servir sem alardes. Eis a razão pela qual nossa avaliação do todo estará sempre atrelada
aos frutos que produz, como bem nos ensinou o Cristo.

Iniciemos, assim, as reflexões da lição, sugeridas por Emmanuel.

"O Espiritismo, nos tempos modernos, é, sem dúvida, a revivescência do Cristianismo


em seus fundamentos mais simples." Roteiro

Quais eram estes fundamentos que precisam ser vivificados em nossos corações?
O livro Ave Cristo, de Emmanuel, nos traz um belíssimo relato destes tempos idos que,
hoje, somos convidados a reviver.

"Dificilmente, à distância de séculos, poderá alguém perceber, com exatidão, a


sublimidade do Cristianismo primitivo.
Experimentados pela dor, amavam-se os irmãos na fé, segundo os padrões do Senhor.
Em toda a parte, a organização evangélica orava para servir e dar, em vez de orar para
ser servida e receber.
Os cristãos eram conhecidos pela capacidade de sacrifício pessoal, a bem de todos, pela
boa vontade, pela humildade sincera, pela cooperação fraternal e pela diligência que
empregavam no aperfeiçoamento de si mesmos.
Amavam-se reciprocamente, estendendo os raios de sua abnegação afetiva por todos os
núcleos da luta humana, jamais traindo a vocação de ajudar sem recompensa, ainda
mesmo diante dos mais renitentes algozes.
Ao invés de fomentarem discórdia e revolta, entre os companheiros jungidos à canga da
escravidão, honravam no trabalho digno a melhor maneira de amparar-lhes a libertação.
Sabiam apagar os pruridos do egoísmo para abrigarem, sob o próprio teto, os
remanescentes das perseguições.
Inflamados de fé na imortalidade da alma, não receavam a morte. Os companheiros
martirizados partiam como soldados de Jesus, cujas famílias, na retaguarda, lhes cabia
proteger e educar." Trecho do livro Ave Cristo sobre a Igreja de Lião.

Eis o Roteiro de amor e luz que somos convidados a resgatar, tarefa árdua, difícil,
porém, possível e necessária.

Sigamos a lição.

"Descerrando a cortina densa, postada entre os dois mundos, nos domínios vibratórios
em que a vida se manifesta, mereceu, desde a primeira hora de suas arregimentações
doutrinárias, o interesse da ciência investigadora que procura escravizá-lo ao gabinete
ou ao laboratório, qual se fora mera descoberta de energias ocultas da natureza, como
a da eletricidade, que o homem submete ao seu bel-prazer, na extensão de vantagens ao
comodismo físico." Roteiro
Reduzir o espiritismo ao seu aspecto científico é um engano que atravessa os séculos e
persiste em nosso meio.

Esclarece-nos o benfeitor mostrando-nos este movimento do homem, de querer


"submeter ao seu bel-prazer" esta doutrina de luz, retirando-lhe a profundidade de que
se reveste para mostrar-lhe apenas o aspecto que a ciência alcança é um limitador
(escravizá-lo ao gabinete).

Se temos esta tendência, identificando-nos com os estudos que tratam mais dos aspectos
científicos da doutrina, precisamos, então, buscar o equílibrio para que o nosso orgulho
e a nossa vontade de submeter a doutrina aos nossos desejos não se concretize.

A ciência é necessária, importante e profundamente esclarecedora, mas jamais irá dar,


na íntegra, ao espiritismo o espaço que este necessita ocupar em nossas vidas e
corações. A doutrina espírita é mensagem do Cristo à humanidade, mensagem clara e
límpida, convidando-nos a um novo viver pautado na fé raciocinada.

Caminhemos um pouco mais com Emmanuel.

"Interessada no fenômeno, a especulação analisa-lhe os componentes, acreditando


encontrar, no intercâmbio entre as duas esferas, nada mais que respostas a velhas
questões de filosofia, sem qualquer conseqüência de ordem moral, na experiência
humana." Roteiro

Quando o espiritismo é solução para a vida alheia e não para a minha, quando
assistimos a uma palestra, lemos um livro ou comparecemos a uma reunião pensando
em como isto seria útil a fulano ou ciclano, estamos caminhando como filósofos que
analisam as questões do mundo, dando aos fatos as mais diversas teorias, sem contudo
adentrarmos no mundo interior que necessita ser desbravado.

Nossos sentimentos necessitam de todo nosso esforço e energia para serem trabalhados
e melhorados, de tal forma que quem se ocupa com sua reforma íntima, raramente tem
tempo ou disposição para criticar a vida alheia.
Abordemos, enfim, a questão religiosa:

"Erra, todavia, quem se norteia por essas normas, de vez que o Espiritismo, positivando
a sobrevivência além da morte, envolve em si mesmo vasto quadro de ilações, no
campo da ética religiosa, constrangendo o homem a mais largas reflexões no campo da
justiça.
Não cogitamos aqui de dogmática, de apologética ou de qualquer outro ramo das
escolas de fé em seus aspectos sectários.
Não nos reportamos a religiões, mas à Religião, propriamente considerada como
sistema de crescimento da alma para celeste comunhão com o Espírito Divino." Roteiro

Como saber, então, se estamos no caminho correto? Como saber se estamos neste
"sistema de crescimento da alma para a celeste comunhão com o Espírito Divina"?

Podemos aparentar evolução, podemos aparentar superioridade, mas Deus nos conhece
intimamente e sabe o que vai em nosso coração.

Emmanuel nos esclarece sobre esta questão na lição Sentimento e Razão:

"A razão é o caminho humano. O sentimento é a luz divina. Por esse motivo todos os
investigadores da verdade transcendente que percorram a estrada da experimentação,
sem a fé, marcham às escuras e, não raro, esbarram na solidão e no desespero supremos.
A ciência analítica, a filosofia especulativa podem fazer muito pelo Espiritismo, dentro
de seus métodos experimentais, mas, sem a claridade religiosa, oriunda das ilações do
campo doutrinário, estaria ele destinado a representar um papel tão humano e tão
transitório, como o das mais notáveis filosofias que o precederam, abrindo as janelas
douradas de seus castelos teóricos no mundo, acenando às almas com o jogo das
palavras, mas passando… passando sempre, um curso do tempo, acabando mumificadas
no sarcófago das bibliotecas esquecidas.
Os espiritistas sinceros devem saber que a ciência e a filosofia do planeta são um
conjunto de verdades provisórias. Suas equações variam de cérebro a cérebro, como de
escola para escola. Sem estabilidade no tempo, ambas acompanham os voos do
sentimento, de quando em quando aceso pela fagulha do gênio, que despreza a rotina e
o convencionalismo, para iluminar a estrada do futuro infinito. Só o sentimento é
bastante grande para elevar-se da esfera comum, quebrando as fórmulas rasteiras.
É por essa causa justa que o espiritista cristão, invocando o raciocínio, em todos os
instantes da vida, não deve esquecer sua iluminação própria na fé, de sua elevação
sentimental, de sua riqueza interior, em suma, de seu aperfeiçoamento individual, na lei
do esforço próprio. 15 E é ainda por isso que todos os trabalhadores espirituais da
grande causa centralizam os seus ensinamentos em Cristo Jesus, fundamento de toda a
verdade sobre a Terra e Modelo Supremo de todas as criaturas humanas, em face de sua
necessidade imediata de renovação interior." Livro Coletânea do Além - lição 48

Por muitos séculos temos trabalhado em prol do nosso avanço intelectual, não obstante,
o mundo nunca esteve tão necessitado de valores morais como a compaixão e a
caridade.

Sigamos em frente com mais um trecho do livro Roteiro.

"Desdobrando o painel das responsabilidades que a vida nos confere, o novo


movimento de revelação implica abençoado e compulsório desenvolvimento mental.
A permuta com os círculos de ação dos desencarnados compele a criatura a pensar
com mais amplitude, dentro da vida.
Novos aspectos da evolução se lhe descortinam e mais rico material de pensamento lhe
enriquece os celeiros do raciocínio e da observação." Roteiro

A doutrina espírita nos permite um novo olhar para o mundo que nos cerca, até mesmo
o mundo que não vemos com nossos olhos físicos.
Este entendimento promoverá em cada ser motivações e resultados distintos, mas
certamente, mais amplos.
A vida que antes se restringia a uma experiência agora é compreendida como a
multiplicidade de experiências, ora aqui, ora acolá, permitindo-nos um novo olhar até
mesmo sobre a enfermidade e a morte física.
Observará o próximo sabendo que cada um trilha seu caminho evolutivo e todos, a seu
tempo, encontrarão um caminho de luz para trilhar, e isto lhe permitira um olhar mais
branco, mais indulgente com as faltas alheias e até mesmo com as próprias faltas.
O espiritismo nos ensina que somos responsáveis pelo caminho que trilhamos,
semeando e colhendo através dos séculos e dos milênios.

Eis o papel do herdeiro, que deixa de ser alguém que assiste a tudo passivamente, qual
imposição do destino, para assumir o seu papel de alguém que responde por suas
atitudes e pensamentos, diante de si mesmo e diante de Deus, buscando melhorar-se a
cada passo, errando e recomeçando, sempre no intuito de renovar-se.

Sigamos com a lição.

"Entretanto, como cada recipiente guarda o conteúdo dessa ou daquela substância,


segundo a conformação e a situação que lhe são próprias, a Doutrina Renovadora, com
os seus benefícios, passa despercebida ou escassamente aproveitada pelos que se
inclinam às discussões sem utilidade, pelos que se demoram no êxtase improdutivo ou
pelos que se arrojam aos despenhadeiros da sombra, companheiros ainda inaptos para
os conhecimentos de ordem superior, trazidos à Terra, não para a defesa do egoísmo
ou da animalidade, mas sim para a espiritualização de todos os seres." Roteiro

Perceber a riqueza que o conhecimento do espiritismo nos oferta e, também, tornar-se


responsável pelo que se faz com este saber.

O que seriam, então, discussões sem utilidade?

Para responder a esta pergunta precisamos saber qual o objetivo da reencarnação.

A questão 132 do Livro dos Espíritos nos esclarece:

Objetivo da encarnação

132. Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?

“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é
expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer
todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda
outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe
toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um
instrumento em harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir,
daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral,
ele próprio se adianta.”

A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Deus, porém, na Sua
sabedoria, quis que nessa mesma ação eles encontrassem um meio de progredir e de se
aproximar Dele. Deste modo, por uma admirável lei da Providência, tudo se encadeia,
tudo é solidário na Natureza.

Estamos encarnados para progredir e toda a nossa energia deve ser nesta direção, assim,
discussões que não visem o aprimoramento do homem, seja no aspecto intelectual ou
moral, devem ser evitadas a fim de que façamos bom proveito desta existência que nos é
concedida.

Mas não é apenas saber, é sobretudo buscar a vivência desta conhecimento pautado no
exemplo do Cristo, nosso modelo e guia. É neste sentido que Emmanuel prossegue a
lição.

"De que nos valeria a prodigiosa descoberta de Watt, se o vapor não fosse disciplinado,
a benefício da civilização? Que faríamos da eletricidade, sem os elementos de
contenção e transformação que lhe controlam os impulsos?" Roteiro

É preciso que deixemos o conhecimento entrar em nossas vidas, promovendo a reforma


íntima da qual tanto necessitamos. Tal qual pedra bruta que está sendo lapidada,
reconheceremos nas lutas diárias ricas oportunidades de aprender e melhorar.
Reconheceremos nossa imperfeição e não nos ateremos a ela com culpa ou estagnação,
mas buscaremos os mais diversos meios para crescermos e evoluirmos.

A nossa vontade nos dirige e a ela precisamos associar a disciplina, como nos explica
Emmanuel em mais este trecho da lição:
"No Espiritismo fenomênico, somos constantemente defrontados por aluviões de forças
inteligentes, mas nem sempre sublimadas, que nos assediam e nos reclamam.
Aprendemos que a morte é questão de seqüência nos serviços da
natureza.Reconhecemos que a vida estua, ao redor de nossos passos, nos mais variados
graus de evolução. Daí o impositivo da força disciplinar. Urge o estabelecimento de
recursos para a ordenação justa das manifestações que dizem
respeito à nova ordem de princípios que se instalam vitoriosos na mente de cada um."
Roteiro

Emmanuel afirma no livro Joia que "a disciplina é alicerce da vida". Mostra-nos que
temos a liberdade de agir, dispomos do nosso livre-arbítrio em todos os aspectos de
nossa existência. Prossegue o benfeitor, alertando-nos: "Estejamos alertas no mundo de
nós mesmos, procurando aprender e servir, nas bases do amor puro e da humildade, de
vez que todos nós, à luz do discernimento, dispomos de liberdade para cumprir as
obrigações que nos cabem perante a Lei, plasmando o direito ao Céu, a começar de nós,
ou para cultivar a rebeldia sistemática, pela qual arrasamos os talentos divinos, gerando
em nossas almas os agentes do desequilíbrio que equivale na vida ao martírio infernal."
(livro Joia)

Disciplina para estudar, para realizar as tarefas no trabalho, em casa e, também, as


voluntárias, com todo amor e zelo, aproveitando-as para o constante lapidar a que
somos submetidos.

Não basta esta encarnado, é preciso que aproveitemos as oportunidades que a


encarnação nos oferta.

Encerra a lição:

"E, para cumprir essa grande missão, o Evangelho é chamado a orientar os aprendizes
da ciência do espírito, para que, levianos ou desavisados, não se precipitem a imensos
resvaladouros de amargura ou desilusão." Roteiro

Pautemos a nossa vida nos ensinos morais do Evangelho de Jesus, cuidemos para que a
caridade seja um norte em nossas vidas e corações. Tenhamos consciência e maturidade
para sermos quem queremos ser, sem desculpas, sem atrasos, mas, sempre, com alegria
e fé, seguindo em frente.

Jesus nos guie em sua seara divina, alertando-nos para os desenganos que o caminho
nos oferece.

Um fraterno abraço e até o próximo estudo.

Campo Grande, 07 de outubro de 2017.

Candice Günther
Estudo do livro Roteiro
Lição 23 – Na extensão do serviço

A cada lição do livro Roteiro somos convidados a refletir sobre questões que são
importantes em nossa existência. Caminhamos pela criação, pelos reinos, pela evolução
do homem, física e espiritual, por sua história em diversos povos e, também, refletimos
sobre algumas Leis Divinas como a do trabalho e chegamos a lição anterior que trata da
Doutrina Espírita.

Sem o Cristo não há espiritismo, ainda que alguns o queiram, basta um olhar
mais atento sobre a codificação e veremos que ele está inteiramente alicerçado nos
ensinamentos deixados por Jesus. Somos, então, convidados a adentrar na seara do
Mestre, como trabalhadores, como colaboradores de sua missão na Terra. E é preciso
compreender que o Mestre não trabalha para si mesmo.

Eis, então, que Emmanuel nos traz importantes reflexões sobre a nossa conduta
na Terra.

Caminhemos com ele iniciando as lições do livro Roteiro.

“Que seria do Espiritismo se não guardasse finalidades de aperfeiçoamento da própria


Terra, onde se expressa por movimento libertador doas consciências?
Seria louvável subtrair o homem do campo à função laboriosa da sementeira,
distraindo-o com narrativas brilhantes e induzindo-o à inércia?
Seria aconselhável a imposição do êxtase ao esforço ativo, congelando-se preciosas
oportunidades de realização para o bem?” Roteiro

Três perguntas que nos trazem, também, três direcionamentos:

- aperfeiçoamento da própria Terra;


- não subtrair o homem do campo à função laboriosa da sementeira;
- realização para o bem.

Temos, então, que o espírita e, também, todos os corações sinceros que sigam a
Cristo, são convidados a trabalhar para que a Terra seja um lugar melhor para se viver.
A questão que se impõe e que nos faz tropeçar ao longo dos séculos é justamente o
complemento deste movimento de querer aperfeiçoar o nosso lindo planeta azul. Vejam
que Emmanuel nos diz que ele (aperfeiçoamento da Terra) se expressa por movimento
libertador de consciências.

Criamos regras de conduta e queremos impor aos que estão sob a nossa direção
que pensem e ajam conforme o nosso entendimento, porém, isto não é liberdade. A
consciência livre se expressa de forma única e apenas um ambiente amoroso está apto a
acolhê-la.

Queremos, muita vez, que a transformação se dê de fora para dentro,


cristalizados neste movimento ao longo dos milênios, não obstante, o que se pede é
justamente o inverso, que tenhamos um ambiente fraterno para que as consciências se
expressem com liberdade e neste conjunto sejamos capazes de construir algo bom.

É certo que diante de nossa condição evolutiva, teremos dificuldades com


trabalhadores que destoam do grupo e tomam atitudes que não promovem nem o seu
aperfeiçoamento nem o do ambiente em que se encontra, não obstante, temos que
lembrar que a transformação está em seu querer, em sua vontade e de nada adiantará a
nossa intenção de impor o nosso pensar. Teremos sempre regras a serem seguidas, e
cada um usará de sua liberdade para aderir ou não ao que é proposto e neste caminhar
teremos a oportunidade de melhorarmo-nos e, também, melhorar o lugar em que
estamos.

A segunda pergunta também nos traz reflexão importante. Emmanuel nos diz:
“Seria louvável subtrair o homem do campo à função laboriosa da sementeira,
distraindo-o com narrativas brilhantes e induzindo-o à inércia?”
Quando ouço uma palestra ou leio um livro ou realizo um estudo, ao final,
sempre pergunto a mim mesma: o que ficou? De tudo o que ouvi, o que levarei para a
minha vida? O que me fez refletir sobre a minha conduta?

Tudo o que fazemos necessita ter um propósito, assim, as sementes de luz que
recebemos não podem nos levar à inércia, a ficarmos parados no tempo em reflexão
inócua. O fato do discurso ser brilhante, do orador ou oradora nos brindar oratórias
eloquentes e frases cheias de complexas referências não é garantia de aprendizado.
Assim como o homem do campo, o trabalhador do Cristo deve pegar o seu arado e ir
para a terra, realizar o trabalho, preparar o solo para amanhã aproveitar da colheita.

Emmanuel nos esclarece sobre a questão do aprendizado:

“Na aquisição do conhecimento superior, não acredites que o deslumbramento substitua


o trabalho.
Nem julgues que o benfeitor espiritual, por mais amigo, possa efetuar a obra que te
compete.
O professor esclarece. O aluno, porém, deve equacionar os problemas da escola.
O médico auxilia. O doente, contudo, deve atender-lhe as indicações.
Toda realização pede esforço. Toda construção pede tempo.
(...)
Agradece, pois, o carinho dos Espíritos generosos, encarnados ou desencarnados, que te
amparam a experiência, aplicando-te às lições de que são mensageiros.
Não admitas, contudo, que a presença deles te baste ao aprimoramento individual.
Recorda que nem os companheiros da glória do Cristo escaparam ao impositivo do
serviço constante.
Os apóstolos que lhe respiraram a convivência não repousam ante as flamas do
Pentecostes, mas seguem, luta diante, de renúncia em renúncia, adquirindo, pouco a
pouco, a grande libertação, e Saulo de Tarso, visitado pelo próprio Mestre, em pessoa,
não para sob o jorro solar da senda de Damasco, mas avança, de suplício em suplício,
assimilando, a preço de sofrimento, o dom da Divina Luz.
Livro Seara dos Mediuns, lição Conhecimento Superior
Por fim, a terceira pergunta que Emmanuel nos traz: “Seria aconselhável a imposição do
êxtase ao esforço ativo, congelando-se preciosas oportunidades de realização para o
bem?”

O intercâmbio com o mundo espiritual nos remete a ambientes de profunda paz,


contemplamos um mundo diferente, porém, estamos aqui na Terra para o trabalho e não
podemos nos esquecer que toda tarefa na seara espiritual deve ter um propósito de
auxiliar aos que sofrem e necessitam de uma mão amiga para seguir em frente.

Não se trata, assim, da prece ou da comunicação com os espíritos amigos ou


sofredores, será sempre o propósito que levamos em nosso coração de viver e agir em
favor do outro, buscando, através de nossas vidas, oferecer algo de nós mesmos.

Há quem pense que nada possui de si mesmo para oferecer e é certo que ainda não
temos a luz interior como a do Sol que leva vida por todo um sistema, não obstante,
quando se está na escuridão, muitas vezes bastará um pequeno fósforo para nos apontar
o caminho. Assim, não deixemos de brilhar, toda luz é necessária, até mesmo a de um
pequenino fósforo.

Sigamos em frente com a lição.

“Mas, se nos abeirarmos do trabalhador, com o intuito de estimula-lo ao


serviço, auxiliando-lhe o entendimento, para que a tarefa se lhe faça menos sacrificial,
e favorecendo-o a fim de que descubra, por si mesmo, os degraus da própria elevação,
estaremos edificando o bem legítimo, no aprimoramento da vida e da coletividade.
De que valeria a intimidade do homem com os Espíritos domiciliados em outras
esferas, sem proveito para a existência que lhe é peculiar? Não será deplorável perda
de tempo informarmo-nos, sem propósito honesto, quanto aos regulamentos que regem
a casa alheia? Se a criatura humana ainda não pode dispensar o suprimento de
proteínas e carboidratados, de oxigênio e vitaminas, se não pode prescindir do banho e
da leitura, por que induzi-la ao ocioso prazer das indagações sem elevação de vistas?
Atendamos, acima de tudo, ao essencial.” Roteiro
Eis o nosso trabalho: auxiliar o entendimento, favorecer para que o outro
descubra por si mesmo.

A doutrina espírita nos fala de evolução e, não raro, nos esquecemos de agir
dentro destes princípios. Cada um está em um momento evolutivo e precisamos
respeitar isto, porque se assim o é decorre da vontade de nosso Pai. A diversidade é um
fato e estar nela implica em reconhecermos que ora estamos com mão estendida para
auxiliar, ora estamos com a mão estendida para sermos auxiliados.

Paulo sabia disto e o expressou na Carta que encaminhou aos cristãos que
viviam em Roma: “Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios
como a ignorantes. ROMANOS, 1:14

Emmanuel, ao comentar este versículo, nos diz:

“O Apóstolo da Gentilidade frisou claramente a sua condição de legítimo devedor de


todos e essa condição e a de qualquer outro ser da comunidade humana.
A criatura em si, não e apenas a soma das próprias realizações, mas também o produto
de débitos inumeráveis para com o grupo a que pertence.
Cada um deve incalculáveis tributos às almas com quem convive.
Não nos esqueçamos de que vivemos empenhados a boa vontade dos corações
amigos…
A sabedoria dos mais experientes…
Ao carinho dos companheiros próximos…
Ao apoio e ao estimulo dos familiares…
Aos nobres impulsos das relações fraternais…
Portanto, pelo reconhecimento das nossas dívidas comuns, provamos a real
inconsequência do orgulho e da vaidade em qualquer coração e a impraticabilidade do
insulamento em nosso passo evolutivo.
A dívida importa em compromisso e compromisso significa resgate natural ou
compulsório.
Todos somos devedores uns dos outros.
Se ainda alimentas algum laivo de superioridade egoística, à frente dos semelhantes,
lembra-te das dívidas numerosas, que ainda não saldaste, a começar pelo próprio
instrumento físico que te foi emprestado temporariamente.” Livro Ideal Espírita –
Dívidas

Convida-nos, assim, a atender o essencial. A priorizarmos em nossas vidas o que é


realmente importante, buscando da simplicidade de viver o aprendizado para nosso
espírito imortal. Fato é que em nossa jornada as prioridades se misturam e se
confundem. Qual o caminho? Como agir de forma eficaz, trazendo para os nossos dias a
alegria de bem viver?

Emmanuel, nas próximas linhas, nos falará do Cristo, de como agiu quando este entre
nós nas mais diversas situações. Aproveitemos as linhas para refletir em como nós
outros estamos agindo.

“É curioso notar que o próprio Cristo, em sua imersão nos fluidos terrestres, não cogitou
de qualquer problema inoportuno ou inadequado.” Roteiro

Duas palavras importantes: inoportuno e inadequado.

Consultando o dicionário on line temos os seguintes significados:

Inoportuno: que não é oportuno, que sobrevém num mau momento, numa ocasião
imprópria; inconveniente, intempestivo.
Inadequado: que não se adequou; impróprio, inconveniente.

O primeiro, inoportuno, nos remete a ação no tempo. Qual o melhor momento para
determinada ação ou tarefa? Qual a melhor hora para falar? E para silenciar?

Já o segundo, nos remete ao meio utilizado. O que estou oferecendo é adequado a


necessidade do outro? Estou humilhando ou constrangendo o outro com minhas ações
ou palavras?

Cristo, diante dos problemas que se lhe apresentavam era, então, oportuno e adequado.
Agia no melhor tempo e de forma mais eficaz. É importante, então, observarmos os
exemplos que Emmanuel nos oferece a fim de que aprendamos mais com o nosso
Mestre, Modelo e Guia.

“Não se sentou na praça pública para explicar a natureza de Deus e, sim, chamou-lhe
simplesmente “Nosso Pai”, indicando os deveres de amor e reverência com que nos
cabe contribuir na extensão e no aperfeiçoamento da Obra Divina.” Roteiro

O povo hebreu, até hoje, conserva um grande respeito pela figura paterna. Será o pai
quem irá dirigir a família, até mesmo quando os filhos casavam e continuavam morando
com o pai, era ele consultado para o direcionamento da família. Não se trata apenas do
provedor financeiro.

Encontramos uma dissertação de José Maurício (PucMinas) que trata sobre o lugar do
pai no decorrer do tempo e das sociedades, um estudo muito interessante, do qual
grifamos um trecho:

“A vida social de Israel, segundo Ringgren (1970), é mais rural e caracterizada pelo
nomadismo. O fator determinante na estrutura social era a tribo e o clã. Neste contexto,
a parentagem e a genealogia eram consideradas importantes. Assim, o aspecto tribal ou
o ancestral é muito significativo. Em Is 51, 2, Abraão é invocado como “seu pai”, no
sentido de ancestral, pai tribal e exemplo de homem destemido a ser seguido.
No seio da família israelita, a autoridade do pai era quase ilimitada; ele era o mestre,
chefe da casa; as crianças eram ensinadas a honrá-lo e temê-lo; ele controla outros
membros da família como o oleiro controla a argila (Is 6, 4-7). Ele não é um déspota
isolado, mas o centro de tudo o que lhe pertence, e tudo gira ao seu redor. Quando um
homem é chamado de pai, isto deduz da mesma coisa, parentesco e autoridade são
expressos pelo mesmo nome de pai. Para o israelita, o nome de pai resulta em
autoridade.”

Ainda estamos distantes de entender quem é o nosso Criador, mas o que observamos é
que, com Jesus, ele deixou de ser o Rei dos Exércitos a quem devíamos servir para
tornar-se o Pai, que também exerce sua autoridade, porém, está muito mais próximo, eis
que o amor filial inaugura uma nova forma de compreendermos a ação de Deus em
nossas vidas.
Sigamos com o livro Roteiro:

“Embora asseverasse que “na casa do Senhor há muitas moradas”, não se deteve a
destacar pormenores quanto aos habitantes que as povoam. Não obstante exaltar o
Reino Celeste, nele situando a glória do futuro, não olvidou o Reino da Terra, que
procurou ajudar com todas as possibilidades de que dispunha.” Roteiro

Este trecho encontra-se no Evangelho de João: “Não se turbe o vosso coração; credes
em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse
assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar,
virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós
também. Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho.” João 14:1-4

Ele nos fornece a verdade, mas não a torna um fardo pesado demais para que possamos
carregar. Nem sempre estaremos aptos para nos aprofundarmos em determinados
assuntos e tenhamos a humildade em reconhecer que em determinadas áreas ainda
temos um longo caminho a fim de melhorarmos nossa compreensão. Não precisamos ter
um opinião sobre todos os assuntos, e sobre aquilo que não sabemos tenhamos a
sabedoria de não opinar.

Vejamos mais um trecho:

“Curando cegos e leprosos, loucos e paralíticos, deu a entender que vinha não somente
regenerar as almas e sem também socorrer os corpos enfermos, na recuperação do
homem integral. Não se contentou, porém, com isso. Em todas as ocasiões, exaltou
nossos deveres de amor para com a vida comum.” Roteiro

Jesus nunca desconsiderou a vida física como algo importante e relevante para o nosso
aprendizado, porém, sempre nos convidou a compreendermos que o que o físico deixa
transparecer está ligado ao espírito, quem ele é e o que ele pensa.
Assim, como trabalhadores na seara de Jesus podemos auxiliar nossos irmãos que se
encontram enfermos, através de nossas preces, do passe, da água fluidificada e das
diversas ações que visam o amparo dos que sofrem. Porém, urge compreendermos que o
espírito também necessita ser tratado e é importante que quem recebe a cura do corpo
físico também seja alertado sobre a necessidade de cuidar do espírito, sob pena de
padecer novamente de outros males até que consiga compreender o que o espírito clama
para que seja resolvido.

Kardec nos auxilia na compreensão deste tema no Livro dos Mediuns, cap. V:

“Os milagres de Jesus converteram todos os seus contemporâneos? Aos fariseus, que
lhe diziam: “Mestre, faz-nos ver algum prodígio”, não se assemelham os que hoje vos
pedem lhes façais presenciar algumas manifestações? Se não se converteram pelas
maravilhas da criação, também não se converterão, ainda quando os Espíritos lhes
aparecessem do modo mais inequívoco, porquanto o orgulho os torna quais alimárias
empacadoras. Se procurassem de boa-fé, não lhes faltaria ocasião de ver; por isso, não
julga Deus conveniente fazer por eles mais do que faz pelos que sinceramente buscam
instruir-se, pois que o Pai só concede recompensa aos homens de boa vontade. A
incredulidade deles não obstará a que a vontade de Deus se cumpra. Bem vedes que não
obstou a que a doutrina se difundisse. Deixai, portanto, de inquietar-vos com a oposição
que vos movem. Essa oposição é, para a doutrina, o que a sombra é para o quadro:
maior relevo lhe dá. Que mérito teriam eles, se fossem convencidos à força? Deus lhes
deixa toda a responsabilidade da teimosia em que se conservam e essa responsabilidade
é mais terrível do que podeis supor. Felizes os que crêem sem ter visto, disse Jesus,
porque esses não duvidam do poder de Deus.”

Caminhemos mais um pouco com a lição do livro Roteiro:

“Recorre à semente de mostarda e à dracma perdida para alinhar preciosos


ensinamentos. Compara o mundo a vinha imensa, onde cada servidor recebe
determinada quota de obrigações. Consagra especial atenção as criancinhas,
salientando o amparo que devemos às gerações renascentes.” Roteiro
Exemplos simples da vida cotidiana podem levar a uma compreensão prática do
ensinamento apresentado, e Jesus a todo tempo utilizava-se destas pequeninas lições
que até hoje nos fazem refletir e compreender melhor a vontade de nosso Pai Celestial.

Conclama a cada um a ocupar o seu lugar na criação, lugar único. Se todos fossem
palestrantes, quem iria administrar o passe que restaura e fortalece? Se todos buscarem
as mesmas tarefas, muito trabalho importante deixará de ser realizado.

Por fim, encerra a lição:

“Nessa mesma esfera de realizações, os princípios do Espiritismo Evangélico se


estenderão em favor da Humanidade.
Os desencarnados testemunham a sobrevivência individual, depois da morte, provam
que a alma se transfere de habitação sem alterar-se, de imediato, mas, preconizando o
estudo e a fraternidade, a cultura e a santificação, o trabalho e a análise, em
obediência e ditames superiores, objetivam, acima de tudo, a melhoria da vida na
Terra, a fim de que os homens se façam, efetivamente, irmãos uns dos outros no mundo
porvindouro que será, indiscutivelmente, iluminada seção do Reino Infinito de Deus.”
Roteiro

Estamos aqui para construir um mundo melhor, não apenas para nós mesmos, mas para
os que virão. O trabalho do Cristo é incessante e cabe a nós aderir ou não ao seu reino
de amor e de paz.

Um fraterno abraço e até o próximo estudo.

Campo Grande-MS, 16.10.2017.

Candice Günther.
Estudo do livro Roteiro
Lição 24 - O Fenômeno Espírita

O homem, ao perceber-se como um ser consciente e pensante não ficou adstrito ao


mundo físico que o rodeia, mas passou a conjecturar sobre quem era, se apenas um
corpo que se extinguia com a morte física ou se possuia também uma alma, que
permanecia viva, mesmo após a morte do corpo. De onde viemos? Quem somos? Para
onde iremos? São perguntas que atravessam os milênios e que, humildemente,
reconhecemos, não temos todas as respostas. Porém, muito já avançamos para
compreender que o corpo é instrumento e a vida verdadeira é a do espírito.

Acreditar na vida espiritual é um pressuposto para seguir em frente neste estudo, uma
vez que ele trata deste intercâmbio com o mundo dos espíritos. Não obstante, mesmo
quem não tem certeza se acredita ou não, vale a pena seguir este caminho que
Emmanuel nos oferece na lição, principalmente para observar que esta questão não se
restringe ao espiritismo, mas acompanha o homem desde os tempos mais remotos.

Iniciemos, assim, a lição do livro Roteiro:

"Em todas as civilizações, o culto dos desencarnados aparece como facho aceso de
sublime esperança.
Rápido exame nos costumes e tradições de todos os remanescentes da vida primitiva,
entre os selvagens da atualidade, nos dará conhecimento de que as mais rudimentares
organizações humanas guardam no intercâmbio com os “mortos” suas elementares
noções de fé religiosa.
Aparições e vozes, fenômenos e revelações do mundo espiritual assinalam a marcha
das tribos e das povoações do princípio." Roteiro
Em tempos difíceis a palavra esperança nos salta aos olhos e Emmanuel nos afirma,
neste início de estudo, que em todas as civilizações o culto dos desencarnados acende
esta chama, a crença em um outro mundo após a morte nos dá esperança.

Kardec reflete sobre esta questão com maestria na Revista Espírita de 1859:

"Todos nós, sem exceção, atingimos mais cedo ou mais tarde o termo fatal da vida.
Nenhuma força nos poderia subtrair a essa necessidade, eis o que é positivo. Muitas
vezes as preocupações do mundo nos desviam o pensamento daquilo que se passa além-
túmulo, mas quando chega o momento supremo, são poucos os que não se perguntam
em que se vão transformar, porque a ideia de deixar a existência sem uma possibilidade
de retorno tem algo de pungente. Com efeito, quem poderia encarar com indiferença a
ideia de uma separação absoluta e eterna de tudo quanto amou? Quem poderia ver sem
assombro abrir-se à sua frente o imenso abismo do nada, em que iriam desaparecer para
sempre todas as nossas faculdades e todas as nossas esperanças? “O que!? Depois de
mim, o nada; nada mais que o vazio; tudo acabado irremediavelmente? Mais alguns dias
e a minha lembrança se apagará da memória dos que sobreviverem a mim; em breve
não restará nenhum traço de minha passagem pela Terra; o próprio bem que eu tiver
feito será esquecido pelos ingratos a quem tiver beneficiado, e nada para compensar
tudo isso; nenhuma outra perspectiva além de meu corpo a ser roído pelos vermes?!”
Este quadro do fim de um materialista, traçado por um Espírito que tinha vivido esses
pensamentos, não tem algo de horrível e de glacial? Ensina-nos a religião que não pode
ser assim, e a razão o confirma. Mas essa existência futura, vaga e indefinida, nada tem
que satisfaça ao nosso amor ao que é positivo. É isto que gera a dúvida em muitos. Vá
lá que tenhamos uma alma. Mas o que é a nossa alma? Ela tem forma e aparência? É um
ser limitado ou indefinido? Dizem uns que é um sopro de Deus; outros, que uma
centelha; outros, uma parte do grande todo, o princípio da vida e da inteligência. Mas o
que concluímos de tudo isto? Diz-se, ainda, que ela é imaterial. Mas uma coisa imaterial
não poderia ter proporções definidas. Para nós isso não é nada. Ensina-nos ainda a
religião que seremos felizes ou infelizes, conforme o bem ou o mal que tivermos feito.
Mas qual é essa felicidade que nos espera no seio de Deus?"
Será uma beatitude, uma contemplação eterna, sem outro objetivo além de cantar os
louvores ao Criador? As chamas do inferno são uma realidade ou uma ficção? A própria
Igreja o entende nesta última acepção; mas quais são os sofrimentos? Onde o lugar do
suplício? Numa palavra, que é o que se faz ou se vê nesse mundo que nos espera a
todos? Costuma-se dizer que ninguém voltou para nos dar informações. Isso é um erro,
e a missão do Espiritismo é precisamente esclarecer-nos sobre esse futuro, fazendo-nos,
por assim dizer, tocá-lo e vê-lo, não pelo raciocínio, mas pelos fatos. Graças às
comunicações espíritas, já não se trata de uma presunção ou de uma probabilidade,
sobre a qual cada um imagina à vontade e que os poetas embelezam com as suas ficções
ou repletam de imagens alegóricas que nos enganam. É a própria realidade que se nos
apresenta, pois são os próprios seres de além-túmulo que nos vêm descrever a sua
situação e falar-nos do que fazem, permitindo-nos, por assim dizer, assistir a todas as
peripécias de sua vida nova, e dessa maneira mostrar-nos a sorte inevitável que nos
aguarda, conforme os nossos méritos e os nossos deméritos. Haverá nisso algo de anti-
religioso? Muito pelo contrário, pois os incrédulos encontram nisso a fé e os tíbios uma
renovação do fervor e da confiança.

O Espiritismo é, pois, o mais poderoso auxiliar da religião. Se assim é, é que Deus o


permite, e o permite para reanimar nossas esperanças vacilantes e para reconduzir-nos
ao caminho do bem, pela perspectiva do futuro que nos aguarda."

Sigamos em frente com Emmanuel, galgando alguns passos na história de outros


tempos em que, talvez, nós tenhamos vivido.

"No Egito, os assuntos ligados à morte assumem especial importância para a


civilização. Anúbis, o deus dos sarcófagos, era o guardião das sombras e presidia à
viagem das almas para o julgamento que lhes competia no Além." Roteiro

Sobre o assunto, compartilhamos um trecho do estudo A Mediunidade na Antiguidade:

No Egito antigo, os magos dos faraós evocavam os mortos e muitos comercializavam os


dons de comunicabilidade com os mundos invisíveis para proveito próprio ou dos seus
clientes, fato esse comprovado pela proibição de Moisés aos hebreus: "Que entre nós
ninguém use de sortilégio e de encantamentos, nem interrogue os mortos para saber a
verdade" (Deuterônimo).

De forma idêntica às práticas religiosas da antiga índia, as faculdades mediúnicas no


Egito foram desenvolvidas e praticadas no silêncio dos templos sagrados, sob o mais
profundo mistério e rigorosamente vedadas à população leiga. A iniciação nos templos
egípcios era cercada de numerosos obstáculos e exigia-se o juramento de sigilo. A
menor indiscrição era punida com a morte.

