Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sociabilidade
Perspectivas do capitalismo global
Projeto Editorial Praxis
www.canal6.com.br/praxis
Trabalho e
Sociabilidade
Perspectivas do capitalismo global
2ª edição 2012
Bauru, SP
Copyright do Autor, 2009
ISBN 978-85-7917-010-2
Conselho Editorial
Prof. Dr. Antonio Thomaz Júnior – UNESP
Prof. Dr. Ariovaldo de Oliveira Santos – UEL
Prof. Dr. Francisco Luis Corsi – UNESP
Prof. Dr. Jorge Luis Cammarano Gonzáles – UNISO
Prof. Dr. Jorge Machado – USP
Prof. Dr. José Meneleu Neto – UECE
ISBN 978-85-7917-201-4
CDD: XXX
I
mpulsionou-se nos “trinta anos perversos” de capitalismo global (1980-2010),
sob a égide das políticas neoliberais e a financeirização da riqueza capitalista,
a reestruturação produtiva do capital. Nessa nova temporalidade histórica,
alteraram-se as relações de trabalho, e a desigualdade social e a precarização es-
trutural das relações salariais nos vários países capitalistas foram disseminadas.
Ocorreram mudanças radicais na base sóciotécnica do sistema produtor de mer-
cadorias. Tivemos a Terceira Revolução Industrial, caracterizada pela revolução
informática e informacional, com impactos candentes na produtividade do traba-
lho social. Ao mesmo tempo, nas últimas décadas difundiu-se, com o capitalismo
manipulatório, o espírito do toyotismo como a ideologia orgânica da gestão capi-
talista sob o regime de acumulação flexível. Nunca o sistema mundial do capital
sofreu, em tão pouco tempo, mudanças sóciotécnicas tão amplas e significativas
em suas bases de produção, consumo e reprodução social.
Em vista da crise em suas bases, o capital implementou contundentes res-
postas estruturais de caráter sistêmico. Em vez de soluções parciais e locais, aos
poucos foram disseminadas, no plano global, alterações não apenas no mundo da
economia capitalista, coordenado pelas tecnoburocracias globais (FMI e Banco
Mundial), mas também mudanças profundas na forma de ser do Estado político e
da produção social do capital, além de modificações no mundo da ideologia e da
cultura com impactos diruptivos nos processos de subjetivação das classes sociais.
Enfim, eis o sentido do globalismo como prática de mudanças sistêmicas nas
múltiplas determinações da vida social sob o novo capitalismo. É a partir desse
fato histórico irremediável que se coloca, no plano do pensamento crítico, a ne-
cessidade epistemológica do ponto de vista da totalidade concreta e da articulação
dialética entre o local e o global, assim como a percepção crítica das diversas terri-
torialidades pelas quais é constituída a modernidade do capital. Isso significa que
o globalismo é, também, um fato epistemológico.
Este livro coletânea é produto das reflexões feitas no VII Seminário do Traba-
lho – Trabalho, Educação e Sociabilidade, evento internacional ocorrido na Uni-
versidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Marília, entre os dias 24 e 28 de
maio de 2010. Os Seminários do Trabalho são organizados pela Rede de Estudos
do Trabalho (RET) e voltados para discutir as transformações do mundo do tra-
balho numa perspectiva crítica e interdisciplinar. Enquanto fato epistemológico,
o globalismo do capital exige de nós, investigadores sociais, uma postura crítica e
radical diante do novo (e precário) mundo do trabalho que emerge com o capita-
lismo global do século XXI. Essa é a tarefa política da RET.
