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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE

SANTA CRUZ – UESC


RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS
Professora: Rosana Arléo Alvim

Tensões na flexão

Ilhéus - 2013
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Tensões na flexão

1. Objetivo
Apresentar os conceitos relativos à relação
entre esforços solicitantes (estática), curvatura
de uma viga, fórmula da flexão, tensões na
flexão (normais e de cisalhamento) e flechas
em vigas (equação diferencial da linha
elástica).

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Tensões na flexão

2. Estática de uma viga


2.1. Relação entre esforços solicitantes
Considere-se uma viga sujeita a um carregamento
uniformemente distribuído.
Pela análise de um elemento
infinitesimal “dx” é possível
estabelecer relações entre os
esforços solicitantes e os
esforços internos.

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Tensões na flexão

Para o equilíbrio:

 Fy  0 V  qdx  V  dV   0
dV
 q
dx
Considerando o equilíbrio de momentos A
em A:
2ª. ordem
M  0
 dx 
M  V  dx  q  dx     dx  M  dM   0
2
dM
V
dx
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Tensões na flexão
2.2. Ponto de momento máximo
Como a derivada do momento é a força cortante; é
possível determinar o ponto de momento máximo
fazendo.
dM
V0
dx

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•Podemos integrar essas áreas entre quaisquer dois pontos para
mudar a carga distribuída e a força cortante.

mudança na
força cortante
V    w x dx –área sob a
carga distribuída

área sob o
mudança no
momento
M   V  x dx diagrama de força
cortante

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Tensões na flexão

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Tensões na flexão
3. Curvatura de uma viga
Seja um segmento de uma viga sujeita a flexão. São
Condições para resolver o problema:
• O material tem comportamento elástico-linear
• A seção plana
permanece plana,
Hipótese de Bernoulli.

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Tensões na flexão

A definição do ângulo de curvatura d em


radianos é:
ds 1 d
d   k
r r ds

q P d

x r
y x dx

dx dx
M y
y ds ds ' M
du
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Tensões na flexão
Em flexão pura, a viga se deforma em curva. E seu eixo
pode ter a forma aproximada de um círculo de raio r, cujo
inverso é definido como curvatura “k”. Sendo “r” e “k”
constantes na flexão pura.
A fibra AB em um raio (r + y) pode ser determinada da
r
mesma forma. Então, a diferença entre os
comprimentos ds’ e ds é de: dx
du  r  y dy  r  dy
y
' B
A ds
 r  dy  y  dy  r  dy  y  dy du

du  y  dy  k  y  ds ds  dx

du
 ky   ky
dx
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Tensões na flexão

4. Fórmula da flexão
Considere-se uma barra sujeita a
esforços de flexão. Se as deformações
crescem da linha neutra para a borda,
as tensões igualmente:

x  E  x

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Tensões na flexão
4.1. Posição da linha neutra
Considerando um trecho da viga, para a determinação
da posição da linha neutra (local onde as
tensões normais são nulas):

Fz  0 
A
x  dA  0

 E  k  y  dA  0
A


E  k  y  dA  0
A
distância do
centróide

y   ydA
Como a integral deve ser nula, o eixo
z deve passar pelo centróide da seção.
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Tensões na flexão
4.2. Relação Momento-curvatura
Para completar a teoria de flexão uma outra
expressão de equilíbrio deve ser satisfeita.
Nesse caso, a soma dos momentos fletores
externos e internos deve ser nula.
 M0 0


M z   x  dA  y  0
A


M z  E  k  y  dA  y
A


M z  E  k  y 2dA  0
A
M
k
I   y 2dA EI
A
Onde I é o momento de inércia da seção. 13
Momento de inércia da seção –
representa a resistência de uma seção
transversal em girar em torno de um eixo.

Seções retangulares

Seções circulares

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Tensões na flexão
5. Tensões na flexão
5.1. Tensões normais
Na expressão EI é a rigidez a flexão. Quanto maior a rigidez a
flexão, menor a curvatura na barra e conseqüentemente menores as
tensões.
M
k
E I

A tensão normal é dada por:


x  E  k  y
Mz
 x  E. y
EI
Mz  y
x  Fórmula da flexão
I
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Tensões na flexão

Mz  y
x  Fórmula da flexão
I

M = momento máximo atuante na viga;


y = é a distância a partir da LN até onde se deseja calcular a tensão;
I = momento de inércia.

