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Paulo Bastos 2013 - Apostila - Ancoragens e Emendas - r00 - 080314 PDF
Paulo Bastos 2013 - Apostila - Ancoragens e Emendas - r00 - 080314 PDF
ANCORAGEM E EMENDA DE
ARMADURAS
Bauru/SP
Março/2006
APRESENTAÇÃO
Pág.
1. ADERÊNCIA ENTRE CONCRETO E ARMADURA ........................................ 1
1.1 Aderência por Adesão ...................................................................................... 1
1.2 Aderência por Atrito ........................................................................................ 1
1.3 Aderência Mecânica ........................................................................................ 2
1.4 Mecanismos da Aderência ............................................................................... 2
2. ADERÊNCIA E FENDILHAMENTO .................................................................. 6
3. SITUAÇÃO DE BOA E DE MÁ ADERÊNCIA .................................................. 8
4. RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA ........................................................................ 9
5. ANCORAGEM DE ARMADURA PASSIVA POR ADERÊNCIA ..................... 10
5.1 Comprimento de Ancoragem Básico ............................................................... 10
5.2 Disposições Construtivas ................................................................................. 12
5.2.1 Prolongamento Retilíneo da Barra ou Grande Raio de Curvatura .......... 13
5.2.2 Barras Transversais Soldadas .................................................................. 13
5.2.3 Ganchos das Armaduras de Tração ......................................................... 14
5.2.4 Armadura Transversal na Ancoragem .................................................... 15
5.2.5 Ancoragem de Estribos ........................................................................... 15
6. EMENDA DE BARRAS ....................................................................................... 16
6.1 Emenda por Transpasse de Armadura Tracionada .......................................... 17
6.1.1 Proporção de Barras Emendadas ............................................................ 18
6.1.2 Comprimento de Transpasse de Barras Isoladas Tracionadas ............... 19
6.1.3 Comprimento de Transpasse de Barras Isoladas Comprimidas ............ 20
6.1.4 Armadura Transversal nas Emendas por Transpasse de Barras Isoladas 20
6.1.4.1 Armadura Principal Tracionada ................................................. 20
6.1.4.2 Armadura Principal Comprimida ............................................... 21
6.1.4.3 Armaduras Secundárias .............................................................. 21
7. ANCORAGEM DA ARMADURA LONGITUDINAL DE FLEXÃO EM VIGAS 22
DE EDIFÍCIOS ....................................................................................................
7.1 Decalagem do Diagrama de Força no Banzo Tracionado ............................... 22
7.1.1 Modelo de Cálculo I ............................................................................... 22
7.1.2 Modelo de Cálculo II ............................................................................... 22
7.2 Ponto de Início de Ancoragem ........................................................................ 23
7.3 Armadura Tracionada nas Seções de Apoio ................................................... 24
7.3.1 Apoio com Momento Fletor Positivo ..................................................... 24
7.3.2 Ancoragem da Armadura Longitudinal Positiva nos Apoios Extremos de 24
Vigas Simples ou Contínuas ..................................................................
7.3.3 Apoio Intermediário de Vigas Contínuas ............................................... 31
7.3.4 Ancoragem de Armadura Negativa em Apoios Extremos ..................... 32
8. QUESTIONÁRIO ................................................................................................. 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 35
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR .................................................................... 35
TABELAS ANEXAS ............................................................................................... 36
UNESP (Bauru/SP) Disciplina 1309 - Estruturas de Concreto II –- Ancoragem e Emenda de Armaduras 1
Lançando-se o concreto fresco sobre uma chapa de aço (Figura 1), durante o
endurecimento do concreto ocorrem ligações físico-químicas na interface do concreto com a
chapa de aço, o que dá origem a uma resistência de adesão, indicada pela força Rb1 , que se opõe à
separação dos dois materiais.
R b1
Concreto
Aço
R b1
Figura 1 – Aderência por adesão (FUSCO, 2000).