Saídos de todas as classes sociais, mesmo o das mais ínfimas, os sacerdotes eram os
verdadeiros senhores do Egito. Os reis por eles escolhidos e iniciados só governavam a
nação a título de mandatários. Todos os historiadores estão de acordo em atribuir aos
sacerdotes do antigo Egito poderes que pareciam sobrenaturais e misteriosos.

Os magos dos faraós realizavam todos esses prodígios que são referidos na Bíblia. É
bem certo que eles evocavam os mortos, pois Moisés, seu discípulo, proibiu
formalmente que os hebreus se entregassem a essas práticas.

Os sacerdotes do antigo Egito eram tidos como pessoas sobrenaturais, em face dos
poderes mediúnicos que eram misturados maliciosamente com práticas mágicas e de
prestidigitação. A ciência dos sacerdotes do Egito antigo ultrapassava em muito a
ciência atual, pois conheciam o magnetismo, o sonambulismo, curavam pelo sono
provocado, praticavam largamente a sugestão, usavam a clarividência com fins
terapêuticos e eram célebres pelas práticas de curas hipnóticas.

http://www.ippb.org.br/textos/especiais/editora-vivencia/a-mediunidade-na-antiguidade

Vejamos mais um trecho da lição.

"Na China multimilenária, os antepassados vivem nos alicerces da fé. Em todas as


circunstâncias da vida, os Espíritos dos avoengos são consultados pelos descendentes,
recebendo orações e promessas, flores e sacrifícios." Roteiro

Gabriel Delane, no livro O Fenomeno Espírita, ratifica os dizeres de Emmanuel:

"Desde tempos imemoriais, o povo da China entrega-se à evocação dos Espíritos dos
avoengos. O missionário Huc refere grande número de experiências, cujo fim era a
comunicação dos vivos com os mortos, sendo que, em nossos dias, essas práticas estão
ainda em uso em todas as classes da sociedade. Com o tempo e em conseqüência das
guerras que forçaram parte da população hindu a emigrar, o segredo das evocações
espalhou-se em toda a Ásia, encontrando-se ainda entre os egípcios e entre os hebreus a
tradição que veio da índia."

Rainer Gonçalves, ao discorrer sobre s História da Religião Chinesa também nos ensina:
"Desde tempos remotos, a religião chinesa consistia na veneração aos deuses liderados
por Shang Di ("O Senhor das Alturas"), além de venerações aos antepassados. Entre as
famílias importantes da dinastia Chou, este culto era composto de sacrifícios em locais
fechados. Durante o período dos Estados Desunidos (entre 403 e 221 a.C.), os estados
feudais suspenderam os sacrifícios. Na dinastia Tsin, e no início da Han, os problemas
religiosos estavam concentrados nos "Mandamentos do Céu". Existiam, também,
seguidores do taoísmo-místico-filosófico que se desenvolvia em regiões separadas,
misturando-se aos xamãs e médiuns."
Muito mais que relatos históricos, temos a oportunidade de aprender, não apenas dentro
do ambiente espírita, mas também pautando nossas buscas em historiadores, que
demonstram que o fenômeno espírita acompanha o homem há muito tempo.
Os espíritos nos alertam quanto à importância da comunicação entre os mundos físico e
espiritual na questão 459 do Livro dos Espíritos:
"Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? Mais do que imaginais,
pois com bastante frequência são eles que vos dirigem."
Não se trata apenas de um intercâmbio voluntário que posso ou não fazer, mas de algo
que me atinge diretamente conforme a sintonia e a vibração espiritual em que estou.
Assim, vale a pena refletir, qual o espírito que tem me influenciado? A minha vida está
alicerçada moralmente para atrair bons espíritos e boas influências?
Sigamos em frente.

"Na Índia encontram nos “rakchasas”, Espíritos maléficos que residem nos sepulcros, os
portadores invisíveis de moléstias e aflições." Roteiro

"Rakshasa (em português, raxasa) é uma raça de seres mitológicoshumanoides ou


espíritos malignos na religião Budista e Hindu. O nome vem do sânscrito "raksha",
pedir proteção, já que eram seres tão horripilantes que induziam, a quem quer que se
deparassem com eles, a pedir proteção.
Eram seres abomináveis, canibais e de mente perversa. O Rakshasa mais célebre
foi Ravana, que se tornou rei de Sri Lanka (Ceilão) e que teve a ousadia de abduzir Sita,
a esposa de Vixnu, que havia se encarnado como Rama, história detalhada no clássico
hindu Ramayana." Wikipedia

Caminhemos mais um pouco com a lição.

"Os gregos acreditavam-se cercados pelas entidades que nomeavam por “demônios”
ou familiares intangíveis, as quais os inspiram na execução de tarefas habituais.
Em Roma, os Espíritos amigos recebem o culto constante da intimidade doméstica,
onde são interpretados como divindades menores. Para a antiga comunidade latina, as
almas bem-intencionadas, que haviam deixado, na Terra, os traços da sabedoria e da
virtude eram os “deuses lares”, com recursos de auxiliar amplamente, enquanto que os
fantasmas das criaturas perversas eram conhecidos habitualmente por “larvas”, cuja
aproximação causava dissabores e enfermidades." Roteiro

Continua o benfeitor nos falando da forma como nossos antepassados buscaram


compreender o mundo espiritual.

Como já vimos anteriormente, este referências trazidas por Emmanuel nos permitem
não apenas ampliar nosso conhecimento histórico, mas avaliar aquilo que trazemos de
vivências anteriores e renovamos em nosso viver com outros nomes.

Gregos e romanos sentiam a influenciação contínua dos espíritos maléficos, bem como
dos espíritos tutelares que desde os tempos antigos nos assistem e trabalham por nossa
jornada evolutiva. Temos algo semelhante no entendimento da doutrina espírita nos dias
de hoje.

"Lares eram divindades da religião romana antiga. É mais comum a forma no plural, “os
Lares”,[1] em referência direta ao latim Lares familiares, como nome coletivo para
indicar os espíritos que poderiam proteger ou prejudicar uma familia romana (conjunto
de pessoas), incluindo os servos e os escravos. Por sua vez, a existência do singular
“Lar”, da expressão latina Lar familiaris, provavelmente se explique por ser, no início,
um “Lar” por família, que protegia tanto o local onde se vivia como a própria família. O
seu sentido coletivo talvez seja resultado da multiplicidade de “Lares” (familiae) e
também da variedade de divindades domésticas, que também englobavam
os Penates e Vesta." Wikipedia

Sigamos mais um pouco com a lição.

"Os feiticeiros das tabas primitivas eram nas civilizações recuadas substituídos por
magos, cujo poder imperava sobre a espada dos guerreiros e sobre a coroa dos
príncipes.
E ainda, em todos os acontecimentos religiosos que precederam a vinda do Cristo, a
manifestação dos desencarnados ou o fenômeno espírita comparece por vívido clarão
daverdade, orientando os sucessos e guiando as supremas realizações do esforço
coletivo." Roteiro

A Federação Espírita Brasileira possui estudo interessante sobre a evolução histórica da


mediunidade, da qual grafamos a ordem e alguns trechos:

"Mediunidade Primitiva: A intuição é a mediunidade inicial; o médium é idólatra; adora


ou teme as forças da natureza, nomeadas como “deuses”: sol, céu, lua, estrelas, chuva,
árvores, rios, fogo, ser humano que se destaca na comunidade.

Mediunidade Tribal : Desenvolve -se uma mentalidade mediúnica coletiva: crença


grupal em Espíritos ou deuses. Aparecem as concepções de céu -pai (o criador ou o
fecundador) e terra -mãe (a geratriz, a que foi fecundada pelo criador).

Fetichismo: Forma mais aprimorada do mediunismo tribal, apresentando forte colorido


anímico, pelo culto aos fetiches ou objetos materiais que representam a Divindade ou os
Espíritos. Surge a figura do curandeiro ou feiticeiro, altamente respeitada e
reverenciada, amada e temida pelos demais membros da tribo ou clã. Em algum
momento, estas práticas se desdobraram em outras, conhecidas atualmente: vodu e
magia negra.
Mediuinismo Mitológico: A prática mediúnica caracteriza-se pela presença dos mitos
(simbolismo narrativo da criação do universo e dos seres) e pela magia (práticas
mediúnicas e anímicas de forte conotação ritualística).

Mediuinismo Oracular: É o mediunismo que aparece no período da história humana


considerado como início da civilização: é politeísta e religioso. • Os oráculos constituem
o cerne de toda a atividade humana, nada se faz sem consultá-los. A Grécia torna-se o
centro da mediunidade oracular, sendo o Oráculo de Delfos o mais famoso.

Prática Mediúnica dos Iniciados: Egípcios - a mediunidade de cura é especialmente


relatada em O Livro dos Mortos, mas os fenômenos de emancipação da alma eram
especialmente conhecidos e praticados. Hindus - em os Vedas encontram-se descritas
todas as etapas da iniciação mediúnica e do intercâmbio com os Espíritos. Os hindus se
revelam como mestres no domínio de práticas anímicas, tais como faquirismo e
desdobramento espiritual. Judeus - a mediunidade é natural, revela-se exuberante na
Bíblia, que apresenta uma significativa variedade de fenômenos, os de efeitos físicos e
os de efeitos inteligentes. O profetismo é o tipo de mediunismo que mais se destaca e
que marca o surgimento da primeira religião revelada: o judaísmo. Neste cenário surge a
figura notável de Moisés, médium de vários e poderosos recursos, a quem Deus
concedeu a missão de trazer ao mundo o Decálogo ou Os Dez mandamentos da Lei
Divina.

Pentecostes: No Novo Testamento, os apóstolos e discípulos de Jesus demonstram


maior entendimento da mediunidade que, manifestada aos borbotões, é utilizada para
auxiliar o próximo. • O dia de Pentecostes é caracterizado por ser o maior feito
mediúnico conhecido, até então (Atos dos Apóstolos, 2; 1-13)." (Estudo disponível no
site da FEB: http://www.febnet.org.br)

Seguindo a lição do livro Roteiro e também os fatos históricos apresentados pela FEB e,
também, por Emmanuel, adentramos, então, na mediunidade com Jesus.

" Com a supervisão de Jesus, porém, a marcha da espiritualidade na Terra adquire


novos característicos.
Ele é o disciplinador dos sentimentos, o grande construtor da Humanidade legítima.
Por trezentos anos, os discípulos do Senhor sofrem, lutam, sonham e morrem para doar
ao mundo a doutrina de luz e amor, com a plena vitória sobre a morte, mas a política
do Império Romano reduz, por dezesseis séculos consecutivos, o movimento
libertador." Roteiro

Há um propósito divino em termos este intercâmbio com o mundo espiritual e com


Jesus avançamos, treinando sentimentos, percebendo que o mundo que nos cerca é uma
ínfima parcela da vida verdadeira. Ampliamos nossa perspectiva e isto nos dá força e
coragem para as lutas diárias, que se revestem de importância menor ante o avanço de
nossa percepção do mundo e das leis divinas.

Assim, também, nos ensina André Luiz, no livro Mecanismos da Mediunidade:

" Em nos reportando a qualquer estudo da mediunidade, não podemos olvidar que, em
Jesus, ela assume todas as características de exaltação divina. Desde a chegada do
Excelso Benfeitor ao Planeta, observa-se-lhe o pensamento sublime penetrando o
pensamento da Humanidade. Dir-se-ia que no estábulo se reúnem pedras e arbustos,
animais e criaturas humanas, representando os diversos reinos da evolução terrestre,
para receber-lhe o primeiro toque mental de aprimoramento e beleza. Casam-se os hinos
singelos dos pastores aos cânticos de amor nas vozes dos mensageiros espirituais,
saudando Aquele que vinha libertar as nações, não na forma social que sempre lhes
seria vestimenta às necessidades de ordem coletiva, mas no ádito das almas, em função
da vida eterna. Antes dele, grandes comandantes da ideia haviam pisado o chão do
mundo, influenciando multidões. Guerreiros e políticos, filósofos e profetas alinhavam-
se na memória popular, recordados como disciplinadores e heróis, mas todos desfilaram
com exércitos e fórmulas, enunciados e avisos em que se misturam retidão e
parcialidade, sombra e luz. Ele chega sem qualquer prestígio de autoridade humana,
mas, com a sua magnitude moral, imprime novos rumos à vida, por dirigir-se, acima de
tudo, ao espírito, em todos os climas da Terra. Transmitindo as ondas mentais das
Esferas Superiores de que procede, transita entre as criaturas, despertando-lhes as
energias para a Vida Maior, como que a tanger-lhes as fibras recônditas, de maneira a
harmonizá-las com a sinfonia universal do Bem Eterno."

Eis então o encerramento da lição:


“Os séculos, contudo, na eternidade, são simples minutos e, em seguida às sombras da
grande noite, o evangelismo puro surge, de novo.
Cristianismo _ doutrina do Cristo...
Espiritismo _ doutrina dos Espíritos...
Volta a influência do Mestre sobre a imensa coletividade humana, constituída por
mentes de infinita gradação.
Homens por homens, inteligências por inteligências, incorreríamos talvez no perigo de
comprometermos o progresso do mundo, isolados em nossos pontos de vista e em
nossas concepções deficitárias, mas, regidos pela Infinita Sabedoria, rumaremos para a
perfeição espiritual, a fim de que, um dia, despojados em definitivo das escamas
educativas da carne, possamos compreender a excelsa palavra da celeste advertência:
_ “vós sois deuses”..." Roteiro

Muitos verão e falarão com espíritos, porém, com Jesus somos convidados a uma
harmonia e a uma fraternidade que até então inexistiam. Os espíritos mais evoluídos nos
auxiliaram em nossa jornada, e os que nos são inferiores ou que encontram-se em
situação de sofrimento, poderão ser por nós auxiliados.

Importante observar que a doutrina espírita não considera os espíritos maléficos como
inimigos eternos, mas compreende que também eles são nossos irmãos e que
encontrarão oportunidades de redenção. Esta visão é única. Nos outros segmentos do
cristianismo acredita-se no inferno e em espíritos que transitaram no mal eternamente,
porém, o espírita reconhecendo as diversas vidas e as diversas oportunidades, acolhe o
irmão sofredor que ainda transita no mal com amor, caridade e compaixão, colocando
em prática o ensinamento maior do Cristo aos seus discípulos:

"Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos
amei; que dessa mesma maneira tenhais amor uns para com os outros." João 13:34

Pelo muito que já erramos, carecemos da misericórdia divina e reconhecemos que a


caridade para com todos é o único caminho que poderá redimir a humanidade.

Um fraterno abraço e até o próximo estudo.


Estudo Roteiro
Lição 25 - Ante a vida mental

"Do latim mens, o conceito de mente diz respeito a uma dimensão ou a um fenômeno
complexo que se associa ao pensamento." Dicionário On Line

A mente, ainda hoje, é objeto de estudos e descobertas constantes. Existem casos


relatados que nos permitem dizer com toda a segurança que não utilizamos o potencial
de nossa mente porque não a conhecemos. O pensamento age não apenas em reflexão,
inteligência, aprendizado, mas é capaz de agir sobre a matéria, alterando o seu estado.
Para exemplificar, trazemos ao estudo o caso amplamente noticiado na internet e que
deu origem a um documentário no History Chanel, sobre os monges que secam lençóis
com o poder da mente.

"Em uma das mais notáveis exposições de suas habilidades, um grupo de monges
tibetanos permitiu que médicos monitorassem mudanças corporais, enquanto eles se
concentravam em uma técnica de meditação conhecida como yoga g-tummo. Durante o
processo, os monges foram envoltos em lençóis molhados e frios ( 9,4 graus centígrados
) e colocados em uma sala com temperatura de 4,5 graus centígrados. Em tais
condições, uma pessoa comum provavelmente experimentaria tremores incontroláveis e
em pouco tempo sofreria hipotermia. No entanto, através da profunda concentração, os
monges foram capazes de gerar calor corporal, e em poucos minutos, os pesquisadores
notaram vapor saindo dos lençóis que cobriam os monges. Dentro de uma hora, os
lençóis estavam completamente secos."
(https://www.youtube.com/watch?v=lyxqHQkihRw)

Como tratamos esta questão? O que cabe em nosso corrido dia a dia para que nos
conheçamos melhor e usemos a nossa mente cada vez mais? Recordemos de
Jung: "Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta."
Iniciemos a lição:

"Quando a criatura passa a interrogar o porquê do destino e da dor e encontra a luz


dos princípios espiritistas a clarear-lhe os vastos corredores do santuário interno, deve
consagrar-se à apreciação do pensamento, quanto lhe seja possível, a fim de iniciar-se
na decifração dos segredos que, para nós todos, ainda velam o fulcro mental." Roteiro

Pensamos o tempo todo, dizem alguns, porém, o que o benfeitor nos está dizendo neste
primeiro parágrafo é algo mais. Não se tratam dos pensamentos corriqueiros e sem
nenhum controle que acontecem em todos os homens, indistintamente. Trata-se do
pensar consciente, da reflexão, da busca por algo interior.

É algo muito comum quando adoecemos ou passamos por algo grave que nos remeta a
possibilidade de morrer. O porquê do destino e da dor começa a envolver a criatura que
poderá encontrar ou não as luzes que clareiam o caminho. Temos o espiritismo, como o
cristianismo redivivo a nos guiar e iluminar. Façamos uso deste conhecimento sublime
para aproveitarmos esta encarnação, alçando voos mais altos em nossa trajetória
evolutiva.

Caminhemos mais um pouco com a lição.

"Se as incógnitas do corpo fazem no mundo a paixão da ciência, que designa exércitos
numerosos de hábeis servidores para a solução dos problemas de saúde e genética,
reconforto e eugenia, além túmulo a grandeza na mente desafia-nos todos os potenciais
de inteligência, no trato metódico dos assuntos que lhe dizem respeito." Roteiro

A cada mundo os seus desafios e necessidades. Aqui, ante as nossas necessidades físicas
e diárias, não raro passamos a vida resolvendo questões meramente materiais. Mas e ao
desencarnar? Quais serão nossas preocupações? Do que nos ocuparemos?

Emmanuel nos relata que no além túmulo, compreender a mente é o grande desafio.
Enquanto encarnados, nosso invólucro carnal nos protege e esconde. Poucos sabem o
que estou pensando no momento. Não obstante, ao desencarnarmos tudo muda e nosso
pensar torna-se explícito, tal qual uma pessoa nua em meio a multidão, será o nosso
espírito diante do Universo.

E para que isto deixe de ser tão assustador quanto parece (e é!!!) precisamos nos
preparar, precisamos saber quem somos, reconhecer nossos pensamentos, aprender um
pouco mais sobre a nossa mente.

Pouco sabemos, é fato.

"A psicologia e a psiquiatria, entre os homens da atualidade, conhecem tanto do


espírito, quanto um botânico, restrito ao movimento em acanhado círculo de observação
do solo,que tentasse julgar um continente vasto e inexplorado, por alguns talos de erva,
crescidos ao alcance de suas mãos." Roteiro

A comparação é séria e gravíssima. Um talo de erva e um continente, o que sabemos da


mente e o que ela efetivamente é.

É bom que tenhamos este parâmetro, ele nos chama para perto da virtude mais
necessária a quem deseja aprender: a humildade.

André Luiz, no livro Mecanismos da Mediunidade, também reflete sobre a questão


quando fala sobre o pensamento das criaturas:

"Do Princípio Elementar, fluindo incessantemente no campo cósmico, auscultamos, de


modo imperfeito, as energias profundas que produzem eletricidade e magnetismo, sem
conseguir enquadrá-las em exatas definições terrestres, e, da matéria mental dos seres
criados, estudamos o pensamento ou fluxo energético do campo espiritual de cada um
deles, a se graduarem nos mais diversos tipos de onda, desde os raios super-ultra-curtos,
em que se exprimem as legiões angélicas, através de processos ainda inacessíveis à
nossa observação, passando pelas oscilações curtas, médias e longas em que se
exterioriza a mente humana, até as ondas fragmentárias dos animais, cuja vida psíquica,
ainda em germe, somente arroja de si determinados pensamentos ou raios
descontínuos."
Se a mente está associada ao pensamento, o que, afinal, é o pensamento?

"Libertos do veículo de carne, quando temos a felicidade de sobre pairar além das
atrações de natureza inferior, que, por vezes, no imantam à crosta da Terra,
indefinidamente, compreendemos que o poder mental reside na base de todos os
fenômenos e circunstâncias de nossas experiências isoladas ou coletivas.
A mente é manancial vivo de energias criadoras.
O pensamento é substância, coisa mensurável." Roteiro

Energia? Coisa mensurável?

Seja como o nominemos é importante que saibamos que o pensamento está em tudo o
que nos cerca, fenômenos e circunstâncias, isoladas ou coletivas.

Fenômeno é um acontecimento observável, particularmente algo especial (literalmente


"algo que pode ser visto", derivado da palavra grega phainomenon = "observável")

Circunstância: Particularidade que acompanha determinado .fato ou acontecimento.


Qualidade anexa ou determinante.Fato que provoca determinada .ação ou comportamen
to. Estado das coisas num determinado momento

Seja na causa ou na consequência do que nos cerca, nosso pensamento está envolvido. E
não apenas isto, vejam o que Emmanuel diz a seguir:

"Encarnados e desencarnados povoam o Planeta, na condição de habitantes dum imenso


palácio de vários andares, em posições diversas, produzindo pensamentos múltiplos
que se combinam, que se repelem ou que se neutralizam." Roteiro

Três verbos: combinar, repelir, neutralizar.

Estes verbos nos falam de como nosso pensamento age. Se pensamos de forma
negativa, iremos nos coadunar com as forças equivalentes, bem como repelir o que é
positivo. Mas se passarmos a agir de forma consciente, iremos decidir com que tipo de
pensamentos iremos combinar, que tipo de pensamentos iremos repelir e até mesmo que
tipo de pensamentos iremos neutralizar.

André Luiz nos explica como funcional estes corpúsculos mentais:

"Como alicerce vivo de todas as realizações nos Planos físico e extrafísico, encontramos
o pensamento por agente essencial. Entretanto, ele ainda é matéria, — a matéria mental,
em que as leis de formação das cargas magnéticas ou dos sistemas atômicos prevalecem
sob novo sentido, compondo o maravilhoso mar de energia sutil em que todos nos
achamos submersos e no qual surpreendemos elementos que transcendem o sistema
periódico dos elementos químicos conhecidos no mundo.
Temos, ainda aqui, as formações corpusculares, com bases nos sistemas atômicos em
diferentes condições vibratórias, considerando os átomos, tanto no Plano físico, quanto
no Plano mental, como associações de cargas positivas e negativas.
Isso nos compete naturalmente a denominar tais princípios de “núcleos, prótons,
nêutrons, posítrons, elétrons ou fótons mentais”, em vista da ausência de terminologia
analógica para estruturação mais segura de nossos apontamentos.
Assim é que o halo vital ou aura de cada criatura permanece tecido de correntes
atômicas sutis dos pensamentos que lhe são próprios ou habituais, dentro de normas que
correspondem à lei dos “quanta de energia” e aos princípios da mecânica ondulatória,
que lhes imprimem frequência e cor peculiares.
Essas forças, em constantes movimentos sincrônicos ou estado de agitação pelos
impulsos da vontade, estabelecem para cada pessoa uma onda mental própria."

Pensemos um pouco na questão do efeito placebo e do efeito nocebo.

Placebo

"Um placebo é uma substância inerte ou uma crença que produz efeitos biológicos reais
em seres humanos. É tão amplamente aceito como fato, que placebos são incluídos na
maioria dos testes médicos como forma de provar se, por exemplo, uma droga funciona
pelos próprios méritos ou porque as pessoas simplesmente "pensam" que ela funciona.
Há centenas de experimentos que comprovam os efeitos do placebo, mas um dos mais
divertidos é um teste feito por um grupo de estudantes de Princeton. Eles deram uma
festa e convidaram diversos colegas que nada sabiam da experiência. Os
experimentadores secretamente esvaziaram os barris da cerveja Heineken e os
encheram com O'Douls (marca de cerveja que contém cerca de 0,4% de álcool,
enquanto que a cerveja normal tem em torno de 5%) e, em seguida, presenciaram seus
amigos agindo como bobos, arrastando as palavras, dormindo no chão, enfim,
comportando-se como se estivessem bêbados. Embora seja quase impossível embriagar-
se com O'Douls, os estudantes tinham uma forte crença de que estavam bebendo
cerveja com teor alcóolico padrão, crença que afetou o comportamento deles.
Curiosamente, pesquisadores tem observado que o efeito placebo, de alguma forma tem
se tornado cada vez mais forte, e algumas drogas que estão no mercado há anos, agora
são considerados menos eficazes do que muitos placebos. Naturalmente, esta é uma
questão sensível para o bolso das grandes empresas farmacêuticas, que estão realizando
centenas de estudos neurológicos em um esforço para chegar a novas maneiras de
proteger seus produtos contra simples pílulas de açúcar."
Nocebo
"Enquanto placebos são geralmente associados com resultados positivos, como a cura
de uma doença ou ficar bêbado com O'Douls (se você considerar a embriaguez como
algo positivo), o efeito nocebo produz resultados negativos, como vômitos em pacientes
com câncer antes do início da quimioterapia ou uma erupção cutânea em alguém que
pensou ter tocado em hera venenosa, mesmo que tenha sido em uma planta comum.

Um dos mais conhecidos exemplos do fenômeno nocebo, foi um incidente publicado na


"New Scientist". De acordo com o relato, tarde da noite, um homem do Alabama,
conhecido como Vance, foi a um cemitério e encontrou-se com um feiticeiro. Esse
feiticeiro, na ocasião, previu a morte de Vance para dentro de poucos dias. Acreditando
na previsão, Vance logo caiu doente e em questão de semanas estava raquítico e perto
da morte. Vance foi levado para o hospital, mas os médicos não encontraram nada de
errado com ele. Finalmente, a esposa de Vance conversou com o Dr. Doherty, médico
que cuidava do caso, sobre o encontro do marido com o feiticeiro. Então, o médico teve
uma ideia criativa: no dia seguinte, o Dr. Doherty disse ao casal que havia encontrado o
feiticeiro e, que sob ameaças físicas, o macabro sujeito confessara ter colocado um
lagarto dentro de Vance e que o bicho estava devorando as entranhas dele. Depois de
retirar o lagarto imaginário de dentro do paciente, ( o Dr. Doherty sorrateiramente havia
levado um lagarto para dentro da sala de cirurgia ) Vance acordou alerta, com fome, e
não demorou muito para que ele se recuperasse totalmente.

Aparentemente, essa história foi corroborada por outros quatro profissionais da área
médica, e é frequentemente citada quando se explica os motivos dos feitiços às vezes
funcionarem (ou seja, não é por causa de magia, mas sim, por causa do efeito nocebo)."
(http://kid-bentinho.blogspot.com.br/2013/05/10-incriveis-exemplos-do-poder-da-
mente.html)

Está em nosso querer, conforme nos explica André Luiz: "...a matéria mental é o
instrumento sutil da vontade, atuando nas formações da matéria física, gerando as
motivações de prazer ou desgosto, alegria ou dor, otimismo ou desespero, que não se
reduzem efetivamente a abstrações, por representarem turbilhões de força em que a
alma cria os seus próprios estados de mentação indutiva, atraindo para si mesma os
agentes (por enquanto imponderáveis na Terra), de luz ou sombra, vitória ou derrota,
infortúnio ou felicidade." Mecanismos da Mediunidade.

Sigamos em frente com a lição.

"Correspondem-se as idéias, segundo o tipo em que se expressam, projetando raios de


força que alimentam ou deprimem, sublimam ou arruínam, integram ou desintegram,
arrojados sutilmente do campo das causas para a região dos efeitos.
A imaginação não é um país de névoa, de criações vagas e incertas. É fonte de
vitalidade, energia, movimento..." Roteiro

Citamos, novamente André Luiz, para bem compreendermos a riqueza do que


Emmanuel nos está dizendo:

"Emitindo uma ideia, passamos a refletir as que se lhe assemelham, ideia essa que para
logo se corporifica, com intensidade correspondente à nossa insistência em sustentá-la,
mantendo-nos, assim, espontaneamente em comunicação com todos os que nos esposem
o modo de sentir.
É nessa projeção de forças, a determinarem o compulsório intercâmbio com todas as
mentes encarnadas ou desencarnadas, que se nos movimenta o Espírito no mundo das
formas-pensamentos, construções substanciais na Esfera da alma, que nos liberam o
passo ou no-lo escravizam, na pauta do bem ou do mal de nossa escolha. Isso acontece
porque, à maneira do homem que constrói estradas para a sua própria expansão ou que
talha algemas para si mesmo, a mente de cada um, pelas correntes de matéria mental
que exterioriza, eleva-se a gradativa libertação no rumo dos Planos superiores ou
estaciona nos Planos inferiores, como quem traça vasto labirinto aos próprios pés."
Mecanismos da Mediunidade

Como nos sentimos após ouvir uma música de caráter elevado que nos remeta a paz e a
harmonia? Como nos sentimos ao contemplar a natureza e sua esplendorosa beleza?
Como nos sentimos ao olhar o céu em noite estrelada?

As empresas que dominam o comércio mundial investem milhões em busca de conhecer


como nossa mente funciona e elas tem tido êxito em nos fazer consumir cada vez. Será
que realmente precisamos de tantas coisas?

Vejam um trecho de uma avaliação sobre a questão do marketing e do consumo.

"A cultura de consumo suportada por diligentes empresas de comunicação e meios,


ainda de PNL, de entre outras, contribui para o atingir a mente dos consumidores
através de programação dedicada ao subconsciente. É claro que qualquer necessidade
continua a ser traduzida por um processo primário, configurado em torno da tenção
fisiológica e psicológica, entre a satisfação e a frustração. O que poderá ser questionado
actualmente é a capacidade do Homem fantasiar em torno deste mesmo processo.
Mas o que é que mudou? Desde logo, o entronizar da ilusão do poder pelo consumo, ou
seja o consumo transformou-se no mais importante ideal de afirmação social,
económico, status, etc. A este propósito salientamos ainda o facto da identidade social
do indivíduo, agora massificado, já não o remeter, como outrora, para a família de
referência ou para a função (profissão) desempenhada, mas, cada vez mais, para o seu
estilo de consumo.
Numa sociedade onde tudo parece ser acto de consumo, coloca-se a possibilidade de
assistimos a mudanças no ciclo motivacional, esbatendo-se o controlo sobre os impulsos
oniomaniacos, contribuindo largamente para isso a desenfreada oferta de crédito ao
consumo e a comunicação empresarial. Tal situação poderá representar a fragmentação
da teoria da motivação de Maslow, já que perante um mundo crescentemente reduzido
às relações de consumo e aos seus atributos de status, o Homem se vê agora submetido
a uma exaltada e inevitável influência psicológica / íntima, suportada por modernas
técnicas de persuasão. Afinal, se tudo mudou, porque não se adaptaria o Homem a esse
novo mundo, quando pensamos na forma de lidar com as suas
necessidades?" https://consultapsicologo.com.br/2008/03/27/maslow-mcgregor-e-
herzberg-teorias-motivacao/

Caminhemos com Emmanuel neste rico aprendizado.

"A imaginação não é um país de névoa, de criações vagas e incertas. É fonte de


vitalidade, energia, movimento..." Roteiro

Segundo Julio Verne, "Tudo que uma pessoa pode imaginar, outras podem tornar real. "

Recordemos a lição 5 do livro Roteiro: "...somos o que decidimos, possuímos o que


desejamos, estamos onde preferimos e encontramos a vitória, a derrota ou a estagnação,
conforme imaginamos."

A assim encerramos a lição:

"O idealismo operante, a fé construtiva, o sonho que age, são os pilares de todas as
realizações.Quem mais pensa, dando corpo ao que idealiza, mais apto se faz à
recepção das correntes mentais invisíveis, nas obras do bem ou do mal.
E, em razão dessa lei que preside à vida cósmica, quantos se adaptarem, ao reto
pensamento e à ação enobrecedora, se fazem preciosos canais da energia divina, que,
em efusão constante, banha a Humanidade em todos os ângulos do Globo, buscando as
almas evoluídas e dedicadas ao serviço de santificação, convertendo-as em médiuns ou
instrumentos vivos de sua exteriorização, para benefício das criaturas e erguimento da
Terra ao concerto dos mundos de alegria celestial." Roteiro

Reto pensamento e ação enobrecedora, roteiros imprescindíveis para quem quer evoluir
neste campo tão precioso e tão desconhecido que é o mundo mental.
Deus nos quer bem e está em nós a decisão de buscarmos os mundos de alegria
celestial. Avancemos, caminhando com consciência, sabedores de que tudo o que
fazemos e pensamos é construção para o amanhã.

Tenhamos em Jesus o guia excelso, permitindo que ele adentre em nossa casa, como
nos ensina Emmanuel.

"A mente é a casa viva onde cada um de nós reside, segundo as nossas próprias
concepções.
A imaginação é o arquiteto de nosso verdadeiro domicílio.
Se julgarmos que o ouro é o material adequado à nossa construção, cedo sofremos a
ventania destruidora ou enregelante da ambição e da inveja, do remorso e do tédio, que
costuma envolver a fortuna, em seu castelo de imprevidência.
Se supomos que o poder humano deve ser o agasalho de nosso Espírito, somos
apressadamente defrontados pela desilusão que habitualmente coroa a fronte das
criaturas enganadas pelos desvarios da autoridade.
Se encontramos alegria na crítica ou na perversidade, naturalmente nos demoramos no
cárcere escuro da maledicência ou do crime.
Moramos, em espírito, onde projetamos nosso pensamento.
Respiramos o bem ou o mal, de acordo com as nossas preferências na vida.
Na Terra, muitas vezes temos a máscara física emoldurada em honrarias e esplendores,
guardando nossa alma em deploráveis cubículos de padecimentos e trevas.
Só o trabalho incessante no bem pode oferecer-nos a milagrosa química do amor para a
sublimação de nosso lar interno. Por isso mesmo, disse Jesus: — “meu Pai trabalha até
hoje e eu trabalho também.”
Idealizemos mais luz para o nosso caminho.
Abracemos o serviço infatigável aos nossos semelhantes e a nossa experiência, de
alicerces na Terra, culminará feliz e vitoriosa, nos esplendores do Céu." Reformador,
fevereiro 1956, p. 39
Estudo do livro Roteiro
Lição 26 – Afinidade

Na lição anterior tivemos a oportunidade de refletir sobre o nosso mundo mental,


percebendo que ainda estamos distantes da verdadeira compreensão de como nossa
mente funciona e da utilização de suas potencialidades.

Pascal nos ensina que “O homem é visivelmente feito para pensar; é toda sua dignidade
e todo seu mérito; e todo o seu dever consiste em pensar corretamente. Ora, a ordem do
pensamento é de começar por si, e pelo seu autor e sua finalidade.”

Ninguém duvida disto, fomos feitos para pensar, pensamos o tempo todo. Mas será que
o pensamento começa por si, pelo seu autor?

O que Emmanuel vem nos oferecer nesta lição são reflexões sobre o livre pensar e a
influência externa nesta liberdade. De igual forma, esta lição nos convida a refletir sobre
a atuação de nosso pensar. Tal qual uma rede neural com milhares de conexões, nosso
pensamento está conectado ao de milhares de outros seres, influenciando e sendo
influenciado, e isto merece toda a nossa atenção.

Assim, iniciemos a lição.

“O homem permanece envolto em largo oceano de pensamentos, nutrindo-se de


substância mental, em grande proporção.” Roteiro

Maria João de Deus, depois de desencarnar, encaminhou ao filho, Chico Xavier,


preciosas considerações sobre este “oceano de pensamentos” em que vivemos e nos
nutrimos. Descreve-nos a psicosfera da Terra:
“De volta das regiões atmosféricas do planeta, fui induzida pelo meu preclaro
companheiro a contemplar o que podemos chamar de aura da Terra. Vi a princípio as
camadas de espaço que lhe são imediatas como um todo homogêneo numa cor
uniforme.
Mas o meu guia exclamou:
— “Busca ver como a humanidade se une pelo pensamento aos Planos invisíveis. O teu
golpe de vista abrangeu a paisagem, procure agora os detalhes.”
“Fixando atentamente o quadro, notei que filamentos estranhos, em posição vertical, se
entrelaçavam nas vastidões sem se confundirem. Não haviam dois iguais e as suas cores
variavam do escuro ao claro mais brilhante. Alguns se apagavam, mas outros se
acendiam em extraordinária sucessão e todos eram possuídos de movimento natural,
sem uniformidade em suas particularidades.
— “Esses filamentos” — disse-me com bondade — “são os pensamentos emitidos pelas
personalidades encarnadas; são reflexos cheios de vida, através dos quais podemos
avaliar os cérebros que os transmitem. Aos poucos conhecerás quais são os da
concupiscência, os da maldade, os da pureza, os do amor ao próximo.
“Esses raros, que aí vês e que se caracterizam pela sua alvura fulgurante, são os
emitidos pela virtude e quando nos colocamos em imediata relação com uma destas
manifestações, que nos chegam dos Espíritos da Terra, o contato direto se verifica entre
nós e a individualidade que nos interessa.” ( Do livro Cartas de um morta, A aura da
Terra e a ligação da Humanidade aos Planos invisíveis).

Nossos pensamentos revelam quem somos e nos conectam como outros seres, também
pensantes. Será, então, o nosso pensamento livre? Se estamos conectados, ligados uns
aos outros, qual influência que o pensamento alheio exerce sobre a minha vida? Estou
sujeito aos desenganos alheios que pensam com ódio, mau querer, vingança, inveja?

Caminhemos com a lição em busca destas respostas.

“Toda criatura absorve, sem perceber, a influência alheia nos recursos imponderáveis
que lhe equilibram a existência.
Em forma de impulsos e estímulos, a alma recolhe, nos pensamentos que atrai, as
forças de sustentação que lhe garantem as tarefas no lugar em que se coloca.” Roteiro
Emmanuel nos diz que absorvemos sem perceber e isto é fato. Quando entramos em um
ambiente sentimos a sua vibração e, mesmo sem uma análise consciente do que está
acontecendo, rapidamente nos sentimos bem ou mal naquele determinado local. Isto,
também, acontece diante de pessoas e a tão famoso “primeira impressão” nos quer
alertar, justamente, sobre esta percepção.

O grande desafio, então, deixa de ser impedir estas influências, uma vez que elas
acontecerão. Nosso verdadeiro desafio é estarmos cada vez mais conscientes de como o
ambiente que escolhemos estar nos influência e, assim, passarmos a escolher melhor,
onde estamos e com quem estamos.

