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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE MARABÁ
FACULDADE DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

RAYLLA GLLIAN SAMPAIO LIMA RIBEIRO

SELEÇÃO DE MATERIAIS:

ESTUDO DE CASOS SEGUNDO A METODOLOGIA DE ASHBY

MARABÁ
2009
1

RAYLLA GLLIAN SAMPAIO LIMA RIBEIRO

SELEÇÃO DE MATERIAIS:

ESTUDO DE CASOS SEGUNDO A METODOLOGIA DE ASHBY

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


para obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia de Materiais da Universidade Federal
do Pará
Orientador: Prof.° MSc. Alacid do Socorro Siqueira
Neves.

MARABÁ
2009
2

RAYLLA GLLIAN SAMPAIO LIMA RIBEIRO

SELEÇÃO DE MATERIAIS:

ESTUDO DE CASOS SEGUNDO A METODOLOGIA DE ASHBY

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


para obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia de Materiais da Universidade Federal
do Pará
Orientador: Prof. MSc. Alacid do Socorro Siqueira
Neves.

Defendido e aprovado em: _____/_____/_____

Banca examinadora:

______________________________________ – Orientador
Prof. MSc. Alacid do Socorro Siqueira Neves
Universidade Federal do Pará

______________________________________
Prof. Dr. Múcio Marques Nóbrega
Universidade Federal do Pará

______________________________________
Prof. Dr. Reginaldo Sabóia de Paiva
Universidade Federal do Pará
3

Aos amores da minha vida, meus pais


Neto e Deusa, meu irmão Rayan, e
as caçulas Raika e Rany.
4

AGRADECIMENTOS

A Deus Pai, a Jesus Filho e ao Espírito Santo por mais uma etapa vencida,
por terem me guiado e me carregado por todos os caminhos, me aconselhando em
todas as escolhas, e por terem designado um Anjo para me acompanhar por todos
os lugares.

Agradeço também por ter me dado uma família unida, amorosa e amiga, que
sempre me apoiou nas minhas decisões, e deram forças nos meus fracassos e
continuam me apoiando em todos os momentos da minha vida. Agradeço de
coração, principalmente meus pais Neto e Deusa, que são exemplos de vida,
perseverança e dedicação para mim. Ao meu irmão Rayan que morou comigo por
anos e sempre me apoiou, sempre acreditou em mim, e hoje, mesmo distante
continua me inspirando. A vocês meus amores obrigada, do fundo do meu coração.
Que Deus nos ilumine cada dia de nossas vidas.

A todos os meus parentes que me deram força para obter essa vitória, em
especial as minhas avós Leonília e Rita, duas grandes guerreira; meu padrinho José
Sampaio grande engenheiro que me apoiou na minha escolha, minha madrinha
Nininha grande mulher, e minha Tia Didi por ser sido e ainda ser uma grande amiga.

As famílias que me adotaram em Marabá, família Andrade: Emival, Janete,


Lucas e Bruno, que todos os dias me deram amor; família Portil: Pastora Sandra,
Pastor Portil, Bruno, Radassa e Wendell; família Marcelo, Aline e Lara; família
Paracampos: Tia Maria, Andinha e Thamires; vocês deram-me amor, carinho e os
ótimos almoços de domingo. A Tia Sandra, Tio Léo, Dennys, David e Jéssica por
torcerem e por acreditarem em mim.

Agradeço também a todos os meus amigos, que me acompanharam nessa


jornada. Aos que estão ausentes e aos que estão presentes, aos que sempre me
deram forças para conseguir enfrentar todos os obstáculos em minha vida. Em
especial as minhas amigas ninjas da UFPA que me apoiaram aqui em Marabá. E
uma pessoa especial que está distante, Jocinete, você sabe o quanto significa pra
5

mim minha amiga. Ao trio, Deusimare, Lorrany e Laysse, pela amizade e pelas
orações. Ao meu irmão torto Júnior e seu amor Leninha. Minhas duas grandes irmãs
Joyce e Aninha. Amigos da faculdade, de infância, do dia-a-dia, da igreja, de
Altamira, de Gurupi, dos estágios, vizinhos, a todos vocês obrigada por tudo que
sempre fizeram por mim. Em especial aos de Pacajá que fazem parte da minha
história, desde a minha partida em busca de meus estudos, obrigada aos
professores da Aluísio Loch. E em especial Dona Nini minha alfabetizadora. A vocês
agradeço com todo o amor e carinho que tenho.

Um agradecimento especial ao meu orientador, Professor Alacid, que me


acolheu na hora mais difícil e acreditou na capacidade da realização de um bom
trabalho. Pela paciência, amizade e principalmente a sabedoria que me foi
concedida.

Aos professores Múcio Nóbrega e Reginaldo Sabóia, pelos quais tenho


profunda admiração pela conduta, que estão sempre dispostos ajudar, e por terem
aceitado o convite de participação da banca examinadora.

Aos demais professores que ajudaram na minha formação acadêmica.

A todos os funcionários do campus.

Agradeço a todos aqueles que direta ou indiretamente tem influência nesta


vitória que Deus me concedeu. A cada um o meu MUITO OBRIGADA.
6

“As coisas têm peso


Massa, volume, tamanho
Tempo, forma, cor
Posição, textura, duração
Densidade, cheiro, valor
Consistência, profundidade
Contorno, temperatura
Função, aparência, preço
Destino, idade, sentido
As coisas não tem paz”

Arnaldo Antunes
7

SUMÁRIO

RESUMO ....................................................................................................................... 9

ABSTRACT ...................................................................................................................10

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................11

LISTA DE TABELAS ...................................................................................................13

LISTA DE SIGLAS ........................................................................................................14

1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................15

2 OBJETIVOS ...............................................................................................................17
2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................17
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................17

3 PANORAMA EVOLUTIVO DOS MATERIAIS ..........................................................18


3.1 EVOLUÇÃO DOS PRODUTOS .............................................................................20

4 MATERIAIS DE ENGENHARIA E SUAS PROPRIEDADES ...................................29


4.1 MATERIAIS METÁLICOS ......................................................................................30
4.1.1 Metais Ferrosos .................................................................................................30
4.1.2 Metais Não-Ferrosos .........................................................................................31
4.2 MATERIAIS CERÂMICOS .....................................................................................31
4.2.1 Cerâmica Avançada ..........................................................................................32
4.2.2 Cerâmica Comum ..............................................................................................32
4.2.3 Vidros ..................................................................................................................32
4.3 MATERIAIS POLIMÉRICOS ..................................................................................33
4.3.1 Polímeros Termoplásticos ................................................................................33
4.3.2 Polímeros Termofixos .......................................................................................33
4.3.3 Elastômeros .......................................................................................................34
4.4 MATERIAIS COMPÓSITOS ...................................................................................34
4.5 SEMICONDUTORES .............................................................................................35
4.6 BIOMATERIAIS ......................................................................................................35
4.7 MATERIAIS NATURAIS .........................................................................................35
4.7.1 Fibras ..................................................................................................................36
4.7.2 Madeiras .............................................................................................................36
4.7.3 Minerais ..............................................................................................................36

5 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO .......................................................................................38


5.1 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS.......................................................................39
5.1.1 Propriedades Mecânicas ..................................................................................39
5.1.1.1 Ductilidade ........................................................................................................40
5.1.1.2 Dureza ..............................................................................................................40
5.1.1.3 Limite de Resistência à Tração ........................................................................40
5.1.1.4 Limite de Escoamento ......................................................................................41
5.1.1.5 Módulo de Elasticidade .....................................................................................41
8

5.1.1.6 Resiliência e Tenacidade ..................................................................................42


5.1.1.7 Resistência à Fadiga ........................................................................................42
5.1.1.8 Resistência ao Impacto ....................................................................................43
5.1.1.9 Resistência à Fluência ......................................................................................43
5.1.2 Propriedades Térmicas .....................................................................................43
5.1.2.1 Calor Específico ................................................................................................44
5.1.2.2 Calor Latente de Fusão ....................................................................................44
5.1.2.3 Condutividade Térmica .....................................................................................44
5.1.2.4 Expansão Térmica ............................................................................................45
5.1.2.5 Ponto de Fusão ................................................................................................45
5.1.3 Propriedades Físicas .........................................................................................45
5.1.3.1 Absorção de Água ............................................................................................45
5.1.3.2 Densidade .........................................................................................................46
5.1.3.3 Índice de Refração ............................................................................................46
5.1.4 Propriedades Elétricas ......................................................................................46
5.1.4.1 Condutividade Elétrica ......................................................................................47
5.1.4.2 Resistividade .....................................................................................................47
5.1.4.3 Constante Dielétrica .........................................................................................47
5.2 DISPONIBILIDADE E CUSTO ...............................................................................48

6 RECURSO DE SELEÇÃO ........................................................................................53


6.1 ÍNDICE DE MÉRITO................................................................................................54
6.1.1 Analisando um Estudo de Caso ......................................................................55
6.2 MAPAS DE PROPRIEDADES DE MATERIAIS .....................................................57

7 ESTUDO DE CASOS ................................................................................................63


7.1 METODOLOGIA .....................................................................................................63
7.2 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ..............................................................66
7.3 REVESTIMENTO DO SUPORTE DO CABIDE .....................................................67
7.3.1 Descrição do Problema .....................................................................................67
7.3.2 Descrição do Produto .......................................................................................68
7.3.3 Critérios de Seleção ..........................................................................................68
7.3.4 Cálculos e Desenvolvimento ............................................................................69
7.3.5 Verificação no Mapa de Propriedades de Materiais ......................................72
7.3.6 Análise do Mapa e Seleção dos Materiais ......................................................73
7.3.7 Resultados e Discussões .................................................................................74
7.4 ALAVANCA DO SACA-ROLHA .............................................................................81
7.4.1 Descrição do Problema .....................................................................................81
7.4.2 Descrição do Produto .......................................................................................82
7.4.3 Critérios de Seleção ..........................................................................................82
7.4.4 Cálculos e Desenvolvimento ............................................................................83
7.4.5 Verificação no Mapa de Propriedades de Materiais ......................................85
7.4.6 Análise do Mapa e Seleção dos Materiais .......................................................86
7.4.7 Resultados e Discussões .................................................................................86

8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................................88


8.1 CONCLUSÕES .......................................................................................................88
8.2 RECOMENDAÇÕES ..............................................................................................89

REFERÊNCIAS ............................................................................................................91
9

RESUMO

Referencia a importância da Seleção de Materiais devido ao surgimento contínuo de


novos materiais e suas aplicações em novos contextos. Existem mais de 50.000
tipos de materiais à disposição de um profissional de engenharia (ASHBY, 2007) e
selecioná-los sem uma sistemática adequada pode ser uma tarefa tão penosa
quanto frustrante. Os procedimentos de seleção de materiais obedecem a múltiplos
critérios, quando analisados individualmente cada critério pode ser levado a uma
alternativa, entretanto, na prática formam um conjunto que devem ser satisfeitos
simultaneamente. Com base em pesquisas e estudos de caso avalia a aplicação da
seleção de materiais na inovação do desenvolvimento de produtos de maneira a
atender aos requisitos exigidos na fabricação para uma dada qualidade industrial
especificada. Através dos critérios de seleção evidencia um panorama evolutivo da
escolha do material através dos Mapas de Propriedades de Ashby. Em suma, a
proposta deste estudo é ser utilizado por estudantes ou simpatizantes da área que
não tenham nenhum conhecimento anterior ao assunto, dando ênfase aos projetos
desenvolvidos por Ashby.

Palavras-chave: Seleção de Materiais, Critérios de Seleção, Mapas de Propriedades


de Ashby, Estudo de Caso.
10

ABSTRACT

Reference to the importance of the Materials Selection due to the continuous


appearance of new materials and their applications in new contexts. Have more than
50.000 types of materials to an engineering professional's disposition (ASHBY, 2007)
and to select them without an appropriate systematic it can be so painful as
frustrating task. The procedures of materials selection obey multiple criteria, when
individually analyzed each criterion can be taken to an alternative, however, in
practice they form a group that should be satisfied simultaneously. Based in
researches and case studies evaluates the application of the materials selection in
the innovation of the development of products to assist to the requirements
demanded in the production for a specified industrial quality. Through the selection
resources it evidences an evolutionary panorama of the choice of the material
through the Ashby's Properties Maps. In short, the proposal of this study is to be
used by students or sympathetic of the area that don't have any previous knowledge
to the subject, giving emphasis to the projects developed by Ashby.