Ao se aplicar uma força que tende a arrancar uma barra de aço inserida no concreto,
verifica-se que a força de arrancamento (Rb2 – Figura 2) é muito superior à força Rb1 relativa à
aderência por adesão. Considera-se que a superioridade da força Rb2 sobre a força Rb1 é devida a
forças de atrito que opõem-se ao deslocamento relativo entre a barra de aço e o concreto.
A intensidade das forças de atrito depende do coeficiente de atrito entre os dois materiais e
da existência e intensidade de forças de compressão transversais à barra (Pt), que podem surgir
devido à retração do concreto ou por ações externas.
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Pt Pt
R b2
R b3
Barras lisas
R b3
Barras nervuradas
estágio IV
estágio III
estágio II
estágio I
deslocamento relativo
componentes de força
sobre a barra
forças sobre
concreto
F
fissuras
componentes de força
sobre o concreto
barra com
F saliência
plano de ruptura
Seção de saída
B A Seção de entrada
Ft
Ft
Ft
B Ft u
Ft u
Ft1 Ft1
B
A A
Barras lisas
Barras nervuradas
Deslocamentos
Deslocamentos
2. ADERÊNCIA E FENDILHAMENTO
A Figura 9 mostra a direção das tensões principais de tração e de compressão para o caso
de ancoragem reta e ancoragem por meio de placa de aço na extremidade da barra. A força de
tração atuante na barra (Rs) é equilibrada pelas forças de compressão introduzidas no concreto na
região da ancoragem. Na região de ancoragem reta as tensões inclinadas de compressão
propagam-se pelo concreto a partir da extremidade da barra.
Rs Rs
Para evitar este tipo de fissura por fendilhamento podem ser adotadas barras transversais
(armadura de costura), colocadas ao longo das barras ancoradas por aderência, para combaterem
as tensões transversais de tração e impedirem a ruptura longitudinal por fendilhamento. E também
evitar que as fissuras alcancem a superfície do concreto, o que poderia comprometer a
durabilidade da peça devido à corrosão da barra de aço ancorada.
Se ocorrerem tensões de compressão transversais independentes daquelas oriundas da
ancoragem, o problema do fendilhamento fica diminuído (Figura 13). Uma armadura em forma de
hélice também pode servir para evitar as fissuras ao redor da barra.
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Figura 13 – Armadura para evitar fissuras de fendilhamento na ancoragem reta (FUSCO, 2000).
Figura 14 - Atuação favorável dos estribos para evitar fissuras por fendilhamento
na região de ancoragem reta (FUSCO, 2000).
II h - 30cm
α ≥ 45° h < 60cm
I α < 45° 30cm
II 30cm
h ≥ 60cm
I α < 45° h - 30cm
Os trechos das barras em outras posições e quando do uso de fôrmas deslizantes devem
ser considerados em má situação quanto à aderência.
4. RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA
Define a NBR 6118/03 (item 9.4) que, todas as barras da armadura devem ser ancoradas
de modo que os esforços a que estejam submetidas sejam integralmente transmitidos ao concreto,
o que pode ser obtido simplesmente pela aderência entre o concreto e a barra de aço, por meio de
dispositivos mecânicos, ou pela combinação de ambos.
A ancoragem por aderência do esforço na barra pode ser por meio de um comprimento
reto ou com grande raio de curvatura, seguido ou não de gancho (item 9.4.1.1). A ancoragem com
dispositivos mecânicos acoplados à barra (detalhado no item 9.4.7 da NBR 6118/03) é utilizada
principalmente nas peças de concreto protendido, como por exemplo com a utilização de uma
placa de aço acoplada à extremidade da barra de aço (ver Figura 9).