Giovanni Alves
Roberto Leme Batista
Arakin Monteiro
Sumário
9 Capitulo 1
Maquinofatura: breve nota teórica sobre a nova forma social da
produção do capital na era do capitalismo manipulatório
Giovanni Alves
21 Capitulo 2
A ideologia do capital na crise: Trabalho, educação e cidadania
Roberto Leme Batista
35 Capitulo 3
Estrategias de control y disciplinamiento laboral: la consolidación del
orden hegemónico empresarial
Claudia Figari
49 Capitulo 4
A educação escolar face à sociabilidade capitalista
Celso João Ferreti
65 Capitulo 5
Da dominação simbólico-ideológica (direta) da classe à dominação
simbólico-ideológica (indireta) de classe
João Aguiar
105 Capitulo 6
Trabalho, classes sociais e luta política
Henrique Amorim
119 Capitulo 7
Jornada, Intensidade e Produtividade do Labor
Sadi Dal Rosso
131 Capitulo 8
Superexplotación del Trabajo y Desmedida del Valor
Adrián Sotelo Valencia
145 Capitulo 9
Trabajo no Clásico, Organización y Acción Colectiva en Trabajadores no
Clásicos
Enrique de la Garza Toledo
175 Capitulo 10
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas
latinoamericanas en la década 2010
Alberto L. Bialakowsky; Cecilia Lusnich; Pilar Fiuza; Ariadna Junor
Umpierrez; Guadalupe Romero e Romina Bravo
195 Capitulo 11
Trabalho, Tecnologias da Informação e Valores-Fetiche: Notas sobre o
discurso ideológico do trabalho na Google
Arakin Monteiro
CAPITULO 1
Maquinofatura
Breve nota teórica sobre a nova
forma social da produção do capital
na era do capitalismo manipulatório
Giovanni Alves1
A
o tratar da produção da mais-valia relativa no capítulo 13 da Seção IV do
livro I de “O Capital”, Karl Marx nos apresenta as formas sociais da pro-
dução do capital: manufatura e grande indústria. Podemos considerá-las
formas sócio-históricas no interior das quais se desenvolve o modo de produção
capitalista. Entretanto, manufatura e grande indústria não são apenas categorias
críticas da economia política do capital, mas também categorias sociológicas que
implicam um determinado modo de controle sociometabólico aflorado com a ci-
vilização do capital.
Cada forma social de produção do capital exposta por Karl Marx corresponde
a um modo de subsunção da força de trabalho ao capital adequado ao modo de
produção de mais-valia propriamente dito, que, por conseguinte, diz respeito a
uma determinada dialética histórica do metabolismo social. Enquanto a subsun-
ção formal do trabalho ao capital corresponde à manufatura, a subsunção real
do trabalho ao capital equivale à grande indústria. É com a grande indústria que
emerge o modo de produção capitalista propriamente dito.
Para ir além da mera crítica da economia política, desvelando em seu interior as
verdadeiras dimensões sociológicas do movimento do capital, deve-se apreender, em
suas múltiplas determinações, o padrão sociometabólico que diz respeito a cada modo
de produção de mais-valia ou modo de subsunção da força de trabalho ao capital.
Em “O Capital”, Marx expõe uma lógica histórica dialética, mostrando que
o desenvolvimento das formas sociais no interior das quais ocorre a produção do
capital não é meramente linear e contínuo. O que Marx expõe na Seção IV dessa
mesma obra não são apenas etapas da produção do capital, nas quais, por exem-
10
Maquinofatura – Breve nota teórica sobre a nova forma social da produção do capital na era do capitalismo
manipulatório
11
CAPÍTULO 1
orientada a um fim. Tendo em vista o homem como um animal social, a sua vida
física e mental implica, por conseguinte, um processo metabólico entre o homem
e si mesmo, isto é, o homem e seus semelhantes, e ele consigo mesmo (o que expõe,
desse modo, o caráter sociometabólico do trabalho como atividade vital).
