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História

Antiga
1
• Carlos Rafael Vieira Caxile
• Waldech César Rocha Júnior

HISTÓRIA ANTIGA

1ª EDIÇÃO
EGUS 2015
INTA - Instituto Superior de Teologia Aplicada
PRODIPE - Pró-Diretoria de Inovação Pedagógica

Diretor Presidente das Faculdades INTA Equipe de Produção Audiovisual


Dr. Oscar Rodrigues Júnior
Roteirista da Vídeoaula
Pró-Diretor de Inovação Pedagógica Waldech César Rocha Júnior
Prof. PHD. João José Saraiva da Fonseca
Gerente de Produção de Vídeos
Coordenadora Pedagógica e de Avaliação Francisco Sidney Souza Almeida
Profª. Sônia Henrique Pereira da Fonseca
Edição de Áudio e Vídeo
Assessor de Gestão de Projetos de Avaliação e Pesquisa Francisco Sidney Souza Almeida
Éder Jacques Porfírio Farias José Alves Castro Braga

Gerente de Filmagem/Fotografia
Equipe de Pesquisa e Desenvolvimento de Projetos José Alves Castro Braga
Tecnológico e Inovadores para Educação
Operador de Câmera/Iluminação e Áudio
José Alves Castro Braga
Coordenador da Equipe
Anderson Barbosa Rodrigues Designer Editorial
Edwalcyr Santos
Analista de Sistemas Mobile
Francisco Danilo da Silva Lima Diagramador Web
Luiz Henrique Barbosa Lima
Analista de Sistemas Front End
André Alves Bezerra Assessoria Pedagógica/Equipe de Revisores
Sonia Henrique Pereira da Fonseca
Analista de Sistemas Back End Evaneide Dourado Martins
Luis Neylor da Silva Oliveira

Técnico de Informática / Ambiente Virtual


Rhomelio Anderson Sousa Albuquerque
Sumário
Palavra do Professor-Autor.......................................0 8
Ambientação...............................................................1 0
Trocando ideias com os autores...............................1 2
Problematizando........................................................1 4

1 Unidade de Estudo: Pré-História


Histórico da Pré-História....................................................................... 19

2 Unidade de Estudo: Antigas Civilizações


Mesopotâmia...............................................................................................32
A divisão social do trabalho...................................................................33
Letras e contas............................................................................................34
Escrita cuneiforme.....................................................................................35
Transmissão Cultural................................................................................35
O código de Hamurábi............................................................................36
Egito................................................................................................................38
Faraó..............................................................................................................40
Uma civilização original..........................................................................42
Hebreus.........................................................................................................42
Juízes e Monarcas...................................................................................... 44
3 Unidade de Estudo: Grécia e Roma
Cidades-Estados.........................................................................................49
A Grécia Antiga: “poleis”.........................................................................51
Proprietários e Despossuídores.............................................................53
Roma.............................................................................................................. 58
A República Romana................................................................................59
Crise na Cidade Romana.........................................................................62

Leitura Obrigatória..............................................................................64
Saiba mais..............................................................................................66
Revisando................................................................................................68
Autoavaliação.......................................................................................74
Bibliografia.............................................................................................78
Bibliografia Web.................................................................................. 81
Palavra do Professor-autor

A História Antiga percorre o período desde a escrita de


4.000 a.C. a 3.500 a.C. até a queda do Império Romano 476
d.C. e início da Idade Média. Estudar História Antiga ajudará o
estudante a entender melhor o aspecto da nossa cultura atual.

O objetivo desta disciplina é proporcionar ao estudante o


instrumento conceitual básico necessário para a compreen-
são dos problemas referentes à História Antiga; discernir os
elementos constitutivos das diversas estruturas da origem do
homem como do surgimento das civilizações da Antiguidade
Ocidental e suas interações espaciais e temporais numa pers-
pectiva de longa duração; avaliar o sentido das transformações
nas civilizações antigas analisando as permanências e mudan-
ças na complexidade do mundo ocidental antigo; entender a
Gênese econômica, política e cultural da antiguidade clássica.
Grécia: estruturas políticas e sociais, Roma: estruturas políticas
e sociais, as lutas sociais e civis, o Império. Possibilitar a elabo-
ração de síntese e comparação da estrutura social, econômica
e política que caracterizam as diversas civilizações.

É importante salientar que o conteúdo desta disciplina terá


como fundamentação pedagógica, a pedagogia critica, que
considera o estudante como sujeito da aprendizagem. Visan-
do a educação ao desenvolvimento da autoconsciência dos
educandos. Para tanto, almeja-se um distanciamento crítico e a
produção quotidiana de conhecimento. Analisando os textos e
documentos sobre o período com revisão historiográfica. Per-
mitindo aos estudantes uma visão crítica da sociedade através
de produções historiográficas com diferentes posturas teóri-
co-metodológicas. Fornecendo aos estudantes instrumentos
adequados à análise e compreensão do estudo da História,
que lhes possibilitem o exercício da pesquisa e magistério.

Bons estudos!

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Biografia dos autores

Carlos Rafael Vieira Caxile


Doutor em História Social pela Pontifícia Universida-
de Católica de São Paulo-PUC-SP. Mestre em História
Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Pau-
lo-PUC-SP.Graduado em Licenciatura Plena em História
pela Universidade Federal do Ceará- UFC.Pesquisador
do Núcleo de História e Memória da Educação (NHIME)
da Faculdade de Educação (FACED-UFC). Colaborador
da Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA (profes-
sor horista); Faculdade da Aldeia de Carapicuiba-FALC
(professor horista); Faculdade Vale do Jaguaribe-FVJ e
Universidade Federal do Ceará (UFC).

Waldech César Rocha Júnior


Graduação em História pela Universidade Estadual
Vale do Acaraú (2007). Atua no Ensino Médio e Pré-
-Vestibular. Professor do SESC SOBRAL. Ministra aulas
para o Instituto de Estudos e Pesquisas Vale do Acaraú/
IVA.

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AMBIENTAÇÃO
Este ícone indica que você deverá ler o texto para ter
uma visão panorâmica sobre o conteúdo da disciplina.
A Historiografia divide a História da humanidade em períodos, como Pré-Histó-
ria, História Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea. No período da Pré-his-
tória entende-se como o período desde o surgimento do homem, o surgimento da
escrita, a utilização da pedra como instrumento de trabalho, a utilização da lingua-
gem oral, a criação de animais, a manipulação com o fogo e a prática da agricultura.
A Antiguidade começa com a escrita e termina com a queda do Império Romano,
o desenvolvimento da agricultura e da pecuária, o crescimento das artes e o surgi-
mento das ciências.

O estudo da História Antiga, além de trazer conhecimento dará a oportunidade


para você enquanto estudante a realizar à produção autônoma de conhecimento.
Visa-se à compreensão das estruturas econômicas, sociais, políticas e ideológicas
da antiguidade e à crítica dos discursos sobre a antiguidade na sociedade contem-
porânea.

Prezado estudante solicitamos a leitura do livro: História Antiga: contribuições


Brasileiras. Este livro oferece um painel da produção na-
cional sobre a chamada História Antiga. Embora relativa-
mente recente no panorama historiográfico brasileiro, o
estudo da Antiguidade fincou sólidas raízes em nosso meio
acadêmico, produzindo pesquisas originais e inovadoras
que, não apenas se mostram em sintonia com a vasta pro-
dução internacional, mas conferem à produção em solo
brasileiro em caráter específico e único.

FUNARI, Pedro Paulo A., Org.; GLAYDSON José da, Org.; MARTINS, Adilton Luís,
Org. História Antiga: contribuições brasileiras. São Paulo: Annablume FAPESP, 2008.

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TROCANDO IDEIAS
COM OS AUTORES
A intenção é que seja feita a leitura de obras indicadas
pelo professor-autor numa perspectiva de dialogar com
os autores de relevo nacional e/ou mundial.
Agora é o momento de você estudante trocar ideias com
os autores mencionados abaixo

Sugerimos que você faça a leitura da coleção Repensan-


do a História, com o título “As Primeiras Civilizações”, que
tem por objetivo desenvolver a visão crítica por meio da
discussão, análise e reformulação constante dos temas his-
tóricos. Pretende estimular a participação de todos no pro-
cesso de elaboração do saber histórico, apresentando um
tratamento desmistificador de visões consagradas e abor-
dando questões que fazem parte do dia-a-dia das pessoas
‘comuns’ sistematicamente postas à margem da história.

PINSKY, JAIME. As primeiras civilizações.


22. ed. São Paulo: Contexto, 2005. 125 p.

Propomos a leitura da obra “A origem das Espécies”,


na qual aborda que as ideias gerais da Teoria da Evolução
das Espécies sofreram, aos poucos, alterações e aperfei-
çoamentos. Todavia, as teses do evolucionismo subsis-
tem até hoje, e o nome da Darwin ficou ligado a uma das
mais notáveis concepções do espírito humano. Na base
da teoria evolucionista de DARWIN está a luta pela vida.
Somente os mais fortes e os mais aptos conseguem so-
breviver e a própria natureza se incumbe de proceder a
essa seleção natural.

DARWIN, CHARLES ROBERT. Coleção a obra-prima de cada autor:


texto integral: A origem das espécies. São Paulo: Martin Claret. 570 p.

Estudo Guiado:
Após a leitura das obras, escolha uma e faça a resenha.
PROBLEMATIZANDO
É apresentada uma situação problema onde será feito
um texto expondo uma solução para o problema
abordado, articulando a teoria e a prática profissional.
“Ao longo de todo o período Paleolítico, o homem desenvolveu uma série de ha-
bilidades físicas e técnicas que lhe permitiram aprimorar a sua vida na terra. Contu-
do, o aspecto rústico destes instrumentos lhe permitia realizar um campo bastante
limitado de intervenções na natureza. Em geral, o indivíduo desse período histórico
assegurava sua sobrevivência coletando alimentos oferecidos pela natureza ou rea-
lizando outras atividades, como a pesca e a caça.”

Com alterações climáticas os ancestrais paleolíticos deslocaram de lugar a procu-


ra de um lugar com melhores condições de vida. Com o passar dos anos os grupos
humanos adquiriram saberes devido a sua habilidade de raciocínio. Sabia distinguir
os tipos de alimentos, construir suas próprias ferramentas e embarcações.

Suponhamos que você está ministrando uma aula sobre o referido assunto, e
seus alunos lhes questionem como você responderia?

Estudo Guiado:
Que habilidades foram essas? O que melhorou na vida dos seres
humanos com a adoção dessas habilidades? Qual a relação entre
alterações climáticas e mudanças de comportamentos? Qual a relação
entre mudança de comportamentos e desenvolvimento intelectual?

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PRÉ-HISTÓRIA
Conhecimentos
Compreender a origem dos seres humanos.

Habilidades
Reconhecer as experiências dos ancestrais humanos e seu desenvolvimento no
decorrer do tempo.

Atitudes
Posicionar-se criticamente diante das teorias sobre a origem da humanidade.
Histórico da Pré-História
Há cerca de três milhões de anos, num acampamento no Quênia, perto
da costa leste do lago Turkana, chamado anteriormente lago Rudolf, um ser
humano primitivo pegou um seixo, e com alguns golpes transformou-o num
instrumento. O antes era um acidente da natureza transformou-se numa peça Seixo:
Pedra tosca
tecnológica a ser usada na modelagem de um galho para desenterrar raízes de pequenas
ou para retalhar a carde de um animal morto. Abandonado logo em seguida dimensões, utilizada
no empedramento
pelo seu criador, o implemento de pedra ainda existe, um elo inquebrantável de certas obras;
com os nossos ancestrais; junto com muitos outros, esse implemento está pre- calhau.

servado no museu nacional do Quênia, em Nairóbi. É palpitante pensar que as Carde:


mãos que hoje podem segurar essa ferramenta e as mentes que podem con- desenrede;
destrince; penteie.
templá-la, partilhem da mesma herança genética das mãos que a moldaram e
da mente que a concebeu.

Na nossa busca das origens da humanidade não se pode escapar a um per- Antropoides:
Diz-se dos macacos
sistente estado de excitação que afeta a todos, profissionais ou não, porque que mais se
parece existir uma curiosidade universal sobre o nosso passado, ou seja, sobre assemelham ao
homem.
como um ser pensante, sensível e cultural, emergiu de um tronco primitivo que
quase macacos antropoides.

Você já parou para pensar, quais foram as circunstâncias evolucionárias


que moldaram esse antigo antropoide numa criatura alta, ereta e altamente
inteligente, que através da tecnologia e determinação veio a dominar o
mundo?

Esta é a pergunta que fazemos a nosso respeito. Não se trata de pura e sim-
ples curiosidade porque, sem dúvida, a chave para o nosso futuro reside num
verdadeiro entendimento sobre o tipo de animal que somos.

Desde que os primeiros sinais de consciência lampejaram nas mentes de


nossos longínquos antepassados, os seres humanos tem ponderado sobre a
sua relação com o mundo. Dessa forma, podemos pensar que os primeiros
seres humanos, a mais ou menos três milhões de anos atrás, tenham tido cons-
ciência de si mesmos como parte integrantes de seu ambiente de vida de fato,
eram caçadores e colhedores que sobreviviam somente se respeitassem o am-
biente no qual viviam. Mesmo assim, eles já poderiam ter iniciado a prática de
procurar assegurar um tratamento mais favorável a si mesmos.

INTA História Antiga 19


Mas, com o passar dos tempos, emergiram final-
mente os humanos modernos – Homo Sapiens –
criaturas que, a um observador leigo, devem parecer
muito perversas. Diferentemente de qualquer ou-
tro animal, guerreamos contras nós mesmos. Cons-
cientes das consequências, devastamos o nosso
planeta, e parecemos acreditar que essa destruição
poderá ser pra sempre. E achamos melhor ignorar
as profundas marcas da injustiça conscientemente
imposta, tanto entre as nações, como também,
dentro delas mesmas. De certo modo, são os seres humanos que agora dominam
o planeta: nossa grande inteligência criativa nos dá o potencial para fazermos qual-
quer coisa que almejamos.

Talvez a espécie humana apenas seja um grande erro biológico, tendo evoluído
além do que permitia o seu desenvolvimento em harmonia consigo mesma e com o
mundo que a cerca. Essa é uma possibilidade. Cientistas, escritores e outros tem ten-
tado explicar por que a humanidade busca o autoaniquilamento. A ideia proposta
é a de que o homem é potencialmente agressivo.

