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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA


VIBRAÇÕES MECÂNICAS

Prática #01

VIBRAÇÕES LIVRES PARA SISTEMAS COM UM GRAU-DE-


LIBERDADE: MOVIMENTO HARMÔNICO

BRUNO MACIEL SOUSA


JOSUÉ RERMAM RIBEIRO REAL
LEONARDO AFONSO LISBOA MAIA

Professora Maria Lúcia Duarte


Turma PN3

Belo Horizonte - MG
06 de Abril de 2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ENGENHARIA MECÂNICA
EMA006 – VIBRAÇÕES MECÂNICAS

1. INTRODUÇÃO
Nesta primeira aula foram abordados os principais conceitos de movimento
harmônico através da análise de dois sistemas com 1 grau de liberdade: um pêndulo e um
sistema massa-mola. Cada sistema será abordado com mais profundidade a seguir.

2. PÊNDULO

2.1. Objetivos
Os quatro principais objetivos referentes ao estudo do pêndulo são:

a) Obter a equação de movimento para vibração livre do pêndulo;


b) Calcular as frequências naturais dos sistemas teoricamente e experimentalmente;
c) Obter os valores da constante de rigidez do sistema estudado analiticamente e
experimentalmente;
d) Analisar as possíveis fontes de imprecisão.

2.2. Metodologia
Para se determinar as equações de movimento, assim como as frequências naturais
e constantes de rigidez de um sistema composto por um pêndulo mecânico, é necessária a
montagem de diferentes sistemas variando a massa e comprimento do fio. As massas foram
medidas com uma balança de precisão com 0,0001 kg de incerteza, enquanto que os
comprimentos dos fios foram medidos com o sistema montado com a massa utilizando uma
trena com 0,001 m de incerteza.

Para a excitação lateral do pêndulo é necessário que se utilize um ângulo de


oscilação θ < 5° para que a relação (sen θ ≈ θ) simplifique a análise do sistema. Colocado o
sistema para oscilar, é necessário aguardar o transiente passar para que o tempo do
período natural de oscilação não seja distorcido. Para isso, nesta prática foram descartadas
as três oscilações iniciais antes do início da aferição do tempo de 10 oscilações.

A metodologia utilizada para a aferição do período natural de oscilação demanda,


previamente, a aferição do tempo de 10 oscilações do sistema. Este processo foi repetido 5
vezes a fim de se otimizar a incerteza de medição, que foi realizada com um cronômetro
com 0,01 s de incerteza. De posse do tempo de 10 oscilações realizadas 5 vezes, foi então
calculado o tmédio, ∆t, τn e ∆τn através do cálculo das incertezas diretas e da propagação de
incertezas.

De posse dos comprimentos, massas e períodos naturais de oscilação aferidos


através da metodologia acima será possível calcular as equações de movimento dos
sistemas, frequências naturais e rigidez por meio da análise matemática do sistema de
pêndulo mecânico.

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2.3. Dados

2.3.1. Massas e Comprimentos dos Sistemas

Neste experimento, considerou-se o valor da aceleração da gravidade como sendo


𝑔 = 9,81 𝑚/𝑠². A partir de uma balança de precisão com incerteza de 0,0001 kg, a massa
dos elementos de montagem dos pêndulos foi mensurada, obtendo-se os seguintes valores:

• Massa (PR4 – presilha) = (0,0023 ± 0,0001) kg


• Massa (R10 – porca) = (0,0296 ± 0,0001) kg
• Massa (P71 – parafuso) = (0,0415 ± 0,0001) kg

Os elementos da massa 1 (M1) são definidos por: M1 = PR4 + R10 + P71, enquanto
que os elementos da massa 2 (M2) são: M2 = PR4 + R10. Assim:

• M1 = (0,0734 ± 0,0001) kg
• M2 = (0,0319 ± 0,0001) kg

Os comprimentos dos fios de nylon com os sistemas montados foram medidos com
uma trena com 0,001 m de incerteza. O comprimento final do fio após a montagem dos três
sistemas analisados foi:

• L1 (1º sistema) = (0,278 ± 0,001) kg


• L2 (2º sistema) = (0,746 ± 0,001) kg
• L3 (3º sistema) = (0,761 ± 0,001) kg

2.3.2. Incertezas Diretas e Propagação de Incertezas

Quando uma variável do experimento é medida muitas vezes, a aferição desse


processo se torna mais precisa. Para isso, deve-se expressar o valor médio e a incerteza
como desvio da média:
𝑡1 + 𝑡2 + 𝑡3 + 𝑡4 + 𝑡5
𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜 = < 𝑡 > = (1)
5
|< 𝑡 > −𝑡1 | + |< 𝑡 > −𝑡2 | + |< 𝑡 > −𝑡3 | + |< 𝑡 > −𝑡4 | + |< 𝑡 > −𝑡5 |
∆𝑡 = (2)
5

Portanto, a medida declarada será:

𝑡 = (𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜 ± ∆𝑡) 𝑠 (3)

Como não é possível aferir diretamente o valor da incerteza de uma medida cujo
resultado foi obtido a partir de um grupo de variáveis, a propagação de incertezas será
calculada pelo método geral para uma função qualquer (derivadas parciais).

𝑌 = 𝑎𝑝1 ∙ 𝑏 𝑝2 ∙ 𝑐 𝑝3 (4)

𝜕𝑌 2 𝜕𝑌 2 𝜕𝑌 2 (5)
∆𝑌 = √( ) ∙ ∆𝑎 + ( ) ∙ ∆𝑏 + ( ) ∙ ∆𝑐 2
2 2
𝜕𝑎 𝜕𝑏 𝜕𝑐

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Para a aferição do período natural de oscilação (𝜏𝑛 ) foi medido o tempo de 10


oscilações após a passagem do transiente do sistema (3 primeiras oscilações), sendo que
esse tempo de 10 oscilações foi medido cinco vezes. Assim:

𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝜕𝜏𝑛 1 𝜕𝜏𝑛 2 (6)


𝜏𝑛 = = → = 𝑜𝑛𝑑𝑒 ∆𝜏𝑛 = √( ) ∙ (∆𝑡)2
𝑛º 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠 10 𝜕𝑡 10 𝜕𝑡

Portanto, o valor do período de oscilação natural será:


𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜
𝜏𝑛 = ( ± ∆𝜏𝑛 ) 𝑠 (7)
10

2.3.3. Primeiro Sistema: Comprimento 1 + Massa 1

Tabela 1. Tempo de 10 oscilações para o 1º sistema de pêndulo.

Amostra de 10 oscilações 1 2 3 4 5
Tempo [s] 10,54 10,51 10,57 10,46 10,67

𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 10,55 𝑠 ∆𝑡 = 0,056 𝑠 𝜏𝑛 = 1,055 𝑠 ∆𝜏𝑛 = 0,006 𝑠

Portanto, para o 1º sistema têm-se:

𝜏𝑛 = (1,055 ± 0,006) 𝑠 (8)


𝑀1 = (0,0734 ± 0,0001) 𝑘𝑔 (9)
𝐿1 (1° 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎) = (0,278 ± 0,001) 𝑚 (10)

2.3.4. Segundo Sistema: Comprimento 2 + Massa 1

Tabela 2. Tempo de 10 oscilações para o 2º sistema de pêndulo.

Amostra de 10 oscilações 1 2 3 4 5
Tempo [s] 17,52 17,52 17,42 17,53 17,52

𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 17,50 𝑠 ∆𝑡 = 0,034 𝑠 𝜏𝑛 = 1,750 𝑠 ∆𝜏𝑛 = 0,0034 𝑠

Portanto, para o 2º sistema têm-se:

𝜏𝑛 = (1,750 ± 0,003) 𝑠 (11)


𝑀1 = (0,0734 ± 0,0001) 𝑘𝑔 (12)
𝐿2 (2° 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎) = (0,746 ± 0,001) 𝑚 (13)

2.3.5. Terceiro Sistema: Comprimento 2 + Massa 2

Tabela 3. Tempo de 10 oscilações para o 3º sistema de pêndulo.