Key-words: Materials Selection, Selections Criteria, Ashby’s Properties Maps, Case


Studies.
11

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – A evolução da Engenharia de Materiais com o tempo ............................ 19

Figura 02 – Heliópolis. Máquina de guerra movida à força muscular ......................... 21

Figura 03 – Celerífero. Significa velocidade, marcha ou cavalo de duas rodas .......... 22

Figura 04 – Drasiana do Barão de Von Drois. Primeira pedicleta dirigível que


foi criada em madeira ............................................................................... 22

Figura 05 – Linha do Tempo. Evolução dos Materiais das Bicicletas.......................... 23

Figura 06 – O design da bicicleta do futuro. Designer Scott Robertson ...................... 24

Figura 07 – O design da bicicleta do futuro. Designer Scott Robertson ...................... 24

Figura 08 – O design da bicicleta do futuro. Designer Harald Cramer ........................ 24

Figura 09 – O design da bicicleta do futuro. Designer Alex Suvajac ........................... 24

Figura 10 – Modelo de Bradford Waugh ...................................................................... 25

Figura 11 – Evolução dos ferros de passar roupa ....................................................... 25

Figura 12 – Evolução das embalagens ........................................................................ 26

Figura 13 – Camadas da embalagem Longa Vida....................................................... 27

Figura 14 – Brindes reciclados ..................................................................................... 28

Figura 15 – Cabide Reciclado ...................................................................................... 28

Figura 16 – Bebidas são comercializadas em latas - metal (foto superior),


garrafas de vidro - cerâmico (foto central) e garrafas plásticas -
polímeros (foto inferior)............................................................................. 29

Figura 17 – Relação entre Estrutura, Propriedades, Processamento e Aplicação


de Materiais .............................................................................................. 51

Figura 18 – Representação de um tirante submetido à um carregamento de


tração de uma força F; Ao é a área da seção transversal
resistente do tirante. ................................................................................. 55

Figura 19 – Mapa de Propriedades dos Materiais relacionando módulo de


Elasticidade (módulo de Young - E) em função da densidade do
material (ρ). ...............................................................................................58
12

Figura 20 – Mapa de Propriedades dos Materiais relacionando Resistência


(σf) em função da densidade do material (ρ)............................................ 59

Figura 21 – Mapa de Propriedades dos Materiais relacionando Resistência


a Temperatura σf (T) em função da Temperatura (T). ............................. 61

Figura 22 – Cabides de Arame de Aço com acabamento em Banho de Zinco


Bicromatizado com Tubo de Papelão adesivado.. ................................... 67

Figura 23 – Imagem do cabide e do revestimento projetado no programa


AUTOCAD com dimensões especificadas............................................... 68

Figura 24 – Modelamento de esforços sofrido pela base do cabide ........................... 69

Figura 25 – Mapa de Propriedades dos Materiais relacionando módulo de


Elasticidade (módulo de Young - E) em função da densidade do
material (ρ). .............................................................................................. 73

Figura 26 – Modelo do saca-rolha com a fratura devido ao esforço mecânico ........... 81

Figura 27 – Dimensões iniciais do suporte do saca-rolha............................................ 82

Figura 28 – Modelamento de esforços sofrido pela alavanca. ..................................... 83

Figura 29 – Mapa de Propriedades dos Materiais relacionando módulo de


Elasticidade (módulo de Young - E) em função da densidade do
material (ρ). .............................................................................................. 85
13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Preços relativos aproximados por tonelada ............................................... 49

Tabela 2 – Módulo de elasticidade e densidade para seis materiais........................... 74

Tabela 3 – Comparação de Resultados Índice de Mérito (IM), Massa (m), Custo


Material e Custo Total para seis materiais ................................................ 79

Tabela 4 – Comparação de Resultados Índice de Mérito (IM), Massa (m), Custo


Material e Custo Total para cinco materiais .............................................. 86
14

LISTA DE SIGLAS

SM Seleção de Materiais
IM Índice de Mérito
SMPF Seleção de Materiais e Processos de Fabricação
CFRP Carbon Fiber Reinforced Plastic (Polímero Reforçado por Fibra de
Carbono).
MIT Massachusetts Institute of Technology (institu
PE Polietileno
PVC Policloreto de Vinila
PP Polipropileno
PS Poliestireno
ASTM American Society for Testing and Materials
MPM Mapa de Propriedades dos Materiais
15

1 INTRODUÇÃO

No conceito de Engenharia de Materiais cabe ao engenheiro de materiais


estudar a estrutura, as propriedades, as aplicações, o processamento e o
desempenho de materiais novos ou já existentes, nas áreas de metais, polímeros,
cerâmicos ou compósitos. Compete também ao engenheiro de materiais atuar na
fase de projeto, de modo a escolher os materiais mais indicados para as aplicações
desejadas, ou seja, a Seleção de Materiais (SM).

Não há produto sem um material para constituí-lo, pode-se afirmar este


conceito analisando que a existência de um produto depende de seu material
constituinte e de um processo de fabricação para dar-lhe forma. A concepção de um
produto, ainda que nas primeiras etapas, em geral, carrega consigo a escolha de um
material e a opção por um processo de fabricação. Os meios utilizados pelo
engenheiro para determinar sua opção de material/processo está intimamente ligado
a sua formação, sua experiência prática e às informações a que tem acesso.

A Seleção de Materiais (SM), portanto, é uma atividade das mais


importantes para o engenheiro de materiais, mas também para profissionais de
outras especialidades tecnológicas. Talvez uma das tarefas mais importantes de
execução que um engenheiro possa ser chamado é a da seleção de materiais em
relação ao projeto de componentes (CALLISTER, 2002), daí a importância dos
métodos e critérios utilizados na escolha de um material para um determinado
projeto. Entretanto, os métodos de Seleção de Materiais e Processos de Fabricação
(SMPF), e seus respectivos sistemas de informação, não vêm sendo utilizados por
designers no Brasil por conta de sua inadequação à atividade de projetos. E os
métodos utilizados para selecionar um material devem ser tão acessíveis quanto os
modelos de projeto de produto, permitindo sua utilização em estágios que vão do
design conceitual ao projeto para manufatura.

Inserido neste contexto, o estudo segue uma linha de pesquisa onde são
estudados os critérios de SM para uso em produtos industriais, isto é, são
apresentados os principais requisitos de seleção e as diferentes situações nas quais
16

exerce-se a SM. Destacando o conceito de Índice de Mérito (IM) e, em especial ao


trabalho pioneiro de Michael F. Ashby que apresenta a utilização de Mapas de
Propriedades de Materiais, que são utilizados e exemplificados através de estudos
de casos. O trabalho envolve entender as propriedades básicas dos materiais e
como essas propriedades podem influenciar em uma escolha bem sucedida.

O foco do trabalho consiste em desenvolver um estudo sobre a Seleção


de Materiais a partir da constatação da importância dos critérios de seleção aliados
ao conceito da ciência da Engenharia de Materiais. Ampliando a visão tradicional
dos métodos utilizados para selecionar um material para novas possibilidades de
escolha através do método atual.

Por fim discute-se a metodologia de formalização dos procedimentos de


Seleção de Materiais através de matrizes de decisão, ilustradas por estudos de
casos resolvidos pelo método de Ashby para consolidar a aplicação dos critéros de
seleção.
17

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Aplicar os Princípios da Ciência dos Materiais na Seleção dos Materiais


comprovando que as atividades de SM podem ser executadas tendo em mente
múltiplos objetivos, cada um necessitando de estratégias específicas.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Tem-se como objetivos específicos desse estudo:

Conhecer o método de SM por análise, incluindo a lógica de utilização


dos Mapas de Propriedades de Materiais propostas por Ashby, e identificar
possíveis dificuldades de entendimento sobre seus conteúdos e apresentação.
Realizar um estudo com intenção de proporcionar entendimento para
estudantes e simpatizantes da área que não tenham nenhum conhecimento anterior
ao assunto, ou apenas o embasamento das propriedades dos materiais.
Demonstrar através dos estudos de caso a aplicação prática da
Metodologia de Ashby no processo de Seleção de Materiais.
18

3 PANORAMA EVOLUTIVO DOS MATERIAIS

Até a década de 60 os materiais em fase de industrialização existiam


em menor número em relação aos da fase de pré-industrialização e
desenvolvimento, a disponibilidade desses materiais no mercado era reduzida,
atualmente o grande número de materiais que se encontravam na fase de
desenvolvimento, estão hoje na fase de industrialização passando por este processo
e disponibilizando atualmente, mais de 50.000 tipos de materiais à disposição de um
profissional de engenharia (ASHBY e JONES, 2005).

A inovação tecnológica aliada a Seleção de Materiais teve um


reconhecimento significativo a partir da implantação de novos materiais, também,
em consequência da perda da importância e procura dos materiais pelo seu nome,
passando então, a dar notoriedade as suas propriedades particulares. Isso não
significa uma questão de ignorância frente ao novo, mas sim a perda da
reconhecibilidade de determinados materiais frente ao desenvolvimento de
maravilhosas combinações resultando em novos materiais.

Durante muitos anos as etapas vividas pelo homem foram nomeadas


pelos materiais que ele usou, como, a idade da pedra, do bronze e do ferro. Ashby
(1999) relata que se eles tivessem vivido hoje, ele teriam acesso ao seu relógio de
titânio, talvez, raquete de tênis com reforço em fibra de carbono, sua mountain bike
com compósitos de matriz metálica, capacete de poliéter-etil-cetona. Portanto, hoje
não vivemos a idade de um material, e sim idade de uma imensa gama de materiais.

Ashby (1999) afirma que a lista de materiais disponíveis para o


engenheiro expandiu-se tão rapidamente que designers que deixaram o colégio há
vinte anos atrás podem ser perdoados por não saberem que metade deles existem.
Com isso a cultura da população sofreu um “dilúvio” de inovações, reconhecendo as
grandes vantagens proporcionadas por descobertas.

Segundo Callister (2002) os materiais estão mais entranhados na nossa


cultura do que a maioria de nós imagina, por isso, vivemos a idade dos materiais
19

avançados, pois o desenvolvimento e o avanço das sociedades estão intimamente


ligados às habilidades em produzir e manipular materiais para satisfazer suas
necessidades.

Esta evolução pode ser observada na Figura 01 que apresenta um mapa


do crescente desenvolvimento dos materiais em função do tempo. Na pré-história (a
Idade da Pedra) eram utilizados cerâmicas e vidros, polímeros naturais e
compósitos, madeira e pedra, ouro e prata. A descoberta do cobre, bronze e ferro
marcou a Idade do Bronze e a Idade do Ferro, o que resultou em enormes avanços,
em substituição a madeira e pedra utilizados na confecção de armas e ferramentas.

DATA
Figura 01: A evolução da Engenharia de Materiais com o tempo. Fonte: ASHBY (1999).

Com a tecnologia do Ferro fundido por volta do ano 1600 estabeleceu-se


a dominância de metais nas áreas de engenharia, bem como a evolução do aço
(1850 em diante), ligas leves (1940) e ligas especiais. Até a década de 1960,
“engenharia materiais” significava “metais” (ASHBY, 1999).

Essa evolução está ligada a usabilidade dos materiais que estão


disponíveis no mercado. Observa-se na Figura 01 que os materiais que
20

conquistaram seu espaço, o conseguiram pela sua proliferação nos produtos


industriais através dos benefícios proporcionados por suas propriedades. Um
exemplo disso é o Titânio, um metal de baixa densidade resistente à corrosão,
projetado para aplicações especializadas, antes era visto como um material caro e
para uso militar, foi descoberto para diversos outros fins, como a aplicação em
próteses humanas, relógios, acessórios para alpinismo, tornando-os mais
resistentes, leves e de custo moderado. Outro material em alta é a Fibra de Carbono
que ao ser combinada com materiais matrizes, resulta num material com
propriedades mecânicas excelentes. Estes materiais compósitos, também
designados por Materiais Plásticos Reforçados por Fibra de Carbono (CFRP -
Carbon Fiber Reinforced Plastic) estão neste momento a assistir a uma demanda e
um desenvolvimento extremamente elevados por parte da indústria aeronáutica, na
fabricação de peças das asas, na indústria das bicicletas na construção de todo o
tipo de peças desde quadros, guiadores, selins, rodas e até mesmo travões de disco
em fibra de carbono e transmissões.

Essa repercussão da evolução de materiais e a substituição de materiais


existentes por novas tecnologias são consolidadas por Ashby (1999) afirmando que
a taxa de desenvolvimento de novas ligas metálicas está lento, a demanda por aço e
ferro fundido, em alguns países está realmente baixa. Os polímeros e compósitos
industriais, por outro lado, estão a crescer rapidamente, e projeções do crescimento
de produção de alto desempenho de cerâmicas também sugerem rápida expansão.

3.1 EVOLUÇÃO DOS PRODUTOS

Se traçarmos uma linha temporal que envolva um produto desde o seu


aparecimento até hoje, deparamo-nos com a sua evolução estética e funcional,
caracterizada pela introdução de novos materiais. Linhas, tendências e até mesmo
cores, promovem todo um visual que nos permite caracterizar esse objeto,
nomeadamente como moderno. Todos os produtos e serviços tem seus ciclos
específicos determinados pelo período que vai do seu lançamento no mercado até
que desapareça, existe uma relação direta entre a evolução de produtos e serviços
21

com as tecnologias utilizadas que refletem diretamente no ciclo de vida das


indústrias (NORI, 2007).

Produtos característicos de agregação tecnológica em materiais são os


provenientes dos meios de transportes, onde as bicicletas demonstraram uma
evolução até os dias atuais. Os veículos de tração muscular já existiam desde o
século IV antes de Cristo. Alguns construtores do Rei Felipe da Macedônia
inventaram as chamadas Heliópolis (Figura 02), poderosas máquinas de guerra
movidas à força muscular pelos que estavam dentro. Na verdade, não se sabe
exatamente a data da invenção da bicicleta e nem seu inventor, entretanto “um fato
que ninguém pode negar é que foi criada e hoje é um dos meios de transportes mais
eficientes do mundo” (PEQUINI, 2000, não paginado).

Figura 02: Heliópolis. Máquina de guerra movida à força muscular. Fonte: PEQUINI (2000)

Por volta do ano de 1791, a bicicleta demonstrou-se um importante meio


de locomoção, no entanto era um veículo grande feito em madeira pesando 40 kg
não tinha freio e só andava em linha reta, chamado celerífero (Figura 03).
22

Figura 03: Celerífero. Significa velocidade, marcha ou cavalo de duas rodas. Fonte: PEQUINI (2000).

Pequini (2000) relata que alguns autores atribuem a invenção do


celerífero ao Conde Sirvac, mais tarde sua invenção foi melhorada devido à
dificuldade de movimentação, seu aperfeiçoamento deu-se a partir da criação da
drasiana (Figura 04) pelo Barão Karl Drais Von Sauerbronn, em 1816, quando ele
acrescentou molas ao assento e ao guidão.

Figura 04: Drasiana do Barão de Von Drois. Primeira pedicleta dirigível que foi criada em madeira.
Fonte: PEQUINI (2000).
23

Ao final do século XIX muitas invenções tecnológicas ocorreram


complementando as bicicletas da época com componentes que até hoje são
utilizados (Figura 05), em consequência fez-se pensar que seria difícil acontecer
mais revoluções no futuro, no entanto, a partir dos grandes centros de pesquisas
cada vez mais são criados materiais mais leves e resistentes tornando as novas
bicicletas ainda mais velozes e confortáveis. O problema está em função da
disponibilidade destes novos materiais no mercado em termo de custo, pois a
excelência dos materiais torna o produto mais caro, sendo que a variação de custo
final de uma bicicleta com tecnologia de ponta fica entre R$ 1.000,00 e R$ 10.000,00
quando não ultrapassa esse valor.