O cerne do argumento a favor dessa agressividade consiste na afirmação de que,


partilhando uma herança comum com o reino animal, por força temos e demons-
tramos um extinto agressivo. E a noção é elaborada com a sugestão de que, em
determinado momento de nossa história evolutiva, deixamos de ser seres vegetais,
parecidos com certos antropoides, e nos tornamos matadores, com paladar para
saborear não apenas caças, mas também nossos semelhantes.

Sem dúvida, fazemos parte do reino animal. E é verdade que em certo ponto
de nossa evolução nos distanciamos dos hábitos alimentares comuns aos grandes
primatas e passamos a incluir uma porção considerável de carne no nosso cardápio.
Mas, uma séria interpretação biológica desses fatos não leva à conclusão de que
matar esteja em nossos genes, apesar de toda a raça humana ter aderido à caça
como parte de seu modo de vida. Sustentamos que os humanos não poderiam ter
evoluído de modo extraordinário como o fizeram, se nossos ancestrais tivessem
sido criaturas fortemente cooperativas.

A chave para a transformação de uma criatura social, semelhante ao antropoide,


num animal cultural que vive numa sociedade estruturada e organizada é o compar-
tilhar, o compartilhar de trabalhos e alimentos. O alimentar-se de carne foi impor-
tante no sentido de impelir nossos ancestrais para o caminho da humanidade, mas

20 História Antiga INTA


somente como parte de um todo de mudanças socialmente orientadas que
envolviam a coleta de plantas alimentícias e a partilha de presas.

O que você acha a história humana recente é caracteriza pelo conflito e


não pela convivência?

A resposta a essa pergunta talvez seja a mudança do modo de vida de caça e


coleta para o cultivo da terra, mudança que começou há 10 mil anos atrás, e que
envolveu uma alteração dramática no relacionamento que os indivíduos tinham,
tanto com o mundo ao seu redor, como entre eles mesmos.

O caçador colhedor faz parte da ordem natural; agora um lavrador, necessa-


riamente, quebra essa ordem. Mas, o mais importante é que as comunidades
sedentárias de cultivo tem a possibilidade de acumular bens, e fazendo assim,
precisam protegê-los. Aí pode estar à razão do conflito humano, razão essa po-
tencializada no mundo materialista em que vivemos hoje.

Se pensarmos honestamente jamais conseguiremos saber o que de fato


aconteceu com os nossos ancestrais na sua jornada em direção a humanidade
moderna: as evidencias são bem dispersas. Por exemplo: apenas uma pequena
proporção dos locais de acampamento, ocupados a dois milhões de anos, foi Os fósseis
preservada por condições ambientais favoráveis. Daqueles que de fato sobre- são registros
arqueológicos
viveram, somente, uma pequenina fração será algum dia descoberto, perma- deixados no solo
necendo o restante como registro enterrado e mudo do passado. E tudo o que ou no subsolo, são
restos de animais
podemos esperar encontrar nesses sítios de ocupação que são descobertos, e plantas que se
são alguns poucos implementos de pedra e alguns fragmentos de ossos fos- conservaram de
maneira natural ao
silizados; um pequeno testemunho daquilo que foi cenário de uma complexa longo de milhões ou
atividade social e cultural. até bilhões de anos.

Apesar das limitadas informações sobre as primeiras culturas humanas, es- http://www.
brasilescola.com/
tamos agora testemunhando uma grande evolução no estudo da pré-história. geografia/os-fosseis.

O que fora antes uma busca mais ou menos isolada, feita por caçadores de htm

fósseis e de ferramentas de pedra, é agora o foco de um movimento integrado


por cientistas de muitas disciplinas.

Hoje em dia, qualquer encontro científico sobre nossas origens pode-


rá contar com a participação de arqueólogos (que pesquisam instrumentos
de pedra), paleoantropologos (que procuram os primeiros fósseis humanos),
geólogos (que estudam o ambiente de antigos locais de vida), tafonomistas

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(que investigam o modo de enterramento dos ossos e sua subsequente fos-
silização), antropólogos ( que se dedicam ao conhecimento do modo de vida
das sociedades “simples” contemporâneas), etólogos ( que estudam o com-
portamento dos primatas) e psicólogos (que podem estar interessados no de-
senvolvimento do cérebro humano). Isso parece ser uma colcha de retalhos;
entretanto, ao se tecer um conjunto de fios desses conhecimentos, é possível
criar-se um quadro completo sobre as origens humanas.
Ramapithecus:
No entanto, cada disciplina, não apenas contribui com fatos que podem ser
Macaco ido cuja única
evidência que temos incorporados ao nosso entendimento da evolução humana, mas, também, por
da sua existência são
conta das diferentes formas de interagir e das múltiplas abordagens, possibili-
dentes e fragmentos de
mandíbula encontrados ta novas perguntas, que antes eram inconcebíveis.
na Índia em 1932, é
creditado com uma Nossa visão da evolução humana tem sido transformada nos últimos anos.
idade de 14 milhões
de anos. Na primeira, Agora está claro que a linha ancestral que levou os seres humanos modernos
foi considerado um estende-se, talvez, até 5 a 6 milhões de anos atrás. Também está claro que por
antepassado do
homem, mas agora foi uma grande parte desse tempo nossos ancestrais compartilharam seu am-
descartada essa teoria. biente com dois tipos de criaturas com as quais foram muito aparentados,
http://es.wikipedia.org/ mas que por fim se extinguiram. Esses primos evolucionários são chamados
wiki/Ramapithecus australopitecineos; um deles era de construção frágil, enquanto que o outro
http://www.diclib.com/ era bem mais robusto.
ramapithecus/show/es/
es_wiki_10/19647#ixzz As duas formas de australopitecineos e o homo ancestral partilham de pelo
3cfUpIByC
menos duas coisas: primeira, descendiam de um ancestral comum, uma peque-
na criatura semelhante a um antropoide, chamada Ramapithecus, que surgiu
pela primeira vez há pelo menos 12 milhões de anos e que viveu na Europa, Ásia
e África e andavam em posição ereta.

Atualmente, não se tem certeza de quais as pressões evolucionárias que per-


mitiram ao Ramapithecus diferenciar-se nos seus descendentes australopiteci-
neos e Homo, um processo que, a propósito, parece ter acontecido apenas na
HOMÍNIDAS:
Família (Hominidae) África e nem um dos outros continentes nos quais ele viveu. Mas devido à nova
de mamíferos da
abordagem no estudo do passado da espécie humana e do grande volume de
ordem dos Primatas,
a que pertence o descobertas fósseis, pode-se começar a fazer suposições sobre as sutis diferen-
gênero humano.
ças de comportamento que separavam esses três primos evolucionários, conhe-
cidos em conjunto como homínidas.

Inicialmente, seus modos de viver não eram tão diferentes; mas, aos poucos, a
crescente complexidade social da linhagem Homo teria conduzido a um divisor
evolucionário cada vez maior entre o Homo e os australopitecíneos. A adoção de

22 História Antiga INTA


uma alimentação carnívora, combinada a coleta de plantas alimentícias, foi parte
importantíssima no aperfeiçoamento da organização social e na forma de vida
que dominou a existência humana até uns 10 mil anos atrás, quando os indiví-
duos começaram a explorar a potencialidade do cultivo da terra.

Desde então, a história é bem conhecida: a Revolução Agrícola foi seguida


pela Revolução Industrial (último século); e isso levou a revolução tecnológica
dos dias de hoje. E com essas dramáticas mudanças no estilo de vida dos seres
humanos vieram uma explosão populacional de uns 10 milhões de pessoas, ás
vésperas da Revolução Agrícola, o mundo apresenta hoje uma população muito
grande, mais de sete bilhões de pessoas, dois terços das quais estão morrendo
de fome.

Se a distribuição geográfica é um sinal de sucesso, o homem, então, é bem


sucedido: do nosso berço evolucionário, na África agora ocupamos literalmente
todos os cantos do mundo. Onde quer que a vida seja possível, lá está o homem.
Graças a uma inusitada adaptabilidade, que foi elementar na nossa evolução,
nenhuma outra espécie habita tão grande variedade de ambientes.

Foi a 70 milhões de anos, que evoluíram os primeiros primatas, pequenas


criaturas semelhantes ao rato, que abandonaram a vida no chão e foram viver
nas copas das árvores: foi a partir desse início simples que evoluíram os maca-
cos, os antropoides e os humanos – nos partilhamos de uma herança primata
com os macacos e os antropoides, e também com criaturas menores, tais como
o lêmure-camundongo e o diminuto poto.
Os lêmures são
mamíferos conhecidos
Descobertas recentes na África demonstram que os hominídeos há dois mi-
por seus grandes
lhões e meio de anos que viriam a evoluir nos modernos humanos, partilhavam olhos e por ter o
corpo parecido com
o seu mundo com primos próximos, os hominídeos que, por alguma razão ou
o dos macacos.
outra, estavam destinados ao esquecimento evolucionário. Pertencem ao grupo
de animais chamados
Em determinado momento histórico, a opinião comum sustentava que os primatas, com os
lóris, os társios e os
vários pré-humanos primitivos ajustavam-se todos a um simplório esquema de macacos. Existem
constante progressão direta de um tronco semelhante ao dos antropoides até cerca de dezoito
espécies, ou tipos, de
os humanos da atualidade. Essa concepção vingou porque se baseava, ainda animais da família dos
que de modo inconsciente, do pondo de vista, de que a emergência final do lêmures.

Homo sapiens estava de certa forma, predeterminada. Todos os “quase homens”, http://escola.
“pré-humanos”, “macaco-homens”, ou como quer que fossem chamados, re- britannica.com.br/
article/481722/lemure
presentavam, apenas, passos de uma caminhada, onde ao final o produto seria
perfeito.

INTA História Antiga 23


A história da evolução humana, de uns 2 a 3 milhões de anos atrás, envolveu
HOMINÍDEO quatro personagens principais. O primeiro, mas não necessariamente o primeiro
Mais conhecidos
como a classe de em importância no tempo, foi o hominídeo cuja característica principal era a de
orangotangos,
que seus descendentes eram os humanos modernos. Embora não se possa ter
chimpanzés e
gorilas que mais certeza, porque não há esqueletos completos, esse antigo precursor dos huma-
se assemelha ao
comportamento
nos tinha em torno de 1,50 m de altura. Além disso, mantinha-se ereto como os
dos humanos, humanos da atualidade. O tamanho de seu cérebro era cerca de dois terços do
estima-se que os
hominídeos surgiram cérebro humano médio atual. O segundo hominídeo, não muito diferente, não
cerca de 4 milhões
era tão alto, e possuía um cérebro menor. O terceiro era um indivíduo mais cor-
de anos atrás, que
já trazia consigo pulento, mais ou menos com 1,50 m de altura, mas com o cérebro bem menor
como principal
característica a
do que o nosso ancestral direto. Por último, tem-se a menor criatura de todas
bipedia (a maneira elas, e uma das mais obscuras em termos de registro fóssil.
como nós humanos
andamos, apoiados
em duas pernas).
Esses personagens da história têm nomes,
quais são? Pode-se começar com os dois do
http://www.o-que-e.
com/o-que-e- meio. Devido a importantes semelhanças entre
hominideos/
eles, ambos estão agrupados no mesmo gênero,
Australopithecus, mas ao individuo mais esbelto
e dado o nome cientifico de africanus, enquanto
que para a criatura robusta adota-se o nome es-
pecífico de boisei. Esses rótulos são, na pior das
hipóteses, convenientes, sem serem enganosos.

O primeiro personagem constitui-se num problema. Embora não seja, do


ponto de vista anatômico, muito diferente dos seus primos hominídeos, há for-
tes razões para se acreditar que entre eles tenha existido significativa distância
de comportamentos. E foi a sofisticação comportamental que em grande parte
impeliu esses ancestrais humanos em direção ao longo caminho para a huma-
nidade. Em temos evolucionários, a velocidade com que essa caminhada foi
realizada causou espanto: marcos biológicos eram alcançados e ultrapassados
com grande rapidez. A criatura estava num estado tão dinâmico evolutivamen-
te, que é mais trabalhoso do que útil, identificar qualquer estágio particular
por meio de nomes específicos definidos. A questão principal é que essa cria-
tura estava a caminho dos humanos atuais, Homo Sapiens sapiens.

O último da lista é um elo com o passado, o mais antigo de todos os ances-


trais – Ramapithecus. Explorando as margens das florestas, há cerca de nove ou

24 História Antiga INTA


doze milhões de anos. Configura-se então a partir daí, uma grande lacuna fóssil, que
vai até mais ou menos quatro milhões de anos atrás; e é somente no estádio dos úl-
timos dois a três milhões de anos que aparecem fósseis hominídeos suficientes para
que se possa começar a pensar com sensatez sobre o assunto. Essa fissura é frus-
tradora porque, enquanto de um lado há somente uma criatura, Ramapithecus, do
outro, encontra-se uma coleção considerável de hominídeos: o Australopithecus afri-
canus, o Australophitecus boisei, o primitivo Homo e a forma tardia do Ramapithecus.
Se saltasse adiante no tempo, até chegar a três quarto de um milhão de anos atrás,
ir-se-ia descobrir que a coleção foi reduzida, novamente, a um único representante,
uma criatura chamada Homo erectus. A história dessa diversidade inicial, seguida de
uma eliminação drástica, é a historia da evolução humana.

Sabe-se que o Ramapithecus não era, de modo algum, uma criatura que vivia
dentro de estreitos limites geográficos: ele vivia onde hoje é a Europa a Ásia e África.
Sabe-se, também, que o Homo erectus ocupava essas mesmas áreas geográficas.
Mas os elementos principais da história, a diversificação e a eliminação, no perío-
do durante o qual diferentes tipos de hominídeos viveram lado a lado, parecem ter
existido apenas na África. Pode ser que restos fossilizados de australopitecíneos per-
manecem enterrados nas colinas da Europa e da Ásia.

Por que foi que o tronco ancestral básico, Ramapithecus diversificou-se para
gerar os membros da família hominídea? E por que somente no Continente
Africano? Por que a linha Homo foi tão bem sucedida? E por que forças provo-
caram a extinção das duas espécies de Australopithecus?