Amostra de 10 oscilações 1 2 3 4 5
Tempo [s] 17,28 17,22 17,51 17,27 17,25

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𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 17,31 𝑠 ∆𝑡 = 0,084 𝑠 𝜏𝑛 = 1,731 𝑠 ∆𝜏𝑛 = 0,0084 𝑠

Portanto, para o 3º sistema têm-se:

𝜏𝑛 = (1,731 ± 0,008) 𝑠 (14)


𝑀2 = (0,0319 ± 0,0001) 𝑘𝑔 (15)
𝐿2 (3° 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎) = (0,761 ± 0,001) 𝑚 (16)

2.4. Análise dos resultados

2.4.1. Equação de movimento para vibração livre do pêndulo

A partir da análise das forças atuando em um pêndulo, como mostrado na Figura 1,


obtém-se:

Figura 1. Forças atuantes em um pêndulo.

Utilizando o somatório dos momentos, e considerando que o momento gerado pela


força da gravidade é negativo, pois foi avaliado o instante em que o pêndulo gira no sentido
anti-horário, obtém-se:
∑ 𝑀0 = 𝐼0 ∙ 𝜃′′ = −𝑚𝑔𝐿 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜃)

𝐼0 ∙ 𝜃′′ = −𝑚𝑔𝐿 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜃)

𝑚𝐿2 𝜃 ′′ = −𝑚𝑔𝐿 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜃)

𝐿𝜃 ′′ = −𝑔 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜃)

𝑔
𝐿𝜃 ′′ + 𝑔 ∙ 𝜃 = 0 𝑜𝑢 𝜃 ′′ + ∙𝜃 =0 (17)
𝐿

Onde √𝑔⁄𝐿 = 𝜔𝑛 (frequência natural).

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2.4.2. Cálculo das frequências naturais (teórica e experimental)

Considerando a equação abaixo, encontra-se os seguintes valores:

√𝑔⁄𝐿 = 𝜔𝑛 (18)

a) Frequência natural teórica:

Corda tensionada na configuração 1 (27,8 cm) = 11,353 Hz


Corda tensionada na configuração 2 (76,1 cm) = 18,785 Hz

b) Frequência natural experimental:

Corda tensionada na configuração 1 (27,8 cm) = 10,55 Hz


Corda tensionada na configuração 2 (76,1 cm) = 17,40 Hz

2.4.3. Cálculo da constante de rigidez (analítica e experimental)

Analisando a força restauradora, onde 𝑚𝑥 ′′ + 𝑘𝑥 = 0, sabe-se que esta equação tem


como solução 𝑥(𝑡) = 𝐶 𝑒𝑠𝑡 . Então, considerando:

𝑥(𝑡) = 𝐶 𝑒𝑠𝑡 𝑥̇ (𝑡) = 𝐶𝑠 2 𝑒𝑠𝑡 𝑥̈ (𝑡) = 𝐶 𝑒𝑠𝑡 (𝑚𝑠 2 + 𝑘) = 0

Para uma solução não trivial, pode-se chegar a:

𝑚𝑠 2 + 𝑘 = 0 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑠 = √−𝑘⁄𝑚 𝑜𝑢 𝜔𝑛

−𝑘 = 𝑚 ∙ 𝜔𝑛 2 (19)

O que corresponde a uma reação oposta à força aplicada.

a) Forma analítica:

Corda tensionada na configuração 1 (27,8 cm) e M1 (0,0734 kg) = 9,461 kg.Hz²


Corda tensionada na configuração 2 (76,1 cm) e M2 (0,0319 kg) = 11,257 kg.Hz²

b) Forma experimental:

Corda tensionada na configuração 1 (27,8 cm) e M1 (0,0734 kg) = 8,169 kg.Hz²


Corda tensionada na configuração 2 (76,1 cm) e M2 (0,0319 kg) = 9,658 kg.Hz²

2.4.4. Análise das possíveis fontes de imprecisão

Durante a determinação da frequência natural foi encontrado um erro aproximado de


7% entre o valor real e o valor teórico nas configurações 1 e 2. Acredita-se em alguns
fatores que podem ter colaborado para isso, e que não se restringem a:

• Tempo de resposta do operador durante as medições;


• Movimentações multidirecionais e giro do pêndulo;
• Possibilidade de, durante o abandono do pêndulo, haver alguma força sendo aplicada;

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Durante a determinação da constante de rigidez foi encontrado um erro aproximado


de 14,5% entre o valor real e o valor teórico nas configurações 1,2 e 3. Acredita-se em
alguns fatores que podem ter colaborado para isso, e que não se restringem a:

• Erros de medida dos comprimentos do fio;


• Erros de precisão na medição dos pesos;
• Tempo de resposta do operador durante as medições;
• Possibilidade de, durante a medição do comprimento, alguma força ser aplicada;
• Presença de algum fator externo que está sendo desconsiderado neste experimento.

2.5. Conclusões
Pode-se afirmar que o processo empírico possui grandes incertezas devido às
diversas fontes de imprecisões que podem surgir durante a realização dos procedimentos
de medida, fato visível devido à grande porcentagem de erro encontrada nestes
experimentos (7% no cálculo da frequência natural e 14,5% no cálculo da constante de
rigidez). Caso possível, indica-se a realização de outros experimentos ou de assumir outros
fatores externos que não foram considerados a priori na análise deste relatório (auxiliando
para uma assertividade melhor).

3. SISTEMA MASSA-MOLA

3.1. Objetivos
Os cinco principais objetivos referentes ao estudo do sistema massa-mola são:

a) Obter a equação de movimento para vibração livre para os sistemas massa-mola;


b) Calcular as frequências naturais dos sistemas experimentalmente;
c) Estimar experimentalmente os coeficientes de rigidez dos sistemas;
d) Determinar a rigidez equivalente para a associação em série;
e) Analisar as possíveis fontes de erro no ensaio e nos cálculos.

3.2. Metodologia
Para se determinar as equações de movimento para vibrações livres do sistema
massa-mola, assim como as frequências naturais e os coeficientes de rigidez dos sistemas,
é necessária a montagem dos sistemas variando a massa e as molas com suas respectivas
constantes de rigidez. As massas foram medidas com uma balança de precisão com 0,0001
kg de incerteza.

Colocado o sistema para oscilar verticalmente é necessário aguardar o transiente


passar para que o tempo do período natural de oscilação não seja distorcido. Para isso,
foram descartadas as três oscilações iniciais antes do início da aferição do tempo de 10
oscilações.

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A metodologia utilizada para a aferição do período natural de oscilação demanda,


previamente, da aferição do tempo de 10 oscilações do sistema. Este processo se repete 5
vezes a fim de otimizar a incerteza de medição, que foi realizada com um cronômetro de
0,01 s de incerteza. De posse do tempo de 10 oscilações realizadas 5 vezes, foi então
calculado o tmédio, ∆t, τn e ∆τn através do cálculo das incertezas diretas e da propagação de
incertezas.

De posse das massas e períodos naturais de oscilação aferidos através da


metodologia acima, será possível calcular as equações de movimento dos sistemas, as
frequências naturais e a rigidez equivalentes por meio da análise matemática do sistema
massa-mola.

