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Fı́sica Experimental III

Laboratório Didático

Niterói/RJ - BRASIL
Março de 2022
Conteúdo
1 Revisão: teoria de erros 2

2 Dinâmica de fluidos: Torre-d’água 4

3 Transformação de um gás a temperatura constante 5

4 Ondas estacionárias em cordas 7

5 Reflexão e refração da luz 9

6 Interferência e difração 10

7 Apêndice I: Teoria de erros e gráficos 12

8 Apêndice II: Gráficos e método dos mı́nimos quadrados 21


8.1 Construção de gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
8.2 Análise de gráficos: ajuste linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

1
1 Revisão: teoria de erros
Data: . . . . . . . . . . . . Turma:. . . . . . . . . . . .

Grupo
Nome:. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Nome:. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Nome:. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Nome:. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Material utilizado

• Régua;
• Paquı́metro;
• Objeto cilı́ndrico;
• Balança.
• Papel milimetrado;

Procedimentos e resultados

Acesse o site Paquı́metro virtual e aprenda a utilização do paquı́metro.


Estude e entenda os erros de medidas que utilizam uma régua ou um paquı́metro.
Calcule a área da seção transversal, o volume e a densidade de um cilindro metálico utilizando
os dados fornecidos abaixo. Explicite seus cálculos. Expresse valores e incertezas com o
número correto de algarismos significativos e com suas unidades.
1. Suponha que você mediu a altura hr e o diâmetro dr do cilindro utilizando a régua, ob-
tendo os valores a seguir. Calcule a área Ar de sua seção transversal.

hr = 4, 92 ± 0, 05 (cm).
dr = 5, 02 ± 0, 05 (cm).
Ar = . . . . . . ± . . . . . . ( . . . . . . ).

2. Suponha que você mediu a altura h p e o diâmetro d p do cilindro utilizando o paquı́metro,


obtendo os valores a seguir. Calcule a área A p de sua seção transversal.
h p = 50, 05 ± 0, 05 (mm).
d p = 50.10 ± 0.05 (mm).
A p = . . . . . . ± . . . . . . ( . . . . . . ).
3. Calcule o volume Vr do objeto (obtido com a régua) e o volume V p do objeto (obtido com
o paquı́metro).
Vr = . . . . . . ± . . . . . . ( . . . . . . ).
V p = . . . . . . ± . . . . . . ( . . . . . . ).

2
4. Suponha que você mediu a massa do cilindro, obtendo o valor abaixo. Calcule sua densi-
dade ρr (obtida com a régua) e ρ p (obtida com o paquı́metro).

M = 265.21 ± 0.10 (g).

ρr = . . . . . . ± . . . . . . ( . . . . . . ).
ρ p = . . . . . . ± . . . . . . ( . . . . . . ).

Perguntas:

• No cálculo de medidas indiretas, como relacionar o número de algarismos significativos


da medida com o respectivo erro?
• O erro de uma medida é sempre igual ao erro do equipamento utilizado naquela medida?

3
2 Dinâmica de fluidos: Torre-d’água
Objetivos
• Investigar a dinâmica de fluidos ideais via equação de Bernoulli.
• Estudar as propriedades de um fluido ideal em uma torre-d’água.

Simulador
• PhET Colorado: pressão do fluido e fluxo.

Figura 1: Controles disponı́veis na aba Torre-d’água. Figura original do guia do simulador de inter-
ferência de onda do PhET Interactive Simulations, University of Colorado Boulder.

Questões
1. Crie um procedimento (via método gráfico) para obtermos a altura Y da torre-d’água
através de medidas da altura H e do alcance X no simulador.
2. Meça a altura Y da torre-d’água com a régua e compare com a altura obtida pelo método
gráfico desenvolvido no item acima. Discuta se os valores estão de acordo dentro da
margem de erro.
3. Acople a mangueira na torre-d’água, produzindo um jato de água vertical a partir do solo.
Determine a velocidade da água na saı́da da mangueira e compare com o valor medido
experimentalmente com o medidor de velocidade do simulador. Discuta se os resultados
estão de acordo dentro da margem de erro.

