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ECV 107

Resistência dos Materiais II

CAPÍTULO 03

Deflexão em vigas

Prof.: Maila Pereira


3 - Deflexão em vigas
3.1 A linha elástica
• A linha elástica representa a forma da viga deformada sobre determinado
carregamento.

• Para se traçar a linha elástica de uma viga é necessário saber como a inclinação
e/ou o deslocamento da viga são restringidos pelos vários tipos de apoio

Restringem deslocamentos no ponto (yA = 0)


Permitem rotação no ponto  A  0 

Restringem deslocamentos e rotação no ponto  y A  0 e  A  0 


3 - Deflexão em vigas
3.1 A linha elástica
• Além disso, é necessário conhecer o Diagrama de Momento Fletor da viga
utilizando a convenção de sinais:

–M –M
+M +M

Momento fletor positivo Momento fletor negativo


concavidade da viga para concavidade da viga para
cima baixo
3 - Deflexão em vigas
3.1 A linha elástica
• Por exemplo, considere a viga da figura e seu diagrama de momento fletor:
• Nos pontos B e D o deslocamento é zero
• Dentro da região de momento negativo (AC)
a linha elástica tem concavidade para baixo.
• Dentro da região de momento positivo (CD)
a concavidade da é para cima.
• Logo deve haver um ponto de inflexão em
C, no qual a curva muda sua concavidade
(passa de côncava para cima a côncava para
baixo).
• A linha elástica pode ser vista na figura.
• Alguns pontos importantes devem ser observados:
• yA e yE são os maiores deslocamentos.
• No ponto E a inclinação da linha elástica é nula, neste ponto a deflexão da
viga pode ser máxima (depende de P1 , P2 e posição do apoio B)
3 - Deflexão em vigas
3.2 Deflexão de uma viga sob carregamento transversal
• Vimos, no estudo de flexão pura que a curvatura de uma viga relaciona-se com o
momento fletor pela equação:
1 M • r = raio de curvatura

r EI
• 1/ r = curvatura da superfície neutra

• Para uma viga submetida a carregamento


transversal, o momento fletor varia ao
longo da seção, logo, a curvatura também
variará e a equação para essa situação
será:

1 M  x
 (1)
r EI
3 - Deflexão em vigas
2.3 Deflexão de uma viga sob carregamento transversal
• Considere por exemplo a viga em balanço da figura, temos:

M  x  P x

• Logo:

1 P x

r EI
3 - Deflexão em vigas
3.4 Equação da linha elástica
• O cálculo elementar apresenta a equação da curvatura de uma curva plana, y = f(x),
em um ponto Q(x,y) como:
d2y dy
 1ª derivada de y = f(x)

1 dx 2 dx

r  3/ 2
2
 dy  d2y
1    
  dx   •  2ª derivada de y = f(x)
2
dx
dy
• No caso da linha elástica de uma viga a inclinação é muito pequena e seu
dx
quadrado é desprezível, logo:
1 d2y

2
(2)
r dx
• Comparando as equações (1) e (2), temos:

d2y M  x • EI = constante de rigidez a flexão


 (3)
dx 2 EI • É constante para vigas prismáticas
(Equação diferencial • É variável para vigas de seção variável e nesse
da linha elástica) caso deve-se expressá-la em função de x antes de
integrar a equação
3 - Deflexão em vigas
3.4 Equação da linha elástica
• Reescrevendo a equação (3) e integrando tem-se:
1
y''  M  x
EI

1 L
y'   M  x  dx  C1 (4) (Equação da inclinação)
EI 0

1 L L 
y        C1 x  C2
M x dx (5) (Equação da linha elástica)
EI 0  0 

dy
 tg   x 
Sendo x o ângulo em radianos entre a tangente em Q e uma
• y' 
dx horizontal. Como esse ângulo é muito pequeno tg (x) = x
• Assim:
dy
y'     x (6)
dx
• C1 e C2 são constantes de integração
obtidas através das condições de
contorno da viga
3 - Deflexão em vigas
Exemplo 01
• A viga em balanço AB tem seção transversal uniforme e suporta uma força P na
extremidade A. Determine a equação da linha elástica, a deflexão e a inclinação
em A.
3 - Deflexão em vigas
Exemplo 02
• Para a viga prismática e o carregamento mostrados, determine a inclinação e a
deflexão no ponto D.
3 - Deflexão em vigas
3.5 Determinação direta da linha elástica com base na força distribuída