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Ex.1) Verificar a segurança da viga em madeira C60.
q= 400 kgf/m= 4 kN/mm= 4N/mm
20 cm
A B

qL2 6 cm
8 100 kgf/m= 1 kN/mm
1 N = 0,1 kgf
(+)
M 1 kN = 100 kgf

qL/2

(+)
V
(-)
-qL/2

A resistência a compressão da madeira é inferior


a tensão que esse momento impõe a viga.
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Tensões na flexão

5.2. Tensões normais na flexão oblíqua


No caso de seções com momentos aplicados nos dois
eixos principais da seção (z, y):
M z  M  cos  y

M y  M  sen

My Assumindo as
 tg superposição das tensões:
Mz
z y M x
Mz y M yz
x    M
Iz Iy
z 
A posição da linha neutra é determinada por:
Mz y M yz y M y Iz Iz
  tg   .  .tg
Iz Iy z Mz Iy Iy 18
Tensões na flexão
5.3. Tensões normais na flexão composta:
A tensão é dada pela soma da parcela de
momentos provocadas pelas
excentricidades do carregamento
mais a parcela da força normal.

P P  ex  y P  ey  z
x   
A Iy Iz

onde:
Mx  P  ey
M y  P  ex

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Tensões na flexão
6. Análise das seções compostas
Para o cálculo do momento de inércia das seções
compostas, dois conceitos são fundamentais:

1) Posição da linha neutra


2) Teorema dos eixos paralelos ou Teorema de Steiner

Não se conhece o momento de


inércia em relação a x, mas se
conhece em relação ao CG.

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Tensões na flexão

Momento de inércia em relação ao CG é zero

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Tensões na flexão
Ex.2) Calcular a posição do CG e o momento de inércia da
seção composta “T”

A posição do CG:

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Tensões na flexão

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Tensões na flexão
Ex. 6.15 – Hibbeler – Determinar a tensão de flexão máxima
absoluta.
q= 5 kN/m = 5 N/mm

A B

qL2
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(+)
M

O momento máximo interno na viga éM  22,5 kNm

Por razões de simetria, o centroide C e, portanto, o eixo neutro, passa a meia


altura da viga, e o momento de inercia é


I   I  Ad 2 
1 2 1 3
 2 0,250,02  0,250,0020,16    0,020,3 
3

12  12 

 301,3 10 6 m 4 24
Tensões na flexão
Aplicando a fórmula da flexão, para c = 170 mm,

Mc 22,50,17 
 máx   máx   12,7 MPa (Resposta)
I
;
 
301,3 106

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Tensões na flexão
7. Tensões de cisalhamento
É razoável admitir-se que as tensões de cisalhamento 
agindo na seção transversal, agem paralelamente as forças
de cisalhamento na peça.

Então existem tensões de


cisalhamento iguais agindo no plano
transversal e longitudinal da peça.

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Tensões na flexão
Para um elemento funcionar a flexão depende da
integração das “camadas” tanto no plano longitudinal
quanto no transversal.

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Tensões na flexão

Aplicação

Peças compostas

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Tensões na flexão

Para o equilíbrio da viga, considera-se a seguinte


distribuição interna de esforços:

Em um trecho “dx”, considerando a variação do momento


M, é possível determinar a tensão de cisalhamento  na face
inferior de um sub-elemento da seção.