Figura 05: Linha do Tempo. Evolução dos Materiais das Bicicletas. Fonte: SILVA (2001).

Hoje, são inúmeros os materiais utilizados para melhorar a tecnologia de


fabricação das bicicletas, o kevlar pode ser mencionado como um dos materiais
utilizados para produções em série, o mesmo aumenta o poder de absorção de
impactos no selim, promove a redução do peso quando utilizado no lugar do arame
que prende o pneu ao aro. Outro componente da bicicleta, os quadros, são
produzidos em compósitos de alto desempenho com base em alumínio, vanádio,
silício, cobre e magnésio, a fibra de carbono em alguns componentes e ligas
especiais de alumínio.

Cada vez mais as novas tecnologias de fabricação das bicicletas estão


incorporando mudanças em relação a características referentes ao aspecto
aerodinâmico e ergonômico das mesmas, já existem previsões de diversos
24

designers ligados ao aspecto de excelência de material, a visão futurística das


empresas fabricantes de bicicletas envolve além da utilização destes materiais o
investimento em laboratórios para desenvolver tecnologia própria, as Figuras de 06
a 09 mostram as possíveis bicicletas do futuro. O designer Bradford Waugh, lançou
um novo modelo do futuro sem cubos, raios e corrente (Figura 10). As rodas giram
presas por um trilho com rolamentos que suportam todo o peso, e ainda, a roda
traseira é tracionada por uma engrenagem dentada. Não é preciso dizer que para
suportar toda a tração e peso em uma posição fora do eixo, esse trilho é
extremamente resistente e provavelmente caro.

Figura 06: O design da bicicleta do futuro. Figura 07: O design da bicicleta do futuro.
Designer Scott Robertson. Fonte: Designer Scott Robertson. Fonte:
ESTRATÉGIA EMPRESARIAL (2008). ESTRATÉGIA EMPRESARIAL (2008).

Figura 08: O design da bicicleta do futuro. Figura 09: O design da bicicleta do futuro.
Designer Harald Cramer. Fonte: Designer Alex Suvajac. Fonte: ESTRATÉGIA
ESTRATÉGIA EMPRESARIAL (2008). EMPRESARIAL (2008).
25

Figura 10: Modelo de Bradford Waugh. Fonte: ESTRATÉGIA EMPRESARIAL (2008).

As evoluções dos produtos seguem uma tendência de inovação que são:


buscar menor matéria, menor energia e mais informação do produto. Para Ashby et
al. (2000, p. 55):

“Um material é selecionado para um determinado componente porque seu


perfil de propriedade corresponde ao exigido pela aplicação. As aplicações
em que um novo material tem excelência são aquelas nos quais a disputa
entre seu perfil de propriedade e a aplicação é particularmente boa”.

Atualmente a informação encontra-se muito mais explícita nos materiais


atuais, temos hoje uma facilidade de encontrar produtos que no passado eram
agregados de informação e qualidade considerados especiais, hoje se encontram
incorporados em produtos simples, temos como o exemplo o ferro de passar roupa,
unindo sua tarefa principal a aspectos como a temperatura da roupa ou a umidade
como um meio de inovação, desenvolve-se recursos tecnológicos unidos a sua
função a tendência de diminuir custos (Figura 11).

Figura 11: Evolução dos ferros de passar roupa. Fonte: SILVA (2001).
26

Outro segmento que há espaço para novos produtos é o campo das


embalagens, muitos anos se passaram e as marcas estampadas nos invólucros
ainda possuem a mesma função, a apresentação do produto/produtor. O que
mudou, e mudou muito foram os materiais, estes evoluíram e se multiplicaram nas
mais diversas formas e atributos. São utilizados papéis, papelões forrados e
revestidos, vidros, alumínios, flandres e as mais diversas possibilidades de variações
e combinações usando polímeros. Para Caram (2008) “uma embalagem inovadora
pode representar o sucesso de um novo produto, ou mesmo a revitalização de um
produto já existente. Mas, para obter uma embalagem que represente sucesso de
venda é preciso pesquisar, planejar e testar”.

A embalagem deve proteger o conteúdo, facilitar o transporte, melhorar o


aproveitamento e identificar o produto. Uma embalagem de destaque e
tecnologicamente testada para melhor acondicionamento dos alimentos foi a Tetra
Pak, popularmente conhecida entre outras marcas como do tipo Longa Vida passou
por uma transformação em sua estrutura e design, veja a Figura 12.

Figura 12: Evolução das embalagens. Fonte: SILVA (2001).

Com a função de envasar alimento (leites e sucos), molhos de tomate,


maionese, entre outros, é uma embalagem de multicamadas que trás como
27

vantagens a conservação do alimento sem precisar de refrigeração, o papel é


recurso natural renovável, seu peso reduzido facilita o transporte e sua estrutura
(Figura 13) possui seis camadas que formam uma barreira protetora, preservando o
aroma e o sabor dos alimentos por meses a fio.

Figura 13: Camadas da embalagem Longa Vida. Fonte: TETRA PAK.

Todos os materiais utilizados nas embalagens Longa Vida – papel,


plástico e alumínio – podem ser reciclados. Existem esforços impulsionadores do
fabricante no compromisso de reciclagem da embalagem (Figuras 14 e 15), com a
ajuda de uma espécie de liquidificador gigante que hidrata as fibras de papel,
separando-as do plástico e do alumínio, o papel pode ser transformado em caixas
de papelão, papel de impressão, bandeja de ovos, palmilhas de sapato, papel toalha
e papel higiênico, e o plástico e o alumínio em peças plásticas como vassouras,
cestos de lixo, cabides, réguas, canetas, placas e telhas para a construção civil
(TETRA PAK). O desafio é muito grande quando se trata da reciclagem de materiais
compósitos.

Este material tem as seguintes funções na montagem da caixa:

• Polietileno: duas camadas impedem o contato direto do alimento com a


camada de alumínio.
• Alumínio: evita a entrada de luz, perda de aromas e contaminações.
28

• Polietileno: oferece aderência do papel alumínio.


• Papel: garante estrutura à embalagem.
• Polietileno: protege da umidade externa.

Figura 14: Brindes reciclados. Fonte: Figura 15: Cabide Reciclado. Fonte:
TETRA PAK. TETRA PAK.

Portanto, bons projetos dependem de diversos fatores, de informações


precisas sobre materiais e fabricação. A seleção adequada de um material é
fundamental no desenvolvimento do projeto e deve ser exaustivamente discutida e
revisada. Daí a evolução dos materiais e dos produtos devem ter aceitação do
público e o bom desempenho do produto final tem total envolvimento com esta
etapa. A correta especificação do material traz benefícios estéticos, técnicos, de
durabilidade, fabricação e distribuição.
29

4 MATERIAIS DE ENGENHARIA

Selecionar um material adequado é de fundamental importância para o


desenvolvimento de um projeto e a aceitação do público e o bom desempenho do
produto final depende desta etapa. Uma grande dificuldade a ser vencida na SM é
encontrar, agrupadas organizadamente, todas as características importantes em um
material para concepção de um produto. Segundo Morris Cohen (apud PADILHA,
2000, p.13), conceituado cientista de materiais do não menos conceituado
Massachusetts Institute of Technology (MIT), “materiais são substâncias com
propriedades que as tornam úteis na construção de máquinas, estruturas,
dispositivos e produtos. Em outras palavras, os materiais do universo que o homem
utiliza para ‘fazer coisas’”.

Em Callister (2002) há um exemplo da utilização a partir de três tipos de


materiais diferentes na evolução dos recipientes de bebidas (Figura 16), o que
demonstra a aplicação das classes dos materiais para uma mesma finalidade. Os
materiais sólidos tem sido classificados em três principais grupos: materiais
metálicos, cerâmicos e poliméricos. Ainda existem três grupos de materiais
importantes na engenharia, os compósitos, os semicondutores e os biomateriais
(CALLISTER, 2002). Sem deixar de dar importância aos materiais naturais ainda
muito utilizados.

Figura 16: Bebidas são comercializadas em latas – metal (foto superior), garrafas de vidro – cerâmico
(foto central) e garrafas plásticas – polímeros (foto inferior). Fonte: CALLISTER (2002).
30

Os Materiais aos quais submetemos a processos de seleção se subdividem a


cinco classes reconhecidas como: Materiais Metálicos; Materiais Cerâmicos;
Materiais Poliméricos; Materiais Compósitos e Materiais Naturais.

4.1 MATERIAIS METÁLICOS

Os materiais metálicos são normalmente combinações de elementos


metálicos. Ashby e Jones (2007) afirmam que há tantos metais diferentes que seria
impossível lembrar-se de todos eles.

Um metal, assim como qualquer outra substância ou matéria, é formado


por elementos químicos sendo geralmente descrito como um aglomerado de átomos
com caráter metálico em que os elétrons da camada de valência fluem livremente.

Segundo Callister (2002), grande parte das propriedades dos metais é


atribuída diretamente a estes elétrons. Metais e ligas metálicas, como aço, alumínio,
magnésio, zinco, titânio, cobre, níquel, ferro, entre outros, são condutores
extremamente bons de eletricidade e calor. Geralmente, os metais apresentam boa
ductilidade (ou formabilidade) e resistência, daí o seu uso extenso em aplicações
estruturais.

4.1.1 Metais Ferrosos

São as ligas no qual o ferro é o principal constituinte. Elas são


especialmente importantes como materiais de construção de engenharia. Segundo
Callister (2002, p. 247) o seu uso difundido se deve basicamente a três fatores:

1) Compostos contendo ferro existem em quantidade abundante na crosta


terrestre;
31

2) Ferro metálico e aços podem ser produzidos utilizando técnicas


relativamente econômicas de extração, de refino, de adição de elementos
de liga e de fabricação.
3) Essas ligas são extremamente versáteis, no sentido de que elas podem
ser elaboradas sob medida para ter uma larga faixa de propriedades
mecânicas e físicas.

A principal desvantagem de muitas dessas ligas ferrosas é sua


susceptibilidade à corrosão.

4.1.2 Metais Não-Ferrosos

São ligas metálicas nas quais o ferro não é o principal constituinte. Estas
oferecem uma grande variedade de propriedades mecânicas e físicas, temperatura
de fusão, e diferem muito em custo e desempenho. Muito dos processos de
fabricação utilizados nas ligas ferrosas podem também ser usadas para
conformação, corte e união de metais não ferrosos e suas ligas.

4.2 MATERIAIS CERÂMICOS

Esta classe de materiais é caracterizada pela combinação entre os


elementos metálicos e não-metálicos. Destacam-se os óxidos, nitretos e carbonetos.
A esse grupo de materiais também pertencem os argilo-minerais, o cimento e o
vidro.

Produtos cerâmicos tais como tijolos, vidros, refratários e abrasivos,


possuem normalmente baixa condutividade térmica e elétrica, consequentemente,
são muito utilizados como isolantes. Esses materiais são geralmente duros, mas
frágeis (quebradiços). Existem novas técnicas de processamento desenvolvidas
para permitir que estes possam ser utilizados em aplicações que exijam resistência,
32

como rotores e turbinas. Os materiais cerâmicos tem excelente resistência a altas


temperaturas.

4.2.1 Cerâmica Avançada

Estes materiais também são conhecidos como Cerâmicas de Engenharia


devido a sua estrutura proporcionam alta resistência mecânica, baixo peso e alta
resistência à corrosão para aplicação em condições extremas de temperatura e
ambientes corrosivos. Um dos problemas da utilização destes materiais é a
fragilidade, mas novas combinações com fibras de reforço tem aumentado a
ductilidade e tenacidade dos materiais cerâmicos.

4.2.2 Cerâmica Comum

Estes materiais são tipicamente isolantes à passagem de eletricidade e


de calor, e são mais resistentes a altas temperaturas e ambientes rudes do que
metais e polímeros. O comportamento mecânico destaca-se a dureza, entretanto
são muito frágeis. Um exemplo desses materiais é a Argila utilizada em vasos,
tijolos, pisos, artesanatos. Destacam-se também a Magnésia (Óxido de Magnésio)
aplicada em refratários e partes resistentes à corrosão; e a Mulita em revestimentos
de fornos, bolas para moagem, vela de ignição, cadinhos, refratários.

4.2.3 Vidros

Os vidros são um grupo de cerâmicos familiares: recipientes, janelas,


lentes e fibras de vidro representam algumas aplicações típicas. São silicatos não
cristalinos contendo outros óxidos, notavelmente CaO, Na2O, K2O e Al2O3, que
influenciam as propriedades do vidro, neste sentido as composições de vários
33

materiais de vidro podem variar. Os principais predicados destes materiais são sua
transparência ótica e a relativa facilidade com que eles podem ser fabricados.

4.3 MATERIAIS POLIMÉRICOS

Os polímeros são constituídos de macromoléculas orgânicas, sintéticas


ou naturais. Os plásticos e borrachas são exemplos de polímeros sintéticos,
enquanto o couro, a seda, o chifre, o algodão, a lã, a madeira e a borracha natural
são constituídos de macromoléculas orgânicas naturais. Os polímeros tem baixa
condutividade térmica e elétrica, tem baixa resistência, mecânica comparado a
outros materiais utilizados em Engenharia.

4.3.1 Polímeros Termoplásticos

Tipicamente são formados por cadeias lineares com ligações primárias


fortes entre seus átomos e ligadas entre si por forças do tipo Van der Waals. Podem
ser repetidamente conformados mecanicamente desde que reaquecidos. Portanto,
não só a conformação a quente de componentes é possível, mas também a
reutilização de restos de produção, que podem ser reintroduzidos no processo de
fabricação. Devido esse comportamento essas resinas podem ser moldadas por
injeção, por extrusão ou por outras técnicas. Muitos termoplásticos são parcialmente
cristalinos e alguns são totalmente amorfos. Exemplos típicos de termoplásticos são:
polietileno (PE), cloreto de polivinila (PVC), polipropileno (PP) e poliestireno (PS).

