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O JULGAMENTO DE NUREMBERG.

Tribunal Militar Internacional vs. Hermann Göring et all.

20 de novembro de 1945 – 01 de outubro de 1946.

Sala do Tribunal de Nuremberg em 1946. (AP Photo / STF)

Tema do comitê:

Julgamento de lideranças administrativas, militares e empresariais do nazismo pelo Tribunal


Militar Internacional, liderado pelas cortes dos governos dos Estados Unidos, URSS, França e
Inglaterra, vitoriosos na guerra.

1
Caros (as) participantes,

Sejam bem-vindos a simulação dos Julgamentos de Nuremberg.


Será a terceira vez na SIMUNA que iremos reviver um evento histórico, mas nenhuma com tamanha
responsabilidade como esta. Afinal, trata-se da recuperação dos processos contra 24 réus (dos quais apenas
21 compareceram à corte de justiça) acusados de crimes de guerra, contra a paz e a humanidade. “Líderes,
organizadores, incentivadores e cúmplices que participaram da elaboração de um plano comum ou de uma
conspiração”1 – o Estado Nazista e suas instituições, cujos crimes marcaram a história do século XX.
E não se trata de representar um país em um encontro das Nações Unidas no qual as decisões nem
sempre são asseguradas ou o consenso é garantido entre os diplomatas presentes. Também não se trata de
uma imitação literal de um evento histórico que ocorreu há quase setenta anos atrás. Neste comitê, o
desafio será um pouco diferente: representar personagens históricos cujas ações tornaram-se conhecidas,
assim como seus efeitos, sem necessariamente imitá-los, pois estamos diante de um comitê que retorna ao
calor dos acontecimentos. Como participantes, vocês não sabem ainda qual será o resultado de suas
escolhas e decisões. Sendo assim, será possível alterar ou não o curso dos acontecimentos.
Por outro lado, em se tratando de um tema tão delicado, o julgamento de políticos, empresários,
militares e outros colaboradores civis de um sistema totalitário que assassinou milhões de seres humanos,
será fundamental que todos vocês – estudantes participantes – respeitem o momento histórico no qual
estarão inseridos. Antes de mais nada, neste comitê, será muito importante o respeito a memória daqueles
que sofreram os crimes nazistas, bem como daqueles que se comprometeram em julgá-los ou que
receberam a alcunha de defendê-los.
O mesmo cuidado será necessário para os estudantes que escolheram representar as 21 lideranças
nazistas. Neste caso, recomenda-se aos participantes que se mantenham fiéis ao perfil de seus personagens
sem ridicularizá-los, ou ainda, sem transformar o comitê e um espetáculo jocoso de episódios tragicamente
reais como a “solução final” nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Por outro lado, aqueles que
representarem os réus não podem perder a liberdade de interpretação necessária a qualquer simulação,
pois esta liberdade será fundamental para a originalidade deste comitê, bem como para a melhor fluição
dos debates.
Que todos possam desfrutar da melhor forma possível das sessões deste comitê, desenvolvendo
habilidades necessárias a sua vida estudantil, aprendendo um pouco mais sobre um dos momentos
históricos mais relevantes do século XX e, por fim, escolhendo ou não mudar estes acontecimentos.
Bom trabalho a todos.

Atenciosamente,
Délcio Garcia Gomes. Professor Conselheiro da VII SIMUNA.

1
Conforme definiu a própria Carta dos Tribunal Militar Internacional

2
SUMÁRIO
1. O CONTEXTO HISTÓRICO ................................................................................. 04
1.1 Os Crimes

1.2 A Segunda Guerra Mundial

2. OS JULGAMENTOS ........................................................................................... 10
2.1 As acusações

3. PRINCIPAIS PERSONAGENS ........................................................................... 12


3.1 Os Juízes

3.2 Os réus e os respectivos advogados

3.3 Promotores

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 24

5. REGRAS ESPECÍFICAS DO JULGAMENTO DE NUREMBERG .................... 25

6. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 27

7. ANEXOS ............................................................................................................ 28

3
1. O contexto histórico.
Uma máxima repetida entre os historiadores diz que a História que
conhecemos é, invariavelmente, a versão dos vencedores. Praticamente não
se dá atenção ao que o perdedor tem a dizer e pouca gente fica sabendo o
que aconteceu com ele. Contudo, apesar de nossa vontade desesperadora
de achar um culpado, a verdade nem sempre é tão simples. (...) Antes de
julgar, é preciso ouvir o outro lado. Ao contrário do que muitos pensam, o
sofrimento não foi exclusivo das vítimas do nazismo: a Alemanha também
perdeu – e muito – com a aposta que fez. Fonte: Revista História em Foco.2

O Tribunal de Nuremberg só pode ser compreendido dentro de uma conjuntura maior que
envolve necessariamente os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), do
totalitarismo nazista (1933-1945) e, consequentemente, os excessos cometidos em nome
desta ideologia. Entre tais excessos, destaca-se a perseguição sistemática e progressiva aos
judeus, ciganos, eslavos e membros de outras etnias, além daqueles que politicamente destoa-
vam do NSDAP (o partido nazista) e do Estado construído a partir da liderança de Adolf Hitler.
Os acontecimentos da Segunda Guerra são particularmente importantes porque produziram
um grupo de nações vendedoras, lideradas pelos Estados Unidos, Inglaterra e União Soviética,
que se predispuseram a julgar, em um corte de exceção, uma lista de autoridades nazistas
derrotadas em guerra, e que agora precisariam ser punidas em vista dos crimes cometidos não
apenas por si, mas por todo um sistema da qual faziam parte. Quebrava-se, assim, o princípio
“nullum crimen nulla poena sine lege previa”, a partir do qual se considera que uma pessoa só
poderia ser julgada criminosa ou culpada se houvessem leis anteriores que delimitassem tais
crimes, ou ainda, um precedente jurídico que justificasse a retroatividade. Isto não aconteceu
em Nuremberg.
Neste sentido, muitos daqueles que criticaram posteriormente o Tribunal de Nuremberg
consideraram-no uma corte de “vendedores contra vencidos”, onde as intenções em condenar
os réus já estavam postas na mesa. Além do mais, o Estado dentro do qual as lideranças
condenadas atuaram estava destruído, derrotado e ocupado pelas tropas anglo-americanas e
russas, no ano de 1945. E as potências vencedoras, em encontros como as Conferências de
Yalta e Potsdam traçaram o destino da Europa e dos países derrotados do Eixo, especialmente
a Alemanha. Para muitos críticos, faltava então ao Tribunal a legitimidade necessária e seus
organizadores teriam transgredido o princípio da legalidade, aplicando normas jurídicas
elaboradas post facto.

Por outro lado, tendo em vista a proporção dos combates, os dois lados na Segunda Guerra
Mundial cometeram crimes de guerra, ou foram além de um mínimo respeitável em situações
de conflito. É bastante conhecida, por exemplo, o lançamento das bombas nucleares pelas
forças armadas estadunidenses sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, com

2
Disponível em: 2° Guerra Mundial. Revista História em Foco. Ano 01, n°1, 2012, p.80.

4
saldo superior a duzentos mil mortos e um número incontável de pessoas afetadas pela
radiação. Ou ainda, o bombardeio anglo-americano sobre a cidade alemã de Dresden, entre os
dias 13 e 14 de fevereiro de 1945, pelo qual aproximadamente quatro mil toneladas de bombas
foram despejadas sobre a cidade, exterminando a população civil. E assim ocorreu também em
tantas outras cidades alemãs, polonesas, italianas, russas, além dos árduos combates nas
ilhas do Pacífico, os saques perpetrados por ambos os lados, os excessos cometidos pelos
soviéticos quando avançaram pelo leste da Europa, entre outros episódios condenáveis.

Alguns líderes nazistas chegaram a argumentar no julgamento: qual a legitimidade de uma


corte de juízes, que representa Estados que também praticaram crimes de guerra, para julgar
os alemães? Além disto, poderiam as 21 lideranças nazistas presentes no Tribunal serem
julgadas por crimes de Estado, cometidos por todo um sistema? Eles não estariam cumprindo
ordens? Questões como estas foram levantadas tanto pelos réus e seus advogados como
também entre os demais participantes durante as sessões do julgamento.

1.1 Os crimes. Das primeiras restrições à “solução final”.

A verdade é que os excessos cometidos pelos nazistas ultrapassavam em muito qualquer


necessidade de uma legislação internacional anterior contra crimes de guerra. Foram ações
condenáveis em qualquer sociedade ou momento histórico, independentes da existência ou
não de um direito internacional aprimorado. Os crimes falavam por si.

Esta percepção foi exposta em vários momentos do Julgamento de Nuremberg, como, por
exemplo, nas declarações finais do promotor-chefe dos Estados Unidos Robert H. Jackson na
3
sessão de 26 de julho de 1946 :

“É neste cenário que estes réus pedem, agora, ao Tribunal, que digam que eles não são
culpados de planejarem, executarem ou conspirarem para cometer esta longa lista de crimes
e injustiças. Eles se põem diante deste julgamento como o ensanguentado Gloucester se pôs
diante de seu rei trucidado. Ele implorou à viúva, como eles imploram aos senhores: 'Diga
que eu não os trucidei'. E a Rainha respondeu: 'Então diga que trucidados eles não foram.
Mas mortos eles estão.' Se os senhores disserem desses homens que eles não são
culpados, será o mesmo que dizer que não houve guerra, que não houve massacre, que não
houve crime'”

Os crimes foram vários e não se limitaram aos excessos militares perpetrados em um contexto
de exceção, durante os conflitos armados da Segunda Guerra. Desde os primeiros anos após
4
sua ascensão ao poder, o movimento nacional-socialista de Hitler praticou inúmeros crimes
contra a humanidade, os quais tiveram início dentro do território alemão.

