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IMPERFEIÇÕES GEOMÉTRICAS (IG)

• As IG não precisam de ser consideradas nos E. L. de Utilização.


• Os efeitos desfavoráveis das IG devem ser tidos em conta nos E. L.
Últimos. São efeitos de 1ª ordem, a associar às demais ações (p.p.,
sobrecargas, vento, etc.).
• Podem ser representados por uma inclinação θi:

Em elementos isolados pode usar-se simplificadamente θi ≈ θ0 = 1/200.

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Imperfeições geométricas

As IG podem ser consideradas como uma excentricidade…

Em elementos isolados pode usar-se simplificadamente ei = l0/400.

… ou como uma força transversal na posição que produz o Mmáx:

Não contraventado: Contraventado:


Hi = 2θi N

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EFEITOS DE 2ª ORDEM EM PILARES
Conceitos gerais – Carga crítica de encurvadura
• Equação diferencial que rege o problema:

M = N⋅y
d2y d2y N
2
⇒ N ⋅ y = − EI ⋅ 2 ⇔ 2
+ ⋅y=0
M 1 d y dz dz EI
− = =
EI r dz 2

• Solução geral:
y = C1 ⋅ sin (k ⋅ z ) + C 2 ⋅ cos (k ⋅ z )
N
, k=
EI
• Condições fronteira:
z=0 ⇒ y=0 ⇒ C2 = 0
z = l0 ⇒ y=0 ⇒ C1 = 0 ∨ k ⋅ l0 = n ⋅ π
• Carga crítica de encurvadura (ou carga de Euler) obtém-se
Problema de Euler fazendo n = 1:
π 2 EI
k ⋅ l0 = π ⇔ N E = 2
l0
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Efeitos de 2ª ordem em pilares
Comprimento de encurvadura (ou efetivo) l0
Em pilares com condições de apoio diversas das do problema de Euler não é
necessário voltar a resolver a equação diferencial para determinar a carga crítica.
O comprimento de encurvadura l0 (no EC2 é designado por comprimento efetivo)
define-se como o comprimento que teria de ter uma peça biarticulada com a
mesma secção, para ter a mesma carga crítica que o pilar em estudo.

Elementos Elementos não Elementos em


contraventados contraventados estruturas de edifícios

l0 = l l0 = 0.7l l0 = 0.5l l0 = 2l l0 = l 0.5l < l0 < l l0 > 2l

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Efeitos de 2ª ordem em pilares
Conceitos gerais
• Os efeitos de 2ª ordem em pilares originam momentos M2 que se têm de
adicionar aos momentos de 1ª ordem M01, devido à deformação do elemento.
e1 e1 – desvio inicial (força horizontal e/ou imperfeição
geométrica)

y y – desvios devidos à deformação

M01 = N.e1 ← momento inicial, de 1ª ordem


M2 = N.y ← momento de 2ª ordem
M = M01 + M2 ← momento total
M01 = N.e1

• Mesmo para N < NE os efeitos de 2ª ordem são


responsáveis por um acréscimo de momentos.
M2 = N.y

• À medida que N se aproxima de NE as deformações de


2ª ordem aumentam muito.
• Neste caso tem-se a chamada instabilidade por
divergência.

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Efeitos de 2ª ordem em pilares
Conceitos gerais – instabilidade por divergência em flexão composta
lo
• Esbelteza: λ=
i
I
• Raio de giração: i=
A

Caso 1: Pilar pouco esbelto (λ ≅ 20) - rotura


sem efeitos de 2ª ordem. Rotura
condicionada pelo material.
Caso 2: Pilar esbelto (λ ≅ 50) - rotura atingida
para N << NE, por efeito combinado de N
e (M01+M2). Rotura condicionada pelo
material.

Rotura por
Caso 3: Pilar muito esbelto - rotura por
instabilidade instabilidade, não condicionada pelo
material (pouco relevante em estruturas
de BA).

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Efeitos de 2ª ordem em pilares
Conceitos gerais – instabilidade por divergência em flexão composta
• Os momentos de 2ª ordem M2
dependem da esbelteza do pilar.

