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IMAGINAÇÃO
Lucas Dorado de Lima-1
Marcio Tokuiti Nomura-2
Leandro de Barros-3
Patrícia Del Nero Velasco-4
1-Universidade Federal do ABC
2-1-Universidade Federal do ABC
3-E. E. Prof. Oscavo de Paula e Silva
4-Universidade Federal do ABC
O RPG (role playing game) é um jogo de interpre- p. 156) –, e de facilitador, cuja tarefa é estimular
tação que tem como característica a imaginação, o os alunos a raciocinarem sobre seus próprios
diálogo e, consequentemente, o pensamento, visto problemas por intermédio das discussões em sala
que no diálogo “os participantes reproduzem em de aula (LIPMAN; OSCANYAN; SHARP, 2001,
seus próprios processos de pensamento a estrutura p. 144). Sobre este ponto, é importante destacar a
a o progresso da conversação [...] o pensamento é a atitude do mestre na condução da história, pois,
internalização do diálogo” (LIPMAN; OSCANYAN; “o Mestre se atreve a soltar-se das amarras de
SHARP, 2001, p. 45). um sistema para conquistar seu público em favor
de uma aventura que o agrade, ou melhor, vive
Ainda sobre as características do diálogo e as
uma aventura com a participação desse público”
relações destas com o pensamento, pode-se afir-
(BRAGA, 2000, p. 8).
mar que:
O RPG pode ter como base vários temas, reais
Quando nos envolvemos no diálogo, devemos estar
ou fictícios; o tempo de jogo varia: podem durar
intelectualmente alertas – não há lugar para o
minutos, horas ou mesmo dias. O processo do jogo
raciocínio desleixado ou para comentários involun-
seria equivalente a de um esforço coletivo em se
tários ou brincadeiras impensadas. Devemos ouvir
escrever uma história. A interpretação ocorre de
cuidadosamente os outros (pois ouvir é pensar),
forma descritiva, isto é, o jogador ao interpretar um
devemos pesar nossas palavras (pois falar é pen-
personagem, irá descrever suas ações em primeira
sar). Devemos, então, ensaiar em nossas mentes o
ou segunda pessoa. Isso porque o limite do fazer é
que nós e os outros dizemos, e reconsiderar o que
bem maior do que o limite do falar, pois o primeiro
deveríamos ter dito ou o que os outros deveriam ter
está submetido ao mundo físico, e o segundo ao
dito. Assim, participar de um diálogo é explorar as
regime das ideias e à imaginação. Por exemplo, se
mais variadas possibilidades, descobrir alternati-
sua personagem precisa em determinada situação
vas, reconhecer outras perspectivas e estabelecer
se segurar em uma árvore e depois pular, ou mesmo
uma comunidade de investigação. (LIPMAN; OS-
voar, no RPG para fazer isso, basta falar que de-
CANYAN; SHARP, 2001, p. 12-13)
terminada ação se pretende fazer, no caso, pular.
O presente trabalho defende ser o RPG uma opor-
O ritmo e a harmonia do RPG são traduzidos em
tunidade extremamente interessante de diálogo.
regras que, quando não respeitadas, estragam o
Para tanto, cabe – em um primeiro momento –
jogo (HUIZINGA, 1996 apud SALDANHA; BA-
explicar como o jogo ocorre.
TISTA, 2009, p. 702). São tais regras que mostram
O RPG é uma espécie de narrativa ditada por um que não existe interface gráfica ou experiência
dos componentes, chamado de “mestre”. Cabe a estética mais poderosa do que a oriunda da nossa
este dizer o que pode ou não ser feito e assim definir imaginação, e tornam a experiência do jogo tão
as alternativas possíveis para cada um, atuando, agradável. Este foi o primeiro motivo que nos
portanto, como um juiz ou árbitro. Essas carac- levou a usar o RPG dentro da sala de aula, pois,
terísticas do “mestre” são muito parecidas com o como afirma Lipman, “o pensamento lógico pode
ideal de professor filósofo: o de mediador – pois, ser incentivado por meio da atividade criativa e,
evita tornar o diálogo um debate ou uma mera inversamente, que a criatividade pode ser alimen-
conversa (cf. SERENO; PISANI; VELASCO, 2010, tada pelo desenvolvimento da capacidade lógica. As
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS