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1 BIOGRAFIA DE CAMILO BOITO

Como profissional que criou raízes nas mais diversificadas áreas Camillo Boito trilhou
seu caminho absorvendo conhecimento e retribuindo com aquilo que aprendeu em sua vida,
se aperfeiçoou como arquiteto, historiador, professor, restaurador, teórico, crítico e escritor,
onde dentro do cenário da arquitetura e restauro do século XIX obteve grande relevância.
Boito nasceu em Roma no ano de 1836 como o primogênito da condessa Giuseppina
Radolinska e do pintor Silvestro Boito, sendo então irmão mais velho do poeta, músico e
libretista Arrigo Boito, foi considerado como nascido em berço repleto de importantes dons
artísticos e dotados de intelecto.
Imagem 1 – Retrato de Camillo Boito

FONTE: Portal de Restauración (2014).


Silvestro tinha uma reputação considerável como retratista, por conta disso ampliou
sua carreira e passou por diversas cidades para desenvolver seu trabalho, sendo uma delas
Veneza, local esse em que passou a morar por certo tempo, e foi nesse palco que Camillo deu
os primeiros passos para sua carreira como arquiteto ao ingressar na Academia de Belas Artes
em 1849. Como estudante de arquitetura seu foco de estudo foi se modificando com o
decorrer das exposições feitas pelos professores que encontrou durante seu caminho, no
princípio esteve extremamente ligado ao neoclassicismo apresentado pelos seus primeiros
educadores, no entanto, ao conhecer Pietro Selvatico Estense e seus ideais, aprofundou-se no
que por ele era pregado, algo que se contrapunha ao ensino das velhas escolas, esta que
Selvatico não aprovava e que por este motivo buscou trazer o que considerava algo de
expressivo e autêntico de suas origens, introduzindo então o estudo da arte medieval da Itália
na Academia.
Em sua formação na Academia Boito recebeu então duas influências de grande
importância que despertaram seu interesse para o estudo da Idade Média, sendo a primeira de
Selvatico que naquele momento publicava obras sobre a arte medieval italiana, e de Ruskin,
que conhecia Pietro e frequentemente ia a Veneza, o que fez cruzar seu caminho com o de
Camillo. É válido ressaltar que a arquitetura medieval italiana era encarada por muitos nesse
período com caráter nacionalista, visto as tentativas de unificação e libertação da Itália.
Após a sua formatura Boito passou a lecionar na Academia, mas esse período passou
por interrupções, visto que começou a realizar viagens de estudo para Roma e Florença em
1856 e começou a desenvolver pesquisas e a publicar textos sobre sua área de estudo, o que se
uniu também ao momento em que passou a ter problemas com o governo austríaco. No ano de
1858 foi escolhido para a restauração da Basílica dos Santos Maria e Donato, na cidade de
Murano, onde pôde desenvolver e fundamentar suas teorias como restaurador, e dessa forma é
importante ressaltar que no ano em que começou suas viagens havia sido criada na região de
Veneza uma legislação específica para a proteção e conservação de monumentos italianos.
Em suas restaurações também teve influências de Eugenne Viollet-le-Duc em seus
ideais e tentou conciliar o conflito de perspectivas quanto a restauro que ali se formava, dessa
forma teve seu lugar como restaurador e teórico considerado um intermédio entre Ruskin e
Viollet-le-Duc.
Durante sua jornada Camillo passou por muitas outras cidades até que por fim decidiu
se estabelecer em Milão, local em que seu irmão morava, e em 1860 passou a lecionar
arquitetura na Academia de Belas Artes de Brera, onde desenvolveu seu trabalho até 1909,
durante esse tempo também foi professor no Politécnico. Em decorrência de toda a
contribuição que fez em vida, ele foi de grande importância nas mudanças e transformações
ocorridas durante este tempo na cultura arquitetônica no país e na forma de lecionar.
Em 28 de junho de 1914, na cidade em que escolheu para se estabelecer e desenvolver
suas pesquisas e estudos por mais de 40 anos, Camillo Boito faleceu.
REFERÊNCIAS

BLOG PORTAL DE RESTAURACIÓN. Camillo Boito. 2014. Disponível em:


<http://portal-restauracion-upv.blogspot.com/p/1.html>. Acesso em: 03 set. 2019.

BOITO, Camillo. Os restauradores. Conferência feita na Exposição de Turim em 7 de junho


de 1884. Tradução de Paulo Mugayar Kühl e Beatriz Mugayar Kühl. Apresentação de Beatriz
Mugayar Kühl. Revisão de Renata Maria Parreira Cordeiro. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.

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