Vejam este poema de Regis Mesquita:

“No dia em que sorri para você sua mente voava e você não percebeu.
No momento em que mostrei meu interesse sua mente vagava e você não entendeu.
Quando tentei te dar carinho sua mente estava longe e você não sentiu.
Só quando parti, a dor fez sua mente prestar atenção.
Só quando me fui, a tristeza fez sua mente focar em mim.
Só quando estava longe, sua mente pediu para suas mãos me acariciarem.
Só quando estava ausente, sua mente estava presente.
Você desperdiçou o amor e abraçou a dor”.

O que temos abraçado? A dor ou o amor? Percebemos as coisas boas e positivas do


nosso dia a dia? Ou apenas despertamos pelo aguilhão da dor?

Sigamos em frente com a lição.

“O homem poderá estender muito longe o raio de suas próprias realizações, na ordem
material do mundo, mas, sem a energia mental na base de suas manifestações,
efetivamente nada conseguirá.
Sem os raios vivos e diferenciados dessa força, os valores evolutivos dormiriam
latentes, em todas as direções.” Roteiro
Não basta realizar, é preciso que avaliemos o “valor evolutivo” da realização em nossas
vidas. E o que significa valor evolutivo? Como compreender de que forma o que
realizamos todos os dias em nossas tarefas diárias nos auxilia ou não em nossa jornada
evolutiva?

Emmanuel nos ensina:

“Claramente, nós, os Espíritos em aperfeiçoamento, no aperfeiçoamento terrestre,


conseguimos alterar ou manobrar as energias e os seres inferiores do orbe a que
transitoriamente, nos ajustamos, e do qual nos é possível catalogar os impérios da luz
infinita, estuantes no Universo.
À face disso, não obstante sustentados pelo Apoio Divino, nas lides educativas que
nos são necessárias, o aprimoramento moral corre por nossa conta.
O professor ensina, mas o aluno deve realizar-se.
Os Espíritos superiores nos amparam e esclarecem, no entanto, é disposição da Lei
que cada consciência responda pelo próprio destino. Meditemos nisso, valorizando as
oportunidades em nossas mãos.
Por muito alta que seja a quota de trabalho corretivo que tragas dos compromissos
assumidos em outras reencarnações, possuis determinadas sobras de tempo, — do
tempo que é patrimônio igual para todos — e, com o tempo de que dispões, basta usares
sabiamente a vontade, que tanta vez manejamos para agravar nossas dores, a fim de te
consagrares ao serviço do bem e ao estudo iluminativo, quando quiseres, como quiseres,
onde quiseres e quanto quiseres, melhorando-te sempre.” (Livro da Esperança –
Evolução e Aprimoramento).

Sigamos em frente com a lição:

“A mente, em qualquer plano, emite e recebe, dá e recolhe, renovando-se


constantemente para o alto destino que lhe compete atingir.
Estamos assimilando correntes mentais, de maneira permanente.
De modo imperceptível, “ingerimos pensamentos”, a cada instante, projetando, em
torno de nossa individualidade, as forças que acalentamos em nós mesmos.
Por isso, quem não se habilite a conhecimentos mais altos, quem não exercite a vontade
para sobrepor-se às circunstâncias de ordem inferior, padecerá, invariavelmente, a
imposição do meio em que se localiza.” Roteiro

É interessante o uso do termo “ingerimos pensamentos”, porque nos remete a duas


coisas: alimentação e escolha.

Precisamos nos alimentar, todos sabemos disto e, também, podemos escolher qual o
alimento iremos ingerir. A ciência nos tem mostrado que uma boa alimentação está
diretamente relacionada a uma boa saúde.

Assim, esta analogia se torna perfeita para que possamos compreender que podemos
buscar um alimento mental de qualidade,”ingerindo pensamentos” que agreguem em
nossas vidas coisas boas e edificantes. Existem certos noticiários, por exemplo, que
prestam um verdadeiro dês-serviço ao nosso mundo mental, induzindo-nos a
pensamentos de desesperança e desânimo. É certo que notícias ruins existem, mas será
que só elas? E que está sendo realizado no bem, qual o espaço que damos para estas
notícias em nossas vidas?

Eis a razão da advertência que Emmanuel faz: “quem não exercite a vontade para
sobrepor-se às circunstâncias de ordem inferior, padecerá, invariavelmente, a imposição
do meio em que se localiza.” Se não escolhemos, estaremos sujeitos aos estímulos que o
meio nos oferece. A vontade se sobrepõe a circunstância, deixamos de ser meros
receptores das mais variadas influências passando a ser agentes que escolhem como e
onde alimentar o seu pensar e o seu sentir.

Paulo de Tarso em sua primeira Carta aos Coríntios afirma que “Todas as coisas me são
lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me
deixarei dominar por nenhuma.” 1 Coríntios 6:12

E este versículo é exatamente o que Emmanuel nos oferece neste parágrafo, chamando-
nos a usar a nossa vontade para deixar de realizar aquilo que até é permitido pela lei
humana, mas que em nada contribui para a nossa jornada evolutiva.
Sigamos em frente.

“Somos afetados pelas vibrações de paisagens, pessoas e coisas que cercam.


Se nos confiamos às impressões alheias de enfermidade e amargura, apressadamente se
nos altera o “tônus mental”, inclinando-nos à franca receptividade de moléstias
indefiníveis.
Se nos devotamos ao convívio com pessoas operosas e dinâmicas, encontramos valioso
sustentáculo aos nossos propósitos de trabalho e realização.” Roteiro

Não apenas pessoas nos afetam, mas paisagens e coisas.

Quem conheceu o mar na idade adulta certamente lembrará da sensação que a


imensidão azul lhe trouxe aos sentidos, desde a visão, o olfato, a audição, tudo nos é
estimulado pelo que nos cerca.

Como esperar um comportamento tranquilo de uma criança que vive em um ambiente


onde os adultos estão em constantes discussões? Como esperar habilidades cognitivas
de uma criança que nunca é estimulada? Como esperar por alegria e paz se estamos
constantemente buscando notícias ruins e convivendo com pessoas com fortes vibrações
negativas?

Precisamos avaliar o meio em que nos encontramos e fazer escolhas. E mesmo que
tenhamos que conviver em ambientes ou pessoas com altas cargas negativas, tendo
consciência de sua influência, podemos buscar o equilíbrio e o refazimento em outras
fontes, sempre que possível.

Sigamos em frente.

“Princípios idênticos regem as nossas relações uns com os outros, encarnados e


desencarnados.
Conversações alimentam conversações.
Pensamentos ampliam pensamentos.
Demoramo-nos com que se afina conosco.
Falamos sempre ou sempre agimos pelo grupo de espíritos a que nos ligamos.
Nossa inspiração está filiada ao conjunto dos que sentem como nós, tanto quanto a
fonte está comandada pela nascente.
Somos obsidiados por amigos desencarnados ou não e auxiliados por benfeitores, em
qualquer plano da vida, de conformidade com a nossa condição mental.
Daí, o imperativo de nossa constante renovação para o bem infinito.” Roteiro

Alimentamos nossa mente e coração conforme o nosso querer. E quem somos cria
reflexos no mundo que nos cerca de forma positiva ou negativa, tornando-nos
corresponsáveis pelo pensar alheio.

O caminho, então, é cuidar do alimento que ingerimos, compreendendo quem somos e


quem são os que nos cercam.

Jesus nos disse que a boca fala do que o coração está cheio. E somos nós que
escolhemos o que habita ou não em nossos corações.

A primeira e a segunda revelação, Antigo e Novo Testamento, nos oferecem vários


pensamenots que tratam do tema, tão importante ao homem desde os primeiros passos:

Provérbios 15:28
O justo medita antes de responder, mas a boca dos ímpios faz jorrar o mal.
Provérbios 22:17,18
Inclina teu ouvido e presta toda atenção aos ditados dos sábios; aplica teu coração ao
meu ensino,…
Salmos 37:30,31
A boca do justo proclama a sabedoria, e sua língua anuncia o direito.…
Provérbios 16:21
O sábio de coração é considerado inteligente; quem fala com equilíbrio tem o poder de
convencer os outros.

Provérbios 16:22
O entendimento é fonte de vida para aqueles que o possuem, mas a insensatez traz
castigos aos tolos.
Mateus 12:34,35
Raça de víboras! Como podeis falar coisas boas, sendo maus? Pois a boca fala do que
está cheio o coração. …
Colossenses 3:16
Habite ricamente em vós a Palavra de Cristo; ensinai e aconselhai uns aos outros com
toda a sabedoria, e cantai salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus com
gratidão no coração.

E assim, Emmanuel encerra a lição.

“Trabalhar incessantemente é dever.


Servir é elevar-se.
Aprender é conquistar novos horizontes.
Amar é engrandecer-se.
Trabalhando e servindo, aprendendo e amando, a nossa vida íntima se ilumina e se
aperfeiçoa, entrando gradativamente em contacto com os grandes gênios da
imortalidade gloriosa.” Roteiro

A poesia de Maria Dolores nos dá o enlace final deste estudo, convidando-nos a trilhar
o roteiro seguro que Emmanuel também propõe, através dos verbos trabalhar, servir,
aprender e amar. Que todos os dias, ao encerrar nossas atividades possam encontrá-los,
que o trabalho seja a nossa fonte de aprendizado e aprimoramento intelectual e que
através dele nos habilitemos a servir o próximo,tornando-nos úteis onde fomos
semeados e que estas experiências nos possibilitem aprender a cada dia, reconhecendo-
nos como criaturas criadas para o amor, pelo Amor.

A Vida Conta — Maria Dolores


Tempo e nós

Enquanto o Tempo segue renovando


Os quadros da existência a que se atrela,
Indagas, muita vez, alma querida e bela,
Como vencer na prova a te agredir…
De tudo quanto aprendo, entre as lições do mundo,
Dá-me a estrada, na luta a que me vejo exposta,
Quatro verbos distintos por resposta:
— Amar e compreender, trabalhar e servir.

A própria Natureza é um livro aberto…


Se inquirisses do sol no firmamento
Como brilhar sem pausa, firme e atento,
Nutrindo mundos sem se consumir:..
Ele, decerto, te responderia
Que o Senhor lhe traçou por alta obrigação
Cumprir as leis da vida, tais quais são:
— Amar e compreender, trabalhar e servir.

Interroguei, um dia, à roseira podada,


Já que se lhe furtava o véu de rosas
A pancadas e injúrias espantosas,
Como devia a pobre reflorir;
Ela, porém, me disse, humilde e crente:
— “Enriquecer a Terra é o meu dever
E, se quero evoluir, necessito aprender
Amar e compreender, trabalhar e servir.”

Vejo tratores retalhando o solo,


Dinamites na serra, a parti-la, de todo,
Fontes varando tremedais de lodo,
Árvores venerandas a cair…
E se busco entender a dor do campo,
Nesses despojamentos que pesquiso,
Cada elemento fala que é preciso
Amar e compreender, trabalhar e servir.

Assim também, alma fraterna e boa,


Se trazes sob o Tempo, aflições e problemas,
Constrói, age, confia, crê, não temas
E resguarda no peito o anseio do porvir;
Por mais sofras, não pares, segue à frente,
Enquanto cada dia surge e avança,
Eis que o Céu nos repete, através da esperança:
— Amar e compreender, trabalhar e servir.

Um fraterno abraço e até o próximo estudo.


Campo Grande-MS, 05.11.2017.
Candice Günther
Estudo do livro Roteiro
Lição 27 - Mediunidade

Se permitirmos, esta lição nos levará a um entendimento mais profundo do que a


mediunidade significa para a humanidade e para as nossas vidas, para o nosso caminho
evolutivo. Emmanuel nos dá diretrizes importantes e fundamentais para esta
compreensão.

Assim, para bem compreendermos a lição que nos convida a mais um passo neste
"roteiro evolutivo", que este livro é, busquemos definir a mediunidade.

"A mediunidade é a faculdade dos médiuns. Os médiuns são pessoas acessíveis à


influência dos Espíritos, e que lhes podem servir de intermediários. " Revista Espírita
1859

“Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato,
médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio
exclusivo. (...) Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. (Allan
Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo XIV).

“Mediunidade espírita, porém, é a que faculta o intercâmbio consciente, responsável,


entre o mundo físico e o espiritual, facultando a sublimação das provas pela superação
da dor e pela renúncia às paixões, ao mesmo tempo abrindo à criatura os horizontes
luminosos para a libertação total, mediante o serviço aos companheiros do caminho
humano, gerando amor com os instrumentos da caridade redentora de que ninguém
pode prescindir”. Joanna de Ângelis (espírito), livro Oferenda – pág. 130/131 -,
psicografado por Divaldo Franco

Com estes parâmetros iniciais, comecemos a lição.


"Esmagadora maioria dos estudantes do Espiritismo situam na mediunidade a pedra
basilar de todas as edificações doutrinárias, mas cometem o erro de considerar por
médiuns tão somente os trabalhadores da fé renovadora, com tarefas especiais,ou os
doentes psíquicos que, por vezes, servem admiravelmente à esfera das manifestações
fenomênicas." Roteiro

Em perfeita harmonia com a codificação, no aspecto de que "todo aquele que sente,
num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium.", Emmanuel nos
diz que precisamos olhar a mediunidade de forma mais ampla, não atribuindo apenas a
quem recebe as psicografias, tem visões e trabalha ostensivamente na comunicação com
o mundo espiritual, auxiliando aos irmãos que sofrem e recebendo as mensagens de luz
dos irmãos que já se encontram em condições de auxiliar-nos.

Recordemos da questão 459 do Livro dos Espíritos:

"Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?


“Mais do que imaginais, pois com bastante frequência são eles que vos dirigem.”

Não perceber a influência do espírito não significa que ela não esteja acontecendo.
Apenas o auto-conhecimento e a profunda percepção de si mesmo podem auxiliar a
sabermos o que é nosso e o que nos é sugerido. Ainda sim, considerando a intensidade
deste intercâmbio, não raro isto se confundirá num todo, restando-nos atentar para o
grau vibratório em que nos encontramos, a fim de buscarmos, sempre, estarmos em
contato e sendo influenciados pelos espíritos benévolos que dirigem este planeta.

Vejamos mais um trecho da lição.

"Antes de tudo, é preciso compreender que tanto quanto o tato é o alicerce inicial de
todos os sentidos, a intuição é a base de todas as percepções espirituais e, por isso
mesmo, toda inteligência é médium das forças invisíveis que operam no setor de
atividade regular em que se coloca." Roteiro

"A intuição é a base de todas as percepções espirituais", grifamos e ressaltamos por ser
a base deste estudo.
O livro Os Mensageiros, de André Luiz, nos oferece um exemplo de como a intuição se
dá neste incessante intercâmbio de idéias e sentimentos. Acompanhando Aniceto,
realizam visita um Posto de Socorro, belíssimo, lembrando-lhe um "castelo soberbo",
cercado de pesados muros, pomares e jardins maravilhosos.

"De varanda extensa e nobre, onde as colunatas se enfeitavam de hera florida, muito
diferente, porém, da que conhecemos na Terra, penetramos em vasto salão mobilado ao
gosto mais antigo. Os móveis delicadamente esculturados formavam conjunto
encantador. Admirado, fixei as paredes, de onde pendiam quadros maravilhosos. Um
deles, contudo, impunha-me especial atenção. Era uma tela enorme, representando o
Martírio de São Dinis, o Apóstolo das Gálias rudemente supliciado nos primeiros
tempos do Cristianismo, segundo meus humildes conhecimentos de História. Intrigado,
recordei que vira, na Terra, um quadro absolutamente igual àquele. Não se tratava de
um famoso trabalho de Bonnat, célebre pintor francês dos últimos tempos?
A cópia do Posto de Socorro, todavia, era muito mais bela. A lenda popular estava
lindamente expressa nos mínimos detalhes. O glorioso Apóstolo, seminu, com a cabeça
decepada, tronco aureolado de intensa luz, fazia um esforço supremo por levantar o
próprio crânio que lhe rolara aos pés, enquanto os assassinos o contemplavam, tomados
de intenso horror; do alto, via-se descer um emissário divino, trazendo ao Servo do
Senhor a coroa e a palma da vitória. Havia, porém, naquela cópia, profunda
luminosidade, como se cada pincelada contivesse movimento e vida.
Observando-me a admiração, Alfredo falou, sorrindo:
Quantos nos visitam, pela primeira vez, estimam a contemplação desta cópia soberba.
— Ah! sim — retruquei —, o original, segundo estou informado, pode ser visto no
Panteão de Paris.
— Engana-se — elucidou o meu gentil interlocutor —, nem todos os quadros, como
nem todas as grandes composições artísticas, são originariamente da Terra. É certo que
devemos muitas criações sublimes à cerebração humana; mas, neste caso, o assunto é
mais transcendente. Temos aqui a história real dessa tela magnífica. Foi idealizada e
executada por nobre artista cristão, numa cidade espiritual muito ligada à França. Em
fins do século passado, embora estivesse retido no Círculo carnal, o grande pintor de
Bayonne visitou essa colônia em noite de excelsa inspiração, que ele, humanamente,
poderia classificar de maravilhoso sonho. Desde o minuto em que viu a tela, Florentino
Bonnat não descansou enquanto não a reproduziu, palidamente, em desenho que ficou
célebre no mundo inteiro. As cópias terrestres, todavia, não têm essa pureza de linhas e
luzes, e nem mesmo a reprodução, sob nossos olhos, tem a beleza imponente do
original, que já tive a felicidade de contemplar de perto, quando organizávamos, aqui no
Posto, homenagens singelas para a honrosa visita que nos fez o grande servo do Cristo.
Para movimentar as providências necessárias, visitei pessoalmente a cidade espiritual a
que me referi.
Grande espanto apossara-se-me do coração. Via, agora, explicada a tortura santa dos
grandes artistas, divinamente inspirados na criação de obras imortais; agora, reconhecia
que toda arte elevada é sublime na Terra, porque traduz visões gloriosas do homem na
luz dos planos superiores.
Parecendo interessado em completar meus pensamentos, Alfredo considerou:
— O gênio construtivo expressa superioridade espiritual com livre trânsito entre as
fontes sublimes da vida. Ninguém cria sem ver, ouvir ou sentir, e os artistas de superior
mentalidade costumam ver, ouvir e sentir as realizações mais altas do caminho para
Deus." Trecho do livro Os Mensageiros.

A explicação de Aniceto nos remete ao que Emmanuel nos está sinalizando nesta lição:
"ninguém cria sem ver, ouvir ou sentir..."

Mas não nos basta saber. É preciso que vivemos como quem sabe, pautando nossas
vidas, nossa conduta, nosso querer neste conhecimento. Buscando o bem
incessantemente para, também, termos acesso a este mundo magnífico tão bem
demonstrado pela arte.

Sigamos em frente.

"Dos círculos mais baixos aos mais elevados da vida, existem entidades angélicas,
humanas e sub-humanas, agindo através da inteligência encarnada, estimulando o
progresso o divinizando experiências, brunindo caracteres ou sustentando abençoadas
reparações, protegendo a natureza e garantindo as leis que nos governam." Roteiro
Assim como o artista capta a inspiração para pintar um linda obra, podemos ser
influenciados a persistir em vícios que nos fazem mal e prejudicam nosso viver.
Vejamos este exemplo, também de um livro de André Luiz:

"Em sua residência, o senhor Cláudio Nogueira descansava em um sofá, lendo um


jornal vespertino e fazendo uso do cigarro em demasia. A essa altura surgiram dois
irmãos desencarnados abordando-o e agindo sem cerimônia: “Um deles tateou-lhe um
dos ombros e gritou insolente: – Beber, meu caro, quero beber! A voz escarnecedora
agredia-nos a sensibilidade auditiva. Cláudio porém, não lhe pescava o mínimo som.
Mantinha-se atento à leitura. Inalterável. Contudo, se não possuía tímpanos físicos para
qualificar a petição, trazia na cabeça a caixa acústica da mente sintonizada com o
paciente. O assessor inconveniente repetiu a solicitação, algumas vezes, na atitude de
hipnotizador que insufla o próprio desejo, reasseverando uma ordem. O resultado não
se fez demorar. Vimos o paciente desviar-se do artigo político em que se entranhava.
Ele próprio não explicaria o súbito desinteresse de que se notava acometido pelo
editorial que lhe apresara a atenção. Beber! Beber!… Cláudio abrigou a sugestão,
convicto de que se inclinava para um trago de uísque exclusivamente por si. O
pensamento se transmudou, rápido, como a usina cuja corrente se desloca de uma
direção para outra, por efeito da nova tomada de força. Beber, beber!… e a sede de
aguardente se lhe articulou a idéia, ganhando forma. A mucosa pituitária se lhe aguçou,
como que mais fortemente impregnada do cheiro acre que vagueava no ar. O assistente
malicioso coçou-lhe brandamente os gorgomilos. O pai de Marina sentiu-se
apoquentado. Indefinível secura constrangia-lhe o laringe. Ansiava tranqüilizar-se. O
amigo sagaz percebeu-lhe a adesão tácita e colou-se a ele. De começo, a carícia leve;
depois da carícia agasalhada, o abraço envolvente; e depois do abraço de profundidade,
a associação recíproca. Integraram-se ambos em exótico sucesso de enxertia fluídica
(…) Ali, no entanto, produzia-se algo semelhante ao encaixe perfeito. Cláudio –
homem absorvia o desencarnado, à guisa de sapato que se ajusta ao pé. Fundiram-se os
dois como se morassem eventualmente num só corpo (…)" Trecho do livro Sexo e
Destino, cap. VI.

"Dos círculos mais baixos aos mais elevados", como nos diz Emmanuel, o nosso
pensamento é influenciado. Como está o meu pensar? Percebo situações boas, em que
sou inspirado por bons espíritos? Percebo, também, quando baixo a sintonia e deixo-me
levar para incorrer em erros? Como posso perceber estas influências em minha vida?

Caminhemos com Emmanuel em mais um trecho da lição.

" Desvendando conhecimentos novos à Humanidade, o Espiritismo incorpora ao nosso


patrimônio mental valiosas informações sobre a vida imperecível, indicando a nossa
posição de espíritos imortais em temporário aprendizado, nas classes da raça, da
nação e do grupo consangüíneo a que transitoriamente pertencemos na Terra.
Cada individualidade renasce em ligação com os centros de vida invisível do qual
procede, e continuará, de modo geral, a se instrumento do conjunto em que mantém
suas concepções e seus pensamentos habituais. Se deseja, porém, aproveitar a
contribuição que a escola sublime do mundo lhe oferece, em seus cursos diversos de
preparação e aperfeiçoamento, aplicando-se à execução do bem, nos menores ângulos
do caminho, adquirindo mais amplas provisões de amor e sabedoria, é aceita pelos
grandes benfeitores do mundo, nos quadros da evolução humana, por intérprete da
assistência divina, onde quer que se encontre, seja na construção do patrimônio de
conforto material ou na santificação da alma eterna." Roteiro

Um outro ponto interessante que Emmanuel ressalta neste trecho é de que já nascemos
trazendo as ligações da vida anterior e da vida no mundo espiritual, não sendo, portanto,
uma página em branco que escrevemos de forma livre, a presente encarnação, mas um
grande livro que estamos escrevendo a milênios e que possui personagens a quem muito
devemos, pelo bem que recebemos ou pelo mal de realizamos.

Esta perspectiva de vida é única dentro do Cristianismo, uma vez que apenas o
espiritismo concebe a reencarnação como lei natural que a todos acolhe. Outras
religiões também acreditam em reencarnação, porém, não tem no Cristo o seu alicerce
de ensinamentos, como o espiritismo o tem.

Estamos, então, escrevendo a página de nossa existência, matriculados na escola Planeta


Terra. Quem serão nossos professores? Quem nos educará e nos auxiliará a escrever?
Emmanuel nos diz, que poderemos ser aceitos como intérpretes da assistência divina,
mediuns do bem e do amor que trabalho na execução do bem. Quais as condições? "Se
deseja, porém, aproveitar a contribuição que a escola sublime do mundo lhe oferece, em
seus cursos diversos de preparação e aperfeiçoamento, aplicando-se à execução do bem,
nos menores ângulos do caminho, adquirindo mais amplas provisões de amor e
sabedoria."

Olhemos os verbos com calma.

Desejar nos remete ao nosso querer, a nossa vontade. Ainda que tenhamos falhado em
muitas vidas e tenhamos inimigos de outras eras a nos influenciar de forma negativa,
está em nosso querer a forma como iremos viver.

Aproveitar a contribuição - muito recebemos nesta vida, a doutrina espírita, por


exemplo, é um rico presente que devemos aproveitar. Estudando-a com disciplina e
afinco a fim de aproveitarmos os seus valiosos conselhos.

Mas não basta o estudo, é preciso a aplicação à execução do bem. É este o sentido que
encontramos na Carta de Tiago 2:17 "Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta
em si mesma." A verdadeira fé acredita, reconhece o bem como o caminho e o amor que
única solução para as mazelas do mundo, assim, busca praticar, angariando provisões de
amor e sabedoria.

São as duas asas que nos conduzirão, o amor e a sabedoria, como bem ensina
Emmanuel.

Sigamos em frente.

"É necessário, contudo, reconhecer que, na esfera da mediunidade, cada servidor se


reveste de características próprias.
O conteúdo sofrerá sempre a influenciação da forma e da condição do recipiente.
Essa é a lei do intercâmbio.
Uma taça não guardará a mesma quantidade de água, suscetível de ser sustentada
numa caixa com capacidade para centenas de litros.
O perfume conservado no frasco de cristal puro não será o mesmo, quando
transportando num vaso guarnecido de logo. O sábio não poderá tomar uma criança
para confidente, embora a criança, invariavelmente, detenha consigo tesouros de
pureza e simplicidade que o sábio desconhece." Roteiro

Quem eu sou irá repercutir no trabalho que eu quero realizar. Assim, de nada adianta ser
bom na casa de oração que se frequenta e, em casa, deixar-se levar por atitudes de
orgulho, impondo a todos a própria opinião, esquecendo-se dos preceitos do amor, da
paciência e do perdão.

Somos um, mas vivemos como muitos, utilizando máscaras sociais que nos auxiliam a
acobertar o vai em nosso íntimo. E sobre estas aparências sociais, nos ensinam os
espíritos:

Festa de paz — Autores diversos

Aparências do mundo
1 “Deus tudo vê, tudo sabe!…”
Falava Clarêncio França,
Mas furtava no comércio
O que levasse à balança.
.Pedro Ventania

2 Condenava qualquer jogo


O amigo Joaquim da Mota.
Faleceu jogando cartas,
Olhando a cara da sota.
.João Moreira da Silva

3 Sizínio, o irmão contra o álcool,


Sobre o assunto grita e xinga;
Ao morrer, deixou no quarto,
Um grande barril de pinga.
.Sylvio Fontoura

4 Era o médium mais severo,


Lembrava um leão de arena…
Mas largou tarefa e povo
Levando bela morena.
.Lulu Parola

5 Homem que prega moral,


Com pancas de inquisição,
Esse é o primeiro que cai
Nas ciladas da paixão.
.Jair Presente

6 Isto notei nas andanças


Em vários climas da Terra:
Quem mais critica entre os homens
É a pessoa que mais erra.
.Antônio Torres

7 Tinha tanto apego ao ouro


Que o coitado enlouqueceu,
Gritando, de praça em praça:
“O ouro do mundo é meu.”
.Feliciano Gonçalves Simões

8 Lino Braz, o moralista


Doutrinava Dona Bela,
Só falava de virtude,
Mas depois fugiu com ela.
.Cornélio Pires

9 Ginástica pelo rádio,


Povo ao frio de manhã.
E o professor dava as ordens
Num leito de seda e lã.
.Natal Machado

10 O lucro das aparências


Que no mundo se arrecade,
Só prevalece na vida
Até que chegue a verdade.
.Auta de Souza

Caminhemos, assim, para o encerramento da lição.

"Mediunidade, pois, para o serviço da revelação divina reclama estudo constante e


devotamento ao bem para o indispensável enriquecimento de ciência e virtude.
A ignorância poderá produzir indiscutíveis e belos fenômenos, mas só a noção de
responsabilidade, a consagração sistemática ao progresso de todos, a bondade e o
conhecimento conseguem materializar na Terra os monumentos definitivos da
felicidade humana." Roteiro

Estudo e devotamento ao bem são os caminhos oferecidos neste maravilhoso roteiro que
o benfeitor nos oferta. E nosso fim, nosso destino é auxiliar na construção deste novo
mundo, onde o bem prevalecerá, onde a bondade e o conhecimento serão capazes de
criar um mundo feliz.

A lição é para mim, para você, para todos nós, não obstante, o caminho é individual e
começa pela decisão reiterada de seguir estes preceitos tal qual um enfermo segue a
recomendação do médico e toma seus medicamentos, tal qual um aluno que precisando
tirar boa nota na prova, dedica-se a estudar, cumprindo suas obrigações.

Não há complexidade no bem, é tudo simples e claro. Sigamos em frente, sabedores


que ainda transitamos em possibilidades de erro e desengano, porém, pela ação reiterada
da vontade, triunfaremos.
Busquemos nas mãos amorosas do Mestre Jesus o apoio segura para as diretrizes em
nosso caminhar.

Um fraterno abraço e até o próximo estudo.

Campo Grande - MS, 12.11.2017.

Candice Günther
Estudo do livro Roteiro
Lição 28 – Sintonia

Muitos irão recordar dos rádios de antigamente que tinham um botão que deveria ser
girado no sentido anti-horário ou vice-versa a fim de que pudéssemos sintonizar na
rádio que queríamos ouvir. As opções não eram muitas e moderno era o rádio que
sintonizava tanto em AM (Amplitude Modulada), quanto em FM (Frequência
Modulada).

“Sintonia é um termo relativo a condição de concordância, equilíbrio e reciprocidade


entre duas partes, de acordo com o sentido figurado da palavra.

Na eletrônica, a definição de sintonia consiste na circunstância de igualdade de


frequências entre dois sistemas, que emanam as mesmas oscilações elétricas.

Quando determinada pessoa diz que precisa “sintonizar o rádio”, quer dizer que o
aparelho receptor (rádio) precisa emitir uma mesma onda de frequência do emissor
(estação de rádio) para poder captar os seus sinais radiofônicos e reproduzi-lo.

Relativamente ao sentido figurado de sintonia, quando se diz que existe “sintonia entre
duas pessoas”, significa que ambos estão em estado de acordo mútuo, ou seja, em
entendimento e harmonia, tanto no âmbito emocional, de pensamentos, atividades e etc.
A chamada “sintonia emocional”, por exemplo, pode ser considerada de fator decisivo
na construção e consolidação das relações humanas, pois cria-se uma afinidade entre as
duas pessoas, devido a equiparação de seus objetivos ou ideais.

Etimologicamente, a palavra sintonia se originou a partir do grego suntonías, termo que


era relativo a tensão exercida entre do corpo, órgãos e espírito.”
(Fonte: https://www.significados.com.br/sintonia/)
Compreendemos, assim, que a sintonia requer de nós um posicionamento em harmonia
com quem queremos sintonizar, seja a pessoa encarnada ou desencarnada, apenas
analisando o significado da palavra já nos é permitido perceber que para sintonizarmos
com algo ou alguém, precisamos entrar em harmonia, vibrar na mesma frequência.

Vejamos, então, o que Emmanuel nos oferece nesta lição e busquemos aprender com
mais esta valorosa lição.

“As bases de todos os serviços de intercâmbio, entre os desencarnados e encarnados,


repousam na mente, não obstantes as possibilidades de fenômenos naturais, no campo
da matéria densa, levados a efeito por entidades menos evoluídas ou extremamente
consagradas à caridade sacrificial.
De qualquer modo, porém, é no mundo mental que se processa a gênese de todos os
trabalhos da comunhão de espírito a espírito.
Daí procede a necessidade de renovação idealística, de estudo, de bondade operante e
de fé ativa, se pretendemos conservar o contato com os Espíritos da Grande Luz.”
Roteiro

No livro Seara dos Médiuns, Emmanuel afirma que “pensamento vige na base de todos
os fenômenos de sintonia na esfera da alma” e faz uma analogia entre o processo mental
e a vela, auxiliando-nos a compreender este trecho inicial da lição:

“A vela acesa arroja de si fótons ou força luminosa.


O cérebro exterioriza princípios inteligentes ou energia mental.
Na primeira, temos a chama. No segundo, identificamos a ideia.
Uma e outro possuem campos característicos de atuação, que é tanto mais vigorosa
quanto mais se mostre perto do fulcro emissor.
No fundo, os agentes a que nos referimos são neutros em si.
Imaginemos, no entanto, o lume conduzido. Tanto pode revelar o caminho de um
santuário, quanto a trilha de um pântano.
Tanto ajuda os braços do malfeitor na execução de um crime, quanto auxilia as mãos do
benfeitor no levantamento das boas obras.
Verificamos, no símile, que a energia mental, inelutavelmente ligada à consciência que
a produz, obedece à vontade.”
Meu mundo mental decorre da forma como vivo, o que faço, o que procuro, o que ouço,
o que sinto. Mas nem longe é algo passivo, que apenas recebe, sem poder reagir ou
participar. Meu mundo mental é onde se processa toda a gênese da minha vida, porque
tudo o que faço, penso e sinto, inicia-se com o meu pensar. Desta forma, compreender o
poderoso auxílio de uma boa sintonia é, sem dúvida, o caminho para a solução de
muitos problemas que atingem o homem.

Precisamos, assim, sair deste processo passivo em que permitimos que nosso mundo
mental seja alimentado conforme os sabores que regem o mundo material. Temos, hoje,
a chance de escolher o alimento que a cada instante é processado em nosso mundo
íntimo. Como vivemos está diretamente relacionado com o quem a nossa vontade já é
capaz de sintonizar.

Caminhemos mais um pouco com o livro Roteiro.

“Simbolizemos nossa mente como sendo uma pedra inicialmente burilada. Tanto
quanto a do animal, pode demorar-se, por muitos séculos, na ociosidade ou na sombra,
sob a crosta dificilmente permeável de hábitos nocivos ou de impulsos degradantes,
mas se a expomos ao sol da experiência, aceitando os atritos, as lições, os
dilaceramentos e as dificuldades do caminho por golpes abençoados do buril da vida,
esforçando-nos Por aperfeiçoar o conhecimento e melhorar o coração, tanto quanto a
pedra burilada reflete a luz, certamente nos habilitamos a receber a influência dos
grandes gênios da sabedoria e do amor, gloriosos expoentes da imortalidade vitoriosa,
convertendo-nos em valiosos instrumentos da obra assistencial do Céu, em favor do
reerguimento de nossos irmãos menos favorecidos e para a elevação de nós mesmos às
regiões mais altas.” Roteiro

Somos pedra bruta que está sendo lapidada e este processo envolve Pedra em si, o
Martelo (ou Malho) e o Prego (ou Cinzel), ou seja, algo em mim será trabalhado,
moldado, retirado, e isso é o que chamamos hoje de dor.

Nossa cultura ocidental interpreta a dor como algo negativo, que deve ser evitado e
combatido. Certamente todos nós queremos ser felizes, isto é Universal, porém, toda
reforma íntima, toda melhoria pessoal requer esforço e novos paradigmas e é
precisamos termos força e coragem para entrarmos neste processo que revela belezas,
que nos mostra novas faces de nós mesmos. Como a pedra polida que brilha ou
permanece fosca e bruta, nossa vontade é o cinzel que irá produzir as reformas que
necessitamos.

Humberto de Campos nos conta a história de uma conversa entre Jesus e um sacerdote e
nos mostra que já naquelas primeiras pregações o Mestre usava o valoroso exemplo da
pedra e do cinzel:

“Nos primeiros dias do ano 30, antes de suas gloriosas manifestações, avistou-se Jesus
com o Batista, no deserto triste da Judéia, não muito longe das areias ardentes da
Arábia. Ambos estiveram juntos, por alguns dias, em plena Natureza, no campo ríspido
do jejum e da penitência do grande precursor, até que o Mestre Divino, despedindo-se
do companheiro, demandou o oásis de Jericó, uma bênção de verdura e águas entre as
inclemências da estrada agreste. De Jericó dirigiu-se então a Jerusalém, onde repousou,
ao cair da noite.

Sentado como um peregrino, nas adjacências do Templo, Jesus foi notado por um grupo
de sacerdotes e pensadores ociosos, que se sentiram atraídos pelos seus traços de
formosa originalidade e pelo seu olhar lúcido e profundo. Alguns deles se afastaram,
sem maior interesse, mas Hanã, que seria, mais tarde, o juiz inclemente de sua causa,
aproximou-se do desconhecido e dirigiu-se-lhe com orgulho:

— Galileu, que fazes na cidade?

— Passo por Jerusalém, buscando a fundação do Reino de Deus! - exclamou o Cristo,


com modesta nobreza.

— Reino de Deus? - tornou o sacerdote com acentuada ironia. - E que pensas tu venha a
ser isso?

— Esse Reino é a obra divina no coração dos homens! - esclareceu Jesus, com grande
serenidade.
— Obra divina em tuas mãos? - revidou Hanã, com uma gargalhada de desprezo.

E, continuando as suas observações irônicas, perguntou:

— Com que contas para levar avante essa difícil empresa? Quais são os teus seguidores
e companheiros?... Acaso terás Conquistado o apoio de algum príncipe desconhecido e
ilustre, para auxiliar-te na execução de teus planos?

— Meus companheiros hão de chegar de todos os lugares - respondeu o Mestre com


humildade.

— Sim - observou Hanã -, os ignorantes e os tolos estão em toda parte na Terra.


Certamente que esse representará o material de tua edificação. Entretanto, propões-te
realizar uma obra divina e já viste alguma estátua perfeita modelada em fragmentos de
lama?

— Sacerdote - replicou-lhe Jesus, com energia serena -, nenhum mármore existe mais
puro e mais formoso do que o do sentimento, e nenhum cinzel é superior ao da boa-
vontade.”

Sigamos em frente com a lição

“A fim de atingirmos tão alto objetivo é indispensável traçar um roteiro para a nossa
organização mental, no Infinito Bem, e segui-lo sem recuar.
Precisamos compreender _ repetimos _ que os nossos pensamentos são forças,
imagens, coisas e criações visíveis e tangíveis no campo espiritual.
Atraímos companheiros e recursos, de conformidade com a natureza de nossas idéias,
aspirações, invocações e apelos.” Roteiro

No livro infantil Alice no País das Maravilhas, que possui valiosíssimas lições, Lewis
Carrol nos oferece um oportuno diálogo entre Alice e o Gato:

“– Por favor, poderia me dizer que caminho devo tomar aqui? – Perguntou Alice.
– Depende muito do lugar aonde você quer chegar – disse o Gato.
– Pode ser qualquer um – respondeu Alice.
– Então não importa que caminho vai tomar – observou o Gato.
– Desde que eu chegue a algum lugar – acrescentou Alice à guisa de explicação.
-Ah, se andar bastante – disse o Gato – com certeza vai chegar.
Lewis Carrol
Alice no País das Maravilhas

Se não temos um objetivo, qualquer direção será válida. Por esta razão, Emmanuel nos
fala para traçarmos um Roteiro para a nossa organização mental.