4.3.2 Polímeros Termofixos

Formam ligações cruzadas entre as moléculas poliméricas vizinhas, o que


tende a restringir o movimento das cadeias. Essa rede de cadeias tente a degradar-
34

se, ao invés de amolecer, quando exposta ao calor. Como não se fundem, os


termofixos são processados diferentemente dos Termoplásticos, geralmente por
processos de cura (calor, reação química, etc.). São conformáveis plasticamente
apenas em um estágio intermediário de sua fabricação. O produto final é duro e não
amolece mais com o aumento da temperatura. Uma conformação plástica posterior
não é, portanto possível. Não são atualmente recicláveis. Os termofixos são
completamente amorfos, isto é, não apresentam estrutura cristalina. Exemplos
típicos de termofixos são: baquelite, resinas epoxídicas, poliésteres e poliuretanos.

4.3.3 Elastômeros

O termo elastômero vem do inglês (elastomers = elastic polymers) e é


comumente empregado no que se refere a borrachas. Segundo a ASTM, borrachas
ou elastômeros são materiais capazes de recuperar-se, rápida e forçadamente, de
uma grande deformação. São materiais conformáveis plasticamente, que se
alongam elasticamente de maneira acentuada até a temperatura de decomposição e
mantém estas características em baixas temperaturas. Os elastômeros são
estruturalmente similares aos termoplásticos, isto é, eles são parcialmente
cristalinos. Exemplos típicos de elastômeros são: borracha natural, neopreno,
borracha de estireno, borracha de butila e borracha de nitrila.

4.4 MATERIAIS COMPÓSITOS

Os materiais compósitos são materiais projetados de modo a conjugar


características desejáveis de dois ou mais materiais, criando propriedades muitas
vezes vantajosas do que um único material. Concreto e fibra de vidro com resina de
poliéster são típicos exemplos. Com os materiais compósitos é possível obter
produtos com diferentes propriedades, como leveza e ductilidade, bem como
materiais resistentes a altas temperaturas, ao choque, a cortes e a propagação de
35

trincas. Modernos meios de transporte aéreo e veículos espaciais tem se utilizados


de compósitos da de fibra de carbono.

4.5 SEMICONDUTORES

Tem propriedades elétricas intermediárias entre condutores e isolantes.


Além disto, as características elétricas destes materiais são extremamente sensíveis
à presença de pequenas concentrações de impurezas. Os semicondutores tornaram
possível o advento dos circuitos integrados, que revolucionaram as indústrias
eletrônicas e de computadores nas últimas duas décadas. Os semicondutores
podem ser elementos semi-metálicos puros como o silício e o germânio ou
compostos como GaP, GaAs e InSb

4.6 BIOMATERIAIS

É definido como todo material utilizado para substituir – no todo ou em


parte – sistemas biológicos que se encontram doentes ou danificados. Assim,
podemos ter biomateriais metálicos, cerâmicos, poliméricos (sintéticos ou naturais),
compósitos ou biorecobrimentos. Dada às especificidades que os biomateriais
apresentam a tendência é que eles sejam considerados, hoje, uma classe especial
de materiais. Esses materiais não devem produzir substâncias tóxicas e devem ser
compatíveis com os tecidos do corpo (isto é, não devem causar reações biológicas
adversas).

4.7 MATERIAIS NATURAIS

Podem ser considerados materiais naturais, todos utilizados “in natura”.


Entre os materiais naturais destacam-se as fibras, os minerais, as madeiras e outros.
36

Os materiais naturais tem sido muito pesquisados ultimamente como


alternativos para diversas aplicações, isto por serem recicláveis, biodegradáveis e
por apresentarem baixa toxidade.

4.7.1 Fibras

Enquanto em uso, fibras podem ser submetidas a uma variedade de


deformações mecânicas – esticamento, retorcimento, cisalhamento e abrasão –
consequentemente, elas devem ter uma alta resistência à tração (ao longo de uma
relativamente grande faixa de temperatura) e um alto módulo de elasticidade, bem
como boa resistência à abrasão. Por exemplo, polímeros em fibra são capazes de
serem estirados em longos filamentos tendo pelo menos uma razão
comprimento/diâmetro de 100:1. Muitos polímeros em fibras comerciais são
utilizados na indústria têxtil, sendo trançados em forma de tela ou tecido.

4.7.2 Madeiras

Consistem de fibras de celulose fortes e flexíveis circundadas mantidas


juntas por um material mais rígido denominado lignina, pode ser considerada como
um compósito natural. São amplamente utilizadas na construção civil, fabricações de
imóveis, estruturas, etc.

4.7.3 Minerais

Minerais são substâncias sólidas, inorgânicas e homogêneas, que


possuem composição química definida e estrutura atômica característica. Na
natureza, se formam por cristalização, a partir de líquidos magnéticos ou soluções
termais, pela recristalização em estado sólido ou, ainda, como produto de reações
37

químicas entre sólidos e líquidos. A cristalização se dá quando os átomos, íons ou


grupos iônicos, em proporções definidas, são atraídos por forças eletrostáticas e
distribuídos ordenadamente do espaço.

Alguns minerais são amorfos – não tem forma própria – por não
apresentarem estrutura interna definida, Minerais não-amorfos ocorrem como
cristais, que são corpos com forma geométrica, limitados por faces arranjadas de
maneira regular e relacionadas com a orientação de sua estrutura atômica.
38

5 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO

Um dos fatores importante no processo de SM é a multiplicidade de


critérios adotados que isoladamente analisados, levam a alternativas de escolha
bastante simples e lineares. Mas o que acontece na prática é que não se seleciona
um material para um novo produto baseando-se em um único critério de seleção e
sim em um conjunto deles que normalmente são conflitantes, proporcionando alguns
problemas para se obter satisfação simultânea, exigindo assim a necessidade de
procedimentos de interação e otimização.

Segundo Ferrante (2002, p 18), dentre os mais representativos critérios


de seleção, destacam-se dezesseis:

• Considerações dimensionais;
• Considerações de forma;
• Considerações de peso;
• Considerações de resistência mecânica;
• Resistência ao desgaste;
• Conhecimento das variáveis de operação;
• Facilidade de fabricação;
• Requisitos de durabilidade;
• Número de unidades;
• Disponibilidade de material;
• Custo;
• Existência de especificações e códigos;
• Viabilidade de reciclagem;
• Valor de sucata;
• Grau de normalização;
• Tipo de carregamento.
39

5.1 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

O desempenho em serviço de um material é determinado não apenas


pelo material escolhido, mas também pelas modificações advindas do
processamento. Para os critérios de seleção estão diretamente relacionados com as
distintas propriedades dos materiais disponíveis que se classificam basicamente em
propriedades mecânicas, térmicas, físicas e elétricas.

5.1.1 Propriedades Mecânicas

As propriedades mecânicas dos materiais metálicos devem ser


consideradas como uma das questões básicas apresentadas na seleção e
especificação desses materiais.

As propriedades mecânicas estáticas são obtidas comumente do ensaio


de: Tração; Compressão; Dureza; Flexão. As propriedades dinâmicas são
determinadas a partir de ensaios de: Fadiga; Impacto; Fluência.

Dentre os parâmetros determinados nos diferentes ensaios os principais


são os seguintes:

• Ductilidade;
• Dureza;
• Limite de resistência a tração;
• Limite de escoamento;
• Módulo de Elasticidade;
• Resiliência e Tenacidade;
• Resistência à Fadiga;
• Resistência ao Impacto;
• Resistência à Fluência.
40

5.1.1.1 Ductilidade

Essa propriedade, no ensaio de tração, é medida através da deformação


plástica ocorrida no corpo de prova tanto no que se refere a seu comprimento
(alongamento) como a sua secção transversal (estricção). É a quando o material se
deforma até a ruptura.

5.1.1.2 Dureza

A propriedade de dureza expressa apenas uma propriedade superficial do


corpo de prova devido à natureza de sua concepção. É, na realidade, uma medida
de resistência a penetração de uma ponta (esférica, cônica ou piramidal constituída
de material duro) oferecida pelo material do corpo de prova.

Essa propriedade é de particular interesse para:

• Se avaliar a resistência ao desgaste do material (que é uma propriedade


dependente da superfície do corpo);
• Para se medir o grau de endurecimento superficial por tratamento térmico;
• Para estimar aproximadamente a resistência mecânica em geral do
material do corpo de prova na medida em que as características
mecânicas de sua superfície são representativas também das
características de todo o material do corpo.

5.1.1.3 Limite de Resistência à Tração

Essa propriedade é comumente utilizada como índice de resistência


mecânica do material, pois reflete a sua capacidade de suportar cargas, contudo a
sua utilização sobre limitações de três ordens:
41

1) Ela se refere a um valor limite acima do qual já se inicia a instabilidade


lógica que conduz à fratura;
2) Que decorre da primeira é necessário para determinar a tensão de projeto
utilizar um fator de segurança cujo valor é uma questão discutível em face
da confiabilidade desejada;
3) Nem sempre é possível estabelecer uma correlação entre esses
parâmetros e outras propriedades mecânicas exigidas para um
determinado projeto.

5.1.1.4 Limite de Escoamento

É também um parâmetro obtido no ensaio de tração e se constitui numa


propriedade fundamental tanto para o projeto do produto como do processo, pois:

• Indica explicitamente qual é a tensão máxima acima do qual se inicia a


deformação plástica numa solicitação do estado simples de tração;
• No caso de estados complexos de tensão, constitui a constante dos
critérios de resistência;
• Para o (projeto de produto), de forma semelhante, fornece o valor limite
inferior para se iniciar um processo de conformação plástica, quer como
valor diretamente correspondente à tensão limite na solicitação de tração
quer como constante constituinte dos critérios do escoamento
necessários aos estados complexos de tensão existentes nos processos
usuais de laminação, trefilação, forjamento etc.

5.1.1.5 Módulo de Elasticidade

Ainda no ensaio de tração determina-se o módulo de elasticidade que


corresponde à relação entre tensão e deformação no regime elástico. É uma medida
42

da rigidez, pois quanto maior for, menor será a deformação elástica para uma dada
tensão aplicada, e assim se constitui num importante parâmetro para o projeto do
produto.

5.1.1.6 Resiliência e Tenacidade

• Resiliência: é particularmente importante para o projeto de elementos


elásticos, pois corresponde a energia máxima de deformação elástica
(isto é, até uma carga corresponde ao limite de escoamento).
• Tenacidade: é a energia total necessária para provocar a fratura, em
condições de solicitação estática, do corpo de prova; a ela se associa a
resistência ao choque, contudo, de forma aproximada.

5.1.1.7 Resistência à Fadiga

As falhas de componentes metálicos em serviço, na maioria das vezes,


decorrem devido à fadiga provocada pelas solicitações cíclicas. A fratura por fadiga
apresenta características frágeis e é influenciada por diversos fatores como:

• Pontos de concentração de tensões;


• Temperatura;
• Presença de meios corrosivos;
• Tensões residuais e outros que dependem das condições de projeto e de
fabricação da peça e do meio-ambiente.

Os resultados dos ensaios de fadiga realizados em corpo de prova


constituem apenas uma indicação do comportamento em serviço do material desse
corpo que depende também de muitos fatores não representados nos ensaios de
flexão-rotativa, flexão alternada e tração-compressão.
43

5.1.1.8 Resistência ao Impacto

A resistência ao choque, que corresponde a energia do choque mecânico


absorvido pelo corpo para fraturar, é altamente influenciada pelas condições de:

• Temperatura;
• Estado triplo de tensão (causado por presença de entalhes ou mudanças
bruscas de secção no corpo de prova);
• Os ensaios de choque são padronizados nos ensaios Charpy e Izod
comumente utilizados e os resultados dependem das condições dessa
padronização e, em particular, da forma e dimensão dos corpos de prova;
• Os resultados de ensaio apresentam indicações para efeito comparativo
entre materiais, não podendo ser utilizados diretamente como índices de
resistência para projeto ou para a representação real do comportamento
em serviço.

5.1.1.9 Resistência à Fluência

As solicitações mecânicas podem provocar, a partir de uma determinada


temperatura, a deformação plástica em função do tempo, à tensão ou carga
constante. Essa propriedade é fundamental para o projeto de componentes de
máquinas e estruturas que devem operar em temperaturas elevadas.

5.1.2 Propriedades Térmicas

Segundo Callister (2002) a tomada de decisões na SM para componentes


que serão expostos a temperaturas elevadas, a alterações de temperaturas e/ou a
gradientes térmicos exigem que o engenheiro de projetos possua compreensão das
44

respostas térmicas dos materiais. A propriedade térmica é a resposta de um material


à aplicação de calor. Dentre essas propriedades destacam-se:

• Calor Específico;
• Calor Latente de Fusão;
• Condutividade Térmica;
• Expansão Térmica;
• Ponto de Fusão.

5.1.2.1 Calor Específico

É a relação existente entre a capacidade térmica de um material e a


água. O calor específico é a quantidade de calor que temos que fornecer ou retirar
de um grama de uma substância para que varie em um grau centígrado sua
temperatura.

5.1.2.2 Calor Latente de Fusão

A quantidade de calor por unidade de massa, que precisa ser transferida


para que a amostra do material mude completamente de fase é chamada de calor
de transformação ou calor latente. O calor latente de fusão é aplicável quando a
mudança de fase é de sólida para líquida ou vice-versa.

5.1.2.3 Condutividade Térmica

A condução térmica é o fenômeno pelo qual o calor é transportado de


região de alta temperatura para regiões de baixa temperatura em uma substância
45

(CALLISTER, 2002). Condutividade térmica é uma propriedade física dos materiais


que descreve a habilidade desses de conduzir calor.

5.1.2.4 Expansão Térmica

É a expansão produzida na matéria devido à absorção de energia


térmica. Todos os estados da matéria demonstram expansão térmica. A maioria dos
materiais sólidos quando submetidos a aquecimento sofrem expansão e a
resfriamento sofrem contração.

5.1.2.5 Ponto de Fusão

É a temperatura na qual ocorre a mudança do estado sólido para o estado


líquido.