3
The International Military Tribunal for Germany. Document Collection. Disponível em http://avalon.law.yale.edu/imt/07-
26-46.asp

4
Não se esqueçam: trata-se do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP), nome do que
vulgarmente tornou-se conhecido simplesmente como nazismo.

5
“Depois que Adolf Hitler tornou-se chanceler da Alemanha, em janeiro de 1933, ele agiu
rapidamente para transformar o país em uma ditadura com um único partido, e organizou uma
força policial especialmente para garantir que as políticas nazistas fossem aplicadas. Ele
persuadiu seu gabinete a declarar estado de emergência e a abolir direitos individuais,
incluindo a liberdade de imprensa, de expressão e de reunião. Os indivíduos perderam o direito
à privacidade, o que significava que os nazistas podiam ler suas correspondências, escutar
suas conversas telefônicas e revistar suas casas sem necessidade de mandado de busca ou
5
apreensão” .
Na mesma medida em que a democracia alemã era destruída pelo Partido Nazista, os
opositores políticos do regime em construção e as minorias étnicas não desejáveis começaram
a sofrer perseguições. Neste interim, depósitos abandonados, fábricas, prisões e outras
localidades ofereceram espaço para a formação dos primeiros campos de concentração,
destinado aos prisioneiros políticos socialistas, anarquistas, democratas e lideranças sindicais.
Os meios de comunicação passaram completamente para as mãos do Estado, integrados
dentro de um complexo mecanismo de censura e propaganda. Milhares de livros saíram de
circulação e constantemente eram queimados em festividades públicas, o ensino e a pesquisa
acadêmica foram reestruturados, enquanto as autoridades do país difundiam teorias racistas
como verdades inquestionáveis. Na legislação alemã da República de Weimar, superada com
a ascensão de Hitler ao poder, novas leis seriam aprovadas e outras revogadas com a
finalidade de segregar espaços e grupos sociais.
Foi uma segregação progressiva, de modo que muitos judeus, por exemplo, ainda
acreditaram por certo tempo em uma espécie de “modus vivendi” dentro do Estado nazista,
ainda que com direitos limitados. Não havia como saber, no decorrer dos Anos 30, que a
crescente restrição da cidadania fosse terminar em campos de extermínio como de fato
ocorreu no final da Segunda Guerra. Além do mais, os judeus estavam, havia muito tempo,
incorporados na sociedade alemã, eram alemães e não podiam simplesmente deixar tudo o
6
que conquistaram para trás em busca de uma nova sorte em outro lugar .

“Em 1933, cerca de 500.000 judeus viviam na Alemanha, menos de 1% da população total. A
maioria deles tinha orgulho de ser alemão, cidadãos de um país que produziu grandes poetas,
escritores, músicos e artistas. Mais de 100.000 judeus alemães serviram o exército durante a
Primeira Guerra Mundial, e muitos deles foram condecorados por sua bravura.
Os judeus ocupavam cargos importantes no governo e ensinavam nas melhores universidades da
Alemanha. Entre os trinta e oito escritores e cientistas alemães ganhadores do Prêmio Nobel entre
1905 e 1936, quatorze eram judeus. O casamento entre judeus e não-judeus estava se tornando
cada vez mais comum. Embora os judeus alemães continuassem encontrando alguma
discriminação em sua vida social e carreira profissional, a maioria era otimista em relação a seu

5
Texto do material do Museu do Holocausto sobre o terror nazista. Disponível em http://www.ushmm.
org/outreach/ptbr/article.php?ModuleId=10007673 Consulta: 12/03/2014.
6
Outros grupos judeus, como é o caso dos sionistas, tentaram intensificar o movimento de retorno a Terra Santa, na
medida em que na Alemanha as perseguições aumentavam.

6
futuro como cidadão alemão. Eles falavam o idioma alemão e consideravam a Alemanha sua
pátria”.
Fonte: Memorial do Holocausto. Estados Unidos. 7

No entanto, o nacional-
socialismo não perdeu
tempo em restringir o
acesso dos judeus às
universidades, ao
funcionalismo público, a
determinados espaços
sociais (clubes, lojas),
além de boicotarem os
estabelecimentos
judaicos, pichando-os
com símbolo como a
Estrela de Davi ou Soldados nazistas em frente a uma loja judaica. em Berlim. Na placa está
escrito: "Alemães! Defendam-se! Não comprem de judeus". Foto: Georg
simplesmente pregando Pahl. 1933.
placas como a que vemos
na foto, o que fazia com que os alemães fossem gradativamente deixando de frequentar estes
lugares. Em seguida, os judeus e outras minorias começaram a ter seus bens confiscados e
transferidos para proprietários alemães, assim como os profissionais liberais judeus (médicos,
advogados, professores, jornalistas) tiveram sua atuação restringida, impedidos de atender
qualquer cidadão alemão. Não demoraria muito para os judeus começassem a ser transferidos
para o guetos (ver anexo I) e os campos de trabalho forçados.
Em 1935 e depois em novembro de 1938 ocorreram dois dos episódios mais importantes da
segregação nazista. O primeiro foi a apresentação aos alemães das Leis de Nuremberg, as
quais proibiram as relações matrimoniais e as relações sexuais extraconjugais entre judeus e
“cidadãos de sangue” alemão, regulando também os contratos de trabalho e outras questões.
Em 1938, organizações nazistas durante a Kristallnacht, a Noite dos Cristais, destruíram e
queimaram milhares de estabelecimentos comerciais judaicos por todo o país, além de mais de
duzentas sinagogas e tantos outros espaços, como escolas, cemitérios, hospitais, casas e até
mesmo a população em si. O trágico episódio marcou o acirramento do ódio racial nazista,
potencializado na medida em que a Alemanha empurrava as nações europeias para a guerra.

7
Boicote a Estabelecimentos de Propriedade de Judeus. Fonte: http://www.ushmm.org/outreach/ptbr/article.php?
ModuleId=10007693

7
1.2 A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
A eclosão da Segunda Guerra Mundial e a blitzkrieg, a guerra-relâmpago, permitiram a
integração dentro do III Reich (o Império de Hitler) de milhões de povos antes submetidos a
Estados democráticos ou ditaduras fascistas mais moderadas. Este ponto torna-se
particularmente importante para o Julgamento de Nuremberg porque as responsabilidades da
burocracia civil e militar nazista por seus crimes aumentaram consideravelmente a partir deste
momento. Milhões de minorias oprimidas (judeus, ciganos, eslavos, negros) foram submetidos
às ordens de burocratas que colocaram em prática um plano de ampliação dos guetos, bairros
fortificados localizados em áreas periféricas das cidades para onde os judeus e outros eram
confinados e explorados. O maior e mais conhecido foi o Gueto de Varsóvia.
Paralelamente, o Estado nazista e seus aliados criaram um complexo sistema de campos de
trabalho forçado e de outras finalidades espalhados por toda a Europa:

(...), em toda a Europa, muita gente esteve confinada pelo regime nazista, com frequência
em condições sub-humanas. Tortura e fome eram quotidianas para os 20 milhões de
prisioneiros de muitos campos. Esses campos na Europa desempenhavam funções
distintas: 30 mil deles eram destinados a trabalhos forçados. Existiam ainda 1.150 guetos
de judeus, 980 campos de concentração, mil campos de prisioneiros de guerra e 500
bordéis de prostituição forçada.

Além desses, havia diversos campos voltados para a “germanização” dos prisioneiros, ou
seja, sua “educação ariana”. Neles, as mulheres eram forçadas a abortar, doentes
psíquicos eram mortos como forma de “eutanásia”, e prisioneiros reunidos para serem
transportados para os campos de extermínio. Fonte: Carta Capital. 8

A discussão acerca da responsabilidade sobre estes campos foi de extrema importância para
o encaminhamento dos debates e durante a apresentação das provas contra os nazistas no
Julgamento de Nuremberg, haja vista que eles representaram um fator primordial no sistema
de morte e na execução da “judenrein” de Hitler, que queria uma Alemanha “livre dos judeus”.
Por outro lado, foi também comum entre os depoimentos nazistas no Tribunal a argumentação
de que eles ou “não sabiam da complexidade do sistema”, ou ainda, nada podiam fazer de
concreto para evita-lo.
O que ocorreu a seguir, especialmente a partir de 1942, foi um dos maiores crimes contra a
humanidade já praticados. Adolf Hitler, H. Himmler, Reinhard Heydrich, H. Göering, Adolf
9
Eichmann e outros nomes ligados ao alto escalão nazista decidiram pela “solução final” de
populações inteiras no continente europeu. O desdobramento foi a construção de uma
verdadeira indústria da morte, em um momento crucial da Segunda Guerra: os nazistas

8
Fonte: Estudos provam existência de sete vezes mais campos nazistas. Carta Capital. Clara Walther Disponível
em http://www.cartacapital.com.br/internacional/estudos-provam-existencia-de-sete-vezes-mais-campos-nazistas/.
Consulta: 24/03/2013

9
Na verdade, não se sabe exatamente quando a decisão foi tomada ou mesmo quem propôs. Existem muitas
especulações, reforçadas no decorrer do século XX por historiadores, jornalistas, cientistas políticos, entre outros.
Sabe-se, porém, que as operações de assassinatos foram iniciadas por oficiais das SS nos campos de concentração
do leste europeu, especialmente na frente russa, depois da invasão de 1941.

