Você está na página 1de 27

UNIC

Centro de Investigação em
Estruturas e Construção da UNL

ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA


DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

Trabalho solicitado pela


QSP - Qualidade Siderúrgica Portuguesa, Associação

Válter J.G. Lúcio


Rui P.C. Marreiros

Publicação UNIC – RPS1 - Setembro de 2005


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 2
2. MECANISMOS DE ADERÊNCIA AÇO-BETÃO ............................................................................ 3
2.1. Comportamento da ligação aço-betão durante um ensaio pull-out ........................................ 3
2.2. Roturas por “pull-out” e por “splitting” ..................................................................................... 7
2.3. Diferentes factores que influenciam a aderência.................................................................... 8
2.3.1. Geometria e nível de tensões da armadura..................................................................... 8
2.3.2. Qualidade e estado de tensão do betão .......................................................................... 9
2.3.3. Outros aspectos ............................................................................................................... 9
2.4. Confinamento .......................................................................................................................... 9
2.5. Ensaios para quantificar a aderência.................................................................................... 10
2.5.1. Testes “pull-out” ............................................................................................................. 10
2.5.2. Ensaio de viga (“beam test”) ......................................................................................... 11
2.6. Acções cíclicas...................................................................................................................... 11
3. COMPARAÇÃO ENTRE REGULAMENTOS/ESPECIFICAÇÕES/RECOMENDAÇÕES ........... 13
3.1. - Geometria das nervuras ..................................................................................................... 13
3.2. - Comprimentos de amarração ............................................................................................. 17
3.2.1. REBAP [25] .................................................................................................................... 17
3.2.2. EC2 [1] .......................................................................................................................... 19
3.2.3. EHE [26] ......................................................................................................................... 19
3.2.4. Comparação entre REBAP e EC2 ................................................................................. 21
3.2.5. Comparação entre o EC2 e o EHE ................................................................................ 22
4. CONCLUSÕES ............................................................................................................................ 24
5. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................ 25

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 1/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

1. INTRODUÇÃO
A aderência entre o betão e os varões que constituem as armaduras dos elementos de
betão armado é de primordial importância para o funcionamento conjunto dos dois
materiais e tem particular relevância em diversos fenómenos de resistência de rigidez
destes elementos. Estes fenómenos influenciam, designadamente: o controle da abertura
das fendas em peças traccionadas e a limitação da deformação dos elementos sujeitos a
flexão e/ou a tracção, por mobilização do betão entre fendas - “tension stiffening effect”; a
transferência progressiva das forças ao longo dos varões para o betão quando os
esforços de flexão variam ao longo do elemento de betão armado, contribuindo assim
para o mecanismo de resistência ao esforço transverso; os mecanismos de transferência
das forças das extremidades dos varões, traccionados ou comprimidos, para o betão,
fenómeno que se designa por amarração, e a transferência dessas forças entre varões
por simples sobreposição dos mesmos no seio do betão, proporcionando a emenda dos
varões.
O presente trabalho constitui uma breve síntese dos conhecimentos sobre a aderência
entre os varões de aço e o betão. Este relatório subdivide-se em três partes
fundamentais, sendo a primeira relativa ao conhecimento teórico do tema, a segundo
relacionada com a sua abordagem por diferentes códigos e regulamentos,
nomeadamente pela EN 1992 (Eurocódigo 2) [1], e por último as conclusões. Este
trabalho foi solicitado pelo QSP - Qualidade Siderúrgica Portuguesa, Associação e surge
na sequência da preocupação desta associação de empresas, do sector da produção de
armaduras para betão armado, relativa ao método usado em Portugal para controlo da
qualidade das armaduras em relação à aderência ao betão. O método utilizado em
Portugal baseia-se no controlo da geometria das nervuras dos varões, não se recorrendo,
à semelhança do que é feito noutros países, aos ensaios normalizados para a
determinação das características de aderência dos varões. O controle laboratorial tem-se
mostrado menos conservativo em relação às alturas mínimas das nervuras que o simples
controlo geométrico, o que desonera a produção das armaduras pela redução do número
de paragens do processo de fabrico necessárias para a substituição dos roletes que
moldam as nervuras.

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 2/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

2. MECANISMOS DE ADERÊNCIA AÇO-BETÃO


Sobre os mecanismos de aderência entre o aço e o betão foram elaborados diversos
trabalhos científicos, dos quais Ferguson [2] é um dos pioneiros. Com a publicação em
1978 do CEB-FIP Model Code [3] foram também publicadas recomendações para a
execução de ensaios normalizados para a quantificação da aderência aço-betão, numa
publicação conjunta da RILEM, CEB e da FIP [4], definindo dois tipos de ensaio: o “beam
test” e o “pull out test”. No ano de 2000 foi publicado pela Fib - Fédération Internationale
du Béton um documento com o estado do conhecimento sobre a aderência das
armaduras ao betão [5]. Este documento é uma síntese bastante completa dos
conhecimentos publicados até então versando assuntos como o mecanismo de
aderência, aderência em betões de alta resistência, aderência com cargas repetidas,
aderência em armaduras corroídas e em armaduras com pintura anti-corrosiva, aderência
em cordões de pré-esforço e em armaduras não metálicas. Este documento serviu, em
grande parte, de base ao presente capítulo deste trabalho.
Os aspectos gerais a ter em conta na ligação entre o betão e o aço são a adesão
química, o atrito e uma ligação mecânica. No caso de varões nervurados a resistência ao
deslizamento deve-se, principalmente, a essa ligação mecânica, que se traduz na
resistência que o betão oferece às pressões exercidas sobre ele pelas nervuras, ou seja,
a acção mecânica entre o betão e as nervuras. O efeito da adesão neste caso é
pequeno, e o atrito não ocorre até que haja escorregamento entre a barra e o betão
(Barbosa, 1999 [6]). No Bulletin nº 151 do CEB (1982) [7] refere-se que a totalidade da
força transmitida ao betão o é através das nervuras, podendo a tensão de aderência ser
assumida como a componente longitudinal da força exercida pelas nervuras no betão.

2.1. Comportamento da ligação aço-betão durante um ensaio pull-out


O ensaio de “pull out” consiste basicamente em traccionar um varão de aço inserido num
bloco de betão, exercendo a força de reacção por compressão contra o betão.
Definindo como escorregamento o deslocamento relativo entre o aço e o betão, este
deslocamento é devido não só a um real escorregamento entre o betão e o aço mas
também devido a deformações (distorções) muito localizadas numa camada de betão
junto ao aço (interface). Pode-se então dizer que o escorregamento é o deslocamento
relativo entre o aço e o betão não perturbado e afastado do aço (Fig. 1b). O
escorregamento pode ainda ser visto como as deformações elásticas e plásticas do betão
na interface com o aço, sendo a contribuição da deformação elástica, provavelmente,
negligenciável (Rehm, 1961 [8]).
O ensaio de “pull-out” é um ensaio que tem como objectivo avaliar a aderência entre
varões de aço e o betão. O provete é composto por um cubo de betão com um varão a
atravessar o mesmo entre duas faces opostas, parte do varão está aderente ao betão,
outra parte não. O ensaio consiste em traccionar o varão numa extremidade ficando a
extremidade oposta livre de tensões. São medidos a força aplicada e o deslocamento na
extremidade livre de tensões. Neste ensaio podem-se identificar quatro etapas do
comportamento da aderência entre o aço e o betão (Fig. 1a): uma primeira etapa em que
o betão não se encontra ainda fendilhado, uma segunda etapa em que surge
microfendilhação em redor do varão, na terceira etapa surgem fendas radiais no betão e
as nervuras começam a esmagar o betão com o qual contactam, e a última fase em que
a rotura da ligação se dá abruptamente. Estas etapas descrevem-se mais em pormenor
em seguida, sendo que o descrito diz respeito ao comportamento local da aderência.

