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O TEOREMA DE PITÁGORAS E SUAS DEMONSTRAÇÕES EM SALA

DE AULA

Rodrigo Amaral Leal2


Rondineli dos Anjos Nunes3
Wildson Pombo Sousa4

RESUMO

Este artigo científico tem objetivo relatar sobre o contexto histórico e a vida de um
dos personagens que atualmente é uma das referências no campo do conhecimento
matemático, Pitágoras. Que ao seu tempo observou e revolucionou não só a
matemática, mas também a filosofia por meio de estudos e pesquisas investigativas.
Pitágoras aprofundou seus estudos em diversas regiões e países como: Egito,
Babilônia e talvez a Índia. Pouco se sabe sobre a origem do Teorema, que o qual
institui seu nome. No entanto, há registros pelas antigas civilizações em tabletes de
barros no qual se utilizavam como meio de escritas naquela época. Nestas escritas
existem algumas formas que há relação com o Teorema de Pitágoras. O Teorema
de Pitágoras, o mais famoso da geometria plana, tem muitas e variadas
demonstrações. Um exemplo das demonstrações encontram-se em O livro The
Pythagorean Proposition de Elisha S. Loomis, 2ª edição, 1940, classificou 367
demonstrações do teorema de Pitágoras. Nessa perspectiva propomos uma
abordagem deste teorema em sala de aula onde incluem os materiais didáticos
manipuláveis que fortalecem a motivação do aluno para a aprendizagem, aumentam
a autoconfiança e a concentração e contribuem no desenvolvimento das
competências cognitivas e lógicas.

Palavras-chave: O Teorema de Pitágoras. Demonstrações. Aplicações.

1
Professor Orientador Steve Wanderson Calheiro de Araujo – Universidade Federal do Amapá
(UNIFAP). e-mail: Steve@unifap.br
2
Acadêmico da Universidade Federal do Amapá – (UNIFAP). E-mail: rodrigoamaral@gmail.com
3
Acadêmico da Universidade Federal do Amapá – (UNIFAP). E-mail: rodinelinunesl@gmail.com
4
Acadêmico da Universidade Federal do Amapá – (UNIFAP). E-mail: wilpsousa@yahoo.com.br
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1. INTRODUÇÃO

Figura 1. Pitágoras de Samos O Teorema de Pitágoras é através


deste trabalho que propomos apresentar a
vivencia de Pitágoras em busca do
conhecimento e algumas demonstrações e
propostas de aplicações do Teorema de
Pitágoras para alunos do 9º ano do Ensino
Fundamental da Escola Municipal Raimunda
Rodrigues Capiberibe em Laranjal do Jari,
estado do Amapá. Partindo do
desenvolvimento de materiais que sejam
Fonte: http://www.mundodafilosofia.com.br
atrativos e lúdicos aos alunos. Por meio de
métodos alternativos como atividades na forma de oficina que podem ser utilizadas
tanto por docentes quanto discentes em aulas sobre o Teorema de Pitágoras. A
ideia dessas oficinas é familiarizar o aluno com esse resultado através da resolução
de problemas.
Quando se fala de Pitágoras viajamos na linha do tempo, voltamos à
história principalmente da Matemática no qual atribuí o Teorema de Pitágoras.
Segundo Baroni e Nobre (1994), afirmam que a história é também uma área de
conhecimento, e não pode ser deixada de lado:
[...] apesar da História da Matemática estar ganhando destaque no meio
acadêmico- educacional e se destacando como instrumento para propostas
didático-pedagógicas, bem como a Modelagem Matemática, a
Etnomatemática, a Informática, entre outras, não se deve esquecer que
antes de tudo a História da Matemática é uma área do conhecimento
matemático, um campo de investigação e, portanto, não pode ser analisado
simplesmente como um instrumento metodológico (BARONI; NOBRE, 1994;
p.129).

Deste modo, propomos aos alunos uma atividade em que, ele é


convidado a decompor os quadrados construídos sobre os catetos em alguns
pedaços e depois reagrupar essas peças exatamente sobre o quadrado construído
sobre a hipotenusa. Ao final do trabalho apresentaremos algumas atividades
interessantes para chamar a atenção de que demonstração matemática não pode

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ser dada exclusivamente através da interpretação de uma ilustração. Por exemplo,
somente as atividades de recortar e colar, apresentados nas oficinas propostas, não
constituem demonstrações completas para o Teorema de Pitágoras. Veremos que é
realmente importante demonstrar que as peças se encaixaram perfeitamente e que
não existe alguma falha ou sobreposição de peças.

2. O CONHECIMENTO DOS BABILÔNIOS DO TRIÂNGULO 3, 4 e 5

Há provas que os babilônios antigos, antes mesmo de Pitágoras, já


conheciam então o que seria o famoso Teorema de Pitágoras. Muitos tabletes de
barro datados do período de 1800 a 1600 a.C. foram encontrados, decifrados e hoje
se encontram em diversos museus. Um deles, chamado Plimpton 322 está na
Universidade de Columbia e o fragmento que foi preservado mostra uma tabela de
15 linhas e 3 colunas de números. Os pesquisadores descobriram que esta tabela
continha ternos pitagóricos, ou seja, lados de um triângulo retângulo. Há relatos
históricos que estes pedaços que restaram de um tablete deveriam fazer parte de
um conjunto de tabletes, não se sabe como esses números foram encontrados. Mas,
uma pista é evidente de que os babilônios conheciam alguma forma de encontrar
esses números, o tablete encontra-se guardado hoje no Museu Britânico. Nesse
tablete está escrito o seguinte:

4 é o comprimento
5 é a diagonal
Qual é a altura?
4 vezes 4 dá 16
5 vezes 5 dá 25
Tirando 16 de 25 o resto é 9
Quanto vezes quanto devo tomar para ter 9?
3 vezes 3 dá 9
3 é a altura

Segundo Lima ET at (2006) outro tablete que merece atenção está no


museu da Universidade de Yale. É o único que contém figuras: um quadrado e suas

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diagonais. Neste fragmento de tablete que se pode ver na figura 2, o lado do
quadrado é tomado como igual a 30 e o comprimento da diagonal aparece como 42,
25, 35.
Isto nos leva a pensar que os babilônios tinham conhecimento da relação
entre os lados de um triângulo retângulo. Não há nenhuma demonstração,
naturalmente, pois isto ainda estava longe de ser uma preocupação dos
matemáticos da época. Eles conheciam receitas que davam certo e, com elas,
resolviam inúmeros problemas.
Como os babilônios escreviam os números na base 60, o comprimento da
diagonal é, na nossa notação decimal,

24+

Isto, dividido por 30, dá 1,414213..., uma aproximação excepcional para


com seis casas decimais corretas.
Figura 2. Tablete de barro de 1800 a 1600 a.C

Fonte: http://www.mundodafilosofia.com.br

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3. ORIGEM E A VIDA DE PITÁGORAS
Figura 3. Localização de Samos

Fonte: http://portugues.vacationstogo.com

Pitágoras nasceu na ilha de Samos, na costa da Ásia Menor, por volta do


ano 572 a.C. Samos nessa época, era uma rica cidade-estado mercantil, mas, talvez
justamente por isso, sua vida intelectual era muito limitada, apesar de viverem ali
muitos homens de talento. Esse fato, aliado ao duro regime político sob o qual
Samos vivia, deve ter sido o motivo que levou Pitágoras, que sempre revelara
pendores místicos e filosóficos, a deixar a cidade. Assim, aos 18 anos de idade ele
mudou para a ilha de Lesbos, onde por dois anos estudou filosofia. Depois disso
seguiu para Mileto, possivelmente para usufruir os ensinamentos de Tales, que era
mais velho do que ele cerca de cinquenta anos. Talvez aconselhado por Tales,
rumou então para o Egito, para tentar aprender o saber local, concentrado nas mãos
das ordens sacerdotais. Segundo Asger Aaboé (2002) :

Pitágoras de Samos, que atingiu seu ápice produtivo em torno de 530 e de


seus seguidores os pitagóricos. Suas realizações foram em ciências,
particularmente na matemática, e na religião, e seus preceitos religiosos
eram fortemente condimentados por ingredientes dos matemáticos ou
místicos numéricos. Seus gostos em matemática tendem para aritmética e a
álgebra, é obvia uma forte influencia babilônica. Em verdade, diz-se que
Pitágoras visitou o Egito e a Babilônia, e embora lenda conte que ele
aprendeu sua matemática no Egito e suas crenças místicas na Babilônia, é
claro que foi na Babilônia que obteve suas inspirações matemáticas. (p. 42).

Depois de vencer duras provas acabou sendo aceito como aluno em


Tebas, na Grécia, onde permaneceu por cerca de vinte anos. Depois disso Pitágoras
voltou a Samos, onde pretendia se dedicar ao ensino. Mas, confirmando talvez o
desinteresse dos Samios pelo saber, Pitágoras só conseguiu um aluno e, assim
mesmo, tendo de pagar-lhe para que ele assistisse às suas aulas. Esse fato,
somado à situação da política de Samos, levou-o a emigrar mais uma vez, indo

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estabelecer-se agora na colônia grega de Crotona, no sul da Itália. Nessa cidade
fundou uma escola que, apesar de seu misticismo, iria ter uma influência muito
grande nos rumos da filosofia e da ciência, especialmente da matemática.
Pitágoras não apreciava o isolamento e acabou subornando um menino
para ser seu primeiro aluno. A identidade do garoto e incerta, mas alguns
historiadores sugerem que ele também se chamaria Pitágoras [...]
Pitágoras, o mestre, pagava ao seu aluno três ébolos para cada aula a que
ele comparecia. Logo percebeu que, à medida que as semanas se
passavam, a relutância inicial do menino em aprender se transformava em
entusiasmo pelo conhecimento. Para testar seu pupilo, Pitágoras fingiu que
não podia mais pagar o estudante e que teria de interromper as aulas.
Então o menino se ofereceu para pagar por sua educação. O pupilo tornara-
se discípulo. Infelizmente este foi o único adepto que Pitágoras conquistou
em Samos. Ele chegou a estabelecer temporariamente uma escola
conhecida como o Semicírculo de Pitágoras, mas suas ideias de reforma
social eram inaceitáveis e o filosofo foi obrigado a fugir com sua mãe e seu
único discípulo. (SINGH, 2008, p.30).

Pitágoras é considerado o pai da matemática e da música, e é


considerado também um dos mais importantes filósofos daquela época, como
menciona o filósofo Bertrand Russel, que classificou Pitágoras como “um dos
homens mais importantes de todos os tempos no plano intelectual”. Por volta do ano
500 a.C., quando a escola estava no auge de seu esplendor, foi fechada sob a
acusação de apoiar a aristocracia, contrária ao governo. Pitágoras teve então de se
refugiar em Metaponto, cidade em que ficaria até morrer, por volta do ano 497 a.C.
Mas durante quase dois séculos seus ensinamentos continuaram a serem
transmitidos por seus discípulos, que se espalharam por diversas regiões.
De acordo com Russel e Strathern (1998, p.7):

O primeiro matemático, o primeiro filósofo e o primeiro a praticar a


metempsicose. E isso, não por ter sido a primeira pessoa a usar números, a
primeira a buscar uma explicação racional para o mundo ou a primeira a
acreditar que numa vida anterior sua alma havia habitado uma planta, um
faraó ou algo do gênero. Foi ele quem inventou, ou usou pela primeira vez
as palavras; matemático, filósofo e metempsicose nos sentidos hoje aceitos
e logo aplicou a si mesmo. Também inventou a palavra cosmos, que
aplicava ao mundo. Em grego, Kosmo significa ordem e Pitágoras usou o
termo para designar o mundo por causa de sua perfeita harmonia e
ordenação.

4. A ESCOLA PITAGÓRICA

Durante suas passagens por diversos países em busca de conhecimento,


Pitágoras fundou em Crotona a Escola Pitagórica. Esta escola era politicamente
conservadora e mantinha um princípio de conduta muito rígido, ou seja, era uma
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irmandade estreitamente unida por ritos secretos e cerimônias, nenhum dos seus
discípulos jamais violou a regra até mesmo depois da morte de Pitágoras e do fim da
escola. Além disso, a escola era totalmente vegetariana, aceitando assim a doutrina
da metempsicose, ou seja, transmigração das almas. Todas as proibições
estabelecidas por Pitágoras em sua religião na escola eram seguidas com muito
rigor. Era uma espécie de escola com caráter duplo, pois se dedicava a questões
espirituais e, além disso, aos estudos de Matemática, Astronomia e Música.
(BOYER, 1996).
Pitágoras também foi o responsável pela formalização da escala musical
que usamos hoje.