Na medida em que a vida física e mental do homem-que-trabalha está interli-
gada com a Natureza externa e interna, como já foi descrito, o revolucionamento
das formas de produção social, isto é, das formas de produção de mais-valia, signi-
fica também o revolucionamento radical das instâncias de reprodução social. Em
“O Capital”, Marx diz: “Ao atuar, por meio desse movimento sobre a Natureza ex-
terna a ele e ao modificá-la, ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza [o
jovem Marx diria: ‘sua vida física e mental’-GA]. Ele desenvolve as potências nela
adormecidas e sujeita o jogo de suas forças a seu próprio domínio.” (Marx, 2004)
Assim, a categoria de trabalho não diz respeito apenas à produção propria-
mente dita e ao local da exploração ou produção de mais-valia – o local de traba-
lho propriamente dito. Ela implica a própria atividade vital ou o processo entre o
homem e a Natureza – a (1) matéria natural que ele se apropria para dar-lhe uma
forma útil para sua própria vida e a (2) sua própria vida física e mental (corporali-
dade, braços e pernas, cabeça e mãos), elementos postos não apenas no interior do
território da produção (por exemplo, a fábrica, a loja ou o escritório), mas também
nas instâncias da reprodução social.
O trabalho como um processo metabólico entre o homem e a Natureza im-
plica a regulação e o controle social historicamente determinados. O modo de
produção capitalista é um modo de organização do processo de trabalho, ou seja,
de regulação e de controle social desse processo metabólico entre o homem e a
Natureza, caracterizado pelo trabalho alienado/estranhado [Entfremdung Arbeit].
Ao revolucionar o modo de produção capitalista, o capital revoluciona os ele-
mentos do processo de trabalho os quais são a atividade orientada a um fim – no
caso do modo de produção capitalista, a atividade vital estranhada, tendo em vista
que ela possui um telos estranhado; e seu objeto e seus meios técnicos (ou tecnoló-
gicos), que aparecem como capital propriamente dito ou condições objetivas do
processo de produção de mais-valia. A sociedade do capital ou sociedade moderna
é a sociedade do trabalho alienado/estranhado. A organização social das ativida-
des humanas, com seus objetos e meios, isto é, o modo de controle do metabolismo
social, incorpora o caráter do trabalho alienado.
Na medida em que a atividade vital do homem ou a produção da sua vida fí-
sica e mental, imprescindível para a produção da mais-valia relativa, corresponde
a instâncias sociais que operam, por exemplo, no território do consumo e lazer, o
revolucionamento do modo de produção implica, cada vez mais, o revoluciona-
12
Maquinofatura – Breve nota teórica sobre a nova forma social da produção do capital na era do capitalismo
manipulatório
mento do modo de vida, ou seja, de todas as relações sociais. O Marx de 1844 diria:
é o revolucionamento da “vida do gênero” [Gattungsleben] na sua forma abstrata e
alienada (diz ele: “A vida mesma aparece só como meio de vida” – eis o verdadeiro
sentido do trabalho assalariado).
Essa é uma característica ontológica da sociedade do capital como uma socie-
dade do trabalho alienado. Ao revolucionar o modo de produção, revolucionam-
-se também as condições sociais. Portanto, as categorias de manufatura e grande
indústria são categorias sociológicas que contêm, em si e para si, um modo de vida
social – o comunista Antonio Gramsci, em “Americanismo e fordismo”, explici-
tou, com vigor genial, as derivações ontometodológicas da constatação marxiana:
trabalho e vida estão interligados (Gramsci, 1984).
Portanto, o desenvolvimento do processo de produção do capital é um movi-
mento de explicitação sucessiva da interligação entre vida e produção de valor. É a
afirmação candente do processo de trabalho como um processo entre o homem e
a Natureza, que não se reduz à matéria natural, objetos e meios, mas sim em uma
Natureza capaz de incorporar a vida física e mental do homem-que-trabalha. Per-
cebe-se que o capital em processo implica, cada vez mais, a dimensão da atividade
vital no modo de produção de valor. Aprofunda-se, na ótica do Marx de 1844, a
alienação da vida do gênero. Eis, portanto, o sentido do conceito de maquinofatura
como terceira forma social da produção do capital. É o que veremos a seguir.