8
começavam a perder o conflito. Neste processo de extermínio em massa, vale a pena destacar
um encontro que ocorrei em 1942, a Conferência de Wannsee:

“Em 20 de janeiro de 1942, 15 oficiais do alto escalão do Partido Nazista e líderes do governo
alemão reuniram-se para um encontro importante em uma casa de campo à beira de um lago, na
área nobre de Berlim chamada Wannsee. Reinhard Heydrich, principal representante do chefe das
SS, Heinrich Himmler, organizou o encontro para discutir a "solução final para a questão dos
judeus na Europa" com líderes do governo não pertencentes às SS, incluindo os secretários-gerais
dos Ministérios da Justiça e das Relações Exteriores, cuja cooperação seria necessária para
atingir o objetivo em pauta.
A "Solução Final" era o código dos nazistas para o extermínio deliberado e cuidadosamente
planejado” (de populações inteiras de judeus e outras minorias).
Fonte: Memorial do Holocausto. Estados Unidos. 10

Até hoje não se sabe


exatamente quantos mor-
reram na solução final nazista.
Provavelmente, foram assas-
sinados entre seis a seis
milhões e meio de seres
humanos. O extermínio teria
iniciado por oficiais das SS
nos campos de concentração
do Leste Europeu, entre eles,
a Polônia e o território
Foto: Judeus do gueto de Lodz (Polônia) entrando nos trens de carga
soviético. Depois, desdobrou- para deportação para o primeiro campo de extermínio: Chelmno, em
território polonês.. Foto de Lodz, entre 1942 e 1944. Arquivo do National
se para outras regiões. Museum of American Jewish History, Philadelphia.
A grande quantidade de
mortos deveu-se, entre outros fatores, pelo uso sistemático das câmaras de gás, fuzilamento,
ou mesmo pelas atrocidades cometidas pelos oficiais nazistas: experiências médicas, torturas,
maus-tratos, má alimentação, doenças, pelo frio, entre outros fatores.
Os principais campos de extermínio foram construídos na Polônia, como é o caso, por
exemplo, de Belzec, Sobibor, Treblinka e, é claro, Auschwitz-Birkenau, o mais famoso
deles. Esta fama de deve pela provável quantidade de mortos: mais de 1,3 milhão de pessoas.
Veja o mapa nos anexos.
A apresentação no Tribunal de Nuremberg das provas documentais acerca destes campos,
bem como das técnicas utilizadas, marcou um ponto alto da promotoria durante os processos
contra os 21 lideres nazistas presentes no banco dos réus.

10
Fonte: http://www.ushmm.org/outreach/ptbr/article.php? ModuleId=10007693

9
2. Os Julgamentos.
“Com o final da Segunda Guerra Mundial na Europa em maio de 1945, os Aliados vitoriosos
depararam-se com um dilema. O ditador Adolf Hitler suicidara-se em seu bunker em 30 de abril, e
dois de seus colaboradores fiéis mais famosos, o ministro da propaganda Joseph Goebbels e o
Reichführer da SS Heinrich Himmler, seguiram seu exemplo. Outros oficiais nazistas de alta
patente como Adolf Eichmann e o chefe da Gestapo Heinrich Mueller, junto com mais um dos
instrumentos desprezíveis do governo, o dr. Josef Mengele, haviam fugido para a América do Sul,
e outros desapareceram no anonimato ou nos escombros do Terceiro Reich. Por este motivo,
dificilmente a reunião dos principais líderes nazistas encheria um tribunal”.

Paul Roland. Os Julgamentos de Nuremberg: os nazistas e seus crimes contra a humanidade11.

Terminada a guerra, os problemas para a organização de um julgamento das lideranças


nazistas tornou-se muito mais complexo do que o fato de algumas “peças-chave” do nacional-
socialismo terem se suicidado. Tratava-se de estabelecer um consenso entre as potências
vitoriosas a respeito da necessidade ou não de um julgamento. Os ingleses, por exemplo,
liderados por Winston Churchill, defendiam que os líderes nazistas fossem simplesmente
executados, à revelia e sem o enfrentamento de um processo oneroso e perigoso. Outros
12
tantos líderes compartilhavam da mesma ideia, mesmo entre as forças estadunidenses .
Além dos mais, ainda não havia entre as potências aliadas o consenso quanto o modelo de
julgamento a ser realizado, e muito menos uma lista, ainda que mínima, de possíveis réus.
Afinal, o número de pretendentes era incrivelmente enorme. Neste caso os aliados acabaram
optando por uma lista que reunisse os criminosos de guerra alemães: os japoneses, por
exemplo, seriam julgados depois, enquanto a outra potência do Eixo, a Itália, havia mudado de
lado no final da guerra, pelo menos em parte, ajudando a derrubar Mussolini.
Por fim, decidiu-se por um conjunto de 24 nomes, incluindo o empresário da indústria do aço
e bélica alemã Gustav Kupp, que terminou por não comparecer ao julgamento em vista de seu
estado de saúde. Estas lideranças estavam reunidas em diferentes categorias, representando
os principais setores administrativos, militares e empresariais do sistema nazista.

Outro desafio foi encontrar um local apropriado para sediar um Tribunal desta proporção. As
principais cidades alemãs estavam parcialmente destruídas pelos conflitos armados. Em
Berlim, por exemplo, mais de 60% do perímetro urbano da cidade havia sido destruído pela
guerra, isso sem mencionar o fato de que a capital do Reich havia ficado dividida em quatro
zonas de ocupação.

11
Paul Roland. Por que Realizar um Julgamento?. In. Os Julgamentos de Nuremberg: os nazistas e seus
crimes contra a humanidade. SP: M.Books do Brasil Editora, 2013, p.20.
12
Idem, p.22.

10
Por fim, os aliados
definiram pela pitoresca e
simbólica cidade de
Nuremberg, onde
aconteceram importantes
comícios de Hitler e
festividades do NSDAP.
Para muitos historiadores,
enquanto Berlim foram a
capital política do Estado
nazista, Nuremberg fora sua
capital cultural. Neste caso,
nada mais apropriado para
Grand Hotel em Nuremberg, uma construção que remonta ao final do
um processo que visava século XIX e foi utilizada nos Julgamentos de Nuremberg. Foto: Julho/45.
julgar os líderes deste
Estado criminoso. Não obstante, havia também em Nuremberg uma construção que
surpreendentemente sobrevivera aos bombardeios e oferecia a infraestrutura necessária a um
Tribunal e uma prisão, com espaço suficiente, apesar da necessidade de algumas reformas: o
Grand Hotel (foto acima), preparado pelos aliados para se transformar em um palco de um dos
principais acontecimentos do século XX.

2.1 As acusações.

O Tribunal de Nuremberg foi por fim definido pelos Acordos de Londres (ver anexo III),
assinados em 08 de agosto de 1945 pelos Estados Unidos, União Soviética, França e
13
Inglaterra .
Foi um tribunal ad hoc, isto é, de exceção, com caráter temporário ou excepcional, cujo
objetivo era julgar crimes ocorridos anteriormente à sua formação. Deste modo, desviou-se da
concepção clássica de “juiz natural”, de um processo com juizado imparcial, que não se
relacionasse com nenhuma das partes envolvidas, sobre o qual reina a Constituição e as leis.
Neste caso, a corte possuía a parcialidade dos vencedores.
Deste modo, os governos vitoriosos na Segunda Guerra, na elaboração da Carta do Tribunal
Militar Internacional, decidiram definir, no texto do Artigo 6º, que julgariam os colaboradores
do nazismo de forma individual e conforme responsabilidades coletivas, por terem participado
de determinadas organizações, pelos seguintes crimes:

13
Vale destacar que a primeira iniciativa de julgar lideranças nazistas e colaboradores de outras nações por crimes de
guerra surgiu em 1943. Neste ano, em outubro, durante a Conferência de Moscou, a Inglaterra, os Estados Unidos e
a União Soviética assinaram a Declaração de Moscou. Esta declaração seria posteriormente mencionada e
considerada nos Acordos de Londres. Ver anexo III.

11
CRIMES CONTRA A PAZ:
Em síntese, seria o planejamento, preparação, início ou estímulo de uma guerra de agressão,
ou de uma guerra de violação dos tratados internacionais, de conivência, apoio ou participação,
no Plano Comum de Conspiração para cometer qualquer um dos crimes de guerra e contra a
humanidade.

CRIMES DE GUERRA:
Consistiram na violação das leis ou das normas gerais da guerra. Estas violações incluem,
mas não se restringem a: assassinato, maus-tratos, deportação de trabalho escravo ou para
qualquer outro propósito da população civil de territórios ocupados, assassinato ou maus-tratos
de prisioneiros de guerra ou de pessoas nos mares, assassinato de reféns, pilhagem de
14
propriedade pública ou privada , destruição intencional de metrópoles, cidades e vilarejos,
15
devastação sem necessidade militar justificada .

CRIMES CONTRA A HUMANIDADE:


Assassinato extermínio, escravização, deportação e outras ações desumanas cometidas contra
qualquer população civil, antes e durante a guerra, perseguição política, racial ou religiosa na
execução ou associada a qualquer crime dentro da jurisdição do Tribunal, de violação ou não
de leis internas de um país.

Vale destacar também que os processos jurídicos reproduzidos neste comitê da VII SIMUNA
representaram, na verdade, o primeiro momento de uma série de treze julgamentos, entre
1945-46, que ocorreram na cidade de Nuremberg. Naturalmente, os demais “tribunais” não
interessam a este comitê histórico, pois ocorreram posteriormente.

