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“Eu vos digo, em verdade, que são chegados os tempos em que todas as coisas devem ser
restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e
glorificar os justos. “ (Espírito da Verdade prefaciando o Evangelho Segundo o Espiritismo)
O Evangelho é um código moral e neste sentido deve ser encarado pelos espíritas. Escrito e
organizado sob a orientação do Espírito da Verdade, seu conteúdo moral sustentam-se através
de verdadeiras vozes que vem esclarecer os homens e convidá-los à sua prática.. Com Allan
Kardec e a codificação do espiritismo, raiou a “Era do Espírito”, Somente o espiritismo bem
compreendido, bem interpretado pode servir de grande alavanca à transformação da
humanidade. Todos os sofismas existentes quebrar-se-ão quando de encontro com a razão,
pois esta nada lhe tem a opor. Embasada nas Leis da Natureza, corresponde às legítimas
aspirações do homem, posto que é esclarecedor e induz à prática moral. A fraternidade é o laço
de união da família espírita, mantida através da unidade fundamental em torno do Evangelho de
Jesus.
A missão dos espíritas, embasada firmemente no bem , transforma-se na estrada das reflexões
para compreendermos melhor os esforços à consolidação do espiritismo.
O Brasil, cujas Leis são compatíveis com as Leis do Criador, tem uma missão, assim como a
cada tempo os diferentes povos também a tiveram, como foi o caso de Atenas e Roma que
desempenharam papel importante, a seu turno, na formação do Estado e com profundas
reformulações nos caminhos históricos da Humanidade. . Nossa Pátria, hoje, está em seu
momento de “servir de farol “ aos outros povos. Emmanuel, em seu prefácio no livro de autoria
espiritual de Humberto de Campos, “Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho” esclarece:
“O Brasil não está somente destinado a suprir as necessidades materiais dos povos mais
pobres do planeta, mas, também, a facultar ao mundo inteiro uma expressão consoladora de
crença e de fé raciocinada e a ser o maior celeiro de claridades espirituais do orbe inteiro”...
A concepção de que o Brasil tem uma missão especial relativamente à Doutrina Espírita,
registra-se quase que ao tempo do início do espiritismo entre nós. O Espírito Ismael, falando de
sua própria missão como condutor do espiritismo no Brasil, através do médium Albino
Gonçalves Teixeira, transcrito no Reformador de primeiro de abril de 1920, com clareza
inigualável afirma: “ A árvore do Evangelho, semeada há dois mil anos na Palestina, eu a
transplantei para o rincão de Santa Cruz, onde o meu olhar se fixa, nutrindo o meu espírito a
esperança de que breve florescerá, estendendo a sua fronde por toda parte e dando frutos
sazonados de amor e perdão”.
A “árvore do Evangelho”, entre nós, ainda está em pequeno porte mas em nenhum outro país
trabalha-se mais pela renascença do cristianismo. No Brasil ela cresce, ergue-se e projeta-se,
espalhando-se e ramificando-se, alimentando cada dia mais a unidade de raças e ideologias,
através de uma única estrutura, firmemente amparada pela humildade, amor fraternal e paz
construtiva, preparando e engrandecendo a fé e a moral Cristã, à luz do Consolador.
As falanges revezar-se-ão. A tarefa é vagarosa, mas é a única forma sensata de transformação.
Agora é chegado o tempo. O nosso tempo de reconhecer a vivência do Evangelho de Jesus
Cristo objetivando conhecê-lo e difundi-lo pela humanidade.
É chegado o tempo de promover a unidade fundamental do Movimento Espírita que sempre
deve trilhar o entendimento, a confraternização, a harmonia das próprias atividades em face à
promoção da união que deve reinar nos Centros Espíritas.
É tempo de promover evangelização em vistas ao aprimoramento íntimo; é tempo de incentivar
e orientar jovens às tarefas no Centro; é tempo de promover a divulgação da Doutrina Espírita
através da difusão do livro espírita, periódicos, rádios e televisão, estudo da mediunidade,
assistência espiritual e a efetiva realização do Evangelho no Lar.
Aproxima-se o tempo da real transformação da Humanidade o que faz necessário colocar ao
alcance e a serviço de todos a mensagem consoladora que a Doutrina Espírita oferece.
”Recordemos, na palavra de Jesus, que ‘a casa dividida rui’ , todavia ninguém pode arrebentar
um feixe de varas que se agregam numa união de forças”. (Bezerra de Menezes, psicografado
por Divaldo P.Franco, Unificação paulatina, união imediata, trabalho incessante....-‘Reformador’
fev/76)
MENSAGEM PARA O BRASIL
Doris Madeira Gandres
Já há alguns anos gozamos a felicidade de uma situação política democrática - ainda que tão
conturbada e nem sempre respeitada - em que podemos nos servir do voto, do protesto, de
manifestações, de reivindicações, de greves, na busca de melhoria das condições sociais, num
país em que as desigualdades são absurdamente gritantes, atingindo atualmente um nível que
eu classificaria de praticamente insustentável.
