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ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO I fct - UNL

ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO I – MEST. ENG. CIVIL

10 – ESTADO LIMITE DE DEFORMAÇÃO

10 – ESTADO LIMITE DE DEFORMAÇÃO


PROGRAMA
1.Introdução ao betão armado
2.Bases de Projecto e Ações
3.Propriedades dos materiais: betão e aço
4.Durabilidade
5.Estados limite últimos de resistência à trAção e à compressão
6.Estado limite último de resistência à flexão simples
7.Estado limite último de resistência ao esforço transverso
8.Disposições construtivas relativas a vigas
9.Estados limite de fendilhação
10.Estados limite de deformação
11.Estados limite últimos de resistência à flexão composta com esforço normal e à flexão
desviada
12.Estados limite últimos devido a deformação estrutural
13.Disposições construtivas relativas a pilares e paredes
14.Estado limite último de resistência à torção

VLúcio Nov2018 Nov 20181


ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO I – MEST. ENG. CIVIL fct - UNL

10 – ESTADO LIMITE DE DEFORMAÇÃO

ÍNDICE
1. Controlo da deformação
2. Deformação elástica
3. Efeito da fendilhação do betão
4. Efeito da fluência do betão
5. Efeito da retração do betão
6. Cálculo da deformação em vigas de betão armado
a. Cálculo por integração numérica
b. Cálculo aproximado
c. Momentos de Inércia em secção
fendilhada e não fendilhada
7. Regras práticas para dispensa do cálculo

A deformação de um elemento de betão armado sujeito a esforços de tração ou


flexão deve ter em consideração, para além das características de deformabilidade
do betão:
• a existência de armaduras longitudinais;
• a fendilhação do betão;
• o comportamento diferido do betão, em resultado da sua fluência e retração.

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1. CONTROLO DA DEFORMAÇÃO
A deformação deve ser controlada para não comprometer o funcionamento e o
aspecto da estrutura.
A deformação não deve condicionar o funcionamento de equipamentos ou
máquinas, nem deve proporcionar a acumulação de águas pluviais ou outras.
A deformação da estrutura não deve pôr em causa a integridade de elementos não
estruturais, tais como: paredes divisórias, envidraçados, revestimentos ou outros
acabamentos.

LIMITES PARA A DEFORMAÇÃO


Em edifícios correntes, a flecha de uma viga em relação aos seus apoios,
determinadas para a combinação de ações quase permanente,
não deve exceder amax= ℓ/250.
Contra-flecha
Para reduzir a flecha pode ser
utilizada uma contra-flecha, a qual
também não deve exceder ℓ/250. a
Para não danificar os elementos não estruturais susceptíveis de serem
danificados, a deformação que ocorre depois da construção desses elementos
deve ser limitada a amax= ℓ/500, para a combinação de ações quase permanente.
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FENDILHAÇÃO EM PAREDES DE ALVENARIA DEVIDO A


DEFORMAÇÃO EXCESSIVA DA ESTRUTURA

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2. DEFORMAÇÃO ELÁSTICA
r – raio de curvatura.
e1 e e2 – extensões na fibra superior e inferior
da viga, respetivamente.
a 1/r – curvatura.
1 1 M y1 2 1 M y2
e1 = = e2 = =
E E I E E I
1 e 2 − e1 M y 2 − y1 M
= = =
r r h EI h EI
(PTV) PRINCÍPIO DOS 1
TRABALHOS VIRTUAIS a =  M dx
e1 r
-y1 1
h

M y2 M + M
+
M
e2
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3. EFEITO DA FENDILHAÇÃO DO BETÃO
Tirante

N N N
NR
(1-z)DℓI z DℓII
Dℓ
DℓI DℓII ℓ
sII= N / As
Ncr 

Ncr = fctm Act sI


cI = fctm

Dℓ e esII= sII / Es
Em secção não fendilhada: esI= sI/Es
DℓI = esI x ℓ = ecI x ℓ ecI= cI/Ec
Em secção fendilhada: DℓII = esII x ℓ
DℓI ≤ Dℓ ≤ DℓII
Seja: ℓI = (1-z) ℓ e ℓII = z ℓ N N
Zona não Zona
fendilhada fendilhada

Então: Dℓ = z DℓII + (1-z) DℓI


ℓI = (1-z) ℓ ℓII = zℓ
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N Tirante
NR N N
(1-z)DℓI z DℓII
Dℓ
DℓI DℓII
Ncr ℓ
e esII= sII / Es
esI= sI/Es
ecI= cI/Ec
Dℓ
A zona não fendilhada (1-z)ℓ corresponde
ao comprimento que tem um
N N
comportamento igual ao da secção Zona não Zona
não fendilhada. fendilhada fendilhada
A zona fendilhada z ℓ corresponde ao
comprimento que tem um comportamento ℓI = (1-z) ℓ ℓII = zℓ
igual ao da secção fendilhada.
A variação de comprimento do tirante é dada pela soma das variações
de comprimento de cada uma das zonas: Dℓ = zDℓII + (1-z) DℓI
Como DℓI = esI x ℓ e DℓII = esII x ℓ então: em = Dℓ/ℓ = z esII + (1-z) esI
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z designa-se por coeficiente de distribuição, corresponde à percentagem do
elemento de betão armado que tem um comportamento semelhante ao de uma
secção fendilhada: 2
  sr 

z = 1−    

 s
z = 0 se a zona em análise não possui secções fendilhadas, isto é, se N ≤ Ncr no
caso de tração pura, ou se M ≤ Mcr no caso de flexão simples.

 é um coeficiente que tem em conta a influência da duração da ação, ou da sua


repetição, na extensão média e toma o valor:
 = 1.0 para um único carregamento de curta duração;
 = 0.5 para cargas repetidas ou de longa duração.
s é a tensão na armadura tracionada calculada para a secção fendilhada e para a
combinação quase permanente de ações;
sr é a tensão na armadura tracionada calculada para a secção fendilhada e para o
efeito das ações que provocam a fendilhação, isto é, para Ncr no caso de tração
pura, ou Mcr no caso de flexão simples.
Devido à linearidade entre as tensões 2 2
s e sr e os esforços N ou M, z pode  N   M 
z = 1 −    cr  z = 1 −    cr 
ser apresentado nas formas:  N   M 
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EM VIGAS
Podemos generalizar o modelo de comportamento anterior para 1 e s − e c M
a flexão em vigas, uma vez que a curvatura por flexão também = =
r d EI
pode ser traduzida em termos de deformações no aço e no betão:
Então, na zona não 1 M
fendilhada (zona I): =
r E II c I

e na zona fendilhada 1 M
=
(zona II): rII Ec III
M M
M

MR ℓ
1/rm x
1/rI 1/rII Zona
fendilhada
Mcr
Zona não
fendilhada
M M
Mcr = fctm wc
1/r
ℓI = (1-z) ℓ ℓII = zℓ
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Em cada secção, a curvatura média é dada por: 1/rm = z 1/rII + (1-z) 1/rI
1 M 1 M
com = e =
rI Ec II rII Ec III

1/rm = [z 1/III + (1-z) 1/II ] M/Ec


1
A flecha numa viga pode então ser determinada por: a=
rm 
M dx
1

M + +
Mcr M
M ≥ Mcr
Zona não fendilhada: M < Mcr Nas zonas não fendilhadas (M < Mcr) z=0.
2
M 
Zona fendilhada: M ≥ Mcr Nas zonas fendilhadas (M ≥ Mcr) z = 1 −    cr 
 M 
Esta integração pode ser efectuada usando métodos numéricos.
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4. EFEITO DA FLUÊNCIA DO BETÃO
Fluência (creep em inglês) é a deformação do betão ao logo do tempo sob carga
constante.
ec ec,t = ec0 + ecc
ec
ec,t O betão, sujeito a uma tensão no instante t0 sofre
ecc uma deformação instantânea ec0, a qual aumenta
ec0 com o tempo, atingindo o valor ec,t no instante t.
ecc é a deformação por fluência entre t0 e t.
0 t0 t t

A tempo infinito t a deformação toma o valor ec .

O coeficiente de fluência j(t,t0) é a relação entre a deformação por fluência e a


deformação instantânea: j(t,t0) = ecc / ec0

ecc(t,t0) = j(t,t0) x ec0 ecc(t,t0) = j(t,t0) x c/Ec

O coeficiente de fluência é função do módulo de elasticidade tangente Ec = 1.05 Ecm

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Das expressões anteriores: ec,t = ec0 + j(t,t0) x ec0 ec,t = (1+ j(t,t0)) ec0

ec,t = (1+ j(t,t0)) c/Ec e para Ec = 1.05 Ecm ec,t = c / [1.05 Ecm /(1+ j(t,t0))]
Designa-se por módulo de elasticidade efectivo o valor do módulo de elasticidade
que tem em consideração a deformação total por fluência do betão:
Considere-se, por simplificação: Ec,eff = Ecm /(1+ j(,t0))
Nas expressões anteriores, usadas para determinação da deformação, deve ser
usado o módulo de elasticidade efectivo: 1 M 1 M
= e =
rI Ec,eff II rII Ec,eff III
Igualmente, na quantificação do coeficiente de homogeneização para
determinação das características geométricas das secções de betão armado,
deve ser usado o módulo de elasticidade efectivo: ae = Es / Ec,eff
A fluência depende, principalmente:
• da idade do betão t0 em que é aplicado a tensão,
• da idade do betão t em que é medida a deformação,
• da geometria da secção (h0),
• da humidade relativa RH,
• da classe de resistência do cimento
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t0 Ambiente interior – RH = 50%
COEFICIENTE DE 1
N R
FLUÊNCIA
2 S
j(,t0) é o valor final do 3