3. Principais personagens presentes no Julgamento


(Neste caso, iremos considerar aqui as especificadas deste comitê na VII SIMUNA)

3.1 Juízes.
“Embora o Tribunal fosse presidido por dois juízes um promotor-chefe de cada uma das quatro
potências, e, portanto, constituiu um corpo jurídico internacional, a participação dos americanos foi
muito mais expressiva do que a de seus aliados. A delegação dos ingleses tinha apenas 34
16
representantes, enquanto havia mais de duzentos americanos, inclusive 25 estenógrafos , 30
especialistas em direito público e 06 especialistas em provas forenses. Quando os ingleses
pediram mais tradutores, o governo recusou. Os franceses tiveram uma participação quase

14
Esta acusação em particular: “pilhagem de propriedade pública ou privada”, deixou um dos principais líderes nazistas
julgados indignado. Göering afirmou que não se tratava de pura e simples pilhagem.
15
Outra questão relevante: os aliados também praticaram estes crimes em particular, destruindo cidades alemãs
inteiras, como foi o caso de Dresden.
16
Um taquígrafo, versado em estenografia. A estenografia é um método de abreviação simbólica, visando à agilidade
na escrita para acompanhar as falas rápidas do discurso. Comum em tribunais, por exemplo.

12
simbólica. A simples presença deles no julgamento era suficiente, porque não queriam expor as
cicatrizes infligidas pelos quatro anos de ocupação”.

Paul Roland. Os Julgamentos de Nuremberg: os nazistas e seus crimes contra a humanidade17.

Não obstante a supremacia americana, conforme destacado no trecho acima, podemos


considerar que oito juízes presidiram o Tribunal de Nuremberg, sendo quatro titulares e
quatro suplentes. As obrigações eram naturalmente divididas entre eles, de modo que
nenhum ficasse sobrecarregado ou mesmo tivesse de encarar sozinho o imenso volume de
documentos, provas, testemunhas e discursos.

De uma forma geral podemos dividi-los assim:

 Sir Geoffrey Lawrence (Reino Unido) Presidente da Mesa *


 Francis Biddle (Estados Unidos) *
 Henri Donnedieu de Vabres (França) *
 Major-General Iona Nikitchenko (União Soviética) *

* Suplentes: Norman Birkett (ING); John J.Parker (EUA); Robert Falco (FRA; Tenente-Coronel Volchkov (URSS).

Merece destaque entre os juízes o lorde britânico Lawrence, o qual, segundo o escritor Paul
Roland, “era um modelo de paciência, (...) sendo justo com todas as partes porque tinha a
consciência que os vitoriosos não estavam isento de culpa, e por ser muito fácil demonizar os
acusados. (...) Qualquer advogado que tentasse usar o tribunal como vantagem pessoal, ou
quisesse atrasar os processos, era severamente punido”. Fonte: 18

No caso do Julgamento de Nuremberg


reproduzido nesta edição da VII SIMUNA os
juízes serão compostos por um corpo de
convidados externos ao evento, estudantes
universitários, os quais terão a
responsabilidade de mediar os debates como
a mesa diretora do comitê. Contudo, além
de exercerem os papeis a eles designados,
os nossos juízes-diretores deverão também
se manter atentos as discussões durantes as
Os juízes Geoffrey Lawrence (à esquerda) e Francis sessões, anotando sempre que possível os
Biddle (à direita) conversam na abertura da sessão
do Tribunal Militar Internacional. 20 de nov. de 1945.
pontos principais, ainda que em um sistema
de revezamento entre eles. Isto será
particularmente importante na medida em que no final do Julgamento eles terão a prerrogativa
de formular as sentenças.

17
Paul Roland. Por que Realizar um Julgamento?. In. Os Julgamentos de Nuremberg: os nazistas e seus
crimes contra a humanidade. SP: M.Books do Brasil Editora, 2013, p.26.
18
Idem, p.88-89.

13
3.2 Réus e os respectivos Advogados

As 24 lideranças nazistas inicialmente processadas se dividiam entre a administração, o


empresariado e as Forças Armadas alemãs. Em alguns casos, uma determinada liderança
circulou entre dois ou mais setores no Estado nazista.
Era um grupo bem diversificado, composto por nazistas capturados pelo exército americano,
britânico, francês e soviético. Dos 24 réus, apenas 21 compareceriam de fato ao Tribunal.
O político Robert Ley, líder da Frente de Trabalho Alemã durante o nazismo, foi preso no
final da guerra, mas suicidou-se na prisão, em 25/10/1945. Assim, não chegou a ser julgado no
Tribunal. Já Martin Bormann, secretário pessoal de Hitler, que havia desaparecido durante a
invasão de Berlim pelas tropas soviéticas, acabou sendo condenado a morte à revelia em
19
Nuremberg .
Outro nome que foi especulado para ser processado em Nuremberg foi Gustav Kupp (1870-
1950), patriarca de um das famílias mais poderosas da Alemanha: fabricante de aço e armas.
Como a saúde de Krupp estava muito debilitada, seu nome acabou ficando de fora.
Por fim, os réus foram os seguintes:

1. Hermann GOERING *Göring.

Goering foi, entre outras funções, o Ministro da Aeronáutica nazista e comandante-chefe da


Luftwaffe, Ministro do Interior e Reichsmarschall do Führer, o Marechal do Reich, mais alta
patente das Forças Armadas. Tais funções tornavam Goering no líder capturado mais
importante, assumindo uma postura de liderança no Julgamento de Nuremberg.

19
De acordo com algumas descobertas recentes, Bormann provavelmente morreu em Berlim em maio de 1945.

14
“Desde o início do julgamento, Goering adotou a estratégia de interferir no julgamento dos outros
acusados, com o envio de observações para os diversos advogados de defesa, sugestões de assuntos a
serem discutidos, perguntas e a convocação de testemunhas. Esse comportamento manipulador irritou o
Tribunal, e os juízes mandaram que ele limitasse as comunicações a o seu advogado, e sempre no
contexto de assuntos referentes à sua defesa (...) Goering queria que os líderes alemães sentados no
banco dos réus demonstrassem uma coesão, mas não foi bem sucedido”.
Depoimento de Siegfried Ramler, um dos intérpretes em Nurembeg...

Segundo o depoimento de muitas testemunhas que conviveram com ele, era uma pessoa
vaidosa e intimidador na época de domínio nazista. Já em Nuremberg, sem seu vistoso
uniforme e suas medalhas, restou a Göering tentar transformar os processos em um
espetáculo nos quais ele seria o protagonista, travando duelos com os promotores e a corte de
justiça.

2. Rudolf HESS.

O antigo vice-líder do Führer no NSDAP, o Partido Nazista, Rudolf Hess era uma figura
excêntrica e hipocondríaca. Havia tentado de matar pelo menos duas vezes, em 1942 e 1945,
além de ter sido capturado pelos britânicos depois de ter voado até a Escócia sozinho em uma
tentativa desesperada de negociar a paz com a Inglaterra. Foi Hess quem assinou as Leis de
Nuremberg, além de defender o rearmamento alemão, atraindo para a causa nazista
empresários como Gustav Kupp. Em Nuremberg, Rudolf Hess tentou várias vezes se passar
por louco ou, no mínimo, incapaz de enfrentar os julgamentos.

Rudolf Hess, no centro da fotografia, entre Göering e Ribbentrop. Ao lado, de pé, o Dr. Gilbert, psiquiatra dos EUA20.

20
Idem, p. 105. Rudolf Hess não pode ser confundido com Rudolf Hoess, comandante do campo de extermínio de
Auschwitz entre 1940-43, que acabaria depondo de forma decisiva durante o Julgamento de Nuremberg, como
testemunha de Ernst Kaltenbrunner.

15
3. Joachim Von RIBBENTROP;

Apelidado por Hitler de “o segundo Bismarck”, Ribbentrop foi o Ministro das Relações
Exteriores de Hitler entre 1938 e 1945, responsável, entre outros, pelo Pacto de Não-Agressão
(Ribbentrop-Molotov) com a União Soviética, assinado uma semana antes de se iniciar os
combates da Segunda Guerra Mundial. Foi responsável também pelo projeto expansionista
alemão que levou a invasão da Áustria e da Tchecoslováquia.

4. Julius STREICHER.

Streicher foi um professor, editor e gauleiter (líder provincial nazista) de Hitler entre 1933 e
1940. Tido por muitos como um sádico e antissemista fanático, ele publicou também a o jornal
Der Stürmer, cujas publicações endossadas por Hitler tornaram-se conhecidas pelo seu
conteúdo pornográfico e racista, especialmente antissemita. Segundo Paul Roland, no livro Os
Julgamentos de Nuremberg: ”Streicher decidiu uma série de livros antissemitas sórdidos para
crianças, dois dos quais se intitularam The Jewish Question in the Classroom e The Poisonous
Fungus, ambos ilustrados por seus jovens leitores. Com suas publicações, Streicher infectou
21
uma geração inteira com o veneno do antissemitismo” .

5. Baldur von SCHIRACH.

Schirach foi um intelectual e aristocrata alemão, um dos líderes da Juventude Hitlerista e


gauleiter (líder provincial nazista) de Viena, na Áustria. Era vaidoso e pedante, mantendo-se
sempre com uma vestimenta impecável durante os processos em Nuremberg. Passava a
maior parte do tempo lendo em sua cela. No entanto, sua aparência procurava esconder uma
série de crimes de colaboração, entre os quais se destacam o transporte de milhares de
judeus e outras minorias étnicas austríacas para campões de extermínio na Polônia.

6. Alfred ROSENBERG.

O autointitulado “filósofo do nazismo”, autor do livro Der Mythus des zwanzigsten Jahrhunderts
(“O Mito do Século XX”, de 1930) Rosenberg foi um intelectual tolo e arrogante, nomeado por
Hitler Ministro dos Territórios Orientais Ocupados do Reich. Neste cargo, além de ter
gerenciado a deportação e extermínio de milhares de pessoas, Rosenberg também, segundo
o pesquisador Paul Roland, “supervisionou o roubo de obras-primas na Europa inteira. Só em
Paris, 38 mil obras foram roubadas como parte da maior operação de arte da história, como se
22
vangloriava Rosenberg” .