O instrumento mais importante da antiga musica helênica era o tetracordio,


ou lira de quatro cordas. Antes de Pitágoras, os músicos tinham percebido
que certas notas, quando soavam juntas, criavam um efeito agradável e
afinavam suas liras de modo que ao tocarem duas cordas pudessem
produzir tal harmonia. Contudo, os antigos músicos não compreendiam por
que certas notas, em especial, eram harmônicas e não tinham nenhum meio
preciso de afinar seus instrumentos. Eles afinavam suas liras pelo ouvido,
até conseguirem um estado de harmonia – um processo que Platão
chamava de torturar as cravelhas. (SINGH, 2008, p.35)

Pitágoras observou que quando os comprimentos das cordas estavam em


algumas proporções, elas soavam de forma harmônica. Ele notou que se uma corda
produzia uma nota qualquer, outra corda com o dobro do tamanho produziria a
mesma nota em uma oitava abaixo. Este mesmo princípio e utilizado hoje em harpas
e pianos. Pitágoras formalizou as notas musicais que conhecemos da seguinte
forma: dada uma corda que produzia um Do, uma corda com o dobro do
comprimento levaria a um Do uma oitava abaixo e de forma ascendente, uma corda
com 16:9 de seu tamanho produziria um Ré, 8:5 para Mi, 3:2 para Fá, 4:3 para Sol,
6:5 para La e 16:15 para Si.Todas estas descobertas fizeram com que a escola
pitagórica ganhasse notoriedade na Grécia antiga, porem junto com este prestigio
muita inveja também era atraída.
Cyrino (2006, p. 52) diz: “Da mesma maneira que os pitagóricos
conseguiram ascensão política, os inimigos surgiram. Um dos senhores mais ricos
de Crotona, chamado Cilon, empreendeu um ataque a uma casa onde se reuniam
os pitagóricos e muitos foram assassinados. Pitágoras foi para Tarento e dai, para
Metaponto, onde perdeu a vida, aproximadamente, em 500 a.C.”

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Pitágoras e os pitagóricos foram pessoas que deixaram um legado
matemático e filosófico muito grande, porém esta historia importante da Matemática
e envolta em muitas lendas, pelo fato de muitas de suas descobertas ficarem em
segredo, além da perda da maioria dos documentos. Há uma lenda que diz que,
neste ataque aos pitagóricos, toda a casa foi incendiada, queimando os registros de
Pitágoras e sua escola.
Os pitagóricos tinham por costume atribuir todas as descobertas ao
fundador, por isso hoje é tão difícil saber se foi realmente Pitágoras que fez estas
descobertas ou se foram outros membros que na época eram chamados de seus
seguidores. (EVES, 1997).
Ainda segundo Eves (1997), afirma que os pitagóricos em seus estudos,
chegaram à conclusão de que “tudo é número”. Eles acreditavam que toda uma
série de realidades e fenômenos naturais são traduzível por relações numéricas,
como por exemplo, os fenômenos musicais, a periodicidade do movimento celeste e
os fenômenos da vida, deduzia-se que os elementos dos números eram os
elementos da realidade:
A filosofia pitagórica baseava-se na suposição de que a causa última das
várias características do homem e da matéria são os números inteiros. Isso
levava a uma exaltação e ao estudo das propriedades dos números e da
aritmética (no sentido de teoria dos números), junto com a geometria, a
música e a astronomia, que constituíam as artes liberais básicas do
programa de estudos pitagórico. Esse grupo de matérias tornou-se
conhecido na Idade Média como quadrivium, ao qual se acrescentava o
trivium, formado de gramática, lógica e retórica. Essas sete artes liberais
vieram a ser consideradas como a bagagem cultural necessária de uma
pessoa educada. (EVES, 1997, p. 97).