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 3/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

Figura 1 – (a) Tensões tangenciais função do escorregamento para vários cenários possíveis; (b)
escorregamento; (c) adesão, atrito e compressões das nervuras (bearing action); (d) fissuras
transversais e de “splitting”; (e) “splitting” parcial [5]

Etapa I (betão não fendilhado)


No início do ensaio, ainda para baixas tensões de aderência, τ ≤ τ1 = (0.2-0.8) fct, a
aderência é assegurada essencialmente por adesão química, não ocorrendo
escorregamento, mas ocorrendo um grande crescimento das tensões junto à extremidade
das nervuras (Fig. 2a). Para além da adesão química, existe também uma interacção
mecânica associada a uma rugosidade microscópica da superfície do aço. No global, a
adesão química e física é desprezável, como se pode comprovar através da observação
do comportamento de varões lisos, onde a adesão química e o “microinterlocking” são
rapidamente seguidas de escorregamento dos varões. O facto de não ocorrer
escorregamento nesta etapa não é bem verdade, uma vez que ocorre algum
deslocamento relativo devido às distorções na camada de betão junto ao aço (interface),
escorregamento que é desprezável.

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 4/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

Figura 2 – Aderência e “splitting” em betão armado: (a) pico de tensões junto às extremidades das
nervuras; (b) escorregamento e compressões originadas pelas nervuras; (c) parâmetros principais
[5]

Etapa II (primeiras fendas)


Para valores superiores das tensões de aderência, τ > τ1, a adesão química perde-se.
Em varões nervurados, as nervuras induzem grandes tensões no betão e originam
micro-fendilhação transversal ao eixo do varão na extremidade das nervuras permitindo
que ocorra escorregamento (Fig. 2b), mas nesta fase a acção das nervuras ainda é
limitada, não ocorrendo “splitting” (Fig. 1c).

Etapa III
Para valores ainda superiores das tensões de aderência, τ ≤ τb = (1-3) fct, a fendilhação
longitudinal (“splitting cracks”, Fig. 1d e 2c) alastra-se radialmente devido ao aumento da
acção das nervuras, que esmagam o betão que lhes é adjacente e introduzem um estado
de tensão de tracção (σc na Fig. 2c). Esta pressão exercida pelas nervuras no betão
circundante (fig. 1.1.2b) é resistida pelas tensões de cintagem no betão: como
consequência, o betão circundante exerce uma acção de confinamento no varão, e a
resistência por aderência e a rigidez são asseguradas essencialmente pelo intrincamento
ao longo da armadura, pelas bielas radiais de betão e pelo anel de betão exterior não
danificado. No caso da armadura transversal ser reduzida, esta fase terminará assim que
a fendilhação radial “concrete splitting” atingir a face exterior de betão. A rotura ocorrerá
por “splitting” (etapa IVa).
No entanto em ancoragens relativamente longas e com um confinamento moderado,
poderá ocorrer uma rotura mista, ocorrendo numas zonas da ancoragem rotura por

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 5/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

“splitting” e noutras rotura por “pull-out”. Esta rotura é definida por “splitting-induced pull-
out failure”.
No caso da armadura transversal ser muita ou o recobrimento ser grande, o
confinamento vai impedir o “splitting”, ficando este limitado ao núcleo fendilhado em redor
do varão. Esta rotura é designada por “pull-out failure” (etapa IVb).
A acção dos varões com o aparecimento da fissuração longitudinal vai mobilizar todas as
possibilidades de confinamento. A eficiência do confinamento depende do recobrimento e
do espaçamento entre varões, da quantidade de armadura transversal e da coesão das
fendas.

Etapa IVa
No caso de varões nervurados confinados fraca ou medianamente por armadura
transversal, a fendilhação longitudinal (“splitting cracks”) ocorre em todo o recobrimento e
espaçamento entre varões e a aderência tende a perder-se abruptamente (Fig. 3c). Por
outro lado, armadura transversal em quantidade suficiente pode assegurar a eficiência da
aderência em vez da separação (“splitting”) do betão, devido à acção de confinamento
desenvolvida pelo reforço. Nesta fase podem ocorrer escorregamentos muito
significativos e até inaceitáveis.
Esta rotura, por “splitting”, é ainda mais preocupante em betões leves e em betões de alta
resistência, uma vez que as fendas não ocorrem só na pasta de cimento, mas também
atravessam os agregados. Isto provoca fendas menos rugosas e mais planas.

Etapa IVb
Como já referido na etapa III, no caso de varões nervurados fortemente confinados, não
ocorrerá “splitting”, ocorrendo a rotura por “pull-out” (Fig. 3a).

Figura 3 – Modos de rotura por aderência: (a) rotura por “pull-out”; (b) rotura por “pull-out”
induzida por “splitting” com esmagamento e/ou corte do betão debaixo às nervuras; (c) rotura por
“splitting” [5]

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 6/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

2.2. Roturas por “pull-out” e por “splitting”


À medida que o carregamento aumenta é inevitável o aparecimento de fendas
transversais e eventualmente longitudinais (“splitting”), dependendo de diversos factores
físicos e mecânicos, como a pressão de confinamento, o recobrimento, a armadura
transversal e a rigidez do betão. O “splitting” longitudinal pode-se manter restrito ao betão
junto à armadura se um ou mais dos factores mencionados for suficientemente grande
para o conter.
Dependendo do tipo de interacção entre o betão e o varão poderão ocorrer dois tipos de
roturas: “pull-out” ou “splitting”. No primeiro caso a rotura ocorre essencialmente por corte
no betão entre nervuras (Fig. 3a)) e é relacionada com um mecanismo local de colapso
na interface. No segundo caso a rotura ocorre essencialmente devido à separação
(“splitting”) longitudinal do betão circundante ao varão (Fig. 3b,c e 4c) e a aderência
reduz-se significativamente assim que uma das fendas radiais atinge a superfície exterior
do elemento.
Os dois tipos de roturas referidos, só ocorrem separadamente em laboratório, uma vez
que em estruturas reais o normal é ocorrerem roturas mistas onde ambas estão
presentes. Nas ancoragens e emendas reais, que são usualmente “longas”, o
comportamento é mais complexo, podendo ocorrer uma das seguintes situações de
rotura:
- Rotura por “pull-out” sem ou com pouca separação (“splitting”) do betão, sem
fendas visíveis de “splitting”: forte confinamento e/ou grande recobrimento; rotura por
corte do betão entre nervuras;
- Rotura por “pull-out” induzida por “splitting” ou parte, com fendas visíveis de
“splitting”: moderado confinamento e/ou recobrimento limitado; rotura por corte do betão
entre nervuras acompanhado de escorregamentos nas faces das nervuras;
- Rotura por “splitting” induzida por perda do recobrimento: nenhum confinamento
e/ou muito pouco recobrimento; escorregamento nas faces das nervuras.