Conforme a Figura 17, a força na barra (Rst = As fyd) é equilibrada pela tensão de aderência
aplicada ao concreto:
As . fyd = fbd . u . l b
π . φ2
f yd
lb = 4
f bd . π . φ
φ f yd
lb = (Eq. 3)
4 f bd
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Ø
τbd = f bd
Rst
lb
A Eq. 3 é definida pela NBR 6118/03 como “comprimento de ancoragem básico”, isto é, o
comprimento reto necessário para uma barra de armadura passiva ancorar a força limite As fyd
nessa barra, admitindo, ao longo desse comprimento, resistência de aderência uniforme e igual a
fbd .
As Tabelas anexas A-1 e A-2 fornecem o comprimento de ancoragem lb para armadura
efetiva igual à armadura calculada (As,ef = As,calc), para os aços do tipo CA-50 nervurado e CA-60
entalhado. Para determinação do comprimento de ancoragem deve-se considerar a situação de
aderência e a existência ou não do gancho.
A norma define o “comprimento de ancoragem necessário” (lb,nec - item 9.4.2.5), que leva
em consideração a existência ou não de gancho e a relação entre a armadura calculada (As,calc) e a
armadura efetivamente colocada (As,ef) . O seu valor é:
A s, calc
l b, nec = α1 l b ≥ l b, mín (Eq. 4)
A s, ef
À exceção das regiões situadas sobre apoios diretos (pilar por exemplo), as ancoragens
por aderência devem ser confinadas por armaduras transversais ou pelo próprio concreto,
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considerando-se este caso quando o cobrimento da barra ancorada for maior ou igual a 3 φ e a
distância entre barras ancoradas for maior ou igual a 3 φ.
Os itens 9.4.3 e 9.4.4 tratam de ancoragem de feixes de barras e de telas soldadas por
aderência, respectivamente, e por ocorrerem com menor freqüência na prática, não serão
abordados nesta apostila.
As barras comprimidas devem ser ancoradas sem ganchos, pois assim se diminui a
possibilidade de flambagem da barra, o que poderia levar ao rompimento do cobrimento de
concreto, como mostrado na Figura 18.
Para aumentar a eficiência da ancoragem, a norma permite que sejam utilizadas várias
barras transversais soldadas para a ancoragem de barras, desde que (Figura 19):
≥ 5φ ≥ 5φ
lb,nec lb,nec
≥ 5φ ≥ 5φ
lb,nec lb,nec
Quando se fizer uso de ganchos nas extremidades das barras da armadura longitudinal de
tração (Figura 20), os ganchos devem ter as seguintes características:
8Ø D
Ø
Ft
Ø
6
Ø
Ft
2Ø
Ø
Ft
A ancoragem dos estribos deve necessariamente ser garantida por meio de ganchos ou
barras longitudinais soldadas.
Os ganchos dos estribos podem ser (Figura 21):
a) semicirculares ou em ângulo de 45° (interno), com ponta reta de comprimento igual a
5 φt , porém não inferior a 5 cm;
b) em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10 φt , porém não
inferior a 7 cm (este tipo de gancho não deve ser utilizado para barras e fios lisos).
O diâmetro interno da curvatura dos estribos deve ser, no mínimo, igual ao índice dado na
Tabela 2.
No item 9.4.2.2 a NBR 6118/03 prescreve como deve ser a ancoragem de estribos por
meio de barras transversais soldadas.
10 φ t ≥ 7cm
D D
5 φt ≥ 5cm
φt φt
45°
5 φ ≥ 5cm
D
φt
6. EMENDA DE BARRAS
No caso de emenda por transpasse de barras tracionadas, a emenda é feita pela simples
justaposição longitudinal das barras num comprimento de emenda bem definido, como mostrado
nas Figuras 22 e 23. A NBR 6118/03 (item 9.5.2) estabelece que a emenda por transpasse só é
permitida para barras de diâmetro até 32 mm. Tirantes e pendurais também não admitem a
emenda por transpasse.