Para entrar na escola o candidato era submetido a rudes provas, tanto


psicológicas como físicas e se fosse aprovado nestes testes era chamado de
“acusmático”, ou seja, era obrigado a passar um período de cinco anos de
contemplação, guardando perfeito silêncio.
O pentagrama ou pentágono estrelado era o símbolo da Escola
Pitagórica, que representava o sigilo e companheirismo entre os pitagóricos e
segundo Pitágoras o pentagrama possui muitas propriedades interessantes.
Boyer (1996), diz que este pentagrama é obtido traçando as diagonais de
um pentágono regular. Através das intersecções dos segmentos da diagonal se

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obtém um novo pentágono regular, que é proporcional ao original pela razão áurea
ou secção áurea:

Se começarmos com um polígono regular ABCDE (Fig. 2) e traçarmos as


cinco diagonais, essas diagonais se cortam em pontos A’B’C’D’E’, que
formam outro pentágono regular. Observando o triângulo BCD’, por
exemplo, é semelhante ao triângulo isósceles BCE e observando também
os muitos pares de triângulos congruentes no diagrama, não é difícil ver que
os pontos A’B’C’D’E’ dividem as diagonais de um modo notável. Cada um
deles divide uma diagonal em dois segmentos desiguais, tais que a razão
da diagonal toda para o maior é igual à deste para o menor. Essa
subdivisão das diagonais é a bem conhecida “secção áurea” de um
segmento [...]. (BOYER, 1996, p. 34).

Eves (1997) nos diz sobre o fim da escola: “[...] com o tempo, a influência
e as tendências aristocráticas da irmandade tornaram-se tão grandes que forças
democráticas do sul da Itália destruíram os prédios da escola fazendo com que a
confraria se dispersasse. [...]”. Foi neste período que Pitágoras então foi expulso de
Crotona e fugiu para Metaponto. Vários nomes que fizeram parte da escola
pitagórica, entre eles alguns foram destaque:Filolaus de Tarento que nasceu por
volta de 470 a.C. e morreu 390 a.C.; Arquitas de Tarento nasceu em 428 a.C. e
Hipasus de Metapontum que viveu por volta de 400 a.C..Alguns séculos mais tarde,
a Escola Pitagórica voltou a reviver e seus membros passaram a ser chamados
então de neo-pitagóricos, um destes membros que mais se destacou foi Nicômaco
de Gerasa, que viveu em torno do ano 100. Há relatos históricos que a Escola
Pitagórica tenha existido por mil anos uma das grandes contribuições da escola
pitagórica à matemática foi organizar algumas partes da geometria das paralelas,
por meio do método demonstrativo, ou seja, por meio de teoremas. Mas apesar de
sua importância, nenhum escrito sobre a escola pitagórica sobreviveu, as
informações que conhecemos vieram de fontes indiretas muito posteriores.

5. O ENUNCIADO DO TEOREMA DE PITÁGORAS

Seja em qualquer triângulo retângulo, a área do quadrado cujo lado é


a hipotenusa é igual à soma das áreas dos quadrados que têm como lados
cada um dos catetos.

Se a é a medida da hipotenusa e se b e c são as medidas dos catetos, o


enunciado do Teorema de Pitágoras nos afirma que a² = b²+c²
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Figura 4. Prova do Teorema de Pitágoras através de quadriculações

Fonte. http://www.lume.ufrgs.br

A figura do triângulo retângulo acima mostra que as áreas dos quadrados


construídos sobre os catetos é igual à área da hipotenusa.

6. DEMONSTRAÇÕES DO TEOREMA DE PITÁGORAS

Nas ciências naturais, uma demonstração e algo que pode ser observado
e repetido uma grande quantidade de vezes, e tomado como verdade, claro que
muitas vezes de forma não absoluta. As descobertas cientificas na maioria das
vezes, foram feitas desta forma.

Em 1927 (quando já era professor universitário), Loomis publicou A


proposição pitagórica, livro contendo 230 provas; em 1940, então aos
87anos, Loomis publicou uma segunda edição, com 370 provas. [...] A
última frase de sua segunda edição e: “E ainda não chegamos ao fim”.
Loomis estava certo; não era o fim. O site Guinness World Records, sob o
titulo “Maior quantidade de provas do teorema de Pitágoras”, recentemente
apontou um grego que diz ter descoberto 520 provas distintas. (CREASE,
2011, p. 24 e 25).