Comecemos a observar desde o amanhecer, qual o nosso primeiro pensamento? Elevo


meus pensamentos em gratidão por mais um dia de vida, ou já levanto correndo
pensando em todas as atividades que deverei desenvolver durante o dia? E a medida que
o dia se passa, desenvolvendo as variadas tarefas que a vida oferece, como está o meu
pensamento? Sou grato pelas oportunidades? Aprendo com as dificuldades e tento
superá-las com bom ânimo?

Se olharmos com franqueza, veremos que não somos tão diferentes da pequena Alice
que em terra estranha não sabia bem para onde ir.

Qual o nosso Roteiro? Qual a nossa direção? O que queremos?

Caminhemos um pouco mais com Emmanuel.

“Energia viva, o pensamento desloca, em torno de nós, forças sutis, construindo


paisagens ou formas e criando centros magnéticos ou ondas, com os quais emitimos a
nossa atuação ou recebemos a atuação dos outros.
Nosso êxito ou fracasso dependem da persistência ou da fé com que nos consagramos
mentalmente aos objetivos que nos propomos alcançar.
Semelhante lei de reciprocidade impera em todos os acontecimentos da vida.
Comunicar-nos-emos com as entidades e núcleos de pensamentos, com os quais no
colocamos em sintonia.” Roteiro
Se passamos o dia inteiro mau humorados, reclamando da vida, descontentes com tudo
o que nos cerca, ao nos dirigirmos, ao final do dia, em prece, os benfeitores que nos
assistem, como iremos alcançar a sintonia necessária para recebermos deles as boas
vibrações?

A forma como vivemos nos dá a exata dimensão de como pensamos e por mais duro e
difícil que seja admitir isso, tudo o que nos acontece está sob a nossa direta
responsabilidade. Com o nosso pensar atraímos pessoas, situações e sentimentos.

“Tanto quanto te vês compelido, diariamente, a entrar na faixa das necessidades do


corpo físico, pensando, por exemplo, na alimentação e na higiene, és convidado
incessantemente a entrar na faixa das requisições espirituais que te cercam.

Um livro, uma página, uma sentença, uma palestra, uma visita, uma notícia, uma
distração ou qualquer pequenino acontecimento que te parece sem importância, pode
representar silenciosa tomada de ligação para determinado tipo de interesse ou de
assunto.

Geralmente, toda criatura que ainda não traçou caminho de sublimação moral a si
mesma assemelha-se ao viajante entregue, no mar, ao sabor das ondas.

Receberás, portanto, variados apelos, nascidos do campo mental de todas as


inteligências encarnadas e desencarnadas que se afinam contigo, tentando influenciar-te,
através das ondas inúmeras em que se revela a gama infinita dos pensamentos da
Humanidade, mas, se buscas o Cristo, não ignoras em que altura lhe brilha a faixa.

Com a bússola do Evangelho, sabemos perfeitamente onde se localizam o bem e o mal,


razão por que, dispondo todos nós do leme da vontade, o problema de sintonia corre por
nossa conta.” (Seara dos Mediuns, lição Faixas, Emmanuel)

Quando os espíritos nos disseram que Jesus é nosso modelo e guia (questão 459 do
Livro dos Espíritos), estavam, justamente nos dando uma “bússula”, um direcionamento
evolutivo.
Iremos aprender a lição, o progresso é lei divina e a todos, indistintamente, atinge. A
questão é que podemos escolher bons professores que nos auxiliem a compreender as
lições de que necessitamos. Na Terra, não há melhor professor que Jesus, mas, está em
nosso querer ouvi-lo ou não.

Caminhemos mais um pouco com a lição.

“Nos mais simples quadros da natureza, vemos manifestado o princípio da


correspondência.
Um fruto apodrecido ao abandono estabelece no chão um foco infeccioso que tende a
crescer, incorporando elementos corruptores.
Exponhamos a pequena lâmina de cristal, limpa e bem cuidada, à luz do dia, e refletirá
infinitas cintilações do Sol.
Andorinhas seguem a beleza da primavera.
Corujas acompanham as trevas da noite.
O mato inculto asila serpentes.
A terra cultivada produz o bom grão.
Na mediunidade, essas leis se expressam, ativas.
Mentes enfermiças e perturbadas assimilam as correntes desordenadas do
desequilíbrio, enquanto que a boa-vontade e a boa intenção acumulam os valores do
bem.” Roteiro

As lições da Natureza nos permitem ver com clareza que a cada dia temos a
oportunidade de modificar o nosso mundo íntimo, como diz a música “capinando a
roçado dos meus íntimos quintais... e quando a roça florescer ei de ser uma paisagem
que só faz lembrar você (Pai).”

Qual o nosso mais profundo querer? Qual o nosso desejo para a vida? Se ainda não o
sabemos, precisamos descobrir e, ao descobrir, precisamos trilhar um caminho nesta
direção. É simples, mas não é fácil.

Dia a dia enfrentamos forças contrárias que nos impelem a pensamentos negativos e
equivocados. Como agir, como resistir?
Emmanuel nos oferece um exercício mental interessante, comparando estes
pensamentos ao tráfego de carros em uma rua, sujeitos a um sinal de trânsito. Vejamos:

“Recorramos ainda aos símbolos do trânsito.


Vigiemo-nos de espírito centralizado no bem de todos.
Se somos mentalmente visitados por ideias de crueldade e discórdia, lamentação ou
desânimo, acendamos o sinal vermelho do “não prossigas” no espaço que medeia entre
o cérebro e os lábios ou entre o pensamento e as mãos impedindo a palavra falada ou
escrita, inconveniente e destrutiva.
Unicamente, assim, o fio de nossa atenção persistirá ligado ao amor que desarma os
adversários e nos faz livres, permanentemente livres das forças negativas, consideradas
por influências do mal.” (Livro Algo Mais – lição Forças Contrárias)

“Não prossigas”, podemos realizar este exercício atentos ao nosso pensamento, assim
como, ao dirigirmos, estamos atentos aos semáforos do caminho.

Caminhemos para o encerramento da lição.

“Ninguém está só.


Cada criatura recebe de acordo com aquilo que dá.
Cada alma vive no clima espiritual que elegeu, procurando o tipo de experiência em
que
situa a própria felicidade.
Estejamos, assim, convictos de que os nossos companheiros na Terra ou no Além são
aqueles que escolhemos com as nossas solicitações interiores, mesmo porque, segundo
o antigo ensinamento evangélico, “tecemos nosso tesouro onde colocamos o coração”.
Roteiro

Sintonizemos na “rádio do bem”, ouçamos melodias de amor, caridade, alegria,


esperança, caminhando a cada dia fortalecidos pelo Evangelho do Cristo, lembrando do
seu sábio dizer: “No mundo tereis aflições, tende bom ânimo, eu venci o mundo. “ João
16:33.
Um fraterno abraço e até o próximo estudo.
Campo Grande-MS, 19.11.2017.
Estudo do livro Roteiro
Lição 29 - Além da Morte.

"Descerrou-se, finalmente, o derradeiro véu que obumbrava o meu ser pensante…


Senti-me sã, ativa, ágil, como se despertasse naquele instante… Ah! Eu morrera…"

O texto é de autoria de Maria João de Deus, a mãe de Chico Xavier que vem lhe trazer
notícias do outro mundo, livro Cartas de uma morta e nos remete ao momento
derradeiro de nossa existência material, todos, indistintamente, seguiremos para a morte.

Não por acaso, diz o dito popular que duas coisas são certas na vida: a morte e os
impostos. Porém, pouco se pensa ou se fala sobre o morte. Apesar de inevitável, é um
assunto que poucas pessoas abordam com clareza e naturalidade, ao contrário, ainda
hoje é um tabu discorrer sobre o tema de forma leve e objetiva.

Morreremos todos, isto é fato. Porque, então, temos tanta dificuldade em pensar nisso?
Qual a razão da morte ser, ainda, um assunto sombrio?

Certamente, pensarão alguns, que é por já terem se despedido de entes queridos, dos
quais a saudade lhes tange a alma como uma dor dilacerante. Ou,talvez, pela incerteza
do que lhes espera o mundo post mortem, temem alguns pelo que irão encontrar. Mas e
se pensássemos que este mesmo ente querido está viajando para um lugar magnífico,
onde muito aprenderá, pensarmos que neste lugar estaria com maior liberdade e sem as
tristezas da nossa terra, ainda sim seria triste?

Pensar sobre a morte pode nos levar a quebrar um paradigma de milênios de ignorância,
em que o homem acreditava que a morte era o fim de tudo, a extinção do afeto, a quebra
do amor. Pode nos levar a perceber tudo com maior naturalidade, observando os ciclos
que cada um cumprirá em sua jornada e buscando melhor compreender que o
verdadeiro vínculo que nos une, o amor, jamais se extingue.
Nesta lição, Emmanuel nos propõe algumas reflexões interessantes sobre o tema que,
apesar de trazer a morte em seu título, pode nos auxiliar a levar a vida de uma forma
diferente, mais leve, mas, também, mais produtiva.

Iniciemos a lição.

"O reino da vida, além da morte, não é domicílio do milagre.


Passa o corpo, em trânsito pra a natureza inferior que lhe atrai os componentes,
entretanto, a alma continua na posição evolutiva em que se encontra.
Cada inteligência apenas consegue alcançar a periferia do círculo de valores e
imagens dos quais se faz o centro gerador.
Ninguém pode viver em situação que ainda não concebe.
Dentro da nossa capacidade de autoprojeção, erguem-se os nossos limites.
Em suma, cada ser apenas atinge a vida, até onde possa chegar a onda do pensamento
que lhe é próprio." Roteiro

Milagre é ato ou acontecimento fora do comum, inexplicável pelas leis naturais, do qual
a morte não faz parte.

Ela não modificará a nossa mente, ao contrário, permaneceremos vibrando de igual


maneira após o desencarne. Nossos hábitos permanecerão, nossos anseios se farão mais
claros e buscaremos o que o nosso coração aprendeu a querer. Não se trata de
rompimento, mas de continuidade.

Emmanuel compara a morte a um retrato da vida, dizendo, ainda, que: "A verdade
revelará na chapa da memória as imagens que estiveres criando, sustentando e
movimentando, no campo da existência." (livro Mais Perto)

O que fui, o que fiz, o que semeie, tudo isto resultará no que me tornei com a
experiência terrestre e diante do patrimônio evolutivo adquirido serei capaz de progredir
minha jornada.
Esta, também, é a resposta que os espíritos deram a Kardec, conforme se infere na
resposta da questão 146 do Livro dos Espíritos:

"As faculdades perceptivas da alma são proporcionais à sua purificação: só as de escol


podem gozar da presença de Deus."

E, ainda, a questão 155:

"a entrada no mundo dos Espíritos não dá à alma todos os conhecimentos que lhe
faltavam na Terra."

Não há milagre que nos torne bons e perfeitos, há muito trabalho, dedicação, disciplina
para que possamos construir o nosso futuro, melhorando passo a passo.

Sigamos em frente na lição.

"A mente primitivista de um mono, transposto o limiar da morte, continua presa aos
interesses da furna que lhe consolidou os hábitos instintivos.
O índio desencarnado dificilmente ultrapassa o âmbito da floresta que lhe acariciou a
existência.
Assim também, na vastíssima fauna social das nações, cada criatura dita civilizada,
além do sepulcro, circunscreve-se ao círculo das concepções que, mentalmente, pode
abranger." Roteiro

Nossa mente deve ser expandida gradativamente através do conhecimento e das várias
experiências fornecidas pelas múltiplas encarnações.

Se o índio não será capaz de atravessar o âmbito da floresta em que vivia antes de
desencarnar, tratando-se de um exemplo meramente ilustrativo de espíritos com uma
visão ainda restrita da vida, o que pensar de nós outros? Como reconhecer as sementes
que nos levarão a pairagens mais altas, que tanto almejamos em vida?
"Não nos propomos nivelar homens e animais; contudo, numa comparação
reconhecidamente incompleta, imaginemos seres outros da natureza trazidos ao regime
do Espírito encarnado na Esfera Física.
O cavalo atrelado ao carro, quando entregue ao descanso, corre à pastagem, onde se
refocila na satisfação dos próprios impulsos.
A serpente, presa para cooperar na fabricação de soro antiofídico, se for libertada,
desliza para a toca, onde reconstituirá o próprio veneno.
O corvo, detido para observações, quando solto, volve à imundície.
A abelha, retida em observação de apicultura, ao desembaraçar-se, torna, incontinenti, à
colmeia e ao trabalho.
A andorinha engaiolada para estudo, tão logo se veja fora da grade, voa no rumo da
primavera.
Se desejas saber quem és, observa o que pensas, quando estás sem ninguém; e se
queres conhecer o lugar que te espera, depois da morte, examina o que fazes contigo
mesmo nas horas livres." (Justiça Divina - Emmanuel).

Quem eu sou? Para onde vou? As respostas que antes pareciam tão distantes, fazem-se,
sob as luzes da doutrina espírita, claras e límpidas. Examinemos nossas ações e
sentimentos e encontraremos quem somos e para onde vamos.

Sigamos em frente.

"A residência da alma permanece situada no manancial de seu próprios pensamentos.


Estamos naturalmente ligados às nossas criações.
Demoramo-nos onde supomos o centro de nossos interesses.
Facilmente explicável, assim, a continuidade dos nossos hábitos e tendências, além da
morte." Roteiro

Nossa jornada é solitária, cheia de encontros e desencontros, porém, trilhada apenas por
nossos pés, pelo nosso querer, dirigida pela nossa vontade.

Meditar sobre a morte, assim, nos leva imediatamente a rever a forma como vivemos,
porque uma está diretamente associada a outra. Morte e vida se sucedem e nos remetem
ao caminho evolutivo que estamos construindo.
"No futuro, os homens cogitarão de se prepararem, em bases de educação raciocinada,
sobre o que lhes acontecerá depois da morte no Plano Físico, por que, efetivamente,
ninguém vai morrer, no sentido de desaparecer, de vez que nos achamos todos,
queiramos ou não, diante de nossa própria imortalidade, além do corpo que usamos
atualmente." Chico Xavier

Caminhemos mais um pouco com Emmanuel.

"A escravidão ou a liberdade residem no imo de nosso próprio ser.


Corre a fonte, sob a emanação de vapores da sua própria corrente.
Vive a árvore rodeada pelos fluidos sutis que ela mesma exterioriza, através das folhas
e das resinas que lhe pendem dos galhos e do tronco.
Permanece o charco debaixo da atmosfera pestilencial que ele mesmo alimenta, e
brilha o jardim, sob as vagas do perfume que produz.
Assim também a Terra, com o seu corpo ciclópico, arrasta consigo, na infinita
paisagem cósmica, o ambiente espiritual de seus filhos." Roteiro

Pertencemos ao ambiente em que estamos, construímos o que nos cerca, exteriorizando


no mundo material o que se passa em nosso mundo espiritual. Tudo está interligado, os
mundos, tanto físico quanto o espiritual, são construções que realizamos conforme
nosso estágio evolutivo e isto terá continuidade após a nossa morte, porque
continuaremos sendo as mesmas pessoas.

Talvez já tenhamos sonhado em habitar mundos felizes, onde o bem prevaleça, onde a
vida seja mais leve. Quem já leu o livro Nosso Lar, certamente já imaginou se seria
digno de ser recebido em lugar tão belo e organizado. O que a lição nos chama a refletir
é que este mundo começa em nosso interior, dentro de nós sentiremos a paz, a alegria, a
esperança e tudo isto transformará o mundo que habitamos.

É um ensinamento profundo e valoroso. Se estou feliz onde vivo, mesmo diante dos
obstáculos e adversidades, tenho olhar para compreender e ser grato, tendo a percepção
do bem e não apenas do mal, isto permanecerá mesmo depois do desencarne, porém, se
o mundo em que vivo é só tristeza e infelicidade, há grande chance de que isto
permaneça no mundo espiritual, quando o morte nos visitar.

A grande alegria, porém, é sabermos disto tudo hoje e termos a rica oportunidade de
ajustarmos nossa vida para termos uma boa morte.

Caminhemos mais um pouco com a lição.

"Atravessado o grande umbral do túmulo, o homem deseducado prossegue reclamando


aprimoramento.
A criatura viciada continua exigindo satisfação aos apetites baixos.
O cérebro desvairado, entre indagações descabidas, não foge, de imediato, ao poço de
obscuridades em que se submergiu." Roteiro

Minhas imperfeições seguirão comigo, minhas dores, mágoas, dúvidas, inquietações.

A Revista Espírita de 1865 nos traz um belíssimo discurso de Victor Hugo junto ao
túmulo de uma jovem, do qual reproduzimos alguns trechos que nos auxiliarão a melhor
compreender a lição:

“Em algumas semanas ocupamo-nos de duas irmãs: casamos uma e sepultamos a outra.
Eis o perpétuo tremor da vida. Inclinemo-nos, meus irmãos, ante o severo destino.
“Inclinemo-nos com esperança. Nossos olhos não foram feitos para chorar, mas para
ver; nosso coração não foi feito para sofrer, mas para crer. A fé numa outra existência
nasce da faculdade de amar. Não o esqueçamos: nesta vida inquieta e apaziguada pelo
amor, é o coração quem crê. O filho conta encontrar a seu pai; a mãe não consente em
perder para sempre o filho. Esta recusa do nada é a grandeza do homem.
“O coração não pode errar. A carne é um sonho; ela se dissipa. Se esse desaparecimento
fosse o fim do homem, tiraria à nossa existência toda sanção. Não nos contentamos com
esta fumaça que é a matéria; precisamos de uma certeza. Quem quer que ame, sabe e
sente que nenhum dos pontos de apoio do homem está na Terra. Amar é viver além da
vida. Sem esta fé, nenhum dom perfeito do coração seria possível; amar, que é o
objetivo do homem, seria o seu suplício. O paraíso seria o inferno. Não! digamos bem
alto, a criatura amante exige a criatura imortal. O coração necessita da alma.
“Há um coração neste féretro, e esse coração está vivo. Neste momento ele escuta
minhas palavras.
“Emily de Putron era o doce orgulho de uma família respeitável e patriarcal. Seus
amigos e parentes tinham por deleite sua graça e por festa seu sorriso. Ela era como uma
flor de alegria a desabrochar na casa. Desde o berço era cercada de todas as ternuras;
cresceu feliz e, recebendo felicidade, dava felicidade; amada, amava. Ela acaba de
partir.
“Para onde foi? Para a sombra? Não.
“Nós é que estamos na sombra. Ela está na aurora."

"A carne é um sonho, ela se dissipa...", não obstante, há quem viva como se a carne
fosse eterna, concedendo a ela e aos bens materiais todas as suas energias, todo o seu
vigor.

Caminhemos em plano mais elevado, tenhamos consciência que estamos aqui apenas de
passagem, matriculadas nesta escola divina, esforçando-nos para tirar o melhor proveita
das lições que nos são oferecidos.

Vejamos o encerramento dado por Emmanuel a tão rico tema.

"E a alma de boa-vontade encontra mil recursos para adiantar-se na senda evolutiva,
amparando o próximo e descobrindo na felicidade dos outros a própria felicidade.
Em razão das leis que nos governam a vida, nem sempre o mensageiro que regressa do
país da morte procede de planos superiores e nem a mediunidade será sinônimo de
sublimação.
Determinadas inteligências desencarnadas se comunicam com determinados
instrumentos mediúnicos.
Os habitantes de outras esferas buscam no mundo aqueles com os quais simpatizam e a
mente encarnada aceita a visita das entidades com as quais se afina.
A necessidade do Evangelho, portanto, como estatuto de edificação moral dos
fenômenos espíritas, é impositivo inadiável. Com a Boa Nova, no mundo abençoado e
fértil da nossa Doutrina de luz e amor, possuímos a estrada rela para a nossa romagem
de elevação." Roteiro
Se a Terra é escola, Jesus é certamente o melhor professor que aqui teremos. Urge nos
matriculemos nos estudo constante do seu evangelho de luz, buscando compreender o
alcance de suas lições na vida de cada dia, diante das pessoas que o bom Deus colocou
em nosso caminhar.

Escolheremos como iremos viver, não nos esqueçamos, porém, que a escolha não
termina com a morte.

Fazer boas escolhas é seguir sem nada a temer, sabendo que "a morte virá por meirinho
seguro, mostrar-te a Grande Conta, a fim de que te informes que nasceste no mundo
somente para o bem, e que somente o bem é capaz de elevar-te, em santa plenitude de
quitação com a vida para a glória da luz sublimada e sem fim." Emmanuel - Marcas do
Caminho.

Um fraterno abraço e até o próximo estudo.

Campo Grande - MS,

Candice Günther
Estudo do livro Roteiro
Lição 30 - Renovação

Renovação é tornar algo novo, mudar para melhor, aprimorar, aperfeiçoar. É, também,
lei divina que a todos alcança.

"...o nosso globo, como tudo o que existe, está submetido à lei do progresso. Progride
fisicamente pela transformação dos elementos que o compõem, e moralmente pela
depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Esses dois
progressos se seguem e marcham paralelamente, porque a perfeição da habitação está
em relação com o habitante. Fisicamente, o globo sofreu transformações, constatadas
pela Ciência, e que sucessivamente o tornaram habitável por seres cada vez mais
aperfeiçoados; moralmente a Humanidade progride pelo desenvolvimento da
inteligência, do senso moral e do abrandamento dos costumes. Ao mesmo tempo que se
opera a melhoria do globo, sob o império das forças materiais, os homens a isso
concorrem pelos esforços de sua inteligência: saneiam regiões insalubres, tornam mais
fáceis as comunicações e a terra mais produtiva." Revista Espírita 1866

Tudo é renovação constante no que se refere à vida, seja material ou espiritual. O


mundo material, presenciamos com nossos olhos, a cada dia nos apresenta novidades, a
tecnologia promove avanços e nunca o homem teve acesso a tanto conhecimento como
tem hoje. Mas e a questão espiritual? Como reconhecer este mesmo caminho evolutivo
em nosso planeta e em nós? Como perceber a vibração que ainda impera?

Caminhemos com Emmanuel nesta valorosa lição refletindo sobre estas questões.

"As revelações dos Espíritos convidam naturalmente a ideais mais elevados, a


propósitos mais edificantes.
Para as inteligências realmente dispostas à renunciação da animalidade, são elas
sublime incentivo à renovação interior, modificando a estrutura fluídica do ambiente
mental que lhes é próprio.
Se a civilização exige o desbravamento da mata virgem, para que cidades educadas
surjam sobre o solo e para que estradas se rasguem soberanas, é indispensável a
eliminação de todos os obstáculos, à custa do sacrifício daqueles que devotam ao
apostolado do progresso." Roteiro

Tal qual os bandeirantes de outrora, que com seus facões e poucos recursos adentravam
em matas densas possibilitando a construção do que hoje conhecemos como cidades e
vilarejos, o ambiente mental da Terra pede por desbravadores, que adentrem nas
regiões densas e lá promovam a luz.

Eis a ferramenta sublime, as revelações dos espíritos. Acolhemos a doutrina espírita em


nossas vidas e percebemos o quanto ela nos faz bem e nos traz paz e consolo, é
importante, porém, que saibamos que esta luz também atua sobre todo o ambiente
espiritual da Terra, onde somos convidados a trabalhar.

Emmanuel nos fala que este erguimento espiritual da Terra se dará as custas do
sacrifício dos que se devotam ao apostolado do progresso. Para melhor compreender o
alcance desta frase, ouçamos a lição Paciência e Construção do livro Benção de Paz,
também de Emmanuel:

"Indiscutivelmente não consegues corrigir, como talvez desejes, os desacertos da


Humanidade, mas é possível ajustar o próprio coração à lei do amor a fim de que a
redenção do mundo encontre em ti mesmo o ponto necessário de expansão.Não julgues,
porém, que pressa ou violência sejam climas adequados de ação para a vitória do
bem. Amarás e servirás; entretanto, não só isso: ampararás também."

Estamos prontos para amar e servir? Estamos conscientes de que este é o caminho para
a regeneração do planeta?

Vejamos mais um trecho da lição.


" A Humanidade atual, em seu aspecto coletivo, considerada mentalmente, ainda é a
floresta escura, povoada de monstruosidades.
Se nos fundamentos evolutivos da organização planetária encontramos os animais pré-
históricos, oferecendo a predominância do peso e da ferocidade sobre quaisquer outros
característicos, nos alicerces da civilização do espírito ainda perseveram os grandes
monstros do pensamento, constituídos por energias fluídicas, emanadas dos centros de
inteligência que lhes oferecem origem." Roteiro

O que em mim ainda floresta densa que necessita ser percebido e compreendido para
evoluir? Quais os caminhos para esta descoberta?

A lição é profunda e merece nossa reflexão. Vivemos, em grande maioria, voltados para
o mundo exterior, esquecidos de nós mesmos e quando passamos por situações de
dificuldade ou de estresse é muito comum termos reações que nos escapam do
entendimento. São justamente estes "monstros" tão bem guardados em nossa psiquê que
afloram e pedem de nós atenção.

Possuímos tendências que precisam ser percebidas e trabalhadas, com coragem.


Conhecer a si mesmo é um grande desafio e, também, uma grande dor. Não apenas
porque precisaremos reconhecer nossas falhas, mas, principalmente, porque o desafio de
mudar, de permitir a lapidação da pedra bruta que reside em nosso íntimo se dá,
também, pela estrada da dor.

É como a borboleta que necessita passar pelo casulo para adquirir a beleza que a lagarta
nunca teve. Somos borboletas, estamos crisálidas.

"Cultiva a tua mente, iluminando-a e enobrecendo-a. Ainda que, por agora, não
percebas, a tua alma se expande, em milhões de partículas, que são os agentes de
libertação ou de cativeiro elaborados por teu próprio plano mental." André Luiz

Sigamos em frente.
"Temos, assim, dominando ainda a formação sentimental do mundo, os mamutes da
ignorância, os megatérios da usura, os iguanodontes da vaidade ou os dinossauros da
vingança, da barbárie, da inveja ou da ira.
As energias mentais do habitantes da Terra tecem o envoltório que os retém à
superfície do Globo. Raros são aqueles cuja mente vara o teto sombrio com os raios de
luz dos sentimentos sublimados que lhes fulguram no templo íntimo." Roteiro

De que forma contribuimos para a psicosfera do nosso planeta? Que tipo de


pensamentos estamos irradiando a cada instante? Percebemos que somos parte de um
todo e que somos, também, influenciados pela baixa vibração do planeta? E, ao
perceber, conseguimos nos desvencilhar, buscando uma sintonia mais elevada,
contribuindo, assim, para a melhoria da vibração da Terra?

Reencarnamos, todos sabemos, é hora, então, de recomeçar.

"... é necessário lutar na conquista do recomeço.


Personalidades do poder transitório, que abusaram do povo, assistem às privações das
classes humildes, verificando o martírio silencioso dos que se levantam cada dia, para a
contemplação da própria miséria;
avarentos que rolaram no ouro regressam às paredes amoedadas dos descendentes,
acompanhando os mendigos que lhes recorrem à caridade, anotando quanto dói suplicar
migalha a corações petrificados no orgulho;
escritores que se faziam especialistas da calúnia ou do escândalo tornam à presença
dos seus próprios leitores, examinando os entorpecentes e corrosivos mentais que
segregavam, impunes;
pais e mães displicentes ou desumanos voltam ao reduto doméstico dos rebentos
desorientados, considerando as raízes da viciação ou da crueldade, plantadas por eles
mesmos;
malfeitores, que caíram na delinquência, socorrem as vítimas de criminosos vulgares,
avaliando os processos de sofrimento com que supliciavam a carne e a alma dos
semelhantes…
Mas isso não basta. Depois do aprendizado, é preciso retomar o campo de ação,
renascer e ressarcir, progredir e aprimorar, solvendo débito por débito perante a Lei.
Companheiro do mundo, se o conhecimento da reencarnação já te felicita, sabes que a
existência na Terra é preciosa bolsa de trabalho e de estudo, com amplos recursos de
pagamento.
Assim pois, seja qual seja a provação que te assinala o caminho, sofre, amando, e
agradece a Deus. (Livro Justiça Divina - Emmanuel)

Sigamos em frente com a lição.

" O pensamento é o gerador dos infracorpúsculos ou das linhas de força do mundo


subatômico, criador de correntes de bem ou de mal, grandeza ou decadência, vida ou
morte, segundo a vontade que o exterioriza e dirige. E a moradia dos homens ainda
está mergulhada em fluidos ou em pensamentos vivos e semicondensados de estreiteza
espiritual, brutalidade, angústia, incompreensão, rudeza, preguiça, má-vontade,
egoísmo, injustiça, crueldade, separação, discórdia, indiferença, ódio, sombra e
miséria...
Com a demonstração da sobrevivência da alma, porém, a consciência humana adquire
domínio sobre as trevas do instinto, controlando a corrente dos desejos e dos impulsos,
soerguendo as aspirações da criatura para níveis mais altos.
Os corações despertados para a verdade começam a entender as linhas eternas da
justiça e do bem. A voz do Cristo é ouvida sob nova expressão na mais profunda
acústica da alma." Roteiro

Já tivemos a oportunidade de refletir sobre o alcance do nosso pensar, reconhecendo que


tudo nele tem seu início. Nossas ações jamais ocorreriam sem que primeiro tivéssemos
pensado em algo realizar. Assim, onde estamos é resultado do uso de nossa vontade ao
longo das muitas vidas.

O conhecimento da reencarnação como uma lei natural que a todos alcança nos permite
um novo olhar para o mundo, mas, principalmente para nós mesmos. Não somos uma
carta em branco que começou a ser escrita neste último século, somos seres que já
passaram por muitas vidas e cada uma repleta de experiências.
Acreditar em reencarnação, portanto, nos pede que vivamos como quem acredita, com
uma melhor consciência de que o passado se refere a nós e o futuro não apenas depende
de nossas ações como, também, nos aguarda, pois lá estaremos, em novas experiências.

A consciência das diversas vidas nos liberta do imediatismo, nos permite compreender o
tempo de cada um e nos fortalece para que tenhamos, também, paciência e perseverança
em relação a nossa própria conduta.

Nossas virtudes já se mostram latentes, assim como nossos desenganos pedem


arrependimento e reparação. Eis a nossa vida.

Despertar para a verdade, assim, é adentrar neste mundo complexo e belo, este mundo
cheio de vida, de experiências, de aprendizamos, é entrar em nosso mundo íntimo com a
coragem e a bravura de quem adentra uma selva densa e quer transformá-la em um
lindo jardim. Não é trabalho de um dia, nem de uma vida, é um trabalho constante.

O mais lindo modelo de alguém que venceu a si mesmo, construindo em seu interior um
belíssimo jardim é o Cristo Jesus, que veio nos ensinar e incentivar a desfrutarmos deste
éden que o Pai criou mas do qual insistimos em nos afastar.

Encerra Emmanuel a lição.

"Quem acorda converte-se num ponto de luz no serro denso da Humanidade, passando
a produzir fluidos ou forças de regeneração e redenção, iluminando o plano mental da
Terra para a conquista da vida cósmica no grande futuro.
Em verdade, pois, nobre é a missão do Espiritismo, descortinando a grandeza da
universalidade divina à acanhada visão terrestre; no entanto, muito maior é muito mais
sublime é a missão do nosso ideal santificante com Jesus para o engrandecimento da
própria Terra, a fim de que o Planeta se divinize para o Reino do Amor Universal."
Roteiro

Há quem pense que a caridade só ocorre quando as mãos trabalham, certamente, que lá
ela existe, fazendo o bem e auxiliando a quem padece. Porém, aprendemos hoje que o
nosso pensar pode ser um ponto de luz a acender-se na Terra auxiliando a todos que nos
cercam, encarnados e desencarnados.

Sejamos alegres, otimistas, busquemos a paz, vibremos no bem, tudo isto nos é possível
se estivermos atentos ao nosso dia a dia, atentos aos estimulos exteriores que nem
sempre nos fazem bem. Podemos optar pelo que ouvimos, pela forma como
alimentamos a nossa mente, desta decisão decorrerá, também, a nossa sintonia.

Emmanuel, no livro, fala sobre a Autorrenovação e, com esta lição, encerramos o estudo
de hoje.

"Atualmente, na Terra, todos ouvimos, com freqüência, a afirmativa geral — “eis que o
mundo se transforma”.
Efetivamente, no Plano Físico, em apenas um quartel de século, alteraram-se
basicamente quase todos os setores da vida em si.
Robôs específicos, quais sejam tratores ou máquinas de lavar, poupam imensidade de
trabalho e os processos de intercâmbio, os mais rápidos, converteram o Planeta em casa
grande com grande família entreunida nas mesmas realizações e nas mesmas
dificuldades.
A criatura humana, porém, conquanto se extasie perante os avanços do progresso e, por
vezes, se veja constrangida a súbitos deslocamentos emocionais, em vista das novas
orientações psicológicas, observa, dentro de si própria, que as ocorrências do espírito
continuam as mesmas.
O amor genuíno não sofreu qualquer modificação;
a atração dos sexos, do ponto de vista da coletividade, não experimentou mudança
alguma;
o sofrimento moral é absolutamente semelhante àquele que devastava civilizações de há
muito desaparecidas;
o imperativo da educação não abandonou o lugar que lhe compete na vida comunitária;
a ordem social não passou por alienação nenhuma, a fim de que a segurança comum se
faça resguardada nos alicerces da justiça;
e a morte prossegue em toda parte, coma sendo uma força que se impõe no mundo à
custa de lágrimas.
Consideremos tudo isso e não te permitas abater se lutas, porventura te assediem a
estrada.
Ante a perspectiva de mais mudanças no plano exterior, no imo da alma, sejamos mais
nós mesmos.
Por mais complexa se mostre a moldura do quadro em que vives, no mundo, nele
transitas, à feição de viajor, no hotel das facilidades materiais, com vinculações de
trânsito e compromissos de tempo certo.
A Terra se renova, substancialmente, oferecendo reconforto em todas as direções;
entretanto — ponderamos com respeito — é preciso saibas o que fazes de ti para que o
carro da evolução não te colha sob as suas rodas inexoráveis.
Ampara-te na fé em Deus, seja qual seja o campo religioso em que estagies, construindo
resistência íntima com os recursos do conhecimento e do amor.
Desvincula-te das preocupações improdutivas para que te não afastes do essencial.
Usa os bens que a vida te empresta atendendo ao bem dos outros, sem permitir que os
bens dos quais te fizeste usufrutuário te acorrentem ao poste das aflições inúteis.
Serve sem apego. Ama sem escravizar o próximo ou a ti mesmo. E ilumina-te,
seguindo adiante."
Um fraterno abraço e até o próximo estudo.

Campo Grande - MS, 02.12.2017.

Candice Günther
Estudo do livro Roteiro
Lição 31 – Desajuste Aparente

Durante muitos anos a doutrina espírita foi alvo de críticas e combates por parte dos
mais diversos segmentos religiosos. Ser espírita era sinônimo de ser adorador do diabo e
qualquer pessoa que se apresentasse como tal passava a ser mal vista, sofrendo o
preconceito dos que não a compreendiam.

Decorrido o tempo, isto se foi amainando e, hoje, percebe-se que já existe uma
convivência mais pacífica e respeitosa, porém, há outro tipo de crítica crescendo e que
merece a nossa atenção: a do próprio espírita.

Certamente é importante olhar para si mesmo e identificar os pontos a serem


melhorados, de igual forma isto se dá dentro de um movimento religioso, ou, antes que
venham as críticas, um movimento científico/filosófico/religioso. O espírita passou a
criticar o movimento espírita, em especial, os segmentos com os quais não concorda ou
as atitudes que não aprova. São conversas, palestras, blogs, vídeos, redes sociais, tudo
vale para dizer que o outro está errado.

Nesta lição, Emmanuel nos convida a refletir sobre este desajuste aparente.
Caminhemos com ele.

“Há quem afirme que a Doutrina dos Espíritos é viveiro de crentes indisciplinados,
pelo excesso das interpretações e pelo arraigado individualismo dos pontos de vista.
Outros proclamam que a Nova Revelação desloca a vida mental daqueles que a
esposam, compelindo-os à renunciação. Tais enunciados, porém, não encontram
guarida nos fundamentos da verdade. O Espiritismo, naturalmente, amplia os
horizontes do ser.” Roteiro

Há quem diga que se houver a reunião de quatro espíritas para decidir sobre alguma
teoria, depois de algum tempo, teremos mais 6 novas teorias, satirizando o perfil de
“excesso de interpretações” que Emmanuel nos fala neste inicio de lição.
A princípio tal fato não teria tão grande importância, eis que no mundo das idéias é bom
pensar em diversas opções, buscando a verdade em suas várias faces que nos são
possíveis de compreensão. A questão que se apresenta é o segundo item que Emmanuel
nos traz, o “arraigado individualismo dos pontos de vista”.

Quando passo a afirmar que apenas a minha teoria, seja qual for o assunto, é a correta,
fecho a porta do diálogo saudável e da oportunidade de ampliar meus horizontes. Ouvir,
refletir, reter o que é bom, eis o caminho que os antigos já ensinavam.

Mas se tudo isto nos é perceptível, estes excessos de interpretação acompanhados do


individualismo, a lição nos convida a uma percepção mais profunda do que vemos e
ouvimos, trazendo-nos o aspecto positivo deste caminhar natural, inclusive para nos
dizer que esta forma de viver e ver o mundo é decorrente do próprio Espiritismo, que
amplia nossos horizontes.

Se ontem mantínhamos nossos pensamentos restritos ao que nos era dito e permitido,
hoje, temos a oportunidade de pensar, de buscar dentro de nós definições, conceitos que
sempre foram exteriores. Hoje, não basta mais ao espírita saber o que fulano ou siclano
disse, mas, é importante, também, o que cada um pensa individualmente no imo do seu
ser.

Sigamos em frente.

“A visão mais clara do Universo e a mais alta concepção da justiça dilatam na mente a
sede de libertação, para mais altos vôos do espírito, e a compreensão mais clara,
aliando-se à mais viva noção de responsabilidade, estabelece sublimes sentimentos
para a alma, renovando os centros de interesse para o campo íntimo, que se vê, de
imediato, atraído para problemas que transcendem a experiência vulgar.” Roteiro

O conhecimento nos permite discernir melhor quanto ao mundo que nos cerca, a todo
momento fazemos escolhas e quanto mais estivermos conscientes do que estamos
escolhendo e das consequências de nossas escolhas, mais, também, teremos a
oportunidade de evoluir, direcionando nossa vida para o bem maior.
Esta visão mais clara do Universo, que Emmanuel fala, também nos permite deixar de
lado, definitivamente, a postura de auto-piedade, daquele que culpa tudo e todos por
suas adversidades, mas nunca a si mesmo.