4.1.3 Propriedades Físicas

As propriedades físicas são aquelas que não envolvem qualquer


modificação estrutural a nível molecular dos materiais. Dentre as propriedades
físicas aplicadas ao critério de SM temos: Absorção de Água; Densidade; Índice de
Refração.

5.1.3.1 Absorção de Água

Indica o quanto foi absorvido de água em massa; é a diferença de massa


antes (corpo de prova seco) e depois da imersão em água (corpo de prova úmido),
sendo dado em percentagem.
46

5.1.3.2 Densidade

É a razão entre a massa e o volume, a densidade nos informa se a


substância de que é feito um corpo é mais, ou menos compacta: os corpos que
possuem muita massa em pequeno volume, como os de ouro e de platina,
apresentam grande densidade. Corpos que possuem pequena massa em grande
volume, como os de isopor, cortiça e os gasosos em geral, apresentam pequena
densidade. É uma importante propriedade no contexto de SM para previsão dos
índices de mérito.

5.1.3.3 Índice de Refração

Representado por um valor adimensional que é atribuído a uma


substância (meio), utilizado para calcular o desvio de uma onda ao trocar de meio.
Este índice é basicamente uma relação entre a velocidade da luz no vácuo e sua
velocidade na substância considerada.

5.1.4 Propriedades Elétricas

As propriedades elétricas são importantes na SM ou tomando decisões


durante um projeto de um componente ou de uma estrutura. Dependendo da função
do produto alguns materiais devem ser altamente condutores elétricos e para outros
são exigidas propriedades de isolamento elétrico.

As propriedades elétricas que se destacam na SM são:

• Condutividade Elétrica;
• Resistividade.
• Constante Dielétrica.
47

5.1.4.1 Condutividade Elétrica

É um indicativo da facilidade com que um material é capaz de conduzir


uma corrente elétrica. Podem-se classificar os materiais sólidos de acordo com a
facilidade que eles conduzem uma corrente elétrica, existem três grupos principais:
condutores, semicondutores e isolantes. Os metais são bons condutores; os
materiais com a condutividade muito baixa são bons isolantes elétricos; e os que
apresentam condutividade intermediária são os semicondutores.

5.1.4.2 Resistividade

É o inverso da condutividade, é uma medida da resistência de um


material a corrente elétrica. A resistividade da maioria dos materiais depende
fortemente da temperatura. No caso dos sólidos metálicos a resistividade aumenta
com a elevação de temperatura.

5.1.4.3 Constante Dielétrica

Um material dielétrico é um material que é isolante elétrico (não-metal) e


exibe ou pode ser feito para exibir uma estrutura de dipolo elétrico; ou seja, há uma
separação das entidades eletricamente carregadas positivas e negativas em um
nível molecular ou atômico (CALLISTER, 2002). A constante dielétrica é a relação
entre a quantidade de eletricidade armazenada em presença de um isolante e a
quantidade de eletricidade armazenada na presença de vácuo.

No processo de SM ainda se leva em consideração as propriedades


químicas como oxidação, corrosão, degradação, toxicidade.
48

É fato, portanto, que descrever as propriedades que são levadas em


consideração no momento da escolha do material é de suma importância na tomada
de decisões da SM.

5.2 DISPONIBILIDADE E CUSTO

O preço e a disponibilidade dos materiais são fatores importantes e


muitas vezes decisivos na seleção de materiais para determinado serviço. Ao
selecionar os materiais para um determinado produto acabado, além das exigências
em termos de propriedades, o engenheiro tem que levar em conta o preço e
facilidade do material no mercado.

Por exemplo, na seleção de materiais para a construção civil, o fator


preço é essencial. Diversos materiais apresentam propriedades muito interessantes
para utilização em construção civil, mas têm sua utilização inviabilizada pelo preço.
Por outro lado, na construção de satélites, o preço dos materiais empregados pode
ficar em segundo plano, em comparação com suas propriedades. Em outras
palavras, neste caso, as propriedades dos materiais é que predominam dentre os
critérios de seleção.

A Tabela 1 apresenta o preço de numerosos materiais de engenharia,


classificando os materiais conforme seu custo relativo por unidade de peso. A
análise da Tabela 1 revela vários aspectos importantes. Um deles é que o preço de
um material está relacionado com sua pureza, processamento e características. Os
materiais mais caros – diamante, platina, ouro – estão no topo. Os mais baratos –
ferro fundido, madeira cimento, cimento – estão na parte de baixo. Outro aspecto é
que a cerâmicas avançadas e materiais compósitos reforçados com fibra de carbono
ainda são materiais com preço relativamente elevados. Por outro lado, o aço, o
concreto e a madeira deverão ainda por muito tempo predominar como materiais de
construção.
49

Tabela 1 Preços relativos aproximados por tonelada (continua)

Material Preço relativo US$


Diamante 200 milhões
Platina 5 milhões
Ouro 2 milhões
Prata 150.000
CFPR (mat. 70% do custo; fabr. 30% do custo) 20.000
Cobalto/cermets de carbeto de tungstênio 15.000
Tungstênio 5.000
Ligas de cobalto 7.000
Ligas de titânio 10.000
Ligas de Níquel 20.000
Polimidas 8.000
Carbeto de silício (cerâmica fina) 7.000
Ligas de magnésio 1.000
Náilon 66 1.500
Policarbonato 1.000
Polimetilmetacrilato 700
Magnésia, MgO (cerâmica fina) 3.000
Alumina, Al2O3 (cerâmica fina) 3.000
Aço-ferramenta 500
Polímero reforçado com fibra de vidro – GFPR (mat. 60%
1.000
do custo; fabr. 40% do custo)
Aços inoxidáveis 600
Cobre, usinado (chapas finas, tubos, barras) 400
Cobre, lingotes 400
Ligas de alumínio, usinadas (chapas finas, barras) 400
Lingotes de alumínio 300
Latão, usinado (chapas finas, tubos, barras) 400
Latão, lingotes 400
Epóxi 1.000
50

Tabela 1 (conclusão)

Material Preço relativo US$


Poliéster 500
Vidro 400
Polímeros espumosos 1.000
Zinco, usinado (chapas finas, tubos, barras) 400
Zinco, lingotes 350
Chumbo, usinado (chapas finas, tubos, barras) 250
Chumbo, lingotes 200
Borracha natural 300
Polipropileno (PP) 200
Polietileno (PE), alta densidade 200
Poliestireno (PS) 250
Madeiras duras 250
Polietileno (PEDB), baixa densidade 200
Cloreto de Polivinila ou polivinilcloreto (PVC) 300

Compensado 200

Aços de baixa liga 130

Aço doce, usinado (cantoneiras, chapa, barras) 100

Ferro fundido 90

Ferro, lingotes 70

Madeiras macias 70

Concreto, armado (vigas, colunas, lajes) 50

Óleo combustível 50

Cimento 20

Carvão 20
Fonte: ASHBY & JONES (2005).

Entre disponibilidades de materiais, que podem tomar forma por um


grande número de processos de fabricação, gerando inúmeras combinações de
51

propriedades, tem-se a indicação da melhor aplicação para tal material. Realizando


o caminho inverso, a partir de uma determinada aplicação desejada – um produto –
que demanda certo conjunto de propriedades possíveis através de determinadas
estruturas obtidas por determinado processamento, faz-se necessária uma
sistemática de atuação que permita mergulhar nesta vasta possibilidade de
combinações, extraindo daí um candidato vencedor, que cumpre com maior
eficiência possível os requisitos da aplicação. Ao conjunto destas sistemáticas tem-
se a aplicação da Seleção de Materiais, daí a importância ao se selecionar um
material analisar sua disponibilidade no mercado envolvendo o custo.

Tomasi & Botta (1991) posicionam a aplicação dos materiais sobre a


tríade Estrutura - Propriedades - Processamento, indicando o escopo de ação da
Seleção de Materiais (Figura 17). É interessante para o Engenheiro de Materiais
procurar entre os materiais existentes aquele mais adequado, através de sucessivas
etapas de eliminação, de modo a não ignorar possibilidades anteriormente não
reconhecidas pela experiência e percepção do projetista (FERRANTE, 2002) –
durante o projeto de produtos.

Figura 17: Relação entre Estrutura, Propriedades, Processamento e Aplicação de Materiais. Fonte:
TOMASI & BOTTA (1991).

Todo material pode ter uma determinada propriedade especialmente


atrativa. Entretanto possui uma dada combinação de propriedades, que deve ser
52

tomada em conta do processo de seleção, devido à disponibilidade. Determinados


tipos de materiais apresentam combinações mais ou menos típicas, por exemplo,
numa generalização grosseira, e por certo determinada por exceções:

• Metais: resistentes, rígidos, tenazes, condutores elétricos e térmicos.


• Plásticos: pouco resistentes, duráveis, flexíveis, sensíveis à temperatura,
isolantes elétricos.
• Cerâmicos: resistentes, frágeis, duráveis, refratários, isolantes elétricos, e
apresentam baixa condutividade térmica.

Os materiais mais utilizados ainda são o aço, o betão e a madeira,


suplementados por uma gama crescente de outros: metais como o cobre, alumínio,
zinco, magnésio e titânio; plásticos (termoplásticos e termofixos); cerâmicos; e
compósitos (principalmente utilizando resinas, mas progressivamente também
matrizes metálicas e cerâmicas). Entre os critérios de seleção que progressivamente
tem se desenvolvido, contam-se os que avaliam as possíveis agressões ao
ambiente resultante da fabricação ou utilização dos materiais.
53

6 RECURSOS DE SELEÇÃO

No processo de SM o responsável pelo projeto se depara com um grande


desafio que irá determinar os fatores de sucesso e de inovação para seu novo
produto. Um dos problemas de destaque no uso de materiais é selecionar o material
adequado dentre os milhares que estão disponíveis. Existem diversos critérios com
base nas quais uma decisão final é atingida.

Em primeiro lugar, as condições de serviço devem ser caracterizadas,


pois elas determinarão as propriedades requeridas do material. Só em casos raros
um material apresenta a uma combinação de propriedades máxima ou ideal. Assim,
no processo de SM faz-se um compromisso de combinar uma característica com
outra. Um exemplo em destaque envolve resistência e ductilidade, normalmente um
material tendo resistência elevada apresentará uma ductilidade limitada. Uma
segunda consideração a ser levantada no processo de seleção é qualquer
deterioração das propriedades dos materiais que possam ocorrer em serviço. Por
exemplo, reduções significativas na resistência mecânica podem resultar da
exposição a altas temperaturas ou ambientes corrosivos. Finalmente, a
consideração prevalecente é aquela econômica: qual será o custo do produto
acabado? Muitas vezes um produto apresenta o conjunto ideal de propriedades,
mas é excessivamente caro. O custo de uma peça inclui além do preço dos
materiais, as despesas havidas durante a fabricação.

A partir das avaliações tradicionais da escolha de um material, a SM a


partir de desenvolvimento tecnológico tem contribuído para indicar as direções dos
vetores tecnológicos e econômicos dos projetos. O moderno conceito de SM é a
necessidade de substituir o material empregado na fabricação de um produto, por
outro que atenda a novas exigências de projeto ou da sociedade.

Na proposta de atender estas demandas o engenheiro deve colocar em


prática mecanismos que permitam prever a eficácia e a durabilidade das soluções
encontradas para a fabricação de um determinado produto. Isto exige o
desenvolvimento de parâmetros específicos que permitam quantificar e escolher um
54

determinado material para a fabricação de um produto que permita ao projetista


conhecer, de maneira rápida todo o universo de materiais que podem atender à sua
demanda e escolher dentro deste universo aquele que melhor se adéqua à solução
buscada.

As metodologias de Seleção de Materiais e Processos de Fabricação


evoluíram a partir do empirismo e da busca desordenada de dados em “handbooks”
e folhas de dados para uma atividade sistematizada e, sobretudo, científica.
Segundo Ferrante (2002), para a adequada seleção de um material ou processo
frente a outro, pode-se, tomar como ponto de partida a função do material,
passando-se pelos requisitos de projeto, condições de serviço e ambientais, e
chegando a propostas alternativas de diferentes materiais e processos que atendem
aos fatores condicionantes estabelecidos.

Na busca de ferramentas que facilitem o processo de SM o projetista


necessita investigar bancos de dados, o conceito importante neste caso é o Índice
de Mérito (ou de desempenho) que rege a aplicação buscada, e também os mapas
de propriedades que permitem a observação da situação de cada classe de
materiais ou cada material dentro de uma classe com respeito às suas necessidades
específicas.

6.1 ÍNDICE DE MÉRITO

Os Índices de Mérito (IMs), também conhecidos como figuras de mérito ou


índices de desempenho, são fórmulas algébricas que combinam propriedades dos
materiais e que, quando maximizadas, aperfeiçoam algum aspecto de desempenho.

Sua fórmula algébrica expressa um compromisso entre duas


características ou propriedades. Em sua forma mais simples um IM é geralmente
uma fração, tendo no numerador a propriedade que se quer maximizar e no
denominador a que se deseja minimizar.
55

Para se deduzir o IM devem ser seguidas algumas etapas:

• Estabelecimento da função do produto ou componente: normalmente


realizada por simples inspeção do objeto.
• Estabelecimento do objetivo principal: expressa o requisito imposto
àquela etapa de seleção.
• Identificação da restrição: identificada com o desempenho e com a
propriedade que o controla, no contexto do objetivo desejado.

6.1.1 Analisando um Estudo de Caso

Considerando o caso do projeto de um tirante que deve resistir a uma


força de tração sem falhar por escoamento plástico, e que seja leve representado
pela Figura 18.

Figura 18: Representação de um tirante submetido à um carregamento de tração de uma força F; Ao


é a área da seção transversal resistente do tirante. Fonte: ASHBY; CHERCLIF; CEBON (2007).
56

Como o IM é uma fórmula algébrica a partir da fórmula da densidade que


é a razão entre massa (m) e volume (V) isolando a massa (m) e considerando o
volume igual o produto da área pelo comprimento obtem-se:

m =Ao.L.ρ (6.1)

• Ao é a área da seção transversal do tirante;


• L o comprimento do tirante;
• ρ a densidade do material do qual ele é feito.