coeficiente de fluência. 5 1 C20/25


4 C25/30
C30/37
10 C35/45
t0 é a data do C40/50
C45/55
C50/60
carregamento em dias. 20
C60/75
C55/67
C70/85
30 C80/95
C90/105
5 2 3
h0 é a espessura 50

equivalente da secção 100


= 2Ac/u, onde Ac é a 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0 100 300 500 700 900 1100 1300 1500
j ( t 0) h 0 (mm)
área da secção t0 Ambiente exterior – RH = 80%
transversal de betão e 1
N R
u é o perímetro da parte 2 S
da parte da secção 3
exposta à secagem. 5 C20/25
C25/30
C30/37
10
N, R e S são diferentes C35/45
C40/50 C45/55
classes de resistência do20 C50/60 C55/67
C60/75 C70/85
cimento (ver EC2 3.1.2(6)). 30 C80/95
C90/105

50

100
6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0 100 300 500 700 900 1100 1300 1500
VLúcio Nov2018 j ( t 0) h 0 (mm)
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5. EFEITO DA RETRAÇÃO DO BETÃO
A retração (shrinkage em inglês) do betão consiste na redução gradual de volume
do elemento de betão, devido à secagem, auto-dessecação e carbonatação da
massa de betão endurecida.
A deformação por retração é independente do estado de tensão.
A retração plástica do betão ocorre na fase de betão fresco, não sendo de considerar para
efeito da deformação dos elementos de betão, e pode ser controlada através de uma cura,
compactação e composição do betão convenientes.
A retração por auto-dessecação, ou retração autogénea, está associada à hidratação do
cimento, desenvolvendo-se principalmente nos primeiros dias da cura do betão.
A retração por carbonatação corresponde à reação entre o dióxido de carbono do ar com a
pasta de cimento hidratado ao longo do tempo.
A retração por secagem do betão evolui lentamente e resulta da migração da água através
do betão endurecido. É a parcela mais importante na deformação por retração do betão.

O valor da extensão por retração ecs pode ser dado pela soma das duas principais parcelas:
a retração por secagem ecd e a retração autogénea eca.

ecs = ecd + eca

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O valor final da retração por secagem é
ecd.0 x103
dado por:
Humidade Relativa (em 0/0)
Betão 20 40 60 80 90 100
ecd() = kh ecd,0 C20/25 0,62 0,58 0,49 0,30 0,17 0,00
C40/50 0,48 0,46 0,38 0,24 0,13 0,00
ecd,0 designa-se por retração livre por secagem
e é função da humidade relativa do ambiente.
h0 kh
100 1,0
kh depende da espessura equivalente h0. 200 0,85
300 0,75
≥ 500 0,70

O valor final da extensão por retração autogénea é: eca() = 2.5 (fck – 10) 10-6

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DEFORMAÇÃO POR RETRAÇÃO
Considere-se uma viga de betão sujeita
a uma deformação por retração ecs. ecs
Se não houver armadura, a retração é uniforme na altura da viga.
d
Havendo armadura, esta reagiria com
uma força igual à força de compressão N N
que a retração do betão lhe impõe:
N = - ecs Es As +
x
Surgindo no betão, por equilíbrio, uma N N
força e um momento:
N = ecs Es As ; M = ecs Es As (d-x) M M
Sendo a curvatura dada por: =
1 M e cs Es A s (d − x )
= =
rcs Ec I Ec I
1 S
Ou seja: = e csa e
rcs I
onde ae = Es/Ec,eff ; S = As (d-x) é o momento estático da armadura em relação à
linhaNov2018
VLúcio neutra e I é o momento de inércia da secção fendilhada, ou não fendilhada. 17
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6. CÁLCULO DA DEFORMAÇÃO EM VIGAS DE BETÃO ARMADO
1
a= 
Resumindo, o cálculo da flecha numa viga pode ser
obtido usando o princípio dos trabalhos virtuais:
M dx
rm
Onde a curvatura média é dada por: 1/rm = z 1/rII + (1-z) 1/rI
2
M 
z é o coef. de distribuição: z = 1 −    cr  Nas zonas não fendilhadas
 M  (M < Mcr) z=0.
1 M 1 M
Com: = e = Onde Ec,eff tem em conta a fluência do betão
rI Ec,eff II rII Ec,eff III
A fluência do betão deve também ser considerada na determinação de II e III,
respetivamente os momentos de inércia da secção não fendilhada e da secção
fendilhada, onde deve ser usado o coeficiente de homogeneização efectivo
ae = Es/Ec,eff