Essas interrogações ainda estão sem resposta. A preocupação de saber o que se


passou é muito grande, é uma irresistível curiosidade sobre nossas origens.

O que era, na verdade, ser quase humano, fazer artefatos de pedra e madeira,
viver em grupos sociais organizados e partilhar do mundo com seres que também
eram mais humanos do que antropoides, mas que levavam a vida de modo diferen-
te? Provavelmente jamais o saberemos. Podemos até fazer suposições e a ampla
abordagem de pesquisas, incluindo o estudo do antigo e do moderno, está come-
çando a dar alguma materialidade a essas suposições. Mas mesmo que essas supo-
sições fossem absolutamente certas, não há como ter de fato certeza.

INTA História Antiga 25


A tarefa dos estudiosos não se diferencia muito da tentativa de juntar as
peças de um quebra-cabeça tridimensional, com muitas peças perdidas, e com
aquelas poucas que se tem a mão deteriorada. O quebra-cabeça é multimen-
sional, porque, contra um fundo da evolução física dos ancestrais humanos,
também tenta construir uma panorâmica de seus comportamentos e de sua
vida social.

O cerne do problema, então, é o registro de fósseis: os fragmentos de ossos


Espécime é qualquer que sobreviveram às muitas atividades destruidoras do ambiente, e que se
exemplar ou amostra preservaram, permitindo dessa forma sua descoberta por uma equipe de pes-
de material ou ser
vivo. Em geologia, quisadores. Da mesma forma que encontrar uma peça-chave, num quebra ca-
uma pedra pode ser
um espécime, uma
beças pode contribuir a encaixar em seus devidos lugares muitas outras peças
amostra de rocha que estavam difíceis de encaixar, assim a feliz descoberta de um extraordinário
metamórfica. No
sentido biológico, fóssil, no sítio de Turkana Leste, em fins de 1972, demonstrou ser um elemen-
um espécime se
to importantíssimo na composição de um novo quadro da evolução da hu-
refere ao um único
animal, planta ou manidade. De muitas maneiras esse
micro-organismo
usado como crânio fóssil, denominado de 1470,
representativo da que é seu número índice nos Museus
espécie que pertence
para o estudo das Nacionais do Quênia, confirmou cer-
propriedades de uma
população.
tas ideias iniciais sobre a trajetória
da evolução, ideias que pareciam
razoáveis em termos de um cenário
biologicamente sólido da pré-histó-
ria humana, mas que precisavam das
Homo habilis:
A designação de “hábil”
evidências importantes de um espé-
provém do facto de cime até certo ponto completo.
terem sido encontradas
ferramentas primitivas
em conjunto com
Em termos de descoberta fóssil, o 1470 tem um predecessor, um indivíduo
os vestígios fósseis
comprovativos da sua que foi encontrado no início de 1961, na chamada Garganta Olduvai, na Tanza-
existência. O habilis
terá vivido entre 2,4 e
nia. Essa descoberta foi importante porque, mesmo o crânio não estando com-
1,5 milhões de anos. pleto, estava evidente, que se tratava de um hominídeo bastante avançado,
Assemelha-se em
muitos aspetos aos que viveu a cerca de um milhão e três quartos de anos: foi chamado de Homo
Australopithecus.
habilis. Constituiu essa a primeira evidência de que os primeiros membros
http://www.infopedia. da linhagem humana foram contemporâneos dos australopitecíneos, e, não
pt/$homo-habilis
seus descendentes, como se acreditava. Embora empolgante, a descoberta do
Homo habilis permaneceu incompleta. Para que a teoria da evolução humana

26 História Antiga INTA


recém-desenvolvida fosse convincente, era necessário que se descobrisse uma
espécime mais completa. Isso se deu com a descoberta do 1470.

Como o Homo habilis do Olduvai, o 1470 tem um crânio grande, e também


pode, sem equivoco, ser colocado na trajetória evolutiva dos seres huma-
nos atuais. Na verdade, existem muitas razões para classificá-lo como Homo
Habilis: os crânios do Olduvai e do Turkana são remanescentes da mesma
espécie. Mas o principal detalhe sobre o 1470, é que ele viveu há pelo menos
dois milhões de anos e, talvez, quase três. E possuía um cérebro maior que o
do Homo habilis original, do Olduvai.

Esse volumoso crânio confirmou duas coisas. Primeira: que a linha ancestral
humana, Homo, originou-se bem antes do que grande parte das pessoas sus-
peitava, talvez até mesmo um milhão de anos antes. Segunda: uma vez que
a história do Homo estende-se tanto, retroativamente, quer dizer que esses
indivíduos eram contemporâneos de alguns dos primeiros australopitecineos.
Isso impossibilita pensar que nossos ancestrais diretos sejam descendentes
evolucionários dos australopitecineos – primos, mas não descendentes. Os
pesquisadores acreditavam que, embora o robusto Australopithecus pudesse
ter sido uma ramificação da via principal da evolução humana, seu primo
mais frágil, o Australopithecus africanus estava caminhando ao longo da rota
principal para, enfim, dar origem à linha Homo.

A partir dessa peça crucial de evidência, a recém-surgida teoria das origens


do homem ganhou força. Era possível agora predizer que algum dia pesqui-
sadores desenterrariam espécimes primitivos de indivíduos do gênero Homo,
talvez com idade de quatro ou cinco milhões de anos. A teoria afirma que
há cerca de cinco a seis milhões de anos, o tronco ancestral, Ramapithecus,
Especiação:
diversificou-se de súbito em várias linhagens diferentes, talvez, porque alte- Processo de
formação de novas
rações do clima ou outras mudanças ambientais formaram novas espécies espécies biológicas.
biológicas e diversificaram nesse mesmo período, reforçando a ideia de uma Mecanismo evolutivo
que leva à formação
transformação ambiental geral. Se isso procede, significa que quanto mais se de espécies.

aproxima do tempo da especiação, torna-se cada vez mais difícil distinguir


os restos fósseis de um tipo de hominídeo do outro: todos tenderão a se pa-
recer mais e mais com o ancestral hominídeo, a partir do qual eles evoluíram,
e, assim, por consequência, serão cada vez mais parecidos uns com outros.

INTA História Antiga 27


Com a grande quantidade de achados fósseis da África Oriental, desde a
descoberta do 1470, no ano de 1972, foi corroborada essa previsão – de fato
incluem exemplos de Homo primitivos, com idade aproximada de quatro mi-
lhões de anos! Há alguns anos atrás, ninguém em seu juízo perfeito teria acre-
ditado ser isso possível. Mas é possível, e a prova está aí, para todos verem – e
se emocionarem, pois é inspirador perceber que nossos ancestrais diretos ha-
bitavam na terra há tanto tempo. Também, alguns fósseis de grande impor-
tância foram descobertos e desenterrados ao leste do Turkana; essas desco-
bertas ofereceram os mais completos e os mais
antigos exemplos do Homo Erectus os ances-
trais mais imediatos da humanidade que, por al-
Homo Erectus:
Homem ereto. guma razão a respeito da qual apenas é possível
fazer suposições, atravessaram a estreita faixa de
terra que une a África à Ásia, dando início a pre-
sente dominação do mundo pela humanidade.

28 História Antiga INTA


INTA História Antiga 29
ANTIGAS
2
CIVILIZAÇÕES
Conhecimentos
Conhecer as antigas civilizações na sua diversidade, social, política e econômica.

Habilidades
Reconhecer as esferas: político, econômico, social e cultural das civilizações meso-
potâmica, egípcia e hebraica.

Atitudes
Posicionar-se criticamente diante das antigas civilizações na sua diversidade.
Mesopotâmia

Três mil anos a.C. testemunha um considerável número de unidades urbanas


desenvolvendo-se em torno do Tigre e do Eufrates. Historiadores como Paul
Garelli elencaram para o período que vai de 2700 a 2100 a.C., uma grande lista
de reis em lugares como Lagash, Umma, Kish, Ur, Uruk, Akad, Gatium e Elan.

Em Uruk foi encontrado vestígios de um templo que tinha mais de dois


mil metros quadrados. Perto dele foi erguido um monte artificial (zigurate)
Zigurate: com 11 metros de altura, edificado com tijolos e enfeitados com pedaços de
Torre gigantesca,
de várias
cerâmica. Utilizando uma escada chega-se ao pequeno templo, no alto; as
plataformas paredes são construídas com tijolos brancos e madeira importada, os altares
superpostas, dos
templos caldeus
localizados nas extremidades e outros detalhes mostram o requinte e a técnica
e babilônicos, da construção.
semelhante à de
Babel, a que se
refere a Bíblia,
e cuja invenção
é atribuída aos
sumerianos.

http://www.lmc.
ep.usp.br/people/
hlinde/Estruturas/
ur.htm

Fonte: http://www.lmc.ep.usp.br/people/hlinde/Estruturas/ur.htm

Os próprios dirigentes dos templos se organizavam em sua força de traba-


lho, que às vezes atuavam como arquitetos, engenheiros, mestres-de-obras
em nome dos deuses que representavam na terra.

Possivelmente, a “casa divina” foi o primeiro lugar onde se desenvolveu uma


especialização de atividades, ao contrário da tarefa realizada coletivamente
pelos habitantes das aldeias neolíticas. Ao especializar-se o artesão, pedrei-
ro, pintor, tecelão ganha em habilidade e, portanto, em produtividade, porém

32 História Antiga INTA


passa a depender daqueles que organizam a atividade produtiva, já que ele não
realizará sozinho todas as atividades necessárias a sua alimentação e produção de
vestiário e moradia. É uma passagem importantíssima, pois ressalta a transição de
uma economia de autossuficiência individual ou em grupo para uma estrutura que
contempla trabalhadores braçais de um lado e organizadores da força de trabalho
de outro.

Perdendo parte de sua liberdade – ao tornar-se dependente -, o trabalhador a


cede ao sacerdote do templo que, aos poucos, vai se fortalecendo e explorando
aqueles que, na maioria das vezes, passam a serem seus trabalhadores e não mais
do templo ou do deus.

Devido a essa nova situação, era comum os sacerdotes dispuserem das terras la-
vradas pelos seus trabalhadores, confiscarem animais e utensílios, além de remune-
rarem os trabalhos deles no limite da sobrevivência. Também na Suméria os templos
e zigurates foram construídos á custa do trabalho de boa parte da população.

A divisão social do trabalho

A exploração da mão de obra de uma parcela da sociedade por outra cria, pela
primeira vez na humanidade, divergências determinadas pela função econômica
exercida pelo indivíduo no grupo.

É importante ressaltar que não está se falando de antagonismos pessoais, mas


de oposições socialmente determinadas, impessoais, portanto o sacerdote não ex-
plorava o artesão pelo simples fato de ser um mau elemento, mas de possuir um
mau caráter. Na verdade, ele desempenhava o papel de organizador do processo de
trabalho, em nome de cuja racionalidade agia.

Porém havia uma contradição: os sacerdotes representavam um deus determina-


do, um templo determinado; não uma região, uma cidade. Os trabalhos públicos,
os grandes empreendimentos não religiosos – como, por exemplo, a construção de
canais-eram atividades que afetavam áreas ligadas a vários templos. Por isso, surgi-
ram os dirigentes não vinculados aos templos, àqueles que posteriormente iriam se
tornar os reis.

Juntamente com os monarcas, os sumérios também tinham um chefe para ba-


talhas, que eram atividades bastante úteis para o setor comercial quanto para a
obtenção de novas terras.

INTA História Antiga 33


O rei passa a atuar junto com
a religião. Dá dinheiro para a
construção e decoração de tem-
plos, fornece matérias primas e
ás vezes também mão de obra.
Em troca, busca a legitimação de
seu poder, que, advindo dos ho-
mens, vai ganhando caráter divi-
no.

Por se apresentar e ser reconhecido como representante dos deuses, ao monarca


cabia grande parte das terras das tribos sobre as quais tinha influência, além de tri-
butos que eram o modo alternativo dos presentes oferecidos aos chefes tribais. Em
casos de guerra, lhes eram destinados parte dos impostos dos saques efetuados,
ocasionando uma grande concentração de riqueza.

Nesse período ainda não há unificação política: as cidades têm organizações de


poder independentes, embora sejam interdependentes na esfera econômica. Dife-
rentemente do Egito, onde uma cultura unificada corresponde a uma única chefia,
na Mesopotâmia isso não ocorrerá tão cedo: pelo contrário, assistiu-se a um desfilar
de reinos e reis que lutaram entre si, não pela hegemonia, mas por um espaço polí-
tico-econômico próprio.

A cultura, porém, estava em plena ebulição. Administrar uma cidade exigia mais
que disposição e preocupação divina: exigia instrumentos adequados, que se de-
senvolveram de forma extraordinária na Mesopotâmia.

Letras e contas

Numa aldeia neolítica, a transmissão oral e pessoal bastava para a comunicação


de um pequeno grupo. Mas em agrupamentos maiores, em que nem todos se co-
nheciam e em que uma construção poderia durar mais de uma geração, a simples
transmissão oral não era mais satisfatória. Tornava-se necessário encontrar formas
interpessoais e objetivas. Um sinal deixado por alguém não podia se transformar
numa obra aberta, a mercê de diversas interpretações, mas devia se um símbolo
específico que significasse uma mensagem específica. Pois, se tratava não de con-
cepções ou teorias, mas de largura de canais, de altura de paredes, de quantidade
de cereais, de volume de água e assim por diante.

34 História Antiga INTA


Ou seja, a complexidade e a objetividade das relações econômicas que se
estabelece, devido a sua amplitude em termos de espaço e tempo, vão exigir
cálculos precisos e anotações claras, enfim, registros inteligíveis não somente
para quem os fazia como para outros participantes ou coordenadores do pro-
jeto comum.

Escrita cuneiforme
Esse tipo de escrita (cunei-
forme) contudo não se consti- Escrita cuneiforme:
é a designação geral
tui numa exaustiva reprodução dada a certos tipos
do objeto a ser representado; de escritas feitas com
auxílio de glifos em
bastava traçar a figura do que formato de cunha. É
juntamente com os
se queria representar de forma
hieróglifos egípcios
esquemática para se saber a o mais antigo tipo
de escrita, tendo
que se queria referir. sido criado pelos
Sumérios na antiga
Mesopotâmia por
volta de 3.500a. n.E.