13
CAPÍTULO 1
14
Maquinofatura – Breve nota teórica sobre a nova forma social da produção do capital na era do capitalismo
manipulatório
15
CAPÍTULO 1
3. A Maquinofatura
16
Maquinofatura – Breve nota teórica sobre a nova forma social da produção do capital na era do capitalismo
manipulatório
17
CAPÍTULO 1
18
Maquinofatura – Breve nota teórica sobre a nova forma social da produção do capital na era do capitalismo
manipulatório
19
CAPÍTULO 1
Instaura-se, desse modo, a crise da pessoa humana em sua dimensão radical, co-
locando-se a centralidade da formação da classe e a necessidade do controle social
como questões estratégicas da emancipação humana.
Referências bibliográficas
ALVES, Giovanni (2011) Trabalho e subjetividade: o espírito do toyotismo na era do capitalismo
manipulatório, São Paulo: Boitempo editorial.
________________. (2009) A condição de proletariedade, Bauru: Editora Praxis.
________________. (2002) “Ciberespaço e fetichismo”, In Dialética do Ciberespaço: Traba-
lho, Tecnologia e Política no Capitalismo Global, Bauru: Editora Praxis.
FAUSTO, Ruy (1989) “A Pós-grande indústria nos Grundrisse (e para além deles)”, In Lua
Nova, Novembro de 1989, no. 19. São Paulo: Cedec.
GRAMSCI, Antonio (1984) Maquiavel, a Política e o Estado Moderno. Rio de Janeiro: Civili-
zação Brasileira.
HADDAD, Fernando (1997) “Trabalho e classes sociais”, Tempo Social, São Paulo: USP
KAPLINSKY, Raphael (1989) “Industrial restructuring in LDCs: the role of information tech-
nology”, Seminário internacional “Padrões Tecnológicos e Processo de Trabalho - Comparações
internacionais”, São Paulo: Convênio USP/BID.
MARX, Karl (1996) O Capital – Crítica da Economia Política. Volume I, São Paulo: Abril Cultural.
________________. (2004) Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo editorial.
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich (1998) Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo editorial
TEIXEIRA, Francisco e FREDERICO, Celso (2008) Marx no Século XXI, São Paulo: Cortês.
20
CAPITULO 2
N
o contexto da mundialização financeira do capital, impera uma crise sin-
tomática que estoura em bolhas especulativas e falências generalizadas
dos Estados Nacionais, cujos últimos epicentros ocorreram na Grécia,
em Portugal e em outros Estados da União Européia. Nesse processo, o mais es-
petacular é a crise na qual mergulhou o Estado que se constitui o principal ícone
capitalista: Os Estados Unidos da América.
Não deixa de ser curioso, nesse contexto de crise que se arrasta nas últimas
décadas, os ideólogos do capital comportarem-se como verdadeiros arautos na
disseminação de premissas capazes de iludir segmentos da classe trabalhadora
quanto à possibilidade de ascender socialmente por meio da educação. Esses ide-
ólogos encontram-se em postos estratégicos das instituições multilaterais (Banco
Mundial, UNESCO, OIT, CEPAL etc.) e também em funções importantes nos
Ministérios e Secretarias de Estado, quando não atuam diretamente em institui-
ções privadas do capital e suas agências de formação, voltadas para a qualificação
e capacitação profissional.
Ao confrontar diversos documentos produzidos no âmbito dessas institui-
ções, verificamos uma apropriação e adaptação de conceitos, ideias, políticas e
ideologias da época de ouro do capitalismo, ou seja, das duas décadas posteriores
à Segunda Guerra Mundial. Portanto, coisas da era de regulação keynesiana e for-
dista são revigoradas para o contexto da acumulação produtiva, cujo momento
predomina os princípios e nexos organizacionais do toyotismo associados e com-
binados ao trabalho precário, parcial, temporário e degradado da era do capitalis-
mo global, fundado na ideologia neoliberal.