4
3 Transformação de um gás a temperatura constante
Objetivo
• Estudar o comportamento de um gás variando o volume e pressão.
• O comportamento de um gás ideal.

Simulador
Acesse o simulador de propriedade dos gases

Figura 2: Controles disponı́veis na guia Ideal. Figura original do guia do simulador de Propriedades
dos gases do PhET Interactive Simulations, University of Colorado Boulder.

Obs: Não se esqueça de estimar as incertezas de todos os valores medidos.

Perguntas:
(a) Usando o simulador, proponha um experimento para determinar a constante dos gases
ideais.
(b) Use o simulador para obter o valor da constante dos gases ideais. O valor obtido coincide
com o valor de referência? [Dica: Utilize métodos gráficos.]

5
(c) Quais os valores da pressão indicados no manômetro do simulador quando o recipiente
contém 1000 partı́culas do gás, 500 partı́culas e 1 partı́cula? Use a relação com a energia
cinética para calcular a pressão do gás. Os valores calculados estão de acordo com os
valores medidos no manômetro?
(d) Usando as partı́culas leves e experimentos no simulador, determine qual seria a densidade
do gás à pressão atmosférica. Faça o mesmo para as partı́culas pesadas. Qual dos dois
valores de densidade é compatı́vel com a densidade do ar? [Obs: As partı́culas leves têm
uma massa de 4 UMA (Unidades de Massa Atômica) e as partı́culas pesadas tem massa
de 28 UMA.]
(e) Misture agora partı́culas leves e pesadas. Quais se movem mais rápido? Explique por que
isso acontece.
(f) Sem modificar a temperatura ou o volume, deixe escapar 10% da partı́culas. O que acon-
tece?

Dados:
• 1 UMA= 1, 660539 × 10−24 g;
• Densidade do ar nas CNTP: 1, 2754 kg/m3 ;
• R = 8, 314 J.mol−1 .K−1 ;
• k = 1, 38 × 10−23 J/K;
• Altura do recipiente: 8, 75 nm;
• Profundidade do recipiente: 4 nm;

6
4 Ondas estacionárias em cordas
Objetivos
• Determinar a velocidade de um pulso de onda em uma corda.
• Estudar os modos estacionários em uma corda com pontas fixas.
Dicas para Professores
Ondas em Corda
Simulador
A simulação Ondas em Corda permite que os alunos criem suas próprias ondas e explorem
Acesseconceitos ondulatórios como amplitude, frequência, amortecimento, tensão, velocidade,
o simulador de ondas em uma corda.
reflexão e interferência.

CRIE uma de
forma manual
(movendo a MOVIMENTE a
chave inglesa), linha de
com o Oscilador referência
ou com gerador como desejar
de Pulso

MEÇA distância
CONTROLE as ou tempo
propriedades
da onda

Figura 3: EXPLORE Simulations,


Figura aoriginal do guia do simulador de ondas em uma corda do PhET Interactive
REINICIE
onda
University of Colorado Boulder. ondas com a
preservando extremidade
as outras fixa, solta ou
Obs:configurações
Não se esqueça de estimar as incertezas de todos os valores inexistente
medidos.
no simulação

Questões
PAUSE e avance
(a) Usando o simulador, proponha dois métodos para medir a velocidade de propagação
o movimento da das
ondas em uma corda. onda

(b) Usando o modo “Pulso”, meça diretamente a velocidade de um pulso para as três tensões
VEJA a onda
em câmera
possı́veis.
lenta
(c) Obtenha a razão entre a tensão alta e baixa e a razão entre a tensão intermediária e baixa
(com suas respectivas incertezas).
(d) No modo “Oscilador”, utilizando a tensão alta, produza todos os modos estacionários
possı́veis. [Dica: (Tradução
Rouinfar, Julho 2016 sua resposta
de Lairanede (c) pode
Rekovvsky, ajudar
outubro na busca por esses modos]. Utilizando
de 2019)
o método gráfico, obtenha a velocidade de propagação da onda na corda.
(e) Compare as velocidades obtidas, no caso de tensão alta , nos itens (b) e (e). Você observa
concordância?