• A equação diferencial da linha elástica é dada por:


1
y''  M  x
EI
• Quando uma viga suporta uma força distribuída w(x), temos:
dM
• M'  V
dx
dV
•  w
dx

• Assim:
1 1
y'''  M'  y'''  V  x • Ou seja, para uma viga submetida a uma
EI EI
carregamento distribuído sua linha
1 i 1
y' v  V  y v   w  elástica é governada por uma equação
EI EI diferencial de quarta ordem
d4y 1
   w  x   (7)
dx 4 EI 
3 - Deflexão em vigas
3.5 Determinação direta da linha elástica com base na força distribuída

• Reescrevendo e integrando a equação (7):


1
y' v    w  x  
EI 
1
y'''    w  x  dx  C1
EI
1
y''       w  x  dx  dx  C1 x  C2
EI 
1  C1 x 2
y'        w  x  dx  dx  dx   C2 x  C3 (Equação da inclinação)
EI 2
3 2
1   C1 x C 2 x
y         w  x  dx  dx  dx  dx    C3 x  C4 (Equação da linha elástica)
EI 6 2

• As constantes de integração são determinadas pelas condições de contorno


que incluem:
y'''  V y'  

y''  M y  deflexão
3 - Deflexão em vigas
3.5 Determinação direta da linha elástica com base na força distribuída

• Por exemplo:

• Para x = 0 (ponto A) • Para x =L (ponto B)


• y''  M  0 • y''  M  0
• y0 • y0

Esse método é utilizado eficazmente em vigas em balanço ou


biapoiadas submetidas a uma força distribuída
3 - Deflexão em vigas
Exemplo 03
• A viga prismática biapoiada AB suporta um carregamento distribuído w. determine
a equação da linha elástica e a deflexão máxima da viga.
3 - Deflexão em vigas
3.6 Inclinação e deslocamento pelo método dos momentos de área

• Esse método possibilita determinar a inclinação e o deslocamento em pontos


específicos sobre a linha elástica de uma viga
• O método baseia-se em dois teoremas:
TEOREMA 1: o ângulo entre as tangentes em dois
pontos quaisquer sobre a linha elástica é igual a
área sob o diagrama M/EI entre esses dois pontos
• Considere a viga simplesmente apoiada com
sua linha elástica associada. Sabemos que a
inclinação da linha elástica é dada por:
d2y
EI M
2
dx
• Logo:
d  dy  dy
EI M e 
dx  dx  dx
d M
EI M d  dx
dx EI
3 - Deflexão em vigas
3.6 Inclinação e deslocamento pelo método dos momentos de área

• Considerando dois pontos arbitrários C e D, temos:


D xD M
M
d  dx  d   dx
EI C xC EI
xD
M xD
 D  C   dx M
D/ C   dx
xC EI EI
xC

• Construindo o diagrama de momento fletor


dividido pela rigidez à flexão EI, então:

D/C é igual a área sob o diagrama M/EI


entre os pontos C e D
• A notação D/C é denominada ângulo da
tangente em D medido em relação à
tangente em C.
3 - Deflexão em vigas
3.6 Inclinação e deslocamento pelo método dos momentos de área

• O teorema 2 baseia-se no desvio das tangentes em relação à linha elástica


TEOREMA 2: o desvio vertical da tangente em um
ponto C sobre a linha elástica em relação à tangente
traçada em D (tC/D) é igual ao momento da área sob o
diagrama M/EI entre esses dois pontos (C e D). Esse
momento é calculada em torno do ponto C, onde o
desvio vertical está sendo calculado

• A figura mostra o desvio vertical dt das


tangentes de cada lado do elemento dx
(pontos P e P’), medido ao longo de
uma reta vertical que passa em C
localizado sobre a linha elástica
3 - Deflexão em vigas
3.6 Inclinação e deslocamento pelo método dos momentos de área

• Como a inclinação e a deflexão da linha


elástica são muito pequenos, podemos
aproximar o comprimento de cada reta tangente
por x1 e dt para um arco de círculo cujo raio é
x1,assim:
dt  x1d
M M
• Sabendo que d  dx , temos: dt  x1 dx
EI EI

• Integrando de C a D, o desvio vertical da tangente em C em relação a tangente em


D (tC/D) pode ser determinado
xD M
tC / D   x1 dx x1 é a distância de C até o
xC EI centroide da área sob o
diagrama M/EI entre C e D.
• Assim:

tC/D = (área sob o diagrama M/EI entre C e D) x1


3 - Deflexão em vigas
3.6 Inclinação e deslocamento pelo método dos momentos de área

• Observação:
tC / D  t D / C
3 - Deflexão em vigas
Exemplo 04
• Determine a inclinação da viga mostrada na figura nos pontos B e C.
Considere EI constante.
3 - Deflexão em vigas
3.7 Aplicação em vigas com carregamentos assimétricos

• Para uma viga em balanço, a tangente à


linha elástica na extremidade engastada
é conhecida (A = 0).