A transferência da força de uma barra para outra numa emenda por transpasse ocorre por
meio de bielas inclinadas de compressão, como indicadas na Figura 23. Ao mesmo tempo surgem
também tensões transversais de tração, que requerem uma armadura transversal na região da
emenda.
l0t
As barras a serem emendadas devem ficar próximas entre si, numa distância não superior a
4 φ (Figura 24). Barras com saliências podem ficar em contato direto, dado que as saliências
mobilizam o concreto para a transferência da força.
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≤4φ
cs e cs
cs ≤ 0,85 cb
cb ≅ 2,5 Ø
cs > 0,85 cb
2
1
cs ≤ 4,0 cb
2 cs > 4,0 cb
1
cs ≤ 8,0 cb
1 – fissura pré-ruptura
2 – fissura na ruptura
Quando a distância livre entre barras emendadas estiver compreendida entre zero e 4 φ, o
comprimento do trecho de transpasse para barras tracionadas deve ser:
⎧0,3 α 0 t l b
⎪
onde: l 0 t ,mín ≥ ⎨15 φ (Eq. 7)
⎪200 mm
⎩
lb = comprimento de ancoragem básico, como definido no item 5.1;
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Quando a distância livre entre barras emendadas for maior que 4 φ, ao comprimento de
transpasse deve ser acrescida a distância livre entre barras emendadas.
Nas emendas de barras de aço à compressão existe o efeito favorável da ponta da barra e,
por este motivo, o comprimento da emenda não é majorado como no caso de emendas de barras
tracionadas.
Quando as barras estiverem comprimidas, como ocorre normalmente com as barras
longitudinais dos pilares, adota-se a seguinte expressão para cálculo do comprimento de
transpasse:
⎧0,6 l b
⎪
onde: l 0c,mín ≥ ⎨15 φ (Eq. 9)
⎪200 mm
⎩
Com o objetivo de combater as tensões transversais de tração, que podem originar fissuras
na região da emenda, a NBR 6118/03 recomenda a adoção de armadura transversal à emenda, em
função da emenda ser de barras tracionadas, comprimidas ou fazer parte de armadura secundária.
Quando φ < 16 mm ou a proporção de barras emendadas na mesma seção for menor que
25 %, a área da armadura transversal deve resistir a 25 % da força longitudinal atuante na barra.
Nos casos em que φ ≥ 16 mm ou quando a proporção de barras emendadas na mesma
seção for maior ou igual a 25 %, a armadura transversal deve (Figura 27):
- ser capaz de resistir a uma força igual à de uma barra emendada, considerando os
ramos paralelos ao plano da emenda;
- ser constituída por barras fechadas se a distância entre as duas barras mais próximas
de duas emendas na mesma seção for < 10 φ (φ = diâmetro da barra emendada);
- concentrar-se nos terços extremos da emenda.
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Σ A st / 2 Σ Ast / 2
≤ 150 mm
1/3l 0 1/3l0
l0
Σ Ast / 2 Σ Ast / 2
≤ 150 mm
4φ 1/3l 0 1/3l 0 4φ
l0
Quando φ < 16 mm ou a proporção de barras emendadas na mesma seção for menor que
25 %, a área da armadura transversal deve resistir a 25 % da força longitudinal atuante na barra.
Os itens 9.5.2.5, 9.5.3 e 9.5.4 da NBR 6118/03 tratam, respectivamente, de emendas de
feixes de barras por transpasse, emendas por luvas rosqueadas e emendas por solda. Esses tipos de
emendas são menos comuns na prática das construções e não serão abordados nesta apostila.
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Neste item será visto como deve ser feito o detalhamento da armadura longitudinal de
tração das vigas, ou seja, até que posição do vão as barras devem se estender, e também a
ancoragem das barras que chegarem até os apoios intermediários e extremos.
O deslocamento ou decalagem do diagrama de forças Rst (Md/z) deve ser feito para se
compatibilizar o valor da força atuante na armadura tracionada, determinada no banzo tracionado
da treliça de Ritter-Mörsch, com o valor da força determinada usando o diagrama de momentos
fletores de cálculo.