Dicas:

7
• Os modos que estamos buscando correspondem aos de uma corda com as duas extremi-
dades fixas. No entanto, note que o simulador gera as ondas pela oscilação de uma das
extremidades. Assim, para obter uma melhor aproximação para o limite de extremidades
fixas o ideal é usar uma amplitude pequena no item (d).
• Os modos que queremos correspondem a um caso idealizado em que não há amorteci-
mento. Mas se você escolher a opção “nenhum amortecimento” e modificar os parâmetros
(amplitude e frequência) com o oscilador em funcionamento, as perturbações geradas
em um dado instante não serão dissipadas no instante posterior. Assim, mesmo seleci-
onando uma frequência especı́fica você pode acabar observando uma mistura de várias
frequências, o que dificultará sua medida. Isso pode ser resolvido utilizando a opção
“Reiniciar” sempre que modificar a frequência. Outra possibilidade é incluir um amorte-
cimento momentâneo durante o processo para dissipar efeitos transientes e estabelecer os
modos estacionários. Explore ambas possibilidades e relate suas observações.

8
5 Reflexão e refração da luz
Objetivos
• Constatar as leis da reflexão e da refração da luz.
• Determinar a velocidade de propagação da luz em um meio material.
• Investigar a dependência da velocidade da luz com o ı́ndice de refração do meio.

Simulador
Acesse o simulador de desvio da luz.

Figura 4: Controles disponı́veis na Tela Mais Ferramentas. Figura original do guia do simulador de
desvio da luz do PhET Interactive Simulations, University of Colorado Boulder.

Obs: Use o transferidor para as medidas de ângulos. Não se esqueça de estimar as incertezas
de todos os valores medidos.

Questões
(a) Usando o simulador, e com base nos fenômenos de reflexão e refração da luz, proponha
dois métodos para se determinar a velocidade de propagação da luz em um meio material.
(b) Acesse o simulador na tela “Intro”. Usando o fenômeno da refração e o método gráfico,
qual o valor do ı́ndice de refração do meio mistério? Escolha um meio mistério (A ou B).
(c) Usando o fenômeno da reflexão total, qual o valor do ı́ndice de refração do meio mistério?
Escolha um meio mistério (A ou B).
(d) A partir do valor para o ı́ndice de refração, obtenha a velocidade da luz no meio material.
(e) Agora acesse o simulador na tela “Mais Ferramentas”. Os ângulos crı́ticos de reflexão
total são os mesmos para cores diferentes? Que cor possui maior ângulo crı́tico?
(f) Para qual cor a velocidade da luz é maior no meio material? Justifique com base nas
observações realizadas através do simulador.

9
6 Interferência e difração
Objetivos
• Observar os fenômenos de difração e interferência da luz.
• Determinar o comprimento de onda e a velocidade da luz.
• Determinar experimentalmente a largura de uma fenda usando o padrão de difração.
• Determinar experimentalmente a distância entre duas fendas usando o padrão de inter-
ferência.

Simulador
Acesse o simulador de interferência de ondas.

Figura 5: Controles disponı́veis na Tela Fendas. Figura original do guia do simulador de interferência
de onda do PhET Interactive Simulations, University of Colorado Boulder.

Obs: Não se esqueça de estimar as incertezas de todos os valores medidos.

Questões
(a) Usando o simulador, e com base nos fenômenos de interferência e difração, proponha
métodos para medir a largura de uma fenda simples e para medir a distância entre duas
fendas em um experimento de fenda dupla.
(b) Crie um procedimento para medir comprimento de onda e velocidade da luz no simulador.
Aplique seu procedimento a duas cores (frequências) distintas. Compare sua medição ao
valor exato da velocidade da luz no vácuo, estimando sua diferença percentual.
(c) Usando o padrão de difração de fenda simples, determine experimentalmente a largura da
fenda e estime sua incerteza. Compare o valor obtido com o valor nominal de largura da
fenda dada no simulador.

10
(d) Usando o padrão de interferência de fenda dupla, determine experimentalmente a distância
entre as fendas e sua incerteza. Compare o valor obtido com o valor nominal de distância
entre as fendas dada no simulador.