Fonte: http://geo5.net/siste-
mas-de-escrita/

Transmissão Cultural

Cada geração tinha de encontrar formas de passar à outra geração o con-


junto de conhecimentos já adquiridos e codificados. O saber ia se tornando
mais complexo, mais especializado, necessitando dessa forma de veículos ade-
quados para sua transmissão.

A obtenção da língua falada, veículo básico de transmissão cultural, poderia


acontecer no espaço da própria família, o que não ocorria com a língua escrita.
O jovem tinha de saber o significado de cada um dos fonogramas utilizados,
centenas deles. Este estudo só poderia ser realizado em locais destinados a
isso e dentro de um único padrão.

INTA História Antiga 35


Os padrões de mensuração também precisaram ser definidos: arrecadar ou pagar
tributos, fixar volumes e medidas ou mesmo comercializar sem estabelecer padrões
era impossível.

Dessa forma, na Suméria estabeleceram-se padrões mais cuidadosos, referencias


mais precisa quando o comércio passa a se desenvolver e os impostos têm de ser
arrecadados. Padrões e referencias objetiva dependiam de transmissão formal de
sistema de ensino.

Também, ensinava-se a dividir o dia em doze horas duplas e o ano baseado no


ciclo da lua. Com o atual calendário hebraico, de vez em quando criava-se um 13º
mês para corrigir as discrepâncias acumuladas.

Ensinavam-se noções de volume, daí se aprendiam as principais operações arit-


méticas. A relação da circunferência de um circulo com o seu diâmetro era esta-
belecida em três, o que na prática servia para calcular o conteúdo de um celeiro
cilíndrico, deduzindo-se eventuais espaços vazios.

Criou-se um padrão de trocas. Intercambiar bens e serviços através do escam-


bo trazia muitos inconvenientes. Instituiu-se, portanto, antes a cevada e depois os
metais (como o cobre) como padrão para pequenas somas, e a prata para grandes
valores. Ainda não era a moeda formal, com peso e valor constante, mas já se mo-
netarizava a economia, produzindo-se para o mercado (para trocar o produto por
prata) e cobrando-se juros por empréstimos feitos. Dessa forma, os comerciantes se
enriquecem e se fortalecem, passando a ter maior influência política, o que provo-
cou mudanças significativas na Suméria.

O Código de Hamurábi

Hamurábi, grande chefe militar do século XVIII a.C., preocupou-se , após efetuar
importantes conquistas militares, de unificar a legislação.

O resultado não podia ser melhor, já que o Código não é somente um modelo de
jurisprudência, mas de língua babilônica. Não é, no entanto, um projeto de transfor-
mações sociais. Muito pelo contrário, legisla a partir da existência de três classes dis-
tintas: os ricos, o povo e os escravos. Os primeiros com mais privilégios e “obrigações”;
os ricos pagavam mais tributos, mas a prática de um delito contra eles seria punido
de forma bastante severa; os escravos que tinham seus direitos restringidos pela lei,
podiam casar-se com uma mulher livre e possuir bens, porém eram marcados como
animais, já que não deixavam de ser propriedade.

36 História Antiga INTA


A mulher possuía considerável independência com relação ao marido, admi-
nistrando o dote que ganhava do pai quando se casasse, podendo, inclusive, as-
sumir cargos públicos e demandar em juízo. O esposo tinha o direito de puni-la
em caso de infidelidade e de tomar uma esposa secundária (concubina), a qual,
porém, não teria os mesmos direitos da primeira. Os filhos homens herdavam os
bens do pai, que deixava sempre um dote para a filha.

As terras e outras propriedades poderiam pertencer ao Estado, ao templo ou


a particulares. Todos tinham de permitir a passagem de dutos de água pelas suas
propriedades, como também, zelar pela manutenção dos canais, mas fora isso
os particulares tinham liberdade formal para dispor de seus bens.

As terras reais eram cultivadas mediante um complexo sistema de posso/


propriedade, que incluía desde rendeiros (que pagavam um aluguel pelos lotes)
e colonos (que pagavam em espécie) até homens de corveia (que não tinham
título regular) e funcionários públicos (que em troca ofereciam seus serviços ao Corveia:
Trabalho gratuito
rei). que os servos
prestavam ao senhor
feudal durante certo
número de dias.

“Há os que encontrem identificação entre o que ocor-


ria na Mesopotâmia e o sistema feudal; trata-se, porém, de
uma identificação fácil, mas leviana, de identificar o que não
é escravista, capitalista ou socialista como feudal. Basta ler
um pouco sobre feudalismo e fazer uma ligeira apreciação
dos documentos babilônicos para ver que se trata de for-
mações sociais muito diferentes” (PINSKY, Jaime, 1994, p.
90)

A importância do comércio pode ser evidenciada pelo papel que tinha o


tamkarum, mistura de mercado, atacadista, usuário e funcionário do governo.
Auxiliava na arrecadação de taxas, fazia compras em nome do rei e emprestava
dinheiro para os agricultores. As taxas muitas vezes eram difíceis de serem pagas,
pois encontra-se em documentos ocasiões em que o rei decretava a abolição
das dívidas dos súditos para tranquilizar a população e possibilitar a continuida-
de das atividades produtivas. Hamurabi, no seu código, intervém energicamente
na economia, estabelecendo regras de trabalho, valores para aluguéis e arrenda-
mento de terras e animais, salários e normas comerciais.

INTA História Antiga 37


Não se trata, contudo, de um Estado consolidado, organizado para durar
muito. Sua estrutura administrativa consistia apenas num poder regional, mes-
mo assim frequentemente questionado pelos vizinhos, ou seja, existia estados
mesopotâmicos e não um Estado mesopotâmico solidamente unificado.

Contudo, em outros aspectos a unificação existia. As línguas semíticas não


variavam muito; a cultura é semelhante, a atividade econômica praticamente
semelhante: agricultores nos campos, artesãos e comerciantes nas cidades.

Egito

O desenvolvimento do Egito tem bases bastante concretas. O rio Nilo ofereceu


condições potenciais, que foram aproveitadas pela força de trabalho dos cam-
poneses egípcios – os felás, organizados por um poder centralizado, no período
Felás: faraônico. Trabalho e organização foram, pois, as principais características da ci-
Camponeses vilização egípcia. O rio ao mesmo tempo em que fertilizava também inundava.
do antigo Egito
que trabalhavam
A cheia era mais violenta nas áreas mais ribeirinhas e em menor escala as mais
presos à terra e distantes. Dessa forma, tornou-se necessário organizar a distribuição de água de
em obras públicas.
forma mais ampla, com o objetivo de se evitar a formação de alagados e pânta-
nos em algumas regiões e terrenos secos. A solução foi a organização do trabalho
de forma coletiva e solidária, intensa e organizada.

É verdade que a civilização egípcia começou a ser construída com o trabalho


organizado a partir de condições geográficas favoráveis. Mas a civilização não é
uma dádiva dessas condições geográficas, do Nilo, uma vez que surge quando o
homem atua, modificando e domando a natureza.

Uma truta que chega a um riacho límpido, de água corrente e fria, dotado de
vegetação que lhe sirva de alimento, recebe uma dádiva da natureza: isso é His-
tória Natural.

“Um grupo humano que se organiza mediante o trabalho para explorar as


condições favoráveis de uma determinada região, alterando-a no processo de
extração de sua substância, é algo muito diferente: é História Social.” (PINSKY,
Jaime, 1994, p. 90)

Ao se observar o mapa do Egito, pode-se notar duas grandes regiões: o delta


e o vale. Este, acompanhando o rio por mais de dois mil quilômetros, constituin-
do-se numa estreita faixa de não mais de dez quilômetros de terras adequadas
ao cultivo. Já o delta, forma-se numa espécie de triangulo com duzentos qui-

38 História Antiga INTA


lômetros de lado, apresentando uma rica vegetação e bastante água. O delta é
uma região rica e muito povoada, localizado próximo ao mar, sendo o vale mais
isolado, depende essencialmente do rio como única forma de comunicação entre
as aldeias distantes.

Os primeiros reis egípcios, faraós, se diziam,


por isso, senhores das duas terras, do delta e Faraó era o título
atribuído aos reis
do vale, diferença essa reconhecida e respeita- (com estatuto de
da por todos. deuses) no Antigo
Egito. O termo de
origem egípcia
Fonte: http://www.carlamaryoliveira.pro.br/ que significava
faraos.html propriamente “casa
elevada”, indicando
inicialmente o
Apesar das diferenças e das divergências palácio real. Este

havia uma grande preocupação com a unidade. Qualquer divisão ocasionava termo, na realidade,
não era muito
menor capacidade de explorar a natureza, de tirar dela os alimentos e ou- utilizado pelos
próprios egípcios.
tras necessidades básicas. Também implicava perder a capacidade de construir No entanto, devido
templos e monumentos. à inclusão deste
título na Bíblia, mais
específicamente no
A grande duração da civilização egípcia fez com que durante muito tempo livro do “Êxodo”,
vivessem à sobra de suas pirâmides. As grandes pirâmides foram construídas, os historiadores
modernos adotaram
efetivamente, no Antigo Império Egípcio; a de Quéops foi construída por volta o vocábulo e
generalizaram-no.
de 2800. Ramsés II, no Novo Império, um dos momentos gloriosos do Egito,
reinou no século XIII, ou seja, 1500 anos após a construção da grande pirâmide
e mais de mil anos antes de Cristo. As pirâmides e outros monumentos mistura-
vam realidade com mito, reproduzindo ideias de imortalidade e lembravam da
força que se baseava na unidade.

INTA História Antiga 39


Cercado de desertos por quase todos os lados, o Egito antigo manteve,
durante toda a sua existência algumas características advindas da diversidade
produzidas ao longo de milênios. Surpreendentemente sua cultura resistiu ao
contato com os assírios, persas, macedônicos e romanos.
Os assírios,
assim como O líder macedônico, Alexandre, quando chegou no Egito aceitou a sagra-
grande parte dos
ção segundo os rituais dos templos egípcios, a cidade que fundou Alexandria,
povos do antigo
Oriente Médio, ficava junto do Egito e não no Egito, segundo expressões da época. Isso sig-
era um povo de
nifica que o país continuou o mesmo, com os felás, os templos, as múmias e
guerreiros rudes
e camponeses, a linguagem escrita: sobrepondo-se somente à estrutura do Egito a estrutura
possuíam a
do invasor.
justiça baseada
no código
estabelecido no O felá que aprendeu a dominar o rio acabou sendo domado pelo faraó. Rea-
século XVIII a.C., lizava sua parte no trabalho coletivo, mas não tinha controle sobre o resultado
pelo rei Hamurabi
da Babilônia. de sua obra. Nem como camponês que tinha parte de sua produção subtraída,
nem como braçal que lutava contra as cheias do rio Nilo. O felá vivia no seu
A Macedônia
e um reino canto, na sua região, fazendo parte do todo, mas sem conseguir perceber esse
situado ao norte
todo. Dominado material e ideologicamente pela estrutura de poder, temia a
da Grécia. A
população da investida dos soldados, os sacerdotes e os impostos e taxas arrecadados pelos
Macedônia era
escribas. Dessa forma, nenhum invasor quis alterar essa força de trabalho útil e
formada por
agricultores a mansa. Isso implicava não modificar outros elementos do Egito Antigo, como
pastores que
a língua e a religião, as formas de organização local e as técnicas de plantio e
eram governados
pelos grandes irrigação.
proprietários
de terra e de
escravos.

Faraó
Semelhantemente a outros
grupos, o início da civilização
era atribuído a um único indi-
víduo, Menés, que teria sido o
primeiro rei da primeira dinas-
tia, o herdeiro dos deuses, as-
sim como aquele que revelou
aos egípcios a agricultura, o ar-
tesanato e a escrita.

Não há nenhuma comprovação documental disso, nem poderia haver, uma

40 História Antiga INTA


vez que unificar um reino implica num certo nível de desenvolvimento material e de
organização social. A lenta e dificultosa unificação decorreu de um processo onde a
centralização administrativa passou a ser necessária para a maior racionalização do
trabalho. Mesmo assim, durante muito tempo, Alto e Baixo Egito constituiu-se como
dois países quase separados, governados de forma central.

Um dos símbolos do poder faraônico, a coroa cerimonial, que combina duas co-
res distintas: a alta mitra branca do sul, com a touca vermelha do norte. Também o
papiro, vegetação dos charcos do delta, associada ao lótus, do vale, em outro sím-
bolo do poder.

O mito confunde-se com a realidade do rei legitima-se pela sua origem divi-
na. Isso é uma característica de muitos povos, mas entre os egípcios adquire uma
expressão literal: o rei não tem apenas origem divina, ele expressa o próprio deus.
Mais do que comandante dos exércitos ou superior juiz, o faraó é o símbolo vivo da
divindade.

Ao longo dos tempos, o faraó foi identificado com diferentes deuses: inicialmen-
te com o falcão, Hórus; depois Hórus-Rá, e no Novo Império, em Tebas, Amon-Rá.
Depois de morto transfigura-se em Osíris.

Sob a ótica do egípcio, somente um deus imortal explica uma natureza vivificada
de vida do rio. O faraó morria como individuo, mas não como deus vivo; igualmente
as águas do Nilo passavam para não voltar mais, entretanto, o rio continuava no
mesmo lugar, sempre igual, criando e permitindo a vida.

Vida, rio, deus, faraó – de certa forma, tudo se confundia, era a mesma coisa. Gra-
ças ao poder divino do faraó as colheitas eram abundantes: o Nilo era o ponto de
partida de toda a prosperidade, tinha de respeita-lo. Nas inscrições, o nome do rei
seguido pelos sinais “vida, saúde, força”, cuja presença demonstrava um desejo não
apenas em seu favor, mas também, por seu intermédio, em favor de todo o reino e
seus habitantes. O seu papel em favor do seu povo é que assegurava ao faraó a vida
eterna.

O faraó, na verdade, vivia uma vida dupla: publicamente era um deus vivo, objeto
de adoração e culto, apresentando-se sempre formalmente e distante, trajes ritu-
ais, barba postiça, joias e insígnias sagradas. Já na sua vida particular cultivava sua
família – na maioria das vezes compostas de várias mulheres, entre as quais irmãs e
meias-irmãs – e permitia-se ser apenas um rei.