7. Hans FRANK.

Foi um advogado, político e militar nazista que atuou principalmente no território polonês, como
governador-geral. É pertinente citar aqui a frase de Hans Frank em Nuremberg: “Não permita

21
Paul Roland. In. Os Julgamentos de Nuremberg: os nazistas e seus crimes contra a humanidade. SP: M.Books
do Brasil Editora, 2013, p.51.
22
Idem, p.53.

16
que pessoas digam que não tinham ideia do que acontecia. Todos sabiam que havia algo
profundamente errado com o sistema”.
Deste modo, não seria incorreto afirmar que Frank não escondera dos líderes aliados sua culpa
no processo, limitando-se a externar o seu suposto remorso por tudo que havia acontecido.

8. Walther FUNK.

Funk foi um jornalista nacionalista e antimarxista durante a década de 1920, assumindo com a
ascensão do nazismo o cargo de Ministro da Economia e presidente do banco do Reich
(Reichsbank). Em vários momentos do Tribunal mostrou-se abatido e emocionado,
demonstrando uma capacidade limitada para suportar as acusações.

9. Wilhelm FRICK.

Wilhelm Frick foi um político nazista e Ministro do Interior de Adolf Hitler entre 1933-1943,
quando foi deposto em uma disputa interna com Himmler, contra o qual todos perdiam. Depois
desta data, Hitler o nomeou o reichsprotektor da Boêmia e Morávia.
Com uma aparência de um militar prussiano já idoso e sem remorsos, manteve inalterado
durante todas as sessões do julgamento, assim como havia se mantido impassível perante as
leis que promulgou e tantas perseguições políticas e étnicas das quais participou.

10. Ernst KALTENBRUNNER.

23
Foi o ex-chefe do RSHA, Escritório Central de Segurança do Reich e possuía a maior
patente das SS capturada pelos aliados, acusado de torturar e matar os inimigos políticos do
regime nazista. Durante o Tribunal, recusou-se a admitir os crimes sobre os quais era
condenado. Negou até mesmo as assinaturas que tinha feito, bem como as pessoas que
conhecia, como, por exemplo, Adolf Eichmann, um dos idealizadores do Holocausto e
responsável pelo transporte de milhares de pessoas para os campos de extermínio. Eichmann
tinha fugido para a Argentina na época dos julgamentos, a desconhecimento de todos.

11. Fritz SAUCKEL.

“Fritz Sauckel, gauleiter da Turíngia – na área central da Alemanha – era o subordinado imediato de
Albert Speer. Ele fornecera trabalhadores escravos a Speer – uma estimativa de 10 milhões de 1942 até
o final da guerra -, que eram espancados, morriam de fome, brutalizados e mantidos em condições
intoleráveis. Muitos amputavam as mãos ao coloca-las nos trilhos de um trem ou em uma máquina para
terminar seu sofrimento. Esses acontecimentos imprevisíveis eram descritos pelos chefes nazistas
furiosos como sabotagem.” Paul Roland. Os Julgamentos de Nuremberg24.

Homens como Sauckel não eram capazes de admitir seus crimes. Tentaram ludibriar as
autoridades presentes no Tribunal, colocarem-se como funcionários do Estado, pessoas bem-
intencionadas, a serviço da Alemanha. Em contrapartida, enviaram para trabalhos forçados,

23
O RSHA existiu entre 1939 e 1945 e tinha a prerrogativa de controlar a Gestapo, as polícias, a SD e as agências de
investigação criminal do Reich: a Kripo. Kaltenrunner substituiu Reinhard Heydrich, assassinado em 1942.
24
Idem a referências anteriores, p.61.. Veja o tópico Referências no final do guia.

17
torturaram e exploraram trabalhadores estrangeiros, alemães, prisioneiros políticos, militares
ou por razões étnicas.

12. Albert SPEER.

Speer era o Ministro de Armamentos do Reich e seu arquiteto mais ilustre. Assim como outras
lideranças políticas e intelectuais que circulavam no alto escalão, sabia de praticamente tudo o
que acontecia, por mais que tenha negado em Nuremberg. Agiu com indiferença durante o
regime nazista, escolhendo não interferir no modo como as decisões eram tomadas. Limitava-
se a colocar em prática os projetos de Hitler, como a Chancelaria do Reich e a ampla
produção de armamentos. Em Nuremberg, mostrava-se arrependido e procurava colaborar
com os interrogatórios, talvez esperando uma sentença mais branda.

13. Konstantin von NEURATH.

Representando muito bem um seleto grupo das elites alemãs que apoio a ideologia nacional-
socialista, seduzidos por Adolf Hitler, o barão Von Neurath tornou-se Ministro das Relações
Exteriores entre 1932-1938 e depois reichsprotektor da Boêmia e Morávia (Tchecoslováquia),
cargo também ocupados depois por Frick.

14. Franz von PAPEN.

Incompetente politicamente e de personalidade fraca, Papen ocupou o cargo de


Reichskanzler, entre alguns meses de 1932, tornando-se depois o Vice-Chanceler de Hitler
em 1933 e ocupou outros tantos cargos políticos e diplomáticos no Estado nazista. Em
Nuremberg, por exemplo, chegou a dizer que tentara influenciar o Führer a declinar da
perseguição antissemita aos judeus e que era um homem que trabalhara pela paz. Contudo,
pouco de fato fez a respeito.

15. Arthur Seyss-INQUART.

Arhur Seyss-Inquart foi um advogado e político austríaco que ocupou o cargo de


Reichskomissar nos Países Baixos, além de vice-governador da Polônia ocupada. Participou
das negociações que entregaram a Áustria ao regime nazista, em 1938, além de ter enviado
milhares de judeus holandeses para os campos de extermínio.

16. Hjalmar SCHACHT.

Foi um empresário, político e banqueiro durante o regime nazista. Ocupou o cargo de diretor
do Banco Central de Ministro da Economia (1934-1937). Sua contribuição para os crimes de
guerra e contra a humanidade foi apenas indireta, na medida em que facilitou a ascensão do
Führer e ajudou a recuperar e desenvolver a indústria alemã. Com um tom arrogante e
convicto de suas responsabilidades, Schacht afirmou logo que recebeu a sentença que
acreditava em sua absolvição. Afinal, não tinha cometido os mesmos crimes que homens
terríveis como Kaltenbrunner e Himmler.

18
17. Alfred JODL.

“Jodl disse que não queria ser julgado com Streicher e outros como ele, porque era um soldado que
deveria ter privilégios e o respeito merecido por sua patente.
Em resposta, o coronel Andrus – militar responsável por entregar aos réus a respectiva condenação –
arrancou as dragonas de seus ombros e lembrou-lhe que não era mais um oficial, e sim um criminoso de
guerra. Jodl ficou visivelmente abalado com o insulto, mas manteve sua dignidade e permaneceu cortês
ao receber uma cópia do documento de acusação.” Paul Roland. Os Julgamentos de Nuremberg25.

Coronel-general e chefe de Operações do Alto Comando (OKW), Jodl aconselhou o Führer,


planejou e executou a ocupação militar do continente europeu, além de assinar a execução de
prisioneiros de guerra. Em 1942, por exemplo, Jodl assinou a ordem de execução dos
comandantes aliados e autoridades políticas soviéticas capturadas, as quais não seriam mais
tratadas como prisioneiras de guerra. Assim, cometeu crimes de guerra e contra a
humanidade.

18. Wilhelm KEITEL.

Foi um Marechal-de-Campo do Exército nazista e um dos líderes do OKW, o Alto Comando


das Forças Armadas. Desde o princípio foi um militar obediente, cumpridor das ordens de
Hitler, argumento que repetiu várias vezes durante o Julgamento de Nuremberg.

19. Karl DOENITZ.

Doenitz foi um brilhante almirante da Kriegsmarine, a Marinha de Guerra, além de ter


comandado o Estado nazista por 23 dias após o suicídio de Hitler. Assim como Jodl, foi um
dos que assinaram a rendição da Alemanha na Segunda Guerra. Membro radical do NSDAP,
foi acusado de vários crimes de guerra, especialmente aqueles relacionados a Ordem
Laconia, que permitia o assassinato de militares indefesos nos botes salva-vidas após o
bombardeamento de navios inimigos. Também foi o idealizador da Rudeltaktik, a tática de
operações navais alemãs contra navios aliados no Atlântico.

20. Erich RAEDER

Foi um almirante que comandou a Kriegsmarine até 1943, quando foi substituído por Doenitz.
Capturado pelos soviéticos no final da Segunda Guerra, recebeu acusações de guerra de
agressão, por ter planejado a invasão dos territórios da Noruega e Dinamarca em 1939.

21. Hans FRITZSCHE

Assim como Raeder, Hans Fritzsche também foi capturado pelo exército soviético durante a
tomada da cidade de Berlim. Fritzsche foi o vice-diretor do Propagandaministerium, o
Ministério da Propaganda do Reich, subordinado apenas de Joseph Goebbels. Foi acusado de
crimes contra a humanidade e crimes de guerra.

25
Idem a referências anteriores, p.71.. Veja o tópico Referências no final do guia.

19
Os advogados
“(...) a defesa dos acusados demorou mais do que os processos da promotoria, porque havia muitas
acusações a negar. Quando chegou o momento de preparar a defesa dos réus, os advogados receberam
o apoio total do Tribunal. No entanto, por dependerem da promotoria quando precisavam de cópias dos
documentos, estavam sempre um passo atrás. Eles também, em muitos casos, sentiam-se intimidados
pela imprensa alemã, que os haviam descritos como ex-nazistas ou pelo menos simpatizantes do regime
nazista. Porém, muitos estavam apenas cumprindo sua obrigação profissional de representar, com toda a
liberdade, seus clientes da melhor maneira possível (...)”

