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6BESNT ):
IMPOSTO ÚNICO DE CIRCULAÇÃO
SUJEITO PASSIVO
FISCALIZAÇÃO CONCRETA DA CONSTITUCIONALIDADE
A sentença recorrida considerou como factualidade não provada a seguinte: "…Não há factos
alegados e não provados com interesse para a decisão da causa…", de acordo com o Digno
Magistrado do M. P. daquele Tribunal.
Por sua vez, a fundamentação da decisão da matéria de facto constante da sentença recorrida
é a seguinte: "…Os factos provados assentam na análise crítica dos documentos juntos aos
autos e não impugnados, conforme se indica em cada alínea do probatório…"
Em sede de aplicação do direito, a sentença do Tribunal "a quo" decidiu julgar procedente a
presente impugnação, em consequência do que decretou a anulação das liquidações de
I.U.C., relativas ao ano fiscal de 2012 e objecto do processo, tudo em virtude da sociedade
impugnante e ora recorrida ter ilidido a presunção prevista no artº.3, nº.1, do C.I.U.C, em face
da matéria de facto provada, sendo certo que os veículos em causa foram adquiridos antes de
terem sido matriculados e que o registo a favor do novo adquirente foi formalizado nos 60
dias seguintes à atribuição de matrícula o que constitui prova bastante da concretização da
venda e de que nunca foi proprietária dos veículos em causa (assim não sendo sujeito passivo
de I.U.C.), pelo que, o constar do registo automóvel a identificação da sociedade ora
recorrida decorre apenas do facto de ser a requerente do pedido de atribuição de matrícula
para o qual é competente, no âmbito da sua actividade de importadora.
Ora no caso dos autos, tal como alegado e provado, não sendo objecto de impugnação, os
veículos a que respeitam as liquidações impugnadas foram vendidos antes de serem
matriculados, e que este procedimento foi concretizado pela Impugnante por ser a entidade
competente para o efeito, tendo os registos a favor dos primeiros proprietários sido
efectuados dentro do prazo de 60 dias, a que alude o artigo 42º n.º 1 do Código do Registo
Automóvel de Portugal.
Assim sendo, é possível concluir que o IUC é devido pelo primeiro adquirente da viatura, que
não o importador, se efetuado dentro do prazo e relativamente a viatura por si adquirida, antes
da atribuição da matrícula, sendo pressuposto para a requisição de matrícula, porquanto o
registo anterior a favor do importador, não corresponde à propriedade do veículo, derivando
apenas da sua qualidade de importador, e como tal requerente da atribuição da matrícula.
Na verdade, a FP nem sequer invoca a propriedade pela impugnante relativa aos veículos em
causa, remetendo para o formalismo que a presunção encerra, visto que a Impugnante consta
no registo automóvel como 1ª proprietária dos veículos.
Aqui chegados, podemos concluir sem dificuldade que a impugnante conseguiu ilidir a
presunção, em face da matéria de facto provada, sendo certo que os veículos em causa foram
adquiridos antes de terem sido matriculados e que o registo a favor do adquirente foi
formalizado nos 60 dias seguintes à atribuição de matrícula o que constitui prova bastantes da
concretização da venda, como concluímos da análise do quadro vertido nos factos provados,
e que foi emitido pela própria AT.
Ora, assim e ao contrário do defendido pela FP, a força probatória da factura, assim como a
de outros meios de prova a que a parte lance mão, não deve ser considerada insuficiente, pois
o que tem de se compatibilizar é o meio de prova, com o invocado pelos sujeitos passivos,
pela sua natureza, e pelos vários circunstancialismos do caso.
Não se confunde assim o caso destes autos, em que está em causa um importador de
automóveis, para venda, com o de pessoas colectivas que pretendem fazer a prova da
transmissão acidental da propriedade sobre veículos, em certa data, do seu imobilizado,
através de meros documentos internos.
Face ao exposto, acordam, em conferência, os juízes da secção de contencioso tributário deste
SUPREMO TRIBUNAL ADMINISTRATIVO em negar provimento ao recurso e confirmar a
decisão recorrida que, em consequência, se mantém na ordem jurídica.
A luz do Direito Cabo-verdiano, em Cabo Verde existem sete tipos de impostos, sendo os
três principais o imposto único sobre rendimentos (IUR), o imposto único sobre o
património (IUP) e o imposto sobre o valor acrescentado (IVA) e, os restantes, o imposto
sobre consumos especiais, o imposto de selo, o imposto de circulação e o imposto de
incêndio. Portanto, à luz do Direito Cabo-verdiano este caso está a debruçar-se sobre o
imposto único de circulação.
Imposto de Circulação de Automóvel
O Imposto de Circulação de Automóvel (ICA) é uma taxa cobrada pelas autarquias locais em
relação aos veículos matriculados ou registados em Cabo Verde e que se encontram em uso,
isto é, que circulem pelos seus próprios meios ou estacionem nas vias ou recintos públicos.
Deve ser pago na Câmara Municipal da sua área de residência, todos os anos, entre Abril e
Maio, pelo proprietário do veículo ou alguém indicado por ele. O valor a pagar varia de
acordo com a cilindrada e o ano de matrícula do automóvel.Prestação do serviço é imediato.
1ª Vez:
● Livrete
● Título de propriedade
Renovação
● Número de Matrícula da viatura ou nome do proprietário da viatura
No disposto artigo Artigo 114º, nº 1 e 2 do Codigo Geral Tributário de Cabo Verde,
Competência da administração tributária
São materialmente competentes para os procedimentos tributários regulados nesta lei, os
órgãos centrais e locais da administração tributária para os tributos nacionais não aduaneiros
e os serviços municipais fiscais, para os tributos municipais.
Sem prejuízo do disposto em lei especial, são territorialmente competentes para os
procedimentos tributários de reclamação, revisão, recursos hierárquicos e execução:
● Os serviços municipais fiscais da área de mposto de circulação dos veículos
automóveis.
Portanto, tanto em Cabo Verde como em Portugal, o imposto de circulação automóvel é
aplicado a partir do momento da matrícula ou registo da viatura no território nacional. Com
isto, quer dizer que, as concessionárias automóveis como Caetano Auto, Tuacar Cabo
Verde, MULTIMARCAS AUTO, entre outras empresas que tem direito de comercializar
automóveis, eles não são sujeito passivo de IUC portanto estão livres de pagarem o imposto
de cilculção automóvel pelo facto de que transportam carros para comercialização e esses
carros não estão registados e nem matriculados antes da venda, só a partir do momento que o
carro for vendido para um comprador ali o comprador ao registar e matricular o veículo passa
a ser o sujeito passivo de IUC, ou quando a própria empresa utiliza-o para o seu fim.
Alcir de Carvalho Tavares Cunha, aluno do 2º ano do curso de Direito, disciplina Direito Fiscal