Para determinação do ponto de interrupção ou dobramento das barras longitudinais nas
peças fletidas, o diagrama de forças Rst (Md/z) na armadura deve ser deslocado, dando-se aos
pontos uma translação paralela ao eixo da peça, de valor al . A NBR 6118/03 prescreve o seguinte
(item 17.4.2.2): “Quando a armadura longitudinal de tração for determinada através do
equilíbrio de esforços na seção normal ao eixo do elemento estrutural, os efeitos provocados pela
fissuração oblíqua podem ser substituídos no cálculo pela decalagem do diagrama de força no
banzo tracionado”.
A decalagem pode ser substituída, aproximadamente, pela correspondente decalagem do
diagrama de momentos fletores.
O valor do deslocamento al deve ser adotado em função do modelo de cálculo adotado no
dimensionamento da armadura transversal.
⎡ VSd ,máx ⎤
al = d ⎢ (1 + cot g α ) − cot g α ⎥ (Eq. 10)
⎣⎢ 2 (VSd ,máx − Vc ) ⎦⎥
Define-se a seguir em que ponto ao longo do vão da viga se pode retirar de serviço a barra
da armadura longitudinal tracionada de flexão, o que normalmente é feito na prática com o
propósito de diminuir o consumo de aço na viga e, conseqüentemente, gerar economia.
A NBR 6118/03 (item 18.3.2.3.1) estabelece que a ancoragem por aderência de uma barra
da armadura longitudinal de tração tem início na seção teórica onde sua tensão σs começa a
diminuir, ou seja, o esforço da armadura começa a ser transferido para o concreto. O comprimento
da ancoragem deve prolongar-se pelo menos 10 φ além do ponto teórico de tensão σs nula (Figura
29). Considerando o diagrama de forças RSd = MSd/z, decalado do comprimento al, o início do
comprimento de ancoragem da barra corresponde ao ponto A, devendo prolongar-se no mínimo
10 φ além do ponto B.
Se a barra for dobrada, o início do dobramento pode coincidir com o ponto B.
A norma permite a definição do ponto de interrupção das barras conforme o diagrama de
momentos fletores, deslocado do valor de al . Para isso é necessário definir como será composta a
armadura longitudinal de tração, isto é, o número e o diâmetro das barras. O momento fletor
máximo é dividido pelo número de barras, proporcionalmente às áreas das barras da armadura.
lb,nec
Barra 2
al
≥ 10 Ø
Barra 1
Barra 2
A
Barra 3
B
Barra 4
al al
Barra 1 al
Barra 2 B
Barra 3 A
Barra 4
≥ 10 Ø
al lb,nec
Barra 3 ≥ 10 Ø
lb,nec
Segundo a NBR 6118/03 (item 18.3.2.4), os esforços de tração junto aos apoios de vigas
simples ou contínuas devem ser resistidos por armaduras longitudinais, que devem satisfazer às
condições descritas nos itens seguintes.
Apoio extremo pode ser definido como os apoios onde não ocorre a continuidade da viga,
geralmente o primeiro e o último apoio (Figura 30).
A ancoragem da armadura longitudinal positiva nos apoios extremos das vigas é muito
importante para a sua segurança estrutural e, por isso, deve ser cuidadosamente avaliada.
