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O MENINO QUE DOMOU O VENTO

Foi em Malauí, o país considerado mais pobre do mundo pelo FMI em 2005, que o garoto William
Kamkwamba, com 14 anos, construiu o seu primeiro moinho de vento.

William teve que largar a escola quando estava no segundo grau porque a família não podia mais
bancar seus estudos. Morando em um país miserável, eles conseguiram sobreviver a um dos piores
períodos de fome já vistos, mas nada fez com que o garoto parasse de estudar.

Mesmo sem poder frequentar a escola, William estudava através das anotações de seus amigos. Foi
assim que ele encontrou o conceito básico que o levou à invenção. Um livro chamado “Explicando a
física”, aliado à visão da bicicleta de um amigo do pai, que acendia uma lâmpada ao pedalar, deram
ao garoto a ideia de criar um moinho de ventos.

Coisas velhas ganharam nova vida. A antiga bicicleta do pai se transformou em armação, um
amortecedor inútil virou haste e uma ventoinha de motor e canos de PVC derretidos formaram as
hélices. Faltavam somente esferas de rolamento, que após intensa busca, foram encontradas em uma
velha máquina de moer amendoim esquecida em um ferro-velho.

Com tudo improvisado, até mesmo as ferramentas, o garoto construiu algo parecido com as imagens
vistas nos livros da biblioteca. Ao soprar do vento, as hélices giraram e a lâmpada do pequeno
malauiano se acendeu.
O menino construiu o moinho para ter energia elétrica em casa e proporcionar uma vida mais fácil
para a sua família, mas ele não queria parar por aí. Para ter mais potência e conseguir armazenar
energia, o garoto instalou uma bateria de carro, um disjuntor feito de pregos e imãs de alto-falantes e
interruptores artesanais. Dessa forma ele colocou lâmpadas em todos os cômodos da casa e
completou o projeto energético com painéis solares.

Através da invenção de William todo o povoado de Wimbe, que possui cerca de 60 famílias foi
beneficiado. Porém, os problemas da cidade estão longe de serem resolvidos. Muitas pessoas ainda
morrem durante o período de estiagem e normalmente a população não consegue produzir nem ao
menos a quantidade de milho necessária para o próprio consumo.

Por isso os projetos de William ainda estão longe de acabar. Para ajudar a minimizar o sofrimento de
seus conterrâneos, ele construiu um moinho que bombeia água para irrigar a horta de sua família e
uma bomba, movida a luz solar, que enche os tanques de água para todos os moradores do vilarejo.

O garoto, que acreditou nos ventos, se tornou referência mundial na obtenção de energia limpa.
Hoje, já com 25 anos, voltou a estudar e participa de conferências por todo o mundo, espera um dia
poder criar uma empresa que construa moinhos na África.
A história dele se transformou em livro: “O garoto que domou o vento”, e William também mantém
um blog, onde arrecada doações para que sua família e amigos possam estudar e também para
fazer um documentário sobre sua vida.

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