Às curvaturas anteriores pode ser adicionada 1 S


= e csa e
a curvatura devido à retração do betão: rcs I

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Designa-se por deformação ou flecha instantânea a que não tem em consideração


os efeitos diferidos do comportamento do betão: fluência e retração.
Neste caso t=t0, Ec,eff = Ecm e:
1 M 1 M
= =
rI Ecm II rII Ecm III
1
1/rm,0 = z 1/rII + (1-z) 1/rI a0 =  rm,0 M dx
Designa-se por deformação ou flecha a longo prazo, ou valor máximo, a que tem
em consideração os valores máximos dos efeitos diferidos.
Neste caso t = t, j = j (, t0), Ec,eff = Ecm/(1+j), ecs = ecs() e:

1
1/rm, = z 1/rII + (1-z) 1/rI a =  rm, M dx

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a. Cálculo por integração numérica
A integração anterior pode ser calculada usando um método numérico:
• considere-se a viga representada na figura, a
1 Dx
qual pode ser dividida num determinado
número de secções equidistantes. Quanto
1 2 3 4 5
maior for o número de secções consideradas
+ menor será o erro do resultado.
M
• determina-se a carga para a combinação
quase permanente, Mcr, ae e ecs;
• para cada secção determinam-se: As, M, M, II,
1 2 3 4 5
III, para a retração S, z, 1/rI, 1/rII e 1/rm.

M + • a integração numérica pode ser efectuada


usando, por exemplo, o método de Simpson
1
Secção As M M II III S z 1/rI 1/rII 1/rm f a=  rm 
M dx = f dx
1
2  f dx = Dx/3 {f1 +
3 + 4 (f2+ f4 + f6 + …) +
4
+ 2 (f3+ f5 + f7 + …) + fn}
5
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b. Cálculo aproximado
Este método aproximado considera apenas as características da secção que se
considera determinante no cálculo da flecha.
A Secção Determinante no cálculo da flecha é a secção de máximo momento e/ou
a secção onde a distribuição do diagrama de momentos mais influencia o cálculo
da deformação.

VIGA
SIMPLESMENTE VIGA EM
CONSOLA D
APOIADA D
MD
M + M -
MD

VIGA
ENCASTRADA VIGA
BI-ENCASTRADA D
APOIADA D

M M
- MD - MD -
+ +
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• FLECHA INSTANTÂNEA (t=0) a0 = z aII0 + (1- z) aI0


aI0 é a flecha instantânea, determinada considerando as características
da Secção Determinante não fendilhada.
aII0 é a flecha instantânea, determinada considerando as características
da Secção Determinante fendilhada.
ac Ic ac Ic
É possível determinar aI0 e aII0 fazendo: aI0 = e aII0 =
II III
Onde ac é a deformação elástica, determinada com base nas características
da secção de betão (para a secção retangular Ic= bh3/12 ; Ecm), desprezando
a presença das armaduras, da fendilhação e da fluência do betão.
5 p l4
Por exemplo, para uma viga simplesmente apoiada ac =
sujeita a uma carga uniformemente distribuída: 384 Ecm Ic
sendo II e III calculados na Secção Determinante com j = 0 e
2
z determinado na Secção Determinante, com o respetivo  Mcr 
momento fletor M calculado para a combinação quase
z = 1 −    
 M 
permanente de ações e o momento de fendilhação Mcr, e  = 1.0.
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• FLECHA A LONGO PRAZO (t=) a = z aII + (1- z) aI


aI é a flecha a longo prazo, determinada considerando as características
da Secção Determinante não fendilhada.
aII é a flecha a longo prazo, determinada considerando as características
da Secção Determinante fendilhada.