O comprimento L do tirante e a carga F são especificados pelo projeto e


não podem ser modificados. O raio do tirante r é livre e vai determinar a seção
resistente do tirante. A seção deve ser suficiente para suportar a carga F de modo
que

F = σf . (6.2)
Ao Sf

Onde σf é a tensão de falha do material (resistência), e Sf, o fator de


segurança.

Eliminando Ao das equações (6.1) e (6.2) chega-se a equação abaixo, o


lado direito tem um primeiro grupo de variáveis que caracterizam os parâmetros (os
requerimentos) funcionais do projeto; um segundo grupo de parâmetros especifica a
geometria do projeto; o terceiro grupo de parâmetros define as propriedades do
material.

m = (Sf.F).(L).(ρ/σf) (6.3)

A melhor solução para o projeto de um tirante leve é aquela que propõe


um material com menor valor de (ρ/σf). O IM é exatamente o inverso dessa razão,
assim, aquele que possui o máximo valor de IM é um material que possui alto nível
de desempenho.
57

6.2 MAPAS DE PROPRIEDADES DE MATERIAIS

Já foi dito que existe um grande número de materiais à disposição do


projetista – entre metais, cerâmicas e polímeros. Para cada um desses há uma vasta
gama de propriedades, o que torna quase intratável a questão de coleta e
comparação de dados para o projeto de engenharia. Até pouco tempo, as
propriedades dos materiais eram encontradas apenas em handbooks, em listas
elaboradas pelos próprios fabricantes ou em publicações de laboratórios de
pesquisa. Hoje, a internet tornou-se um eficiente veículo de transmissão de
informações, dispondo inclusive de capacidade de cálculo para selecionar o material
adequado desde que sejam supridos os requisitos de seleção. Para Ferrante (2002,
p. 50):

“A essência desse conceito de Seleção de Materiais encontra-se nos Mapas


de Propriedades desenvolvidos por M. F. Ashby. Eles procuram agrupar
todas as famílias de materiais em gráficos cujas coordenadas compõe,
sempre que possível, índices de mérito utilizados em cálculos de
dimensionamento e seleção”.

A compilação e ordenamento das propriedades dos materiais são objeto


dos Bancos de Dados, que podem ter maior ou menor complexidade, indo de
simples tabelas até sistemas de busca computadorizada. A representação gráfica é
particularmente interessante, pois em um sistema de coordenadas ortogonais os
eixos X e Y podem ser identificados com propriedades, criando-se os assim
denominados Mapas das Propriedades dos Materiais (MPM) que permitem
comparar diretamente um grande número de materiais através de seus respectivos
IM.

Essa representação foi desenvolvida por M. F. Ashby na Cambridge


University (ASHBY, 1999) e deram origem a uma empresa focada em métodos e
produtos para SM. O conceito fundamental dos MPM é que os pares de
propriedades sempre correspondem aos componentes de um IM, que por sua vez
são integráveis nos mapas.
58

O exemplo a seguir mostra um Mapa de Propriedades (Figura 19), ele é o


mapa de módulo de Young versus densidade; pode ser utilizado em processos de
seleção objetivando minimização de massa em projetos regidos por elasticidade, em
casos de SM em projeto limitado por deformação elástica.

Figura 19: Mapa de Propriedades dos Materiais relacionando módulo de Elasticidade (módulo de
Young - E) em função da densidade do material (ρ). Fonte: ASHBY; CHERCLIF; CEBON (2007).

A partir da aplicação do tirante leve, o mapa de propriedades de interesse


é gerado em um espaço limite de escoamento (σf) versus densidade (ρ), chega-se a
esta conclusão a partir do cálculo do Índice de Mérito. Como demonstrado na Figura
20.

O agrupamento de todas as famílias nos MPM exige o uso de escalas


logarítmicas, o que naturalmente implica perda de definição, compensada, porém,
pelo ganho em amplitude. A Figura 20 exemplifica o conceito dos mapas de
propriedades para o caso particular da resistência mecânica. Pois, um importante IM
59

no conceito da seleção de materiais é a relação resistência/peso. Deste modo,


analisando o mapa, sua adoção como critério permite comparar situações em
termos do peso da estrutura ou componente, característica importante nos campos
automotivo e aeroespacial.

Figura 20: Mapa de Propriedades dos Materiais relacionando Resistência (σf) em função da
densidade do material (ρ). Fonte: ASHBY (1999).

No estudo de caso do tirante a comparação direta de materiais em termos


do IM “resistência/peso” o mapa é construído em torno de uma série de informações
definidas segundo Ferrante (2002, p. 51):

• O intervalo de densidades vai de 0,3 a 15 mg/m3. Valores inferiores a 1


estão associados a materiais que exibem vazios ou porosidades, como
madeiras leves, espumas e cortiça.
60

• O intervalo de resistência vai de 1 a 10.000 MPa. A resistência mecânica


não tem o mesmo significado para todas as famílias de materiais, sendo
também medida por técnicas diferentes.
• Os maiores valores de resistência mecânica são exibidos pelas cerâmicas
de engenharia.
• A cerâmica, tanto as de engenharia como as convencionais, têm alta
resistência mecânica, mas o grau de incerteza de seus valores aconselha
circundar essas famílias com linhas pontilhadas.
• Os compósitos de engenharia caracterizam-se por resistência mecânica
de aproximadamente uma ordem de grandeza maior que as suas
matrizes de correspondentes antes do reforço. Isso explica as inúmeras
pesquisas voltadas ao desenvolvimento daqueles materiais.

Analisando o mapa, além de listar um grande número de materiais em


termos de resistência/densidade, a Figura 20 mostra os meios de proceder às
escolhas segundo critério de peso mínimo. O IM tem valores específicos que
dependem da geometria do elemento ao qual a carga é a aplicada e ao modo de
aplicação desta:

σ/ρ: índice de mérito para barra de tração;


σ2/3/ρ: índice de mérito para barra em flexão;
σ1/2/ρ: índice de mérito para placa em flexão.

Os IM são representados por linhas retas superpostas ao gráfico, tem-se:


σ/ρ = C; σ2/3/ρ = C; σ1/2/ρ = C. Onde C é uma constante cujo valor aumenta à medida
que as linhas são deslocadas para cima e para esquerda (FERRANTE, 2002). Deste
modo, todos os materiais que estiverem acima e à esquerda de uma determinada
linha terão IM (desempenho) mais favoráveis do que os materiais localizados ao
longo da linha. Os que se encontram localizados na mesma linha tem IM
equivalentes.

Os gráficos resumem as propriedades dos materiais, cada área dos


mapas tem espaços ocupados por cada classe de material. Que podem ser
utilizados de duas maneiras:
61

1) para obter valores aproximados de propriedades materiais;


2) para selecionar materiais que tenham perfis prescritos.

Portanto o processo de escolha dos mapas pode ser usado como uma
fonte de dados, ou seja, é uma importante ferramenta seleção. A melhor maneira de
resolver problemas na seleção é trabalhar diretamente sobre os mapas. Há uma
permissão para copiar os mapas para esta finalidade (ASHBY, 1999). Não é
possível utilizar os mapas de propriedades em todas as combinações em um caso
de seleção, entretanto, os mapas desenvolvidos por Ashby apresentam os materiais
mais comumente utilizados.

Por isso é importante que se conheça as propriedades dos materiais, um


exemplo é o mapa da Figura 21, que relaciona resistência em função da
temperatura.

Figura 21: Mapa de Propriedades dos Materiais relacionando Resistência a Temperatura σf (T) em
função da Temperatura (T). Fonte: ASHBY (1999).
62

O mapa determina a relação que os materiais tendem a mostrar uma


resistência que é quase independente da temperatura até uma determinada
temperatura (o início), acima de uma determinada temperatura a resistência tende a
diminuir, muitas vezes de maneira acentuada. Este gráfico dá uma visão geral de
resistência à alta temperatura, dando uma orientação na escolha.
63

7 ESTUDO DE CASOS

O presente trabalho decorre da importância da Seleção dos Materiais no


projeto de produtos como um fator tecnológico para a inovação e minimização de
falhas de projetos. Assim, a investigação dos fatores importantes para a
determinação dos seus requisitos ou objetivos torna-se primordial para se
estabelecer uma seleção adequada na proposta do desenvolvimento do projeto. Em
função do grande número de diferentes materiais existentes, este processo
apresenta-se de forma complexa. Desse modo, a investigação realizada, sobre os
diferentes meios de interpretação dos materiais, direcionou a pesquisa à abordagem
do estudo de casos referenciando um sistema de seleção de materiais, onde a
inclusão das variáveis subjetivas no processo vem determinar vantagens,
estimulando a percepção tátil e visual do projetista. Segundo Callister (2002, p. 500):

“Uma técnica particularmente efetiva para ensinar os princípios da execução


de um projeto consiste no método do estudo de casos. Com essa técnica,
as soluções para problemas de engenharia da vida real são analisadas
cuidadosamente, em detalhes, de modo que o aluno possa observar os
procedimentos e o raciocínio que estão envolvidos no processo de tomada
de decisões”.

Serão discutidos dois estudos os quais exigem a adoção dos princípios


que foram introduzidos no desenvolvimento do estudo. Os dois estudos de caso
envolvem materiais que são utilizados para os seguintes fins:

1) revestimento do suporte de cabide;


2) alavanca de um saca-rolha;

7.1 METODOLOGIA

Para realização do estudo de casos utiliza-se a metodologia de mapas de


seleção de materiais, pretende-se mostrar a utilização desta ferramenta de seleção
64

de materiais no pré-projeto, na substituição de materiais em projetos já existentes,


visando sempre um melhor desempenho. Além disso, o estudo de casos tem como
estratégia proporcionar uma ampla visão sobre o processo de seleção de materiais
através da prática dirigida utilizando os recursos e critérios de SM. As etapas do
projeto consistem em:

• Definição do Problema: um projeto não tem início sem um problema,


sem uma necessidade a ser preenchida. Para entender melhor como
funciona o método de seleção, primeiramente, deve-se identificar qual o
objetivo que este deve cumprir e quais são as propriedades restritivas do
material desejado.
• Descrição do Produto: a descrição do produto é a etapa onde se define
a função, os requisitos que o produto deve atingir, o objetivo da seleção,
as restrições do projeto e o desenho da peça com suas dimensões.
• Critérios de Seleção: nesta etapa são definidas as características do
material que será utilizado na fabricação do produto; ainda nesta fase é
definido o modelamento de esforços, ou seja, a demonstração do
problema que deseja minimizar.
• Cálculos e desenvolvimento: os cálculos na seleção de materiais
dependem do objetivo do projeto, nos casos apresentados é desenvolvida
a equação a massa do material; em seguida determina-se o momento de
inércia que depende da seção transversal que sofre o esforço mecânico,
o momento de inércia pode ser encontrado em base de dados ou em
livros de resistência dos materiais; a parir da equação da massa
determina-se a variável livre de acordo com o projeto, a variável livre é a
grandeza que pode variar nos cálculos do projeto, essa variação ocorre
de acordo com o material; a ultima fase da etapa de cálculos é a equação
que determina a minimização do problema, no caso 1 do suporte do
cabide, por exemplo, utiliza-se a equação da deflexão, que também são
encontradas em base de dados acompanhadas de um sistema que
demonstra o esforço sofrido pelo equipamento.
• Determinação do Índice de Mérito: Como dito anteriormente, um
conceito dos mais importantes em Seleção de Materiais é o de Índices de
65

Mérito, que é uma fórmula algébrica que expressa uma relação entre
duas características ou propriedades. Em sua forma mais simples um IM
é geralmente uma fração, tendo no numerador a propriedade que se quer
maximizar e no denominador a que se deseja minimizar. O índice de
mérito é obtido a partir da relação entre a equação da variável livre e a
equação de minimização do problema, isto de acordo com o projeto que
está se desenvolvendo.
• Verificação dos Mapas de Propriedades dos Materiais: A base das
informações é o projeto de Ashby (1999) que organizou os materiais
através de grupos de propriedades que são os principais requisitos de
escolha dos materiais nos projetos mecânicos. Os seus MPMs mostram
claramente quais materiais satisfazem da melhor maneira os vários
grupos de propriedades. A partir do Índice de Mérito encontrado procura-
se o MPM que tem a relação das grandezas do IM, desta maneira cria-se
uma ferramenta de grande utilidade, e através das linhas retas e paralelas
temos um índice de desempenho.
• Análise do Mapa e Seleção dos Materiais: depois de obtido o MPM, faz-
se a análise dos materiais a serem selecionados; o primeiro passo é
identificar no mapa a linha correspondente ao IM; em seguida verifica-se
o material tomado como base para o caso de produtos já existentes, ou
seleciona-se um material que poderá ser utilizado na fabricação de um
produto novo, selecionando o material faz-se uma linha sobre o material,
paralela a linha ao IM; todos os materiais que estão localizados na linha
do material base irão apresentar um desempenho semelhante, os
materiais localizados acima da linha irão apresentar índices de
desempenho mais altos, enquanto aqueles que estão localizados abaixo
dessa linha irão exibir desempenhos inferiores. Fica a critério do projetista
fazer a seleção dos materiais que apresentam bom IM, a partir dos
materiais disponíveis no MPM e em relação ao que responde os critérios
do projeto.
66

7.2 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

A seleção do material mais apropriado para determinada aplicação em um


projeto de engenharia entre duas ou mais alternativas com base em dois ou mais
critérios (propriedades, custos e etc.) é um problema de multi-critério de processo de
decisão. Os valores das propriedades dos materiais são muitas vezes descritos
qualitativamente ou medidos imprecisamente, sendo fornecidos em intervalos. Estes
valores qualitativos e a importância de uma determinada propriedade são
geralmente descritos de uma maneira lingüística. Por exemplo, o material apresenta
uma “alta” resistência à corrosão, ou o material é de “baixo” custo.