Nos apoios extremos, devido ao deslocamento no valor de al do diagrama de momentos
fletores, surge um momento fletor (Figura 31), geralmente positivo e que traciona a borda inferior
do apoio, dado por:
Para esse momento fletor no apoio deve-se dispor uma armadura resistente, a ser
convenientemente ancorada no apoio. Tomando o equilíbrio das forças resultantes na seção de
apoio, o momento fletor deve ser igual à força resultante na armadura multiplicada pelo braço de
alavanca z:
RSd
VSd
al
Md
VSd Md
Diagrama deslocado
RSd . z = VSd . al
al
R Sd = VSd (Eq. 16)
d
A NBR 6118/03 (item 18.3.2.4) dispõe que, em apoios extremos de vigas simples ou
contínuas, para garantir a ancoragem da diagonal de compressão (bielas comprimidas), uma
parte da armadura longitudinal tracionada do vão deve ser prolongada até o apoio, devendo ser
capaz de resistir à força de tração, dada pela Eq. 16 acrescentada da força de tração que
eventualmente possa existir solicitando a viga no apoio (NSd):
al
R Sd = VSd + N Sd (Eq. 17)
d
A área de armadura longitudinal a ancorar no apoio, necessária para resistir à força RSd , é
dada por:
R Sd 1 ⎛ al ⎞
A s ,anc = = ⎜ VSd + N Sd ⎟ (Eq. 18)
f yd f yd ⎝ d ⎠
Se a força normal NSd não existir, a área de armadura a ancorar no apoio será:
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a l VSd
A s ,anc = (Eq. 19)
d f yd
A armadura a ser ancorada no apoio extremo deve ser composta por no mínimo duas
barras, sendo geralmente aquelas dos vértices inferiores dos estribos, dimensionadas para
resistirem ao momento fletor positivo do vão da viga, adjacente ao apoio extremo.
A armadura calculada deve atender aos seguintes valores mínimos:
⎧1 M vão
⎪⎪ 3 A s + , vão se M apoio = 0 ou negativo de valor M apoio ≤
2
A s,anc ≥⎨ (Eq. 20)
⎪1 A M vão
⎪⎩ 4 s + ,vão se M apoio = negativo de valor M apoio > 2
1
a) A s + ,vão
3
+
M vão
1
b) A s + ,vão
4
+
M vão
Figura 32 – Armaduras mínimas a serem consideradas nos apoios extremos das vigas.
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VIGA DE APOIO
lb
As,anc
A s,anc
c lb,ef
lb
A s,anc
l b,corr = l b (Eq. 21)
A s ,ef
Se a área de armadura efetivamente escolhida para ancorar no apoio (As,ef) for maior que a
área de armadura necessária a ancorar (Aanc), o comprimento de ancoragem básico será diminuído
na proporção entre As,anc e As,ef . Por outro lado, a armadura efetiva não deve ser menor que a
armadura a ancorar (As,anc), pois esta armadura é a necessária para resistir à força Rsd no apoio,
dada pelas Eq. 16 e 17.
A ancoragem reta mostrada na Figura 34 só é possível quando a largura do apoio na
direção da viga é grande, e maior que o comprimento de ancoragem corrigido, isto é, lb,ef > lb,corr .
O comprimento de ancoragem corrigido deve atender ao comprimento de ancoragem
mínimo, dado por (NBR 6118/03, item 18.3.2.4.1):
⎧r + 5,5 φ
l b,corr ≥ l b,mín ≥ ⎨ (Eq. 22)
⎩6 cm
VIGA DE APOIO
lb,corr
As,ef
A s,ef
c lb,ef
lb,corr
A s ,anc
l b,gancho = 0,7 l b (Eq. 23)
A s,ef
ou seja:
⎧r + 5,5 φ
l b,gancho = 0,7 l b,corr ≥ ⎨ (Eq. 24)
⎩6 cm
O comprimento de ancoragem com gancho (lb,gancho) deve atender aos valores mínimos,
como mostrado na Eq. 24. Se o comprimento de ancoragem com gancho resultar menor que o
comprimento de ancoragem efetivo (lb,gancho ≤ lb,ef), a ancoragem poderá ser feita. Na prática,
como geralmente as medidas de lb,ef e lb,gancho são próximas, costuma-se estender as barras até
próximo à face externa do apoio, isto é, faz-se lb,gancho = lb,ef , como indicado na Figura 35.