O grande desafio que se apresenta é reconhecermos nossas faltas, nossa imperfeição e


não paralisarmos na culpa, mas exercitarmos o auto-perdão juntamente com atitudes que
visam a reparação dos males e desenganos que causamos.

Trata-se de um verdadeiro despertar da alma, que, mais consciente de si mesma, passa a


sentir-se responsável pela própria condição de felicidade ou infelicidade, buscando a
cada dia experiências que o enriqueçam, ou seja, que transcendem a experiência vulgar,
ainda tão atrelada aos prazeres dos sentidos, ao que a matéria efêmera nos é capaz de
proporcionar.

Sigamos em frente com a lição.

“Realmente, para quem estima os padrões convencionalistas, com plena adaptação ao


menor esforço, não será fácil manejar caracteres livres, nos domínios da fé, porque os
desvairamentos da personalidade invariavelmente nos espreitam, tentando-nos a impor
sobre outrem o tacão do nosso modo de ser. Dentro da Nova Revelação, todavia, não
há lugar para qualquer processo de cristalização dogmática ou de tirania intelectual. A
imortalidade desvendada convida o homem a afirmar-se e o centro espiritual do
aprendiz desloca-se para interesses que transcendem a esfera comum.” Roteiro

A vida em sociedade nos impõe modelos de comportamento, muitos dos quais


precisamos romper. Padrões convencionalistas, como o consumismo, a aparência
mantida em detrimento da verdade, o ter em detrimento do ser, e tantos outros moldes
que a todo dia somos convidados a aderir.

Sentimentos cristalizados ao longo de muitos séculos dos quais necessitamos despertar.


Fugimos do auto-conhecimento, da busca pelo nosso ser integral, porque este caminho é
cheio de obstáculos e desafios. Mudar um comportamento requer do espírito um grande
esforço.
Vem, porém, a doutrina espírita e nos mostra que somos fruto de experiências múltiplas.
Qual a repercussão que este conhecimento nos traz? Acreditar em reencarnação me
torna diferente de quem não acredita?

Emmanuel nos diz que a imortalidade desvendada é um convite a que nos percebamos
como aprendizes.

Aprendiz é que se reconhece imperfeito mas que busca a cada dia melhorar-se. É,
também, alguém que reconhece este mesmo estado nos que o cercam, tendo assim,
maior indulgência com as imperfeições alheias, eis que consciente que todos estão em
trajetória evolutiva, cada um a seu tempo e no seu ritmo.

Deixamos, assim, de tentar impor pontos de vista, crenças, hábitos, passamos a olhar a
vida como oportunidade reiterada de aprendizado, de enriquecimento espiritual. E este
envolvimento é tão profundo que deixamos de nos importar com as coisas menores da
vida cotidiana. É isto que Emmanuel nos quer dizer com “desloca-se para interesses que
transcendem a esfera comum.”

Em estudo anterior tivemos a oportunidade de aprender, também com Emmanuel, que


para saber onde estão nossos verdadeiros interesses, basta observar o que fazemos
quando estamos sozinhos. Será que este momento já transcende a esfera comum? Será
que já nos ocupamos com leituras edificantes, com momentos reflexivos em busca do
auto-conhecimento?

Precisamos despertar para a vida verdadeira.

Sigamos em frente com a lição.

“As inteligências de todos os tipos, tanto quanto os mundos, gravitam em torno de


núcleos de força, que as influenciam sustentam. O panorama do infinito, descortinado
ao homem pelo nossos ideal, atrai o cérebro e o coração para outros poderes, e a
criatura encarnada, imperceptivelmente induzida a operar em serviços diferentes,
parece desajustada e sedenta, à procura de valores efetivamente importantes para os
seus destinos na vida eterna.” Roteiro
O que nos influencia e sustenta? Para onde nossa inteligência se dirige e se alimenta?

Paulo dizia que não somos do mundo, mas estamos nele, reconhecendo, assim, que
nosso espírito transcende a este momento de vida material.

Muitos de nós caminhamos na correria cotidiana. Acordamos e corremos, dormimos e


voltamos a correr. E, vem então o sentimento de desajuste e sede, porque as posses e as
riquezas deste mundo não preenchem nosso ser.

O que realmente importa?

Imaginemos alguém que fará grande viagem, é certo de que ele irá se preparar,
buscando conhecer o seu destino e preparando sua bagagem com tudo o que irá
necessitar no lugar para onde irá.
Este mesmo pensamento podemos utilizar para pensar na vida espiritual. Se acreditamos
que há vida após a morte, que levamos apenas o bem que realizamos em nós, mediante
o bem que fomos capazes de semear em outras vidas, então, iremos perceber que
estamos nos preparando para a grande viagem. Como estão nossas malas? Como está
nosso conhecimento do mundo espiritual?

Sigamos em frente.

“As escolas religiosas oficializadas ou organizadas, presas a imperativos de


estabilidade econômicas, habitualmente gravitam em derredor da riqueza perecível ou
da autoridade temporal da Terra e jazem magnetizadas pela idéia de domínio e
influência que, no mundo, facilitam a solidariedade e a união, de vez que a maioria dos
espíritos encarnados, ainda cegos para a divina luz, reúnem-se e obedecem
alegremente, ao redor do ouro ou do comando sobre os mais fracos.” Roteiro

Riqueza e poder, os mestres do nosso tempo. Nossa sociedade cultua estes “deuses”,
raros os que vivem de forma sóbria, sem adentrar nos valores que regem este verdadeiro
culto ao dinheiro e ao poder.
Pensemos um pouco em nossa vida, realmente precisamos de tantos sapatos, bolsas,
roupas e demais bens? São necessidades ou estamos gravitando nesta forma de viver,
quais presas que orbitam em torno de uma fonte magnética, incapazes de se libertar?

Romper com esta vida não é fácil e pode custar muito. Paulo de Tarso, ao aderir a
proposta de vida de Jesus, de amor e fraternidade, perdeu tudo o que tinha, seus amigos,
sua família, sua profissão, tudo lhe foi tirado quando ele decidiu-se por uma nova forma
de viver.

Mas, como podemos nos libertar deste mundo e caminhar de forma livre e consciente?
Eis que Emmanuel nos auxilia a compreender, sob as luzes da doutrina espírita.

“Mas no Espiritismo é difícil aglutinar caracteres libertados, sob o estandarte


nivelador da convenção. Assim como aconteceu nos trezentos anos que antecederam a
escravização política do Evangelho redentor, o discípulo da nossa Doutrina
Consoladora pretende encontrar um caminho de acesso à vida superior.
Aceita as facilidades humanas _ para dar com largueza e desprendimento da posse.
Disputa o contentamento de trabalhar _ para servir.
Busca a liberdade _ para submeter-se às obrigações que lhe cabem.
Adquire luz _ para ajudar na extinção das trevas.
“Está no mundo sem ser do mundo.”
É alguém que, em negando a si mesmo, busca a Mestre da Verdade, recebendo, de boa
vontade, a cruz do próprio sacrifício para a jornada de ressurreição.” Roteiro

Chico Xavier viveu com muita simplicidade. Não obstante, passou por ele muito
dinheiro. Ele recebeu a doação de fazendas, terrenos, dinheiro, joias, mas tudo o que
recebia era algo para “dar largueza e desprendimento da posse.” Ele doava a quem
necessitava e permanecia em sua forma livre de viver, servindo a todos.
Em geral, trabalhamos para nós mesmos, para termos segurança e conforto. Mas a lição
nos indica o que o trabalho possui uma outra face – trabalhar para servir. Aquilo que era
para muitos um fardo e uma obrigação, adquire aspecto santo, puro, deixa de ser algo
apenas material para tornar-se oportunidade bendita de auxiliar o mundo em que
vivemos a ser um lugar melhor.
Ao assumir o seu papel na criação, o homem passa a ser luz para os que o cercam,
auxiliando a todos com seu trabalho, com sua vida. Não importa a tarefa, importa como
a realizamos.

O livro Paulo e Estevão nos conta a história de Jeziel, que mais tarde tornaria-se cristão
e passaria a ser chamado de Estevão. Antes disso, porém, ele é feito escravo e vai
trabalhar nas galeras. Poucos sobreviviam a trabalho tão duro e extenuante, porém,
Jeziel se destacava pelo bom ânimo e por servir com alegria.

“— Mas todo o serviço é de Deus, amigo — respondeu Jeziel altamente inspirado —, e


desde que aqui nos encontramos em atividade honesta e de consciência tranqüila,
devemos guardar a convicção de servos do Cria dor, trabalhando em suas obras.
Para todas as complicações da nova modalidade de sua existência, tinha
uma fórmula conciliatória, harmo nizando os ânimos mais exaltados. O feitor
surpreendia-se com a delicadeza do seu trato e capacidade de tra balho, que se
aliavam aos mais altos valores da educação religiosa recebida no lar.” Paulo e Estevão
Finalizando a lição.
“E demorando-se cada discípulo, em esfera variada de trabalho, observamos que eles
todos, à maneira de viajores, peregrinando escada acima _ cada qual contemplando a
vida e a paisagem do degrau em que se encontra _, oferecem o espetáculo de almas em
desajuste e extremamente separadas entre si, porquanto os habitantes do vale ou da
planície, acostumados aos mesmos quadros de cada dia, com a repetição das mesmas
nuances de claridade solar, não conseguem esquecer, de improviso, as velhas atitudes de
muito tempo em nem podem entender o roteiro dos que se desinteressam da ilusão,
caminhando, em sentido contrário ao deles, ao encontro de outra luz.” Roteiro

Qual a esfera de trabalho que escolhemos estar? Qual a paisagem que a vida cotidiana
nos revela? O que precisamos aprender para seguir em frente nesta trajetória evolutiva
infinita?

A lição é rica e não é para o outro, mas para mim, porque apenas eu poderei escolher o
caminho que quero seguir. A cada dia poderei ter paz e alegria, se souber aproveitar as
oportunidades de aprendizado, mesmo as que pedem silêncio e resignação. Somos os
autores da nossa própria felicidade.
Que cada instante de nossa vida seja um caminhar para o “encontro da luz” que já habita
em nós e espera o nosso querer e a nossa vontade para brilhar.

Fraterno abraço e até o próximo estudo.

Campo Grande – MS, 14.01.2018.

Candice Günther
Estudo do livro Roteiro
Lição 32 - Colaboração

No livro Ave Cristo, ao descrever a Igreja de Lyon, Emmanuel nos dá a notícia


de como vivia aquele comunidade segundo os ensinamentos do Cristo, informa que
oravam para servir e não para receberem ou serem servidos.

Decorridos quase 2000 anos, ainda verificamos que a religiosidade, em geral,


está atrelada ao desejo de algo receber. Se a doença lhe visita, a ida ao templo religioso
passa a ser obrigatório, seja qual for a denominação. As casas espíritas possuem
atendimento constante, além do passe, indo desde uma simples conversa até a
procedimentos mais complexos de troca fluídica, atendendo aos que sofrem com as
doenças do corpo e da alma.

E nós? Qual a razão de procurarmos a religião em nossa vida? Qual o motivo


que nos faz frequentar uma casa religiosa, um grupo de estudo, ou um trabalho de
caridade? O que vai em nosso coração e em nossa prece? Rogamos forças para servir ou
realizamos petições e mais petições aos benfeitores espirituais querendo que estes nos
sirvam?

Emmanuel traz na lição 32 do livro Roteiro reflexões sobre o assunto


Colaboração. Aproveitemos o ensejo para aprender e refletir.

"Em sua condição de movimento renovador das consciências, a Nova Revelação


vem despertar o homem para o lugar determinado que a Providência lhe confere,
esclarecendo-o, acima de tudo, de que o egoísmo, filho da ignorância e responsável
pelos desvarios da alma, é perigosa ilusão. Trazendo-nos a chave dos princípios
religiosos, vem compelir-nos à observância das leis mais simples da vida, revelando-
nos o impositivo de colaboração a que não conseguiremos fugir." Roteiro
O egoísmo é perigosa ilusão. Nos remete a um mundo voltado apenas para os
nossos próprios interesses, incapaz de fazer o bem pelo bem, de fazer algo sem nenhum
interesse pessoal envolvido.

Esta afirmação é muito importante, porque não basta ser bom e correto,
moralmente, é preciso que estas ações sejam desinteressadas em proveito próprio. Sobre
o tema nos ensinam os espíritos.

895. Postos de lado os defeitos e os vícios acerca dos quais ninguém se pode equivocar,
qual o sinal mais característico da imperfeição?

“O interesse pessoal. Frequentemente, as qualidades morais são como, num objeto de


cobre, a douradura que não resiste à pedra de toque. Pode um homem possuir
qualidades reais, que levem o mundo a considerá-lo homem de bem. Mas essas
qualidades, conquanto assinalem um progresso, nem sempre suportam certas provas, e
às vezes basta que se fira a corda do interesse pessoal para que o fundo fique a
descoberto. O verdadeiro desinteresse é coisa ainda tão rara na Terra que, quando se
patenteia, todos o admiram como se fora um fenômeno.

“O apego às coisas materiais constitui sinal notório de inferioridade, porque, quanto


mais se aferra aos bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu destino.
Pelo desinteresse, ao contrário, demonstra que encara de um ponto mais elevado o
futuro.”
O Livro dos Espíritos > Parte terceira - Da leis morais > Capítulo XII - Da perfeição
moral > As virtudes e os vícios > 895

Sigamos em frente para bem compreender a lição.

" A vida, pródiga de sabedoria em toda parte, demonstra o princípio da cooperação,


em todos os seus planos.
O verme enriquece a terra e a terra sustenta o verme.
A fonte auxilia as árvores e as árvores conservam a fonte.
O solo ampara a semente e a semente valoriza o solo.
As águas formam as nuvens e a nuvens alimentam as águas.
A abelha ajuda a fecundação das flores e as flores contribuem com as abelhas no
fabrico do mel.
Um pão singelo é gloriosa síntese do trabalho de equipe da natureza. Sem as lides da
sementeira, sem as dádivas do Sol, sem as bênçãos da chuva, sem a defesa contra os
adversários da lavoura, sem a assistência do homem, sem o concurso do moinho e sem
o auxílio do forno, o pão amigo deixaria de existir.
Um casaco inexpressivo é fruto do esforço conjugado do fio, do tear, da agulha e do
alfaiate, solucionando o problema da vestidura." Roteiro

A Natureza não existe apenas para fazer parte de nossa vida material, mas é um reflexo
das leis que regem o Universo e observá-la muito nos ensina.

A lição Ouvindo a Natureza do livro Ideal Espírita nos auxilia:

" Em todos os ângulos da Vida Universal, encontramos, patentes, os recursos infinitos


da Sabedoria Divina.
A interdependência e a função, a disciplina e o valor são alguns aspectos simples da
vida dos seres e das cousas.

Interdependência — a vida vegetal vibra em regime de reciprocidade com a vida


animal.
A laranjeira fornece oxigênio ao cavalo e o cavalo cede gás carbônico à laranjeira.

Função — o fruto é o resultado principal da existência da planta.


A laranjeira, conquanto possua aplicações diversas, tem na laranja a finalidade maior
da própria vida.

Disciplina — cada vegetal produz um só fruto específico.


Existem infinitas qualidades de frutos, todavia a laranjeira somente distribui laranjas.

Valor — cada fruto varia quanto às próprias qualidades.


A laranja pode ser doce ou azeda, volumosa ou diminuta, seca ou suculenta.
Antes do homem surgir na superfície do planeta, o vegetal, há muito, seguia as leis
existentes.
Como usufrutuários do Universo, saibamos, assim, que toda ação humana contrária à
Natureza constitui caminho a sofrimento.
Retiremos dos cenários naturais as lições indispensáveis à nossa vida.

Somos interdependentes.
Não viveremos em paz sem construir a paz dos outros.

Temos funções específicas.


Existimos para colaborar no progresso da Criação, edificando o bem para todas as
criaturas.

Carecemos de disciplina.
Sem método em nossos atos, não demandaremos a luz da frente.

Somos valorizados pelas leis divinas.


Valemos o preço das nossas ações, em qualquer atividade, onde estivermos.”
.André Luiz

Fazemos parte da natureza e esta percepção muda a nossa forma de agir em relação ao
que nos cerca, eis que possuidores de inteligência, além do instinto, percebemos que
nosso agir para agregar ou destruir. Sentindo-se partícipe, o homem percebe-se
subordinado as leis que regem o Universo, e encontra em seu agir, pensar e sentir as
formas de interagir com o mundo ao seu redor.

Não se trata apenas de um querer, desde a criação Deus nos deu o papel de gestores, co-
criadores e, tudo o que nos acontece é aprendizado para trilharmos este caminho
evolutivo a fim de conquistarmos a humanidade em sua integralidade, tornando-nos o
que fomos criados para ser.

Caminhemos mais um pouco com a lição.


" Assim como acontece na esfera das realizações materiais, a Nova Revelação convida-
nos, naturalmente, a refletir sobre a função que nos cabe na ordem moral da vida.
Cada criatura é peça significativa na engrenagem do progresso.
Todos possuímos destacadas obrigações no aperfeiçoamento do espírito." Roteiro

Temos aptidões que podem ser colocadas a serviço da humanidade e temos, também,
inteligência para aprender coisas novas, agregando em nosso ser o conhecimento que
alavancando o nosso progresso e também do mundo que nos cerca.

Somos peças de uma engrenagem complexa. Isto significa que não somos todos iguais,
nem mesmo estamos aptos para todas as funções. Nesta vida, nosso corpo irá
potencializar as aptidões que nosso espírito já adquiriu e precisamos aprender a observar
e compreender quem somos para bem servir.

Não existem, assim, moldes aos quais devemos nos adequar. Somos únicos, com
qualidades e equívocos, também únicos.

Deixamos, assim, de olhar para o que o outro está realizando, para buscar em nosso
íntimo o que nós podemos realizar, em nós e para a construção de um mundo melhor.

Qual a vontade de Deus para a nossa vida? Quais as virtudes que possuo e que podem
auxiliar o mundo a ser um lugar melhor? Percebo-me como colaborador na construção
de um mundo melhor, ou ainda transito nos sentimentos egoísticos que ainda habitam
em tantos corações?

Não se trata apenas de trabalhar ou fazer o bem, trata-se de algo mais profundo, que nos
remete a fala inicial: servir. E a melhor forma de servir é o trabalho.

Caminhemos mais um pouco com Emmanuel.

" Alma sem trabalho digno é sombra de inércia no concerto da harmonia geral.
Cérebros e corações, mãos e pés, em disponibilidade , palavras ocas e pensamentos
estanques constituem congelamento deplorável do serviço da evolução.
A vida é a força divina que marcha para diante." Roteiro
O bem mais precioso nos tempos atuais é o tempo. A todos dado igualmente, mas por
poucos aproveitado. Tempo...como o estamos usando?

Humberto de Campo nos diz: " O trabalho, entre as margens do amor e da reta
consciência, é a estrada de luz que te reconduzirá ao Paraíso, a fim de que a Terra se
transforme no divino espelho da Glória de Deus." (Contos e Apólogos)

Pedimos ao Pai Celestial quando oramos o Pai Nosso: "Venha a nós o vosso reino..." ,
pois é justamente o que estamos fazendo neste exato momento, se estivermos usando
bem o nosso tempo, estamos construindo o Reino de Deus na Terra, ou como diz
Humberto de Campos, estamos trabalhando para que " a Terra se transforme no divino
espelho da Glória de Deus."

"Deus não vos pede que vivais em austeridade e privações; não pede que vos cubrais
com o cilício: quer apenas que vivais conforme a caridade e o coração. Ele não quer
mortificações que destroem o corpo; quer que cada um se aqueça ao seu sol e, se fez
raios mais frios que outros, foi para dar a compreender a todos quanto é forte e
poderoso. Não; não vos cubrais com cilício; não fustigueis vossa carne aos golpes da
disciplina. Para trabalhar na vinha é preciso ser robusto e poderoso; o homem deve ter o
vigor que Deus lhe deu. Ele não criou a Humanidade para a transformar em raça
bastarda e macilenta; ele a fez como manifesto de sua glória e de seu poder." Revista
Espírita de 1862 - A Vinha do Senhor.

Usemos bem o dia, com proveito, nas simples tarefas e também nas mais complexas,
tudo realizando com préstimo, amor e bondade. Sem esperar aplausos ou
reconhecimento, apenas a satisfação íntima de estarmos trilhando o caminho do bem.

Ouçamos as lições finais que Emmanuel nos traz:

" Obstruir-lhe a passagem, desequilibrar-lhe os movimentos, menoscabar-lhe os dons e


olvidar-lhe o valor é criar aflição e sofrimento que se voltarão, agora ou mais tarde,
contra nós mesmos.
Precatem-se, portanto, aqueles que julgam encontrar na mensagem do Além o elixir do
êxtase preguiçoso e improdutivo.
O mundo espiritual não abriria suas portas para consagrar a ociosidade.
As almas que regressam do túmulo indicam a cada companheiro da Terra a
importância da existência na carne, acordando-lhe na consciência não só a
responsabilidade de viver, mas também a noção do serviço incessante do bem, como
norma de felicidade imperecível." Roteiro

Sofremos e nos sentimentos aflitos quando saimos deste caminho, porque aquele que
está a serviço do bem, mesmo em meio a tempestade, confia e segue em frente,
reconhecendo na dificuldade a escola divina que ensina a todo instante.

E para bem compreender que tipo de aflição, socorremo-nos do próprio Emmanuel, no


texto Aflição e Tranquilidade:

" “Bem-aventurados os que choram”, — disse-nos o Senhor — contudo, é importante


lembrar que, se existe aflição gerando tranquilidade, há muita tranquilidade gerando
aflição.

No limiar do berço pede a alma dificuldades e chagas, amargores e cicatrizes,


entretanto, recapitulando de novo as próprias experiências no Plano Físico, torna à
concha obscura do egoísmo e da vaidade, enquistando-se na mentira e na delinquência.
Aprendiz recusando a lição ou doente abominando o remédio, em quase todas as
circunstâncias, o homem persegue a fuga que lhe adiará indefinidamente as realizações
planejadas.
É por isso que na escola da luta vulgar vemos tantas criaturas em trincheiras de ouro,
cavando abismos de insânia e flagelação, nos quais se despenham, além do campo
material, e tantas inteligências primorosas engodadas na auréola fugaz do poder
humano, erguendo para si próprias masmorras de pranto e envilecimento, que as
esperam, inflexíveis, transposto o limite traçado na morte.
E é ainda por essa razão que vemos tantos lares, fugindo à bênção do trabalho e do
sacrifício, à feição de oásis sedutores de imaginária alegria para se converterem amanhã
em cubículos de desespero e desilusão, aprisionando os descuidados companheiros que
os povoam em teias de loucura e desequilíbrio, na Vida Espiritual.
Valoriza a aflição de hoje, aprendendo com ela a crescer para o bem, que nos burila para
a união com Deus, porque o Mestre que te propões a escutar e seguir, ao invés de
facilidades no imediatismo da Terra, preferiu, para ensinar-nos a verdadeira ascensão, a
humildade da Manjedoura, o imposto constante do serviço aos necessitados, a
incompreensão dos contemporâneos, a indiferença dos corações mais queridos e o
supremo testemunho do amor em plena cruz da morte." Emmanuel - livro Ceifa de Luz.

Encontremos nossa felicidade futura, semeando desde hoje, com trabalho, alegria e
muita fé, aproveitando o tempo que nos é concedido de forma útil e produtiva,
sabedores que de tudo daremos conta, ao Nosso Pai Celestial e, também, a nossa própria
consciência.

Sejamos colaboradores do Cristo e com o Cristo, construindo o reino dos céus na Terra,
a começar, dentro de nós.

Um fraterno abraço e até o próximo estudo.

Campo Grande – MS, 16.01.2018.


Candice Gunther
Estudo do livro Roteiro
Lição 33 – Individualismo

Na lição 15 do livro Roteiro, tivemos a oportunidade de estudar o mesmo tema proposto


nesta lição, Individualidade, porém, sabiamente Emmanuel o associou ao tema
Evangelho, fornecendo-nos a forma como Cristo atuava com cada indivíduo,
mostrando-nos, assim, um olhar para cada alma, um único caminho para cada ser nesta
trajetória evolutiva cheia de oportunidades e dificuldades.
Caminhemos, agora, com estas novas linhas, atentos a este roteiro de vida que
Emmanuel nos apresenta.

“Em contacto com os ideais da Revelação Nova, o homem, sentindo dilatar-se-lhe


naturalmente a visão, começa a perceber, com mais amplitude, os problemas que o
cercam.
Aguça-se-lhe a sensibilidade, intensifica-se-lhe a capacidade de amar. Converte-se-lhe
o coração em profundo estuário espiritual, em que todas as dores humanas encontram
eco.
Por isso mesmo, acentuam-se-lhe os sofrimentos, de vez que as suas aspirações não
surpreendem qualquer sintonia nos planos inferiores em que ainda respira.” Roteiro

O conhecimento da doutrina espírita e a busca da vivência de seus ensinamentos nos dá


nova dimensão do mundo. O que antes nos parecia grande problema, sob a perspectiva
das muitas vidas, passa a ser diminuta dificuldade ou mesmo oportunidade de
aprendizado. O desafeto que antes nos desviava de nossos melhores ideais de
fraternidade, hoje recebe nossos melhores pensamentos diante a perspectiva do amor
que nos pede indulgência para com as falhas alheias, eis que nós também muito
falhamos. E seriam muitos os exemplos de uma nova vista para os mais diversos
aspectos da vida antes e depois do conhecimento da doutrina dos espíritos.

A lição nos convida, porém, a percebermos as duas faces deste valoroso conhecimento.
Se nos tornamos mais amorosos e somos inspirados à compaixão diante das
adversidades do mundo, também atravessamos dificuldades diante das fortes
resistências ante a baixa vibração do planeta.
Amar e sofrer, dois caminhos que seguem juntos, lado a lado, diante de nossa condição
evolutiva. Fato é que todos desejamos viver em amor e fraternidade, mas quantos de nós
já estamos aptos a sofrer um pouco em nome desta nova vida? Que dificuldades do
caminho temos a coragem de enfrentar em nome destes novos ensinamentos que o
Cristo nos trouxe e o espiritismo clareia? E mais, sabemos diferenciar as dores que
decorrem de nossa imperfeição e as dores que decorrem do testemunho de nossa vida
diante do Evangelho?

Somos, hoje, convidados a carregar a nossa cruz e sobre o tema, esclarece-nos


Emmanuel:

“Carregar nossa cruz, a caminho do Cristo, será abraçar as responsabilidades que nos
cabem, no setor de trabalho que ele próprio nos confiou.
E, na adesão ao compromisso esposado, urge não esquecer que as nossas dificuldades
podem ser modificadas, mas não extintas.
Sem obstáculos, cairíamos na inércia. E é forçoso avançar sem esmorecer para evoluir.”
Livro Mãos Unidas.

Sigamos em frente com a lição:

“Desejaria o aprendiz acompanhar-se por todos aqueles que ama, na caminhada para
a vida superior, entretanto, à medida que se adianta em conhecimentos e se sutiliza em
sensações, reconhece quase sempre que os amados se fazem dele mais distantes.
Aqui, é a companheira que persevera em rumo diferente, além, é o coração paternal
que, por afetividade mal dirigida, dificulta a ascensão para a luz... Ontem, era um filho
a golpear-lhe as fibras mais íntimas; hoje, é um amigo que deserta...
Se o discípulo não se rende à perturbação e ao desânimo, gradativamente começa a
compreender que está sozinho, em si mesmo, para aprender e ajudar, entendendo,
outrossim, que na boa-vontade e no sacrifício adquire valores eternos para si próprio.”
Roteiro

Cada ser trilha um caminho único e nossos caminhos apenas se cruzam ou andam juntos
por algum tempo com o das outras pessoas, familiares ou não. Iremos, assim,
compartilhar vivências com muitas pessoas, em especial com a família que será sempre
a nossa melhor e mais rica escola, onde teremos a oportunidade de aprender e vivenciar
o amor, o perdão, a renúncia, e tantas outras virtudes que tanto carecemos.

Nem sempre seremos compreendidos, nem sempre teremos voz para compartilhar as
maravilhas que nosso coração descobrirá. E isto se dá por um motivo justo, o evangelho
de Jesus transcende as palavras que possamos dizer para cobrar de nós uma vivência
que exemplifique o que vai em nosso íntimo.

Assim, não cabe na vida de um cristão o desânimo ou perturbação porque este ou


aquele trilha caminho diverso, ainda que lhe pareça equivocado. Temos o direito de
fazer escolhas e com o outro não será diferente.

Desta forma, o convite da lição é para que busquemos dentro de nós os valores eternos
que nos conduzirão, permitindo-nos erros e tropeços, vitórias e alegrias, como a todos
que nos cercam.
Boa vontade e sacrifício são as palavras que Emmanuel nos deixa para que sigamos
sempre em frente. E esta parece ser a fórmula para se viver bem, com boa vontade
conseguimos ir além do que se espera, porque teremos um olhar otimista diante das
mais variadas situações. E quando não bastar a boa vontade, Jesus nos convida e ensina
a nos sacrificarmos em prol do outro, num exercício pleno que revoga definitivamente
de nosso mundo íntimo os traços do egoísmo e do personalismo.

Sigamos com a lição, eis a próxima palavra chave: Trabalho.

“Quanto mais cede a favor de todos, mais é compensado pela Lei Divina que o
enriquece de força e alegria no grande silêncio.
Na marcha diária, chega à conclusão de que o individualismo ajustado aos princípios
inelutáveis do bem é a base do engrandecimento da coletividade. Reconhece que o
espírito foi criado para viver em comunhão com os semelhantes, que é a unidade de um
todo em processo de aperfeiçoamento e que não pode fugir, sem dano, à cooperação,
mas, à maneira da árvore no reino vegetal, precisa crescer e auxiliar com eficiência
para garantir a estabilidade do campo e fazer-se respeitável. Ninguém vive só, mas
chega sempre um momento para a alma em que é imprescindível saber lutar em solidão
para viver bem.” Roteiro
Ensina-nos o vernáculo que ceder é " abrir mãe de; renunciar."

Se para o mundo a renúncia implica em perda, nas contas da lei divina ela se reverte em
ganho, enriquecendo a quem dá de si mesmo com força e alegria.

Não se trata de troca, mas de doação e é importante observarmos isso. Quando


renunciamos algo em favor de alguém, e o fazemos com amor no coração, não
esperamos retorno de qualquer espécie, nem mesmo reconhecimento. Ao contrário, se a
renúncia não é verdadeira, esperaremos o retorno. A alegria e a força que Emmanuel
nos fala na lição decorre apenas dos atos de renúncia verdadeira, e apenas Deus conhece
profundamente o que vai em nosso coração. Podemos ver alguém e achar-lhe um
homem de bem, mas há alegria e força em seu viver? E em nós?

Há no livro Mensageiros interessante diálogo entre André Luiz e Aniceto, que nos
auxiliam a compreender com maior profundidade as nuances da renúncia:

" “Nosso serviço é variado e rigoroso. O departamento de trabalho, afeto à nossa


responsabilidade, aceita somente os cooperadores interessados na descoberta da
felicidade de servir. Comprometemo-nos, mutuamente, a calar toda espécie de
reclamação. Ninguém exige expressão nominal nas obras úteis realizadas e todos
respondem por qualquer erro cometido. Achamo-nos, aqui, num curso de extinção das
velhas vaidades pessoais, trazidas do mundo carnal. Dentro do mecanismo hierárquico
de nossas obrigações, interessamo-nos tão somente pelo bem divino. Consideramos que
toda possibilidade construtiva vem de nosso Pai e esta convicção nos auxilia a esquecer
as exigências descabidas de nossa personalidade inferior.” Mensageiros - Aniceto

Pelos frutos conheceremos a árvore, pelas consequências conheceremos o que vai em


nosso coração realmente e, assim, poderemos ir corrigindo e melhorando.

E nestas trocas constantes reconhecemos que ora doamos, ora recebemos. A verdade é
que vivemos em comunidade, alguns mais que outros, porém, todos, indistintamente,
dependentes uns dos outros. Já para nascer o indíviduo necessita da contribuição de ao
menos duas pessoas, e isso permanece pela vida inteira.
Temos a percepção de que somos únicos, que nosso caminho é distinto dos caminhos
alheios, não obstante, nosso objetivo muitas vezes comunga com os objetivos alheios e
nestes momentos estamos realizando algo coletivo. O bem é sempre uma construção de
muitas mãos.

Vale a pena refletir nas palavras de Emmanuel, neste valoroso parágrafo para concluir
que:
- nosso espírito foi criado para viver em comunhão;
- somos a unidade de um todo em processo de aperfeiçoamento;
- ao crescer, estamos aptos a auxiliar, auxiliando adquirimos respeito e efetividade.

Sigamos em frente com a lição.

"Para valorizar o celeiro e enriquecer a mesa, a semente descansa entre milhões de


outras que com ela se identificam; todavia, quando chamada a produzir com a vida
para o conforto geral, deve aprender a estar isolada no seio frio da terra,
desvencilhando-se dos envoltórios inferiores, como se estivesse reduzida a lodo e
morte, a fim de estender novos ramos e elevar-se para o Sol.
Sem o indivíduo forte e sábio, a multidão agitar-se-á sempre entre a ignorância e a
miséria.
Esforço e melhoria da unidade, para o progresso e sublimação do todo, é uma lei."
Roteiro

Ter amigos, família, colegas, tudo isto faz parte de nossa vida social, porém, é precioso,
também, o tempo em que estamos a sós, desfrutando de nossos mais íntimos
pensamentos e buscando nossa identidade. Quem eu sou? Gosto de quem eu me tornei
ao longo dos anos? A minha presença enriquece o mundo? Como contribuo para a vida
coletiva?

A encarnação é sempre como a semente lançada a terra, é tempo de crescer, de evoluir,


de frutificar.
A melhoria que quero ver no mundo em que vivo e existe começa em cada unidade,
começa em mim. Eis o meu primeiro compromisso com a evolução da Terra: evoluir
como indivíduo.

Prossigamos com as palavras de Emmanuel.

" A navegação a vapor, atualmente, é patrimonio geral, mas devemo-la ao trabalho de


Fulton.
A imprensa de hoje é força direcional de primeira ordem, contudo, não podemos
olvidar o devotamento de Gutenberg, que lhe amparou os passos iniciantes.
A luz elétrica, nos dias que passam, é questão resolvida, no entanto, a Edison coube a
honra de sofrer para que semelhante bênção desintegrasse as noites do mundo.
A locomotiva, agora, é máquina vulgar, mas no princípio dela temos a dedicação de
Stephenson.
Na Terra, surgira Newton, invariável, à frente de todos os conhecimentos alusivos à
gravitação universal e o nome de Marconi jamais será apagado na base das
comunicações sem fio." Roteiro

Dean Keith Simonton, professor emérito de psicologia na Universidade da Califórnia e


especialista em genialidade, afirma que: "O indivíduo capaz de alcançar feitos
grandiosos não o faz sem esforço. Nem o consegue à primeira tentativa. O primeiro
indicador do impacto é a produtividade. Os grandes sucessos ocorrem após várias
tentativas. A maioria dos artigos publicados na área científica nunca é citada. A maioria
das composições não é gravada. A maioria das obras de arte não é exposta. Thomas
Edison inventou o fonógrafo e a primeira lâmpada comercialmente viável, mas estas são
apenas duas das mais de mil patentes que registrou nos Estados Unidos."

Não nos lembramos destes nomes citados por Emmanuel rotineiramente, mas fomos
agraciados por suas invenções e o mundo deve a este indivíduos, que por sua coragem e
perseverança, levaram suas idéias, sonhos e criações a patamares que alcançaram a
todos nós e permitiram novos caminhos para o mundo.

A ciência é escola magnífica e os seus ícones estão, também, a trabalho de Jesus na


construção de um mundo melhor.
Encerrando a lição.

" Cada flor irradia perfume característico.


Cada estrela possui brilho próprio.
Cada um de nós é portador de determinada missão.
O Espiritismo, confirmando o Evangelho, vem amparar os homens e convidar o homem
a aprimorar-se e engrandecer-se, consoante a sabedoria da Lei que determina: "a cada
um, segundo as suas obras". Roteiro

Deus nos criou um a um de forma única, não há nenhum ser igual a mim ou a você e
precisamos ter isto bem claro em nossas mentes e corações. Viver em sociedade muitas
vezes nos pede a adequação a moldes de comportamento, porém, precisamos ter
equilíbrio, coragem e discernimento para jamais nos afastarmos de nossa essência
verdadeira.

Fernando Pessoa, grande poeta português, tem um poema belíssimo que nos remete a
esta identidade:

"A criança que fui chora na estrada.


Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Olá, minha criança! Vim buscar quem fui, onde ficou.
Que bom te reencontrar, pois sei que um dia deixei-te na estrada para ser quem sou.
Voltei agora para te buscar.
Perdoe- me por te abandonar.
Enquanto choravas, eu dormia o sono das conquistas passageiras.
Agora estou desperto, vim te buscar.
Não te assustes comigo. Eu não te deixei porque desejava.
Não soube como fazer. Agora retorno a te buscar.
Te aceito como és, incondicionalmente.
Tu não és má porque tem imperfeições.
Tu apenas tens imperfeições.
Depois de tanto tempo, descobri que não sou capaz de viver sem teu poder.
Quero brincar, pular e ser feliz. Vem ajuda com tua bondade.
Ajuda-me com tua criatividade e espontaneidade.
Ah! Minha criança de luz, como te amo! Como quero te amar!
Que vontade de sentir a tua espontaneidade, tua riqueza!"

Relembremos nossos sonhos e anseios da infância e certamente saberemos quem


realmente somos, antes que as convivências e conveniências sociais nos mudassem,
adequando-nos a este mundo tão imperfeito.

Caminhemos descobrindo o nosso perfume, busquemos o nosso próprio brilho, só assim


teremos condições de bem executar a vontade do Pai Celestial a nosso respeito, só assim
realizaremos a nossa missão.

Para finalizar tão ricos ensinamentos, valemo-nos da lição No mundo pessoal, de


Emmanuel, livro Rumo Certo.