Figura 4 – Propagação das fendas de “splitting” numa ancoragem: (a) início, (b) fase intermédia;
(c) propagação completa (Giuriani et al. [9])

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 7/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

2.3. Diferentes factores que influenciam a aderência


2.3.1. Geometria e nível de tensões da armadura
A geometria dos varões e, principalmente, a geometria das nervuras tem uma
importância determinante no desempenho da aderência. Diversos autores desenvolveram
trabalhos de investigação no sentido de perceberem a influência de diferentes tipos de
varões na resistência da aderência entre os varões de aço e o betão (Wernish, 1937 [10];
Goto, 1971 [11]). A conclusão geral foi que diminuindo o espaçamento entre nervuras e
aumentando a altura das mesmas, a resistência da aderência aumentava.
No caso de varões nervurados, o melhor desempenho em termos de aderência pode ser
obtido através da combinação apropriada de três factores, altura das nervuras (a),
espaçamento entre nervuras (SR) e diâmetro do varão (db). Com base nestes factores, a
Fib [5] apresenta um coeficiente designado por área relativa das nervuras transversais
(fR):
AR
fR = (1)
π .d b .S R
sendo AR a área da projecção de uma nervura na secção transversal do varão. Desde
que a área relativa das nervuras transversais seja igual e o ângulo dos flancos das
nervuras seja superior a 30º, pode-se esperar um comportamento próximo em termos de
aderência. Valores de fR entre 0.05 e 0.10 consideram-se um bom compromisso em
termos de resistência, requisitos da industria e comportamento para as cargas de serviço.
Existe outras formas de se calcular este coeficiente, por exemplo, o Laboratório Nacional
de Engenharia Civil apresenta a expressão (2) nas especificações dos varões de aço
([12], [13], [14] e [15]), onde “Σfi” é o perímetro sem nervuras transversais, o “a” é a média
das alturas das nervuras transversais dos dois lados do varão e o “c” a média dos
afastamentos das nervuras transversais dos dois lados do varão (Fig. 5).
2a(πφ − Σf i )
fR = (2)
3π .φ .c

Figura 5 – Nervuras de varões de aço laminados a


quente [12]

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 8/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

A inclinação dos flancos das nervuras é um factor muito importante. Se a inclinação entre
o flanco e o eixo do varão for superior a 45º o escorregamento ocorre quase por inteiro
devido ao esmagamento do betão com o qual as nervuras contactam (Fig. 3b e c). O
escorregamento é favorecido por pequenas inclinações. Para bons resultados as
nervuras deverão estar uniformemente espaçadas e o ângulo referido não deverá ser
inferior a 45º.
As tensões instaladas na armadura podem influenciar o comportamento em termos de
aderência dependendo da sua ordem de grandeza. Podem-se distinguir duas situações a
que correspondem dois tipos de ensaios “pull-out” existentes, um com um comprimento
de ancoragem curto e outro com o comprimento de ancoragem longo. Quando o
comprimento de ancoragem é curto as tensões no aço na rotura são de pequeno valor,
não influenciando o ensaio, mas quando o comprimento de ancoragem é longo as
tensões no aço já podem assumir valores significativos e influenciar o ensaio. A influência
das tensões no aço está relacionada com o efeito de Poisson, ou seja, com o crescer das
tensões de tracção dá-se uma redução no diâmetro do varão, reduzindo as tensões de
confinamento e consequentemente as tensões de aderência devidas ao atrito. Este
problema pode causar inconvenientes principalmente se os varões forem lisos, no caso
de varões nervurados só terá significado se o aço não se mantiver em regime elástico.
2.3.2. Qualidade e estado de tensão do betão
A aderência depende do comportamento “multiaxial“ do betão em compressão e da
resistência à tracção do betão. No entanto, a resistência à compressão e à tracção são
muito importantes para as roturas por “pull-out” e por “splitting” respectivamente.
Quanto à colocação dos varões durante a betonagem, o melhor comportamento da
aderência consegue-se em varões horizontais colocados na parte inferior da cofragem e
em varões verticais solicitados em sentido contrário ao da betonagem, ou seja, em
ambos os casos com as nervuras a serem empurradas contra a argamassa menos
porosa.
O estado de tensão no betão é um factor importante, podendo condicionar o tipo de
rotura num caso limite. Se o betão estiver sujeito a tensões de tracção na direcção
transversal, existe uma maior facilidade à abertura de uma fenda longitudinal ao varão, o
que significa que o comportamento de ancoragens que seriam propensas de romper por
“splitting”, e de emendas, é prejudicado, e ancoragens que teriam tendência a ter roturas
por “pull-out” podem, no limite, ter roturas por “splitting”.
As compressões transversais vão produzir um efeito de confinamento, que é favorável,
pois tende a não permitir que se abra a fenda longitudinal referida no parágrafo anterior.
2.3.3. Outros aspectos
Existem outros parâmetros que influenciam a aderência, uns relacionados com o betão (a
mistura e a máxima dimensão dos agregados) outros com o aço (espaçamento entre
varões, número de camadas de varões, diâmetro dos varões e tipo de material, a
ferrugem e a corrosão do aço), outros ainda tais como a degradação da aderência devido
às altas temperaturas e a melhoria do comportamento devido a baixas temperaturas.

