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Viveiros de Castro - Advogados

EXMO. SR(a). JUIZ(A) DE DIREITO DO II JUIZADO ESPECIAL


CÍVEL DA COMARCA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

GLENN EDWARD GREENWALD, norte-americano, casado, jornalista,


portador da carteira de identidade número RNE V767119-E, emitida pelo
COPI/DIREX/DPF, inscrito no CPF sob o nº 059.876.727-40, com domicílio
na Rua da Assembleia, 10/1801, nesta cidade, CEP: 20.011-901, endereço
eletrônico advogados@viveiros.adv.br , vem, por seus advogados,
devidamente constituídos pelo instrumento de mandato em anexo (doc. 01),
com fundamento nos artigos 186 e 927 do Código Civil, propor a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO

em face de OSWALDO EUSTAQUIO FILHO, brasileiro, casado,


jornalista, identidade nº 65017458 SSP/PR, inscrito no CPF sob o nº
024.572.289-05, com domicílio na Rua Delegado Miguel Zacarias, 6200 -
Boa Vista – Curitiba - PR - CEP:82.650-090, pelas razões de fato e de direito
adiante expostas.

PUBLICAÇÕES

Inicialmente, para efeitos do art. 77, V do Código de Processo Civil, requer


que todas as intimações, notificações e demais atos de notícia do processo
sejam efetivados em nome de Luiz Paulo de Barros Correia Viveiros de
Castro e Glória Regina Félix Dutra, advogados inscritos na OAB/RJ sob os
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números 73.146 e 81.959, respectivamente, com escritório profissional à Rua


da Assembleia, nº 10, Grupo 1801, Centro, Rio de Janeiro/RJ, CEP: 20.011-
901, sob pena de nulidade dos atos processuais praticados em
desconformidade com o ora requerido.

DA COMPETÊNCIA

Trata a presente de ação indenizatória por dano extrapatrimonial decorrente


de episódios protagonizados pelo ora Réu, em que ofende o Autor em sua
dignidade humana e direitos da personalidade, utilizando-se das redes sociais
para divulgar injúrias e difamações para centenas de milhares de pessoas.

De acordo com a regra contida no art. 4º, III, da Lei nº 9.099/1995, a


competência é “do domicílio do autor ou do local do fato, nas ações para
reparação de dano de qualquer natureza”, sendo a competência, portanto,
deste II Juizado Especial Cível da Comarca da Capital.

DOS FATOS

O Autor é escritor, advogado e jornalista, tendo trabalhado no jornal


britânico The Guardian, quando ganhou fama mundial por ter divulgado as
revelações de Edward Snowden sobre as atividades da Agência de Segurança
Nacional dos Estados Unidos – NSA, que espionava ilegalmente diversos
países, inclusive o Brasil, recebendo diversos prêmios por sua atividade no
jornalismo investigativo, dentre eles o Pulitzer, o que o levou a se
transformar numa “pessoa pública”.

E, na condição de “pessoa pública”, o Autor sujeita-se a críticas e ataques de


pessoas que não concordam com sua atividade no jornalismo investigativo,
principalmente quando o resultado de tais investigações comprometem
políticos ou autoridades até então tidas como “acima de qualquer suspeita”,
o que leva seus asseclas ou simpatizantes a atacarem o autor das denúncias.
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Tais ataques, críticas e até mesmo ofensas contra o ora Autor por sua
atividade profissional fazem parte do ofício e devem ser suportadas, desde
que não extrapolem os temas em debate e partam para ofensas em relação à
intimidade e à vida privada e familiar do alvo dos ataques.

Ocorre que o Autor, juntamente com seu marido, adotou duas crianças com
quem convivem em ambiente familiar e longe da atribulada vida profissional
dos pais. A avó das crianças, mãe do Autor, reside nos Estados Unidos e
nutria forte desejo de conhecer seus netos, não podendo viajar ao Brasil por
causa de sua saúde, vez que é portadora de câncer em estado terminal.