" Quando te observares na verdadeira posição de criatura imortal, nascida de Deus, com
estrutura original, decerto te habilitarás a compreender que o Criador te conferiu tarefas
individuais que deves aceitar por intransferíveis. Reflete nisso.
Ninguém possui o trabalho que te foi concedido executar, conquanto algumas vezes a
obra em tuas mãos possa assemelhar-se, de algum modo, a certas atividades alheias, no
levantamento do progresso geral.
Ninguém dispõe da fonte de teus pensamentos plasmados por tua maneira
especialíssima de ser.
Qual sucede com as impressões digitais, a voz que te serve se te erige em propriedade
inalienável.
Em qualquer Plano e em qualquer tempo, mobilizas todo um mundo interior de cujas
manifestações mais íntimas e mais profundas os outros não participam.
À face disso, estarás em comunidade, mas viverás essencialmente contigo mesmo, com
os teus sentimentos e diretrizes, ideais e realizações.
Isso porque o Governo da Vida te fez concessões que não estendeu a mais ninguém.
Observa os compromissos que te assinalam, seja em família ou seja no grupo social, e
descobrirás para logo as obrigações que se te reservam no imediatismo das
circunstâncias.
Se falhas no serviço a fazer, alguém te substitui no momento seguinte, porque a Obra do
Universo não depende exclusivamente de nós; entretanto, seja como seja onde te
colocares, podes facilmente identificar as tarefas pessoais que a vida te solicita.
Quis a Divina Providência viesses a nascer no Universo por inteligência única, de
modo a cumprir deveres inconfundíveis, sob a justa obrigação de te conheceres, mas
não nos referimos a isso para que te percas no orgulho e sim para que te esmeres no
burilamento próprio, valorizando-te na condição de criatura eterna em ascensão para a
Espiritualidade Superior, a fim de brilhar e cooperar com Deus na suprema destinação
da Sabedoria e do Amor, para a qual, por força da própria Lei de Deus, cada um de nós
se dirige." Emmanuel - Rumo Certo.
Estudo do livro Roteiro
Observações - Lição 34

O livro Outliers de Malcoml Gladwell causou grande impacto em leitores, palestrantes e


ouvintes ao afirmar que "para ser bom em algo, um expert, você preciso de pelo menos
10 mil horas de esforço." Sabe-se que nem sempre as idéias que são disseminadas
correspondem ao pensamento original, assim, em verdade, este pensamento de Malcoml
baseou-se em um estudo realizado pelo Dr. Anders Ericsson, da Universidade Estadual
da Flórida, que "concluiu que performance em um nível expert, em campos bem
restritos do conhecimento, precisa em média de dez mil horas de prática para ser
alcançada. O fraseamento original foi esse: performance em nível expert, dez mil horas
em média de prática. A pesquisa foi realizada com pessoas em campos restritos e
ultracompetitivos do conhecimento, como violinistas de nível mundial e aviadores.
Lentamente, ao cair no conhecimento da mídia (e de pessoas sem capacidade de
interpretar artigos científicos em geral), a transformação aconteceu. O que era "Os
experts em nível mundial tem 10 mil horas de prática" se transformou em "você precisa
de 10 mil horas para se tornar um expert", em "é necessário 10 mil horas para ficar bom
em algo" até o fatídico "é preciso 10 mil horas para aprender qualquer coisa". E assim
nasceu mais um mito." (Paulo Ribeiro)

A essência que este estudo nos traz, porém, não é nova, conhecemos a célebre frase de
Thomas Edison: "a genialidade é 1% inspiração e 99% transpiração."

A pergunta que fazemos a partir destes pensamentos é: isto se aplica a nossa evolução
espiritual? Será que aprenderemos a ser pessoas melhores, mais tolerantes, pacientes,
equilibradas, tentando reiteradamente por 10 mil horas? Qual a fórmula que
necessitamos seguir para, enfim, evoluirmos?

Emmanuel nos permitirá refletir sobre estas questões ao longo da lição. Sigamos com
ele.
"Quase todos os que se abeiram das atividades espíritas estimariam o desenvolvimento
rápido das faculdades psíquicas de que são portadores e, por vezes, quando não
atendidos, padecem nocivo arrefecimento de ideal. Esmaece o fervor dos primeiros
contactos como a fé, porque o propósito fixo de surpreenderem o milagre transforma-se
neles em aflitiva obsessão. Contudo, há singularidades no assunto, que não podemos
menosprezar." Roteiro

Um conhecimento grandioso como o que a doutrina espírita oferece nos faz contemplar
o mundo de uma forma tão diferente e sublimada que muitas vezes queremos alçar voos
mais altos, sem no entanto estarmos para ele preparados. Sei que devo amar, perdoar,
ser indulgente, sei muitas coisas, muitos o sabem, e há milênios, não obstante, não o
fazemos.

Imaginemos por um instante se fôssemos capazes de cumprir o mandamento recebido


por Moisés e dado ao povo de Israel há algo em torno de 4000 anos atrás: Não roubarás.
Apenas este mandamento, sendo cumprido por todos, seria capaz de transformar o
mundo. As casas não teriam muros, as portas não necessitariam de chaves, nem as
janelas de grades. Poderíamos confiar nas pessoas, o comerciante cobraria o preço justo,
o governo cobraria os impostos necessários, enfim, viveríamos de forma distinta.

Parece, assim, que ainda estamos distantes deste mandamento oferecido à humanidade
há tanto tempo. O que nos faz concluir que o desenvolvimento é distinto do
conhecimento. Saber não significa fazer.

Não obstante a nossa constatação, a lição nos convida a não desanimar e nos informa
que há singularidades neste assunto, pormenores que nos farão compreender os motivos
de nossa evolução dar-se a passos lentos.

Caminhemos mais um pouco com a lição para adentrar em tão valoroso tema.

"Que seria da ordem e do equilíbrio dos serviços terrestres, se a totalidades das


criaturas, instruídas ou não, se pusessem a investigar quanto à vida nos outros
mundos?
Toda colheita exige preparação e sementeira.
Imaginemos um avião moderno, perfeitamente equipado, sobrevoando pacífico vilarejo
do século XIV, sem aviso prévio. Que lucraria a ciência náutica, de imediato, senão
espalhar o terror? Que recompensa adviria, em nosso favor, se constrangêssemos uma
taba indígena a ouvir um concerto de Paganíni, sem oferecer-lhe os rudimentos da
educação musical?
O progresso, como a luz, precisa graduar-se para não ferir ou cegar as pupilas que o
contemplam." Roteiro

Queremos ser bons, porém, queremos trilhar o caminho que nos permite chegar à
bondade? Queremos ser mansos, mas estamos dispostos a deixar nosso orgulho para
adentrar no mundo da mansuetude, da sublime paz?

Muitas vezes olhamos o bolo e o desejamos, porém, é preciso conseguir os ingredientes,


a receita e, ainda, adquirir todos os truques e conhecimentos de um bom confeiteiro para
chegar-se a um resultados similar.

Evoluir é exatamente isto. Não se trata de um resultado, mas de um caminho. E


caminho pede passos, muitos passos.

Sigamos em frente.

"Compreendamos, acima de tudo, que a existência não é fenômeno que se articule à


revelia dos Grandes Responsáveis da Evolução.
A liberdade do homem interferirá nos domínios da matéria densa, alterando o que pode
ser; todavia, jaz extremamente distante das regiões do espírito puro, onde se guarda o
controle das leis universais.
Desdobrando novos painéis da vida, diante da mente sequiosa de conhecimento e
renovação, não é o mundo espiritual que deve descer para o homem e sim o homem que
precisa elevar-se ao encontro dele.
E semelhante ascensão não será simples serviço da mediunidade espetacular. É obra de
sublimação interior, gradativa e constante, sobre os alimentos alicerces do bem, ao
alcance de todos." Roteiro
A informação é deveras importante: nada acontece à revelia dos Grandes Responsáveis
da Evolução. E NADA é uma palavra restritiva e não excludente. Não permite exceções
mas nos informa que tudo o que acontece, ainda que não sejamos capazes de
compreender, tem um propósito e um motivo.

Augusto dos Anjos, pelas mãos benditas de Chico Xavier, nos oferece belíssimo poema
que trata deste caminho do espírito.

"Venho do zero cósmico profundo,


De pavorosas tenebras do mundo,
Estrangulando os vínculos das eras.

E, nas lutas sem fim que me consomem,


Tenho o orgulho bastardo de ser homem
Sobre o instinto medonho das panteras!

Mas, além do pretérito que humilha,


Meu ser antropocêntrico em batalha,
Surge um sol flâmeo e belo que se espalha
Por celeste e ignota maravilha.

É o anjo-homem-Cristo que perfilha


O homem-lôbo que, em mim, veste a mortalha
Da fera que ainda ruge e se estraçalha
Sob a treva em que a lágrima não brilha…

Desce, ó Divina Luz, aos meus escombros,


Põe a cruz de verdade nos meus ombros,
Prende-me os punhos ao calvário adverso!

Trecho do poema Trajetória, do livro Relicário de Luz.


O poeta roga aos céus que desçam aos seus escombros e, certamente, muitas vezes
recebemos as luzes do alto a nos dirigir, consolar e reencaminhar. A lição, porém, nos
convida a impulso diverso ao nos dizer que "não é o mundo espiritual que deve descer
para o homem e sim o homem que precisa elevar-se ao encontro dele."

Pensemos num ambiente limpo, por exemplo, uma calçada que acabou de ser lavada. Se
eu entrar nela com meus sapatos sujos, a calçada deixará de ser limpa, eu a terei
contaminado de tal forma que ela deixará de ser o que era. Assim, para que eu possa
entrar num ambiente límpido, preciso me preparar para ele de tal forma que não o
contamine com a minha imperfeição.

Posso almejar estar diante de espíritos de luz, para ouvir-lhes as sábias palavras e sentir
deles o mais puro amor, porém, o Pai Celestial quer que nos sejamos luz, e não apenas
que estejamos diante dela, eis a razão do nosso caminhar evolutivo, fomos criados
simples e ignorantes, numa trajetória ascendente e infinita.

Faz-se necessário, assim, saber de si mesmo, reconhecer o seu estágio evolutivo com
franqueza e honestidade. Despir-se de máscaras falsas que falam de um ser que ainda
não existe. Precisamos conhecer a nossa imperfeição para estarmos aptos a trabalhar em
seu aprimoramento.

Sigamos em frente com a lição.

"As pontas do tesouro psíquico estão vigiadas com segurança.


A direção de uma central elétrica não pode ser confiadas às frágeis mãos de um
menino.
Como conferir, de improviso, ao primeiro candidato à prosperidade mediúnica a chave
dos interesses fundamentais e particulares de milhões de almas, colocadas nos mais
variados planos da escada evolutivas?" Roteiro

Qual tarefa Deus pode nos confiar hoje? O que estamos aptos a realizar para o bem,
para a construção de um mundo melhor?
O Mestre nos ensinou: “Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.” — JESUS
(Mateus, 24.13).

E sobre este ensino, comenta Emmanuel: "Quando o Mestre louvou a persistência,


evidenciava a tarefa árdua dos que procuram as excelências do caminho espiritual.
É necessário apagar as falsas noções de favores gratuitos da Divindade.
Ninguém se furtará, impune, à percentagem de esforço que lhe cabe na obra de
aperfeiçoamento próprio.
As portas do Céu permanecem abertas. Nunca foram cerradas. Todavia, para que o
homem se eleve até lá, precisa asas de amor e sabedoria. 8Para isto, concede o Supremo
Senhor extensa cópia do material de misericórdia a todas as criaturas, conferindo,
entretanto, a cada um o dever de talhá-las, semelhante tarefa, porém, demanda enorme
esforço. A fim de concluí-la, recruta-se a contribuição dos dias e das existências. Muita
gente se desanima e prefere estacionar, séculos a fio, nos labirintos da inferioridade;
todavia, os bons trabalhadores sabem perseverar, até atingirem as finalidades divinas do
caminho terrestre, continuando em trajetória sublime para a perfeição." Livro Pão Nosso
- lição Até ao fim.

Ao que parece, o espiritismo guarda perfeita concordância com os pensamentos que


trouxemos no início deste estudo. É preciso esforço, suor, 10 mil horas...ou serão 10 mil
anos...ou mais?

O tempo é igual para todos, mas cada um o aproveita de forma distinta, segundo o seu
livre-arbítrio. Semeamos a todo instante, estejamos, porém, conscientes do que virá na
colheita.

Como esperar algo bom, alguma melhoria, se nada fazemos para que ela ocorra? Como
iremos adquirir novos conhecimentos sem estudo? De que forma encontraremos o amor
se nos abstemos da convivência íntima e não apenas social?

Caminhemos mais um pouco com Emmanuel.

"Naturalmente que as grandes responsabilidades não são inacessíveis, mas a criança


precisa crescer para integrar-se em serviços complexos; e o colaborador iniciante, em
qualquer realização, necessita do tempo e do esforço a fim de converter-se em auxiliar
prestimoso.
Nos problemas de intercâmbio com a Esfera Superior, desse modo, antes do progresso
medianímico, há que considerar o aprimoramento da personalidade para melhor
ajustar-se à obra de perfeição geral.
O grande rio, sem leito adequado, ao invés de correr, beneficiando a paisagem,
encharca o solo, transformando-o em pântano letal.
A ponte quebradiça não suporta a passagem das máquinas de grande porte.
A mediunidade, como recurso de influenciar para o bem, não se manifesta sem
instrumento próprio." Roteiro

Quando Chico Xavier, ainda jovem, questionou Emmanuel quanto ao caminho a trilhar,
referente a questão da mediunidade, o benfeitor lhe responder com três palavras:
disciplina, disciplina e disciplina.

Todos admiramos Chico Xavier, porém, mais que nossa admiração é chegado o tempo
de nos deixarmos influenciar por seu exemplo de luz. Ele não necessita de nossos
aplausos, nem mesmo de nossas reiteradas homenagens, não obstante serem doces
lembranças dos corações saudosos que permanecem na Terra relembrando-lhe a
presença. Penso eu, que Chico quer de nós um pouco mais de trabalho ou, nas palavras
de Emmanuel, de disciplina.

Sua mediunidade promoveu profundas consolações, abrindo o caminho para


conhecimentos novos, alargando as profundas lições já presentes na codificação. Seu
coração humilde e sincero colocou-se a serviço do Cristo e usando o exemplo da lição,
não foi ponte quebradiça ou instável, foi ponte vigorosa, permitindo um intercâmbio
com o mundo espiritual jamais visto. E a essência de todo o seu trabalho estava
alicerçada no amor que nutria pelas pessoas que cruzavam o seu caminho. Tudo o que
realizou e nos deixou foi construido neste alicerce, o amor.

Finalizemos a lição.

"Só o grande amor pode compreender as necessidades de todos. Só a grande boa


vontade pode trabalhar e aprender incessantemente para servir sem distinção.
Antes de nos mediunizarmos, amemos e eduquemos-nos. Somente assim receberemos
das ordenações de mais alto o verdadeiro poder de ajudar." Roteiro

Sem amor, poderemos parecer bons, mas seremos como o sino que tine, relembrando as
palavras de Paulo à Igreja de Corinto (I Coríntios 13). O címbalo (sino) era usado pelos
povos antigos nos rituais de adoração. A Bíblia traz referência a este instrumento
(1 Crônicas 15:19, Salmo 150:5, (2Sa 6:5; 1Cr 15:28; 2Cr 5:12, 13) e Paulo usa esta
figura para ilustrar que podemos parecer anjos, falar como anjos, mas se não tivermos
amor, seremos um simples eco, um metal sem vida, nada seremos.

Campo Grande – MS, 04.02.2017.

Candice Günther
Estudo do livro Roteiro
Lição 35 - Entre as forças comuns

A lição anterior nos falou sobre o individualismo, alertando-nos para o caminhar único
que cada um de nós irá trilhar. Agora, porém, Emmanuel nos conduz em direção oposta
para nos lembrar que nunca estamos sós, que tudo é interação e que somos parte de um
todo.

E sobre o tema John Donne, poeta inglês nascido em 1572, aborda a questão e nos
adverte:

"Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma
parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se
fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte
de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não
perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti."

É certo que somos criaturas únicas, porém, isto não significa isolamento e sobre esta
questão que teremos a oportunidade de refletir nesta lição, interagimos o tempo todo
com o mundo que nos cerca, material e espiritualmente.

Iniciemos a lição.

"Indiscutivelmente a mediunidade, no aspecto em que a conhecemos a Terra, é a


resultante de extrema sensibilidade magnética, embora, no fundo, estejamos
informados de que os dons mediúnicos, em graus diversos, são recursos inerentes a
todos." Roteiro

Encontramos no Cap. 14 do Livro dos Médiuns a informação de que a mediunidade é


inerente ao homem:
" Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é
médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e
são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se
dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns."

Sabemos que em maior ou menor grau, todos somos médiuns. Mas compreendemos o
que significa "sensibilidade magnética"?

Para pensar de forma simples sobre o magnetismo, recordemos de um ímã, ele possui
uma força que exerce um poder de atração ou repulsão entre determinados objetos.

Assim, grosseiramente falando, a sensibilidade magnética, seria a maior ou menor


atração ou repulsão a algo. Isto em termos físicos.

Podemos aplicar este conceito para as manifestações do espírito também? Atraímos


espíritos, pensamentos, vibrações? Os médiuns possuem uma maior sensibilidade para
perceber como se dá esta atração?

Caminhemos um pouco mais com a lição em busca destas respostas.

"Cada ser é portador de certas atividades e, por isso mesmo, é instrumento da vida.
A luz nasce da chama sem ser a chama.
O perfume vem da flor sem ser a flor.
A claridade do núcleo luminoso une-se a radiações do ambientes e o aroma da rosa
mistura-se a emanações do meio, dando origem a variadas criações.
Assim também o pensamento invisível do homem associa-se no invisível pensamento
das entidades espirituais que o assistem, estabelecendo múltiplas combinações, em
benefício do trabalho de todos, na evolução geral." Roteiro

Luz e chama, perfume e flor, eu e o quê? Nesta dicotomia, o que somos? Somos a flor
que perfuma o ambiente, como a chama que ilumina o caminho? Somos instrumento da
vida?
Nosso ser constrói o ambiente em que está, através do pensamento criamos o mundo
que nos cerca, mas não apenas do meu pensamento, mas da combinação do pensamento
de todos.

Retornamos ao início. Nenhum homem é uma ilha, já o sabia Donne que nasceu em
1572.

Caminhemos mais um pouco com Emmanuel.

"Importa reconhecer, porém, que existem mentes reencarnadas, em condições


especialíssimas, que oferecem qualidades excepcionais para os serviços de intercâmbio
entre os vivos da carne e os vivos do Além. Nessas circunstâncias, identificamos os
medianeiros adequados aos fenômenos de manifestação do espírito liberto, nos círculos
de matéria mais densa." Roteiro

Perceber esta troca constante é atribuição dos médiuns. Alguns, como Chico Xavier,
exemplificam bem estas qualidades excepcionais de que Emmanuel nos dá notícia. Mais
que isso, era uma mente voltada para o bem, entrelaçada com o Cristo e que muito
contribuiu e contribui para o desenvolvimento da humanidade.

Forçoso, porém, é reconhecer que nem todos estão a serviço do Cristo.

No livro Os Mensageiros de André Luiz, há interessante discurso de Telésforo que nos


auxilia a compreender os serviços de intercâmbio:

"Desde as primeiras tarefas do Espiritismo renovador, “Nosso Lar” tem enviado


diversas turmas ao trabalho de disseminação de valores educativos. Centenas de
companheiros partem daqui anualmente, aliando necessidades de resgate ao serviço
redentor; mas ainda não conseguimos os resultados desejáveis. Alguns alcançaram
resultados parciais nas tarefas a desenvolver, mas a maioria tem fracassado
ruidosamente. Nossos institutos de socorro debalde movimentam medidas de assistência
indispensável. Raríssimos conquistam algum êxito nos delicados misteres da
mediunidade e da doutrinação.
Outras colônias de nossa Esfera providenciam tarefas da mesma natureza, mas
pouquíssimos são os que se lembram das realidades eternas, no “outro lado do véu”… A
ignorância domina a maioria das consciências encarnadas. E a ignorância é mãe das
misérias, das fraquezas, dos crimes. Grandes instrutores, nos fluidos da carne,
amedrontam-se por sua vez, diante dos atritos humanos, e se recolhem, indevidamente,
na concepção que lhes é própria. Esquecem-se de que Jesus não esperou que os homens
lhe atingissem as glórias magnificentes e que, ao invés, desceu até ao Plano dos homens
para amar, ensinar e servir. Não exigiu que as criaturas se fizessem imediatamente
iguais a Ele, mas fez-se como os homens, para ajudá-los na subida áspera." Os
Mensageiros - Advertências Profundas

Sigamos com mais um trecho da lição para adentrar neste assunto.

"Contudo, nem sempre os donos dessas energias são mensageiros da sublimação


interior.
Na extensa comunidade de almas da Terra avultam, em maioria, as consciências ainda
enfermiças, por moralmente endividadas com a Lei Divina; conseqüentemente, a maior
pare das organizações medianímicas, no Planeta, não podem escapar a essa regra.
Mais de dois terços dos médiuns do mundo jazem, ainda, nas zonas de desequilíbrio
espiritual, sintonizados com as inteligências invisíveis que lhes são afins. Reclamam,
em razão disso, estudo e boa vontade no serviço do bem, a fim de retomarem a subida
harmônica aos cimos da luz, assim como os cooperadores de qualquer instituição
respeitável da Terra necessitam exercício constante no trabalho esposado para
crescerem na competência e no crédito moral." Roteiro

A informação é séria e alarmante: mas de dois terços dos médiuns estão em zona de
desequilíbrio.

Mais do que uma notícia, este saber nos permite compreendermos melhor o mundo em
que nos encontramos. Tantas lutas e dificuldades decorrem de quem somos e da forma
como nos colocamos diante do mundo. Relembrando os dizeres de Emmanuel, somos
flores mas ainda sem perfume, chama pequeninas e outras tantas quase apagadas, não
obstante a vida nos aguardar como instrumentos úteis e radiantes, raramente, lhes somos
úteis como deveríamos ser.

Emmanuel compara os médiuns a árvores humanas, recordando os ensinamentos de


Jesus: “Assim toda a árvore boa dá bons frutos; e a má árvore dá maus frutos.” Mateus
7:17.

Vejamos o comentário ao versículo trazido no livro Mediunidade e sintonia:

"O texto evangélico, ante a luz da Doutrina Espírita, não se refere aos médiuns
categorizando-os por fachos ou estrelas, anjos ou santos.
Com muita propriedade, reporta-se a eles como sendo árvores frutíferas.
E sabemos, à saciedade, que as árvores produzem segundo a própria espécie.
Não vivem sem irrigação e sem adubo; entretanto, o excesso de uma e outro pode perdê-
las.
Em verdade, não prescindem do cuidado e do carinho de cultivadores atentos; contudo,
se obrigam a tolerar vento e chuva, canícula e tempestade.
São abençoadas por ninhos e melodias de pássaros amigos; todavia, suportam pragas
que por vezes lhes carcomem as forças e pancadas de criaturas irresponsáveis que lhes
furtam lascas e flores.
Registram a gratidão das almas boas que lhes recolhem o favor e a utilidade, mas
aguentam o assalto de quantos lhes tomam a golpes de violência ramos e frutos.
E, conquanto estimáveis aos pomicultores, que lhes garantem a existência, são
submetidas por eles mesmos à poda criteriosa e providencial, com vistas ao rendimento
e melhoria da produção.
Assim também são os médiuns da Terra, postos no solo da experiência para a extensão
do bem de todos.
E anotemos que, semelhantes às árvores preciosas, todos eles, por muito dignos, como
sucede a qualquer criatura humana, se elevam em pensamento no rumo do Céu,
conservando, porém, os próprios pés nas dificuldades e deficiências do chão."

A lição é preciosa e nos cabe a reflexão, como homens e como médiuns, eis que todos
somos, que tipo de árvore eu sou? Quais os frutos que a minha vida produz?
Caminhemos mais um pouco com Emmanuel:

"Ninguém se esqueça de que estamos assimilando incessantemente as energias mentais


daqueles com quem nos colocamos em relação.
E, além disso, estamos sempre em contacto com o que podemos nomear como sendo
“geradores específicos de pensamentos”. Através deles, outras inteligências atuam
sobre a nossa.
Um livro, um laço afetivo, uma reunião ou uma palestra são geradores dessa classe.
Aquilo que lemos, as pessoas que estimamos, as assembléias que contam conosco e
aqueles que ouvimos influenciam decisivamente sobre nós." Roteiro

A sintonia decorre do que realizamos em nosso dia a dia. Nossas escolhas nos permitem
assimilar as energias que guardam afinidade com elas.
Quais as inteligências que estão atuando na nossa? Exemplificando, se buscarmos uma
boa leitura, estaremos criando um poderoso dínamo para atrair bons pensamentos,
porém, se nosso tempo é ocupado com frivolidades, disto decorrerá, também, a nossa
sintonia.

Não há mágica nem mistério. Elegemos e construímos o que nos acontece. Somos
influenciados pelo ambiente que escolhemos e, também, nele deixamos a nossa marca, o
nosso perfume, bom ou ruim.

Sigamos em frente com a oportunidade de aprofundar esta valorosa lição.

"Devemos ajudar a todos, mas precisamos selecionar os ingredientes de nossa


alimentação mais íntima.
Certo, não podemos menosprezar o nosso irmão que se arrojou aos despenhadeiros do
crime, constituído simples dever nosso o auxílio objetivo em favor do reajuste e
soerguimento dele, todavia, não podemos absorver-lhe as amarguras e os remorsos,
que se dirigem a natural extinção.
Visitaremos o enfermo, encorajando-o e levantando-lhe o bom ânimo, contudo, não
será aconselhável adquirir-lhe as sensações desequilibrantes, que precisam
desaparecer, tanto quanto os detritos de casa que nos cabe eliminar." Roteiro
O mundo em que vivemos está repleto de problemas e desafios. A todo instante
recebemos notícias ruins e raros são os que não se deixam contaminar pelo ambiente
negativo.

Neste trecho Emmanuel nos convida a perceber o que é meu e o que é do outro, e ao
diferenciar, não deixar-se contaminar. Ao que erra, oferecemos auxílio, sem porém,
adentrar na amargura e no remorso, afinal, quem praticou a falta? De igual forma,
quando socorremos o enfermo não precisamos adoecer também, nem nos entristecermos
em demasia, sabendo sempre que Deus está conosco e nos sustenta.

Escrever estas linhas é relativamente fácil, porém, se formos refletir um pouco, veremos
que colocar em prática nem sempre é tão simples. O que fazer, então, para não
desequilibrar diante destas forças magnéticas que surgem a todo momento ao nosso
derredor?

A resposta é do Mestre, quando esteve entre nós: Orar e vigiar. (Marcos 14:38)

Segundo Emmanuel: "Vigiar não quer dizer apenas guardar. Significa também precaver-
se e cuidar. E quem diz cuidar, afirma igualmente trabalhar e defender-se. Orar, a seu
turno, não exprime somente adorar e aquietar-se, mas, acima de tudo, comungar com o
Poder Divino, que é crescimento incessante para a luz, e com o Divino Amor, que é
serviço infatigável no bem." (Palavras da Vida Eterna)

Sabemos que somos influenciados a todo instante, então, precisamos perceber isto,
manter a mente alerta, observar o que ocorre a todo momento e, mais que isso, para
conseguirmos nos manter em equílibrio frente a adversidade é importante buscarmos a
fonte de todo amor, paz e alegria que reside em Deus nosso Pai, através da prece,
receberemos os fluídos de que necessitamos para seguir em frente.

Sigamos em frente com a lição.

"A obra da caridade tudo transforma em favor do bem.


A atitude é oração. E, pela atitude, mostramos a qualidade dos nossos desejos.
Os pensamentos honestos e nobres, sadios e generosos, belos e úteis, fraternos e
amigos, são a garantia do auxílio positivo aos outros e a nós mesmos.
Quanto mais nos adiantamos na ciência do espírito, mais entendemos que a vida nos
responde, de conformidade com as nossas indagações.
O princípio dos “semelhantes com os semelhantes” é indefectível em todos os planos do
Universo." Roteiro

Se somos influenciados pelo mal, também o somos pelo bem e ao optar pelo bem
passamos a contribuir para um mundo melhor, como refletores que emitem luz, como
flores que perfumam o ambiente.

Não basta mais as atitudes exteriores que a tantos séculos praticamos. Se realmente
queremos um mundo cheio de paz e fraternidade, ela deverá começar em nossos
corações e o trabalho será árduo.

Caminhamos, ainda, a passos lentos, sabemos apontar as faltas alheias, mas raramente
nos desculpamos pelas nossas. Pense um pouco, qual foi a última vez que você pediu
desculpas, perdão?

Temos um trabalho imenso pela frente: a reforma íntima nos aguarda.

Encerrando a lição.

"Caminhamos no encontro de nós mesmos e, por isso, surpreendemos invariavelmente


conosco aqueles que sentem com o nosso coração e pensam com a nossa cabeça.
Os médiuns, em qualquer região da vida, filtros que são de rogativas e respostas,
precisam, pois, acordar para a realidade de que viveremos sempre em companhia
daqueles que buscamos, de vez que, por toda parte, respiramos ajustados ao nosso
campo de atração." Roteiro.

O simples átomo nos ensina que em torno do seu núcleo gravitam os elétrons que atrai,
de igual forma, as imensas estrelas tem os planetas gravitando ao seu redor. Tudo é
regido pela lei de atração e cabe a nós identificarmos que estamos exatamente onde o
nosso ser permite que estejamos. Queremos mais? Trabalhemos por isso.
"Gravitar para a unidade divina, esse é o objetivo da Humanidade. Para atingi-lo, três
coisas lhe são necessárias: a justiça, o amor e a ciência; três coisas lhe são opostas e
contrárias: a ignorância, o ódio e a injustiça.
(...)
Quem é, com efeito, o culpado? Aquele que por um extravio, por um falso impulso da
alma se distancia do objetivo da Criação, que consiste no culto harmonioso do belo e do
bem idealizado pelo arquétipo humano, pelo homem-deus, por Jesus Cristo.
Qual é o castigo? A conseqüência natural decorrente desse falso impulso; uma
quantidade de dores necessárias para fazê-lo aborrecer-se da sua deformação, pela prova
do sofrimento. O castigo é o aguilhão que excita a alma pela amargura a voltar-se sobre
si mesma, a retornar ao caminho da salvação. O objetivo do castigo não é outro senão a
reabilitação, a redenção. Querer que o castigo seja eterno, por uma falta que não é
eterna, é negar-lhe toda a razão de ser.
Oh!, em verdade vos digo, cessai, cessai de pôr em paralelo, na eternidade, o Bem, a
essência do Criador, com o Mal, essência da criatura: isso seria criar uma penalidade
injustificável. Afirmai, ao contrário, o abrandamento gradual dos castigos e das penas
pelas transmigrações e consagrareis, pela razão ligada ao sentimento, a unidade divina."
(Paulo, o Apóstolo - Livro dos Espíritos, questão 1009.)

Um fraterno abraço e até o próximo estudo.

Campo Grande- MS, 11.02.2018.


Candice Günther
Estudo do livro Roteiro
Lição 36 – Desenvolvimento Psíquico

Façamos uma suposição: desencarnamos. Realizou-se a situação de desprendimento do


envoltório físico. Encontramo-nos livres da matéria, sem corpo, sem computador, sem
celular, sem livros, apenas com o conhecimento que fomos capazes de angariar ao longo
da vida. Qual o patrimônio intelectual que possuo?

É certo que na espiritualidade não nos faltarão recursos para aprendizado e consulta,
porém, ao realizarmos o exercício acima, imaginando-nos diante de nós mesmos, somos
convidados a perceber que sabemos muito menos do que imaginamos. Em verdade, o
conhecimento que realmente temos é aquilo que aprendemos a viver, a ter experiência
que produziu o conhecimento real, aquele que adentra em nosso psiquismo não apenas
como informação, mas como conhecimento.

Quem somos está diretamente ligado a forma como podemos contribuir para um mundo
melhor ou não. Se há bondade em meu coração, conseguirei ser bom para o mundo que
me cerca, em todos os aspectos e não apenas naqueles que seleciono por conveniência e
interesse pessoal.

Perceber-se requer árduo trabalho e, também, auxílio daqueles que já estão um passo a
frente. Assim, o intercâmbio com o mundo espiritual através da mediunidade é
certamente oportunidade de trabalho, mas, também, oportunidade de aprendizado, de
desenvolver este patrimônio imorredouro do espírito.

Iniciemos a lição.

“Tentando definir a mediunidade, podemos ainda interpreta-la como sendo a


capacidade de fazer-se alguém intermediário entre pessoas e regiões distintas. E assim
como existem agentes de variada espécie para variados assuntos da vida humana,
temos medianeiros de especialidades múltiplas para a vida espiritual.
Informados hoje de que a morte física não expressa sublimação, não podemos assim
admitir que o desenvolvimento das faculdades psíquicas constituía só por si, credencial
de superioridade.
Daí o imperativo de fixarmos no aprimoramento pessoal a condição primária do êxito
em qualquer tarefa de intercâmbio.” Roteiro

Não basta ver espíritos, ouvi-los ou vê-los para ser bom. A mediunidade é como uma
janela aberta em que se tem a oportunidade de olhar para a rua e ver o movimento.
Nosso psiquismo abre-se para o mundo espiritual, tal qual a janela. Porém, a paisagem
que iremos ver está relacionada com o lugar onde nossa casa mental está situada. A
janela não nos permitirá ver lindas paisagens se nossa casa estiver situada em lugar
sombrio, assim também, nossa mediunidade não nos levará a lugares sublimes se nosso
mundo íntimo não estiver em constante pelo bem e pelo amor.

Quando André Luiz nos fala: “Melhore sempre as suas condições pessoais, pelo
trabalho e pelo estudo, a fim de que você possa melhorar a vida, em derredor de
você.”(Respostas da Vida) ele nos está alertando justamente para esta “casa”em que
residimos. O trabalho e o estudo são as ferramentas de que dispomos para melhor o
ambiente interior.

Caminhemos mais um pouco com a lição.

“Aqui, encontramos clarividentes notáveis e além somos defrontados por excelentes


médiuns falantes,mas se aquele que vê não possui discernimento para o esforço de
seleção e se aquele que se faz portador do verbo não consegue auxiliar a obra de
esclarecimento construtivo, o trabalho de transmissão sofre naturalmente consideráveis
prejuízos, desajudando ao invés de ajudar.” Roteiro

Ainda usando a analogia da janela, vemos que neste trecho Emmanuel nos oferece duas
perspectivas: aquele que vê e aquele que fala. O médium está olhando pela janela
espiritual que possui e nos descreve o que vê, ouve, percebe.

A mediunidade, assim, não é apenas uma informação, mas passa pelo mundo interior
daquele que recebe a mensagem e a transmite. Como um intérprete do que acontece no
mundo que passa pela janela, as notícias que nos chegam podem ser verídicas ou apenas
imagens distorcidas de um mente enfermiça.

É importante compreendermos isto, porque a mediunidade, por si só, não nos dá a


segurança de que a mensagem está chegando corretamente. É preciso que os olhos da
alma estejam aptos a discernir as verdades espirituais para transmiti-las de forma
verdadeira.

A imagem da janela nos auxilia a compreender isto com maior profundidade.


Imaginemos aquelas cenas de filmes e novelas em que a Senhorinha passa os seus dias
debruçada pela janela dando conta da vida alheia. Muitas vezes ela verá situações e as
interpretará de forma equivocada e, infelizmente, irá comunicar aos que lhe cercam o
que viu e como o percebeu.

Percebemos, assim, que ao ouvirmos as considerações de um médium será sempre a sua


visão e a sua interpretação do que está percebendo. E é preciso muito cuidado com isto,
nem sempre as informações serão fidedignas.

Avancemos com a lição.

“Nesse sentido, somos obrigados a reconhecer que o espírito do Cristianismo jamais


foi alterado, em sua pureza essencial, mas os representantes ou medianeiros delem, no
curso dos séculos, impuseram-lhe cultos, interpretações, aspectos e atividades,
simplesmente artificiais.” Roteiro

Esta conclusão que Emmanuel nos traz é importantíssima. Ao longo dos séculos temos
feito do Cristinismo o que queremos que ele seja, conforme nossa conveniência,
interesse e vontade. Olhamos para o Cristo, sem contudo compreendê-lo. E estamos
neste caminhar evolutivo, aprimorando nosso mundo íntimo a fim de perceber melhor o
mundo externo e todas as belezas infinitas da vida.

Ainda usando o exemplo da janela, durante muito tempo nos comportamos como a
Senhoria, que olha para a rua e para as pessoas e as interpreta como convém. Mas, além
das ruas e das casas há também o céu e as estrelas, nos lembrando que o mundo é
imenso e nossa vista é limitada.

Sigamos em frente.

“O médium de agora deve exprimir-se em mais altos níveis. Acham-se, frente a frente,
os dois grandes grupos da Humanidade _ encarnados e desencarnados _ e, em ambos,
persistem os “altos e baixos” do mundo moral... Se o intermediário entre eles não se
aperfeiçoa, convenientemente, permanece na posição do aprendiz retardo, por tempo
indefinível, nas letras iniciantes, quando lhe constitui obrigação avançar sempre, na
direção da sabedoria.
O artista é o representante da música.
O violino é o instrumento.
Mas se o violino aparece irremediavelmente desajustado, como revelar-se o portador
da melodia?
A força elétrica é o reservatório de poder.
A lâmpada é o recipiente da manifestação luminosa.
Mas se a lâmpada estiver quebrada, como aproveitar a energia para expulsar as
travas?
O benfeitor espiritual é o mensageiro da perfeição e da beleza.
O homem é o veículo de sua presença e intervenção.
Todavia, se o homem está mergulhado no desespero ou no desalento, na indisciplina ou
no abuso, como desempenhar a função de refletor dos emissários divinos?” Roteiro

A Revista Espírita de 1869 nos traz importante mensagem de Rossini:

“O encadeamento dos sons não produz uma harmonia, uma verdade, senão quando as
ondas sonoras se fazem o eco de outra verdade. Para ser músico não é necessário nada
além de alinhar notas sobre um pentagrama, de maneira a conservar a justeza das
relações musicais; só assim se consegue produzir ruídos agradáveis; mas é o sentimento
que nasce da pena do verdadeiro artista, é ele que canta, que chora, que ri... Ele assovia
na folhagem com o vento tempestuoso; ele salta com a vaga espumante; ele ruge com o
tigre furioso!... Mas para dar uma alma à música, para fazê-la chorar, rir, uivar, é
preciso que ele próprio tenha experimentado esses diferentes sentimentos, de dor, de
alegria, de cólera!”