INTA História Antiga 41


Uma civilização original
A relação entre ciência, religião e arte é estreita e bastante significativa no
Egito. As convicções dos egípcios sobre os reis mortos propiciam grande de-
senvolvimento científico, já que, sem o conhecimento da matemática, geo-
metria, mecânica e outras construções como as pirâmides seriam impossíveis.
Também a pintura, a arquitetura, a escultura e a arte de embalsamar, entre
outras artes, progrediram para dar forma às convicções religiosas.

Há uma singularidade da civilização egípcia que merece ser destacada. En-


quanto na Mesopotâmia a unidade era a cidade, no Egito, depois de unificado,
passou a ser o reino. Materialmente e ideologicamente, a identidade do egíp-
cio assentou-se no conjunto de aldeias e de nomos reunidos sob a tutela do
Nomo era rei-deus, enquanto na Mesopotâmia ela se dava localmente.
uma divisão
administrativa O grande tamanho do Egito foi a base de sua força. Mas, foi também o que
do Antigo Egito.
A palavra nomo
causou o esmagamento de seu povo. Muitos esforços foram empregados para
deriva do grego manter a unidade da terra do faraó; uma complexa administração foi mantida
nomos(plural:
nomoi). Para
à custa de muito trabalho e a submissão do felá foi massacrante. Porém, os
se referirem a hieróglifos e as pirâmides, os templos e os sarcófagos, o primeiro modelo de
estas regiões
administrativas os
administração centralizada no mundo e uma fascinante religião são patrimô-
egípcios usaram nio da humanidade.
primeiro a palavra
sepat e mais tarde,
durante o período
de Amarna.
Hebreus

Os hebreus desenvolveram sua civilização mil anos antes de Cristo. Não


apresentando, assim, a antiguidade da civilização egípcia e mesopotâmica,
mesmo convivendo de maneira estreita com essas duas civilizações (na proto-
-história dos hebreus, Moises tira o seu povo do Egito no século XIII e Nabu-
codonosor da Babilônia destrói o templo de Jerusalém em 586).

A religião judaica moderna, advinda daquelas praticadas pelos hebreus an-


tigos, tem um calendário que já se aproxima dos seis mil anos. No entanto,
essa datação não refere-se ás origens da civilização hebraica. Ela é resultado
de uma reunião de homens que determinaram, a partir de cálculos feitos ten-
do por base textos bíblicos, a idade do universo.

A civilização hebraica constitui uma ponte entre as civilizações do Oriente


Próximo e a civilização ocidental. Por meio dela, o ocidente conhece mito, ci-

42 História Antiga INTA


ência, práticas sociais, e valores de povos de toda a região. Estudos feitos a partir da
Bíblia, obtiveram referencias que descobertas arqueológicas depois confirmaram.

A Bíblia conta a história de Abrahão e Sara: os dois eram casados, mas Sara não
engravidava. Então, ela pegou uma de suas criadas, chamada Hagar, e a entregou
como concubina ao marido para que pudessem ter filhos. Hagar tem um filho,
chamado Ismael. Sendo que, depois, Javé (Deus) anuncia que Sara engravidaria. O
casal não acredita por conta de já terem idades bem adiantadas, ele com cem anos
e ela com noventa. Mas, como para o Deus Hebreu tudo era possível, o filho nasce
e chama-se Isaac. Os irmãos não se dão muito bem, e Sara solicita ao marido que
expulse de casa a concubina e seu filho. O patriarca recusa, mas Deus intervém e,
Hagar e Ismael partem para o deserto. Final da história: de Isaac descendem todos
os hebreus, e de Ismael descendem os povos do deserto, os árabes.

Através dessa passagem narrada no Gênesis, os estudiosos entenderam algumas


coisas dentre elas:

• O homem possuía uma esposa principal e podia dispor de concubinas;


• Marido;
• A herança não era transmitida identicamente para filhos de esposas
legitimas e concubinas.

Esses três princípios do direito da família faziam parte do Código de Hamurábi, o


que reitera a origem mesopotâmica dos hebreus e legitima a interpretação bíblica
dos especialistas.

O estudo do povo hebreu também é importante, principalmente, por causa do


monoteísmo ético que surgiu e se desenvolveu entre eles, constituindo-se em ponto
de partida do judaísmo, do cristianismo e do islamismo.

Normalmente fala-se do Egito, da Babilônia, da Assíria, de Roma etc., e fala-se


dos hebreus e não de Judá, Israel ou outro nome de Estado Político. Não que os
hebreus não tivessem um Estado: mas ele não teve grande importância e seriam um
dos numerosos pequenos reinos desaparecidos na história, não fosse o monoteís-
mo ético e de uma religião onde o conhecimento era uma forma de aproximação
com deus, daí a necessidade de escrever e documentar tudo.

INTA História Antiga 43


Juízes e Monarcas

De 1200 a 1030 o povo hebreu desenvolveu um sistema tribal onde inexistia a


propriedade particular de bens de produção. Os governantes não se faziam muito
presentes no cotidiano da população, apenas em ocasiões especiais como em guer-
ras, que se davam quase sempre contra os filisteus. Sansão foi o mais conhecido dos
juízes. Os juízes eram líderes que possuíam de certa forma as mesmas funções de
outros chefes militares instituídos por federações tribais.

Segundo a Bíblia, os anciães de Israel vêm a Samuel, juiz, na ocasião, e solicitam


um rei. Então Samuel conversa com o seu Deus, e esse discorda da ideia, alegando
uma série de mazelas que aconteceria com o reino: o rei apropria-se dos jovens, e
os transforma em soldados e cocheiros; exigindo dízimos, expropriaria animais e
servos e os colocaria a seu serviço. E, então, colocaria o povo a seu serviço, na con-
dição de servos.

Percebe-se nessa passagem da Bíblia, uma valiosa transcrição da transição de


uma sociedade tribal sem poder centralizado e métodos coercivos de trabalho para
uma monarquia com o poder centralizado, onde a organização exige mão de obra
disciplinada a serviço da organização que precisa alimentar o restante da população
que não produzem.

Com Saul, instaura-se a monarquia entre os hebreus. Porém nessa ocasião já ha-
via uma divisão entre tribos do norte (Israel) e as do sul (Judá) e Saul não alcança
seu intento de atrair Judá ao seu reino. Morre nessa tentativa.

A mitificação de Salomão vem do fato dele ter sido o construtor do famoso tem-
plo de Jerusalém, ponto de referencia espiritual e material do povo, tanto quando
foi construído como depois. O templo tornou-se uma espécie de símbolo nacional.

Com o templo, Salomão proporciona ao poder de Iavé um local sagrado. Ini-


cialmente, Iavé habitava os desertos do sul. Depois, aos poucos Iavé mudou para a
terra de Canaã, permanecendo lá, e não saindo dela. Iavé era um deus “nacional”
que não gostava de ser adorado fora de seu país. Terras estranhas não eram muito
bem aceitas, por serem consideradas impuras. A ligação material com a terra era tão
forte que quando Naamã, general arameu, foi curado por Eliseu e quis agradecer a
Iavé, levou para o seu país, no lombo de duas mulas, um pouco da terra de Canaã,
sobre o qual ergueu um altar.

Pode-se concluir através da leitura de alguns textos, que Iavé habitava os santu-

44 História Antiga INTA


ários e depois, de forma especial, o santuário do templo. E em outros fala-se
no céu como habitat de Iavé. Salomão quando levantou o templo, buscou lo-
calizar fisicamente Iavé, mantê-lo em seu palácio e submete-lo aos interesses
da monarquia.

Davi tem mais sucesso. Organizou o pequeno reino de Judá, constituído de


hebreus da tribo de Judá e de cineus, iemareus e outros povos não hebreus,
sediados na cidade de Hebron. Davi estendeu seu poder derrotando os filisteus
e conquistando a cidade de Jerusalém, a qual transforma em capital do reino.

Mandou construir um palácio, e percebendo que faltava algo de muito im-


portante em seu reinado: reconhecimento religioso. Então trouxe a “arca da
aliança” para Jerusalem com muita pompa. E com isso legitima o seu poder
“pela graça de deus”, fortalecendo-o mais e mais.

A organização do Estado torna-se mais complexa e cara; os mercenários,


que formavam parte mais importante do exército de Davi, recebiam soldos,
assim como tinha de haver recursos para as edificações que eram bastante Soldos:
luxuosas. A solução para cobrir os gastos era manter o expansionismo, con- Remuneração dada
em atribuição aos
quistar e saquear, o que passou a ser feito com bastante sucesso. trabalhos realizados
por alguém - salário,
pagamento.

INTA História Antiga 45


3
GRÉCIA E ROMA
Conhecimentos
Compreender a importância da organização social política e econômica da Gré-
cia e Roma Antiga.

Habilidades
Identificar as transformações econômicas, sociais, políticas e culturais presentes
em Roma e na Grécia Antiga.

Atitudes
Posicionar-se criticamente quanto ao desenvolvimento social, político, econômi-
co e cultural de Roma e Grécia antiga.
Cidades-Estados

Segundo Ciro Flamarion Cardoso as principais características das cidades-estados


eram:

• A tripartição do governo em uma ou mais assembleias, conselhos, e um


determinado número de magistrados escolhidos – na maioria das vezes anualmente
– entre os homens elegíveis;

• A participação direta dos cidadãos no processo político: implicando a exis-


tência de decisões coletivas, votadas depois de discussões (nos conselhos e/ ou nas
assembleias), que eram obrigatórias para todos os cidadãos, ou seja, aqueles com
plenos direitos;

• A inexistência de uma separação absoluta entre órgãos de governo e de


justiça, ainda, a religião e os sacerdócios integravam o Estado.

“Quanto ao primeiro ponto, uma vez admitida a tripartição


em assembleias (s), conselhos (s) e magistraturas, é preciso ad-
mitir também uma enorme diversidade no relativo aos nomes,
ao número, á composição, aos poderes, aos métodos de escolha,
ao funcionamento e ás relações entre aquelas instâncias bási-
cas. Isto tanto no espaço quanto no tempo, isto é, ao conside-
rarmos diferentes cidades-Estados na mesma época, ou uma
mesma cidade-estado em momentos sucessivos de sua evolu-
ção constitucional.” (CARDOSO, 1994, p 08)

INTA História Antiga 49


A soberania dos cidadãos dotados de plenos direitos era imprescindível
para a existência da cidade-estado. A proporção desses indivíduos em relação
á população total dos homens livres dependendo do regime político variava
bastante, sendo pequena nas aristocracias e oligarquias e maior nas democra-
cias. O lugar em que os cidadãos exerciam sua soberania variava: em Atenas
era a Assembleia Popular (a Eclésia), em Roma um conselho (o Senado).

“(...) a cidade-estado desconhecia o principio da sepa-


ração dos poderes que informa as repúblicas modernas
e também as corporações fechadas (relativamente) que
são os exércitos e muitas igrejas atuais. Embora houvesse
órgãos que podemos chamar de “tribunais”, certos casos
eram julgados pelos conselhos ou assembleias. Os estra-
tegos (strategoi) atenienses, eleitos anualmente, mas ree-
legíveis, eram líderes políticos e também generais, assim
como os cônsules romanos. Os sacerdotes eram o que nos
chamaríamos de magistrados ou funcionários do Estado,
e os magistrados de mais alta hierarquia de Roma, sem
ser especificamente sacerdote, levavam a cabo sacrifícios
e tentavam adivinhar a vontade dos deuses.” (CARDOSO,
1994, p 09)

O regime da cidade-estado em múltiplas variantes existiu na Grécia entre


os séculos VIII ou VII a.C. e o final do século IV a.C., descontando os períodos
tirânicos em cada cidade; e na Roma Republicana. Com relação aos Etruscos,
é difícil estabelecer uma cronologia precisa – provavelmente nos séculos V e
Efêmera é o mesmo IV a.C.
que efêmero, um
termo grego que
significa “apenas por
Afirma Ciro Flamarion Cardoso que certas variáveis são essenciais quando
um dia”. Refere-se se tenta comparar a trajetória das Cidades-estados antigas: população, exten-
a algo passageiro,
transitório, de curta são territorial, disponibilidade de recursos, grau de urbanização, etc.
duração.
Sem dúvida, houve cidades-estados instáveis e efêmeras. Porém, aquelas
mais documentadas como Atenas, Esparta, Roma e Corinto, por mais que atra-
vessassem momentos de conflitos sócio-políticos muitas vezes graves e pas-
sando por muitas transformações, conheceram séculos de estabilidade, com

50 História Antiga INTA


forte sentimento de identidade entre os cidadãos. Mesmo nas cidades-estados
democráticas, como Atenas, os líderes políticos saíram das filas da aristocracia
e, de fato, elas não eram igualitárias. Houve, portanto, fatores que garantiram
a hegemonia dos grupos sociais dominantes, de forma que a desigualdade
social fosse tida por legitima – até certo ponto pelo menos – pelas grandes
massas da população, incluindo os não-cidadãos.

A Grécia Antiga: “poleis”

Por volta de 2200 - 2100 os migrantes de língua indo-europeia chegam à


Grécia continental e às ilhas do Mar Egeu. Os novos povoadores sofreram in-
fluências das culturas locais – especialmente da civilização minoana ou creten-
se – e foi no contexto de tal contato cultural que se iniciou a civilização grega.

