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Platão e o mito da caverna do dragão

Publicado em 12 de junho de 2019

Eliete Oliveira

Certa vez uma amiga disse que havia lido "O Pequeno Príncipe" de Maquiavel e que tinha
adorado, inclusive sempre recomendava para outras pessoas. Obviamente que ela não havia
lido o livro, pois se ela tivesse lido, saberia que "O Pequeno Principe" é uma obra de Antoine
Saint Exupery, que não se assemelha em nada ao livro "O Príncipe" de Maquiavel.

Assim como alguns, ao lerem o título deste artigo, deixarão comentários que adoram Platão,
sem saber que o Filosófo aparece pouco no texto, embora a discussão central esteja
intrisecamente ligada ao Mito da Caverna.

Ahhhh, aliás, antes que vocês me xinguem, é preciso esclarecer que Platão nunca escreveu "A
Caverna do Dragão" e sim "O Mito da Caverna", uma obra filósofica.

Este título é apenas uma pegadinha para falar sobre a facilidade de se propagar histórias falsas
e também para ver se vocês estão atentos, se acreditam em tudo que as pessoas escrevem e é
o motivo deste artigo: uma alusão a essa falta de conhecimento que vivemos nos tempos
atuais, que gera essa quantidade gigante de informações falsas.

"Vivemos a era da superficialidade, existe uma tendência em não se aprofundar em nada"

Já faz algum tempo, uma conhecida atriz citou "A Divina Comédia" como um livro de humor e,
apesar do título, sinto informar, mas a Divina Comédia não é um livro de humor. O livro é um
poema de viés épico e teológico.

Estes são apenas alguns exemplos de como informações "equivocadas", ou propositalmente


equivocadas, podem se propagar. Muitas pessoas recebem e não se preocupam em ter a
certeza de que são verdadeiras ou não, simplesmente reproduzem e divulgam sem dor na
consciência. Na verdade a internet facilitou muito essa prática.

Uma vez eu citei alguns livros aqui, dentre eles "O Capital" de Karl Marx, como leitura
indispensável. Muitas pessoas vieram me acusar de ser Comunista, Marxista, dentre outras
coisas. Hahah, fiquei pensando que daqui a pouco tempo, os professores não poderão mais
falar sobre Marx nas escolas.
" É preciso apagar o comunismo dos livros de História "

A ideia de que Comunismo não pode ser lido, pois quem lê é comunista, é comumente
propagada na Internet e muitas destas pessoas nunca sequer leram "O Capital" de Karl Marx,
não sabem a diferença entre Comunismo e Socialismo, ou mesmo conseguem discorrer sobre
o tema.

"Muitas pessoas reproduzem idéias que consomem na internet sem questionar se são
verdadeiras ou não."

E por essa lógica podemos entender que se alguém ler sobre Nazismo é porque é nazista, se
ler sobre Fascismo é porque é fascista e se ler sobre Psicopatia é porque é psicopata, só pra
citar alguns exemplos.

Essa acusação gerou um post com o título "Sobre Polenguinho, Marximo, Capuccino e
verdades absolutas".

Nele eu fazia uma analogia a uma Campanha que a Polenguinho fez, citando uma capa do
Disco do Pink Floyd e que por ter as cores do arco-íris, foi considerada como uma apologia ao
movimento LGBT, recebendo diversas crítícas.O que a falta de conhecimento não faz não é
mesmo? A Campanha não tinha relação com o movimento LGBT, apenas fazia uma
homenagem ao grupo de rock.

Falei também sobre o fato de que eu sempre acreditei que Capuccino fosse feito de: leite +
chocolate + café, quando na verdade não é e que em certa ocasião eu cheguei a fazer uma
reclamação, dizendo que haviam me enganado (que micão).

E no final todas essas situações se cruzavam através de nossas "verdades absolutas", ou nossa
preguiça de pesquisar mais a fundo o que existe de verdadeiro nas informações que lemos
todos os dias.

"Vivemos a era da informação e informação é diferente de conhecimento"

A internet foi responsável por trazer muitas facilidades, inclusive a de não precisarmos
questionar muito. Recebemos a informação mastigadinha e não nos importamos muitas vezes
em checar se realmente está correta. Perdemos a capacidade de pesquisar, estamos cada vez
mais sendo fabricados em linha de produção.
Tudo isso é para dizer que para adquirir conhecimento é preciso estudo, ler os clássicos,
autores contemporâneos e não ficar em apenas em uma única pesquisa. Para abrir as portas
da percepção é preciso entender vários conceitos sob vários pontos de vista.

Precisamos exercitar mais nosso pensamento crítico, acreditar menos e pesquisar mais!

É isso!

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