• Num pilar pouco esbelto (λ


pequeno) os efeitos de 2ª ordem
são desprezáveis, i.e., e2 ≈ 0 (Teoria
de 1ª ordem).

• Num pilar esbelto os efeitos de 2ª


ordem têm de ser contabilizados,
i.e., e2 ≠ 0 (Teoria de 2ª ordem).

• Em geral considera-se que os


efeitos de 2ª ordem podem ser
desprezados se:
i) ∆MEd ≤ 0.1 × NEd · e1
ii) ∆NRd ≤ 0.1 × NRd

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Efeitos de 2ª ordem em pilares
Método da Curvatura Nominal - fundamentos

M Ed = M 0 Ed + N Ed ⋅ e 2 = N Ed ⋅ (e0 + e1 + e 2 )

M2
l0
e0 = θ i ⋅ → Excentricidade devida às imperfeições
2 geométricas

e1 → Excentricidade da carga (1ª ordem)


l0

∫0 r (z ) ⋅ M dz
1
e2 = → Excentricidade de 2ª ordem. No caso geral pode
ser determinada através do Teorema dos
Trabalhos Virtuais em que:
1
• ( z ) é a distribuição de curvaturas no pilar
r
• M é o momento virtual devido à carga unitária

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Efeitos de 2ª ordem em pilares
Método da Curvatura Nominal - fundamentos
A excentricidade de 2ª ordem pode ser expressa em função da
curvatura numa secção de referência 1/r, e de uma constante c
que depende da distribuição de curvaturas ao longo do pilar:
l0
1 l02
e2 = ∫ ( z ) ⋅ M dz =
1
0
r r c
Assumindo uma distribuição sinusoidal para a deformada do
pilar tem-se que:
π 
y = e 2 ⋅ sin  ⋅ z 
 l0 
Tendo em conta que 1 r = y ′′ , pode obter-se a relação entre a
excentricidade de 2ª ordem e2 e a curvatura na secção de
referência localizada a z = lo/2:
2
1 π  1 l02
= e2 ⋅   ⇔ e2 =
r  l0  r π2
obtendo-se neste caso particular c = π2 ≈ 10.

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Efeitos de 2ª ordem em pilares
Método da Curvatura Nominal - fundamentos
A curvatura de base na secção de referência pode ser estimada com base na hipótese de
que a rotura do pilar ocorre com a cedência das armaduras:

1 ε syd + ε syd ε syd


= =
r 0 .9 ⋅ d 0 .45 ⋅ d

No EC2 a curvatura nominal na secção de referência é determinada a partir da expressão:

1 1
= K r ⋅ Kϕ ⋅
r r0
em que:
1 / r0 é a curvatura de base 1 r0 = ε syd (0.45 ⋅ d )
Kr é um fator corretivo que tem em conta a influência do esfoço axial na curvatura
Kϕ é um fator corretivo que atende ao efeito da fluência do betão

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Efeitos de 2ª ordem em pilares
Pórticos contraventados versus Pórticos não contraventados

Secção
crítica
Secção
crítica

Num pórtico contraventado: Num pórtico não contraventado:


• As extremidades dos pilares estão • As extremidades dos pilares são livres
impedidas de se deslocar. de se deslocar.
• A secção crítica para os efeitos de 2ª • A secção crítica para os efeitos de 2ª
ordem é uma secção intermédia. ordem localiza-se numa extremidade.
• O comprimento efetivo dos pilares está • O comprimento efetivo dos pilares
contido no intervalo 0.5l ≤ l0 ≤ l. está contido no intervalo l ≤ l0 ≤ ∞.