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7 Apêndice I: Teoria de erros e gráficos

Grandezas Físicas e Unidades

A Física é a ciência que estuda os Não é necessário estabelecer padrões


componentes da matéria e suas interações. Pela para todas as grandezas físicas, pois muitas
observação dessas interações são construídos delas estão relacionadas. Então o que se faz é
modelos que tentam explicar as propriedades definir padrões acessíveis e invariáveis para as
da matéria e os fenômenos naturais. A Física se grandezas físicas fundamentais, ou seja, um
baseia em medições. A observação do número mínimo de grandezas a partir das quais
fenômeno físico vai resultar numa informação se possa fazer medições das demais. Uma
quantitativa, ou seja, atribui-se um número a conferência geral de pesos e medidas, reunida
uma propriedade física a partir da comparação no período de 1954-1971 selecionou sete
entre quantidades semelhantes. As gradezas de base: comprimento, massa, tempo,
propriedades físicas vão ser expressas na forma intensidade luminosa, intensidade de correne
de grandezas, como por exemplo massa, elétrica, temperatura termodinâmica e
comprimento e tempo. quantidade de matéria. As demais grandezas
Para se fazer comparações entre são chamadas grandezas derivadas e são
quantidades semelhantes de uma determinada definidas em função das sete grandezas de
grandeza é preciso definir uma unidade, ou base. Para expressar essas grandezas existem
seja, uma medida da determinada grandeza alguns sistemas de unidades, entre os quais o
cujo valor é 1. É definido então um padrão, um mais utilizado é o Sistema Internacional de
valor de referência para possibilitar a Unidades, aprovado pela conferência de pesos
comparação das quantidades. Cada medição é e medidas. As unidades de base do SI são:
feita em comparação com o padrão e assim as
medições podem vir a ser comparadas entre si.
O padrão é definido de forma arbitrária, no
entanto para ser possível uma comparação
entre medições diferentes, feitas por pessoas
diferentes, em tempos diferentes, é preciso
buscar um padrão que seja acessível a todos e
ao mesmo tempo invariável, para em qualquer
situação medidas diferentes possam ser
comparadas.

12
grandeza unidade símbolo
comprimento metro m
massa quilograma kg
tempo segundo s
intensidade de corrente elétrica Ampère A
temperatura termodinâmica Kelvin K
quantidade de matéria mol mol
intensidade luminosa candela cd

Para a unidade de comprimento, o radiação emitida por uma lâmpada de cádmio


metro foi introduzido originalmente durante a para comparação com a barra padrão. Em 1960
revolução francesa pelo governo francês, a conferência de pesos e medidas adotou
definido como a décima milionésima parte oficialmente um padrão atômico para o metro, o
-7
(10 ) de um quadrante do meridiano terrestre. comprimento de onda da luz emitida pelo
Essa distância foi medida e assim foi construída isótopo de massa 86 do Kriptônio. Finalmente,
uma barra de platina para comparação, guardada em 1983, o metro passou a ser definido em
em condições controladas e à temperatura de função da velocidade da luz no vácuo. Com
O
0 C. Medições posteriores mostraram que a tudo isso, fica claro que ao se utilizar uma régua
barra diferia ligeiramente do valor definido, para fazer uma medição direta, estamos
assim a definição de metro passou a ser comparando uma quantidade de comprimento a
simplesmente o tamanho daquela barra. Ela foi um padrão construído a partir daquele padrão
então reproduzida para que se tormasse definido.
acessível a todos. É importante perceber que não podemos
Um padrão mais preciso e mais fácil de esperar que esta ou qualquer medida seja
ser reproduzido foi obtido por Michaelson em exata. Haverá sempre algum erro inerente à
1893, que utilizou o comprimento de onda da medição.

