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EXCELENTISSIMO (A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA _VARA

CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE __DO ESTADO DO __.

Autos n. xxx (Código n.º xxx)

JERUSA, já qualificada nos autos da ação penal supra, por


intermédio de seu advogado signatário, conforme procuração anexa, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 581,
inciso IV do Código de Processo Penal interpor tempestivamente

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

contra sentença que decidiu pela pronúncia dela à segunda fase do rito do
tribunal do júri.

Requer que seja recebido e processado o presente recurso e, em


seguida, deverá ser observada a regra do art. 589 do Código de Processo
Penal, e, caso haja manutenção da decisão combatida, a defesa requer a
remessa ao Egrégio Tribunal de Justiça, em atenção ao disposto no art. 583,
II, do mesmo diploma.

Outrossim, requer a intimação do membro do Ministério Público


para que ofereça contrarrazões se considerar necessário.

Nestes termos, pede deferimento.

(local/UF), 09 de agosto de
2013.

Advogado OAB/UF
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Autos de Origem n.º: xxx – Código n.º xxx

Recorrente: JERUSA

Recorrido: JUSTIÇA PÚBLICA

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA,

COLENDA CÂMARA CRIMINAL,

ÍNCLITOS DESEMBARGADORES,

Consoante o art. 581, inciso IV, do Código de Processo Penal, é


cabível Recurso em Sentido Estrito da decisão que houver pronunciado o
réu, esta a hipótese dos autos, sujeitando-o ao julgamento pelo Egrégio
Tribunal do Júri. O recurso é tempestivo, eis que interposto no prazo legal. O
recorrente é parte legítima e tem interesse na reforma da decisão.

I – RELATÓRIO:

A recorrente envolveu-se em acidente de trânsito enquanto se


deslocava para um compromisso de trabalho. Mesmo dentro da velocidade
permitida, ao tentar fazer uma ultrapassagem, chocou-se contra um
motociclista que trafegava em alta velocidade na via contrária, que restou
vítima fatal.

Finda a primeira fase, o juízo de piso entendeu que restam


caracterizados os requisitos para que o recorrente se submeta ao crivo do
Tribunal do Júri, pronunciando-a nos exatos termos da denúncia.

Contudo, inconformada, a recorrente interpõe o presente Recurso


em Sentido Estrito da r. decisão de pronúncia com as suas respectivas
razões.
É o relato do essencial.

II – DOS FUNDAMENTOS

DA AUSÊNCIA DE DOLO: DESCLASSIFICAÇÃO PARA HOMICÍDIO


CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR

Como sabido, para a prolação da sentença de pronúncia basta


a demonstração precária da materialidade do crime e indícios suficientes de
autoria, a teor do art. 413 do Código de Processo Penal, porém é
imprescindível que se trate de um crime doloso contra a vida, também,
previsto na Constituição Federal em seu artigo 5 º, inciso XXXVIII, alínea “d”.

Não obstante o juízo a quo tenha pronunciado a recorrente,


imputando-lhe o delito de homicídio doloso simples, na modalidade de dolo
eventual (art. 121 c.c art. 18, I, parte final, ambos do Código Penal), no
presente caso restou demonstrada a ausência de dolo, o que impõe a
desclassificação de homicídio tentado para homicídio culposo na direção de
veículo automotor (art. 302, Código de Trânsito Brasileiro).

A sentença de pronúncia deve ser reformada.

Conforme restou cabalmente demonstrado nos autos, a


recorrente, não agiu com dolo em sua conduta, uma vez que além de
prestar os devidos socorros, o acidente ocorreu por imprudência da vítima,
visto que estava em alta velocidade, não sendo plausível que a acusada
tenha assumido o risco (dolo eventual), de tal fato, cuja conduta se ao crime
de homicídio culposo na direção de veículo automotor, tipificado no art. 302
do Código de Trânsito Brasileiro, devendo desta forma o crime previsto na
peça acusatória ser desclassificado para o supracitado crime.

Não se pode admitir que haja pronúncia da recorrente quando não


restou demonstrada a intenção da mesma em tirar a vida da vítima, eis que
não se visualiza a existência de dolo na conduta da recorrente, pois mesmo
que se admita o dolo eventual, este exige além da previsão do resultado,
que o agente assuma o risco de ocorrência do mesmo, consoante artigo 18,
inciso I última parte do Código Penal, que adotou a teoria do consentimento.
Logo, é medida de rigor a desclassificação do delito de
homicídio doloso, de modo a enquadrar a conduta da recorrente ao
homicídio culposo na direção de veículo automotor, previsto no art. 302 do
Código de Trânsito Brasileiro, afastando a competência do Tribunal do Júri e
determinando a remessa dos autos ao Juízo Singular, a quem competirá
prosseguir o feito, nos termos do artigo 74, § 2º, e 419 do CPP.

VI – DO PEDIDO.

Ante o exposto e por tudo mais que dos autos constam, a


Defesa requer ao Egrégio Tribunal de Justiça que o apelo seja
CONHECIDO e TOTALMENTE PROVIDO, com espeque na
fundamentação acima, de modo a:

a) Desclassificar o delito de homicídio doloso para homicídio


culposo na direção de veículo automotor, previsto no artigo 302 do Código
de Trânsito Brasileiro, tornando, consequentemente, sem efeito a sentença
de pronúncia prolatada pelo magistrado a quo;

b) Sucessivamente, remeter os autos ao juízo competente para


que proceda ao julgamento do feito, com fulcro no art. 74, § 2º e 419 ambos
do Código de Processo Penal

Nestes termos, pede deferimento.

Município-UF, 09 de agosto de 2013.

Advogado OAB/UF

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