Uma conjectura e proposta e verificada muitas vezes, para o maior


número de casos, até que seja considerada verdadeira. Mas na Matemática, uma
conjectura só e considerada verdadeira quando for demonstrada com argumentos
lógicos, sem deixar qualquer margem de duvida. Ou seja, realizar testes com casos
particulares, por maior que seja a quantidade destes testes, não serve como
demonstração ou prova de qualquer afirmação matemática.
“...Em matemática o conceito de prova e muito mais rigoroso e
poderoso do que o que usamos em nosso dia-a-dia e até mesmo
mais preciso do que o conceito de prova como entendido pelos
físicos e químicos. A diferença entre prova científica e prova
matemática e ao mesmo tempo sutil e profunda. Ela e crucial para
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que possamos entender o trabalho de cada matemático, desde
Pitágoras.
A ideia de demonstração matemática clássica começa com uma
série de axiomas, declarações que julgamos serem verdadeiras ou
que sejam verdades evidentes. Então, através da argumentação
lógica, passo a passo, e possível chegar a uma conclusão. “Se os
axiomas estiverem corretos e a lógica for impecável, então a
conclusão será inegável”. (SINGH, 2008,p.41).

6.1 Demonstração Clássica do Teorema de Pitágoras


A demonstração clássica nos mostra que um triângulo retângulo de
hipotenusa a e catetos b e c, cujo lado é b + c.

Figura 5. Demonstração Clássica do Teorema de Pitágoras

Fonte: Obra de Eduardo Wagner “Teorema de Pitágoras e Áreas”

Observe o quadrado: Tem a mesma área, já que o lado de cada quadrado


mede (b + c) seguinte forma:

Cancelamos 2bc, obtemos:

6.2 Demonstração pelo caso de congruência

Considere um quadrado ABCD de lado. Sobre os lados desse quadrado


marque pontos, M, N, P, Q como na figura a seguir, de modo que:

AM = BN =CP = DQ =b
MB= NC = PD = QA =c

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Pelo caso de congruência LAL os triângulos retângulos QAM, MBN, NCP
e PDQ são congruentes ao triângulo retângulo da hipótese. Daí segue que MN = NP
= PQ = QM = α. Isso implica que o quadrilátero MNPQ é um losango. Vamos mostrar
que, de fato, ele é um quadrado. Suponhamos que os ângulos agudos do triângulo
de hipótese sejam: α e β

Figura 6. Congruência dos Triângulos Retângulos

Fonte: Obra de Eduardo Wagner “Teorema de Pitágoras e Áreas”

Pela congruência dos triângulos QAM, MBN, NCP e PDQ descritos acima,
os ângulos agudos destes triângulos retângulos medem α e β , de acordo com a
figura acima.
Como α + β = 90º segue que cada ângulo interno do quadrilátero MNPQ deve ser
reto. Isso demonstra que MNPQ é um quadrado de lado α.
Daí a área do quadrado de lado b +c é igual à soma da área do quadrado
de lado α com a área de quatro triângulos retângulos de catetos b e c.
Isto é:

, como queríamos

demonstrar.

6.3 Demonstração por semelhança de triângulos

Este próxima demonstração faz uso da semelhança de triângulos, é mais


freqüente em livros didáticos. A partir de um triângulo ABC, retângulo em A,

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traçamos a altura AH e verificamos que os triângulos AHB e AHC são semelhante ao
triângulo ABC.
Figura 7:
Semelhança de
triângulos

Fonte: Obra de Eduardo Wagner “Teorema de Pitágoras e Áreas”

A figura acima nos mostra que a semelhança do ABC AHC

Da semelhança do ABC ABH

Logo;

Esta demonstração é bastante frequente em livros didáticos e aplicado


nas escolas, isso porque permite um esclarecimento, mas detalhado e simples do
Teorema de Pitágoras aos alunos, como também encontrar as relações importantes
do triângulo retângulo. Além das duas relações, que deram origem à demonstração
do teorema, obtemos a relação bc = ah, que também se interpreta com o conceito de

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área, e h² = mn, que revela o importante fato de que a altura é média geométrica
entre as projeções dos catetos sobre a hipotenusa.