2.4. Confinamento
O confinamento pode ser definido como activo ou passivo, dependendo da sua natureza.
É activo quando existem forças que actuam em permanência (p.e. num nó viga-pilar) e o
passivo é quando as forças só aparecem após deformação (geralmente conferido pelo
recobrimento e/ou estribos). Como foi referido, as compressões transversais favorecem a
aderência. O confinamento activo é mais eficiente do que o passivo. O confinamento

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 9/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

activo actua logo impedindo que ocorram abertura de fendas enquanto o passivo só é
mobilizado com a ocorrência de escorregamento e abertura de fendas.
O grande problema do confinamento passivo é controlar a abertura de fendas,
nomeadamente das fendas longitudinais que provocam o “splitting”. No caso do
confinamento activo, pode-se dizer que a resistência por aderência é praticamente uma
função linear da pressão transversal, cujos benefícios aumentam com o aumento do
recobrimento.
Para se conseguir controlar o “splitting” e melhorar a rigidez e resistência por aderência, é
necessário uma acção de confinamento ao longo do varão para compensar as tensões
de tracção induzidas pelas nervuras. Inicialmente, este confinamento é conferido pela
resistência à tracção do betão não fendilhado e pelas tensões de coesão entre as faces
das finas fendas de “splitting”. Quando as fendas de “splitting” se propagam e começam a
abrir, é necessário mais confinamento que será conferido pela armadura transversal. A
colocação de estribos só é eficaz até determinada quantidade, a partir da qual não se tem
benefícios. Para além das duas acções de confinamento passivo descritas, as forças de
confinamento activas ajudam a melhorar a aderência.
Segundo o “Model Code 90” [16]o betão é considerado não confinado quando se adopta
o recobrimento mínimo (c=Ø) e o mínimo de área de estribos num comprimento igual ao
comprimento de ancoragem (Ast,min=0.25As, sendo As a área total da armadura
longitudinal). Sendo considerado bem confinado quando o recobrimento e o espaçamento
livre entre varões são suficientemente grandes (≥5Ø e ≥10Ø, respectivamente), ou a
armadura transversal é pouco espaçada e tem área total suficientemente grande (Ast=As),
ou quando sujeito a uma elevada pressão transversal (≥7.5MPa).
Um exemplo de forte confinamento é o que acontece nos nós pilar/viga, onde o
confinamento activo é conferido pela parte superior do pilar e o confinamento passivo é
conferido pelos varões longitudinais do pilar.

2.5. Ensaios para quantificar a aderência


2.5.1. Testes “pull-out”
O ensaio “pull-out”, já descrito no ponto 2.1, pode ser realizado com provetes curtos ou
longos, consoante o comprimento de varão aderente ao betão. Realizar o ensaio com uns
ou outros provetes irá depender da finalidade do ensaio, num caso teremos uma resposta
local e no outro uma resposta global. A distribuição de tensões ao longo do comprimento
embebido não é uniforme. Para se conseguir uma distribuição uniforme é necessário
estudar provetes em “pull-out” com comprimentos embebidos muito curtos.
Os testes com provetes curtos permitem obter distribuições uniformes nas tensões de
aderência ao longo do varão (l/Ø ≤ 5), sendo estes ensaios adequados ao estudo de
relações constitutivas (τ - s) da ligação aço-betão. Nestes testes, apenas um
comprimento limitado do varão é aderido ao betão, sendo o restante comprimento
impedido de aderir através, por exemplo, da interposição de um tubo plástico
(RILEM/CEB/FIP, 1983 [4]). Os testes “pul-out” são de uma grande simplicidade para
testar ancoragens, mas não pode ser desprezada a influência do atrito entre o provete e
o prato de reacção no confinamento, sendo que este varia ao longo do ensaio e difere de
teste para teste (Losberg and Olsson, 1979 [17]).
Os testes com comprimentos aderentes longos permitem estudar o comportamento
global de uma ancoragem ou emenda. Estes testes fornecem informação útil sobre a
distribuição (τ – s) ao longo da ancoragem ou emenda e são uma referência para
modelos de elementos finitos. Existem 4 factores principais para os regulamentos

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 10/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

diferirem dos resultados obtidos nestes ensaios: o factor de segurança, a necessidade de


cobrir ambas as situações de ancoragens e emendas, o diferente confinamento a que os
varões de canto e os interiores estão sujeitos em estruturas reais e o comprimento
aderente (l/Ø=9 nos ensaios e l/Ø>20-30 nas ancoragens reais).
2.5.2. Ensaio de viga (“beam test”)
Como alternativa, ou complemento, ao ensaio “pull-out” com provetes longos pode-se
realizar um ensaio de viga. O provete a ensaiar consta de dois blocos de betão armado
ligados superiormente por uma rótula e inferiormente por um varão, que se encontra
aderido ao betão apenas num comprimento de 10Ø. Apoiando o provete junto às suas
extremidades e aplicando um carregamento no centro provoca-se uma rotura na ligação
entre o varão e o betão (Fig. 6).

Figura 6 – Ensaio de viga da Rilem [4]

2.6. Acções cíclicas


Quando sujeitas a carregamentos cíclicos ou repetidos, as zonas de ancoragem sofrem
uma progressiva degradação da aderência que poderá conduzir a uma rotura com
tensões de aderência inferiores às tensões últimas obtidas com ensaios monotónicos.
Esta degradação ocorre a uma microfissuração progressiva (Broms 1965 [18]; Goto and
Otsuka, 1971 [19]) e a um esmagamento progressivo do betão junto às nervuras
(Gambarova and Giuriani, 1985 [20]), os quais originam um crescer do escorregamento
da armadura em relação ao betão.
Em ensaios realizados, Eligehausen et al. (1983) [21] mostraram que durante um
carregamento cíclico a degradação da resistência e da rigidez da aderência dependem
em primeiro lugar do valor máximo do escorregamento nas duas direcções da acção
cíclica alcançado nos ciclos anteriores, e que aplicando um número limitado de ciclos (até
10 ciclos) com tensões de aderência inferiores a 80% da tensão de aderência máxima
resistente, o comportamento tensão-escorregamento não é significativamente afectado
para valores de escorregamento elevados.

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 11/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

Um caso pertinente é o problema real de aderência quando uma acção sísmica ocorre
num nó de ligação entre um pilar e uma viga. Quando o aço excede o limite elástico, o
escorregamento tende a crescer rapidamente por a barra estar plastificada e porque a
secção encolhe transversalmente por efeito de Poisson, diminuindo assim a acção de
confinamento conferido pelo betão.
Por causa da flexão cíclica as vigas podem sofrer fendilhação nas secções junto ao pilar,
mas a região afectada pela acção da aderência estende-se para o interior do nó, que está
aparentemente não fendilhada devido ao confinamento exercido pelo pilar e pelas vigas
transversais que nele convergem. (Fig. 7).
As fendas na interface viga-pilar vão aumentando durante a exposição à acção cíclica
devido à progressiva deterioração da aderência, agravando a rotação relativa entre o pilar
e a viga. O contributo do escorregamento de aderência para a rotação na interface entre
a viga e o pilar pode atingir 50% da rotação total, sendo a restante parcela devida à
deformação plástica das armaduras (Fig. 8) (Soleimani et al., 1979 [22]).
No interior do nó, as condições de aderência variam ao longo do comprimento (Fig. 9), as
diferenças estão relacionadas com a eficácia do confinamento, que por sua vez
dependerá da flexão que existir no pilar. Na zona onde a flexão provocar compressões o
confinamento será melhor, onde provocar tracções o confinamento será pior e na zona
central do nó, onde a flexão não provoca grandes tensões, tem-se um confinamento
intermédio.