É fácil determinar aI e aII com base em ac, tendo em conta a fluência em Ec,eff:

ac Ecm Ic ac Ecm Ic Ecm


a I∞ = e a II∞ = Com Ec,eff =
(1+j)
Ec,eff II Ec,eff III

ac Ic ac Ic
Isto é: a I∞ = (1+j) e a II∞ = (1+j)
II III

Sendo II e III determinados com ae = Es/Ec,eff


Para a flecha a longo prazo, no cálculo de z deverá ser considerado  = 0.5.
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c. Momentos de Inércia em secção fendilhada e não fendilhada
CARACTERÍSTICAS DA SECÇÃO NÃO FENDILHADA (I)
SECÇÃO RECTANGULAR
A secção é homogeneizada com ae = Es / Ec,eff
A’s a x onde Ec,eff= Ecm/(1+j)
e j é o coeficiente de fluência.
h dL N No caso de ações instantâneas Ec,eff= Ecm
bh2
+ d  a e A s + a  a e A 's
As Posição da linha neutra: x= 2
2 bh + a e (A s + A 's )
bh
b + bd2a er + bd  a  a er'
Com r = As/bd , r’ = A’s/bd: x = 2
bh + bda e (r + r') 2
1h  a
  + a r
e  1 +  
x 2 d  d 
e com  = A’s/As = r’/r vem: k = =
h
1h
2 d + a er (1 + )
  + a er d
x 2 d
Para =0: k= =
d h
+ a er
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Momento de Inércia em secção não fendilhada:
II = bh3/12 + bh (x-h/2)2 + ae As (d-x)2 + a A’s (x-a)2
Com r = As/bd e  = A’s/ As
II = bh3/12 + bh (x-h/2)2 + aer bd3 [(1-x/d)2 +  (x/d-a/d)2]
II = bh3/12 { 1 + 3(2x/h-1)2 + 12 aer (d/h)3 [(1-x/d)2 +  (x/d-a/d)2] }
II = Ic { 1 + 3(2x/h-1)2 + 12 aer (d/h)3 [(1-x/d)2 +  (x/d-a/d)2] }
Com Ic = bh3/12
SECÇÃO RECTANGULAR Cálculo de tensões:
ec  c-
M M
A’s a e ’s  ’s  c− =− x  c+ = (h − x )
x II II
M
h dL N
's = −a e (x − a )
II
As es s M
s = a e (d − x )
b  c+ II
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CARACTERÍSTICAS DA SECÇÃO FENDILHADA (II)
SECÇÃO RECTANGULAR A secção é homogeneizada com ae = Es / Ec,eff
onde Ec,eff= Ecm/(1+j)
A’s a x e j é o coeficiente de fluência.
L N No caso de ações instantâneas Ec,eff= Ecm
h d
bx 2
+ d  a e A s + a  a e A 's
Posição da linha neutra: x= 2
bx + a e (A s + A 's )
As

b bx2 + ae (As + A’s)x - bx2/2 - ae (dAs + aA’s) = 0


0.5 x2 + x ae (r + r’) d - ae (r d + r’a) d = 0
Com r = As/bd e r’ = A’s/bd ; fazendo  = A’s/As = r’/r vem:
0.5 (x/d)2 + x/d ae r(1+) - ae r(1 +  a/d) = 0

x  2  a 
k= = a er  (1 + ) + +  − ( +  )
2
ou:  1  1 
d  a e r  d  
x  2 
Para =0: k= = a er  1 + − 1
VLúcio Nov2018
d  a er  27
ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO I – MEST. ENG. CIVIL fct - UNL

10 – ESTADO LIMITE DE DEFORMAÇÃO


Momento de Inércia da secção fendilhada:
III = bx3/3 + ae As (d-x)2 + ae A’s (x-a)2
III = bx3/3 + ae r bd3 [(1-x/d)2 +  (x/d-a/d)2] Com r = As/bd e  = A’s/ As
III = bh3/12 { 4(x/h)3 + 12 ae r (d/h)3 [(1-x/d)2 +  (x/d-a/d)2] }

III = Ic { 4(x/h)3 + 12 ae r (d/h)3 [(1-x/d)2 +  (x/d-a/d)2] }


Com Ic = bh3/12
Cálculo de tensões:
SECÇÃO RECTANGULAR M
ec c c = − x
Fc+F’s III M
's = −a e (x − a )
A’s a x e ’s  ’s III
L N z≈
h d M
0.9d
s = a e (d − x )
III
As es s Fs
M
Ou: s = Com z =
III
b z As a e A s (d − x )
VLúcio Nov2018 28
ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO I – MEST. ENG. CIVIL fct - UNL