13
Margem de Erro

Dado um instrumento de medida deve- No caso dessas medidas terem sido


se observar a escala graduada numa tomadas com instrumentos de precisão
determinada unidade. A menor divisão dessa diferente, não há sentido em preservar o
escala vai limitar a precisão da medida. Uma número de casas decimais do valor mais
leitura entre os dois valores marcados deve ser preciso:
feita estimando-se o valor intermediário e
levando-se em conta que essa estimativa L1=2,5 cm, L2= 4,52 cm;
acarretará numa imprecisão da medida. Deste L1 +L2=7,02 cm =7,0 cm
modo, é comum considerar-se uma incerteza de
metade do valor da menor divisão da escala No caso da multiplicação, preserva-se
quando a interpolação é visualmente possível tipicamente o resultado com o mesmo número
(em instrumentos analógicos). de algarismos significativos (exatos+duvidoso)
Uma régua graduada em centímetros que o número menos preciso:
(menor divisão da escala = 1 cm), por exemplo,
possibilita uma medição com margem de erro A= L1 x L2 = 11,25 cm2= 11 cm2
de ± 0,5 cm. Se o resultado da medição é
estimado em 16,4 cm, onde o 16 representa os Para outras funções deve-se proceder
algarismos exatos e o 4 um algarismo duvidoso da mesma forma, fazendo todos os cálculos
(total de 3 algarismos significativos), esse valor necessários e cortando os algarismos não
deve ser expresso: (16,4 ± 0,5) cm. significativos ao final. Para tanto, deve-se levar
Quando tratamos uma medida indireta, em conta no arredondamento do algarismo
ou seja, obtida através de uma função de outras duvidoso (último significativo) apenas o valor
grandezas medidas diretamente, devemos do primeiro algarismo a ser cortado. Sendo este
também levar em conta os algarismos menor ou igual a 4 o algarismo duvidoso
significativos. Medidos dois comprimentos permanece o mesmo. Sendo maior ou igual a 6
com o mesmo instrumento e somados os uma unidade deve ser somada ao duvidoso.
valores, a soma tipicamente preserva o mesmo Sendo igual a 5, o duvidoso deve ser mantido
número de casas decimais: caso seja par e acrescido de uma unidade caso
L1=2,5 cm, L2=4,5 cm; seja impar.
L1+L2= 7,0 cm

14
Exemplos: soma dos erros relativos quadráticos de cada
termo (obs: usando que o logaritmo do produto
3,550 x 4,21 = 14,9455 = 14,9 é a soma dos logaritmos esta regra é na verdade
3,550 x 4,33 = 15,3715 = 15,4 derivada da anterior):
3,550 x 6,41 = 22,7555 = 22,8
3,550 x 7,00 = 24,8500 = 24,8 2
 z   x   y 
2

  =   +  
 z   x   y 
Considerando que a margem de erro de
uma medida representa um intervalo no qual
Exemplos:
pode ser encontrado o “valor real” da grandeza
física, ao se utilizar esses valores para obter
L1 = (2,5± 0,5) cm, L2 = (4,5± 0,5) cm
medidas indiretas de outras grandezas, o
A = L1 x L2 = (11± 3) cm2
resultado terá consequentemente uma
incerteza. Também as margens de erro devem
L1 = (2,5± 0,5) cm, L2 = (4,52± 0,01) cm
ser consideradas no cálculo e a incerteza
A = L1 x L2 = (11± 2) cm2
propagada. Para o caso da soma de duas
medidas (x ± x) e (y ± y) um critério
Para calcular o erro propagado de uma
comumente aceito é de que o erro da soma z =
função qualquer F(x, y) que depende das
(x + y) será dado por
variáveis medidas calcula-se a derivada total
dessa função:
z = x  + y 
2 2

∂F ∂F
dF= dx+ dy
∂x ∂y
Exemplos:

L1 = (2,5± 0,5) cm, L2 = (4,5± 0,5) cm; A derivada parcial é na realidade a

L1 + L2 = (7,0 ± 0,7) cm derivada comum em relação a cada variável


considerando a outra variável como constante.