3.3. Dados

3.3.1. Massas dos Sistemas

Neste experimento, considerou-se o valor da aceleração da gravidade como sendo


𝑔 = 9,81 𝑚/𝑠². A partir de uma balança de precisão com incerteza de 0,0001 kg, a massa
dos elementos de montagem dos sistemas massa-mola foi mensurada, obtendo-se:

• Massa (gancho) = (0,0038 ± 0,0001) kg


• Massa (E40) = (1,0743 ± 0,0001) kg
• Massa (Ø2) = (1,1327 ± 0,0001) kg

Os elementos da massa 1 (M1) são definidos por: M1 = gancho + E40 + Ø2,


enquanto que os elementos da massa 2 (M2) são: M2 = gancho + E40. Assim:

• M1 = (2,2108 ± 0,0001) kg
• M2 = (1,0781 ± 0,0001) kg

3.3.2. Incertezas Diretas e Propagação de Incertezas

Quando uma variável do experimento é medida muitas vezes, a aferição desse


processo se torna mais precisa. Para isso, deve-se expressar o valor médio e a incerteza
como desvio da média:
𝑡1 + 𝑡2 + 𝑡3 + 𝑡4 + 𝑡5
𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜 = < 𝑡 > = (1)
5
|< 𝑡 > −𝑡1 | + |< 𝑡 > −𝑡2 | + |< 𝑡 > −𝑡3 | + |< 𝑡 > −𝑡4 | + |< 𝑡 > −𝑡5 |
∆𝑡 = (2)
5

Portanto, a medida declarada será:

𝑡 = (𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜 ± ∆𝑡) 𝑠 (3)

Como não é possível aferir diretamente o valor da incerteza de uma medida cujo
resultado foi obtido a partir de um grupo de variáveis, a propagação de incertezas será
calculada pelo método geral para uma função qualquer (derivadas parciais).

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𝑌 = 𝑎𝑝1 ∙ 𝑏 𝑝2 ∙ 𝑐 𝑝3 (4)

𝜕𝑌 2 𝜕𝑌 2 𝜕𝑌 2 (5)
∆𝑌 = √( ) ∙ ∆𝑎 + ( ) ∙ ∆𝑏 + ( ) ∙ ∆𝑐 2
2 2
𝜕𝑎 𝜕𝑏 𝜕𝑐

Para a aferição do período natural de oscilação (𝜏𝑛 ) foi medido o tempo de 10


oscilações após a passagem do transiente do sistema (3 primeiras oscilações), sendo que
esse tempo de 10 oscilações foi medido cinco vezes. Assim:

𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝜕𝜏𝑛 1 𝜕𝜏𝑛 2 (6)


𝜏𝑛 = = → = 𝑜𝑛𝑑𝑒 ∆𝜏𝑛 = √( ) ∙ (∆𝑡)2
𝑛º 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠 10 𝜕𝑡 10 𝜕𝑡

Portanto, o valor do período de oscilação natural será:

𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜
𝜏𝑛 = ( ± ∆𝜏𝑛 ) 𝑠 (7)
10

3.3.3. Primeiro Sistema: Mola 1 + Massa 1

Tabela 4. Tempo de 10 oscilações para o 1º sistema massa-mola.

Amostra de 10 oscilações 1 2 3 4 5
Tempo [s] 8,26 8,23 8,24 8,15 8,39

𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 8,25 𝑠 ∆𝑡 = 0,056 𝑠 𝜏𝑛 = 0,825 𝑠 ∆𝜏𝑛 = 0,0056 𝑠

Portanto, para o 1º sistema têm-se:

𝜏𝑛 = (0,825 ± 0,006) 𝑠 (20)


𝑀1 = (2,2108 ± 0,0001) 𝑘𝑔 (21)

3.3.4. Segundo Sistema: Mola 1 + Mola 2 + Massa 1

Tabela 5. Tempo de 10 oscilações para o 2º sistema massa-mola.