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Tensões na flexão
Considerando o elemento dA, a força atuante é 1 dA.
Na face esquerda:
My
1  dA  dA 2
I 1

E a força é dada por:


My 

F1  1  dA 
I 
dA

As demais forças são:

 M  dM  dx

F2   2dA  
  I
 ydA

F1 F2

F3
Para o equilíbrio horizontal:
F3  F2  F1
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Tensões na flexão

 M  dM  My dM
F3     ydA   dA   y  dA
 I  I I

F2 F1
Os termos dM e I por serem constantes devem
ser retirados da integral:

dM
F3   y  dA
I

Definindo o momento estático da área como:

Q   ydA

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Tensões na flexão
E considerando que as tensões de cisalhamento
são uniformemente distribuídas ao longo da largura b do
elemento

F3    b  dx
F3
  b  dx 
dM
I
Q 
dM Q
 .
dx b  I b
dx
VQ

bI Fórmula do cisalhamento

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Tensões na flexão

Fórmula do cisalhamento

VQ

bI

Onde:
V – força cortante resultante interna máxima
Q – momento estático = soma da área do elemento vezes a distância
do seu CG
I – momento de inércia da seção transversal
b – largura da área da S.T. no ponto do cálculo de 
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Tensões na flexão

Em uma seção retangular

h/2
h/4

h/2

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Tensões na flexão

O momento estático de uma figura plana em relação a


um eixo contido no plano é a soma dos produtos resultantes
da multiplicação de cada elemento de área pela distância do
seu centro de gravidade

dA

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Tensões na flexão

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Tensões na flexão

V Q

BI

V Q

B'I

y1 =45mm
y2 =15mm
cg
D

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Tensões na flexão

Ex 1) Calcular as tensões de cisalhamento nos pontos B, B’ e C.


V = 80 kN.
Lousa!!!

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Exercício 1) Considere uma viga T em madeira.
Dados: viga → C60; E=24,5 GPa; fck=60 MPa.
1) Trace o diagrama de força cortante e de momento fletor para a viga.
2) Determinar as máximas tensões solicitantes na peça (normal e de cisalhamento).
3) Verifique a segurança estrutural da peça. Sabe-se que a tensão resistente dessa
madeira é de 60 MPa à tração. E que a tensão resistente ao cisalhamento é de 12% da
resistência normal. Considere um coeficiente de segurança igual a 5.
qeq = 26 kN 6,5 kN/m 150 mm
A
30 mm
B
B’

4m 4m 150 mm
30 cm

C
Ay=6,5 kN By=
                                                                               
19,5 kN

FC

 
MF
Momento fletor é  39
máximo quando V=0 
Solução: 
1º Passo: diagramas de esforços 
REAÇÕES DE APOIO

0 → ∙8 26 6 0 19,5

0 → 26 0 26 19,5 6,5

6,5 26,5 4 0  
6,5 26,5 4 6,5 6,5 12 32,5 6,5  
32,5 6,5 0 → 6,5 32,5 
32,5
5  
6,5
 
6,5 2
6,5 2 4 42 6,5 3,25 2
8 +16)
64  
2
á 29,25 .  

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2º Passo: propriedades da seção transversal 
a) Posição da L.N.  150 mm
 
∑ ∙
  30mm

 

120mm  165mm
120mm
75mm

b) Momento de inércia 
  d1 =45mm
2
∙   d2 =45mm

a) Momento estático 
 
y1 =45mm
B
∙   cg

∙ 1 

∙ 1 ∙ 2  y1 =45mm
y2 =15mm
  cg
D
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Tensões na flexão

E o fluxo de cisalhamento é a relação entre:

q
 onde q é o fluxo de cisalhante
b h
4
Em uma seção retangular:

bh h bh 2 bh 3 b
Q   I
2 4 8 12

V bh 2 12 3 V 3 V
 máx  3
 .  .
8 bh b 2 bh 2 A

E a distribuição tem a
forma parabólica.
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Tensões na flexão

8. Distribuição de tensões na flexão

Então, no caso mais simples, seção retangular, a


distribuição de tensões na flexão tem a forma ilustrada:

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Tensões na flexão

9. Conclusões
O projeto das peças sujeitas à flexão considera as
máximas tensões normais e de cisalhamento
solicitantes mais as condições de utilização, onde as
flechas devem ser também avaliadas.

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Tensões na flexão
Referências bibliográficas

• Engineering Mechanics of Solids, Egor P.


Popov, Prentice Hall, 1991.
• Resistência dos Materiais, Hibbeler, Pearson,
2004.
• Fundamentos de Estruturas, Aluízio Fontana
Margarido, Editora Zigurate, 2001.
• Resistência dos Materiais, Ferdinand P. Beer,
Makron, 2000.

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