Fonte: ROLAND, Paul. Julgamentos de Nuremberg, p. 124.

Em Nuremberg, cada réu recebeu uma lista com possíveis nomes de advogados alemães que
poderiam representa-los. Não foi fácil encontrar estes nomes, haja vista que muitos resistiram
aos pedidos de representação porque não queriam sofrer represarias da imprensa e da opinião
pública alemã de uma forma geral. Além deste problema inicial, ocorreu também de alguns
advogados não se identificarem com os réus que precisavam defender, ocorrendo o mesmo
com os réus. Sendo assim, a defesa em Nuremberg acabou enfrentando desafios muitos
maiores do que aqueles que se dispuseram a acusar.

Nesta simulação, escolhemos apenas alguns advogados entre aqueles que estiveram
presentes em Nuremberg, pois não teríamos como reproduzir todos os personagens. Além do
mais, precisamos também realizar uma adequação: atribuir para cada um dos 07 advogados
presentes três réus específicos, como forma de melhor organizar as atividades deste comitê.

A relação ficou estabelecida da seguinte forma:

1. OTTO STAHMER, que representará os réus: Hermann Göering, Franz von Papen e Julius Streicher;
2. FRITZ SAUTER, que representará os réus: Joachim von Ribbentrop, Walther Funk e Baldur von Schirach;
3. RUDOLF DIX, que representará os réus: Hjalmar Schacht, Albert Speer e Wilhelm Frick;
4. OTTO KRANZBUHLER, representando: Karl Dönitz, Ernst Kaltenbrunner e Alfred Rosemberg;
5. FRANZ EXNER, representando: Alfred Jodl, Hans Frank e Konstantin von Neurath;
6. ROBERT SERVATIUS, que representará os réus: Fritz Sauckel, Arthur Seyss-Inquart, Wilhelm Keitel;
7. GUNTHER VON ROHRSCHEIDT, representando: Rudolf Hess, Erich Raeder e Hans Fritzsche.

Recomendações aos réus e advogados:


Principais argumentações das lideranças nazistas no Tribunal:

 CUMPRIMENTO DE ORDENS. Eles cumpriam ordens do Führer, dentro de uma hierarquia da qual não
poderiam se ausentar, correndo um risco de certo de serem executados como traidores.
 TRANSFERIR a culpabilidade para os mortos foi uma estratégia razoável. Afinal, homens como Hitler,
Himmler, Goebbels, Heinrich Miller (desaparecido), Reinhard Heydrich, entre outros, não poderiam se
defender.
 CONHECIMENTO. Algumas lideranças nazistas no Tribunal se defenderam dizendo que não sabiam o
que se passava de fato, a complexidade do sistema de morte, dos campões de extermínio.

20
 POUCO PODER. Alguns argumentaram também que ocupavam cargos intermediários e, portanto, não
tinham o poder necessário para decidir sobre a morte e a vida de milhões de seres humanos.

 Alguns nazistas compararam no Tribunal o sistema hierarquizado do III Reich com outros. Para
eles, a hierarquização da sociedade não foi prerrogativa exclusiva de Hitler. Outros sistemas
também possuíram algo semelhante: a Igreja, o Estado soviético e até os Estados democráticos do
ocidente e suas burocracias.

 PROTEGIDOS PELOS NÚMEROS: lideranças como Göering acreditavam que poderiam usar o número
total dos mortos nos campos de extermínio a seu favor, afirmando que os mesmos eram alto demais
para que o Tribunal acreditasse.

OBSERVAÇÃO: Conforme descrito no Guia Específico de Regras deste comitê, os 21 réus, no


Documento de Posição Oficial, deverão escrever sua biografia, contendo aspectos de relevância sobre
sua vida, cargo ocupado no regime nazista, período de atuação no regime, importância política e
histórica. Uma cópia escrita deste documento será entregue para a mesa-diretora na primeira sessão.

AOS ADVOGADOS:

 A advocacia poderá apresentar testemunhas-históricas. Contudo, devem seguir algumas


regras: primeiramente, os nomes e uma pequena síntese das duas primeiras
testemunhas interrogadas no sábado (05/03) serão inevitavelmente apresentados na
sexta, durante nossa primeira sessão. Depois as demais testemunhas ficaram livres de
apresentação prévia na sessão anterior.
Por fim, os estudantes-advogados não podem esquecer que se trata de um comitê histórico. Deste modo, as
testemunhas precisam ser personagens reais.

 Os estudantes-advogados deverão preparar o detalhamento inicial da defesa. No caso


deste comitê, tais discursos serão considerados como DPO(s), isto é, os Documentos de
Posição Oficial, os quais deverão conter sinteticamente a defesa dos três réus sob
responsabilidade de cada advogado. A defesa poderá conter apenas explanações gerais,
deixando os pontos específicos para o decorrer do processo. No final do documento,
contudo, cada advogado precisa acrescentar um parágrafo com informações relevantes
acerca de seu personagem. O DPO de cada advogado será entregue por escrito para os
réus e a mesa-diretora.

21
3.3 Promotores
Foto: Robert Jackson discursa na acusação americana de abertura no Tribunal Militar Internacional de criminosos de
guerra em Nuremberg. Data: 20 de novembro, 1945.

“Meritíssimos senhores, tenho a honra e o privilégio de abrir a sessão do primeiro julgamento na história
de crimes contra a paz mundial, o que impõe uma grande responsabilidade. Os crimes que vamos julgar e
condenar são tão premeditados, perversos e tão devastadores que a civilização não pode ignorá-los, nem
serem repetidos. As quatro potências, incentivadas pela vitória e chocadas com as injustiças cometidas,
estendem a mão da vingança e voluntariamente submetem seus inimigos capturados a julgamento neste
tribunal em um dos mais significativos tributos que o poder fez a razão. Estes homens são os primeiros
líderes e uma nação derrotada na guerra a serem julgados em nome da justiça, portanto, concordamos
que eles têm o direito de alegar inocência e aceitamos o ônus de comprovar os atos criminosos e de
responsabilizar os acusados por suas ações”.

Robert H. Jacson em seu brilhante discurso de abertura em Nuremberg. Novembro de 1945.

Assim como Robert H. Jackson, os estudantes-promotores que assumirem a


responsabilidade interpretar estes papéis nesta simulação do Julgamento de Nuremberg
deverão preparar os seus discursos de abertura. No caso do nosso júri, tais discursos serão
considerados como DPO(s), isto é, os Documentos de Posição Oficial, os quais deverão conter
sinteticamente a acusação e os crimes cometidos pelos réus. No final do documento, espera-
se também um parágrafo com informações relevantes acerca da vida política e jurídica dos
respectivos promotores. O DPO de cada promotor/procurador será entregue por escrito para os
réus e a mesa-diretora.

Em Nuremberg, as atividades da acusação foram conduzidas por quatro promotores-chefes


e quatro suplentes, além de um universo de assessores e especialistas que cuidavam da
preparação dos documentos e provas. Como o volume de material a ser pesquisado e temas a
serem debatidos era muito grande, os promotores dividiram as tarefas entre si. Por exemplo, os
americanos ficaram mais focados nas acusações de conspiração, enquanto os britânicos nos

22
crimes contra a paz, os soviéticos nos crimes de guerra na Europa Oriental e os franceses nos
crimes de guerra da Europa Ocidental.
Em síntese, os quatro promotores-chefes representadores neste comitê foram os seguintes:

 Robert H. Jackson (Estados Unidos)

 Sir Hartley Shawcross (Reino Unido)

 François de Menthon (França)

 Roman Andreyevich Rudenko (URSS)

Recomendações aos procuradores:

 PROVAS IRREFUTÁVEIS. Um ponto chave dos processos ocorreu quando os procuradores


apresentaram provas documentais mais explícitas e emotivas, como as fotos e as filmagens feitas
por fotógrafos aliados. (Os senhores delegados podem considerar isto).

 DOCUMENTOS ESCRITOS OFICIAIS. Um dos pontos-chave que levou a derrota de Göering nos processos
foi a apresentação de documento oficiais assinados por ele relacionando-o diretamente com a
solução final, a extensão do estado de guerra e outras atrocidades. (É interessante a apresentação de
documentos escritos e assinados).

 Os réus não possuíram as mesmas responsabilidades, e muito menos o sistema nazista como um
todo. É preciso considerar que, na medida em que o III Reich de Hitler expandiu-se pela Europa e
dominou uma gama maior de Estados e etnias, sua responsabilidade sobre os crimes cometidos
ampliou-se substancialmente.

 ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS. Além das provas contra os líderes nazistas, a promotoria apresentou
também provas que responsabilizavam 06 organizações criminosas nazistas: as SA, as SS, a
GESTAPO, a SD (Serviço de Segurança), a Organização dos Líderes Políticos do NSDAP, o
Estado-Maior e o Alto Comando das Forças Armadas. Além destas, o governo de Hitler
propriamente dito.

 A promotoria poderá apresentar testemunhas-históricas. Contudo, devem seguir algumas


regras: primeiramente, os nomes e uma pequena síntese das duas primeiras
testemunhas interrogadas no sábado (05/03) serão inevitavelmente apresentados na
sexta, durante nossa primeira sessão. Depois as demais testemunhas ficaram livres de
apresentação prévia na sessão anterior.
Por fim, os estudantes-promotores não podem esquecer que se trata de um comitê histórico. Deste modo, as
testemunhas precisam ser personagens reais.