L1 = (2,5± 0,5) cm, L2 = (4,52± 0,01) cm Para uma função qualquer F(x,y) a incerteza

L1 + L2 = (7,0 ± 0,5) cm absoluta propagada para o valor da função será:

2
 F   F 
Para medidas indiretas provenientes de 2

F =   x + 
2
 y 2 ,
multiplicação ou divisão o erro relativo (z/z)  x   y 
do resultado será dado pela raiz quadrada da

15
onde x é a incerteza da medida de x e y é a  x 
errorelativo =  
incerteza da medida de y. A partir do erro  x 
relativo de uma medida, ou seja, o erro
dividido pelo valor medido, pode ser útil  x 
erro percentual =    100
calcular o erro percentual, expresso em  x 
porcentagem:

Fontes de Erro

Erros sistemáticos numa medição acontecem modelo teórico podem acarretar erros
em função de um instrumento mal calibrado sistemáticos. Este tipo de erro faz com que as
(uma balança que não parte do zero, por medidas fiquem todas acima ou abaixo do
exemplo) ou de técnicas erradas de medição valor real, piorando a exatidão ou acurácia dos
(como uma medição de comprimento feita a resultados. Em geral as fontes de erro
partir da extremidade da régua e não do início sistemático têm como ser identificadas e o erro
da marcação). Também simplificações do eliminado.

Erros aleatórios que geram flutuações podem ser eliminados. Esses erros, em geral,
nas medidas podem ter origem em diversos obedecem a uma distribuição simples,
fatores, como condições de temperatura, flutuando em torno de um valor mais provável,
pressão, iluminação, etc. Esse tipo de erro e podem portanto ser tratados de forma
também pode ter origem no método de estatística. Ao repetir a mesma medida um
observação, como por exemplo se a precisão do determinado número de vezes parte dos
instrumento for superestimada ao se interpolar resultados deverá estar acima do valor real e
a menor divisão da escala. Os erros aleatórios parte abaixo, já que as fontes de erro que regem
afetam a precisão das medidas e nem sempre essas flutuações são aleatórias.

16
Modelo teórico X Experimento

Os modelos teóricos utilizados para de segundo grau, cujos coeficientes podemos


explicar fenômenos Físicos são obtidos, em determinar empiricamente.
princípio, da observação desses fenômenos e Uma vez instituído um modelo e
determinação do padrão de comportamento de conhecidos os limites nos quais ele representa
uma grandeza em relação à outra. Se esse o comportamento observado das grandezas,
padrão pode ser descrito por uma função ele nos orienta a respeito de que experimento
matemática, podemos então construir um devemos realizar e sob que condições. Muitas
modelo que deve explicar o determinado vezes a origem de um determinado
fenômeno naquelas condições e que possa ser comportamento pode ser identificada e o fator
reproduzido. em questão tratado separadamente ou
Um modelo pode ser válido apenas eliminado para que os demais fatores possam
em um certo limite ou sob determinadas ser testados.
condições. Um exemplo é a força de atração No caso de um objeto que desse um
gravitacional, que, no caso geral, depende do trilho inclinado, sabemos que a atração
inverso do quadrado da distância entre os gravitacional irá conferir a ele uma aceleração
1 proporcional à gravitacional e também que o
corpos ( F G ∝ r 2 ). No entanto, se
atrito diminuirá essa aceleração. Podemos
observarmos o comportamento de corpos em eliminar (ou diminuir) o fator atrito usando
queda livre na Terra notaremos que sua um trilho de ar e, sob estas condições, analisar
aceleração é aproximadamente constante. A o movimento levando em conta que a
distância entre os corpos neste caso (o corpo aceleração terá origem apenas na atração
em queda e a Terra) é a distância entre os gravitacional. Deste modo, podemos variar o
centros de massa dos mesmos, portanto deslocamento e medir o tempo decorrido,
aproximadamente igual ao raio da Terra. observando o padrão de comportamento
Nesse limite, observamos que o deslocamento dessas grandezas, e então determinar
do corpo está relacionado com o tempo de quantitativamente o fator que as relaciona.
queda por uma função simples, um polinômio

17
Representação gráfica dos dados experimentais

Num experimento, quando se deseja funcional que pode ser representada por uma
variar uma determinada condição para que se equação matemática. Além disso, o gráfico
possa medir o efeito dessa variação numa permite muitas vezes a interpolação ou a
outra quantidade, a representação gráfica dos extrapolação dos resultados. Para tanto, é
dados é muito útil. O gráfico permite a preciso que ele seja construído de forma
visualização dessa relação de causa e efeito, adequada.
possibilita a identificação de um padrão de Na representação gráfica, a variável
comportamento dos dados, discriminando os independente é descrita pelo eixo horizontal e
pontos duvidosos evidenciando uma relação a variável dependente pelo eixo vertical.