Figura 7 – Interior de um nó viga-pilar sujeito a Figura 8 – Rotações de extremidades


uma acção sísmica [5] encastradas [5]

Figura 9 – Relações tensões-escorregamento em diferentes zonas de um nó sujeito a um


carregamento monotónico [5]

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 12/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

3. COMPARAÇÃO ENTRE REGULAMENTOS/ESPECIFICAÇÕES/RECOMENDAÇÕES


A geometria das nervuras é o principal parâmetro que influencia a aderência entre o
betão e os varões de aço nervurados. Esta geometria difere consoante as exigências de
cada pais existindo, por exemplo, uma grande diferença entre as nervuras dos aços
utilizados em Portugal e em Espanha. Nas comparações que se seguem, começa-se por
apresentar as exigências em Portugal, em Espanha e do Eurocódigo 2 (EC2) [1],
procedendo-se depois à comparação entre as mesmas.

3.1. - Geometria das nervuras


Em Portugal, a geometria das nervuras devem respeitar as especificações do Laboratório
Nacional de Engenharia Civil (LNEC). Na Tabela 1 apresentam-se as dimensões mínimas
das nervuras transversais para vários diâmetros nominais (Ø), nomeadamente a altura
mínima (a), o afastamento (c) e a área relativa das nervuras transversais (fR), exigidas
nas especificações do LNEC E449-1998 [12], E455-1999 [13] para A400NR e E450-1998
[14] para A500NR. Para os aços endurecidos a frio (A500ER), as exigências das
especificações do LNEC (E456-2000 [15]) são ligeiramente diferentes das dos varões
laminados a quente, sendo também a gama de diâmetros diferente e limitada aos
diâmetros de 4 a 12mm, por se tratarem de varões com utilização principal em redes
electrossoldadas. As exigências para os aços endurecidos a frio não são tratadas no
presente documento.

Tabela 1 – Valores mínimos da geometria


das nervuras transversais (LNEC)

Ø (mm) a (mm) c (mm) fR

6 0.390 5.0 0.039

8 0.520 5.7 0.045

10 0.650 6.5 0.052

12 0.780 7.2 0.056

16 1.040 9.6 0.056

20 1.300 12.0 0.056

25 1.630 15.0 0.056

32 2.080 19.2 0.056

40 2.600 24.0 0.056

O EC2 não faz referência a alturas de nervuras nem afastamento entre as mesmas, mas
impõe os seguintes valores mínimos para o parâmetro fR, com o Ø em mm:

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 13/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

⎧0.035 5≤φ ≤ 6

f R = ⎨0.040 6.5 ≤ φ ≤ 12 (3)
⎪0.056 φ > 12

No EC2 é considerada a hipótese dos valores apresentados não serem respeitados,


sendo porém necessário garantir que a resistência de aderência é adequada, com base
em ensaios de viga RILEM/CEB/FIP [4]. Neste caso os valores da tensão de aderência
média (τm) e da tensão de aderência na rotura (τr) em MPa, função do diâmetro do varão
(Ø) em mm, devem verificar as seguintes condições (Fig. 10):

τ m ≥ 0.098(80 − 1.2φ ) (4)

τ r ≥ 0.098(130 − 1.9φ ) (5)

Sendo o τm dado por:

τ 0.01 + τ 0.1 + τ 1
τm = (6)
3

onde τ0.01, τ0.1 e τ1 são, respectivamente a tensão de aderência correspondente a um


escorregamento de 0.01, 0.1 e 1mm.

14
Tensões de aderência [MPa]

12
10
8 τu
6
τm
4
2
0
0 10 20 30
Diâmetro [mm]

Figura 10 – Limites das tensões de aderência médias e na rotura


de acordo com o EC2

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 14/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

Embora o EC2 não seja muito específico no que diz respeito à geometria das nervuras, a
prEN 10080 [23] faz referência a todas as dimensões das mesmas, colocando limites
para a altura das nervuras (a) e para o espaçamento entre nervuras (c) (Tabela 2 e
Figura 5), referindo ainda que a inclinação das nervuras em relação ao eixo longitudinal
do varão deverá estar entre os 35º e os 75º, a inclinação dos flancos deverá ser superior
a 45º e que as nervuras longitudinais não deverão ter mais de 1.5Ø.

Tabela 2 – Dimensões das nervuras transversais de


acordo com a prEN 10080

Ø (mm) amin (mm) amax (mm) cmin (mm) cmax (mm)

6 0.18 0.90 2.40 7.20

8 0.24 1.20 3.20 9.60

10 0.30 1.50 4.00 12.00

12 0.36 1.80 4.80 14.40

16 0.48 2.40 6.40 19.20

20 0.60 3.00 8.00 24.00

25 0.75 3.75 10.00 30.00

32 0.96 4.80 12.80 38.40

40 1.20 6.00 16.00 48.00

Na norma espanhola UNE 36740:1998 [24] é descrito o ensaio de viga, idêntico ao


ensaio de viga RILEM/CEB/FIP [4], que tem como finalidade determinar a aderência entre
o betão e varões de aço. Na norma recomenda-se que os valores da tensão de aderência
média (τm) e da tensão de aderência na rotura (τr) em MPa, função do diâmetro do varão
(Ø) em mm, verifiquem os limites apresentados em seguida:

⎧6.88 φ <8

τ m ≥ ⎨7.84 − 0.12φ 8 ≤ φ ≤ 32 (7)
⎪ 4.00 φ > 32

⎧11.22 φ <8

τ r ≥ ⎨12.74 − 0.19φ 8 ≤ φ ≤ 32 (8)
⎪6.66 φ > 32

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 15/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

Na Tabela 3 comparam-se as áreas relativas das nervuras transversais preconizadas


pelas especificações do LNEC e pelo EC2. Para diâmetros superiores a 12mm não
existem diferenças, mas para diâmetros inferiores as diferenças são grandes, chegando
no caso de varões de 12mm de diâmetro a uma diferença de 28.6%.

Tabela 3 – Comparação de áreas relativas entre LNEC e EC2

LNEC EC2 Diferença


Ø (mm) fR fR ΔfR ΔfR (%)
6 0.039 0.035 -0.004 -10.3
8 0.045 0.040 -0.005 -11.1
10 0.052 0.040 -0.012 -23.1
12 0.056 0.040 -0.016 -28.6
16 0.056 0.056 0 0
20 0.056 0.056 0 0
25 0.056 0.056 0 0
32 0.056 0.056 0 0
40 0.056 0.056 0 0

Quer o EC2 quer a UNE 36740:1998 [24] permitem liberdade nas dimensões das
nervuras transversais desde que se cumpram os já referidos requisitos ao nível das
tensões de aderência. Na Tabela 4 faz-se uma comparação das exigências entre ambos,
onde se pode observar que para todos os diâmetros com excepção do de 40mm as
exigências são semelhantes.