Diante das considerações de Emmanuel e Rossini, somos chamados a refletir: que


melodia nossa alma está produzindo? Somos uma canção agradável aos corações que
nos cercam? E quando atuamos como medianeiros, levando ao mundo que a nossa
janela espiritual nos mostra, refletimos bondade, amor e paz?

Emmanuel nos diz que “O benfeitor espiritual é o mensageiro da perfeição e da beleza.


O homem é o veículo de sua presença e intervenção.” Ao olhar pela janela, vemos
perfeição e beleza? E é isso que transmitimos ao mundo?

A janela me permite ver a rua, as casas, as pessoas, o céu, as estrelas, o sol ou a lua. Eu
escolherei o que quero ver conforme os meus interesses. E o que vejo é, também o que
estarei transmitindo.

A mensagem do Evangelho de Jesus encontra em nós um bom veículo? E se não


buscamos aplicar suas verdades em nossa vida, estaremos aptos a compreende-la e
transmiti-la?

Talvez, em uma primeira leitura desta lição, pensemos que ela se dirige apenas aos
médiuns, em especial aqueles trabalhadores das casas espíritas que recebem psicografias
ou trabalham no intercâmbio em sala mediúnica. Penso, porém, que a lição é mais
ampla e alcança a todos nós.

Recordemos as questões 459 e 460 do Livro dos Espíritos:

“459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?


“Mais do que imaginais, pois com bastante frequência são eles que vos dirigem.”

460. De par com os pensamentos que nos são próprios, outros haverá que nos sejam
sugeridos?
“Vossa alma é um Espírito que pensa. Não ignorais que muitos pensamentos vos
acodem a um tempo sobre o mesmo assunto e, não raro, contrários uns dos outros. Pois
bem, no conjunto deles estão sempre de mistura os vossos com os nossos. Daí a
incerteza em que vos vedes. É que tendes em vós duas ideias a se combaterem.”
O intercâmbio com o mundo espiritual se dá a todo instante e se estivermos em boa
sintonia, seremos inspirados de forma elevada, com boas idéias. Não obstante, se nossa
casa mental estiver desajustada, não conseguiremos captar o bem que nos é
encaminhado. Seremos como a lâmpada que não consegue refletir a luz.

Caminhemos mais um pouco com a lição.

“Há muita gente que se reporta ao automatismo e à inconsciência nos estudos da


mediunidade, perfeitamente cabíveis no círculo dos fenômenos. Não podemos olvidar,
entretanto, que o serviço de elevação exige esforço e boa vontade, vigilância e
compreensão daquele que o executa, a fim de que a tarefa espiritual se sustente em vôo
ascensional para os cimos da vida.
Por esse motivo, quem se disponha a cooperar em semelhante ministério, precisará
buscar no bem a sua própria razão de ser.
Amando, arrancamos no caminho as mais belas notas de simpatia e fraternidade, que
constituem vibrações positivas de auxilio e apoio, na edificação que nos compete
efetuar.” Roteiro

Certa feita ouvi alguém dizer que o médium é como um microfone, apenas dá volume à
comunicação de outrem, sem no entanto nada ter a ver com ela. Será mesmo? Será que
somos veículos que transmitem exatamente a mensagem que nos chega?

Vejamos este texto da Revista Espírita de 1869:

“Por muito tempo o músico ouviu a toutinegra e o rouxinol, antes de inventar a música;
Rossini escutou a Natureza antes de traduzi-la para o mundo civilizado. É ele o médium
do rouxinol e da toutinegra? Não, ele compõe e escreve. Ele escutou o Espírito que lhe
veio cantar as melodias do Céu; ele ouviu o Espírito que clamou a paixão ao seu
ouvido; ele ouviu gemerem a virgem e a mãe, deixando cair, em pérolas harmoniosas,
sua prece sobre a cabeça do filho. O amor e a poesia, a liberdade, o ódio, a vingança e
numerosos Espíritos que possuem esses sentimentos diversos, cada um por sua vez
cantou sua partitura ao seu lado. Ele as escutou e as estudou, no mundo e na inspiração,
e de um e outro fez as suas obras. Mas ele não era médium, como não o é o médico que
ouve os doentes contando o que sofrem, e que dá um nome às suas doenças. A
mediunidade despendeu suas horas como qualquer outro, mas fora desses momentos
muito curtos para a sua glória, o que ele fez, fez apenas à custa dos estudos colhidos dos
homens e dos Espíritos.
Assim sendo, é-se médium de todos; é-se o médium da Natureza, médium da verdade, e
médium muito imperfeito, porque muitas vezes ela aparece de tal modo desfigurada
pela tradução, que é irreconhecível e desconhecida.” Halévy

Somos imperfeitos e nossa mediunidade também o é. Saibamos disso para andarmos


com cuidado, para falarmos com cautela e para buscarmos sempre a vivência edificante
e o estudo esclarecedor.

Não apenas nós seremos beneficiados se caminharmos com mais humildade, mas,
principalmente os que nos ouvem e nos toma como exemplo ou referência. Não sejamos
pedra de tropeço a quem quer que seja.

Encerrando a lição.

“A bondade e o entendimento para com todos representam o roteiro único para


crescermos em aprimoramento dos dons psíquicos de que somos portadores, de modo a
assimilarmos as correntes santificantes dos planos superiores, em marcha para a
consciência cósmica.
Não há bom médium, sem homem bom.
Não há manifestação de grandeza do Céu, no mundo, sem grandes almas encarnadas
na Terra.
Em razão disso, acreditamos que só existe verdadeiro e proveitoso desenvolvimento
psíquico, se estamos aprendendo a estudar e servir.” Roteiro

A vida com Jesus nos convida a um eterno aprimoramento, a revermos idéias,


concepções, posturas. Nosso orgulho ainda nos impede de darmos passos mais largos
em nossa trajetória evolutiva, nossa vaidade ainda nos faz buscarmos aplausos e
reconhecimento quando realizamos algo de bom, não obstante, caminhamos e
aprendemos reconhecendo-nos criaturas falíveis mas, também, perfectíveis. Olhemos
para quem somos hoje e tenhamos a alegria de perceber que somos melhores do que
éramos ontem, de igual forma, tenhamos a humildade de reconhecer que somos piores
do que o seremos amanhã. E assim, sabendo que passo a passo estamos construindo-
nos, contemos com o amigo Jesus para nos guiar, ele veio nos ensinar a bondade, o
amor, a alegria e o perdão, só nos resta ouvir.

Encerramos a lição com um texto de Meimei sobre a bondade, a fim de que


relembremos que o bem não necessita de aplausos, que Deus age silenciosamente e
espera de nós a contribuição humilde, mas sincera.

“Um crente sincero na Bondade do Céu, desejando aprender como colaborar na


construção do Reino de Deus, pediu, certo dia, ao Senhor a graça de compreender os
Propósitos Divinos e saiu para o campo.
De início, encontrou-se com o Vento que cantava e o Vento lhe disse:
— Deus mandou que eu ajudasse as sementeiras e varresse os caminhos, mas eu gosto
também de cantar, embalando os doentes e as criancinhas.
Em seguida, o devoto surpreendeu uma Flor que inundava o ar de perfume, e a Flor lhe
contou:
— Minha missão é preparar o fruto; entretanto, produzo também o aroma que perfuma
até mesmo os lugares mais impuros.
Logo após, o homem estacou ao pé de grande Árvore, que protegia um poço d’água,
cheio de rãs e a Árvore lhe falou:
— Confiou-me o Senhor a tarefa de auxiliar o homem; contudo, creio que devo amparar
igualmente as fontes, os pássaros e os animais.
O visitante fixou os feios batráquios e fez um gesto de repulsa, mas a Árvore continuou:
— Estas rãs são boas amigas. Hoje posso ajudá-las, mas depois serei ajudada por elas,
na defesa de minhas próprias raízes, contra os vermes da destruição e da morte.
O devoto compreendeu o ensinamento e seguiu adiante, atingindo uma grande cerâmica.
Acariciou o Barro que estava sobre a mesa e o Barro lhe disse:
— Meu trabalho é o de garantir o solo firme, mas obedeço ao oleiro e procuro ajudar na
residência do homem, dando forma a tijolos, telhas e vasos.
Então, o devoto regressou ao lar e compreendeu que para servir na edificação do Reino
de Deus é preciso ajudar aos outros, sempre mais, e realizar, cada dia, algo mais do que
seja justo fazer.” (Livro Pai Nosso – Meimei)
Estudo do livro Roteiro
Lição 37 - Experimentação

Descobrimos, então, que a mente pode nos levar a novos mundos, nos levar a querer
experimentar o seu potencial, seja através da mediunidade, no intercâmbio com o
mundo espiritual, seja em nosso mundo íntimo, na percepção de si mesmo.

O lama tibetano Tarthang Tulku fala um pouco sobre a questão do pensamento:

“Cada pensamento é uma oportunidade para observar e aprender de nossa mente. Com a
experiência, nós podemos começar a ver como os pensamentos podem realmente criar
confusão e prolongar estados sofríveis da mente. Eventualmente ficará mais óbvio como
um pensamento gera outro, e como um momentum de pensamentos tende a se construir
sobre ele mesmo, criando ciclos e ciclos de impulsos através da mente.
Assim como um tecelão cria um tapete ao estabelecer fiamentos básicos de um tecido e
ao embelezá-lo com padrão após padrão, nossas mentes parecem tecer pensamentos e
imagens em replicações infinitas. Quando nós pegamos o início de um pensamento,
podemos observar como ele começa com um simples padrão que é aberto e espaçoso,
crescendo mais denso assim que as imagens se entrelaçam em padrões mais
complexos." (Trecho do livro Conhecimento da Liberdade: Tempo de Mudança).
É um rico aprendizado, nossa mente é, ainda, um mundo inexplorado e, nesta lição,
Emmanuel nos convida a refletir um pouco sobre como devemos nos conduzir nestas
"experiências" em relação a nossa mente.

Iniciemos a lição.

"Sabendo que a força mental é energia atuante e que os pensamentos são recursos
objetivos, é imperioso reconhecer que a experimentação nos domínios do psiquismo
exige noção de responsabilidade, perante a vida, para que o êxito seja a reposta justa
às indagações sinceras." Roteiro
É muito comum uma pessoa adentrar no espiritismo e encantar-se com os fenômenos de
intercâmbio com o mundo espiritual. Busca-se, então, desenvolver a mediunidade.

A lição, porém, nos convida e nos chama a termos responsabilidade perante a vida, e
para tanto, precisamos saber o que nos motiva em nossas buscas. Há a curiosidade
natural do ser humano que em boa medida promove a conhecimento, porém, quando
além da conta ela pode levar a atos de egoísmo e vaidade. Como discernir? Qual a
medida? Até onde estamos aptos para ir?

No início da lição Emmanuel nos diz que os pensamentos são recursos objetivos e
André Luiz nos auxilia a compreender o que isto quer dizer:

"A lâmpada em cujo bojo se faz luz arroja de si mesma os fotônios que são elementos
vivos da Natureza a vibrarem no “espaço físico”, através dos movimentos que lhes são
peculiares, e nossa alma, em cuja intimidade se processa a idéia irradiante, lança fora de
si os princípios espirituais, condensados na força ponderável e múltipla do pensamento,
princípios esses com que influímos no “espaço mental”. Os mundos atuam uns sobre os
outros pelas irradiações que despedem e as almas influenciam-se mutuamente, por
intermédio dos agentes mentais que produzem.
A palavra serena e precisa do orientador compelia-nos à meditação, embora rápida. Os
claros apontamentos, em torno da energia mental, conduziam-me a preciosas reflexões.
Então, o pensamento não escapava às realidades do mundo corpuscular, ponderei de
mim para comigo.
Assim como possuímos na Terra valiosas observações alusivas à química da matéria
densa, relacionando-lhe as unidades atômicas, o campo da mente oferecia largas
ensanchas ao estudo de suas combinações… Pensamentos de crueldade, revolta,
tristeza, amor, compreensão, esperança ou alegria teriam natureza diferenciada, com
característicos e pesos próprios, adensando a alma ou sutilizando-a, além de lhe
definirem as qualidades magnéticas… A onda mental possuiria determinados
coeficientes de força na concentração silenciosa, no verbo exteriorizado ou na palavra
escrita…" Trecho do livro Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz
O simples pensar que nos parecia tão inofensivo por ficar oculto dos que nos cercam,
por ser algo que apenas nós conhecemos, em verdade, é a grande força motriz do
mundo. Ele, o pensar, cria o mundo em que estamos.

Sigamos em frente com a lição.

"Um lavrador bem avisado investiga o solo, plantando com devoção e confiança. Não
se ri do pedregulho. Afasto-o, atencioso. Não ironiza o espinheiro. Remove-o, a
benefício da lavoura que lhe é própria. Não goza com o duelo entre os grelos tenros e
os vermes destruidores. Combate os insetos devoradores com vigilância e serenidade, e
defendendo o futuro do bom grão.
Não acontece assim, na Terra, com a maioria dos pesquisadores da espiritualidade.
A pretexto de se garantirem contra a mistificação, espalham duros obstáculos sobre a
gleba moral onde operam com a charrua da observação e, por isso, muitas vezes
inutilizam seus próprios instrumentos de trabalho, antes de qualquer resultado.
Transformam companheiros em cobaias, exigem dos outros qualidades que eles
mesmos são possuem, tratam com deliberado desprezo o pequenino embrião da
realidade e acabam, habitualmente, na negação, incapazes de penetrar o tempo do
espírito." Roteiro

Nosso mundo íntimo é comparado a uma lavoura que necessita de cuidados. Nossa
mente, ainda tão desconhecida, possui lugares escuros que precisamos de ferramentas
certas para acessar, recordações e impressões de muitas vidas que guardamos em forma
de sentimentos cristalizadas e que necessitam de muito cuidado.

O aviso é que se saiba que não estamos entrando em território limpo ou desocupado. A
mente é repleta de coisas boas e ruins, não apenas a nossa, mas de todos os que nos
cercam, encarnados e desencarnados.

Se a curiosidade move muitos corações, o medo também e dele decorre, então, o


condutas rígidas, justificadas pelo receio da mistificação, ou seja, tratando-se de um
território que desconheço é mais fácil negá-lo do que buscar conhecê-lo. Assim é que
muitos comunicações que decorrem realmente de intercâmbio com o mundo espiritual
são descartadas como se fossem mera produção do indivíduo e não informação do além.

Como, então, alcançar o equilíbrio entre um e outro? Como não cair em mistificações
mas, também, não fechar-se para um possibilidade de aprendizado e enriquecimento
espiritual?

Caminhemos um pouco mais com Emmanuel em busca de maior esclarecimento.

"Importa reconhecer que o fruto é sempre a vitória do esforço de equipe. Sem a árvore
que o mantém, sem a terra que sustenta a árvore, sem as águas que alimentam o solo e
sem as chuvas que regeneram a fonte, jamais ele apareceria.
Sem trilhos, não corre a locomotiva.
O avião não prestaria serviço ao homem, sem campo de aterrissagem.
As revelações do Céu reclamam base para se fixarem na Terra." Roteiro

Uma experiência psíquica necessita de preparo para ser bem sucedida. Desenvolver a
mediunidade, aprender sobre ela, perceber a si mesmo, aprendendo a conhecer o que é
seu e o que é exterior, buscar auxílio de quem já vive esta experiência há mais tempo,
são muitos os caminhos para que a nossa mente possa desenvolver-se de forma saudável
e equilibrada.

A mediunidade é fenômeno inerente ao homem, já vimos isto anteriormente. Não


precisamos temê-la ou deixá-la apenas para os que a tem ostensivamente. Todos
estamos aptos a aprender sobre a forma como a nossa mente recebe os bons fluidos que
emanam das esferas superiores, bem como, necessitamos aprender como nos
defendermos das baixas vibrações que rondam nosso planeta.

Neste sentido, Humberto de Campos (Irmão X) nos ensina: " Tempo virá em que os
homens compreenderão que a mediunidade não está circunscrita a determinados seres.
Todas as criaturas são instrumentos do bem ou do mal, médiuns do Plano superior ou
inferior, no campo infinito da vida. Ninguém foge à corrente de inspiração com que
sintoniza. E todos os que marcharam na vanguarda da verdade e da luz sofreram o
assédio da mentira e da treva, não obstante a sua condição de instrumentos da
Providência Divina para o aperfeiçoamento e felicidade do mundo." (Livro Lázaro
Redivido)

Bezerra de Menezes, pela psicografia de Chico Xavier, traz importante mensagem sobre
Forças Mentais:

" Amigos:
Tendes observado os poderes do pensamento. Exibições vivas. Demonstrações e
estudos.
Não nos iludamos quanto à necessidade do burilamento espiritual, em se tratando de
realizações coletivas, para conquistarmos na Terra o domínio dessas forças.
Consideremos que por agora, no Plano Físico, somos criaturas nem sempre
harmoniosamente afinadas umas com as outras.
Se milhares de inteligências se unirem na atualidade, numa faixa única de sintonia, sem
o aperfeiçoamento a que nos reportamos, o que seria das comunidades terrestres se as
projeções de energia mental concentrada se fixassem nos assuntos de hegemonia ou
destruição?
O ensinamento de que se nos clareia o raciocínio atinge por analogia os nossos
problemas de intercâmbio, entre os dois lados da vida.
Vejamos o assunto entre as criaturas na experiência física e aquelas outras que as
ocorrências da morte situam no Mais Além, todas elas no mesmo gabarito sentimental.
Como reclamar segurança e ordem, paz e harmonia entre os dois Planos, se Espíritos
imperfeitos, que ainda somos, viéssemos a usar o expediente a que nos referimos, a fim
de provocar manifestações e pronunciamentos, em regime de urgência, unicamente
atendendo a critérios pessoais?
Aqui, entra o impositivo de nos ajustarmos à força disciplinadora da religião.
Se nos propomos a manejar, com proveito, os recursos do pensamento, é preciso que a
oração nos controle os impulsos para que o espírito de utilidade se nos sobreponha à
vocação para o tumulto.
Sem a idéia de Deus e sem a prática do serviço desinteressado ao próximo, não nos será
possível sintonizar integralmente as forças da vida com a Lei do Eterno Bem.
Pensemos com base no amor — no amor que Jesus nos ensinou — e teremos a chave
que nos descerrará o caminho de elevação para a felicidade comunitária no Grande
Amanhã. (Livro Vereda de Luz)
Eis a base para que as revelações do Céu se fixem na Terra: o amor.

Sigamos em frente com a lição.

"Geralmente, quem procura notícias da vida invisível integra-se num círculo de


pessoas, com as quais se devota ao cometimento. Quase sempre, no entanto, espera a
colaboração alheia, sistematicamente, sem oferecer de si mesmo senão reiteradas
reclamações.
A natureza, todavia, revela a necessidade de colaboração em suas humildes atividades.
Um simples bolo pede ingredientes sadios para materializar-se com proveito. Se
diminuta porção de veneno aparece ligada à farinha, o conjunto intoxica ao invés de
nutrir. Quem deseja inundar-se de claridade espiritual traga consigo o combustível
apropriado." Roteiro

Não basta que estejamos em local adequado, como uma boa casa de oração, para que
tenhamos um bom desenvolvimento psíquico. Os motivos que nos levam lá são de
grande relevância. Se buscamos interesses pessoais, nossa motivação é egoística e nosso
trabalho estará alicerçado neste querer equivocado.
De outro modo, se nossa motivação de aprendizado é para conhecer e servir, estaremos
agregando ao grupo uma força mental saudável, equilibrada.

É momento, então, de refletir com sinceridade sobre as nossas motivações íntimas para
determinado trabalho. Estar em uma casa espírita ou em qualquer outro lugar requer de
nós o desejo de amar e servir, só assim seremos efetivamente úteis.

Não obstante tratar-se de algo íntimo, poderemos perceber, ainda que sutilmente, a
atmosfera psíquica do grupo em que nos encontramos, a lição nos dá ensejo a estas
reflexões, sigamos mais um pouco com Emmanuel.

"Não adquirimos a confiança, usando o sarcasmo, nem compramos a simpatia,


distribuindo marteladas, indiscriminadamente. O grande rio é a reunião de córregos
pequeninos.
A cidade não se levanta de improviso.
Todas as realizações pedem começo com segurança.
Um erro quase imperceptível de cálculo pode comprometer a estabilidade de um
edifício.
A experimentação psíquica, realmente, não caminha com firmeza, sem os alicerces
morais da consciência enobrecida." Roteiro

Nossa contribuição em relação ao mundo em que vivemos parece-nos muitas vezes tão
ínfima, tão pequenina, que quase inexiste. Porém, cada gota que compõe o oceano é
parte do oceano, ainda que não as vejamos individualmente.

Assim, torno-me responsável pelo mundo ao meu redor, sou parte dele, assim como
todos o são. Caminhamos juntos, conforme a vontade do nosso Pai Criador, uns
auxiliando, outros necessitando de auxílio, porém, todos juntos.

"O médium é um companheiro. É um trabalhador. É um amigo.


E é sobretudo nosso irmão, com dificuldades e problemas análogos àqueles que
assediam a mente de qualquer Espírito encarnado.
O nosso objetivo é buscar a luz do Espírito, que flui da lição que se derrama da Vida
Maior, e não o garimpo de fenômenos superficiais, que brilham quais foguetes de
artifício, impressionando a imaginação sem proveito real para ninguém.

Lembremo-nos de que nós outros, os aprendizes do Evangelho, estamos em torno do


Médium de Deus, que é Jesus, há quase dois mil anos, não mais qual Tomé, sondando-
lhe as chagas, (Jo) mas na posição de discípulos redivivos, que procuram e encontram,
não a figuração material do Senhor, mas a sua palavra de vida eterna, estruturada no
espírito imperecível em que se lhe gravaram os ensinamentos imortais." Emmanuel -
Mediunidade e Sintonia.

Encerremos a lição.

"Cada espírito humano _ microcosmo do Universo _ irradia e absorve. Emitir a


leviandade e a cobiça, o ciúme e o egoísmo, a vaidade e a ferocidade, através da
atitude menos digna ou da crítica destruidora, é amontoar trevas em torno dos
próprios olhos.
Ninguém fará luz dentro da noite, estragando a lâmpada, embora o centro de força
continue existindo.
Ninguém recolherá água pura num poço terrestre, trazendo à tona o lodo que descansa
no fundo.
Não se colhe a verdade, na vida, como quem engaiola uma ave na floresta.
A verdade é luz. Somente o coração alimentado de amor e o cérebro enriquecido de
sabedoria podem refletir-lhe a grandeza." Roteiro.

Usemos nosso mundo mental para o bem, sem abuso e com discernimento.
Caminhemos em constante melhora e, principalmente, caminhemos com Jesus.

Sem nos esquecer que todos somos médiuns e relembrando as palavras de Jesus de que
é pelos frutos que reconheceremos a boa árvore, encerramos este breve estudo com as
palavras de Kardec:

"Os médiuns são os intérpretes dos Espíritos; suprem, nestes últimos, a falta de órgãos
materiais pelos quais transmitam suas instruções. Daí vem o serem dotados de
faculdades para esse efeito. Nos tempos atuais, de renovação social, cabe-lhes uma
missão especialíssima; são árvores destinadas a fornecer alimento espiritual a seus
irmãos; multiplicam-se em número, para que abunde o alimento; há os por toda a parte,
em todos os países, em todas as classes da sociedade, entre os ricos e os pobres, entre os
grandes e os pequenos, a fim de que em nenhum ponto faltem e a fim de ficar
demonstrado aos homens que todos são chamados. Se, porém, eles desviam do objetivo
providencial a preciosa faculdade que lhes foi concedida, se a empregam em coisas
fúteis ou prejudiciais, se a põem a serviço dos interesses mundanos, se em vez de frutos
sazonados dão maus frutos, se se recusam a utilizá-la em benefício dos outros, se
nenhum proveito tiram dela para si mesmos, melhorando-se, são quais a figueira estéril.
Deus lhes retirará um dom que se tornou inútil neles: a semente que não sabem fazer
que frutifique, e consentirá que se tornem presas dos Espíritos maus." Evangelho
segundo o Espiritismo, Capítulo XIX. Parábola da figueira que secou.
Estudo do livro Roteiro
Lição 38 - Missão do Espiritismo

Segundo o vernáculo "Missão é um encargo, uma incumbência, um propósito, é uma


função específica que se confere a alguém para fazer algo, é um compromisso, um
dever, uma obrigação a executar."

Assim sendo, para melhor delimitar o tema, perguntamos em reflexão: a que veio o
Espiritismo? Qual o seu propósito? O que ele pretende executar?

Sendo eu espírita, tenho consciência da missão do espiritismo? Pauto minhas ações e


atividades neste norte? Compreendo a esfera de atuação do espiritismo em minha vida e
na vida de todos?

As reflexões são oportunas, eis que "para quem não sabe onde ir, qualquer direção
serve" (Lewis Carrol).

Iniciemos a lição com Emmanuel.

"A missão do Espiritismo, tanto quanto o ministério do Cristianismo, não será destruir
as escolas de fé, até agora existentes.
Cristo acolheu a revelação de Moisés.
A Doutrina dos Espíritos apóia os princípios superiores de todos os sistemas religiosos.
Jesus não critica a nenhum dos Profetas do Velho Testamento.
O Consolador Prometido não vem para censurar os pioneiros dessa ou daquela forma
de crer em Deus." Roteiro

Muitas vezes para delimitarmos algo precisamos primeiramente perceber o que não é.
Assim, neste trecho introdutório,temos as negativas de Emmanuel que nos conduzem a
perceber equívocos frequentes que precisam ser corrigidos dentro do movimento
espírita, vejamos:

- o espiritismo não veio destruir escolas de fé já existentes.


São muitas as religiões, são muitos os caminhos que o homem encontrou em sua busca
por Deus, seu Criador, e o espiritismo a todos estes caminhos respeita, reconhecendo-os
como legítimos. Isto não significa que concorde com todos, apenas, que reconhece que a
religião decorre do homem e não de Deus, a religião é movimento do homem em
direção a Deus e por isso repleta de imperfeição. Não obstante seus desalinhos, é
legítima toda a busca pela verdade e pela vida.

- Jesus não critica a nenhum dos Profetas do Velho Testamento. Apóia princípios
superiores.
Ele poderia criticar, mas o seu reino é de construção e não de destruição. Assim, o
espiritismo, sendo o cristianismo redivido e tendo em Cristo o seu modelo e guia não
busca na crítica o seu alicerce, mas na vivência amorosa que agrega, acolhe e consola.

- não vem para censurar essa ou aquela forma de crer.


Reconhecendo a reencarnação como um dos seus alicerces, um de seus princípios
básicos, a doutrina espírita compreende que estamos em caminho evolutivo, assim, a
censura deste ou daquele ponto de vista é sempre um elemento desagregador e contrário
aos princípios desta doutrina, eis que, como diz Emmanuel, "a Doutrina dos Espíritos
apóia os princípios superiores de todos os sistemas religiosos."

Este pensamento de Emmanuel está alicerçado, também, na codificação:

" ...a missão do Espiritismo é extinguir todos os ódios de homem a homem, de nação a
nação. É a aurora da fraternidade universal que se levanta." Revista Espírita de 1861 -
EDOUARD PEREYRE

Tão oportuno repensar o espiritismo nestes termos da codificação e que Emmanuel


corrobora em sua obra. Devemos extinguir ódios e não acendê-los, eis nossa missão,
enquanto espíritas.

Sigamos em frente.
" O Espiritismo é, acima de tudo, o processo libertador das consciências, a fim de que a
visão do homem alcance horizontes mais altos.
Há milênios, a mente humana gravita em derredor de patrimônios efêmeros, quais
sejam os da precária posse física, atormentada por pesadelos carnais de variada
espécie.
Guerras de todos os matizes consomem-lhe as forças.
Flagelos de múltiplas expressões situam-lhe a existência em limitações aflitivas e
dolorosas." Roteiro

Após alguns exemplos negativos, Emmanuel nos oferece, então, afirmativas do que é a
missão do espiritismo. Reflitamos nestas expressões a fim de alcançarmos melhor
entendimento:

- processo libertador das consciências.


"Liberdade de pensamento (liberdade de consciência, liberdade de opinião ou liberdade
de ideia) é a liberdade que os indivíduos têm de manter e defender sua posição sobre um
fato, um ponto de vista ou uma ideia, independente das visões dos outros. Consta
na Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu artigo XVIII, que expressa que
"todas as pessoas têm direito à liberdade de pensamento, consciência e religião" Ele é
diferente e não deve ser confundido com a liberdade de expressão. A liberdade de
consciência é complementar e está intimamente ligada a outras liberdades, como
a liberdade de expressão e a liberdade religiosa." Wikipedia

Por muito tempo o homem viveu cercado de regras e muitas delas apenas eram
cumpridas em decorrência do medo da punição. O que se quer hoje é que homem se
liberte do medo e que esta liberdade lhe permita pensar, ter a sua opinião, ainda que
contrária a muitos.
Vejamos, porém, que esta liberdade que Emmanuel nos traz tem um objetivo: " a fim de
que a visão do homem alcance horizontes mais altos."

Muitas vezes a liberdade de pensar, de expressar sua opinião, de defender uma idéia é
apenas um velho hábito reiterado de agredir, criticar, falar sem nenhum cuidado com o
sentimento alheio. Por isso Emmanuel condiciona a liberdade a um fim: alcançar
horizontes mais altos.
A visão estreita, pequena, limitada tem dado ensejo a guerras, disputas, dores, mas a
liberdade que almeja o crescimento de si mesmo e dos outros, ela agrega, aperfeiçoa, eis
que alicerçada no desejo mais profundo que existe em nós, qual seja o de sermos
homens de bem.

Emmanuel nos lembra que há milênios gravitamos em torno das questões materiais do
mundo, e todas elas têm caráter efêmero, passageiro, temporário. Nossas dores ecoam
em nossas vidas e ainda que não as tenhamos em nossa lembrança, como encarnados, é
certo que elas ressurgem em formas diversas, como o preconceito, a inveja, a
maledicência, e as mais variadas guerras que o homem tem sido capaz de promover ao
longo do tempo, escondendo-se de si mesmo ao reproduzir no mundo o que sente dentro
de si.

Caminhemos um pouco mais com Emmanuel nesta valorosa lição.

" Com a morte do corpo, não atinge a liberação.


Além-túmulo, prossegue atenta às imagens que a ilusão lhe armou no caminho,
escravizada a interesses inconfessáveis.
Em plena vida livre, guarda, ordinariamente, a posição da criatura que venda os olhos
e marcha, impermeável e cega, sob pesadas cargas a lhe dobrarem os ombros.
A obstinação em disputar satisfações egoísticas, entre os companheiros da carne,
constitui-lhe deplorável inibição e os preconceitos ruinosos, os terríveis enganos do
sentimento, os pontos de vista pessoais, as opiniões preconcebidas, as paixões
desvairadas, os laços enfermiços, as concepções cristalizadas, os propósitos menos
dignos, a imaginação intoxicada e os hábitos perniciosos representam fardos enormes
que constrangem a alma ao passo vacilante, de atenção voltada para as experiências
inferiores." Roteiro

A cegueira que temos durante a vida prossegue conosco após a morte. A liberdade é
conquista do espírito, e não obstante o cerceamento promovido pela matéria, enquanto
encarnados, ela não modifica quem somos em essência. A vida material é sempre escola
preciosa, porém, nem sempre a aproveitamos a contento.
Assim é que depois de desencarnados vamos aos poucos compreendendo que
caminhávamos em ilusão, escravos como outrora, não de homens, mas de idéias e
interesses.

Eugene Sue, em texto da Revista Espírita, compara a vida com um romance:

"A vida do Espírito encarnado é como um romance, ou antes, como uma peça de teatro,
da qual cada dia se percorre uma folha contendo uma cena. O autor é o homem; os
personagens são as paixões, os vícios, as virtudes, a matéria e a inteligência, disputando
a posse do herói, que é o Espírito. O público é o mundo em geral durante a encarnação e
os Espíritos na erraticidade, e o censor que examina a peça para julgá-la em última
instância e proferir uma censura ou um louvor ao autor é Deus.
Fazei de modo que sejais aplaudido o maior número de vezes possível e que só
raramente cheguem aos vossos ouvidos o barulho desagradável dos assovios. Que o
enredo seja sempre simples, e não busqueis interesse senão nas situações naturais, que
possam servir para fazer triunfar a virtude, desenvolver a inteligência e moralizar o
público.

Durante a execução da peça, a intriga posta em movimento pela inveja pode tentar
criticar as melhores passagens e só incensar as que são medíocres ou más. Fechai os
ouvidos a essas adulações, e lembrai-vos que a posteridade vos apreciará no vosso justo
valor! Deixareis um nome obscuro ou ilustre, manchado de vergonha ou coberto de
glórias segundo o mundo. Mas quando a peça estiver terminada e a cortina, caída sobre
a última cena, vos puser em presença do regente universal, do diretor infinitamente
poderoso do teatro onde se passa a comédia humana, não haverá nem aduladores, nem
cortesãos, nem invejosos, nem ciumentos: estareis sós com o juiz supremo, imparcial,
equitativo e justo.

Que a vossa obra seja séria e moralizadora, porque é a única que tem algum peso na
balança do Todo-Poderoso.

É preciso que cada um dê à Sociedade pelo menos o que dela recebe. Aquele que, tendo
recebido a assistência corporal e espiritual que lhe permite viver, se vai sem ao menos
restituir o que gastou, é um ladrão, porque malbaratou uma parte do capital inteligente e
nada produziu.

Nem todo mundo pode ser homem de gênio, mas todos podem e devem ser honestos,
bons cidadãos, e devolver à Sociedade aquilo que a Sociedade lhes emprestou.

Para que o mundo esteja em progresso, é preciso que cada um deixe uma lembrança útil
de sua personalidade, uma cena a mais nesse número infinito de cenas úteis que os
membros da Humanidade deixaram, desde quando a vossa Terra serve de lugar de
habitação aos Espíritos.

Fazei, pois, que leiam com interesse cada página do vosso romance, e que não o
percorram apenas com o olhar para fechá-lo com tédio antes de ter lido pela metade."
Revista Espírita de 1867.

Retornando ao trecho do livro Roteiro, observemos as palavras de Emmanuel que


merecem nossa atenta leitura, eis que são um verdadeiro glossário de nossas atuações
desastrosas no grande palco da vida:

- obstinação em disputar satisfações egoísticas;


Eis a teimosia desmedida, desrespeito a livre pensar e viver do outro, não para promover
o bem, mas apenas para dizer que está certo, movido por mero egoísmo, em sua forma
tão conhecida, a vaidade.

- preconceitos ruinosos (enganos do sentimento);


O preconceito é a negação da liberdade do outro em ser diferente, em agir de forma
distinta a que eu considero como correta. O preconceito é sempre filho da ignorância.

- pontos de vista pessoais


Quando vivo com liberdade de pensamento, permito ao outro ter um ponto de vista
distinto do meu, sem que isto me ofenda. O grande aprendizado é tentar aprender com a
perspectiva do outro sobre aquele determinado assunto, sem julgamento, apenas com o
sincero interesse de conhecer.
- opiniões preconcebidas
Raramente perguntamos o que o outro sente ou pensa, é comum termos nossas opiniões
preconcebidas, julgando até mesmo sentimentos que desconhecemos. Será mera opinião
e muitas vezes equivocada. Queremos a verdade? Ela só se manifesta em um ambiente
amoroso, de confiança e respeito.

- paixões desvairadas
Usam-se diversos adjetivos para o termo paixões tais como desenfreadas ou
desgovernadas, isto se dá porque as paixões são como carros ou cavalos, necessitam de
comando, de controle, não podem andar como querem, sem limites. Não há liberdade
onde a paixão governa, há subjugação por um sentimento que se encontra em
desequilíbrio.

- laços enfermiços
Precisamos de laços afetivos para viver, não raro, porém, nossas relações afetivas estão
adoecidas, eis que levamos a elas nossos sentimentos bons e ruins.

- concepções cristalizadas
A doutrina espírita, tendo como missão a liberdade de pensamento do homem, vem
auxiliá-lo quanto a estas velhas concepções e formas de ver o mundo que nos cerca.
Precisamos, porém, de grande discernimento para verificar as incoerências de nossa fala
com nossa vivência. Muitas vezes agimos de forma equivocada sem ao menos perceber,
e apenas um espírito que esteja profundamente envolvido em sua reforma íntima
poderá perceber e criar novos caminhos, abandonando, assim, as concepções de
outrora.

- os propósitos menos dignos


Diz o ditado popular que de boas intenções o inferno está cheio. Muitas vezes
determinada postura aparenta ser boa e útil, quando na verdade é apenas exteriorização
da vaidade, do egoísmo. Sondemos sempre o que nos motiva a agir, pensar e
encontraremos a oportunidade de conduzir nossa vida pautando-nos no bem.

- imaginação intoxicada
O pensamento é alimentando diariamente e o que "consumimos" pode nos auxiliar ou
nos adoecer. Há muitos filmes, programas, músicas que parecem inofensivos, porém,
guardam e defendem ideologias das quais discordamos. Já não basta ao homem viver, é
preciso a tudo e a todos olhar e refletir, ou, nas palavras do Cristo, separar o joio do
trigo.

- hábitos perniciosos
Hábito é algo dificílimo de ser modificado, eis que parece inerente a nossa forma de
viver. Não obstante, novos hábitos podem ser criados, nossa mente estará apta a novos
horizontes se tivermos a força moral de persistir no bem e na moral elevada. Um bom
habita sempre nos auxiliará a deixar os ruins.

Em verdade somos, ainda, romances mal acabados, páginas em construção. E, sabedores


de nossa inferioridade, eis que temos a oportunidade de alcançar a liberdade, eis a
terceira revelação a nos reerguer conclamando-nos a novas histórias, a novos
horizontes.

Sigamos em frente.

"A nova fé vem alargar-lhe a senda para mais elevadas formas de evolução.
Chave de luz para os ensinamentos do Cristo, explica o Evangelho não como um
tratado de regras disciplinares, nascidas do capricho humano, mas como a salvadora
mensagem de fraternidade e alegria, comunhão e entendimento, abrangendo as leis
mais simples da vida." Roteiro

Aprendemos com o espiritismo que há uma profunda alegria e bem estar em fazer o
bem. A própria ciência já mostra estudos de maior qualidade de vida para aqueles que
realizam trabalhos voluntários, que têm na prece um lenitivo para suas dores e na
religião o alicerce de suas vidas. Assim, não temos mais a obrigação de ser bons, mas
temos a opção e escolhemos servir, alegrando-nos pela participação na construção de
um mundo melhor.