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Elementos de contraventamento e contraventados

6.5m 3.0 6.5


Terraço

6.5m 3.0 6.5 3.0


Piso 3

3.0
4.0 Piso 2
6.0

3.0
Piso 1
P 4.0
2.4
P1 4.0
6.0
R/C

Y 3.0
Cave
X Z
Z
X

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Efeitos de 2ª ordem em pilares
Efeitos locais versus Efeitos globais de 2ª ordem

Encurvadura local Encurvadura global


Num pórtico contraventado: Num pórtico não contraventado:
• A encurvadura pode ocorrer de forma • A encurvadura mobiliza o deslocamento
independente em cada pilar, i.e., cada lateral de todos os pilares, e a
pilar pode ser tratado como isolado. determinação dos efeitos de 2ª ordem
envolve a análise global da estrutura.
• Os pilares têm de ser dimensionados • Os pilares têm de ser dimensionados tendo
apenas para os efeitos locais de 2ª ordem. em conta os efeitos globais de 2ª ordem.

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Efeitos de 2ª ordem em pilares
Localização da secção crítica em elementos contraventados – deformada
com curvatura simples

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Efeitos de 2ª ordem em pilares
Localização da secção crítica em elementos contraventados – deformada
com dupla curvatura

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Efeitos de 2ª ordem em pilares

• Momento de cálculo a associar a NEd no MCN:

MEd = M0Ed+ M2

• Qual o M0Ed em pilares com M01 e M02 diferentes?

M02
M0Ed 0.6 M02 + 0.4 M01 ≥ 0.4 M02
devem ter o mesmo sinal se produzirem tracção na mesma face e, no cas
Secção M02≥M01
crítica

IMPORTANTE:

Se MEd < M02 é preciso dimensionar para (NEd,M02) !

M01

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Efeitos de 2ª ordem em pilares
Localização da secção crítica em elementos não contraventados

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Efeitos de 2ª ordem em pilares
l0 em edifícios
Elementos contraventados
 k1   k2 
l0 = 0,5l⋅ 1 +  ⋅ 1 + 
 0,45 + k1  0,45 + k 2 

Elementos não contraventados


 k ⋅k  k   k  
l0 = l⋅ max  1 + 10 ⋅ 1 2 ; 1 + 1  ⋅ 1 + 2  
 k1 + k 2  1 + k1   1 + k 2  

k1, k2 são as flexibilidades relativas dos encastramentos parciais das extremidades 1 e


2, respectivamente:
k = (θ / M)⋅ (EΙ / l)
θ rotação dos elementos que se opõem à rotação para o momento flector M;
ver também Figura 5.7 (f) e (g)
EΙ rigidez de flexão do elemento comprimido, ver também 5.8.3.2 (4) e (5)
l altura livre do elemento comprimido entre ligações de extremidade
Nota: k = 0 é o limite teórico correspondente ao encastramento perfeito e k = ∞ é o limite correspondente a
um apoio de livre rotação. Uma vez que um encastramento perfeito é raro na prática, recomenda-se um valor
mínimo de 0,1 para k1 e k2.

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Efeitos de 2ª ordem em pilares
l0 em edifícios
(4) Se um elemento comprimido adjacente (pilar), num nó, é susceptível de contribuir para a
rotação na encurvadura, deve substituir-se (EΙ/l) na definição de k por [(EΙ / l)a+(EΙ / l)b], sendo
a e b o elemento comprimido (pilar) situado, respectivamente, acima e abaixo do nó.

X
= 0.1

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Efeitos de 2ª ordem em pilares
Convenções
• Encurvadura no plano XZ: mobiliza a inércia Iy,
depende do comprimento lo,x e origina um
momento de 2ª ordem M2,y.
b ⋅ h3 Iy h
Iy = iy = =
12 A 12
lo , x
λx = M 2 , y = N ⋅ e2 , x Pilar
iy

• Encurvadura no plano YZ: mobiliza a inércia Ix,


depende do comprimento lo,y e origina um
momento de 2ª ordem M2,x.
b3 ⋅ h Ix b
Ix = ix = =
12 A 12
lo , y
λy = M 2 , x = N ⋅ e2 , y Secção
ix

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Efeitos de 2ª ordem em pilares
Método da Curvatura Nominal (MCN)

e2 = (1 r ) l02 c
e2 deslocamento = (1/r) lo / c
1/r curvatura, ver 5.8.8.3
lo comprimento efectivo, ver 5.8.3.2
c é um coeficiente dependente da distribuição da curvatura, ver 5.8.8.2 (4)
(4) No caso de uma secção transversal constante, utiliza-se normalmente c = 10 (≈ π2). Se o
momento de primeira ordem for constante, deve considerar-se um valor inferior (8 é um limite
inferior que corresponde a um momento total constante).