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8Ø D Ø
A s,ef
c l b,ef
O gancho com ângulo de 90°, como indicado na Figura 36 e no item 5.2.3, é o mais
comum na prática, entre os três recomendados pela NBR 6118/03.
Se ocorrer do comprimento de ancoragem com gancho ser maior que o comprimento de
ancoragem efetivo do apoio (lb,gancho > lb,ef), existem algumas aternativas para resolver o problema
sem alterar as dimensões do apoio. Uma solução consiste em aumentar a quantidade de armadura
ancorada no apoio, mantido o gancho nas extremidades das barras.
Nessa solução, a área da armadura longitudinal que chega até o apoio é aumentada, para
As,corr , segundo a proporção entre o comprimento de ancoragem básico e o comprimento de
ancoragem efetivo do apoio, levando em conta a existência do gancho. Tomando a Eq. 23 e
fazendo o comprimento de ancoragem efetivo do apoio (lb,ef) igual ao comprimento de ancoragem
com gancho (lb,gancho) a área de armadura a ancorar no apoio deve ser corrigida para:
0,7 l b
A s ,corr = A s,anc (Eq. 25)
l b,ef
8Ø D Ø
A s,corr
c l b,ef
Figura 36 – Acréscimo de armadura longitudinal ancorada no apoio para As,corr quando o com-
primento de ancoragem efetivo do apoio é menor que o comprimento de ancoragem com gancho.
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Ao invés de se aumentar a armadura longitudinal que chega até o apoio para As,corr , o que
poderia encarecer a armação, há a possibilidade de manter a armadura efetiva a ancorar no apoio
(As,ef) e acrescentar uma armadura longitudinal, na forma de grampos (ver Figuras 37 e 38), com o
mesmo objetivo de aumentar a área de armadura ancorada no apoio.
A área dos grampos é a diferença entre a armadura corrigida e a armadura efetiva:
Grampos
D
8Ø Ø
lb,ef A s,ef
Nos apoios internos ou intermediários das vigas contínuas, uma parte da armadura
longitudinal de tração proveniente do vão deve ser estendida até o apoio, devendo a armadura a
ancorar (As,anc) atender as seguintes condições impostas na Eq. 20:
⎧1 M vão
⎪⎪ 3 A s + ,vão se M apoio = 0 ou negativo de valor M apoio ≤ 2
A s,anc ≥⎨
⎪1 A M vão
⎪⎩ 4 s + , vão se M apoio = negativo de valor M apoio >
2
DI
AG
R.
DE
SL
O
C.
BARRA 1
A
≥ 10 Ø
BARRA 1
Se o ponto A estiver na face do apoio ou além dela e a força RSd diminuir em direção ao
centro do apoio, o trecho de ancoragem deve ser medido a partir dessa face, conforme indicado na
Figura 40. A barra deve ser convenientemente ancorada nesse apoio, e a armadura a ancorar no
apoio deve atender aquela das Eq. 19 e 20.
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BARRA 1
A
.
ESLOC
. MFD
DIAGR
BARRA 1
lb
Figura 40 - Ponto A além da face do apoio.
a) b)
M p,sup
a) b)
-
A s = 0,5 A s
-
As
s estr ≤ 10 cm
2b + h
-
As
35 Ø
8. QUESTIONÁRIO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Ed. Pini, 2000, 382p.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
MACGREGOR, J.G. Reinforced concrete – Mechanics and design. 3a ed., Upper Saddle River,
Ed. Prentice Hall, 1997, 939p.
NAWY, E.G. Reinforced concrete – A fundamental approach. Englewood Cliffs, Ed. Prentice
Hall, 1985, 701p.
PFEIL, W. Concreto armado, v. 2, 5a ed., Rio de Janeiro, Ed. Livros Técnicos e Científicos, 1989,
560p.
SÜSSEKIND, J.C. Curso de concreto, v. 1, 4a ed., Porto Alegre, Ed. Globo, 1985, 376p.