Tabela 4 – Comparação de tensões de aderência entre EC2 e


UNE 36740

EC2 (MPa) UNP 36740 (MPa) Diferenças (%)


Ø (mm) τm τr τm τr τm τr
6 7.13 11.62 6.88 11.22 -1.6 -3.5
8 6.90 11.25 6.88 11.22 1.8 -0.3
10 6.66 10.88 6.64 10.84 1.7 -0.3
12 6.43 10.51 6.40 10.46 1.6 -0.4
16 5.96 9.76 5.92 9.70 1.4 -0.6
20 5.49 9.02 5.44 8.94 1.2 -0.8
25 4.90 8.09 4.84 7.99 0.8 -1.2
32 4.08 6.78 4.00 6.66 0.2 -1.8
40 3.14 5.29 4.00 6.66 30.2 25.9

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 16/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

3.2. - Comprimentos de amarração


3.2.1. REBAP [25]
O comprimento de amarração definido pelo Regulamento de Estruturas de Betão Armado
e Pré-esforçado (REBAP) são dados pela seguinte expressão:
As ,cal
lb ,net = lb α 1 ≥ lb,min (9)
As ,ef
em que o comprimento de amarração de referência, lb, é dado por:
φ f syd
lb = × (10)
4 f bd

sendo:
As,cal – secção da armadura requerida pelo cálculo;
As,ef – secção de armadura efectivamente adoptada;
α1 – coeficiente que toma o valor de 0,7, no caso de amarrações curvas em
tracção, e é igual à unidade nos restantes casos;
Ø – diâmetro do varão ou diâmetro equivalente do agrupamento;
fsyd – valor de cálculo da tensão de cedência ou da tensão limite convencional de
proporcionalidade a 0,2% do aço;
fbd – valor de cálculo da tensão de rotura da aderência, apresentados na Tabela 5;
lb,min – comprimento de amarração mínimo, que é igual a 10Ø; 100mm; 0,3lb, no
caso de varões traccionados; 0,6lb no caso de varões comprimidos.
Na Tabela 5 apresentam-se as tensões de aderência de cálculo (fbd) para boas condições
de aderência segundo o REBAP e o EC2, estas tensões podem ser obtidas através das
seguintes expressões, que são válidas, segundo o EC2, para betões de classes inferiores
a C50/60 e diâmetros máximos de 32mm:
fbd = 2.25 fctd, com fctd = fctk / (γc=1.5) e fctk = 0.7 fctm , sendo fctm = 0.30 fck2/3

Tabela 5 – Tensões de aderência de cálculo fbd de acordo com o REBAP


e com EC2 para boas condições de aderência

fck,cilindros 12 16 20 25 30 35 40 45 50
fbd (MPa) 1.7 2.0 2.3 2.7 3.0 3.4 3.7 4.0 4.3
Nota: Para outras condições de aderência deve-se multiplicar os valores da Tabela 5 por 0,7.

Nas Tabelas 6 e 7 apresentam-se os comprimentos de amarração de referência com


base nas expressões apresentadas para a situação de amarrações rectas e boas
condições de aderência.

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 17/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

Tabela 6 – Comprimentos de amarração de referência pelo REBAP e EC2


para A400 (m)

fck, cil (MPa)


Ø (mm) 12 16 20 25 30 35 40 45 50
6 0.32 0.26 0.22 0.19 0.17 0.15 0.14 0.13 0.12
8 0.42 0.35 0.30 0.26 0.23 0.21 0.19 0.17 0.16
10 0.53 0.43 0.37 0.32 0.29 0.26 0.24 0.22 0.20
12 0.63 0.52 0.45 0.39 0.34 0.31 0.28 0.26 0.24
16 0.84 0.70 0.60 0.52 0.46 0.41 0.38 0.35 0.33
20 1.05 0.87 0.75 0.65 0.57 0.52 0.47 0.44 0.41
25 1.32 1.09 0.94 0.81 0.71 0.64 0.59 0.55 0.51
32 1.69 1.39 1.20 1.03 0.91 0.83 0.76 0.70 0.65

Tabela 7 – Comprimentos de amarração de referência pelo REBAP e EC2


para A500 (m)

fck, cil (MPa)


Ø (mm) 12 16 20 25 30 35 40 45 50
6 0.40 0.33 0.28 0.24 0.21 0.19 0.18 0.16 0.15
8 0.53 0.43 0.37 0.32 0.29 0.26 0.24 0.22 0.20
10 0.66 0.54 0.47 0.40 0.36 0.32 0.30 0.27 0.25
12 0.79 0.65 0.56 0.48 0.43 0.39 0.35 0.33 0.31
16 1.05 0.87 0.75 0.65 0.57 0.52 0.47 0.44 0.41
20 1.32 1.09 0.94 0.81 0.71 0.64 0.59 0.55 0.51
25 1.65 1.36 1.17 1.01 0.89 0.81 0.74 0.68 0.64
32 2.11 1.74 1.50 1.29 1.14 1.03 0.94 0.87 0.81

Outra forma comum de se apresentarem os comprimentos de amarração de referência é


função do diâmetro, como na Tabela 8, para o REBAP e EC2.

Tabela 8 – REBAP e EC2 - Comprimentos de amarração de referência / Ø


fck, cil (MPa)
12 16 20 25 30 35 40 45 50
A400 53 43 37 32 29 26 24 22 20
A500 66 54 47 40 36 32 30 27 25

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 18/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

3.2.2. EC2 [1]


De acordo com o EC2 os comprimentos de amarração de varões de aço devem respeitar
a seguinte expressão:
lbd = α 1α 2α 3α 4α 5 lb,rqd ≥ lb,min (11)

em que lb,rqd é o comprimento de amarração base dado pela expressão (12), o lb,min é
idêntico ao referido para o REBAP e os coeficientes α têm a função de ter em conta
diversos factores:
α1 tem em conta a forma da barra considerando adequado recobrimento;
α2 tem em conta a espessura do recobrimento;
α3 tem em conta o confinamento conferido pela armadura transversal;
α4 tem em conta a existência de varões transversais soldados;
α5 tem em conta a pressão transversal ao longo do comprimento de ancoragem.
O produto α2α3α5 não pode ser inferior a 0,7.
φ σ Sd
lb , rqd = × (12)
4 f bd
onde:
Ø – diâmetro do varão ou diâmetro equivalente do agrupamento;
σSd – valor de cálculo da tensão no varão na secção inicial da ancoragem;
fbd – valor de cálculo da tensão de rotura da aderência, apresentados na Tabela 5;
Se tivermos amarrações rectas, sem varões transversais soldados, o produto dos
coeficientes da expressão (11) podem assumir um valor entre 0,7 e 1,0, dependendo do
produto α=α2α3α5, uma vez que α1=α4=1,0. Neste documento vamos assumir todos os
coeficientes iguais à unidade. Nesta situação, os comprimentos de amarração calculados
de acordo com o EC2 são idênticos aos já apresentados para o REBAP nas Tabelas 6, 7
e 8.
A expressão (11) tem como base o preconizado no Model Code 90 [16], onde a
expressão é:
As ,cal
lb,net = α 1α 2α 3α 4α 5 lb ≥ lb ,min (13)
As ,ef

3.2.3. EHE [26]


No regulamento espanhol EHE, o comprimento de amarração base para boas condições
de aderência é dado, em cm, pela seguinte expressão:
f yk
l bI = mφ 2 ≥ φ (14)
20
sendo:
Ø, o diâmetro do varão, em cm;
m, um coeficiente numérico, obtido experimentalmente (Tabela 9);

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 19/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

fyk, o valor característico do limite elástico do aço, em MPa.