Sendo assim, um dos discursos mais recorrentes no âmbito das instituições
multilaterais, do MEC e das organizações patronais baseia-se na formação de re-
cursos humanos, com enfoque na teoria do capital humano por meio da apropria-
ção e adaptação da mesma para o contexto do capitalismo global. Essa retórica
expande-se associada à ideologia da empregabilidade, do empreendedorismo e da
noção de competências, articulada aos assim chamados pilares da educação para o
século XXI: saber aprender, saber fazer, saber ser, saber viver juntos, saber sonhar.
Dessa forma, a ideologia da educação, voltada para o trabalho e a cidadania,
funda-se na premissa do individualismo possessivo, pois o indivíduo é entendi-
do como um ser dotado de capacidades extraordinárias, que possui competên-
cia profissional e sabe articular e mobilizar valores, habilidades e conhecimentos
para resolver não apenas os problemas rotineiros, mas também os inusitados. Não
bastassem tamanha competência e eficiência profissional, essa ideologia enfatiza,
ainda, o indivíduo competente como aquele capaz de agir de forma eficaz diante
de acontecimentos inesperados que fogem ao habitual, de superar a experiência
acumulada transformada em hábito, liberando-se, assim, para a criatividade e a
atuação profissional transformadora.
Nessa perspectiva, de acordo com a CEPAL, as mudanças educacionais no
contexto da globalização demandam reformas que constituem um eixo funda-
mental do conjunto de transformações políticas e econômicas, o qual, ao se ex-
pandir, viabiliza oportunidades de bem-estar aos indivíduos. Portanto, a CEPAL
enfatiza que o investimento em educação gera efeitos positivos na produtividade
dos recursos humanos, na formulação da cidadania moderna, nas capacidades da
população para articular e processar demandas e também nos comportamentos
demográficos. Sendo assim, a comissão salienta a necessidade de se refletir sobre
os objetivos que as políticas educacionais devem cumprir para melhorar a eficácia
e a eficiência, garantindo o êxito de tais objetivos estratégicos.
Na visão da CEPAL, assim como na da UNESCO, a educação voltada para a ci-
dadania constitui-se num exercício responsável por conduzir o indivíduo à cultura
participativa na sociedade, garantir-lhe plena autonomia, acesso à informação e a
capacidade de exercitar seu papel de cidadão com juízos críticos. Vemos então que
essa retórica adota os princípios neoliberais da afirmação do indivíduo possessivo2.
22
A ideologia do capital na crise: Trabalho, educação e cidadania
23
CAPÍTULO 2
24
A ideologia do capital na crise: Trabalho, educação e cidadania
25
CAPÍTULO 2
26
A ideologia do capital na crise: Trabalho, educação e cidadania
27
CAPÍTULO 2
28
A ideologia do capital na crise: Trabalho, educação e cidadania
29
CAPÍTULO 2
30
A ideologia do capital na crise: Trabalho, educação e cidadania
31
CAPÍTULO 2
32
A ideologia do capital na crise: Trabalho, educação e cidadania
Referências bibliográficas
ALVES, Giovanni. A condição de precariedade. Londrina: Práxis, 2009.
ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? – ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do
mundo do trabalho. São Paulo: Cortez, 1995.
ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho – ensaio sobre afirmação e a negação do trabalho.
São Paulo: Boitempo, 1999.
BATISTA, Roberto Leme, TUMOLO, Paulo Sérgio (Org.). Trabalho, economia e educação: pers-
pectivas do capitalismo global. Londrina: Práxis; Maringá: Massoni, 2006.
BATISTA, Roberto Leme; ARAUJO, Renan (Org.) Desafios do trabalho: capital e luta de classes
no século XXI. Londrina: Práxis; Maringá: Massoni, 2003.
BATISTA, Roberto Leme. A ideologia da nova educação profissional no contexto da reestrutura-
ção produtiva. São Paulo: Editora da UNESP, Coleção Propg Digital, 2011.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares para a educação profissional de nível
técnico. Parecer CNE/CEB n.º 16/99, Brasília: MEC, 1999b.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares para o ensino médio. Parecer CNE/
CEB n. 15/98, Brasília: MEC, 1998.