Amostra de 10 oscilações 1 2 3 4 5
Tempo [s] 11,63 11,64 11,66 11,64 11,57

𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 11,63 𝑠 ∆𝑡 = 0,022 𝑠 𝜏𝑛 = 1,163 𝑠 ∆𝜏𝑛 = 0,0022 𝑠

Portanto, para o 2º sistema têm-se:

𝜏𝑛 = (1,163 ± 0,002) 𝑠 (22)


𝑀1 = (2,2108 ± 0,0001) 𝑘𝑔 (23)

3.3.5. Terceiro Sistema: Mola 2 + Massa 1

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Tabela 6. Tempo de 10 oscilações para o 3º sistema massa-mola.

Amostra de 10 oscilações 1 2 3 4 5
Tempo [s] 8,24 8,14 8,32 8,24 8,29

𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 8,25 𝑠 ∆𝑡 = 0,044 𝑠 𝜏𝑛 = 0,825 𝑠 ∆𝜏𝑛 = 0,0044 𝑠

Portanto, para o 3º sistema têm-se:

𝜏𝑛 = (0,825 ± 0,004) 𝑠 (24)


𝑀1 = (2,2108 ± 0,0001) 𝑘𝑔 (25)

3.3.6. Quarto Sistema: Mola 2 + Massa 2

Tabela 7. Tempo de 10 oscilações para o 4º sistema massa-mola.

Amostra de 10 oscilações 1 2 3 4 5
Tempo [s] 5,39 5,74 5,90 5,75 5,80

𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 5,72 𝑠 ∆𝑡 = 0,031 𝑠 𝜏𝑛 = 0,572 𝑠 ∆𝜏𝑛 = 0,0013 𝑠

Portanto, para o 4º sistema têm-se:

𝜏𝑛 = (0,572 ± 0,001) 𝑠 (26)


𝑀1 = (1,0781 ± 0,0001) 𝑘𝑔 (27)

3.4. Análise dos resultados

3.4.1. Equação de movimento para vibração livre do sistema massa-mola

A dedução da equação de movimento de um sistema massa-mola (Figura 2) baseia-


se na segunda lei de Newton. Durante a oscilação, as forças atuantes sobre o corpo são o
seu próprio peso P e a força Fe exercida pela mola (produto do deslocamento pela constante
de rigidez), possuindo a mesma direção e sentidos opostos.

Figura 2. Forças atuantes em um sistema massa-mola vertical.

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Deve-se lembrar que em repouso, a massa penderá em uma posição de equilíbrio


estático, onde o comprimento da mola é 𝑙0 + 𝛿𝑠𝑡 , onde 𝛿𝑠𝑡 é a deflexão estática. Assim:

𝐹𝑒 = 𝑘𝑥 ; 𝑊 = 𝑚𝑔 = 𝑘𝛿𝑠𝑡 → 𝑚𝑥̈ = −𝑘(𝑥 + 𝛿𝑠𝑡 ) + 𝑊

Como 𝑊 = 𝑘𝛿𝑠𝑡 , obtém-se:

𝑚𝑥̈ + 𝑘𝑥 = 0

3.4.2. Cálculo das frequências naturais (experimental)

A frequência natural dos quatro sistemas pode ser calculada através da equação
abaixo, utilizando o valor do período obtido experimentalmente. Dessa forma:
2𝜋
𝜔𝑛 =
𝜏
• Sistema 1 (𝜏𝑛 = 0,825 𝑠): 𝜔𝑛 = 7,616 𝑟𝑎𝑑/𝑠
• Sistema 2 (𝜏𝑛 = 1,163 𝑠): 𝜔𝑛 = 5,402 𝑟𝑎𝑑/𝑠
• Sistema 3 (𝜏𝑛 = 0,825 𝑠): 𝜔𝑛 = 7,616 𝑟𝑎𝑑/𝑠
• Sistema 4 (𝜏𝑛 = 0,572 𝑠): 𝜔𝑛 = 10,984 𝑟𝑎𝑑/𝑠

Para analisar a influência da rigidez da mola na frequência natural, compara-se os


sistemas 2 e 3, os quais possuem a mesma massa com diferentes associações de molas
(rigidez diferente). Considerando que um sistema de molas em série sempre possuíra
rigidez menor que um sistema de mola única, conclui-se que o aumento da rigidez ocasiona
o aumento da frequência natural do sistema.