Curvatura nominal (para secção transversal constante e simétrica)


1/r = Kr⋅Kϕ⋅1/r0
em que:
Kr é um factor de correcção dependente do esforço normal, ver 5.8.8.3 (3)
Kϕ é um coeficiente que tem em conta a fluência, ver 5.8.8.3 (4)
1/r0 = εyd / (0,45 d)
εyd = fyd / Es
d altura útil, ver também 5.8.8.3 (2)
(2) Se toda a armadura não estiver concentrada nas faces opostas, mas parte dela estiver
distribuída paralelamente ao plano de flexão, d é definido por
d = (h/2) + is em que is é o raio de giração da secção total das armaduras (5.35)

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Efeitos de 2ª ordem em pilares

Kr = (nu - n) / (nu - nbal) ≤ 1


em que:
n = NEd / (Ac fcd), esforço normal reduzido
nu = 1 + ω
nbal valor de n correspondente ao momento resistente máximo; pode utilizar-se o
valor 0,4
ω = As fyd / (Ac fcd)
As área total da secção das armaduras
Ac área da secção transversal de betão

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Efeitos de 2ª ordem em pilares

ϕef = ϕ(∞,t0) ⋅M0Eqp / M0Ed

em que:
ϕ(∞,t0) coeficiente final de fluência, de acordo com 3.1.4
M0Eqp momento flector de primeira ordem na combinação de acções quase-permanente
(SLS, estado limite de utilização)
M0Ed momento flector de primeira ordem na combinação de acções de cálculo (ULS,
estado limite último)

Kϕ = 1 + βϕef ≥ 1
ef
β = 0,35 + fck/200 - λ/150
λ coeficiente de esbelteza

• A fluência pode ser ignorada se se verificar (simultaneamente) que:


ϕ (∞,t0) ≤ 2
λ ≤ 75
M0Ed/NEd ≥ h

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Efeitos de 2ª ordem em pilares

Os efeitos de 2ª ordem em elementos isolados podem ser ignorados se:

λ ≤ λlim λlim = 20⋅A⋅B⋅C / n

em que:
A = 1 / (1+0,2ϕef) (se ϕef não é conhecido, pode utilizar-se A = 0,7)
B = 1 + 2ω (se ω não é conhecido, pode utilizar-se B = 1,1)
C = 1,7 - rm (se rm não é conhecido, pode utilizar-se C = 0,7)
ω = Asfyd / (Acfcd)
n = NEd / (Acfcd)
rm = M01/M02

No caso de os momentos nas extremidades, M01 e M02 , produzirem tracção no mesmo lado, rm deve ser
considerado positivo (ou seja, C ≤ 1,7), caso contrário deve ser considerado negativo (ou seja, C > 1,7).

Nos casos seguintes, rm deve ser considerado igual a 1,0 (ou seja, C = 0,7):
- elementos contraventados nos quais os momentos de primeira ordem resultam apenas ou
predominantemente de imperfeições ou de acções transversais
- elementos não contraventados em geral

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Efeitos de 2ª ordem em pilares
Os efeitos de 2ª ordem analisam-se em separado para cada direção:
(1) (…) Deve ter-se particular atenção ao identificar a secção que corresponde à
combinação de momentos crítica para o dimensionamento.
(2) Um primeiro passo poderá consistir no cálculo separado para cada direção
principal, ignorando a existência de flexão desviada. As imperfeições só têm que ser
consideradas na direção em que têm o efeito mais desfavorável.
… Mas pode ocorrer Flexão Desviada:

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Efeitos de 2ª ordem em pilares
Exemplo

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