MAGDOFF, Harry. Imperialismo: da era colonial ao presente. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
GONZALEZ, Jorge Luis Cammarano. Educação, cidadania e emancipação. Revista de Sociolo-
gia. N.º 1, UNESP, Araraquara, p. 49-53, 1996.
KUENZER, Acácia Z. Da dualidade assumida à dualidade negada: o discurso da flexibilização
justifica a inclusão excludente. Educação & Sociedade, Campinas, v. 28, n. 100 - Especial, p.
1153-1178, out. 2007.
MELLO, Guiomar Namo de. Cidadania e competitividade: desafios educacionais do terceiro
milênio. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
MÉSZÁROS, István. O poder da ideologia. São Paulo: Ensaio, 1996.
NAGEL, Lízia. O “aqui e o agora”, sem o “ontem e o amanhã”, nas políticas de educação. Casca-
vel-PR: Edunioeste, 2003.
POPKEWITZ, Thomas S. Reforma educacional: uma política sociológica – poder e conhecimen-
to em educação. Porto alegre: Artes Médicas, 1997.
33
CAPITULO 3
Estrategias de control y
disciplinamiento laboral: la
consolidación del orden
hegemónico empresarial
Claudia Figari1
1. Introducción
L
as transformaciones económico-productivas y sociolaborales han significa-
do el ajuste y reorientación de las políticas empresarias para el trabajo. La
década de los años 90 marca en este sentido un escenario clave, tanto en va-
riadas formas de modernización/racionalización, certificación de normas de cali-
dad, como en cuanto a la impronta flexibilizadora definida desde la norma estatal
y en los convenios y actas de acuerdo regulados. La hegemonía neoliberal-toyotista
se expresó para la clase trabajadora en exclusión sistemática de las fábricas y pre-
carización laboral a partir del impulso que las estrategias del capital despliegan en
contextos situados.
El estallido de la crisis en 2001 en Argentina aportó un elemento sustancial
para recomponer la acción de resistencia popular hasta esa instancia disgregada.
Así, el embate neoliberal afincado a la vez en las estrategias patronales como en
las políticas gubernamentales fueron interpeladas por los trabajadores organiza-
dos colectivamente, por los movimientos de trabajadores desocupados y por la
sociedad civil organizada en asambleas populares. Esta resistencia, sin embargo,
fue eclipsándose en el transcurso de los años posteriores, aunque la reactivación
económica no se tradujo en una reversión de los contenidos flexibilizadores vía la
negociación colectiva. No obstante, la reactivación sindical en el último lustro se
expresó en un movimiento donde los trabajadores interpelaron a un sector de la
36
Estrategias de control y disciplinamiento laboral: la consolidación del orden hegemónico empresarial
G., 1985). Esta conversión amerita un estudio detenido acerca de las represen-
taciones y posicionamientos de los trabajadores, en términos de que conlleve o
no el convencimiento de la fuerza laboral. Esta aproximación contribuye a la
comprensión de las formas de control social imperantes y de los sentidos que
se codifican tras operaciones complejas que requieren de un análisis detenido.
Aquí se dirime la recomposición del orden técnico-productivo y social-cultural-
político en las firmas, con consecuencias fundamentales en la valorización de
los saberes puestos en juego en el acto de trabajo por parte de los trabajadores y
respecto de las nuevas jerarquías sociales implementadas en tanto “distinciones
simbólicas” traducidas en forma relativa en las clasificaciones profesionales ne-
gociadas colectivamente. También se derivan consecuencias fundamentales en
la segmentación de los colectivos de trabajadores3.