Assim, o Autor resolveu levar seus filhos para os Estados Unidos, para
propiciar o contato de sua mãe com as crianças no tempo em que lhe resta
de vida, uma vez que sua enfermidade se trata de um “adenocarcinoma
metástico dos pulmões com metástase de pós-craniotomia do cérebro com
ressecção tumoral”, conforme laudo do Comprehensive Cancer Center, do
Sistema de Saúde da Universidade de Miami que ora se anexa (doc.02).

Como seus filhos são brasileiros e os trâmites para a concessão de visto


americano são demorados, o Autor justificou a urgência demonstrando o
estado de saúde de sua mãe, o que foi noticiado em uma coluna jornalística
e levou o ora Réu a se aproveitar para difamá-lo, dizendo que “Glenn mentiu
sobre o estado de saúde da mãe para conseguir visto de emergência”, além
de divulgar o facebook de Arlene Ehrlich Greenwald possibilitando que
centenas de outros iguais a ele fizessem postagens agressivas e ofensivas:

“Glenn mentiu sobre estado de saúde da mãe para conseguir visto


de emergência. Disse que ela está em estado terminal. Mas, Arlene
Greenwald está se divertindo nas redes sociais. Desejo mais saúde
a ela, mas essa mentira machuca os familiares de vítimas de
câncer.”

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https://twitter.com/oswaldojor/status/1156806610662154240

Com a publicação ofensiva e mentirosa, centenas de seguidores do Réu em


sua rede social passaram a postar ofensas diretamente no facebook da mãe
do Autor, debochando da gravidade de sua enfermidade, como se verifica
nas postagens reproduzidas a seguir:

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1- Ataques ao perfil pessoal de Arlene Greenwald por influência de Oswaldo

https://www.facebook.com/arlene.greenwald.9/posts/10220466183870864?__xts__[0]=68.A
RD5ZvhnfTMxBx4xq_tzOMBR1B-
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Indignado com os ataques à sua mãe por centenas de pessoas incentivadas


pela perfídia do Réu, o Autor manifestou sua indignação em sua rede social,
o que levou o sicofanta a publicar novas ofensas, epitetando o Autor de “o
Rei da Pornografia” e que o mesmo teria usado sua mãe “como instrumento
político para deixar o país às pressas para não pagar pelos crimes que
cometeu”:

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Como o Réu tem quase 40.000 (quarenta mil) seguidores em sua rede social,
a maioria com o mesmo nível de desumanidade e falta de caráter que ele, o
ora Autor e sua mãe voltaram a ser alvo de centenas de ofensas:

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2- Mais ataques em um post de Arlene Greenwald ao explicar que estava com câncer estágio IV

3- Mais ataques em um post de Arlene Greenwald ao explicar que estava com câncer estágio IV

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4- Mais ataques em um post de Arlene Greenwald ao explicar que estava com câncer
estágio IV
https://www.facebook.com/arlene.greenwald.9/posts/10220474018946736

Até mesmo a folclórica, para se dizer o mínimo, figura da Ministra Damares


Alves, com a sua reconhecida estupidez, republicou as ofensas em seu
Twitter, onde tem nada menos que 493.500 (quatrocentos e noventa e três
mil e quinhentos) seguidores, o que evidencia a dimensão do dano moral
sofrido pelo Autor e sua mãe:

https://twitter.com/DamaresAlves/status/1153029145892446208

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https://twitter.com/DamaresAlves/status/1153069087418966016

DOS FUNDAMENTOS

DA RESPONSABILIDADE CIVIL

O art. 927 do Código Civil, que inaugura o capítulo sobre Obrigação de


Indenizar, prevê que aquele que por ato ilícito causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo. O ato ilícito decorre, a teor do que dispõe o art. 186 do
mesmo diploma legal, de uma ação ou omissão voluntária, negligência ou
imperícia que viole direito e cause dano a outrem, ainda que o dano seja
exclusivamente moral.

A responsabilização civil, portanto, prescinde a comprovação da prática de


um ato ilícito e a ocorrência de um dano, desde que entre este e aquele haja
um nexo de causalidade, ou seja, desde que o dano tenha sido causado pela
prática daquele ato. São estes, pois, os elementos necessários à
caracterização da responsabilidade civil: ato ilícito, dano e nexo de
causalidade.
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Da análise acurada dos fatos ora narrados, há de se concluir que tais


elementos mostram-se presentes. O ato ilícito se materializa na conduta
injuriosa do Réu que, além de denominar o Autor como “ Rei da
Pornografia”, divulgou que o mesmo teria usado sua mãe “como
instrumento político para deixar o país às pressas para não pagar pelos
crimes que cometeu”, além de debochar do gravíssimo estado de saúde de
sua mãe.