• Para uma viga biapoiada com


carregamento simétrico, a tangente à
linha elástica no centro da viga também
é conhecida (C = 0).
3 - Deflexão em vigas
3.7 Aplicação em vigas com carregamentos assimétricos
• Quando uma viga é biapoiada com carregamento
assimétrico, geralmente não é possível determinar por
inspeção o ponto da viga em que a tangente é
horizontal
• Nesses casos, deve-se usar uma tangente de referência,
cuja inclinação seja conhecida, para a aplicação dos
dois teoremas de momento
• Por conveniência usaremos a tangente em um dos
apoios como tangente de referência.
tB / A
A  
L
• Sendo tB/A calculado pelo 2º teorema do método dos
momentos de área.
• A inclinação em D será calculada pelo 1º teorema do
método dos momentos de área. Assim:
D / A  D  A
y D    FE  DE 
• A deflexão em D será:
3 - Deflexão em vigas
3.7 Aplicação em vigas com carregamentos assimétricos

• Onde:
• FE é obtido por semelhança de triângulos.

• DE é obtido pelo 2º teorema do método dos


momentos de área.
3 - Deflexão em vigas
Exemplo 05
• Para a viga prismática e o carregamento mostrados na figura,
determine a inclinação e a deflexão no ponto D
3 - Deflexão em vigas
3.8 Vigas estaticamente indeterminadas
• Os métodos até agora apresentados podem ser utilizados para determinação das
reações de apoio de vigas estaticamente indeterminadas.
• Considere a viga prismática da figura, e seu diagrama de
corpo livre.
• Como pode ser observado as reações de apoio envolvem
4 incógnitas, no entanto, dispomos de apenas 3 equações
de equilíbrio:
 Fx 0  Fy 0 M 0

• Assim, essa viga possuiu uma reação redundante, ou seja,


uma reação a mais do que se pode determinar por meio
das equações de equilíbrio. Essa viga é estaticamente
indeterminada com um grau de indeterminação ou
hiperasticidade.
• Vigas estaticamente indeterminadas podem ser resolvidas
considerando-se sua deformação: inclinação () e
deflexão (y) ao longo da viga.
3 - Deflexão em vigas
3.8 Vigas estaticamente indeterminadas
• Solução a partir da equação diferencial da linha elástica
• Nesse método, usaremos as equações de equilíbrio e as
equações da deflexão e inclinação da linha elástica da
viga, obtidas através da integração da equação diferencial
da linha elástica
 Fx 0  Fy 0 M 0
1 L
y'   M  x  dx  C1
EI 0
1 L L 
y        C1 x  C2
M x dx
EI 0  0 
• As equações da deflexão e inclinação da linha elástica
introduzem no problema duas incógnitas, no entanto,
as condições de contorno fornecem três equações para
a solução do problema
Para x  0 ,   0 Para x  L, y  0
y0
3 - Deflexão em vigas
Exemplo 06
• Determine as reações nos apoios da viga prismática da figura
3 - Deflexão em vigas
3.8 Vigas estaticamente indeterminadas
• Solução a partir da aplicação dos teoremas de momento de área
• Nesse método, uma das reações será considerada como
redundante. O apoio que causa essa reação redundante será
removido e a reação redundante será tratada como uma força
desconhecida.

• Serão traçados dois diagramas de corpo livre: o primeiro para o carregamento externo e
as correspondentes reações de apoio, e o segundo para a força desconhecida e suas
reações de apoio.
• Em seguida, serão traçados o diagrama de M/EI para cada um dos dois carregamentos
• Aplica-se, então, o 2º teorema de momento de área e calcula-se os desvios tangenciais.
Considerando as condições de contorno da viga original tem-se:
tB / A  0  t B / A  w   t B / A M 0

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