6.4 A demonstração de Perigal

Em 1873 Henry Perigal, um livreiro em Londres, publicou a demonstração


que se pode apreciar na figura abaixo. Trata-se da forma mais evidente de mostrar
que a soma das áreas dos quadrados construídos sobre os catetos preenchem o
quadrado construído sobre a hipotenusa.

Figura 8: Demonstração Perigal

Fonte: Obra de Eduardo Wagner “Teorema de Pitágoras e Áreas”

Na sua demonstração, Henry Perigal, faz uso de cortes do quadrado


construído sobre o maior cateto por duas retas passando pelo seu centro, uma
paralela à hipotenusa do triângulo e outra perpendicular, dividindo esse quadrado
em quatro partes congruentes. Essas quatro partes e mais o quadrado construído
sobre o menor cateto, preenchem completamente o quadrado construído sobre a
hipotenusa.

7. APLICAÇÃO DO TEOREMA DE PITÁGORAS EM SALA DE AULA

Com as constantes mudanças que há no cenário educacional, cabe ao


professor se adaptar às mesmas, e buscar sempre a melhorar transposição didática
do conteúdo desejado aos seus alunos. E quando se trata do conhecimento sobre o
Teorema de Pitágoras, muitos alunos sentem dificuldade em solucionar o X da
questão. Então, foi com essa proposta, de quebrarmos essa barreira, que levamos
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aos alunos do 9º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Raimunda
Rodrigues Capiberibe, com a autorização da direção da escola e do professor de
matemática, a proposta de aplicação do Teorema de Pitágoras e relacioná-lo com a
realidade vivida e praticá-las em situações do seu cotidiano. De acordo com o
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1998).

“A Matemática como uma criação humana, ao mostrar necessidades


e preocupações de diferentes culturas, e diferentes momentos
históricos, ao estabelecer comparações entre os conceitos e
processos matemáticos do passado e do presente, o professor cria
condições para que o aluno desenvolva atitudes e valores mais
favoráveis diante desse conhecimento.” (BRASIL, PCN de
Matemática, 1998).

Durante as duas primeiras semanas de agosto com início no dia 03 e


término no dia 14 de agosto de 2015, estivemos no período vespertino na Escola
Municipal Raimunda Rodrigues Capibaribe, localizada em Laranjal do Jarí, no sul do
estado do Amapá, com o objetivo de realizarmos o trabalho de campo, onde
propomos aos alunos do 9º ano da turma D, o conhecimento sobre o Teorema de
Pitágoras e suas aplicações. O trabalho de demonstração do teorema de Pitágoras
foi desenvolvido por meio práticos usando figuras geométricas, desenhos e recortes.

No período em que estivemos em sala de aula com os discentes,


especificamente na primeira semana de agosto do referido ano, propomos aos
alunos o contexto dos fatos históricos do conhecimento sobre a vida de Pitágoras e
também sobre o triângulo retângulo. Assim como, suas viagens em busca do
conhecimento por várias regiões do mundo antigo, como: Egito, Babilônia e Grécia.
Falamos sobre a Escola Pitagórica, que foi fundada em Crotona, hoje atual sul da
Itália, onde a mesma pregava uma rígida doutrina similar ao militarismo, com
obrigações a cada membro da escola que obedecia ao seu mestre.

Após a explicação de todo esse contexto histórico sobre Pitágoras,


aplicamos um exercício por meio de perguntas e respostas entre os alunos e nós
acadêmicos, com o objetivo de verificarmos o que os alunos assimilaram da
explicação. Colocamos os alunos em círculo e cada aluno em sua carteira e
iniciamos o debate. As perguntas dirigidas foram do tipo: Onde nasceu Pitágoras?
Qual foi sua contribuição para a área da matemática? Quais os lugares onde
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Pitágoras andou em busca do conhecimento?...etc. As respostas da turma foram
bastante satisfatória para nós, pois, pudemos perceber o quanto assimilaram o
conteúdo repassado. Isto nos proporcionou uma motivação a mais para
continuarmos o trabalho em sala de aula.

Na segunda semana procuramos demonstrar o Teorema de Pitágoras


através de oficinas, mas antes, explicamos o que é um triângulo retângulo.
Mostramos a demonstração de Perigal, semelhança de triângulo, demonstração
clássica, a demonstração por meio de quadriculações, e assim, provamos que a
soma dos quadrados dos catetos é igual a hipotenusa.