A civilização do Período Tardio do Bronze chamada micênica desenvolveu-


Agorá:
-se durante a segunda metade do II milênio a.C, na Grécia continental, com é um termo grego
que significa
influxos que atingiram outras ilhas do Egeu, a costa da Síria e da Ásia Menor e,
a reunião de
para ocidente, a Sicília e o Sul da Itália. Essa civilização caracterizava-se princi- qualquer natureza,
geralmente
palmente pela existência de centros palacianos na maioria das vezes fortifica- empregada por
dos – Iolco na Tessália, Tebas e Gla na Beócia, a acrópole da futura Atenas na Homerocomo uma
reunião geral de
Ática, Tirinto e Micenas na Argólida, Pilos no sudoeste do Peloponeso, Cnosso pessoas. A ágora
em Creta. Os palácios serviam também de locais para armazenamento de pro- parece ter sido uma
parte essencial da
dutos obtidos por meio da tributação e prestações de trabalho. constituição dos
primeiros estados
Na Grécia dos tempos homéricos e do início da época Arcaica, existiam gregos.

aglomerações urbanas, onde na agorá a população reunia-se para escutar


sem direito a intervenção os chamados dos aristocratas. Afirma Ciro Flamarion
Cardoso:

“No entanto, os debates não conduziam ao que tudo


indica a qualquer decisão por voto, e a noção da polis
como uma comunidade de cidadãos não surgira ainda. As
posições cidadão/estrangeiro e livre/ escravo, tão típicas
posteriormente das poleis gregas, só existiam embriona-
riamente, sem clareza.” (CARDOSO, 1994, p 19)

INTA História Antiga 51


O genos era o centro da organização social, constituído, geralmente, pela
família aristocrática que se julgava descender de um herói ou de um deus –
uma extensa família patriarcal onde vários casais viviam sob a autoridade de
um único chefe. Cada genos era o centro onde organizava-se uma “casa” real
ou nobre, o oikos, que reunia indivíduos – além da família, diversas categorias
de agregados livres e de escravos – e bens variados: terras, rebanhos, o palácio,
objetos de metal, tecidos, etc; todos e tudo obedecendo ao chefe do genos.
Fora do Oikos, tem-se: demiurgos: trabalhadores da coletividade; e com um
certo prestigio social vem os: artesãos especializados, profetas, médicos, arau-
tos, poetas, cantores, etc; trafegavam de uma casa a outra sempre que solici-
tados seus serviços; camponeses, sem terras, que alugam quando precisavam
sua força de trabalho e não eram muito bem vistos.

A constituição da polis aristocrática deu-se com o desaparecimento da mo-


narquia, substituída por magistrados eleitos pela nobreza de sangue entre seus
próprios membros, persistindo o Conselho, anteriormente órgão consultivo do
rei, nesse momento o núcleo da vida política. Essas transformação deu-se en-
tre a segunda metade do século VIII a.C. e o início do século seguinte:

“significou, por um lado, uma subordinação do genos e


do oikos à comunidade (seguida do enfraquecimento des-
Asty: é o termo tas formas tradicionais de organização pré-urbana), e por
usado pelos antigos
gregos para designar outro lado há indícios de que, de algum modo, os aristo-
a parte da cidade
cratas se apoderaram das terras melhores e mais exten-
( polis ), onde os
cultos cívicos e os sas. O surgimento da polis também esteve vinculado a um
órgãos políticos
são agrupados. Em vigoroso aumento da população.” (CARDOSO, 1994, p 21)
outras palavras, é a
principal cidade do
território da cidade.

Khôra: era o Este crescimento demográfico, juntamente com um grande progresso tec-
território da polis
fora da cidade nológico, artesanal e comercial, contribuiu para a rápida urbanização.
propriamente dita.
O termo foi utilizado Na sua topografia, uma polis, no seu centro urbano, normalmente dividia-se
em filosofia por
Platão para designar em duas partes: a acrópole, centro religioso, e a asty ou cidade baixa, local de
um receptáculo,
um espaço ou um
reuniões e de negócios, chamada de ágora. E um terceiro elemento o porto.
intervalo no seu Por fim, a área rural, repleta de aldeias (khôra) formava a cidade-estado. Mas
diálogo Timeu.
para os gregos uma cidade-estado era formada pela comunidade e seus cida-
dãos.

52 História Antiga INTA


Proprietários e despossuídores

“Quando as cidades-estados gregas começam a ser mais bem iluminadas pe-


las fontes escritas, nós a achamos, na Época arcaica (séculos VIII-VI a.C), em
Época arcaica:
plena crise social e política (stásis), entregues à luta entre facções. A raiz primeira
fase que segue a
desta crise parece ser o resultado da combinação do aumento topográfico (con- época geométrica
da arte grega
tínuo durante toda essa fase da história grega) com a circunstância de estarem e que cobre os
muitas das melhores terras monopolizadas pela aristocracia de sangue, que dis- séculos VIIo e VIo
a.C. É durante
punha de todo o poder político e judiciário.” esse período que
nascem as ordem
Pensando na luta de classes entre proprietários e despossuídos, credores e dórica e jônica, que
se estabelecem
devedores, o desenvolvimento da polis dependeu também de outros fatores, definitivamente em
dentre eles: a urbanização, a divisão do trabalho, a importância crescente da torno de 600 a.C.

economia mercantil. Nos séculos VII e VI a.C houve um crescimento considerável Stásis: o estado
de equilíbrio ou
das exportações de cerâmicas, a importação de artigos de luxo orientais, o sur-
inatividade causada
gimento de templos e outros monumentos, e deu-se o início da economia mo- por forças opostas
iguais.
netária e de implementação de um sistema técnico, especificamente helênico.

“Ao mesmo tempo consequência da crise agrária, para a


qual constituía uma saída, e fator de progresso econômico
diversificado, a colonização grega foi um dos acontecimentos
essenciais dos séculos arcaicos, embora com ímpeto menor e
outras modificações se estendessem igualmente aos séculos
clássicos (V e VI a.C). Sem dúvida, foi a busca de terras culti-
váveis que, em primeiro lugar, levou expedições fundadoras
gregas ao Mediterrâneo Ocidental, ao norte da África, ao
norte do Egeu, à Propôntida (atual mar de Mármara) e ao
Ponto Euxino (designação antiga do mar negro), num extra-
ordinário movimento de multiplicação das poleis helênicas –
cujo número chegaria a aproximadamente 1.500 a 2.000. O
próprio fato de que comunidades gregas tenham passado a
existir em todo o contorno do mediterrâneo e de seus anexos,
porém, intensificou muito a navegação e o comércio.” (CAR-
DOSO, 1994, p 25)

INTA História Antiga 53


A apoikía, como chamava-se a colônia grega típica, era uma cidade-Estado
independente, fundada, normalmente, por uma metrópole que enviava um guia
ou fundador (oikistés) e financiava a expedição. Buscava-se uma fértil planície
Oikistés: litorânea, cujas terras eram divididas entre os primeiros colonos, primeiramente,
É a palavra grega
que significa a igualitariamente, logo depois, com a chegada de novas levas de imigrantes, não
fundação de uma
mais.
nova colônia.

A intervenção das autoridades metropolitanas era evidente: não se tratava de


migrações organizadas em caráter espontâneo.

“Platão via nos homens desprovidos de recursos um peri-


go, já que ambicionavam os bens dos ricos, e na colonização
uma expulsão benigna, para que a polis deles se desem-
baraçasse. Uma tradição conservada por Heródoto acerca
da fundação de Cirene mostra que, pelo menos em certos
casos, o governo da cidade-estado designava por sorteio as
pessoas que deveriam partir; uma inscrição do século IV a.C.
confirma a autenticidade da afirmação e adiciona outras
informações: a penalidade para quem se negasse a partir
quando designado era a morte, acompanhada de confiscos
dos bens; além dos escolhidos pela sorte, eram aceitos vo-
luntários.” (CARDOSO, 1994, p 26)

Isso tudo ressalta os aspectos agrários da crise, e da colonização como uma


possível solução. Mas também estão presentes outras motivações como o apro-
visionamento em metais. Razões econômicas: buscas de terras onde estabelecer
cidadãos pobres, sim; mas também, controle de portos comerciais e minas de
ouro, cortes de madeira para a construção naval.

Na história da colonização grega todas as possibilidades aconteceram. Os


gregos algumas vezes se estabeleceram por meio de acordos amigáveis com
os nativos, outras vezes explorando-os como servos. Também, existiu colônias
que por sua vez fundaram colônias. “Grupos de colonos enviados por uma
cidade iniciavam um estabelecimento e posteriormente eram expulsos por re-
cém-chegados.” (CARDOSO, 1994, p 27)

54 História Antiga INTA


As repercussões políticas tiveram, em seu conjunto, os fatores como: crise agrária,
colonização, urbanização, progressos tecnológicos, expansão do artesanato e da
economia mercantil. A diferenciação de tais fatores levou também a uma distinção
das reivindicações. Os pobres interessavam-se principalmente pela abolição das dí-
vidas – e sua consequência, o fim da escravidão ou servidão por dívidas – e a divisão
de terras. Aos indivíduos mais abastados, mas que não pertenciam à aristocracia
tradicional importava sobretudo conseguir a fixação das leis por escrito e alguns
direitos políticos.

“Na medida em que os problemas fundamentais das massas


populares não eram cabalmente solucionados pelas transfor-
mações políticas já mencionadas, abria-se a possibilidade do
surgimento de um regime político peculiar: a tirania. A partir
de meados do século VII a.C., e por mais de cem anos, diversos
lideres populares, quase sempre de origem nobre, tomaram o
poder pela força ou ardilosamente” (CARDOSO, 1994, p 29)

Os tiranos chegaram ao poder de diversos modos: reis que buscavam livrarem-


-se da tutela dos aristocratas; magistrados eleitos que pela força permaneceram no
poder ao expirar seu mandato; e, por fim, líderes militares de boa popularidade que
deram golpes de estado. Três características do regime aparecem claramente:

• O governo do tirano era pessoal;

• Sua legitimidade e sua base social vinham do fato da proteção


dos populares contra a classe dominante;

• O Tirano era um nobre ou descendente de um nobre.

Após o término da era dos tiranos inicia-se o período clássico (séculos V e IV a.C.).
Nesse período houve evoluções divergentes, em direção à democracia, e às vezes
para regimes oligárquicos. Estas evoluções foram influenciadas tanto pelo resultado
as lutas sociais e políticas internas como também da intervenção das Cidades-es-
tados maiores, umas nas outras e no regime das menores. Esparta era a principal
Cidade-estado oligárquica e contra as tiranias e democracias. Atenas, por sua vez,
era a defensora dos regimes democráticos.

INTA História Antiga 55


“Conhecemos bem mal as instituições democráticas fora
de Atenas. A mais antiga das democracias gregas seria a de
Quio, anterior mesmo à ateniense. É, sobretudo por inscrições
Quio ou Quios é que sabemos terem as cidades democráticas órgãos grosso
uma ilha do mar modo análogos aos de Atenas – Eclésia ou assembleia popu-
Egeu, pertencente
à Grécia, com uma lar, Bulé ou Conselho, magistrados eleitos ou sorteados -, mas
área de cerca de 900 entrevemos algumas diferenças: menor poder dos tribunais,
Km2. Sua capital é
a cidade homônima
inexistência de remuneração por atividades políticas, inexis-
de Quio,que é um tência do ostracismo (salvo em Siracusa antes de 405 a.C. e
porto comercial.
em Argos). No século IV a.C., anteriormente a intervenção da
Macedônias, havia mais poleis democráticas do que oligar-
quias na Grécia.” (CARDOSO, 1994, p 35)

As cidades-estados tanto as democráticas como as oligarcas tinham Assem-


bleias populares, conselhos e magistrados. Mas as condições de acesso à cida-
dania plena eram bem variadas. Havia uma diferença entre os cidadãos passivos,
excluídos dos direitos políticos tanto quanto os estrangeiros residentes (metecos)
e os escravos, e cidadãos ativos, cujo número variava. Geralmente, era o critério
de fortuna ou renda anual que faziam a diferença entre as duas categorias de
Anfictiónias:
Confederação cidadãos. Nas oligarquias, frequentemente a assembleia popular tinha poderes
das antigas
restritos, sendo o Conselho o órgão mais importante.
cidades gregas
para fins políticos
ou religiosos de Tem-se notícia de existência de associações que englobavam certo número de
interesse geral:
a chegada ao
cidades-estados. As mais antigas foram as anfictiónias, organizadas em torno
poder da dinastia de um santuário pan-helênico para o culto comum. Cada antifictiona tinha um
macedônia, os
amphictioniesperdeu Conselho integrado por representantes das cidades membros, mas não possu-
um pouco de seu íam funções propriamente políticas, já que apenas cuidavam de acordos diplo-
poder político.
máticos.

Um acordo ou associação militar feito em principio para a defesa o qual en-


globava várias cidades e que permaneciam independentes chamava-se simaquia.
A mais conhecida foi a simaquia de peloponésia, também conhecida como Liga
de Peloponeso, formada no século VI a.C. por iniciativa de Esparta.

“que se ligou à maioria das cidades oligárquicas pelo-


ponésias por tratados bilaterais, às vezes complementados

56 História Antiga INTA


por outros tratados das demais cidades entre si. Uma exceção
de peso foi Argos, polis democrática e tradicional inimiga de
Esparta, a qual se recusou a participar. O nome oficial desta
simaquia – “os lacedemônios e seus aliados” – mostra bem que,
embora os membros mantivessem em principio sua autonomia
interna, o predomínio espartano era claro.” (CARDOSO, 1994, p
36)

O Conselho da liga era convocado por magistrados de Esparta (éforos) e cada


cidade nele tinha um voto.

O Grande surto da escravidão e das relações mercantis que predominou o final


do período arcaico prolongou-se pelo século V a.C. No século seguinte, começou a
crise nas cidades-estados gregas. A longa guerra do Peloponeso que caracterizou-
-se pela frequência em que os campos dos inimigos eram devastados, as colheitas
destruídas, as árvores cortadas. A propriedade, muito parcelada, tendeu a concen-
trar-se. Especuladores compravam as terras arruinadas a preço bem baixo, seja para
recuperá-las e revende-las, ou para praticar a agricultura de exportação com mão
de obra escrava.

“a urbanização se acentuava: Atenas passou a concentrar


50% da população da Ática, e na cidade um número considerá-
vel de pessoas empobrecidas viviam dos desembolsos crescentes
do Estado. A dependência do cereal importado se acentuou. É
verdade que os aspectos econômicos da crise do século IV a.C.
são poucos claros e as vezes contraditórios, não havendo unani-
midade a respeito pois indubitavelmente existiram também ele-
mentos de progresso e expansão” (CARDOSO, 1994, p 39)

A partir do século de 380 a.C, alguns dos parâmetros básicos da sociedade grega
sofreram rápida mudança, que em cinquenta anos conduziria ao fim das cidades-
-estados. O aparecimento de novos centros e elementos de poder político e militar
surgiram e influenciaram consideravelmente a situação.

