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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - CAMPUS JOINVILLE

EMB 5115 – VIBRAÇÕES

RELATÓRIO DE VIBRAÇÕES

Professor: Sérgio J. Idehara

Lucas Thomaz Ariosto C. A. H. de Paula


Guilherme Brustolin

MAIO / 2023
CÁLCULO DOS PARÂMETROS MODAIS E FREQUÊNCIAS NATURAIS

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................2

2. MODELO.............................................................................................................2
2.1. Sistema real.............................................................................................2
2.2. Sistema simplificado................................................................................3

3. METODOLOGIA..................................................................................................4
3.1. Método analítico.......................................................................................4
3.1.1. Coeficiente de amortecimento (c)............................................5
3.2. Método experimental................................................................................7
3.2.1. Massa 1....................................................................................9
3.2.2. Rigidez equivalente (k).............................................................9
3.2.3. Coeficiente de amortecimento (c)............................................10

4. CONCLUSÃO.......................................................................................................10

5. REFERÊNCIAS....................................................................................................11

VIBRAÇÕES 1
CÁLCULO DOS PARÂMETROS MODAIS E FREQUÊNCIAS NATURAIS

1. INTRODUÇÃO
Neste relatório iremos apresentar os métodos e discussões para obtenção dos
parâmetros modais e frequências naturais de um sistema vibracional amortecido de 1
grau de liberdade (G.L).

2. MODELO

2.1. Sistema real


O modelo de sistema escolhido para esse estudo foi o de uma viga
simplesmente apoiada (régua) interligada em sua extremidade por um fio e um polia,
que por sua vez está conectada a uma massa (moedas).
O material utilizado para confeccionar o sistema real está discretizado abaixo:

1) Régua;
2) Barbantes atuando como os fios sendo tracionados;
3) 1 tubo de caneta atuando como a polia do sistema;
4) 5 moedas de 1 real;
5) 5 moedas de 25 centavos;
6) 5 moedas de 50 centavos.
7) Livros que atuam como o engaste na base da régua, oferecendo resistência ao
momento.

Como funcionamento do mecanismo temos que, quando a massa de magnitude


“m” (em quilogramas) é puxada para baixo na direção y (em metros), a viga se deflete
em Δ na direção x (em metros). A foto tirada pelos autores mostra como o sistema
real foi montado.

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Figura 1 – Foto do sistema real montado.

2.2. Sistema simplificado


Para facilitar os cálculos e análises foi desenvolvido um perfil do sistema
vibracional de 1G.L. simplificado como segue abaixo (Fig. 2).
O sistema de coordenadas foi fixado na ponta da régua como está ilustrado na
figura. Além disso a seção transversal da régua foi aproximada por um paralelepípedo
de base B e altura H.

Figura 2 – Sistema simplificado.

Sendo:

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1) L – Comprimento da régua;
2) B – Base do paralelogramo gerado do corte transversal da régua;
3) H – Altura do paralelogramo gerado do corte transversal da régua;
4) m – Massa equivalente do corpo de prova (moedas);
5) Δ – Deflexão da régua;
6) Corte CC – Corte transversal.

3. METODOLOGIA

Tendo nosso modelo simplificado pronto podemos discorrer sobre os métodos


utilizados para o cálculo dos parâmetros de interesse.

3.1. Método analítico

De início foram medidas as massas do que seriam nossas massas equivalentes


atuando no sistema, bem como as dimensões geométricas da viga no estudo em
questão. Além disso precisamos do módulo de elasticidade (E). Os dados obtidos
estão ordenados abaixo:

1) Massa 1 (m1) = Massa de 5 moedas de 1 real = 35g


2) Massa 2 (m2) = Massa de 5 moedas de 25 centavos = 37,75g
3) Massa 3 (m3) = Massa de 5 moedas de 50 centavos = 39,05g
4) L – Comprimento da régua = 0,298m
5) B – Base do paralelogramo gerado do corte transversal da régua = 0,0385m
6) H – Altura do paralelogramo gerado do corte transversal da régua = 0,0015m
7) E = 3,00E+09 Pa.