x=x (t )

30

25

20

15
x(t)

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
t

18
Cada eixo representa uma grandeza da precisão. O fator de escala deve ser
Física, portanto o símbolo que representa essa escolhido com atenção. Não devemos
grandeza deve constar do gráfico, bem como fracionar a divisão de centímetro, devemos
a unidade utilizada. A orientação do papel sim escolher a escala inteira imediatamente
deve ser escolhida em função do número de superior ou inferior, conforme o caso. No
unidades de cada grandeza a ser representado exemplo citado, se vamos representar valores
nos eixos. que vão de 540 a 547 no eixo de 25 cm
As divisões do papel representarão teremos:
unidades da grandeza a ser medida e a escala 25/7 = 3.6
deve ser escolhida de forma conveniente. É Se dividíssemos a escala em 4 cm
importante perceber que escolhida a escala, para cada unidade precisaríamos de 28 cm
os valores representados no papel terão sua para que todos os pontos estivessem no
precisão limitada à menor divisão do mesmo. gráfico. Dividindo a escala de forma
Por essa razão, devemos usar a maior área adequada, marcamos então alguns valores da
possível do papel e tomar limites que mesma para relacionar as posições no eixo
abranjam todos os valores da tabela e que com os valores correspondentes da grandeza
estes fiquem o mais espalhados possível. Por medida. Apenas esses valores devem estar
exemplo, se temos na tabela valores que vão marcados nos eixos e apenas eles vão
de 540 a 547 não devemos incluir o valor permitir a leitura dos valores dos pontos
zero entre os valores marcados na escala. experimentais e pontos interpolados ou
Nesse caso, devemos tomar o eixo com no extrapolados na reta.
máximo 10 unidades da grandeza medida (de Jamais devem ser marcados nos
540 a 550, por exemplo). Isso vai depender eixos os valores experimentais obtidos. Estes
também de se desejarmos extrapolar a função serão marcados no ponto correspondente do
até algum valor de interesse. Se desejarmos valor (x,y). Devem ser ilustradas com cada
conhecer o valor que a função teria na ponto suas respectivas barras de erro
posição 570 será conveniente dividir o eixo (verticais e horizontais)
em 30 unidades (de 540 a 570) em detrimento

19
30

25

20
x(t)

15

10

5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
t

Marcados os pontos no gráfico, importante notar que esses valores são tirados
podemos então analisar esse padrão de da reta traçada, não são valores
comportamento. Com base no modelo teórico experimentais. Devemos escolher dois pontos
supomos um comportamento linear da que tenham fácil leitura. Outro detalhe
variação da posição com o tempo, logo, relevante é que a divisão deve ser feita entre
devemos traçar uma reta que represente esse os valores das grandezas e com suas
padrão. A reta não deve ser traçada ligando respectivas unidades, valores em centímetros
dois pontos nem precisa passar pela origem. da escala fornecem apenas o ângulo de
Obtida a reta que determina o padrão inclinação da reta, não trazem informação da
de comportamento dos pontos experimentais, escala utilizada.
queremos calcular sua inclinação. Para isso
vamos tomar qualquer intervalo de posição e
seu intervalo correspondente de tempo. É

20
8 Apêndice II: Gráficos e método dos mı́nimos quadrados
8.1 Construção de gráficos
Um gráfico apresenta um conjunto, ou mais, de dados experimentais numa figura. O gráfico
objetiva mostrar visualmente a dependência entre uma grandeza e um parâmetro medidos si-
multaneamente. Para isto o gráfico deve ter os elementos essenciais abaixo.

Tı́tulo do gráfico
Informa quais dados e que dependência está sendo representada. Por exemplo, se quer-se
estudar a dependência da velocidade com o tempo o tı́tulo pode ser de ser de uma das
formas abaixo.