Esta falta de precisão no processo de seleção dos materiais recomenda a


utilização da teoria de Ashby no processo de decisão. Após as etapas de
metodologia, parte-se para etapa de decisão que é realizada do seguinte modo:

• Realizam-se os cálculos com as grandezas correspondentes a cada


material pré-selecionado, pode envolver, por exemplo, a massa, assim
será obtida a quantidade de material envolvido em cada projeto, nos
estudos de casos realizados esta etapa será melhor visualizada, além
disso faz-se o cálculo do índice de mérito;
• Com todos os cálculos finalizados monta-se uma tabela de decisão para
selecionar materiais onde cada propriedade ou índice de mérito foi
ponderada pela classificação dos materiais baseada na alternativa mais
próxima da ideal positiva e a mais afastada da ideal negativa;
• Analisando a tabela de decisão tem-se como critério principal o IM, que é
o valor da relação entre propriedades que determina o material mais
adequado para a necessidade do produto, deste modo quanto maior o
índice de mérito, melhor o potencial do material; o segundo critério
analisado é a quantidade (massa) do material, pois quanto menos
material envolvido maior a economia, critério este que está ligado ao
custo, que é outro tópico abordado na tabela de decisão. Se necessário,
há a possibilidade de realizar novas análises baseadas em outras
propriedades restritivas o que filtrará ainda mais os possíveis materiais.
67

7.3 REVESTIMENTO DO SUPORTE DE CABIDE

Neste estudo de caso são apresentados os requisitos de seleção do


material para o tubo de revestimento da base do cabide de roupa. O cabide de roupa
é um objeto de suporte de peso, os materiais mais utilizados para fabricação do
cabide são: arame de aço, madeira e polímero (acrílico e polipropileno).

7.3.1 Descrição do Problema

Através de observações foi detectada uma notória deformação da base do


cabide, por ser a região que suporta a maior carga. Devido essa deformação
existem no mercado alguns modelos de cabides com revestimento (Figura 22), e
também com o objetivo de evitar danos às roupas. O material utilizado para esse
revestimento é o papelão devido à facilidade de fabricação, disponibilidade e custo
reduzido, entretanto, o material deve apresentar propriedades que garantam sua
integridade, tenham boa aparência, prevenção de degradação, além da capacidade
de carga. Devido estes fatores o objetivo deste projeto é analisar a seleção de novos
materiais e dimensionar um raio para o revestimento que suporte a carga.

Figura 22: Cabides de Arame de Aço com acabamento em Banho de Zinco Bicromatizado com Tubo
de Papelão adesivado. Fonte: CABILAVE.
68

7.3.2 Descrição do Produto

• Função: Acessório utilizado como suporte para pendurar roupas.


• Requisitos: Tem que ser resistente, leve e de baixo custo.
• Objetivo de seleção: Dimensionar um raio para a base que suporte o peso
sem sofrer deflexão.
• Restrições: Não pode sofrer deflexão.
Não pode sofrer ruptura.
• Desenho da peça:

D dI: 0,60 cm

Comprimento L = 38 cm

Figura 23: Imagem do cabide e do revestimento projetado no programa AUTOCAD com dimensões
especificadas.

7.3.3 Critérios de Seleção

O critério estabelecido para o revestimento da base do cabide estende-se


a seleção de materiais leves, resistentes e de baixo custo.
69

Para produção do suporte considera-se o comprimento da base L de 38


centímetros, o raio interno corresponde a um tamanho de 0,30 centímetros (bitola do
arame r=0,25 cm), enquanto o raio externo do revestimento R pode ser variado de
acordo com os cálculos realizados e o material de fabricação. A carga a ser
suportada corresponde a 5 quilogramas de roupa por cabide, equivalente a uma
força F de 50 N e a deformação ( δ ) de 1 centímetro.

Uma expressão foi desenvolvida para o cálculo desse raio R, e para a


massa de material que é exigida em termos do objetivo do projeto. A partir dessas
expressões determina-se o Índice de Mérito. Usando esses parâmetros, é possível
avaliar o desempenho, ou seja, maximizar a resistência da base de suporte de peso
em relação à sua massa e, além disso, em relação ao custo do material.

a) Modelamento de Esforços

F, δ

Figura 24: Modelamento de esforços sofrido pela base do cabide.

7.3.4 Cálculos e desenvolvimento

a) Equação para massa

A massa suporte é calculada a partir da fórmula da densidade, desta


maneira tem-se:
70

m = ρ ×V (7.1)

Como o volume do tubo vazado é:

V = π (R 2 − r 2 ) × L (7.2)

Substituindo a equação (7.1) em (7.2):

(
m = ρ ×π R2 − r2 × L) (7.3)

Sendo m a massa total do tubo, ρ a densidade dos materiais selecionados para


fabricação do produto, R o raio variável, r o raio fixo de 0,30 cm, L o comprimento do
tubo de revestimento de 38 cm.

b) Momento de Inércia para o tubo vazado

Consultando base de dados em Ashby (1999, p. 64), o momento de


inércia para seção circular vazada, tem-se:

π (D4 − d 4 ) (7.4)
I=
64

Logo, em função do raio a equação é:

π (R4 − r 4 ) (7.5)
I=
4
71

c) Equação para deflexão

Em Ashby (1999, p. 381), a equação da deflexão de acordo com os


esforços representados pela Figura 24 é:

FL3
δ= (7.6)
48 EI

fazendo a relação com a equação (7.5), logo, a equação da deflexão é:

FL3
δ= (7.7)
12 Eπ ( R 4 − r 4 )

d) Determinação da variável livre

Determina-se o raio R como variável livre, pois o raio r é fixo que


corresponde ao tamanho de r = 0,30 cm, com 0,05 cm de folga em relação bitola do
arame do cabide (diâmetro do arame é de 0,50 cm).

e) Determinação do Índice de Mérito

Para obtenção do IM, faz-se uma relação entre as equações da massa


(7.3) e a equação da deflexão (7.7). A partir da equação da massa, encontra-se a
função em relação à diferença dos quadrados dos raios:

(R 2
)
− r2 =
m
ρπL
(7.8)

como,

(R 4
) ( ) (
− r 4 = R2 + r 2 × R2 − r 2 ) (7.9)
72

substituindo (7.8) e (7.9) na equação da deflexão (7.7):

FL3
δ=
(
12 Eπ ( R 2 + r 2 ) R 2 − r 2 )

FL3
δ=
(
12 Eπ R 2 + r 2 ) ρπmL

FL4 ρ
m=
(
12 Eδ R 2 + r 2 )

logo,

FL4 ρ
m= 2   (7.10)
(
12δ R + r  E 
2
)

O Índice de Mérito é:

E (7.11)
IM =  
ρ

7.3.5 Verificação no Mapa de Propriedades de Materiais

Para seleção do material de revestimento do cabide as propriedades do


papelão são tomadas como base para análise e seleção dos outros materiais, pois é
o material mais utilizado na fabricação do tubo. Como a densidade do papelão é de
0,5 g/cm3 e o módulo de elasticidade está entre 0,70 GPa e 1 GPa, tem-se o índice
de mérito correspondente a este material representado pelo ponto azul no mapa da
Figura 24. A linha vermelha corresponde ao IM, e a linha verde paralela a linha
verde está no ponto do material base (papelão).
73

Figura 25: Mapa de Propriedades dos Materiais relacionando módulo de Elasticidade (módulo de
Young - E) em função da densidade do material (ρ). Fonte: ASHBY (1999).

7.3.6 Análise do Mapa e Seleção dos Materiais

Após verificar o mapa que dispõe as propriedades analisadas segundo o


IM, através da ferramenta algumas possíveis escolhas são:

1) Papelão
2) Liga de Alumínio
3) Aço Inox
4) Policloreto de Vinila (PVC)
5) Polipropileno (PP)
6) Madeira (Carvalho Vermelho)
74

Após as possíveis escolhas são realizados os cálculos da variável livre R


e da massa para cada material selecionado (os cálculos estão dispostos no tópico
Resultados e Discussões). Utilizando a equação (7.3) e a equação (7.7) realizam-se
os cálculos da massa e da variável livre.

Para o cálculo da massa e do raio devem-se adotar os valores da


densidade dos materiais e seus respectivos módulos de elasticidade, que podem ser
encontrados em base de dados de engenharia

Lembrando que L = 0,38 m, δ = 0,01 m, F = 50 N, r = 0,003 m.

Tabela 2: Módulo de elasticidade e densidade para seis materiais

Material Módulo de Elasticidade Densidade


Papelão 0,7x109 Pa 0,5 g/cm3
Liga de Alumínio 70x109 Pa 2,71 g/cm3
Aço Inox 210x109 Pa 8,9 g/cm3
PVC 4,14x109 Pa 1,58 g/cm3
PP 1,55x109 Pa 0,905 g/cm3
Madeira 11x109 Pa 0,61 g/cm3
Fonte: CALLISTER 2002.

A Tabela 2 dispõe as propriedades de módulo de elasticidade e


densidade dos materiais pré-selecionados, que são as propriedades que o IM
forneceu para esta seleção, e estão dispostas no mapa.

7.3.7 Resultados e Discussões

Para entender o objetivo de pré-selecionar os materiais, é necessário a


realização dos cálculos da variável livre, da massa utilizada para confecção do
produto e o IM de cada material, que servirá como o indicador de desempenho dos
seis materiais citados.
75

1) Papelão

Cálculo do raio R:

1/ 4
 50 × 0,38 3 
R=
 + 0,03 4 
 12 × 0,7 × 10 × π × 0,01
9

R = 1,34cm

Cálculo da massa:

(
m = ρ × π R2 − r 2 × L )
( )
m = 0,5 × π 1,34 2 − 0,30 2 × 38

m = 101,80 gramas

Índice de Mérito:
0,7 × 10 9
IM =
500

IM = 1,4 x10 6

2) Liga de Alumínio

Cálculo do raio R:

1/ 4
 50 × 0,38 3 
R =  + 0,03 4 
 12 × 70 × 10 × π × 0,01
9

R = 0,36cm
76

Cálculo da massa:

( )
m = ρ ×π R2 − r 2 × L

( )
m = 2,71 × π 0,36 2 − 0,30 2 × 38

m = 12,76 gramas

Índice de Mérito:

70 × 109
IM =
2710

IM = 2,58 x107

3) Aço Inox

Cálculo do raio R:

1/ 4
 50 × 0,38 3 
R =  + 0,03 4 
 12 × 210 × 10 × π × 0,01
9

R = 0,32cm

Cálculo da massa:

( )
m = ρ ×π R2 − r 2 × L

( )
m = 8,9 × π 0,32 2 − 0,30 2 × 38

m = 13,17 gramas
77

Índice de Mérito:

210 × 10 9
IM =
8900

IM = 2,35 x10 7

4) Policloreto de Vinila (PVC)

Cálculo do raio R:

1/ 4
 50 × 0,38 3 4
R =  + 0, 03 
 12 × 4,14 × 10 9
× π × 0, 01 

R = 0,65cm

Cálculo da massa:

(
m = ρ ×π R2 − r 2 × L )
(
m = 1,58 × π 0,65 2 − 0,30 2 × 38 )
m = 62,71gramas

Índice de Mérito:

4,14 × 10 9
IM =
1580

IM = 2,62 x10 6
78

5) Polipropileno (PP)

Cálculo do raio R:

1/ 4
 50 × 0,38 3 
R=
 + 0,03 4 
 12 × 1,55 × 10 × π × 0,01
9

R = 0,83cm

Cálculo da massa:

( )
m = ρ ×π R2 − r 2 × L

( )
m = 0,905 × π 0,83 2 − 0,30 2 × 38

m = 64,71gramas

Índice de Mérito:

1,55 × 10 9
IM =
905

IM = 1,71x10 6

6) Madeira (Carvalho Vermelho)

Cálculo do raio R:

1/ 4
 50 × 0,38 3 
R =  + 0,03 4 
 12 × 11 × 10 × π × 0,01
9

R = 0,52cm
79

Cálculo da massa:

( )
m = ρ ×π R2 − r 2 × L

( )
m = 0,61 × π 0,52 2 − 0,30 2 × 38

m = 13,13 gramas

Índice de Mérito:

11 × 10 9
IM =
610

IM = 1,8 x10 7

Segue uma tabela com os dados para efeito de comparação dos


materiais:

Tabela 3: Comparação de Resultados Índice de Mérito (IM), Massa (m), Custo


Material e Custo Total para seis materiais.
Custo Material Custo Total
Material IM m (Kg)
R$/Kg (R$)
7
Papelão 0,14x10 0,1018 0,20 0,02
Liga de Alumínio 2,58x107 0,0127 12,39 0,15
Aço Inox 2,35x107 0,0131 17,10 0,22
PVC 0,26x107 0,0627 4,78 0,29
PP 0,17x107 0,0647 2,83 0,18
Madeira 1,80x107 0,0131 5,73 0,07

Segundo os critérios exigidos pelo método de Ashby entre todos os


parâmetros analisados, em primeiro destaca-se o Índice de Mérito, em seguida a
quantidade de massa do material e o custo. Portanto, em ordem de Índice de Mérito,
a seqüência de materiais selecionados é:
80

1º - Liga de Alumínio
2º - Aço Inox
3º - Madeira
4º - PVC
5º - PP
6º - Papelão

Isto significa dizer que os três melhores materiais em função do IM são:


Liga de Alumínio, Aço Inox e Madeira.

Em função da quantidade de massa empregada a liga de Alumínio


também se destaca, entre os três selecionados necessita de menor massa para
produção de uma unidade do tubo de revestimento, enquanto o Aço Inox e a
Madeira utilizam aproximadamente a mesma quantidade de massa empregada no
produto, e não tão superior a massa do Alumínio.

Entre os três envolvidos, analisando em termos de custo, a madeira


apresenta custo mais baixo, entretanto, o alumínio mesmo sendo de um custo mais
elevado, tem a seu favor as outras duas outras considerações. Além disso, a
madeira tem menor índice de mérito e maior quantidade de massa na fabricação. O
aço apresenta maior custo material, em relação ao alumínio entra em desvantagem
em função dos três parâmetros analisados.

Os polímeros PVC e PP em comparação aos três materiais


selecionados têm desvantagem em relação ao baixo índice de desempenho e
quantidade de massa elevada, entretanto o custo dos dois materiais poliméricos é
favorável, além de sua disponibilidade.

