Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2
Thomas Hobbes
1
Bobbio, 1976, pg. 97.
2
Hobbes (1979), Cap. XVII, pg. 103.
3
As leis da natureza, para Hobbes, são somente regras de prudência produzidas pela razão.
4
Hobbes (1979), Cap. XVII, pg. 103.
5
Conceito de Hobbes que será explicado adiante.
6
A razão para Hobbes é a capacidade humana de raciocínio lógico, que permite a ponderação para
descobrir quais os meios para alcançar os fins desejáveis, como a sobrevivência e a paz.
37
7
A instabilidade política da Inglaterra causada pelo confronto entre o poder do rei e o poder do
parlamento. De 1642, com a decapitação do rei Carlos I, a 1660, com a restauração da dinastia
Stuart por Carlos II, a Inglaterra viveu o período do Commonwealth, sob o comando de Cromwell.
Somente em 1689, as forças liberais voltam ao poder, marcando o predomínio do parlamento no
governo inglês.
8
“A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito... a diferença
entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que qualquer um possa com base
nela reclamar benefício... Porque quanto à força corporal o mais fraco tem força suficiente para
matar o mais forte, quer por secreta maquinação, quer aliando-se com outros que se encontrem
ameaçados pelo mesmo perigo.” (Hobbes, 1979, pg. 74)
38
cada homem aquilo que ele é capaz de conseguir, e apenas enquanto for capaz de
conservá-lo”9.
A essa situação acrescem-se as paixões humanas, que levam o homem à
competição impiedosa pelo ganho, a luta pela segurança e pela glória. “De modo
que na natureza do homem encontramos três causas principais de discórdia.
Primeiro, a competição; segundo, a desconfiança; e terceiro, a glória”10.
Nenhum homem pode valer-se apenas de sua inteligência ou de sua força para
garantir totalmente a sua própria segurança. O desejo de paz, entretanto, e outras
paixões como o medo da morte e o desejo de conservar o produto do próprio
trabalho motivam o pacto de união, que simboliza a passagem do estado de guerra
para o de paz com a constituição da soberania absoluta, indivisível e irrevogável.
Para superar este momento de insegurança, os indivíduos comprometem-se
a não intervirem nas ações do soberano. O modo encontrado para regular as
relações foi o contrato em que todos se submetem incondicionalmente a um
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511059/CA
9
Hobbes, 1979, pg.77.
10
Hobbes, 1979, pg. 75.
11
Hobbes, 1979, pg. 108.
12
O poder é entendido em Hobbes como o conjunto de meios empregado para obter uma aparente
vantagem futura. São de dois tipos: força física e poder econômico.
39
leis, o soberano indica o que é justo ou injusto, mas de uma posição de fora,
superior à lei.
A soberania é considerada irrevogável, absoluta e indivisível, não deixando
espaço para qualquer restrição à vontade estatal. Qualquer limitação poderia
comprometer a capacidade do Estado de reagir às situações, o que afetaria sua
sobrevivência, algo inaceitável para Hobbes. Dessa forma, as liberdades
individuais somente podem existir por concessão da vontade do soberano. As
liberdades, como a liberdade de pensamento ou de crença, não eram bem vistas
aos olhos do filósofo inglês, por serem geradoras de dissensões e críticas com o
potencial de, segundo a sua análise, enfraquecer o Estado e levar até a guerra
interna13.
O Poder soberano tem decisão sobre a propriedade, a lei, a justiça e a
liberdade. Hobbes, então, argumenta em favor dessa autoridade, instituída por
meio do contrato social e que reina suprema. O contrato social legaliza e legitima
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511059/CA
13
Bobbio, 1991.
40
que o povo possa viver em paz, tem que ser indivisível. Assim, a multidão seria
levada a uma situação de guerra, contrariamente ao fim para que é instituída
toda soberania”14. Hobbes procura evitar qualquer enfraquecimento do poder
soberano, questionando a divisão do poder como causa de discórdia interna.
A soberania é inalienável e irrevogável. Os seus direitos e privilégios são
inalienáveis, não podem ser desfeitos ou suspensos, de outro modo, a própria
existência da soberania seria posta em risco. O pacto é irrevogável, pois para a
dissolução do pacto o soberano, que não participa do pacto, precisaria concordar
e, como o pacto é entre indivíduos, seria necessária também a concordância de
todos (unanimidade difícil). Tais características objetivam não apenas a
estabilidade, mas a continuidade do poder político.
A soberania, para Hobbes, é absoluta, pois, se houvesse limites, já não seria
poder soberano. Mesmo quando o soberano é o povo, a soberania é tão absoluta
quanto a do monarca. “O rei cujo poder é limitado não é superior àquele ou
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511059/CA
àqueles que têm o direito de limitá-lo. E aquele que não é superior não é
supremo, isto é, não é soberano”15. Como expressão do caráter absoluto, o poder
não está sujeito às leis civis e também não encontra restrição na propriedade
privada, pois ele decide sobre as leis, os direitos e as liberdades dos cidadãos.
A preocupação de Hobbes não é o abuso de poder, mas a insuficiência deste,
a pior situação possível para a sociedade. “E, embora seja possível imaginar
muitas más conseqüências de um poder tão ilimitado, apesar disso as
conseqüências da falta dele; isto é, a guerra perpétua de todos os homens com
seus vizinhos, são muito piores”16. Há, no entanto, uma ressalva: o direito à vida
não é renunciado no pacto originário, uma vez que é o próprio motivador do
pacto. “Se o soberano ordenar a alguém (mesmo que justamente condenado) que
se mate, se fira... ou qualquer outra coisa sem a qual não poderá viver, esse
alguém tem a liberdade de desobedecer”17.
Hobbes, assim como Bodin, descreve as marcas da soberania para melhor
defini-la; dentre elas encontram-se a autoria das leis, o poder de julgar e o decidir
sobre a guerra e a paz. Suas marcas listam as prerrogativas do soberano, sempre
afirmando a posição do soberano como aquele que paira sobre a sociedade e cuja
14
Hobbes,1979, pg. 114-115
15
Hobbes, 1979, pg.118
16
Hobbes, 1979, pg.127
17
Hobbes, 1979, pg.133
41
18
Hobbes, 1979, pg. 115
19
Hobbes, 1979, pg.77
42
20
Merriam, 2001.