• Gráfico: velocidade (v) em função do tempo (t)


• Gráfico: v versus t
• Gráfico: v (t)

Tı́tulos dos eixos


Especifica qual grandeza fı́sica o eixo representa e que unidade é utilizada na escala do
eixo. O eixo vertical, das ordenadas, corresponde à grandeza que é especificada primeiro
no tı́tulo do gráfico, antes do “versus”, enquanto que o que vem depois é representado
no eixo horizontal, das abcissas. Assim, por exemplo, quando se construir o gráfico de
“v versus t”, as velocidades devem ser lidas nas escala do eixo vertical e os tempos no
eixo horizontal. No tı́tulo do eixo deve-se utilizar um sı́mbolo adequado para a grandeza
enquanto que a unidade é informada em parêntesis. Exemplos:
• v (cm/s) ou v (cm s−1 )
• t (s)
Escala dos eixos
Fornece a escala em que a grandeza é representada no eixo graduado. O eixo possui
uma graduação principal, podendo também possuir uma graduação secundária, sendo que
apenas para a principal é colocado o texto de legenda da escala. As legendas da escala
devem ser números redondos, preferencialmente, múltiplos de 2 ou 5.
Legenda do gáfico
Quando mais de um conjunto de pontos é representado num único gráfico, é necessário
diferenciar os conjuntos de dados usando sı́mbolos diferentes. A legenda é um quadro
inserido no gráfico onde se coloca o sı́mbolo ao lado de um texto curto que especifica
qual conjunto de dados aquele sı́mbolo representa.

• Atenção: É errado colocar os valores dos pontos experimentais como legendas nos
eixos.

Estética
Um gráfico é uma figura, portanto, deve ser bem proporcionado e esteticamente agradável
para facilitar sua observação e análise. Por exemplo, um gráfico achatado, assim como
uma escala inadequada, dificulta a análise das dependências matemáticas. Uma ilustração

21
Figura 6: Exemplo de construção de um gráfico.

de um gráfico construı́do de forma a satisfazer as regras descritas nessa seção é dado na


Fig 6.

8.2 Análise de gráficos: ajuste linear


Seja um experimento que fornece como resultado um conjunto de N pares de medidas (Xi , Yi )
que graficamente representados geram uma reta. O ajuste linear é a análise matemática de
dados que apresentam uma dependencia linear
Y = a + bX,
para a obtenção do coeficientes linear a e do coeficiente angular b. Apresentaremos abaixo
um exemplo que analisaremos primeiro pelo método da triangulação e depois pelo método dos
mı́nimos quadrados.

Método dos mı́nimos quadrados


O método dos mı́nimos quadrados resulta da minimização do quadrado da distância entre
os valores experimentais de Y e os valores calculados como Y 0 = a + bX.

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O coeficiente linear a e o coeficiente angular b são fornecidos pelas equações
P P 2 P P
Y X − X XY
a = P 2 P ; (0)
N X − ( X)2
P P P
N XY − X Y
b = P 2 P (0)
N X − ( X)2
As incertezas de a e b são, respectivamente,
q q
σ2 X 2
P N2 σ P 2 ,
P
σa = , σb =
2
P 2 P 2
N X −( X) N X −( X)

onde
(∆Y)2
P
σ2 = N−2
,

e ∆Y é a diferença entre os valores experimental e teórico

∆Y = Y − (a + bX).

Na Tabela 2 o método dos mı́nimos quadrados (MMQ) é aplicado aos dados de um exem-
plo.

Tabela 1: Cálculo do método dos mı́nimos quadrados para dados do comprimento e da força magnética
sobre um fio com I = 5 A.

X Y X2 XY (a + bX) ∆Y 2
n L(mm) F (mN)
1 12,5 8,0 156,25 100 7,5 0,25
2 25,0 14,0 625 350 14 0,00
3 50,0 26,2 2500 1310 27 0,64
4 100 53,6 10000 5360 53 0,36
P
187,5 101,8 13281,25 7120 1,26

A aplicação das fórmulas acima leva aos valores dos coeficientes da reta e suas incertezas
mostrados na Tabela 2.

Tabela 2: Resultado dos ajustes lineares pelos métodos da triangulação e dos mı́nimos quadrados.

MMQ Triangulação
a ( mN ) 1, 0 ± 0, 7 1
b ( Nm−1 ) 0, 52 ± 0, 01 0,53

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