INTA História Antiga 57


“Se a hegemonia espartana após 404 a.C. significara
até certo ponto a continuidade de padrões relativamente
tradicionais de guerra e de política, após a segunda déca-
da do século IV a.C. o uso crescente da cavalaria, as mu-
danças no sistema hoplítico, após a segunda década do
século IV a.C. o uso crescente da cavalaria, as mudanças
Os etruscos foram no sistema hoplítico e o número cada vez maior de mer-
os antecessores dos
romanos na Península cenários, minando a equação tradicional do exército com
Itálica, formando o o “povo em armas”, a ascensão da hegemonia de Tebas e
povo que ocupou
boa parte do centro em seguida o grande peso de uma monarquia macedôni-
e do norte da Itália
no primeiro milênio ca muito fortalecida nos negócios gregos, revelaram ser
antes de Cristo.
Foram pioneiros
fatores radicalmente novos” (CARDOSO, 1994, p 39)
na construção de
cidades na região
e influenciaram
a arquitetura e a
engenharia romanas. As polis estavam em pleno desacordo com o desenvolvimento constante da
Os etruscos foram
responsáveis pela integração econômica e cultural da Grécia, como também como dos perigos
introdução da cultura externos.
grega em Roma. Por
meio de escavações
arqueológicas em

Roma
cidades como Florença,
Bolonha e Pisa,
entre outras, têm-se
encontrado vestígios
de templos, muralhas
e obras de artesanato
que evidenciam
Os romanos herdaram dos etruscos o urbanismo, “baseado em ritos de fun-
um considerável dação que delimitavam o território “sagrado” da cidade”. O sítio de Roma, no
planejamento urbano.
momento, em que surgiram as primeiras cidades etruscas, caracterizava-se
http://www.
klickeducacao. por aldeias latinas independentes. Algumas dessas aldeias reuniam-se numa
com.br/bcoresp/ federação de caráter religioso e defensivo. Por volta de 575 a.C., as aldeias
bcorespmostra/
0,5991,POR-9239-h,00. uniram-se numa comunidade urbana, marcado por um processo de remane-
html
jamento do espaço: abandono de determinados cemitérios, construção e pa-
vimentação do Fórum (centro cívico e mercado), abertura de ruas regulares,
edificações de templos e edifícios públicos.

“O estudo da cerâmica, em especial, mostra três fases da ur-


banização primitiva de Roma: a primeira, relativamente lenta,
entre 575 e 530 a.C; a segunda –de rápida e máxima expansão
– entre 530 a 500 a.C; e a terceira, de estagnação e talvez ligeiro
declínio, entre 500 e 450 a.C.” (CARDOSO, 1994, p 61)

58 História Antiga INTA


No período monárquico à organização básica da civitas romana no
período monárquico: Rei, Conselho, de anciãos (Senado) e assembleia de cú-
rias (comitia curiata), sendo que estas últimas, de início, subdivisões das três
tribos que eram responsáveis pela cobrança de impostos e ao recrutamento O comitia curiata foi
uma das primeiras
militar. Adotavam as técnicas hoplitas de combate no século VI a.C e á conse- assembleias populares
quente distinção censitária, atribuída ao segundo rei etrusco de Roma, Sérvio de Roma. Há algum
debate a respeito de
Túlio, entre os que não podiam e os que podiam financiar o seu equipamento quando começou,
mas provavelmente
militar. Houve a substituição das tribos “étnicas” por quatro tribos urbanas de o curiata comitia
começaram a se
tipo topográfico. reunir imediatamente
antes da criação da
República (antes de
509 a C), quando

A República Romana
Roma ainda era
governada por reis.

Em meados do século V a.C., a situação política e social de Roma, apresenta-


va uma aristocracia de proprietários de terras – os patrícios -, organizados em
extensas famílias (gentes) estruturados em torno de um culto familiar, mono-
polizava a vida política e praticavam empréstimos pré-monetários que muitas
vezes levavam ao endividamento, podia matar os devedores, vendê-los como
escravos fora do território romano, ou então usá-los como mão de obra servil
para cultivar as terras e pastorear os rebanhos dos nobres, ao lado dos clien-
tes, trabalhadores rurais e soldados a serviço de uma gens nobre, em troca de
ajuda e proteção.

“os endividados e clientes eram recrutados no seio da


plebe, multidão sem organização gentílica cuja origem
parece ter sido variada: migrantes atraídos pela prosperi-
dade da Roma etrusca, talvez grupos cuja situação foi re-
sultante de uma diferenciação econômico-social interna,
etc.” (CARDOSO, 1994, p 63-64)

A primeira metade do século V a.C. foi marcada pela luta entre patrícios e
plebeus, travada num contexto de uma retomada do crescimento econômico
e da urbanização em seguida à depressão e ruralização. Os plebeus pobres
reivindicam a abolição das dívidas e da servidão por dívidas e repartição das
terras, já os ricos, almejavam o acesso às instâncias do poder. Chegou-se a
uma divisão censitária do corpo dos cidadãos em várias categorias. Ocorreu

INTA História Antiga 59


também a abolição das dívidas e da servidão por dívidas, possibilitando à expansão
do escravismo, solidamente instalado no início do século III a.C, ao deixarem de
disponibilizarem-se como mão-de-obra dependente os camponeses endividados.

Uma das iniciativas dos plebeus consistiu em criar instituições propriamente ple-
beias – o tribunato da plebe, os edis da plebe e a assembleia dos plebeus. Os tri-
bunos da plebe eram dotados de inviolabilidade pessoal e residencial, adquiriram
o direito de vetar as decisões dos magistrados e outros órgãos republicanos e de
impedir alguma ação, por ventura, contra plebeu simplesmente posicionando-se
desfavoravelmente. Dessa forma, tornaram-se protetores eficazes da plebe; com o
tempo o concilium plebis deu origem à assembleia das tribos (comitia tribuna), um
dos órgãos legislativos de grande importância na Roma republicana.

As classes dominantes, por sua vez, adotaram métodos de controle social e políti-
co muito eficazes. Por exemplo: o complicado sistema de votação na assembleia do
exército ou comitia centuriata, principal assembleia dos primeiros tempos da Repú-
blica, de forma a impossibilitar qualquer tipo de participação dos cidadãos menos
abastados nela presentes. Outro método foi a institucionalização da clientela, que
perdeu o sentido puramente econômico e adquiriu o de um apoio eleitoral.

O patriciado com sua família extensa ou gens, e depois a própria plebe, consti-
tuíram estamentos sociais com estruturação jurídica bem institucionalizada.

“o casamento entre patrícios e plebeus foi autorizado em 445


a.C. e foi-se constituindo, pela união das famílias plebeias ricas com
as patrícias, uma nova aristocracia, a nobilitas, não institucionali-
zada juridicamente em estamento, mas que constava de um grupo
reduzido e exclusivo de famílias: aqueles cujos membros, depois de
terem exercido as magistraturas mais elevadas, tinham ingressado
no órgão máximo da República, o Senado.” (CARDOSO, 1994, p 66-
67)

De 233 a 133 a.C., os mais altos magistrados, os cônsules foram duzentos, porém
saíram apenas de 58 famílias, cinco destas forneceram cinquenta e dois cônsules.
As nobilitas somente renovava seus quadros, com o ingresso de homens novos, em
forma lenta e limitada. Esses homens novos vinham da mais alta classe censitária, os
equestres ou cavaleiros.

60 História Antiga INTA


“De fato, tanto a nobilitas quanto os cavaleiros tinham
fortunas, sobretudo agrárias; os senadores e seus parentes,
como os equestres, não desdenhavam dedicar-se à explo-
ração das minas, ao comércio marítimo e ao empréstimo a
juros, ao arrendamento de impostos provinciais ou de obras
públicas e a outras atividades rendosas, pessoalmente ou
por meio de testas-de-ferro que podiam ser, eventualmente,
os seus libertos.” (CARDOSO, 1994, p 67)

Na realidade, o nome oficial da cidade-estado romana, “o senado e o povo


de Roma”, caracterizava bem a hierarquia num governo oligárquico. Na Roma
republicana o poder soberano encontrava-se mais no Senado e nos magistrados
do que nas assembleias populares.

As magistraturas romanas caracterizavam-se – com exceção da ditadura – por


sua colegialidade e por poder qualquer magistrado opor-se a iniciativa de outro
magistrado do mesmo tipo. Entre as magistraturas havia aquelas investidas do
imperium e das potestas, e aquelas que apenas recebiam as potestas. Consistin-
do esta numa forma de autoridade legal que dava aos seus beneficiários poderes Potestas é uma
palavra latina que
administrativos, a possibilidade de ditar o Direito e de impor suas prescrições. O significa poder,
imperium era um amplo direito de comando militar e civil de natureza sagrada, competência ou
faculdade. Ela é um
garantido pelo direito à consulta dos auspícios, permitindo aos seus detentores importante conceito
no direito romano.
decidirem sobre a vida e morte de um indivíduo, além da possibilidade de co-
mandarem as legiões, de exercer funções judiciais e de convocar e consultar o
Senado e as assembleias.

O Senado era constituído por trezentos membros vitalícios recrutados inicial-


Censores:
mente entre os ex-magistrados, votava e perdera o direito de recusar ou impedir Magistrado romano
as leis votadas nas assembleias. Porém, nele encarnava-se a continuidade da Re- cuja função
consistia em fazer o
pública e os costumes dos antepassados, como também uma forte autoridade recenseamento dos
moral. Era o centro da República e se ocupava de todos os assuntos importantes. cidadãos, investir os
proprietários e zelar
pelos costumes.
As assembleias, a mais antiga a comitia curiata ou assembleia por cúrias, teve Pessoa encarregada
seus poderes restringidos a concessão do imperium às magistraturas superio- pelo governo
de examinar as
res e a certas questões religiosas. As principais atribuições desta assembleia, no publicações, as
período considerado, eram eleitorais – elegia os magistrados com imperium e peças teatrais, as
exibições etc.
os censores, decidiam quando começar ou terminar uma guerra, e decidiam
Crítico: censor
pelos apelos dos condenados à morte. As funções legislativas passaram a per- impiedoso.

tencer, sobretudo à assembleia dos cidadãos repartidos nas 35 tribos de Roma,

INTA História Antiga 61


ou comitia tribuna, que elegia os magistrados inferiores, ratificava os tratados
de paz e votava muitas das leis; reuniam-se na sua forma original de concilim
plebis ou assembleia da plebe, elegia também os edis e tribunos da plebe. Tanto
a assembleia das centúrias quanto a das tribos reuniam-se apenas quando con-
vocadas por um magistrado e somente podiam aceitar ou rejeitar os projetos
de resolução que lhes fossem submetidos, sem a possibilidade de emendá-los.
(CARDOSO, 1994)

Crise na Cidade Romana

As grandes conquistas romanas permitiram desviar as tensões agrárias pela


possibilidade de colonização, mas também, introduziu um elemento de des-
contentamento, devido ao monopólio do ager publicus pelos cidadãos mais
Ager publicus abastados.
designa o conjunto
de bens imóveis
pertencentes ao
Estado romano, “Ao mesmo tempo, a mobilização quase permanente de
constantemente
enormes contingentes de cidadãos ao longo de muitas déca-
aumentados devido
aos confiscos de das, os efeitos econômico-sociais da expansão romana e da
terras aos vencidos,
sobretudo depois
exploração das províncias, o avanço das grandes proprieda-
da Segunda Guerra des cultivadas por escravos, fizeram-se sentir através de uma
Púnica.
violenta crise agrária. Aqueles dos italianos que não haviam
recebido a cidadania romana, e que, no entanto estavam in-
timamente associados a Roma pelas exigências de tropas e
impostos que esta lhe fazia, manifestavam crescente descon-
tentamento.” (CARDOSO, 1994, p 71)

E por fim, uma incompatibilidade crescente se fazia sentir entre as instituições


da civitas romana – uma Cidade-estado – e o fato de que, no final da Republica
romana, governava quase todas as regiões banhadas pelo Mediterrâneo.

Todas essas dificuldades contribuíram em proporções e combinações varia-


das para a crise final da Republica romana. Contribuindo também a tentativa
dos irmãos Gragos no sentido de restabelecer a pequena e média propriedade
rural – base do recrutamento e da vida cívica – e a sedimentação de uma forma
disfarçada de monarquia (133-27 a.C.)

62 História Antiga INTA


LEITURA OBRIGATÓRIA
Este ícone apresenta uma obra indicada pelo professor-
autor que será indispensável para a formação
profissional do estudante
Leitura Obrigatória
Prezado estudante, sugerimos a leitura da obra “100 textos de história antiga”.
Um dos grandes problemas no ensino da História Antiga é a dificuldade de aproximá-
-la do nosso cotidiano. Para muitos, antiguidade chega a ser confundida com mito-
logia, para outros não passa de um abstrato modo de produção. Através desta obra
estudantes e professores poderão ver de que forma os antigos construíam cidades,
definiam propriedades, escravizavam seus semelhantes, adoravam seus deuses ou fa-
ziam história.

PINSKY, Jaime (ORG.). 100 textos de história antiga. 9. ed. São Paulo: Contex-
to, 2009. 151 p. ISBN 85-7244-128-x (broch.

Estudo Guiado:
Após a leitura da obra, faça uma resenha.

INTA História Antiga 65


SAIBA MAIS
Neste ícone será encontrado sugestões de
aprofundamento da disciplina em outro espaço.
Pesquisas divulgadas, em formato de entrevistas, com o
próprio autor da investigação
Prezado estudante agora vamos ler a entrevista com Ciro
Flamarion Cardoso, com o tema “O Egiptólogo Nacional”. Pou-
cos são os historiadores nacionais que podem se posicionar com
tal título. O professor Ciro Flamarion Cardoso, nome que possui
ampla produção bibliográfica, é apontado pela comunidade aca-
dêmica como digno de tal denominação.

INTA História Antiga 67


REVISANDO
É uma síntese dos temas abordados com a intenção
de possibilitar uma oportunidade para rever os pontos
fundamentais da disciplina e avaliar a aprendizagem
No decorrer desta disciplina vimos a origem da humanidade, que surgiu de um
tronco primitivo de quase macacos antropoides. A linha ancestral que levou os se-
res humanos modernos estende-se, talvez, até 5, 6 milhões de anos atrás. Grande
parte desse tempo nossos ancestrais compartilharam seu ambiente com dois tipos
de criaturas com as quais foram muito aparentados, mas que por fim se extingui-
ram. Esses primos evolucionários são chamados australopitecineos; um deles era de
construção frágil, enquanto que o outro era bem mais robusto. As duas formas de
australopitecineos e o homo ancestral partilham de pelo menos duas coisas: primei-
ra, descendiam de um ancestral comum, uma pequena criatura semelhante a um
antropoide, chamada Ramapithecus, que surgiu pela primeira vez há pelo menos 12
milhões de anos e que viveu na Europa, Ásia e África; e segundo ficavam e andavam
em posição ereta.