10 – ESTADO LIMITE DE DEFORMAÇÃO


MOMENTOS DE INÉRCIA d/h= 1.00
 0.00 0.25 0.50 0.75 1.00
EM SECÇÕES RECTANGULARES ae r II/Ic III/Ic II/Ic III/Ic II/Ic III/Ic II/Ic III/Ic II/Ic III/Ic
DE BETÃO ARMADO 0.00 1.00 0.00 1.00 0.00 1.00 0.00 1.00 0.00 1.00 0.00
0.02 1.06 0.18 1.07 0.19 1.09 0.19 1.10 0.19 1.12 0.19
em secção não fendilhada: II = (II/Ic) bh3/12 0.05 1.14 0.40 1.18 0.41 1.22 0.42 1.26 0.43 1.30 0.44
0.10 1.27 0.68 1.36 0.71 1.44 0.75 1.52 0.78 1.60 0.80
em secção fendilhada: III = (III/Ic) bh3/12 0.15 1.39 0.90 1.53 0.98 1.66 1.04 1.78 1.10 1.90 1.15

r = As/bd
0.20 1.50 1.09 1.70 1.21 1.88 1.31 2.04 1.40 2.20 1.48
A’s a x 0.25 1.60 1.25 1.86 1.42 2.09 1.57 2.30 1.70 2.50 1.80
 = A’s/ As 0.30 1.69 1.39 2.01 1.62 2.30 1.82 2.56 1.98 2.80 2.12
hd
ae = Es / Ec,eff 0.35 1.78 1.52 2.17 1.81 2.51 2.06 2.82 2.26 3.10 2.44
0.40 1.86 1.63 2.32 1.99 2.73 2.29 3.08 2.54 3.40 2.75
As Ec,eff= Ecm/(1+j) 0.45 1.93 1.73 2.47 2.17 2.93 2.52 3.34 2.82 3.70 3.06
a= h-d 0.50 2.00 1.82 2.62 2.33 3.14 2.75 3.60 3.09 4.00 3.37
b
d/h= 0.90 d/h= 0.80

 0.00 0.25 0.50 0.75 1.00  0.00 0.25 0.50 0.75 1.00
ae r II/Ic III/Ic II/Ic III/Ic II/Ic III/Ic II/Ic III/Ic II/Ic III/Ic ae r II/Ic III/Ic II/Ic III/Ic II/Ic III/Ic II/Ic III/Ic II/Ic III/Ic

0.00 1.00 0.00 1.00 0.00 1.00 0.00 1.00 0.00 1.00 0.00 0.00 1.00 0.00 1.00 0.00 1.00 0.00 1.00 0.00 1.00 0.00
0.02 1.04 0.13 1.05 0.13 1.06 0.14 1.07 0.14 1.08 0.14 0.02 1.02 0.09 1.03 0.09 1.03 0.09 1.04 0.09 1.04 0.10
0.05 1.09 0.29 1.12 0.29 1.14 0.30 1.17 0.30 1.19 0.30 0.05 1.05 0.20 1.07 0.20 1.08 0.20 1.09 0.20 1.11 0.20
0.10 1.17 0.49 1.23 0.51 1.28 0.52 1.33 0.53 1.38 0.54 0.10 1.10 0.35 1.13 0.35 1.16 0.35 1.19 0.35 1.22 0.35
0.15 1.25 0.66 1.34 0.69 1.42 0.71 1.50 0.73 1.58 0.75 0.15 1.14 0.46 1.19 0.47 1.24 0.47 1.28 0.48 1.32 0.48
0.20 1.32 0.79 1.45 0.84 1.56 0.89 1.67 0.93 1.77 0.96 0.20 1.18 0.56 1.25 0.57 1.32 0.58 1.38 0.59 1.43 0.60
0.25 1.38 0.91 1.55 0.99 1.70 1.05 1.83 1.11 1.96 1.16 0.25 1.22 0.64 1.31 0.66 1.39 0.68 1.47 0.70 1.54 0.71
0.30 1.44 1.01 1.65 1.12 1.83 1.21 2.00 1.28 2.15 1.35 0.30 1.25 0.71 1.37 0.75 1.47 0.77 1.56 0.80 1.65 0.82
0.35 1.50 1.10 1.75 1.24 1.97 1.36 2.17 1.46 2.34 1.54 0.35 1.28 0.78 1.42 0.82 1.55 0.86 1.66 0.89 1.76 0.92
0.40 1.55 1.19 1.85 1.36 2.10 1.50 2.33 1.62 2.54 1.72 0.40 1.31 0.83 1.48 0.89 1.62 0.94 1.75 0.99 1.86 1.02
0.45 1.60 1.26 1.94 1.47 2.24 1.65 2.50 1.79 2.73 1.91 0.45 1.34 0.88 1.53 0.96 1.70 1.02 1.84 1.08 1.97 1.12
VLúcio
0.50 Nov2018
1.64 1.33 2.03 1.58 2.37 1.78 2.66 1.95 2.92 2.09 0.50 1.36 0.93 1.58 1.03 1.77 1.10 1.94 1.16 2.08 29
1.22
ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO I – MEST. ENG. CIVIL fct - UNL