É por isso que hoje, apesar de tantas arbitrariedades inerentes a esse neoliberalismo
desenfreado que campeia na maior parte dos centros decisórios do país, causa profundo
espanto encontrar publicada por um jornal espírita da atualidade uma mensagem de um espírito
que se assina “Emmanuel”, psicografada em 1971, em plena ditadura, autoritária a ponto de
decretar um AI5 fechando o Congresso Nacional, capaz de fazer calar e desaparecer vozes de
ilustres cidadãos que ainda bradavam pelo respeito aos direitos civis e humanos dos brasileiros,
mensagem que, naquele tempo, dentro daquele contexto, expressava as seguintes idéias:
(...) “Se o Brasil puder conservar- se na ordem e na dignidade, na justiça e no devotamento ao
progresso que lhe caracterizam os dirigentes, mantendo o trabalho e a fraternidade, a cultura e
a compreensão de sempre, para resolver os problemas da comunidade e, com o devido
respeito a personalidade humana... (...) E vai aí afora, dissertando sobre seus altos desígnios
de Pátria do Evangelho, como se, mais uma vez, pudéssemos aceitar a idéia de povo eleito.
Esse texto, reproduzido atualmente, quando já se conhece um pouco melhor o que ocorreu
naqueles tristes anos no que se refere particularmente à justiça, à fraternidade, ao respeito às
criaturas e à sua liberdade de pensar, de ir e vir, direitos esses garantidos não só pela lei
natural mas também pelas leis humanas, leva a inúmeras reflexões, nenhuma delas,
lamentavelmente, favorável.
Kardec foi muito claro quando recomendou, na Introdução do Evangelho Segundo o
Espiritismo, ítem II, que toda teoria em contradição com o bom senso, com uma lógica rigorosa
e com dados positivos que possuímos por mais respeitável que seja o nome que a assine, deve
ser rejeitada: assim como foi Emmanuel quando recomendou a Chico Xavier que, se em algum
momento ele se afastasse dos princípios espíritas, que Chico o abandonasse e ficasse com
Kardec. Nós, porém, não só aceitamos conceitos contraditórios com a doutrina que
espontaneamente escolhemos, como ainda os divulgamos envoltos num clima de dogmatismo
que não admite nenhuma análise, nenhuma crítica, nenhuma contestação, ainda que bem
intencionada e, sobretudo, indicando claramente o equívoco.
Ainda nessa mesma mensagem, em determinado trecho, esse “Novo” Emmanuel afirma:
“Embora nos reconheçamos necessitados da fé raciocinada com o discernimento da Doutrina
Espírita, é forçoso observar que não é a queda dos símbolos religiosos aquilo que mais
carecemos (...) mas sim de uma nova versão deles (...)” E então nos lembramos que a Doutrina
Espírita não se serve de símbolos religiosos de espécie alguma, como também deles não se
serviu o querido mestre galileu, modelo de absoluta simplicidade, e que portanto uma nova
versão deles seria absolutamente inútil para nós, espíritas - desde que esclarecidos e
verdadeiramente adeptos da codificação kardequiana...
O que me leva a externar essas reflexões acerca dessa mensagem é o medo, medo sim,
queridos companheiros de ideal, medo de ver repetir- se o que já vimos acontecer tantas vezes
devido à nossa passividade, à nossa covardia, ao nosso comodismo - o que fez de nós, no
decorrer de tantos séculos, no mínimo, cúmplices omissos de deturpações engendradas fria e
calculadamente por um restrito grupo de mentes altamente inteligentes, intelectualizadas e
ambiciosas, que não hesitavam em enganar os ingênuos, os crédulos, em servir-se de métodos
excusos e da hipocrisia mascarada de bondade, de complacência, de compreensão, de
caridade...
A maioria de nossas publicações parece ter sido realizada e impressa no Vaticano, tal a
quantidade de matérias de cunho fortemente místico - aliás, temos até uma Casa Mater e
nossos centros espíritas vêem-se designados templos de oração; nos eventos, “participantes de
cadeira cativa”, sempre os mesmos, são designados pelos termos tão apreciados pelos
manipuladores de outrora e de hoje: tribuno, excelso, confrade, confreira etc; as reuniões,
seminários, encontros, congressos, parecem concílios e conclaves católicos, acompanhados de
cantos que apelam para o sentimentalismo das pessoas presentes, de preces recitadas em voz
alta e em conjunto, de palanques transformados em verdadeiros altares com toalhas brancas,
rendadas, e flores (só nos faltam, por enquanto, as velas...) - uma cópia do que vem
acontecendo em outras filosofias evangélicas, recentemente, dirigentes “espíritas” reuniram-se
em um encontro estadual para definir, hierarquizar e assumir a coordenação de projetos. Mais
uma vez estamos presenciando impassíveis uma determinada classe pretender impor seus
conceitos pessoais à massa de adeptos, falando até mesmo em hierarquizar...
Observando tantas distorções e manipulações que hoje vem sendo consumadas no meio
espírita e vendo quão poucas vozes se levantam para soar o alarme, ainda o medo torna-me
audaciosa, embora não tanto quanto os que se atrevem a manusear de forma tão inadequada
os preceitos claros e transparentes da nossa Doutrina Espírita. E para refrescar a nossa
memória, transcrevo o início da mensagem do Espírito Erasto, a respeito dos “falsos profetas
da erraticidade” (ESE, Cap.XXI, item 10):
“Os falsos profetas não existem apenas entre os encarnados, mas também, e muito mais
numerosos, entre os Espíritos orgulhosos que, fingindo amor e caridade, semeiam a desunião e
retardam o trabalho de emancipação da Humanidade, impingindo-lhe sistemas absurdos,
através dos médiuns que os servem. Esses falsos profetas, para melhor fascinar os que
desejam enganar, e para dar maior importância à suas teorias, disfarçam-se
inescrupulosamente com nomes que os homens só pronunciam com respeito.”