A resposta da turma foi surpreendente, no começo da explicação os


alunos não sabiam identificar a hipotenusa no triângulo retângulo, após a explicação
e aplicação, através das oficinas, puderam perceber a relação das medidas dos
lados do triângulo retângulo. Assim, provamos na prática da veracidade do teorema
de Pitágoras aos alunos.

8. PRÁTICAS EM SALA DE AULA ABORDANDO O TEOREMA

Nas imagens abaixo, foi demonstrado aos alunos o teorema de Pitágoras


por meio de peças quadriculadas feitas em madeira, onde convidamos a
participarem da construção. Foi dada aos alunos uma folha em branco A4, e
pedimos que os mesmos desenhassem um triângulo retângulo de hipotenusa
medido 5 e catetos 3 e 4. Logo após a construção e montagem das peças pedimos
que explicassem quem era a hipotenusa e os catetos. E resumissem o que
entenderam sobre o desenvolvimento da atividade.

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Figura 9: Quadriculações

Fonte: Acervo pessoal

Figura 10: Acadêmicos e alunos desenvolvendo atividade

Fonte: Acervo pessoal

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Figura 11: Exercício de aplicação do Teorema de Pitágoras

Fonte: Pitagoras-upt.tripod.com

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Figura 12: Exercício desenvolvido pelos alunos em sala de aula sobre “Teorema de Pitágoras”

Fonte: Acervo pessoal

Figura 13: Fotos durante a aplicação em sala de aula

Fonte: Acervo pessoal

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o período de aplicação do Teorema de Pitágoras em sala de aula


na turma do no 9º ano do ensino fundamental, tivemos a certeza que estávamos no
caminho certo na construção do conhecimento. Pois, as demonstrações do Teorema
de Pitágoras foram abordadas por meios lúdicos, para facilitar o processo de
compreensão dos alunos. Assim como, buscamos por meio interativos, o
desenvolvimento da capacidade cognitiva.

Portanto, as demonstrações do Teorema de Pitágoras, propostas em sala


de aula, foram tratadas de forma mais simples possível proporcionando condição de
aprendizado aos discentes. Como por exemplo, nas tarefas extraclasses, maneiras
de incorporar as relações de medidas de um triângulo retângulo, suas medidas de
lados, lado maior, e lado menor, preparando o discente para receber o conteúdo
matemático sobre a geometria plana e dinamizando o processo de aprendizagem do
assunto, principalmente aquele que exige mais atenção, mas tempo para se
trabalhar em sala de aula, como a Geometria em geral.

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REFERÊNCIAS

AABOÉ Asger. Episódios da Historia Antiga da Matematica. 2. ed. Rio de Janeiro:


SBM, 2002.

BARONI, Rosa Lúcia Sverzut; NOBRE, Sérgio Roberto, A Pesquisa em História da


Matemática e Suas Relações com a Educação Matemática. In: BICUDO, M. A.
(org.).

Pesquisa em Educação Matemática: concepções e perspectivas. São Paulo:


UNESP, 129-136.

BOYER, C. História da Matemática. 2. ed. São Paulo: EdgartBlücher, 1996.

BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari, Investigação qualitativa em educação: uma


introdução ateoria e aos métodos. Lisboa: Porto Editora, 1994.

CREASE, Robert P. As grandes equações: a história das fórmulas matemáticas


mais importantes e os cientistas que as criaram. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

EVES, H. Introdução à História da Matemática. 2. ed. São Paulo: Unicamp, 1997.

LIMA, E. L. Meu Professor de Matemática e outras histórias. 5. Ed. Rio de


Janeiro: SBM, 2006. 256p.

LIMA, E. L. Coleção do professor de matemática. SBM 40 anos. Temas e


problemas elementares / Elon Lages Lima, Paulo Cesar Pinto Carvalho, Eduardo
Wagner, Augusto César Morgano. – 2ª ed. – Rio de janeiro: SBM, 2006.
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros curriculares nacionais para o ensino médio. Brasilília:
MEC/SEMTEC, 2000.
SINGH, Simon. O Último Teorema de Fermat: a história do enigma que confundiu
as maiores mentes do mundo durante 358 anos. 13. ed. Rio de Janeiro: Record,
2008.

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