Para condições de aderência diferentes da boa, o comprimento de amarração base
deverá ser multiplicado por 0,7.
O comprimento de amarração final deverá respeitar um comprimento mínimo dado pelo
máximo de: 10 Ø; 15cm; um terço do comprimento calculado pela expressão (14) em
varões traccionados e dois terços para varões comprimidos.
Note-se que a norma espanhola não considera betões estruturais com fck inferiores a
25MPa.

Tabela 9 – Coeficiente m

fck (MPa) m
B 400 S B 500 S
25 12 15
30 10 13
35 9 12
40 8 11
45 7 10
50 7 10

as Tabelas 10 e 11 apresentam-se os comprimentos de amarração para amarrações


rectas com boas condições de aderência.

Tabela 10 – Comprimentos de amarração pelo EHE para B400 S (m)

fck, cil (MPa)


Ø (mm) 12 16 20 25 30 35 40 45 50
6 - - - 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15
8 - - - 0.16 0.16 0.16 0.16 0.16 0.16
10 - - - 0.20 0.20 0.20 0.20 0.20 0.20
12 - - - 0.24 0.24 0.24 0.24 0.24 0.24
16 - - - 0.32 0.32 0.32 0.32 0.32 0.32
20 - - - 0.48 0.40 0.40 0.40 0.40 0.40
25 - - - 0.75 0.63 0.56 0.50 0.50 0.50
32 - - - 1.23 1.02 0.92 0.82 0.72 0.72

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 20/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

Tabela 11 – Comprimentos de amarração pelo EHE para B500 S (mm)

fck, cil (MPa)


Ø (mm) 12 16 20 25 30 35 40 45 50
6 - - - 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15
8 - - - 0.20 0.20 0.20 0.20 0.20 0.20
10 - - - 0.25 0.25 0.25 0.25 0.25 0.25
12 - - - 0.30 0.30 0.30 0.30 0.30 0.30
16 - - - 0.40 0.40 0.40 0.40 0.40 0.40
20 - - - 0.60 0.52 0.50 0.50 0.50 0.50
25 - - - 0.94 0.81 0.75 0.69 0.63 0.63
32 - - - 1.54 1.33 1.23 1.13 1.02 1.02

Como apresentado para o caso do REBAP e EC2, apresenta-se nas Tabelas 12 e 13 os


comprimentos de amarração função do diâmetro.

Tabela 12 – EHE - Comprimentos de amarração / Ø para B400 S

fck, cil (MPa)


Ø (mm) 12 16 20 25 30 35 40 45 50
6 - - - 25 25 25 25 25 25
8 a 16 - - - 20 20 20 20 20 20
20 - - - 24 20 20 20 20 20
25 - - - 30 25 23 20 20 20
32 - - - 38 32 29 26 22 22

Tabela 13 – EHE - Comprimentos de amarração / Ø B500 S

fck, cil (MPa)


Ø (mm) 12 16 20 25 30 35 40 45 50
6 a 16 - - - 25 25 25 25 25 25
20 - - - 30 26 25 25 25 25
25 - - - 38 33 30 28 25 25
32 - - - 48 42 38 35 32 32

3.2.4. Comparação entre REBAP e EC2


As exigências para os comprimentos de amarração preconizadas pelo REBAP [25] e pelo
EC2 [1] são bastante similares, havendo uma tendência para o EC2 exigir menores
comprimentos através da quantificação dos coeficientes da expressão (11). Os
comprimentos de amarração coincidem para a situação de amarrações rectas, e quando

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 21/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

o produto α2α3α5 for unitário, sendo as exigências para os restantes tipos de amarrações
idênticas. Onde podem surgir diferenças é quando o produto α2α3α5 for inferior a 1, que é
a situação mais corrente, uma vez que o recobrimento raramente é inferior ao diâmetro
(α2<1) e frequentemente existe armadura transversal (α3<1). Na realidade o produto vai
assumir um valor entre 0,7 e 1,0, podendo os comprimentos de amarração entre o
REBAP e o EC2 ser muito próximos ou ir até 30% de diferença no caso de amarrações
rectas sem pressão transversal ao longo da amarração.

3.2.5. Comparação entre o EC2 e o EHE

- fyk=400MPa
Comparando os comprimentos de amarração preconizados pelo EC2 com os do EHE não
se conseguem tirar conclusões muito claras.
Na Tabela 14 comparam-se, percentualmente, os comprimentos de amarração
apresentados nas Tabelas 6 e 10, onde se pode observar que com raras excepções os
comprimentos exigidos pelo EHE são menores que os do EC2, sendo as diferenças
significativas chegando nalguns casos aos 38%. Esta situação é idêntica ao comparar os
comprimentos exigidos pelo REBAP com os exigidos pelo EHE, onde se pode referir que
o EHE corresponde quase sempre a comprimentos de amarração inferiores.

Tabela 14 – Comparação dos comprimentos de amarração apresentados nas


Tabelas 6 e 10

fck, cil (MPa)

Ø (mm) 12 16 20 25 30 35 40 45 50

6 - - - -23% -13% -3% 6% 15% 23%

8 - - - -38% -30% -22% -15% -8% -2%

10 - - - -38% -30% -22% -15% -8% -2%

12 - - - -38% -30% -22% -15% -8% -2%

16 - - - -38% -30% -22% -15% -8% -2%

20 - - - -26% -30% -22% -15% -8% -2%

25 - - - -7% -13% -13% -15% -8% -2%

32 - - - 19% 12% 12% 8% 3% 10%

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 22/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

- fyk=500MPa
Fazendo agora a comparação dos comprimentos de amarração preconizados pelo EC2
com os do EHE para fyk=500MPa as conclusões são idênticas às retiradas para
fyk=400MPa, variando um pouco os valores, como se pode observar nas Tabelas 15.