UNESP (Bauru/SP) Disciplina 1309 - Estruturas de Concreto II –- Ancoragem e Emenda de Armaduras 36
TABELAS ANEXAS
TABELA A-1
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM lb (cm) PARA As,ef = As,calc CA-50 nervurado
Concreto
φ
C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
(mm)
Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
48 33 39 28 34 24 30 21 27 19 25 17 23 16 21 15
6,3
33 23 28 19 24 17 21 15 19 13 17 12 16 11 15 10
61 42 50 35 43 30 38 27 34 24 31 22 29 20 27 19
8
42 30 35 24 30 21 27 19 24 17 22 15 20 14 19 13
76 53 62 44 54 38 48 33 43 30 39 28 36 25 34 24
10
53 37 44 31 38 26 33 23 30 21 28 19 25 18 24 17
95 66 78 55 67 47 60 42 54 38 49 34 45 32 42 30
12,5
66 46 55 38 47 33 42 29 38 26 34 24 32 22 30 21
121 85 100 70 86 60 76 53 69 48 63 44 58 41 54 38
16
85 59 70 49 60 42 53 37 48 34 44 31 41 29 38 27
151 106 125 87 108 75 95 67 86 60 79 55 73 51 68 47
20
106 74 87 61 75 53 67 47 60 42 55 39 51 36 47 33
170 119 141 98 121 85 107 75 97 68 89 62 82 57 76 53
22,5
119 83 98 69 85 59 75 53 68 47 62 43 57 40 53 37
189 132 156 109 135 94 119 83 108 75 98 69 91 64 85 59
25
132 93 109 76 94 66 83 58 75 53 69 48 64 45 59 42
242 169 200 140 172 121 152 107 138 96 126 88 116 81 108 76
32
169 119 140 98 121 84 107 75 96 67 88 62 81 57 76 53
303 212 250 175 215 151 191 133 172 120 157 110 145 102 136 95
40
212 148 175 122 151 105 133 93 120 84 110 77 102 71 95 66
Valores de acordo com a NBR 6118/03
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
lb Sem e Com ganchos nas extremidades
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
⎧0,3 l b
⎪
O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo: l b ,mín ≥ ⎨10 φ
⎪100 mm
⎩
γc = 1,4 ; γs = 1,15
UNESP (Bauru/SP) Disciplina 1309 - Estruturas de Concreto II –- Ancoragem e Emenda de Armaduras 37
TABELA A-2
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM lb (cm) PARA As,ef = As,calc CA-60 entalhado
Concreto
φ
C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
(mm)
Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
50 35 41 29 35 25 31 22 28 20 26 18 24 17 22 16
3,4
35 24 29 20 25 17 22 15 20 14 18 13 17 12 16 11
61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
4,2
43 30 35 25 31 21 27 19 24 17 22 16 21 14 19 13
73 51 60 42 52 36 46 32 41 29 38 27 35 25 33 23
5
51 36 42 30 36 25 32 23 29 20 27 19 25 17 23 16
88 61 72 51 62 44 55 39 50 35 46 32 42 29 39 27
6
61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
102 71 84 59 73 51 64 45 58 41 53 37 49 34 46 32
7
71 50 59 41 51 36 45 32 41 28 37 26 34 24 32 22
117 82 96 67 83 58 74 51 66 46 61 42 56 39 52 37
8
82 57 67 47 58 41 51 36 46 33 42 30 39 27 37 26
139 97 114 80 99 69 87 61 79 55 72 50 67 47 62 43
9,5
97 68 80 56 69 48 61 43 55 39 50 35 47 33 43 30
Valores de acordo com a NBR 6118/03
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
lb Sem e Com ganchos nas extremidades
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
⎧0,3 l b
⎪
O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo: l b ,mín ≥ ⎨10 φ
⎪100 mm
⎩
γc = 1,4 ; γs = 1,15