10 – ESTADO LIMITE DE DEFORMAÇÃO


a M
FLECHAS ELÁSTICAS EM VIGAS

a = (1/16) Mℓ2/EI
p p P P p P
a a a a a
ℓ ℓ ℓ/4 ℓ/4 ℓ ℓ

a = 5.0 aA a = 2.5 aA a = (11/384) Pℓ3/EI a = 3.2 aA aC = (1/48) Pℓ3/EI
p p p p P
a a a a a
ℓ ℓ ℓ ℓ ℓ
a = 2.08 aA a = 1.17 aA a = 0.92 aA a = 1.4 aA a = 0.45 aC
p p p P
a a a a
ℓ ℓ ℓ ℓ
aA = (1/384) pℓ4/EI a = 0.50 aA a = 0.70 aA a = 0.25 aC
p p p p P
a a a a a
ℓ ℓ ℓ ℓ ℓ
aB = (1/8) pℓ4/EI a = 0.73 aB a = 0.27 aB a = 0.46 aB a = (1/3) Pℓ3/EI
VLúcio Nov2018 30
ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO I – MEST. ENG. CIVIL fct - UNL

10 – ESTADO LIMITE DE DEFORMAÇÃO


EXEMPLO DE APLICAÇÃO
VIGA SIMPLESMENTE APOIADA
Viga: bxh = 0.25x0.45m d=0.40m d/h≈0.9 pqp = 30kN/m
Secção determinante a meio vão D
ℓ= 5.0m
Armadura: A500NR  = 0
3f20 → As= 9.42cm2 r = 0.94% M
+
MD= pqp ℓ2 / 8 = 93.8kNm Ic= bh3/12 = 1.9x10-3 m4
MD
Betão: C20/25 → Ecm= 30GPa → fctm= 2.2MPa
Flecha elástica: ac = (5/384) pℓ4/EcmIc = (5/384) 30x5.04/ (30x106x1.9x10-3) = 4.3mm
Momento de fendilhação: Mcr = fctm bh2/6 = 2200 x 0.25x0.452/6 = 18.6kNm
MD > Mcr → a viga está fendilhada na zona da Secção Determinante
FLECHA A CURTO PRAZO (t=0) ae= Es/ Ecm = 200/30 = 6.7 aer= 6.7x0.94% = 0.063
das tabelas: II/ Ic = 1.12 III/ Ic = 0.35 z= 1-  (Mcr/MD)2 = 1 – 1.0 (18.6 / 93.8)2 = 0.96
ac Ic 4.3 mm ac Ic 4.3 mm
aI0 = = = 3.8 mm aII0 = = = 12.3 mm
II 1.12 III 0.35
a0 = z aII0 + (1- z) aI0 = 0.96 x 12.3 + (1- 0.96) x 3.8 = 12.0 mm
< ℓ/250 = 5000/250 = 20mm OK!
VLúcio Nov2018 31
ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO I – MEST. ENG. CIVIL fct - UNL

10 – ESTADO LIMITE DE DEFORMAÇÃO

FLECHA A LONGO PRAZO (t=)


Coef. de fluência j=2.5 Ec,eff = Ecm/(1+j) = 30 / (1+2.5) = 8.6GPa
ae= Es/ Ec,eff = 200/8.6 = 23.3 aer= 23.3x0.94% = 0.22
das tabelas: II/ Ic = 1.35 III/ Ic = 0.84

z= 1-  (Mcr/MD)2 = 1 – 0.5 (18.6 / 93.8)2 = 0.98

ac Ic 4.3 mm
aI = (1+j) = (1+2.5) = 11.1 mm
II 1.35
ac Ic 4.3 mm
aII = (1+j) = (1+2.5) = 17.9 mm
III 0.84

a = z aII + (1- z) aI = 0.98 x 17.9 + (1- 0.98) x 11.1 = 17.8 mm

< ℓ/250 = 5000/250 = 20mm OK!


VLúcio Nov2018 32
ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO I – MEST. ENG. CIVIL fct - UNL

10 – ESTADO LIMITE DE DEFORMAÇÃO


7. REGRAS PRÁTICAS PARA DISPENSA DO CÁLCULO
Nos casos correntes, podem ser usadas regras simplificadas de limitação da
relação vão / altura útil da viga para evitar flechas elevadas.
O cálculo das flechas só será necessário quando não forem respeitadas estas
regras ou quando a situação em análise não se enquadrar nos pressupostos
definidos para as regras simplificadas.
Para uma viga, em geral, a = k1 pqpℓ4/ Ec,eff Im
Onde Im é o valor médio do momento de inércia da secção transversal da viga,
tendo em conta o momento de inércia em secção não fendilhada II, o momento de
inércia em secção fendilhada III e o coeficiente de distribuição z.
1/Im = z 1/III + (1- z) 1/II
Considere-se que para a combinação quase permanente de ações Mqp≈ MEd /1.4
Então: s,qp ≈ fyd / 1.4 = 435 / 1.4 = 310MPa para o A500