Tabela 15 – Comparação dos comprimentos de amarração apresentados nas Tabelas


7 e 11 (%)

fck, cil (MPa)


Ø (mm) 12 16 20 25 30 35 40 45 50
6 - - - -38% -30% -22% -15% -8% -2%
8 - - - -38% -30% -22% -15% -8% -2%
10 - - - -38% -30% -22% -15% -8% -2%
12 - - - -38% -30% -22% -15% -8% -2%
16 - - - -38% -30% -22% -15% -8% -2%
20 - - - -26% -27% -22% -15% -8% -2%
25 - - - -7% -9% -7% -7% -8% -2%
32 - - - 19% 16% 19% 19% 17% 26%

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 23/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

4. - CONCLUSÕES
O presente documento constitui uma síntese do estado do conhecimento sobre aderência
de varões nervurados de aço ao betão em elementos de betão armado. Não sendo
exaustivo no tratamento do tema, referem-se as publicações que, em maior detalhe, se
debruçam sobre cada um dos aspectos relevantes deste tópico.
A nível nacional, o problema da aderência aço-betão é tratado no REBAP [25] e nas
especificações do LNEC relativas a cada uma das classes de aço para armaduras
ordinárias [12 a 15]. No âmbito europeu, a versão final do EC2 [1] refere este assunto
seguindo de perto o estipulado no MC90 [16].
A geometria dos varões nervurados está definida de forma detalhada nas especificações
do LNEC, onde as dimensões mínimas das nervuras estão definidas. Por outro lado, o
EC2 limita-se a indicar valores máximos e mínimos para a área relativa das nervuras
transversais, permitindo, tal como a norma espanhola EHE [26], que estes limites sejam
excedidos desde que se garantam através de ensaios características mínimas de
aderência.
O REBAP é de todos os regulamentos e normas analisadas o mais conservativo em
relação ao fenómeno da aderência, exigindo comprimentos de amarração maiores que os
restantes, enquanto que o EHE é, em geral, o menos conservador.
Existem aspectos cujo estudo contribuirá para melhorar o conhecimento sobre a
aderência aço-betão, designadamente: a análise da relação entre os resultados dos
ensaios de aderência e a geometria das nervuras transversais, eventualmente traduzida
na sua área relativa; e o comportamento da aderência aço-betão face a acções
dinâmicas, nomeadamente a acção sísmica.
Em relação ao primeiro assunto, a Siderurgia Nacional dispõe de uma base de dados
com grande quantidade de informação que poderá ser usada na análise da relação entre
a geometria das nervuras e os resultados do “beam test”.

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 24/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

5. BIBLIOGRAFIA

[1] Eurocode 2 (EC2) ; “Design of concrete structures – Part1-1: General rules and rules
for buildings”, Dezembro, 2004.
[2] Ferguson, P.M.; Turpin R.D.; Thompson, J.N.; “Minimum bar spacing as a function
of bond and shear strength”, ACI Journal, Vol.50, nº10, 1954, pp. 869-888.
[3] CEB-FIP; “Model code for concrete structures”, Paris, Londres, Berlim, 1978.
[4] RILEM/CEB/FIP; “Bond Test for Reinforcement Steel: 1. Beam test (RC5), 2. Pull-
Out Test (RC6)”, CEB Manual on Concrete Reinforcement technology, 1983.
[5] FIB Bulletin 10; “Bond of Reinforcement in Concrete”, State-of-the-art
Report, 2000.
[6] Barbosa, M.T.G.; “Teoria da Plasticidade Aplicada ao Estudo da Aderência Aço-
Concreto”, Revista de engenharia – estudo e pesquisa, Universidade Federal de
Juiz de Fora, Vol.2, nº2, Julho/Dezembro, 1999
[7] CEB; “Bond action and bond behaviour of reinforcement - State of the art report”,
Bulletin d’Information nº 151, 1982.
[8] Rehm, G.; “On fundamentals of steel-concrete bond, Deutscher Ausschuss für
Stahlbeton (138), 1961, pp. 1-59.
[9] Giuriani, E.; Plizzari, G.A.; Schumm, C.; “Role of stirrups and residual tensile
strength of cracked concrete on bond”, Journal of Structural Engineering, ASCE, Vol
117, nº 1, 1991, pp.1-18.
[10] Wernisch G.R.; "Bond Studies of Different Types of Reinforcing Bars", ACI-Journal,
Vol 34, Detroit, 1937, pp.145-164.
[11] Goto, Y,; “Crack formed in concrete around deformed tension bars”, ACI Journal,
Vol.68, nº4, 1971, pp. 244-251.
[12] Especificação LNEC E449-1998, “Varões de aço A400NR para armaduras de betão
armado – características, ensaios e marcação”, Março, 1998.
[13] Especificação LNEC E455-1999, “Varões de aço A400NR de ductilidade especial
para armaduras de betão armado – características, ensaios e marcação”, Julho,
1999.
[14] Especificação LNEC E450-1998, “Varões de aço A500NR para armaduras de betão
armado – características, ensaios e marcação”, Março, 1998.
[15] Especificação LNEC E456-2000, “Varões de aço A500ER para armaduras de betão
armado – características, ensaios e marcação”, Abril, 2000.
[16] CEB-FIP; “CEB-FIP Model Code 90 – Design Code”, Comité Euro – International du
Béton, Thomas Telford, 1993.
[17] Losberg A.; Olsson P.A.; “Bond failure of deformed reinforcing bars based on the
longitudinal splitting effect of the bars”, ACI Journal, Vol.76, nº1, 1979, pp. 5-18.
[18] Broms, B.B.; “Technique for Investigation of Internal Cracks in Reinforced Concrete
Members”, ACI Journal, Vol.62, nº1, 1965, pp. 35-43.
[19] Goto, Y.; Otsuka, K.; “Studies on Internal Cracks Formed in Concrete Around
Deformed Tension Bars”, ACI Journal, Vol.86, nº4, 1971, pp. 244-251.

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 25/26


UNIC ESTADO DO CONHECIMENTO EM ADERÊNCIA
Centro de Investigação DE VARÕES NERVURADOS DE AÇO AO BETÃO EM
em Estruturas e Construção da UNL ELEMENTOS DE BETÃO ARMADO

[20] Gambarova, P.; Giuriani, E.; “Fracture Mechanics of Bond in Reinforced Concrete”,
Discussion, Journal of Structural Engineering, ASCE, Vol.111, nº5, 1985, pp. 1161-
1164.
[21] Eligehausen, R.; Popov, E.P.; Bertero, V.V.; “Local bond stress-slip relationships of
deformed bars under generalized excitations, Report No. UCB/EERC 83-23, Univ. Of
California, Berkeley (Ca, USA).
[22] Soleimani, P. ; Popov, E.P., Bertero, V.V. ; “Hysteretic behavior of reinforced-
concrete beam-column subassemblages”, ACI Journal, Vol.76, nº11, 1979, pp. 1179-
1195.
[23] prEN 10080 ; ”Steel for the reinforcement of concrete – Weldable reinforcing steel –
General”, Fevereiro, 2004.
[24] UNE 36740 ; “Determinación de la adherencia de las barras y alambres de acero
para armaduras de hormigón armado – Ensayo de la viga”, AENOR, Fevereiro,
1998.
[25] Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado (REBAP), Imprensa
Nacional - Casa da Moeda, 1984.
[26] Instrucción de Hormigón Estructural (EHE), REAL DECRETO 2661/1998, Ministerio
de Fomento, 1998.

UNIC, 6 de Setembro de 2005

Os autores:

_____________________ _____________________
Válter J.G. Lúcio Rui P.C. Marreiros
Prof. Associado Assistente

Visto do Director do UNIC

_____________________
Prof. Válter J.G. Lúcio

Publicação UNIC – RPS1 - Agosto de 2005 26/26

Você também pode gostar