23
4. Considerações Finais. Os desafios de um Tribunal Histórico.
Reproduzir em pequena escala e tantos anos depois um acontecimento tão marcante como o
Julgamento de Nuremberg não é uma tarefa fácil. Ainda mais para aqueles que se dispõe a
interpretar seus personagens.
Sendo assim, enquanto organizadores desta VII edição da Simulação de Relações
Internacionais do Colégio Nacional, achamos por bem encerrar este Guia de Estudos com
algumas observações sobre estes desafios que os senhores delegados(as) deverão enfrentar
com muita destreza.
O primeiro deles diz respeito aos personagens históricos. Homens como os nazistas Herman
Göering, Rudolf Hess, Julius Streicher, acusamos de crimes gravíssimos, ou mesmo o
procurador-geral americano Robert H. Jackson e o presidente da corte, o lorde britânico
Geoffrey Lawrence, conhecido pela sua ponderação e seu senso de justiça.
Cada um destes personagens possuiu características próprias, as quais precisam ser
respeitadas sem, contudo, quebrar qualquer possibilidade de improvisação. O interessante de
reviver um episódio histórico está exatamente nas possibilidades abertas em se reescrever a
história, ou ainda, assumir interpretações que não sejam simples cópias dos papéis reais antes
exercidos. Por outro lado, esta “liberdade” não deve se transformar em completa ruptura com a
pesquisa histórica e os acontecimentos. Será necessário, então, aos estudantes-participantes,
encontrarem a melhor forma de equilibrar estas duas posturas. Não se esqueçam: os senhores
estão em um julgamento histórico, e precisam, antes de tudo, respeitá-lo para só depois poder
acrescentar seus olhares individuais.
Não podemos correr o risco de transformar este julgamento num mero espetáculo,
distorcendo a história a ponto de ridicularizá-la. Afinal, durante nossas sessões simuladas
estaremos recuperando momentos demasiadamente trágicos, os maiores crimes contra a
humanidade já praticados, recentes o suficiente para ainda repousar na memória de milhares
de pessoas pelo mundo afora.
Caros delagados(as), aproveitem o Julgamento! Revivamos por alguns dias a história para
que seus acontecimentos não caiam no esquecimento.
Boa simulação a todos.

Délcio Garcia Gomes.


Professor de História do Colégio Nacional e Conselheiro da VII SIMUNA. 2014.

24
5. Regras Específicas para o Julgamento de Nuremberg

O Tribunal Internacional de Nuremberg tem por finalidade o julgamento dos integrantes do Partido
Nacional Socialista Alemão que cometeram atrocidades durante o regime Nazista. Será um comitê
completamente distinto dos demais, por isso aqui valerá:
 Lista de Discursos, sendo que a mesa determinará uma ordem que deverá ser seguida na primeira
sessão, para que os promotores, réus e advogados se apresentem.
 Debate Moderado
 Debate Não-Moderado
 Aqui não haverá emenda, proposta de emenda, resolução, ou proposta de resolução, pois a sentença
final caberá exclusivamente aos juízes.
 O Quórum para questões procedimentais continuará o mesmo.
 Documentos de trabalho serão válidos e aceitos desde que com o aval da mesa diretora.

MESA DIRETORA
1. A mesa diretora será composta pelos seguintes juízes: Sir Geoffrey Lawrence (Reino Unido), que
presidirá a mesa; Francis Biddle (EUA); Henri Donnedieu de Vabres (França) e Major-General Iona
Nikitchenko (URSS).
2. A cada juiz caberá a apresentação de cada membro componente do tribunal; conceder a palavra aos
promotores, advogados e réus; organizar o andamento do julgamento; declarar a presença ou ausência
dos mesmos; organizar a apresentação das provas documentais; organizar a apresentação e depoimento
das testemunhas; mediar a exposição dos debates; e pronunciar a sentença final, de caráter irrevogável e
irrecorrível.
3. Ao juiz Sir Geoffrey Lawrence, e exclusivamente a ele, caberá a leitura das principais acusações, e
posteriormente indagando aos réus se estes se declaram culpados ou inocentes.
4. A mesa diretora caberá também as demais funções elencadas no guia geral de regras.

DOS RÉUS
5. Os réus serão figuras históricas referentes ao empresariado, ao corpo das Forças Armadas e a
administração nazista, e o banco dos réus será composto por 21 membros.
6. Os réus não poderão produzir provas contra si mesmos.
7. Cada réu terá a palavra quando lhe for concedida pela mesa, e poderá inserir seu nome na lista de
discursos quando for cabível à situação.
8. Cada réu se declarará, impreterivelmente, como culpado ou inocente, arcando este com as
consequências das palavras que proferir, podendo ser usado como prova contra o mesmo.
9. Aos réus, no Documento de Posição Oficial, caberá escrever sua biografia, contendo aspectos de
relevância sobre sua vida, cargo ocupado no regime nazista, período de atuação no regime, importância
política e histórica.
10. Aos réus não será permitido o uso do recurso audiovisual, contudo, poderão encaminhar recursos a
seus respectivos advogados, para que então, estes possam apresentar ao restante dos presentes.
11. Aos réus será permitido trazer testemunhas, desde que com autorização da mesa diretora, para que
estas possam testemunhar a seu favor. A apresentação das testemunhas também será mediada
pelos respectivos advogados.

25
12. Aos réus será resguardado o direito à ampla defesa, isto é, poderá ser feito tudo que estiver ao seu
alcance, juntamente aos seus representantes, dentro dos limites da licitude, e de forma que seja
amparado pelos princípios e leis que regem o Direito Internacional.
13. Não será válida a apresentação de provas ilícitas, como aquelas obtidas, por exemplo, mediante
lesão, interceptação, coação, etc. Serão admitidas provas ilícitas, desde que seja a única prova em sua
disposição para comprovar sua inocência.
14. Não serão admitidas provas sem que haja a defesa dos réus.
15. Nenhum réu será privado dos seus bens, liberdade ou vida senão através de um julgamento, e sendo
a sentença proferida desfavorável a ele, isto é, caso comprove a sua culpa.

DA PROMOTORIA
16. A promotoria será composta por 04 membros, são eles: Robert H. Jackson (Estados Unidos); Sir
Hartley Shawcross (Reino Unido); François de Menthon (França) e Roman Andreyevich Rudenko
(URSS).
17. Aos promotores caberá a entregar, à mesa e ao conhecimento geral, o detalhamento inicial dos
crimes cometidos pelos réus, constando então, estas informações no seu Documento de Posição
Oficial, que deverá conter ainda informações relevantes sobre sua vida política e jurídica.
18. Aos promotores caberá expor a acusação geral. Não haverá acusação válida sem que esta seja
acompanhada de provas lícitas.
19. Aos promotores caberá a apresentação de provas documentais, podendo ser utilizado recursos
audiovisuais, como por exemplo, vídeos, imagens, documentos oficiais nazistas, mapas, etc. Entretanto
não serão admitidas provas sem que haja a defesa geral dos réus.
20. A promotoria poderá trazer testemunhas, desde que com autorização da mesa, para que esta possa
testemunhar contra os réus.
21. Aos promotores caberá o interrogatório dos réus, mediado pelos juízes, para que estes recolham
depoimentos dos mesmos e tirem suas dúvidas.
22. Não se punirá a conduta dos réus sem que haja culpabilidade, que deverá ser comprovada pelos
promotores. Excluindo da culpabilidade, os inimputáveis, a ausência de possibilidade de conduta diversa,
e a potencial inconsciência da ilicitude.

DA DEFENSORIA
23. A defensoria será composta por 07 advogados, sendo que cada um deles representará um grupo de
03 réus cada. São eles:
 Otto Stahmer, que representará os réus: Hermann Göering, Franz von Papen e Julius Streicher;
 Fritz Sauter, que representará os réus: Joachim von Ribbentrop, Walther Funk e Baldur von
Schirach;
 Rudolf Dix, que representará os réus: Hjalmar Schacht, Albert Speer e Wilhelm Frick;
 Otto Kranzbuhler, que representará os réus: Karl Dönitz, Ernst Kaltenbrunner e Alfred Rosemberg;
 Franz Exner, que representará os réus: Alfred Jodl, Hans Frank e Konstantin von Neurath;
 Robert Servatius, que representará os réus: Fritz Sauckel, Arthur Seyss-Inquart, Wilhelm Keitel;
 Dr. Gunther von Rohrscheidt, que representará os réus: Rudolf Hess, Erich Raeder e Hans
Fritzsche.

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24. Aos advogados caberá entregar, à mesa e ao conhecimento geral, o detalhamento inicial da defesa
geral que será apresentada, constando então, estas informações no seu Documento de Posição Oficial,
ou seja, aqui cada advogado apresentará um documento contendo informações relevantes sobre sua vida
política e jurídica, e sobre a defesa dos réus que representarão, podendo acrescer de informações que
julgarem essenciais sobre os seus réus.
25. Aos advogados caberá a defesa de seus respectivos réus, cabendo o recebimento de provas e
recursos audiovisuais apresentadas por estes para utilização ou não em seus argumentos, ou ainda
podendo cada advogado trazer seus próprios recursos.
26. Os advogados poderão trazer testemunhas, desde que com autorização da mesa, para que possam
testemunhar a favor do réu.
27. Aos advogados será permitido o interrogatório dos réus, para que estes produzam provas a seu favor,
com o depoimento dos mesmos.
28. Aos advogados caberá indicar e não aceitar que sejam admitidas provas trazidas pelos promotores
sem que antes tenha havido a defesa de seus réus, isto é, as provas serão apresentadas posteriormente
à defesa geral.