A história da evolução humana, de uns 2 a 3 milhões de anos atrás, envolveu


quatro personagens principais. O primeiro, mas não necessariamente o primeiro
em importância no tempo, foi o hominídeo cuja característica principal era a de que
seus descendentes eram os humanos modernos. Esse antigo precursor dos huma-
nos tinha em torno de 1,50 m de altura. Além disso, mantinha-se ereto como os
humanos da atualidade. O tamanho de seu cérebro era cerce de dois terços do cé-
rebro humano médio atual. O segundo hominídeo, não muito diferente, não era tão
alto, e possuía um cérebro menor. O terceiro era um indivíduo mais corpulento, mais
ou menos com 1,50 m de altura, mas com o cérebro bem menor do que o nosso
ancestral direto. Por último, tem-se a menor criatura de todas elas, e uma das mais
obscuras em termos de registro fóssil.

Esses personagens da história têm nomes, quais são? Pode-se começar com os
dois do meio. Devido a importantes semelhanças entre eles, ambos estão agrupa-
dos no mesmo gênero, Australopithecus, mas ao individuo mais esbelto e dado o
nome cientifico de africanus, enquanto que para a criatura robusta adota-se o nome
específico de boisei.

No início de 1961, na chamada Garganta Olduvai, na Tanzânia foi descoberto


um crânio de um hominídeo bastante avançado, que viveu a cerca de um milhão e
três quartos de anos: foi chamado de Homo habilis. Constituiu essa a primeira evi-
dencia de que os primeiros membros da linhagem humana foram contemporâneos
dos australopitecíneos, e, não seus descendentes, como se acreditava. Embora em-
polgante, a descoberta do Homo habilis permaneceu incompleta. Para que a teoria
da evolução humana recém-desenvolvida fosse convincente, era necessário que se
descobrisse uma espécime mais completa. Isso se deu com a descoberta do 1470.
Mas o principal detalhe sobre o 1470, é que ele viveu há pelo menos dois milhões

INTA História Antiga 69


de anos e, talvez, quase três. E possuía um cérebro maior que o do Homo habilis
original, do Olduvai.

Esse volumoso crânio confirmou duas coisas. Primeira: que a linha ancestral hu-
mana, Homo, originou-se bem antes do que grande parte das pessoas suspeitava,
talvez até mesmo um milhão de anos antes. Segunda: uma vez que a historia do
Homo estendem-se tanto, retroativamente, quer dizer que esses indivíduos eram
contemporâneos de alguns dos primeiros australopitecineos. Isso impossibilita pen-
sar que nossos ancestrais diretos sejam descendentes evolucionários dos austra-
lopitecineos – primos, mas não descendentes. Os pesquisadores acreditavam que,
embora o robusto Australopithecus pudesse ter sido uma ramificação da via princi-
pal da evolução humana, seu primo mais frágil, o Australopithecus africanus estava
caminhando ao longo da rota principal para, enfim, dar origem à linha Homo.

Três mil anos a.C. um considerável número de unidade urbanas desenvolven-


do-se em torno do Tigre e do Eufrates. Uma grande lista de reis em lugares como
Lagash, Umma, Kish, Ur, Uruk, Akad, Gatium e Elan. Em Uruk foi encontrado vestígios
de um templo que tinha mais de dois mil metros quadrados. Perto dele foi erguido
um monte artificial (zigurate) com 11 metros de altura, edificado com tijolos e enfei-
tados com pedaços de cerâmica. Como em Uruk, na Suméria os templos e zigurates
também foram construídos à custa do trabalho de boa parte da população os gran-
des empreendimentos não religiosos – como, por exemplo, a construção de canais
– eram atividades que afetavam áreas ligadas a vários templos. Por isso, surgiram os
dirigentes não vinculados aos templos, àqueles que posteriormente iriam se tornar
os reis.

O rei passa a atuar junto com a religião. Dá dinheiro para a construção e decora-
ção de templos, fornece matérias primas e ás vezes também mão de obra. Em troca,
busca a legitimação de seu poder, que, advindo dos homens, vai ganhando caráter
divino. A cultura, porém, estava em plena ebulição. Administrar uma cidade exigia
mais que disposição e preocupação divina: exigia instrumentos adequados, que se
desenvolveram de forma extraordinária na Mesopotâmia.

O desenvolvimento do Egito tem bases bastante concretas. O rio Nilo ofereceu


condições potenciais, que foram aproveitadas pela força de trabalho dos campone-
ses egípcios – os felás, organizados por um poder centralizado, no período faraô-
nico. Trabalho e organização foram, pois, as principais características da civilização
egípcia.

Os primeiros reis egípcios, faraós, se diziam, por isso, senhores das duas terras,

70 História Antiga INTA


do delta e do vale, diferença essa reconhecida e respeitada por todos. Apesar das
diferenças e das divergências havia uma grande preocupação com a unidade. Qual-
quer divisão ocasionava menor capacidade de explorar a natureza, de tirar dela os
alimentos e outras necessidades básicas. Também implicava perder a capacidade de
construir templos e monumentos.

Cercado de desertos por quase todos os lados, o Egito antigo manteve, durante
toda a sua existência alguma característica advinda da diversidade produzida ao
longo de milênios. Surpreendentemente sua cultura resistiu ao contato com os assí-
rios, persas, macedônicos e romanos.

Os hebreus desenvolveram sua civilização mil anos antes de Cristo. Não apre-
sentando, assim, a antiguidade da civilização egípcia e mesopotâmica, mesmo con-
vivendo de maneira estreita com essas duas civilizações (na proto-história dos he-
breus, Moisés tira o seu povo do Egito no século XIII e Nabucodonosor da Babilônia
destrói o templo de Jerusalém em 586).

A civilização hebraica constitui uma ponte entre as civilizações do Oriente Próxi-


mo e a civilização ocidental. Por meio dela, o ocidente conhece mito, ciência, prá-
ticas sociais, e valores de povos de toda a região. Estudos feitos a partir da Bíblia
obtiveram referencias que descobertas arqueológicas depois confirmaram.

O estudo do povo hebreu também é importante, principalmente, por causa do


monoteísmo ético que surgiu e se desenvolveu entre eles, constituindo-se em ponto
de partida do judaísmo, do cristianismo e do islamismo.

De 1200 a 1030 o povo hebreu desenvolveu um sistema tribal onde inexistia a


propriedade particular de bens de produção. Os governantes não se faziam muito
presentes no cotidiano da população, apenas em ocasiões especiais como em guer-
ras, que se davam quase sempre contra os filisteus. Sansão foi o mais conhecido dos
juízes. Os juízes eram líderes que possuíam de certa forma as mesmas funções de
outros chefes militares instituídos por federações tribais.

Aprendemos também as principais características das cidades-estados: a triparti-


ção do governo em uma ou mais assembleias, conselhos, e um determinado número
de magistrados; a participação direta dos cidadãos no processo político: implicando
a existência de decisões coletivas, votadas depois de discussões (nos conselhos e/
ou nas assembleias); a inexistência de uma separação absoluta entre órgãos de go-
verno e de justiça. Era imprescindível para a existência da Cidade-estado a soberania
dos cidadãos dotados de plenos direitos. A proporção desses indivíduos em relação
á população total dos homens livres dependendo do regime político variava bastan-
te, sendo pequena nas aristocracias e oligarquias e maior nas democracias. O lugar

INTA História Antiga 71


em que os cidadãos exerciam sua soberania variava: em Atenas era a Assembleia
Popular (a Eclésia), em Roma um conselho o senado.

O regime da Cidade-estado em múltiplas variantes existiu na Grécia entre o sé-


culo VIII ou VII a.C e o final do século IV a.C. descontando os períodos tirânicos em
cada cidade; e na Roma Republicana. Com relação aos Etruscos, é difícil estabelecer
uma cronologia precisa – provavelmente nos séculos V e IV a.C.

As Cidades-estados tanto as democráticas como as oligarcas tinham Assembleias


populares, conselhos e magistrados. Mas as condições de acesso à cidadania plena
eram bem variadas.

O Grande surto da escravidão e das relações mercantis que predominou o final


do período arcaico prolongou-se pelo século V a.C. No século seguinte, começou a
crise nas cidades-Estados gregas. A longa guerra do Peloponeso que caracterizou-
-se pela frequência em que os campos dos inimigos eram devastados, as colheitas
destruídas, as árvores cortadas. A propriedade, muito parcelada, tendeu a concen-
trar-se.

A partir do século de 380 a.C, alguns dos parâmetros básicos da sociedade grega
sofreram rápida mudança, que em cinquenta anos conduziria ao fim das cidades-
-Estados.

No período monárquico a organização básica da civitas romana era: Rei, Con-


selho, de anciãos (Senado) e assembleia de cúrias (comitia curiata). Adotavam as
técnicas hoplitas de combate no século VI a.C e a consequente distinção censitária,
atribuída ao segundo rei etrusco de Roma, Sérvio Túlio, entre os que não podiam e
os que podiam financiar o seu equipamento militar. Houve a substituição das tribos
“étnicas” por quatro tribos urbanas de tipo topográfico.

Em meados do século V a.C., a situação política e social de Roma, apresentava


uma aristocracia de proprietários de terras – os patrícios -, organizados em extensas
famílias (gentes) estruturados em torno de um culto familiar, monopolizava a vida
política e praticavam empréstimos pré-monetários que muitas vezes levavam ao
endividamento, podia matar os devedores, vendê-los como escravos fora do territó-
rio romano, ou então usá-los como mão de obra servil para cultivar as terras e pas-
torear os rebanhos dos nobres, ao lado dos clientes, trabalhadores rurais e soldados
a serviço de uma gens nobre, em troca de ajuda e proteção.

A primeira metade do século V a.C. foi marcada pela luta entre patrícios e ple-
beus, travada num contexto de uma retomada do crescimento econômico e da
urbanização em seguida à depressão e ruralização. Os plebeus pobres reivindicam

72 História Antiga INTA


a abolição das dívidas e da servidão por dívidas e repartição das terras, já os ricos,
almejavam o acesso às instancias do poder. Chegou-se a uma divisão censitária do
corpo dos cidadãos em várias categorias. Ocorreu também a abolição das dívidas
e da servidão por dívidas, possibilitando à expansão do escravismo, solidamente
instalado no início do século III a.C, ao deixarem de disponibilizarem-se como mão-
-de-obra dependente os camponeses endividados.

Uma das iniciativas dos plebeus consistiu em criar instituições propriamente ple-
beias – o tribunato da plebe, os edis da plebe e a assembleia dos plebeus. Os tri-
bunos da plebe eram dotados de inviolabilidade pessoal e residencial, adquiriram
o direito de vetar as decisões dos magistrados e outros órgãos republicanos e de
impedir alguma ação, por ventura, contra plebeu simplesmente posicionando-se
desfavoravelmente. Dessa forma, tornaram-se protetores eficazes da plebe; com o
tempo o concilium plebis deu origem à assembleia das tribos (comitia tribuna), um
dos órgãos legislativos de grande importância na Roma republicana.

O final do período republicano romano advém de combinações variadas. Contri-


buindo também a tentativa dos irmãos Gragos no sentido de restabelecer a peque-
na e média propriedade rural – base do recrutamento e da vida cívica – e a sedimen-
tação de uma forma disfarçada de monarquia.

INTA História Antiga 73


AUTOAVALIAÇÃO
Momento de parar e fazer uma análise sobre o que o
estudante aprendeu durante a disciplina.
1. Há cerca de três milhões de anos, num acampamento no Quênia, perto da costa
leste do lago Turkana, chamado anteriormente lago Rudolf, um ser humano primi-
tivo pegou um seixo, e com alguns golpes transformou-o num instrumento. Quais
consequências esse acontecimento trouxe para a humanidade? Comente.

2. A humanidade emergiu de um tronco primitivo de quais criaturas? E quais cir-


cunstâncias permitiram esses seres se desenvolverem e dominarem o mundo?

3. Nossa visão da evolução humana tem sido transformada nos últimos anos. Agora
está claro que a linha ancestral que levou os seres humanos modernos estende-se,
talvez, até 5, 6 milhões de anos atrás. Também está claro que por uma grande parte
desse tempo nossos ancestrais compartilharam seu ambiente com dois tipos de
criaturas com as quais foram muito aparentados, mas que por fim se extinguiram.
Como são chamados esses ancestrais? Como eram constituídos fisicamente e como
se comportavam?

4. Como eram os Australopithecus? Quais eram as suas principais características? E


os Ramapithecus como eram fisicamente? De que gostavam?

5.O que foi encontrado na Tanzânia em 1961? Qual a importância dessa descoberta?

6. O que é o fóssil 1470?

7. O que foram os zigurates?

8. Como atuavam os dirigentes dos templos mesopotâmicos?

9. A custa de que foram construídos os templos e zigurates mesopotâmicos?

10. Qual o papel desempenhado pelo rei mesopotâmico?

11. O que foi o código de Hamurabi?

12. Quem foram os felás egípcios?

13. A civilização egípcia é fruto de que?

14.Quem foram os faraós?

15. A civilização hebraica foi desenvolvida a partir de que valores?

16. Por que o estudo do povo hebreu é importante?

17. Quais eram as principais características das cidades-estados grega e romanas?

18. Quais eram as principais cidades-estados gregas? Quais suas diferenças e seme-

INTA História Antiga 75


lhanças?

19. Em que contexto cultural iniciou-se a civilização grega?

20. O que foi a civilização micênica?

21.Descreva a Grécia dos tempos homéricos?

22. Por que as cidades-estados gregas chegaram ao fim?

23. Aponte as principais características do período monárquico romano.

24. O que foi a República Romana?

76 História Antiga INTA


INTA História Antiga 77
BIBLIOGRAFIA
Indicação de livros e sites que foram usados para a
constituição do material didático da disciplina
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INTA História Antiga 81


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