Para analisar a influência da massa na frequência natural, compara-se os sistemas 3


e 4, os quais possuem a mesma mola sendo solicitada com diferentes massas. Assim, é
possível verificar que o aumento da massa ocasiona na diminuição da frequência natural do
sistema.

Analisando a equação 𝜔𝑛 = √𝑘⁄𝑚, percebe-se que para aumentar a frequência


natural do sistema em 10%, pode-se ou aumentar a sua rigidez em 21% ou diminuir sua
massa em 18%.

3.4.3. Cálculo dos coeficientes de rigidez (experimental)

Os coeficientes de rigidez para cada sistema podem ser determinados através da


manipulação da equação 𝜔𝑛 = √𝑘⁄𝑚. Assim, obtém-se os resultados abaixo:

𝑘 = 𝑚𝜔𝑛 ²

• Sistema 1 (𝜔𝑛 = 7,616 𝑟𝑎𝑑/𝑠 e 𝑚 = 2,2108 𝑘𝑔): 𝑘 = 128,23 𝑁/𝑚


• Sistema 2 (𝜔𝑛 = 5,402 𝑟𝑎𝑑/𝑠 e 𝑚 = 2,2108 𝑘𝑔): 𝑘 = 64,51 𝑁/𝑚
• Sistema 3 (𝜔𝑛 = 7,616 𝑟𝑎𝑑/𝑠 e 𝑚 = 2,2108 𝑘𝑔): 𝑘 = 128,23 𝑁/𝑚
• Sistema 4 (𝜔𝑛 = 10,984 𝑟𝑎𝑑/𝑠 e 𝑚 = 1,0781 𝑘𝑔): 𝑘 = 130,07 𝑁/𝑚

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3.4.4. Cálculo da rigidez equivalente para associação em série

O coeficiente de rigidez do sistema 2, que possui uma configuração em série de duas


molas, foi obtido experimentalmente através da frequência natural do sistema (𝑘 =
64,51 𝑁/𝑚). A fim de comparar esse resultado prático com o teórico, deve-se calcular a
rigidez equivalente através da equação abaixo e dos valores individuais obtidos para cada
mola experimentalmente (𝑘1 = 128,23 e 𝑘2 = 130,07). Então:
𝑘1 𝑘2 128,23 ∙ 130,07
𝑘𝑒𝑞 = = = 𝟔𝟒, 𝟓𝟕 𝑵/𝒎
𝑘1 + 𝑘2 128,23 + 130,07

3.4.5. Análise das possíveis fontes de erros

Da mesma forma que nos outros experimentos, há várias fontes possíveis de erros
ligados ao processo utilizado, podendo destacar neste em especial:

• Erros de precisão na medição dos pesos;


• Tempo de resposta do operador durante as medições;
• Instabilidades ou perturbações durante o movimento oscilatório do sistema;
• Medição realizada no regime transiente;
• Força excessiva aplicada no deslocamento inicial da massa, podendo gerar movimento
horizontal.

3.5. Conclusões
Portanto, após a realização dos ensaios e análise dos resultados obtidos pode-se
verificar que tanto a massa quanto a rigidez da mola interferem no período do ciclo e,
consequentemente, na frequência natural. A amplitude inicial não interfere na determinação
do período, bem como da rigidez.

Em relação aos resultados, verificou-se que os experimentais e teóricos


apresentaram resultados muito próximos, validando as equações utilizadas durante a prática
e as considerações feitas. A ocorrência de erros é inevitável, porém o cuidado no momento
da obtenção dos dados garantiu que os dados encontrados apresentassem uma incerteza
reduzida. Ainda assim, as diferenças que existiram podem ser atribuídas às precisões dos
equipamentos utilizados e a precisão humana no processo como um todo.

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