6. Referências:

6.1 SITES E ENDEREÇOS ELETRÔNICOS:


http://jus.com.br/artigos/25599/o-tribunal-militar-internacional-para-a-alemanha-tribunal-de-nuremberg/5
(Estatuto do Tribunal Militar Internacional para a Alemanha. Anexo B)

http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10007983
(Página da Enciclopédia do Holocausto. Artigo sobre Nuremberg).

http://jus.com.br/artigos/25599/o-tribunal-militar-internacional-para-a-alemanha-tribunal-de-nuremberg
(Artigo de Marcos Rafael Zocoler. O Tribunal Militar Internacional para a Alemanha: Tribunal de Nuremberg)

http://www.vho.org/aaargh/fran/livres6/DASREGRAS.pdf
(Artigo de João das Regras. Um novo direito Internacional: Nuremberg. Publicado em 1947 no semanário português
A Nação).

http://nuremberg.law.harvard.edu/php/docs_swi.php?DI=1&text=overview Projeto Nuremberg (Harvard)

http://www.oabsp.org.br/institucional/grandes-causas/o-tribunal-de-nuremberg
(Artigo de Pedro Paulo Filho. Os Advogados de Defesa Alemães.)
.
http://www.cartacapital.com.br/internacional/estudos-provam-existencia-de-sete-vezes-mais-campos-nazistas/
(Artigo da Carta Capital. Estudos provam existência de sete vezes mais campos nazistas. Deutsche Welle. 2013).

6.2 LIVROS E PUBLICAÇÕES IMPRESSAS.


___ROLAND, Paul. Os Julgamentos de Nuremberg: os nazistas e seus crimes contra a humanidade.
SP: M.Books do Brasil Editora. 2013.

___Segunda Guerra Mundial: um balanço histórico. (org.). Osvaldo Coggiola. SP: Xamã, 1995.

6.3 FILMES:

Julgamento de Nuremberg . (Drama. Warner, 2000).

Julgamento em Nuremberg. (Drama Histórico, dirigido por Stanley Kramer, 1961).

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7. Anexos:

01. A VIDA NOS GUETOS (Texto do Memorial do Holocausto)


A vida nos guetos era insuportável. Havia superpopulação, e várias famílias eram obrigadas a
dividir uma mesma residência. Os sistemas de esgoto eram destruídos pelos nazistas, e os
dejetos humanos tinham que ser jogados nas ruas juntamente com o lixo. Não havia comida,
as pessoas viviam famintas. Para manter estas condições subumanas, estender o sofrimento
dos judeus ao máximo, os alemães permitiam que os residentes comprassem uma pequena
quantidade de pão, batatas e gordura, praticamente insuficiente para sobrevivência, e nada
mais. Alguns moradores que possuíam dinheiro guardado ou pertences valiosos conseguiam
trocá-los por qualquer comida que entrasse clandestinamente nos guetos. Outros tinham que
mendigar ou roubar para sobreviver. Durante os longos e severos invernos europeus, não se
conseguia combustíveis para aquecimento das casas, e a maioria das pessoas não possuía
roupas adequadas ao frio. Elas ficavam cada vez mais fracas por causa da fome, mau tratos a
que eram submetidas, e a exposição ao frio fazia com que ficassem extremamente suscetíveis
a diversas doenças. Dezenas de milhares de seres humanos judeus morreram de fome, frio, e
doenças nos guetos. Muitos indivíduos desesperados se suicidavam.
Todos os dias havia um número crescente de crianças órfãs, e elas tinham que cuidar de suas
irmãs e irmãos mais novos. Os órfãos normalmente viviam nas ruas mendigando restos de pão
de pessoas que tinham muito pouco ou nada para compartilhar. Muitas crianças morreram
congeladas e com fome durante o inverno.
Para sobreviverem, as crianças tinham que se tornar habilidosas e úteis. Às vezes, crianças
pequenas do gueto de Varsóvia ajudavam a contrabandear comida para suas famílias e
amigos arrastando-se por pequenos buracos nos muros dos guetos. Isto era muito arriscado, já
que os contrabandistas capturados eram severamente punidos, mesmo que fossem crianças.
Em muitos guetos, vários jovens tentavam continuar seus estudos, participando de aulas
organizadas por adultos. Como as aulas eram ministradas em segredo, os alunos aprendiam a
esconder os livros que conseguiam embaixo das roupas para não serem capturados.
Embora sofrimento e morte fizessem parte do cotidiano das crianças, elas não deixaram de
brincar. Algumas tinham bonecas ou caminhõezinhos que levaram consigo quando foram
capturadas e enviadas como prisioneiras nos guetos. As crianças também construíam
brinquedos usando pedaços de madeira e tecidos que encontravam. No gueto de Lodz, na
Polônia, as crianças transformavam a parte de cima de caixas de cigarros em cartas de jogos
infantis.

Disponível em: http://www.ushmm.org/outreach/ptbr/article.php?ModuleId=10007708.

02. MAPAS:
Mapa do Extermínio nazista durante a Segunda Guerra Mundial, mostrando todos os campos de extermínio, a maioria
dos campos de concentração, trabalho, prisões, guetos, principais rotas de deportação e os principais massacres .

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Disponível em: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:WW2_Holocaust_Europe_map-fr.svg

03. DOCUMENTOS OFICIAIS:

Acordo de Londres de 08 de agosto de 1945

ACORDO entre o governo dos ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, o governo provisório da REPÚBLICA
FRANCESA, o governo do REINO UNIDO DA GRÃ-BRETANHA E DA IRLANDA DO NORTE e o
governo da UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS SOVIÉTICAS para o Julgamento e Punição dos
CRIMINOSOS DE GUERRA PRINCIPAIS do EIXO EUROPEU

CONSIDERANDO QUE as Nações Unidas fizeram, de tempos em tempos, declarações de suas


intenções de que Criminosos de Guerra sejam levados à justiça;

CONSIDERANDO QUE a Declaração de Moscou de 30 de outubro de 1943 sobre as atrocidades alemãs


na Europa Ocupada declarou que os oficiais alemães e os homens e membros do Partido Nazista
responsáveis por, ou por terem consentido em, atrocidades e crimes serão enviados de volta aos países
onde seus abomináveis feitos foram realizados a fim de que sejam julgados e punidos de acordo com as
leis desses países libertados e de seus governos livres que serão criados neles;

CONSIDERANDO QUE a Declaração foi emitida sem prejuízo ao caso dos criminosos principais cujas
ofensas não possuem localização geográfica em particular e que serão punidos pela decisão conjunta dos
governos dos Aliados;

DECIDEM o governo dos Estados Unidos da América, o governo provisório da República Francesa, o
governo do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte e o governo da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (adiante denominados “os Signatários”), agindo nos interesses de todas as Nações
Unidas, e por seus representantes autorizados, concluir este Acordo.

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Artigo 1º. Deverá ser estabelecido, após consulta ao Conselho de Controle para a Alemanha, um
Tribunal Militar Internacional para o julgamento de criminosos de guerra cujas ofensas não possuem
localidade geográfica em particular, sejam eles acusados individualmente ou por sua capacidade como
membros de organizações ou grupos ou em ambos.

Artigo 2º. A constituição, jurisdição e funções do Tribunal Militar Internacional serão aquelas
estabelecidas no Estatuto anexado a este Acordo, e que deste Acordo fará parte constante.

Artigo 3º. Cada um dos Signatários deverá tomar as medidas necessárias para tornarem disponíveis às
investigações das acusações, e para julgamento, os criminosos de guerra principais sob sua custódia, os
quais deverão ser julgados pelo Tribunal Militar Internacional. Os Signatários deverão, ainda, usar de
seus melhores esforços para tornarem disponíveis às investigações das acusações a que respondem, e
ao julgamento perante o Tribunal Militar Internacional, os criminosos de guerra principais que não se
encontram nos territórios de qualquer um dos Signatários.

Art. 4º. Nada neste Acordo prejudicará as provisões estabelecidas pela Declaração de Moscou em
relação ao retorno de criminosos de guerra aos países onde estes cometerão seus crimes.

Art. 5º. Qualquer governo das Nações Unidas poderá aderir a este Acordo por meio de notificação,
através do canal diplomático, ao governo do Reino Unido, o qual deverá informar os demais Signatários e
os governo aderentes de cada pedido de adesão.

Art. 6º. Nada neste Acordo prejudicará a jurisdição ou os poderes de qualquer corte nacional ou de
ocupação estabelecida ou a ser estabelecida em qualquer território aliado ou na Alemanha para o
julgamento dos criminosos de guerra.

Art. 7º. Este Acordo passará a vigorar no dia de sua assinatura, e permanecerá em vigor pelo período de
um ano, a ser prorrogado indefinidamente, sujeitando-se ao direito de qualquer Signatário de notificar,
através do canal diplomático e com um mês de antecedência, sua intenção de extingui-lo. Tal extinção
não poderá prejudicar nenhum procedimento já realizado ou nenhuma descoberta já realizada em
obediência a este Acordo.

COMO TESTEMUNHAS os abaixo assinados assinaram o presente Acordo.

REDIGIDO em quatro vias em Londres, em 08 de agosto de 1945, sendo as vias em inglês, francês e
russo, e cada uma com o mesmo teor de autenticidade.

Pelo governo dos Estados Unidos da América,


Robert H. Jackson
Pelo governo provisório da República Francesa
Robert Falco
Pelo governo do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte
Jowitt C.
Pelo governo da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
I. Nikitchenko
A. Trainin

Material disponível em: http://jus.com.br/artigos/25599/o-tribunal-militar-internacional-para-a-alemanha-tribunal-de-


nuremberg/5 Consulta: 13/03/2014.

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