Tomando agora s,qp = ae Mqp (d-x) / III com Mqp = pqp ℓ2/ k2
ou seja s,qp = ae pqp ℓ2 (d-x) / (k2 III) ou pqp ℓ2 = k2 s III / [ ae (d-x)]

VLúcio Nov2018 33
ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO I – MEST. ENG. CIVIL fct - UNL

10 – ESTADO LIMITE DE DEFORMAÇÃO


Substituindo pqp ℓ2 = k2 s,qp III / [ ae (d-x)]

em a = k1 pqpℓ4/ Ec,eff Im a = k1 k2 ℓ2 s,qp (III /Im) / [Ec,eff ae (d-x)]

com ae = Es / Ec,eff
donde a/ℓ = k1 k2 (ℓ/d) (s,qp / Es) (III /Im) / (1-x/d)

ou seja, a relação entre o vão e a altura útil deve respeitar:


ℓ/d = (a/ℓ) (1-x/d) (Im /III) / [k1 k2 (s,qp / Es) ]

Para uma viga simplesmente apoiada k1 = 5/384 e k2 = 8


considere-se a /ℓ = 1/250 e, como valor aproximado: Im /III= 1.2
Como exemplo, tome-se r = 0.5% e ae = 20 para determinar x/d = 0.35
x  2 
= a er  1 + − 1
Substituindo na expressão anterior: d  a er 
ℓ/d = (1/250) (0.65) (1.2) / [(8x5/384) (310 MPa / 200 000 MPa)] = 19.3
isto é, para ℓ/d ≤ 19.3 a flecha da viga é inferior a ℓ/250 e verifica a segurança.
Aplicando este princípio a outras situações obtém-se a tabela seguinte.
VLúcio Nov2018 34
ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO I – MEST. ENG. CIVIL fct - UNL

10 – ESTADO LIMITE DE DEFORMAÇÃO


VALORES MÁXIMOS DE l /d EM VIGAS E LAJES QUE
GARANTEM O ESTADO LIMITE DE DEFORMAÇÃO d≥l/k
SEM NECESSIDADE DE CÁLCULO DA FLECHA
Betão fortemente Betão levemente
Sistema estrutural solicitado solicitado
r = 1,5% r = 0,5%
Viga simplesmente apoiada, 14 20
laje simplesmente apoiada armada numa ou em duas direções
Vão extremo de uma viga contínua 18 26
ou de uma laje contínua armada numa direção ou de uma laje
armada em duas direções contínua ao longo do lado maior
Vão interior de uma viga 20 30
ou de uma laje armada numa ou em duas direções
Laje sem vigas apoiada sobre pilares (laje fungiforme) 17 24
(em relação ao maior vão)
Consola 6 8
• Se s 310MPa , ou no caso de aço A400, multiplicar os valores anteriores por 500 / (fyk As,req/As,prov)
• No caso de vigas em T com b ≥ 3 bw os valores acima devem ser multiplicados por 0.8.
• Em geral, os valores indicados são conservativos, podendo frequentemente o cálculo revelar que é possível utilizar
elementos mais esbeltos.
• Para lajes armadas em duas direções, a verificação deverá ser efetuada em relação ao menor vão. Para lajes fungiformes
deverá considerar-se o maior vão.
• Os limites indicados para lajes fungiformes correspondem para a flecha a meio vão a uma limitação menos exigente do que a de
vão/250. A experiência demonstrou que estes limites são satisfatórios.
VLúcio Nov2018 35
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ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO I – MEST. ENG. CIVIL

10 – ESTADO LIMITE DE DEFORMAÇÃO

PROGRAMA
1. Introdução ao betão armado
2. Bases de Projecto e Ações
3. Propriedades dos materiais: betão e aço
4. Durabilidade
5. Estados limite últimos de resistência à tração e à compressão
6. Estado limite último de resistência à flexão simples
7. Estado limite último de resistência ao esforço transverso
8. Disposições construtivas relativas a vigas
9. Estados limite de fendilhação
10. Estados limite de deformação
11.Estados limites últimos de resistência à flexão composta com
esforço normal e à flexão desviada
12. Estados limite últimos devido a deformação estrutural
13. Disposições construtivas relativas a pilares e paredes
14. Estado limite último de resistência à torção

VLúcio Nov2018 36

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