Com os parâmetros geométricos conseguimos calcular o momento de inércia


relacionado à seção transversal da viga. Para uma viga com seção retangular temos:

𝐵×𝐻
𝐼 = = 1,08281𝐸 − 11 [𝑚 ]
12

Para calcular a rigidez da viga utilizamos a relação da estática:

3×𝐸×𝐼
𝑘= = 3,6825 [𝑁/𝑚]
𝐿

Como a frequência natural é uma relação que depende da rigidez e da massa


equivalente temos as 3 diferentes frequências naturais do sistema obtidas
experimentalmente para as 3 diferentes massas equivalentes:

𝐾
𝜔 =
𝑚

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𝐾
𝜔 = = 10,2575𝑟𝑎𝑑/𝑠
𝑚

𝐾
𝜔 = = 9,8768 𝑟𝑎𝑑/𝑠
𝑚

𝐾
𝜔 = = 9,7110 𝑟𝑎𝑑/𝑠
𝑚

Como nos interessa a frequência em hertz vamos dividir todas as frequências


naturais angulares por 2π, assim chegamos nos valores:

1 𝐾
𝐹 = = 1,6325 𝐻𝑧
2𝜋 𝑚

1 𝐾
𝐹 = = 1,5719 𝐻𝑧
2𝜋 𝑚

1 𝐾
𝐹 = = 1,5456 𝐻𝑧
2𝜋 𝑚

3.1.1 Coeficiente de amortecimento (c):

Para estimar o coeficiente de amortecimento precisamos utilizar do decremento


logarítmico. Para o nosso caso o software Tracker fez as medições em tempo real do
sistema utilizando uma varredura ponto a ponto captada em vídeo. Pelo gráfico abaixo
podemos observar os valores das amplitudes nos picos da resposta de oscilação (Fig
3.). Tendo esses valores e o momento temporal em que ocorrem podemos estimar o
período de amortecimento (τ ) e o delta (δ) relativo ao decremento.

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CÁLCULO DOS PARÂMETROS MODAIS E FREQUÊNCIAS NATURAIS

Figura 3: Gráfico tempo x posição (Software Tracker).

Pela análise do gráfico temos 4 picos de amplitude:


1) 𝑥 = 8,767𝑐𝑚 no tempo 𝑡 = 0,133𝑠;
2) 𝑥 , =5,308𝑐𝑚 no tempo 𝑡 , = 0,4𝑠;
3) 𝑥 =1,429𝑐𝑚 no tempo 𝑡 = 0,6𝑠;
4) 𝑥 , =0,105𝑐𝑚 no tempo 𝑡 , = 0,767𝑠;

Sabemos que ln = δ = ξ × 𝜔 𝑛 × τ𝑎
Sendo:
ξ – Fator de amortecimento;
τ – Período amortecido, calculado sendo 𝑡 − 𝑡

Assim temos que os valores aproximados do período de amortecimento e do delta


são, respectivamente:

τ = 0,6 − 0,133 = 0,467𝑠

𝑥
δ = ln = 1,814
𝑥

Tendo em vista que o valor de δ é constante, temos que, para o cálculo do fator
de amortecimento:

δ= ξ×𝜔 ×τ (I)

Porém sabemos que: 𝜔 = 𝜔 × 1−ξ = , então:

𝜔 = (II)
×

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Substituindo (II) em (I) temos:

δ δ
ξ= = = 0,2774 = 27,74%
𝜔 ×τ √4𝜋 + δ

Logo o coeficiente de amortecimento é:

c= ξ×2× 𝑘 × 𝑚

Então, para cada massa temos um valor típico de amortecimento, como segue:

𝑠
𝑐 = ξ×2× 𝑘 × 𝑚 = 0,1992 𝑁.
𝑚

𝑠
𝑐 = ξ×2× 𝑘 × 𝑚 = 0,2068 𝑁.
𝑚

𝑠
𝑐 = ξ×2× 𝑘 × 𝑚 = 0,2103 𝑁.
𝑚

3.2. Método experimental

Essa metodologia visa a caracterização do sistema tendo como base somente


os dados obtidos no experimento pelo software Tracker.
Aqui vamos nos valer da análise de somente um conjunto de massas (m1), pois
a mesma metodologia serve para as duas outras configurações. Sendo assim, os
conjuntos m2 e m3 não estão contemplados neste método, porém vale ressaltar que
a análise para todos os conjuntos de massa se faz necessário quando é do interesse
comparar os resultados entre métodos.

Com o sistema montado e sendo monitorado pelo software foi possível obter
uma tabela de dados para cada conjunto de massa.
Após o término das medições, é gerada uma tabela onde estão discriminados
valores para o eixo “x” e para o eixo “y”, sendo um vetor tempo no eixo das abscissas
e um vetor posição no eixo das ordenadas.
O método consiste em copiar esta tabela para um outro software de tratamento
de dados (utilizamos o Excel), e gerar um gráfico.

Abaixo podemos verificar a tabela de dados (Fig. 4) e o gráfico plotado (Fig. 5)


utilizando das tabelas disponíveis no Tracker para o conjunto de massas 1 utilizando
o Excel.

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Figura 4: Tabela tempo x posição (Excel).

Tempo x posição
8,00E+00
6,00E+00
4,00E+00
2,00E+00
Posição [m]

0,00E+00
-2,00E+00
-4,00E+00
-6,00E+00
-8,00E+00
-1,00E+01
0,00E+00 2,00E-01 4,00E-01 6,00E-01 8,00E-01 1,00E+00 1,20E+00 1,40E+00
Tempo [s]

Figura 5: Gráfico tempo x posição (Excel).

Com base nos dados do gráfico utilizamos a seguinte metodologia:

1) Anotamos o valor do tempo no primeiro pico;


2) Anotamos o valor do tempo no último pico;
3) Contamos o número de ciclos entre o primeiro instante e o último instante;
4) Tiramos a média dos tempos (período) com base no número de ciclos;
5) Invertemos o período para encontrar as frequências naturais em hertz.

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3.2.1 Massa 1:

1) T1 = 0,133s;
2) Tf = 0,767;
3) Nº de ciclos = 2;
, ,
4) T médio = 𝜏 = = = 0,317𝑠;
º
5) 𝐹 = 𝜏 = 3,1546 ℎ𝑧;
6) ꞷ = 𝐹 × 2𝜋 = 19,8208 .
Com isso conseguimos definir o valor da frequência natural do sistema para o conjunto
de massas m1.

3.2.2 Rigidez equivalente (k):

O próximo passo é determinar qual o valor da rigidez equivalente deste mesmo


sistema. Para isso vamos utilizar os dados iniciais que medimos antes do experimento como
as massas equivalentes dos conjuntos m1, m2 e m3, e suas respectivas deflexões. Tendo
seus valores discretizados fazemos uma estimativa da força que as massas exercem sobre a
régua utilizando a segunda lei de Newton e um valor de 𝑔 = 9,81 . Como segue na tabela
abaixo (Fig.6):

Massa(g) Força(N) Deflexão(cm) Deflexão(m)


35 0,34335 3,2 0,032
37,75 0,3703275 3,6 0,036
39,05 0,3830805 3,9 0,039
Figura 6: Tabela (Excel).

Tendo os valores das forças e das respectivas deflexões podemos traçar um gráfico
com os pares ordenados (F x Δ) e traçar uma linha de tendência entre os pontos. Como
o gráfico é força x deslocamento podemos analisar o coeficiente angular da reta de
tendência que nos fornece o valor de k. O gráfico abaixo, plotado em Excel, ilustra o
comportamento dessa curva, bem como a equação da reta de tendência (Fig. 7).