"...com a Doutrina Espírita no comando da fé, sabemos todos que a lei do progresso
confere a cada Espírito a possibilidade de adquirir o bem que lhe falta, a fim de que a
justiça estabeleça o merecimento de cada um, na pauta das próprias
obras. Conjuguemos, assim, conselho e ação, palavra e conduta, na mesma onda de
serviço renovador, compreendendo, por fim, que o bem que nos falta nem sempre é o
bem que ainda não desfrutamos, mas sim o bem dos outros que, em nosso próprio
benefício, nos cabe fazer." Justiça Divina - Emmanuel

Caminhemos mais um pouco com a lição.

"Aparece-nos, então, Jesus, em maior extensão de sua glória.


Não mais como um varão de angústia, insinuando a necessidade de amarguras e
lágrimas e sim na altura do herói da bondade e do amor, educando para a felicidade
integral, entre o serviço e a compreensão, entre a boa-vontade e o júbilo de viver.
Nesse aspecto, vemo-lo como o maior padrão de solidariedade e gentileza, apagando-
se na manjedoura, irmanando-se com todos na praça pública e amparando os
malfeitores,na cruz, à extrema hora, de passagem para a divina ressurreição." Roteiro

Aos olharmos para Jesus com renovado interesse em ouvir os seus conselhos e tentar
praticar seus ensinamentos, vamos, aos poucos, descobrindo-nos pessoas alegres, felizes
nas coisas simples da vida. Ter deixa de ser algo importante e nos alegramos quando
nosso ser atravessa as fronteiras do egoísmo para fazer algo bom, desinteressadamente.

Ainda há no mundo muitos que olham para o Mestre Jesus no madeiro, relembrando
apenas a sua morte e suas dores. O espírita e todo cristão sincero, porém, é convidado a
ver-lhe as luzes, a bondade, o amor e o perdão.

Sobre o Cristo, ensina-nos Alexandre Melo Morais: "Seu programa divino, a espelhar-se
no Evangelho que lhe reúne as boas-novas da salvação, preconiza a fraternidade ao
invés do egoísmo, a renúncia edificante em vez da posse inútil, o perdão em lugar da
vingança, o trabalho com a supressão da inércia, a liberdade, com o olvido da
escravidão, e o auxílio à felicidade dos outros, como garantia da própria felicidade."
(Trecho do livro Vozes do Grande Além)

Encerrando a lição.
"O Espiritismo será, pois, indiscutivelmente, a força do Cristianismo em ação para
reerguer a alma humana e sublimar a vida.
O Espaço Infinito, pátria universal das constelações e dos mundos,é, sem dúvida, o
clima natural de nossas almas, entretanto, não podemos esquecer que somos filhos,
devedores, operários ou companheiros da Terra, cujo aperfeiçoamento constitui o
nosso trabalho mais imediato e mais digno.
Esqueçamos, por agora, o paraíso distante para ajudar na construção do nosso próprio
Céu.
Interfiramos menos na regeneração dos outros e cogitemos mais de nosso próprio
reajuste, perante a Lei do Bem Eterno, e, servindo incessantemente com a nossa fé à
vida que nos rodeia, a vida, por sua vez, nos servirá, infatigável, convertendo a Terra
em estação celestial de harmonia e luz para o acesso de nosso espírito à Vida
Superior.." Roteiro

O Espiritismo vem reerguer a alma humana, outrora andávamos em luta constante, nas
diversas vidas passadas, enquanto humanidade, galgávamos de guerra em guerra, de dor
em dor. São chegados os tempos de cura, de regeneração, de perdão e fraternidade.
Saibamos buscar em nós as melhorias que queremos no mundo, para cada crítica que
quisermos lançar, busquemos no silêncio da prece o entendimento para seguir em frente.
Despertemos para o nosso mundo íntimo, com profundo respeito pelo outro e pela sua
trajetória evolutiva.

Jesus nos aguarda, o Espiritismo tem em seus ensinamentos o reavivamento da fé que


transcende a matéria, relembro-nos que o Reino Celestial reside em nós e que a reforma
íntima é o único caminho para o conhecermos em plenitude.
Estudo do livro Roteiro
Lição 39 – Diante da Terra

Tal qual um viajor que percebe-se chegando ao fim da jornada, relembrando os


momentos vividos, estamos nos, também, em fim de viagem, encaminhando-nos para o
término do estudo, eis a penúltima lição do livro Roteiro.
Não sabemos se as lições deram origem ao título ou se o título deu origem às lições,
certo é que a cada etapa tivemos renovadas oportunidades de refletir, aprender e tomar
novos rumos, o livro é certamente um Roteiro. O estudo aprofundado de uma obra
promove algo novo em nosso ser e, reconheço, não saio indiferente ao estudo desta
obra. Aprendi muito, abriu-me a visão em muitos aspectos e, agora, eis-me aqui, tal qual
o viajor anunciado, já sentindo saudades de, semanalmente, anunciar uma nova lição.
É preciso que se diga, sem falsa modéstia, que este estudo é pobre e singelo, não
obstante, serviu-me e, pela bondade divina, tem servido a outros. Apenas por isso
prossigo, não porque tenha tempo, nem mesmo saúde ou disposição, a vida nem sempre
é branda e calma, prossigo porque aprender é importante, aliás, atrevo-me a dizer que
aprender é a respiração do espírito.

Ainda com este sentimento de sermos viajantes, adentremos nesta penúltima lição, eis
que é um profundo convite para os corações que esperam e caminham com Jesus.

“Diante da luta humana, o espírito que amadureceu o raciocínio e despertou o


coração, sente-se cada vez mais só, mais desajustado e menos compreendido.
Por vagas crescentes de renovação, gerações diferentes surgem no caminho, impondo-
lhe conflitos sentimentais e lutas acerbas.” Roteiro

A primeira frase de Emmanuel é tão verdadeira quanto bombástica. Passaremos uma


vida estudando, buscando melhorar, trabalhando em prol da melhoria do mundo,
lutando o bom combate e, teremos, enfim, a tão sonhada felicidade, mas o que? Nosso
benfeitor constata algo muito diferente: solidão, desajuste e incompreensão.
Foi exatamente este sentimento que Paulo expressou quando escreveu a derradeira carta
ao seu amado discípulo Timóteo, contando-lhe que ““Só Lucas está comigo” (2ª
Epístola a Timóteo. Capítulo 4º, versículo 11), o convertido de Damasco interrompe –se
para chorar sobre os pergaminhos.” Paulo e Estevão – trecho do capítulo 10

Eis alguém que serviu como poucos na seara de Jesus levando o Evangelho a todos os
que o puderam ouvir. Não obstante, sentiu-se só, sentiu-se triste, sentiu a
incompreensão do mundo aos ensinos do Mestre e isto calou fundo em seu coração.

É importante termos Paulo como modelo para compreendermos este sentimento que
Emmanuel nos está apresentando, eis que ele não é de desesperança, abandono ou
desespero. É apenas e tão somente a tristeza da alma que aprendeu a amar e a servir e
necessita esperar o tempo do outro, ainda que seja a custa de dores e sofrimentos.
Somos todos semeadores, mas a vida provém apenas de Deus e Ele fará germinar a boa
nova nos corações no tempo certo.

Compreender a profundidade este dizer de Emmanuel nos permite caminhar com maior
coragem e resignação. A Terra, ainda, é um planeta de provas e expiações e pede de nós
um pouco mais de amor, de sacrifício, de disposição para servir desinteressadamente e
muitas vezes silenciosamente. Paulo, naquele instante, não podia vislumbrar o quão
grande era seu trabalho e quão importante sua vida se tornaria para todo cristão, achava
que tinha fracassado, que as igrejas estavam fraquejando e que a boa nova estava
perdendo terreno para o poder romano. Mas a verdade tem se sustentado ao longo dos
séculos e as palavras deixadas por Paulo permanecem ensinando e despertando.

Sigamos em frente com a lição.

“Estranha sede de harmonia invade-lhe a alma.


Habitualmente, identifica-se por estrangeiro na esfera da própria família.
Ilhado pela corrente escura das desilusões, a se sucederem, ininterruptas, confias-se ao
tédio infinito, guardando enrijecido o coração.
Essa, porém, não é a hora da desistência ou do desânimo.” Roteiro
Aspiramos por mundos elevados, sabemos de sua existência e nossa imaginação nos
leva a pensar como seria viver em um mundo fraterno, solidário, pacífico. E este
sentimento nos distancia do que o mundo material considera alegria e felicidade.

As conquistas materiais que outrora moviam nossas ações vão ficando em segundo
plano e a percepção do mundo e de quem se é modifica completamente o nosso olhar e
o nosso sentir.

Mas como querer da Terra algo que ela, ainda, não nos tem a oferecer? Ou mesmo,
como almejar um mundo feliz se ainda não nos dispusemos ao trabalho e ao sacrifício?
Precisamos encontrar novos rumos para nossos corações quando os que tínhamos,
voltados totalmente para a matéria ante a nossa condição espiritual, se desfazem.

E para não desanimarmos, nem desistirmos, somos convidados a olhar com maior
profundidade para o mundo em que estamos e reencontrar a harmonia, como nos ensina
este texto do Evangelho:

“Tudo na criação é harmonia; tudo revela uma previdência que não se desmente, nem
nas menores, nem nas maiores coisas. Temos, pois, que afastar, desde logo, toda idéia
de capricho, por inconciliável com a sabedoria divina. Em segundo lugar, se a nossa
época esta designada para a realização de certas coisas, é que estas têm uma razão de ser
na marcha do conjunto. Isto posto, diremos que o nosso globo, como tudo o que existe,
esta submetido à lei do progresso.

Ele progride, fisicamente, pela transformação dos elementos que o compõem e,


moralmente, pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam.
Ambos esses progressos se realizam paralelamente, porquanto o melhoramento da
habitação guarda relação com o do habitante. Fisicamente, o globo terráqueo há
experimentado transformações que a Ciência tem comprovado e que o tornaram
sucessivamente habitável por seres cada vez mais aperfeiçoados. Moralmente, a
Humanidade progride pelo desenvolvimento da inteligência, do senso moral e do
abrandamento dos costumes.

Ao mesmo tempo que o melhoramento do globo se opera sob a ação das forças
materiais, os homens para isso concorrem pelos esforços de sua inteligência. Saneiam as
regiões insalubres, tornam mais fáceis as comunicações e mais produtiva a terra. De
duas maneiras se executa esse duplo progresso: uma, lenta, gradual e insensível; a outra,
caracterizada por mudanças bruscas, a cada uma das quais corresponde um movimento
ascensional mais rápido, que assinala, mediante impressões bem acentuadas, os
períodos progressivos da Humanidade. Esses movimentos, subordinados, quanto
às particularidades, ao livre-arbítrio dos homens, são, de certo modo, fatais em seu
conjunto, porque estão sujeitos a leis, como os que se verificam na germinação, no
crescimento e na maturidade das plantas. Por isso é que o movimento progressivo se
efetua, às vezes, de modo parcial, isto é, limitado a uma raça ou a uma nação, doutras
vezes, de modo geral.

O progresso da Humanidade se cumpre, pois, em virtude de uma lei. Ora, como todas as
leis da Natureza são obra eterna da sabedoria e da presciência divinas, tudo o que é
efeito dessas leis resulta da vontade de Deus, não de uma vontade acidental e
caprichosa, mas de uma vontade imutável. Quando, por conseguinte, a Humanidade está
madura para subir um degrau, pode dizer-se que são chegados os tempos marcados por
Deus, como se pode dizer também que, em tal estação, eles chegam para a maturação
dos frutos e sua colheita.” A Gênese – Cap. XVIII

Sigamos em frente.

“O fruto amadurecido é a riqueza do futuro.


Quem se equilibra no conhecimento é o apoio daquele que oscila na ignorância.
Que será da escola quando o aluno, guindando à condição de mestre, fugir do
educandário, a pretexto de não suportar a insipiência e a rudeza dos novos aprendizes?
E quem estará assim tão habilitado, perante o Infinito, ao ponto de menoscabar a
oportunidade de prosseguir na aquisição da Sabedoria?” Roteiro

Por muito tempo temos olhado para o mundo buscando o que ele poderia nos oferecer.
Nos relacionamentos, buscamos a alma perfeita, no trabalho, o melhor serviço, na
escola, queremos os melhores mestres, na casa espírita, queremos os espíritos mais
elevados e inspirados e até mesmo quando oramos, pedimos.
Eis chegado o tempo de perguntarmos o que temos a oferecer ao mundo e nos
posicionarmos de forma diversa. Nos relacionamentos afetivos, busquemos ser o melhor
companheiro ou companheira que o outro poderia querer, no trabalho, abracemos as
tarefas que todos refeitam com bom ânimo e alegria, nas escolas, sejamos os alunos
mais dedicados e assíduos e em nosso serviço religioso, estejamos sempre prontos a
procurar o trabalho que nos é pertinente. Assim, quando orarmos, estaremos aptos a
agradecer e aos poucos iremos perceber que tudo o que necessitamos nosso Pai Celestial
já nos concedeu, nascerá em nós a mais profunda gratidão.

Caminhemos mais um pouco com a lição.

"A Terra é a venerável instituição onde encontramos os recursos indispensáveis para


atender ao nosso próprio burilamento.
Milhões de vidas formam o pedestal em que nos erigimos e, alcançando o grande
entendimento, cabe-nos auxiliar as vidas iniciantes, por nossa vez.
Por isso, na plenitude do discernimento, reclamamos uma fé que nos reaqueça a alma e
nos soerga a visão, a fim de que a madureza de espírito seja reconhecida por nós como
o mais belo e o mais valioso período de nossa romagem no mundo, ensinando-nos a
agir sem apego e a servir sem recompensa." Roteiro

A vida é troca constante, se dela recebemos conhecimento edificante, chegará o


momento em que deveremos retribuir, oferecendo auxilio aos que nos cercam.
Interagimos constantemente e se olharmos com atenção, há sempre algo a aprender com
todos, desde o mais simples e humilde até ao mais estudado, e isto serve para nós
também.

Paulo de Tarso sentia isto e afirmou: "“Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros,
tanto a sábios como a ignorantes.” Romanos 1:14

Emmanuel, no livro Levantar e Seguir, comenta o versículo e nos auxilia a compreender


a natureza do débito:
"De que natureza seria o debito de Paulo quando sabemos que o doutor dos gentios foi
humilde tecelão para ganhar o sustento próprio até o fim de sua passagem apostólica,
sem ser pesado a ninguém?
Sua afirmativa, no entanto, constitui lição de elevada substancia para todos os espíritos
que receberam alguma cousa das verdades poderosas e eternas.
Quem alcançou a felicidade de compreender o ensinamento do Cristo ou de seus
emissários recebe um sagrado deposito em valores imortais.
E é justo que quem saiba se constitua em devedor de quem ignora, quem tenha se
reconheça como devedor de quem não possua.
No ato de ensinar ou de proporcionar reside, porém, uma das grandes situações desse
mecanismo de realização do pagamento.
Ninguém aprenderá entre irritações, nem aproveitará quando a dádiva favoreça os
desvios da consciência.
O Cristão sincero, portanto, encontrará um meio de convencer sem muitas discussões e
um recurso para beneficiar a outrem sem a cooperação mecânica das possibilidades
financeiras, de modo absoluto.
A palavra do amigo do gentilismo renova os conceitos de luta das convicções.
Dentro de seu quadro, Nero não mais seria apontado como perseguidor dos mártires,
mas como necessitado da luz que os mártires cristãos possuíam.
Esta é uma consoladora verdade que encherá a alma dos aprendizes fiéis de
compreensões generosas.
Quando encontres alguém no mundo, com os títulos de ignorantes ou de sábio da Terra,
que te assalte com ironias, faze-lhe algum bem, por amor a Cristo, saldando a tua
dívida.
E além de tudo, considera a tua felicidade, porque podes seguir para Jesus, enquanto o
infeliz ainda permanece no mundo da sombra."

A matemática de Deus é diferente da nossa. Enquanto no mundo se quer ter e somar


cada vez mais, diante da justiça divina somos convidados a perceber que a cada dia
recebemos muito e que é chegada a hora de oferecer-nos algo de nós mesmos na
construção e na edificação da Terra.

Sigamos em frente com a lição.


"Situados no cimo da grande compreensão, não prescindimos da grande serenidade.
Se, com o decurso do tempo, registramos o nosso isolamento íntimo, quando
alimentados pelo ideal superior, depressa observamos a nossa profunda ligação com a
Humanidade inteira.
Informamo-nos, pouco a pouco, de que ninguém é tão indigente que não possa
concorrer para o progresso comum e tomamos, com firmeza, o lugar que nos compete
no edifício da harmonia geral, distribuindo fragmentos de nós mesmos, no culto da
fraternidade bem vivida." Roteiro

Gabriela Mistral, poeta chinela, nos diz que "toda a natureza é um desejo de serviço.
Serve a nuvem, serve o vento, servem os vales..."

A natureza é uma conversa de Deus conosco, ela dá conta da harmonia, da beleza, do


instinto e das leis divinas atuando em cada ser de forma harmônica. Somos, também,
parte da criação divina, porém, munidos de inteligência observamos, aprendemos e
decidimos aderir ou não a este mundo de amor e paz. E quando optamos por servir,
como a natureza serve, silenciosa, humilde, anônima, estamos aptos a prosseguir com o
poema: "...onde haja um árvore para plantar, planta-a tu; onde haja um erro para
emendar, emenda-o tu; onde haja um esforço que todos evitam, aceita-o tu. Sê aquele
que afasta a pedra do caminho, o ódio dos corações e as dificuldades de um problema.
Existe a alegria de ser são e a alegria de ser justo, mas existe, sobretudo, a formosa e
imensa alegria de servir...."

Onde Deus nos colocou, na família, no trabalho, na comunidade, na escola, em todos os


locais onde estivermos, teremos a oportunidade de ser úteis e prestativos. Mas há que se
ter uma predisposição, uma vontade atuando para que percebamos as oportunidades.

Caminhemos mais um pouco com Emmanuel.

"Valendo-nos da ressurreição de hoje para combater a morte de ontem, encontramos


na luta o esmeril que polirá o espelho de nossa consciência, a fim de nos convertermos
em fiéis refletores da beleza divina.
O mundo, por mais áspero, representará para o nosso espírito a escola de perfeição,
cujos instrumentos corretivos bendiremos, um dia. Os companheiros de jornada que o
habitam, conosco, por mais ingratos e impassíveis, são as nossas oportunidades de
materialização do bem, recursos de nossa melhoria e de nossa redenção, e que, bem
aproveitados por nosso esforço, podem transformar-nos em heróis." Roteiro

Há algo interessante que vai mudando em nossas vidas a medida que vamos avançando
em entendimento. O que antes era fardo e desgraça, aos poucos vai transformando-se
em oportunidade de aprendizado e renovação. Aos poucos vamos aprendendo a ouvir os
reparos que a vida nos oferece, mesmo aqueles mais duros e que nos fazem balançar.

Observemos que o benfeitor nos apresenta as oportunidades concedidas diariamente aos


nossos corações: companheiros de jornada, aqueles com quem convivemos
intensamente, que caminham conosco nesta vida, serão estes que nos auxiliarão a :
- materialização do bem - saímos do campo da intenção para tornarmos a nossa ação
efetiva e positiva na vida de alguém.

- recursos de nossa melhoria e de nossa redenção - a convivência nos permitirá


desenvolvermos as qualidades necessárias para que vivamos em paz. André Luiz possui
valorosa lição sobre esta questão no livro Agenda Cristã:

"Aprenda a ceder em favor de muitos, para que alguns intercedam em seu benefício nas
situações desagradáveis.
Ajude sem exigência para que outros o auxiliem sem reclamações.
Não encarcere o vizinho no seu modo de pensar; dê ao companheiro oportunidade de
conceber a vida tão livremente quanto você.
Guarde cuidado no modo de exprimir-se; várias ocasiões, as maneiras dizem mais que
as palavras.
Refira-se a você o menos possível; colabore fraternalmente nas alegrias do próximo.
Evite a verbosidade avassalante; quem conversa sem intermitências, cansa ao que ouve.
Deixe ao irmão a autoria das boas idéias e não se preocupe se for esquecido, convicto de
que as iniciativas elevadas não pertencem efetivamente a você, de vez que todo bem
procede originariamente de Deus.
Interprete o adversário como portador de equilíbrio; se precisamos de amigos que nos
estimulem, necessitamos igualmente de alguém que indique os nossos erros.
Discuta com serenidade; o opositor tem direitos iguais aos seus.
De você considerar excessivamente as críticas do inferior, suporte sem mágoa as
injunções do plano a que se precipitou.
Seja útil em qualquer lugar, mas não guarde a pretensão de agradar a todos; não intente
o que o próprio Cristo ainda não conseguiu.
Defrontado pelo erro, corrija-o primeiro em você, e, em seguida, nos outros, sem
violência e sem ódio.
Se a perfídia cruzar seu caminho, recuse-lhe a honra da indignação; examine-a, com um
sorriso silencioso, estude-lhe o processo calmamente e, logo após, transforme-a em
material digno da vida.
Ampare fraternalmente o invejoso; o despeito é indisfarçável homenagem ao mérito e,
pagando semelhante tributo, o homem comum atormenta-se e sofre.
Habitue-se à serenidade e à fortaleza, nos círculos da luta humana; sem essas conquistas
dificilmente sairá você do vaivém das reencarnações inferiores.
André Luiz
(Do livro "Agenda Cristã", Francisco Cândido Xavier)

Encerrando a lição.

"Não há medida para o homem, fora da sociedade em que ele vive. Se é indubitável que
somente o nosso trabalho coletivo pode engrandecer ou destruir o organismo social, só
o organismo social pode tornar-nos individualmente grandes ou miseráveis.
A comunidade julgar-nos-á sempre pela nossa atitude dentro dela, conduzindo-nos ao
altar do reconhecimento, ao tribunal da justiça ou à sombra do esquecimento.
O Espiritismo, sob a luz do Cristianismo, vem ao mundo para acordar-nos.
A Terra é o nosso temporário domicílio.
A Humanidade é a nossa família real.
Todos estamos destinados por Deus a gloriosa destinação.
Em razão disso, Jesus, o Divino Emissário do Amor para todos os séculos, proclamou
com a realidade irretorquível: _ “Das ovelhas que o Pai me confiou nenhuma se
perderá.” Roteiro

Da tendência inicial de isolamento, apresentada pela lição, Emmanuel conclui nos


mostrando que não há como vivermos fora da sociedade e que, ainda que nos seja difícil
e muitas vezes dolorosa, é no convívio fraterno que teremos as lições efetivas para o
nosso coração. E na lide diária que praticaremos o amor que pregamos, a paciência que
ensinamos e a alegria que incentivamos a todos ter.

Já não são apenas os laços sanguíneos que pedem de nós o sacrifício, o amor e a
dedicação, Jesus nos chama a nos irmanarmos, considerando toda a humanidade a nossa
família.

Emmanuel nos ensina: "Quando o cristão pronuncia as sagradas palavras “Pai Nosso”,
está reconhecendo não somente a Paternidade de Deus, mas aceitando também por sua
família a Humanidade inteira." (Fonte Viva)

Sigamos em paz, buscando a fraternidade em nossas vidas e pacificando nossos


corações. Nem sempre estaremos aptos a viver o amor que o Mestre nos ensina, mas eis
o caminho, já conhecemos a estrada, agora é só seguir por ela. Chegaremos lá.
Estudo livro Roteiro
Lição 40 - Ante o Infinito

"A casa do Pai é o Universo" (ESE - Cap III)

Somos, portanto, como filhos, os que habitam a Casa do Pai, nosso lar é o Universo.
Não nos cabe mais a visão limitada e tribal de outrora, onde caminhávamos movidos
apenas por interesses particulares e, quando muito, dos nossos entes mais próximos.

A visão maior, mais ampla, nos convida a uma nova forma de viver e, nesta lição,
Emmanuel nos dá conselhos oportunos para a jornada eterna. Chama-nos a este novo
viver, como moradores do Universo, como filhos do Pai Celestial, não nos cabe mais
viver conforme nossos próprios interesses, somos chamados a caminhar no bem, na
moralidade, na justiça e, principalmente, no amor, onde quer que estejamos.

Eis-nos, assim, em nossa última lição do livro Roteiro, tendo um desfecho magnífico de
uma jornada cheia de ensinamentos e reflexões. Este livro e toda a obra deixada por
Chico Xavier merece nossa atenção, nosso estudo e, pela bondade divina, precisa
adentrar em nossas vidas e corações a fim de que vivamos sob esta nova perspectiva:
Ante o infinito.

Iniciemos com Emmanuel.

"Amadurecida a compreensão na maioridade mental, percebe o homem a sua própria


pequenez, à frente do Infinito. Reconhece que a vida divina palpita soberana, desde os
princípios magnéticos do mundo subatômico até as mais remotas constelações. Observa
que o planeta, grande e sublime pelas oportunidades de elevação que nos oferece, é
simples grão de areia, quando comparado ao imenso universo. Cercado por sóis e
mundos incontáveis, ergue-se, dentro de si mesmo, para indagar, quanto aos problemas
da morte, do destino, da dor... Suas perguntas silenciosas atravessam o Espaço
incomensurável, em busca das eternas revelações..." Roteiro
Vamos inverter a frase inicial para observarmos a sua riqueza: para que nos saibamos
pequenos, diante do Infinito, precisamos de algumas premissas ou pressupostos:

-maioridade mental
- compreensão
- amadurecimento

Se nossa percepção da vida ainda é tal qual a de uma criança, vou agir e pensar como
tal. Serei o centro do Universo, serei o detentor das atenções e quando não o for irei me
insurgir. Muitos espíritos que transitam pelo mundo ainda são crianças espirituais e, por
isso, pela ausência da maioridade mental, não conseguem compreender o Universo.

Mas as vidas se sucedem e as experiências se multiplicam, trazendo a cada um de nós


renovadas oportunidades de amadurecer. Assim como a planta possui os estágios de
produção da semente ao fruto, também nós precisamos de tempo para que determinadas
idéias germinem em nosso ser e frutifiquem.

"Cercado por sóis e mundos incontáveis, ergue-se, dentro de si mesmo..." há quanto


tempo temos edificado construções a fim de nos fazermos imortais, há quanto tempo
temos nos preocupado com o mundo exterior, negligenciando as oportunidades de
trabalharmos sentimentos do nosso mundo íntimo.

Eis, então o homem que completou a maioridade mental, que amadureceu e que ergue-
se dentro de si mesmo para descobrir o Universo.

Sigamos em frente com a lição.

"Para o coração alimentado pela fé e elevado á glória do ideal superior, o Espiritismo


com Jesus traz a sua mensagem iluminada de esperança.
Interrogando o infinito, que se estende triunfante, no Estado e no Tempo, os homens
ouvem a palavra dos vivos que os antecederam, na grande viagem do túmulo,
afirmando com imponente beleza:
_ Irmãos, a vida não cessa!...
Tudo é renovação e eternidade.
Tanto quanto as leis cósmicas nos governam a experiência física, indefectíveis leis
morais nos dirigem o espírito." Roteiro

A doutrina espírita capacita-nos a uma perspectiva nova, e com Jesus como nosso guia e
modelo estamos em condições de seguir em frente, melhorando-nos sempre.

Não apenas o mundo se torna maior, eis que reconhecemo-nos como viajantes do
Universo, mas a vida assume novos contornos. Tudo é renovação e eternidade, nos diz o
benfeitor, a vida continua aqui ou acolá.

Neste sentido nos ensinam os espíritos: "O objetivo essencial do Espiritismo é o


melhoramento dos homens. Não é preciso procurar nele senão o que pode ajudar no
progresso moral e intelectual." O Espiritismo em sua mais simples expressão - Kardec

Caminhemos um pouco mais com a lição, eis que agora, tal qual um professor que dá a
sua aula de encerramento e dedica algum tempo a dar bons conselhos aos seus alunos,
Emmanuel nos indicará caminhos.

"Abstende-vos do mal.
Os compromissos da alma com os planos inferiores constituem aumento de densidade
em seu veículo de manifestação.
Nosso corpo espiritual, em qualquer parte, refletirá a luz ou a treva, o céu ou o inferno
que trazemos em nós mesmos." Roteiro

1º Conselho - abstende-nos do mal.

A matéria é escola temporária do espírito e, chegará o dia em que não mais


necessitaremos dela para evoluir.

Revista Espírita de 1858:


"Características gerais. ─ É nula a influência da matéria. Absoluta superioridade
intelectual e moral em relação aos Espíritos de outras ordens.

Primeira classe. ESPÍRITOS PUROS.

Percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria.


Tendo atingido a suprema perfeição de que é susceptível a criatura, não têm que passar
por provas nem por expiações. Não mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis,
têm a vida eterna que se realiza no seio de Deus."

Assim, o contrário da purificação é exatamente o que Emmanuel nos está explicando:


" Os compromissos da alma com os planos inferiores constituem aumento de densidade
em seu veículo de manifestação." Revista Espírita 1858

O que estamos refletindo? Hoje, o que eu refleti com minhas ações, palavras e
pensamentos?

Caminhemos para o segundo conselho.

"Cultivai a fraternidade e o bem, porque, hoje e amanhã, colheremos da própria


sementeira.
Além das fronteiras de sombra e cinza, onde se esfriam e se desintegram os derradeiros
farrapos da carne, a vida continua, impondo-nos o resultado de nossas próprias
ações." Roteiro

É, também, do próprio Emmanuel a frase "o bem que praticares, em algum lugar, é teu
advogado em toda parte." (Vinha de Luz)

Somos espíritos em caminho evolutivo, ora acertamos, ora erramos e quando erramos
necessitamos da benevolência alheia. É como uma família que necessita de uma
poupança para quando surgem as emergências e despesas inesperadas. Não queremos
praticar o mal, mas ainda o realizamos, ainda que sem intenção, fruto apenas de nossa
ignorância. Eis, então, que o Pai Celestial nos concede este lenitivo, de lançar as
pequeninas coisas boas que realizamos em nosso próprio favor a fim de que retomemos
a marcha evolutivo, lembrando-nos de quem somos e para quê estamos destinados.

Apenas a fraternidade nos irmana, como nos ensinam os espíritos:

" A máxima – Fora da caridade não há salvação consagra o princípio da igualdade


perante Deus e da liberdade de consciência. Tendo-a por norma, todos os homens são
irmãos e, qualquer que seja a maneira por que adorem o Criador, eles se estendem as
mãos e oram uns pelos outros." (Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XV - item 8)

Caminhemos para o terceiro conselho.

"Amai o trabalho e engrandecei-o! É por ele que a civilização se levanta, que a


educação se realiza e que a nossa felicidade se perpetua. Na Pátria das Almas, chora
amargamente o espírito que lhe esqueceu a riqueza oculta, olvidando que somente pelo
serviço conseguimos desenvolver as nossas possibilidades de crescimento interior para
a imortalidade." Roteiro

Deus criou-nos simples e ignorantes e nos concedeu a Lei do Trabalho para que através
dela seguíssemos o nosso caminho evolutivo.

Os antigos já percebiam tal diretriz e consta em seus ensinamentos:

"No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste
tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás." Gênesis 3:19

Ou mesmo o célebre cientista e inventor Thomaz Edson: A genialidade é 1% inspiração


e 99% transpiração."

Ou, ainda, o filósofo Platão que nos deixou o ensinamento: “Não há nada mais
vergonhoso do que alguém ser honrado pela fama dos antepassados e não pelo
merecimento próprio.”
Seja na religião, na ciência ou na filosofia o trabalho é reconhecido, que dirá no
espiritismo que une estas três áreas do conhecimento humano.

Caminhemos para o quarto conselho da lição.

"Aceitai o ato de servir a ajudar, não como castigo, mas sim como preciosa honra que
o Divino Poder nos confere.
Não vos inquietem no mundo o orgulho coroado de louros e o vício com a iniqüidade,
aparentemente vitoriosos!...
A Justiça reina, imperecível.
Quem humilha os outros será humilhado pela própria consciência e o instituto
universal das reencarnações funciona igualmente para todos, premiando os justos e
corrigindo os culpados.
Cada falta exige reparação.
Cada desequilíbrio reclama reajuste." Roteiro

Precioso ensinamento do Mestre Jesus a Pedro e aos discípulos: "Se alguém quer ser o
primeiro, seja o último de todos e o servo de todos." Marcos 9:35

Emmanuel comenta este versículo:

Nos variados setores da experiência humana, encontramos as mais diversas criaturas a


buscarem posições de destaque e postos de diretiva.
Há pessoas que enveredam pelas sendas do comércio e da indústria, em corrida infrene
por se elevarem nas asas frágeis da posse efêmera.
Muitas elegem a tirania risonha no campo social, para se afirmarem poderosas e
dominantes.
Outras pontificam através do intelecto, usando a Ciência como apoio da autoridade que
avocam para si mesmas. Temos ainda as inteligências que, em nome da inovação ou da
arte, se declaram francamente partidárias da delinquência e do vício, para sossegarem as
próprias ânsias de fulguração nas faixas da influência.
Todas caminham subordinadas às mesmas leis, elevando-se hoje, para descer amanhã.
O império econômico, a autoridade terrestre ou o intelectualismo sistemático
possibilitam a projeção da criatura no cenário humano, à feição de luz meteórica,
riscando, instantaneamente, a imensidade dos céus.
Em piores circunstâncias, aquele que preferiu o brilho infernal do crime, esbarra, em
breve tempo, com a dureza de si mesmo, sendo constrangido a reunir os estilhaços da
vida, provocados por suas ações lamentáveis, na recomposição do destino próprio.
Grande maioria toma a aparência do comando como sendo a melhor posição, e raros
chegam a identificar, no anonimato da posição humilde, o posto de carreira que conduz
a alma aos altiplanos da Criação.
Apesar de tudo, porém, a verdade permanece imutável.
A liderança real, no caminho da vida, não tem alicerces em recursos amoedados. Não se
encastela simplesmente em notoriedade de qualquer natureza. Não depende unicamente
de argúcia ou sagacidade. Nem é fruto da erudição pretensiosa.
A chefia durável pertence aos que se ausentam de si mesmos, buscando os semelhantes
para servi-los… Esquecendo as luzes transitórias da ribalta do mundo… Renunciando à
concretização de sonhos pessoais em favor das realizações coletivas… Obedecendo aos
estímulos e avisos da consciência…
E por amar a todos sem reclamar amor para si, embora na condição de servo de todos,
faz-se amado da vida, que nele concentra seus interesses fundamentais." Livro O
Espírito da Verdade.

Caminhar acreditando na justiça divina é caminhar com serenidade, paciência e


resignação, atribuindo ao tempo o encadeamento natural da vida e de todos. Somos
convidados a mantermos o foco no trabalho, essencialmente, no nosso trabalho e não no
alheio. O mundo está cheio de críticos, porém, há escassez de trabalhadores.

Sigamos em frente com o quinto conselho.

"Os padecimentos coletivos da sociedade humana constituem a redenção de séculos


ensangüentados pela guerra e pela violência. As aflições individuais são remédios
proveitosos à cura e refazimento das almas.
Anexai os desejos do reino de vosso “eu” aos sábios desígnios do Reino de Deus.
O egoísmo e a vaidade nos encarceram na lama da Terra.
Lede as páginas vivas da Natureza e buscai a vida sã e pura, usando a boa vontade
para com todos.
Simplificai vosso hábitos e reduzi as vossas necessidades." Roteiro

Simplicidade, eis o grande desafio dos nossos tempos em que reina o consumismo e a
ostentação. Ser simples no vestir, no falar, no convívio, no desenvolvimento intelectual,
na vida amorosa...em tudo a simplicidade é um facilitador para os corações que
permitem sair do lamaçal do egoísmo e da vaidade.

Reduzir as necessidades, uma atitude que decorre da vida simples.

Certa feita Dalai Lama foi convidado a proferir uma palestra nos EUA. Caminhando no
aeroporto, ia olhando as vitrines e começou a sorrir. Alguns que o estavam
acompanhando perguntaram se lhe interessava algum item, se queria algo, eles
poderiam lhe comprar. Ele sorriu e respondeu que sua felicidade decorria exatamente de
certificar-se que ele não mais necessita de tantas coisas, nada queria.

Precisamos de atenção para viver a vida. A simplicidade vai na contramão de tudo o que
vemos na mídia e no convívio social. Será que realmente precisamos de tanto? Estudos
mostram que se o mundo todo consumisse o que uma pessoa de classe média consome,
em pouco tempo o planeta se extinguiria. Isto nos serve de alerta, abracemos a
simplicidade, a fim de não contrairmos mais dívidas.

Por fim, o sétimo conselho de Emmanuel.

"Tende confiança, sede benevolentes, instruí-vos, amai de esperai!... Crescei no


conhecimento e na virtude para serdes mais fortes e mais úteis." Roteiro

Como diz a canção...andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar...sigamos o


roteiro da vida confiantes em Deus, em sua bondade e em sua justiça.

Sejamos benevolentes com nossos irmãos que ainda não despertaram para vida
espiritual, evangelizemos com nossa vida, demonstrando com atitudes o bem que o
viver com o Cristo tem nos feito.
Por fim, recordemos da lição aos espíritas:

“Espíritas!, amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo. Todas as


verdades são encontradas no Cristianismo; os erros que nele criaram raiz são de origem
humana. E eis que, além do túmulo, em que acreditáveis o nada, vozes vêm clamar-vos:
Irmãos! nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da
impiedade!” – (Espírito de Verdade. Paris, 1860.)
Allan Kardec – O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI, item 5.

Encerrando a lição:

Além dos horizontes que o nosso olhar pode abranger, outros mundos e outras
humanidades evolvem no rumo da perfeição!...
Todos somos irmãos, filhos de um só Pai, que nos aguarda sempre, de braços abertos,
para a suprema felicidade no eterno bem!...
E, ouvindo os sagrados apelos de Cima, o coração que desperta para a vida superior
compreende, enfim, que Deus é a Verdade Soberana, que o trabalho é a nossa bênção,
que o amor e a sabedoria representam a nossa destinação e que a alma é imortal."
Roteiro

Diante de tão bela lição, nada a acrescentar, muito a agradecer.

Encerro este estudo com lágrimas de profunda gratidão. Durante quase um ano
estivemos envolvidos com esta obra, pesquisando, refletindo, aprendendo e faltam
palavras para expressar o quão valoroso é um livro como este. Uma frase nos levou a
caminhos, uma citação nos permitiu ampliar nosso conhecimento sobre os povos, a
ciência, sobre nós mesmos. As lições também eram um Roteiro e ao buscar melhor
compreendê-las fomos sempre levados a caminhos belíssimos.

Obrigada Pai de Amor, obrigada Jesus, Amigo Inestimável, obrigada Emmanuel, amado
professor, obrigada Chico, exemplo de luz.
Seguiremos em frente, buscando novos estudos, novas fronteiras e, algum dia, pela
bondade divina, retornaremos a este amigo e conselheiro, Livro Roteiro.

Campo Grande - MS, 18 de março de 2018.


Candice Günther

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