O papelão como foi explicado anteriormente é o material mais utilizado


atualmente na fabricação do revestimento, nota-se que este fato está relacionado
com o baixo custo deste material, observando os outros parâmetros, é o material de
maior quantidade de massa empregada, devido ao seu baixo IM.
81

Portanto, seguindo os critérios adotados por Ashby, a liga de Alumínio é o


melhor material para produção do tubo de revestimento do cabide, pois mesmo
sendo o material de segundo maior custo, tem maior Índice de Mérito e menor
quantidade de massa empregada, garantindo integridade, boa aparência, resistência
à degradação, além da capacidade de carga e fácil acessibilidade.

7.4 ALAVANCA DE UM SACA-ROLHA

Para este estudo de caso apresentam-se as etapas de seleção do


material para a alavanca de um saca-rolha. Este projeto foi desenvolvido em Ashby
(1999) e Ashby, Sherclif e Cebon (2007), onde desenvolve uma estratégia de SM.
Visando responder uma necessidade de mercado o projeto apresenta as etapas da
SM, neste trabalho Ashby apenas demonstra as primeiras etapas sem concluir os
materiais a serem selecionados para o caso, baseado no estudo proposto por
Ashby, Sherclif e Cebon (2007) que em seu trabalho definiram os materiais a serem
utilizados sem demonstrar a metodologia, este estudo tem por objetivo comprovar se
os materiais por eles definidos serão os encontrados na etapa final de seleção.

7.4.1 Descrição do Problema

O problema em destaque consiste em uma fratura na alavanca do saca-


rolha (Figura 26).

Figura 26: Modelo do saca-rolha com a fratura devido ao esforço mecânico. Fonte: ASHBY et al.
(2007).
82

7.4.2 Descrição do Produto

• Função: Acessório utilizado para abrir garrafa.


• Requisitos: Tem que ser resistente. Tem que utilizar pouca massa.
• Objetivo de seleção: Obter uma peça que tenha maior rigidez elástica
com menor peso possível.
• Restrições: Não pode sofrer fratura.
• Desenho da peça:

Figura 27: Dimensões iniciais do suporte do saca-rolha. Fonte: ASHBY et al. (2007).

7.4.3 Critérios de Seleção

O critério estabelecido para a alavanca estende-se a seleção de materiais


resistentes.

Para produção do suporte considera-se o comprimento L de 112


milímetros e a base b de 2 milímetros; submetido a uma força F de 100 N, isto é, a
83

uma carga de aproximadamente 10 quilogramas; a deflexão máxima ( δ ) que ele


pode sofrer é de 2 milímetros.

a) Modelamento de Esforços

Comprimento, L Força, F

Força, F

h Secção, A-A
bh Seção A-A

Figura 28: Modelamento de esforços sofrido pela alavanca. Fonte: ASHBY et al. (2007).

7.4.4 Cálculos e Desenvolvimento

a) Equação para massa

Do mesmo modo que foi definido que a massa é definida pelo produto
densidade e volume (equação 7.1), utiliza-se para este estudo sendo que o volume é
calculado pelo produto da base pela altura, logo a massa é:

m = b×h× L× ρ (7.12)

Sendo m a massa da alavanca, ρ a densidade dos materiais selecionados para


fabricação do produto, b o comprimento da a base da secção, h a altura do
comprimento da secção e L o comprimento da alavanca .
84

b) Momento de Inércia para a secção retangular

Consultando base de dados em Ashby (1999, p. 164) o momento de


inércia para seção retangular é definido por:

bh 3
I= (7.13)
12

c) Equação para deflexão

Em Ashby (1999, p. 381), a equação da deflexão de acordo com os


esforços representados pela Figura 28 é:

FL3
δ= (7.14)
3EI

fazendo a relação com a equação (7.13), logo, a equação da deflexão é:

4 FL3
δ = (7.15)
Ebh 3

d) Determinação da variável livre

A altura h da secção retangular e o custo foram definidos como a variáveis


livres.

e) Determinação do Índice de Mérito

Desenvolve-se a equação (7.15) em função da altura:

1 3
 4 FL3  (7.16)
h =  
 δEb 
85

De modo que substituindo a equação (7.16) na equação da massa (7.12),


determina-se o IM:

1
 4F  3  ρ  (7.17)
m = bL 
2
  1 
 bδ   3 
E 

O Índice de Mérito é:

 E 13 
IM =   (7.18)
 ρ 
 

7.4.5 Verificação no Mapa de Propriedades de Materiais

O critério estabelecido se estende a propriedade do módulo de


elasticidade, neste caso não se utiliza um material como base da escolha, assim
para esta seleção os melhores materiais devem ter menor deflexão, ou seja, maior
módulo de elasticidade. Portanto, determina-se materiais que tenham módulo de
elasticidade maior que 10 MPa.

Figura 29: Mapa de Propriedades dos Materiais relacionando módulo de Elasticidade (módulo de
Young - E) em função da densidade do material (ρ). Fonte: ASHBY & CHERCLIF & CEBON (2007).
86

7.4.6 Análise do Mapa e Seleção dos Materiais

Para o caso estudado há limitações óbvias, por exemplo, no caso de


queda o objeto deve resistir a impactos, neste caso materiais como vidro ou
cerâmicos são inaceitáveis. Portanto, possíveis escolhas são:

1º - Aço Inox
2º - CRPF (Polímero Reforçado com Fibra de Carbono)
3º - Liga de Alumínio
4º - Liga de Magnésio
5º - Madeira

7.4.7 Resultados e Discussões

Para cada material pré-selecionado foram realizados cálculos do IM, da


altura h, da massa m, utilizando respectivamente as equações (7.18), (7.16) e (7.12),
e para finalizar o custo por peça fabricada. A Tabela 4 ilustra os resultados obtidos.

Tabela 4: Comparação de Resultados Índice de Mérito, Altura (h), Massa (m), Custo
Material e Custo Total para cinco materiais
Custo
Custo
Material IM h (mm) m (Kg) Material
Total (R$)
R$/Kg
Aço Inox 0,60 8,7 0,017 17,10 0,29
CRPF 3,55 8,6 0,0032 260,00 0,83
Liga de Alumínio 1,52 12,6 0,0076 12,39 0,09
Liga de Magnésio 1,96 14,6 0,0059 22,00 0,12
Madeira 3,64 23,3 0,0031 5,73 0,01

Em comparação de resultados, pelo método de Ashby, dentre os


materiais pré-selecionados, os que se destacam em função do IM são a Madeira e o
87

CRPF, eles são os materiais com os maiores valores de IM, e são estes que
são a melhor escolha, desde que satisfaçam as outras condicionantes.

Em termos de quantidade de massa (peso) empregada a Madeira e o


CRPF também estão em vantagem, pois todos os outros materiais utilizam uma
quantidade maior de material e IM inferior.

Na altura da secção o CRPF também se destaca, no caso da madeira


para fabricar o produto apresenta maior espessura, entretanto ela é leve.

Em função do custo, não há o que se discutir, pois o preço neste estudo


de caso não é uma restrição.

Portanto, destacando todos estes parâmetros, o estudo de caso confirma


a recomendação de Ashby et al. (2007), os melhores materiais para produzir a
alavanca são a Madeira e o CFRP.
88

8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

8.1 CONCLUSÕES

Para o desenvolvimento deste estudo foi necessária a realização de


revisão da literatura que abordasse primeiramente o princípio da Ciência dos
Materiais para entender e situar seus objetivos de atuação e disseminação; o
processo de Seleção de Materiais, especificamente o método proposto por M. F.
Ashby, foco de estudo do trabalho.

O processo de seleção é uma atividade multidisciplinar que mantém


interfaces não apenas com um grande número de setores da engenharia (materiais,
química, mecânica, controle ambiental, etc.), mas também com áreas não-técnicas
como marketing e economia. Logo, o processo de tomada de decisão em SM é
essencialmente interdisciplinar, mas o estudo enfatiza principalmente os aspectos de
engenharia, onde demonstra-se a possível escolha de um material para um
componente utilizando a metodologia defendida por Ashby, principalmente os
conceitos de Índice de Mérito e Mapas de Propriedades dos Materiais.

Através da utilização dessas ferramentas nota-se a importância de sua


aplicação no processo de SM, com os estudos de casos realizados pode-se
primeiramente dar notoriedade a necessidade da conjugação de métodos de cálculo
com conhecimento das propriedades dos materiais, integrando-os em um
procedimento capaz de adequar essas propriedades às demandas do meio
ambiente e condições de trabalho; a partir dos cálculos as ferramentas de seleção
são utilizadas, pois para utilização dos Mapas de Propriedades faz-se necessário o
conhecimento do Índice de Mérito.

Os dois estudos realizados comprovaram os conceitos de IM e do MPM, o


primeiro, da base do cabide, serviu para demonstrar todas as fases da metodologia
de Ashby; o segundo estudo, da alavanca do saca-rolha, além de demonstrar a
metodologia, confirmou que os materiais a serem selecionados eram os esperados,
89

já recomendados por Ashby através apenas da interpretação dos MPM, sem a


realização dos cálculos.

A partir do entendimento do processo de utilização dos mapas, por meio


da base de dados, constatou-se pontos críticos nas informações contidas nos mapas
de propriedades, os dados nos mapas são aproximados, eles tipificam cada classe
do material (aço inoxidável, ou polietilenos, por exemplo), mas dentro de cada
classe, existe uma grande variação (ASHBY, 1999). Eles são adequados para as
grandes comparações, necessários para desenho conceitual e, muitas vezes, para o
cálculo inicial quando surge um problema. Eles não são adequados para cálculos
detalhados. Os gráficos ajudam a estreitar a escolha dos materiais candidatos a uma
curta lista de possíveis materiais, mas não nos fornece números exatos para a
análise final. Segundo Ashby (1999), os gráficos são um auxílio para o pensamento
criativo, e não uma fonte de dados numéricos para a análise precisa.

Portanto, a Seleção de Materiais é uma atividade técnica essencialmente


interdisciplinar, que inclui conhecimentos técnicos, mercadológicos e econômicos. A
metodologia de resolução de problemas de seleção aqui apresentada apoia-se nos
conceitos de IM e MPM enfatizando sua integração e mostrando que, sem efetuar
cálculos de dimensionamento, é possível proceder a uma SM preliminar, mas
satisfatória.

8.2 RECOMENDAÇÕES

Através dos resultados e observações feitas ao longo dessa pesquisa, as


seguintes sugestões para execução de trabalhos futuros, ou, para quem tem
interesse em obter conhecimento da área, podem ser apresentadas:

• Para realização de um estudo de seleção recomenda-se adotar uma visão


macroscópica inicial, gradualmente refinada pela aplicação sucessiva dos
requisitos de seleção relevantes, incluindo aí os relativos ao
processamento.
90

• Realização de novos estudos de casos para melhor visualização do


conceito de Seleção de Materiais e a metodologia de Ashby, buscando
aplicar nas diversas propriedades dos materiais.
• Estudar dentro da Seleção de Materiais o processamento, ou seja,
realizar um estudo do processo de fabricação a ser utilizado após a
seleção.
• Estudo aprofundado da metodologia dos Mapas de Propriedades de
Ashby para Seleção de Materiais, ou seja, pesquisar a origem de seus
estudos e a metodologia utilizada para gerar os mapas.
• Apresentação de uma proposta para aplicação de meios tecnológicos
automatizados, como softwares para montagem dos mapas com os
materiais de forma a ter um banco de dados.
91

REFERÊNCIAS

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Butterworth-Heinemann, 1999.

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______. DAVID, R. H. Jones. Engineering Materials 1: An Introduction to


Properties, Applications and Design. 3. ed. Oxford: Butterworth-Heinemann, 2005.
448 p.

______. DAVID, R. H. Jones. Engineering Materials 2: An Introduction to


Microstructures, Processing and Design. 3. ed. Oxford: Butterworth-Heinemann,
2007. 352 p.

______. SHERCLIF. Hugh. CEBON. David. Materials: Engineering Science


Processing e Design. Oxford: Butterworth-Heinemann, 2007. 514 p.

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CALLISTER, William D. Jr. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma introdução. 5.


ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2002. 589 p.

CARAM, Rafael. Embalagens, a evolução do design de consumo. Disponível em:


<http://www.caramdesign.com.br/artigos_pdf/mercado %204.pdf>. Acesso em: 20 de
mar. 2009.

ESTRATÉGIA Empresarial. Concept Bicycle: O design de 43 bicicletas do futuro.


Disponível em: <http://estrategiaempresarial.wordpress.com/ 2008/03/16/concept-
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FERRANTE, Maurizio. Seleção de Materiais. 2. ed. São Carlos: Editora da


Universidade Federal de São Carlos, 2002. 286 p.

NORI, Lúcio Jr. Curva de Adoção (2007). Portal do Marketing. Disponível em:
<http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/Curva_de_Adocao.htm>. Acesso em:
20 de mar. 2009. +
92

PADILHA, Ângelo Fernando. Materiais de Engenharia: Microestrutura e


Propriedades. Curitiba: Hemus Livraria, Editora e Distribuidora S.A., 2000. 352 p.

PEQUINI, Suzi Mariño. A Evolução Tecnológica das Bicicletas e suas


Implicações Ergonômicas para a Máquina Humana: Problemas na coluna
vertebral X bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike. 2000. Tese (Mestrado
em Arquitetura e Urbanismo) - Departamento de Tecnologia, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2000.

SILVA, Everton S. Amaral. A Seleção de Materiais na Inovação do


Desenvolvimento de Novos Produtos. 2001. Monografia (Curso de Especialização
em Agentes de Inovação e Difusão Tecnológica) - Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq. Universidade de Caxias do Sul,
Porto Alegre. 2001.

TETRA PAK. Disponível em: <http://www.tetrapak.com.br>. Acesso em: 20 de mar.


2009.

TOMASI, R. BOTTA, W. Uma proposta para reformulação do currículo do curso


de graduação em engenharia de Materiais. Seminário sobre Ensino de Metalurgia
e Materiais, São Paulo: Associação Brasileira de Metais, 1991.

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