Força x Deflexão
0,39
0,039; 0,3830805
0,385
0,38
0,375
FORÇA [N]

0,37
0,365 0,036; 0,3703275
0,36
0,355 y = 5,7335x + 0,1611
0,35 R² = 0,9853
0,345 0,032; 0,34335
0,34
0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0,045
DEFLEXÃO [M]

Figura 7: Gráfico Força x Deslocamento (Excel).

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Como se pode observar o coeficiente angular da reta de tendência é igual a 5,7335.


Logo o valor de k é: 𝑘 = 5,7335 .

3.2.3 Coeficiente de amortecimento (c):

O coeficiente de amortecimento é encontrado da mesma forma que o método analítico,


pois nos valemos dos mesmos dados retirados do gráfico gerado pelo Tracker (fator de
amortecimento igual). Aqui temos que tomar cuidado ao utilizar o valor de k atualizado. Assim
o coeficiente de amortecimento para o conjunto de massas m1 é:

𝑠
𝑐 = ξ×2× 𝑘 × 𝑚 = 0,2485 𝑁.
𝑚

Novamente, vale frisar que uma análise para cada conjunto de massas se faz
necessária caso seja do interesse de comparação, aqui estamos analisando somente o
conjunto de massas m1 = 0,035 kg.

4. CONCLUSÃO
Tendo em vista os dois métodos de obtenção dos parâmetros do sistema, podemos
fazer uma comparação para analisar quanta diferença existe entre eles. Como utilizamos
apenas o conjunto de massas m1 para o método experimental não faz sentido comparar os
outros conjuntos nos métodos analíticos, sendo assim vamos analisar os valores quantitativos
do conjunto m1. Abaixo estão dois quadros comparativos entre o método analítico e o
experimental (Fig. 8):

Método analítico
Massa eq. Wn Fn δ ξ Keq c
m1 10,25745137 1,632524089 1,814019774 0,277381208 3,6825 0,199166
Método experimental
Massa eq. Wn Fn δ ξ Keq c
m1 12,7989955 2,0370234 1,814019774 0,277381208 5,7335 0,248514
Erro % 19,86% 19,86% 0,00% 0,00% 35,77% 19,86%

Figura 8: Tabela comparativa entre métodos.

Pode-se observar que existe um erro considerável entre os métodos relativos ao


coeficiente de rigidez, amortecimento do sistema e suas frequências naturais. Para a rigidez
obtivemos uma diferença percentual de 35,77%, já para o coeficiente de amortecimento a
diferença percentual ficou em 19,86%. Por análise percebe-se que conforme se aumenta a
rigidez do sistema, as frequências naturais se alteram e consequentemente o coeficiente de
amortecimento. No nosso estudo a diferença percentual entre as frequências calculadas ficou
em 19,86%. Estes erros se devem à dificuldade de medir os períodos e imprecisões nas
medidas dos outros parâmetros. Além disso o número de observações para o método
experimental influencia significantemente no resultado. Outra forma analisada afim de diminuir
os erros seria aumentar a massa do sistema, fazendo com que haja diminuição na frequência
natural e consequentemente dos coeficientes de rigidez e amortecimento.

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5. REFERÊNCIAS
Tutorial Tracker para vibrações
<https://www.youtube.com/watch?v=QIdYy03bAvw&embeds_euri=https%3A%2F%2Fmoodl
e.ufsc.br%2F&source_ve_path=OTY3MTQ&feature=emb_imp_woyt>

EMB5115 - Montagem experimental


<https://www.youtube.com/watch?v=Nl_qQG_FKNE&t=1432s>

Notas de aula – Lucas Thomaz A. C. A. H. de Paula

Software Tracker <https://physlets.org/tracker/>

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