O dano, por sua vez, decorre da violação da dignidade humana e do flagrante


desrespeito aos direitos da personalidade do Autor, sendo que o dano em
questão alcança não apenas o Autor, mas também toda a sua família,
inclusive os menores impúberes, uma vez que a circulação da referida injúria
dissemina em toda a sociedade a ideia de que a adoção, no caso do Autor,
não teve fundamento no amor recíproco, mas em um subterfúgio dos pais, o
que além de demonstrar absoluta ignorância, não corresponde à verdade.

O dano em questão tem natureza extrapatrimonial na medida em que atinge


não um bem materialmente descrito, mas atributos próprios da personalidade
do Autor, como a integridade psíquica, a intimidade e a honra, que não
podem ser quantificados.

Por fim, há nexo de causalidade entre a conduta do Réu e o dano sofrido pelo
Autor. Verifica-se, pois, que o dano extrapatrimonial causado ao Autor
decorreu de um ato ilícito praticado pelo Réu, pelo que se conclui pela
demonstração dos elementos necessários à caracterização da
responsabilidade civil e do consequente dever de indenizar.

DO DANO MORAL

O art. 1º, III, da CRFB/88 estabeleceu a dignidade da pessoa humana como


fundamento da República, constituindo, ainda, como objetivo fundamental a
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promoção do bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor ,


idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Sobre o dano moral, a Constituição Federal assegurou o direito à reparação


pelo dano causado, a teor do que se extrai do art. 5º, incisos V e X.

No plano infraconstitucional, o art. 927 do Código Civil, que inaugura o


capítulo sobre a Obrigação de Indenizar, estabelecendo que aquele que por
ato ilícito causar dano a outrem fica obrigado a repará-lo.

Como é sabido, a noção de dano moral está intrinsecamente relacionada à


dignidade da pessoa humana e à proteção dos direitos da personalidade que,
diferentemente daqueles de cunho patrimonial, não são mensuráveis em sua
extensão.

Sob a perspectiva desenvolvida por Maria Celina Bodin de Moraes, tem-se


a compreensão da dignidade da pessoa humana a partir dos postulados do
imperativo categórico de Kant, desdobrando-se em quatro princípios
jurídicos: igualdade, integridade psicofísica, liberdade e solidariedade,
importando dizer que à violação a qualquer um deles configurará o
dano moral.

Assim, levando-se em conta os princípios constitucionais da


proporcionalidade e da razoabilidade, a violação dos direitos do Autor, bem
como a reincidência do Réu no protagonismo de episódios como o ora
narrado, o Autor requer a condenação do Réu ao pagamento de indenização
no montante de R$30.000,00 (trinta mil reais).

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer o Autor o recebimento da presente peça


processual, com a determinação de citação do Réu para que compareça à

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audiência de conciliação na forma prevista no artigo 18, I, da Lei nº


9.099/1995, e, caso não seja possível a conciliação que, querendo, apresente
defesa e, caso não o faça, que suporte os efeitos da revelia. Requer ainda:

a) Que todas as notificações, intimações e demais atos de notícia do


processo sejam efetivados em nome de Luiz Paulo de Barros Correia
Viveiros de Castro e Glória Regina Félix Dutra,, advogados inscritos
na OAB/RJ sob os números 73.146 e 81.959, respectivamente, sob
pena de nulidade;
b) A condenação do Réu ao pagamento de R$30.000,00 (trinta mil reais),
a título de dano moral.

Protestam por todos os meios de prova admitidos em direito, especialmente,


prova documental, oitiva de testemunhas e depoimento pessoal.

Dá-se a causa o valor de R$39.000,00 (trinta e nove mil reais).

Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 10 de outubro de 2019.

Luiz Paulo Viveiros de Castro Glória Regina Félix Dutra


OAB/RJ 73.146 OAB/RJ 81.959

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