Nuestra tesis postula que las nuevas formas de control social dinamizadas en
contextos de modernización/racionalización laboral asumen efectividad en tan-
to tengan un anclaje en el proceso de trabajo y valorización, es en ese territorio
donde se disemina estratégicamente el conocimiento oficial empresarial4 (Apple,
1996) que reenvía a la superestructura empresaria. La expresión del conflicto ma-
terial y las formas sofisticadas en que se asientan, en la fase actual del capitalismo
global, las estrategias de control y disciplina, requieren, desde nuestra perspecti-
va, asumir una visión integral de las organizaciones productivas y promover un
análisis multidimensional que se sitúe a la vez en el plano de la superestructura
empresaria como en la materialidad del proceso de trabajo. De esta forma, los sis-
temas de “mejora continua de la calidad” aportan una puerta de entrada para in-
dagar en la puesta en forma del control sobre la fuerza laboral. La “calidad total”
evoca el principio normativo imperante fronteras dentro y fuera de las fábricas.
Es decir, la “mejora continua” queda asociada a la fase actual de desarrollo de las
fuerzas productivas y del dominio expansivo del capital. En este sentido, calidad
total evoca a la vez una frontera discursiva/material capaz de ser considerada
3 Una de las líneas de investigación que hemos desarrollado desde el área Educación y Trabajo
del Ceil-Piette del Conicet en los últimos años, ha focalizado en las transformaciones de los
mercados internos de trabajo a partir de los recomposición y sostenimiento de la hegemonía
empresarial sobre el trabajo. Se constata en diversas empresas, como estrategia recurrente
en la gestión del trabajo, la tercerización de un conjunto de trabajadores que coexisten con
otros que tienen una relación efectiva con la empresa central. Se establece así la estabiliza-
ción de un conjunto de trabajadores, devenido en estratégico, y otro subalternizado, con
condiciones de empleo y de trabajo precarias. Ambos grupos se constituyen en funcionales
a la estrategia patronal.
4 Si bien M. Apple se refiere al espacio educacional, consideramos pertinente destacar los
alcances que asume la doctrina corporativa empresarial en tanto conocimiento sistematiza-
do/normalizado y legitimado. Así, nos referimos al conocimiento oficial empresario.
37
CAPÍTULO 3
38
Estrategias de control y disciplinamiento laboral: la consolidación del orden hegemónico empresarial
39
CAPÍTULO 3
ner la hegemonía empresarial sobre el sector del trabajo, y luego, en una segunda
fase, para alcanzar su sostenimiento. Estas aproximaciones también permitieron
ponderar las contradicciones y fisuras en el bloque ideológico patronal y las condi-
ciones de posibilidad que se les abren a los trabajadores organizados para impulsar
procesos de formación política-gremial y acciones contrahegemónicas.
40
Estrategias de control y disciplinamiento laboral: la consolidación del orden hegemónico empresarial
mas informáticos a la logística del proceso, a la gestión de los stocks, los sistemas
administrativos, etc. La informatización de los procesos dota de continuidad, a lo
discontinuo. Este ha sido un objetivo fundamental de las intervenciones ingenieri-
les, en la búsqueda sistemática de economía de tiempo.
Si la automatización electromecánica lograba intervenciones indirectas y
fortalecía las funciones de control sobre los equipos, la informática y la mi-
croelectrónica suma a lo anterior la conexión de todos con todos, y la continui-
dad de los procesos, con una escasa existencia de intervenciones manuales, en
particular, en procesos de naturaleza continua. La deslocalización del queha-
cer humano en los funcionamientos, inducirá la descalificación y exclusión de
algunos grupos profesionales y la valorización de algunos pocos que asumen
las funciones de control de procesos. Los profesionales que intervienen en las
reingenierías son quienes definen la nueva arquitectura técnica organizacional,
pero también quienes contribuyen a codificar y transmitir el nuevo andamiaje
simbólico que requiere el nuevo “conocimiento oficial” a transponer a través
del sistema de gestión de la calidad. Su actuación, como analizamos en el próxi-
mo apartado, es solidaria con la agencia de Recursos Humanos, y, en este senti-
do, ejercen una función estratégica que articula un plano superestructural con
la materialidad del proceso de trabajo.
Tanto los sistemas de mejora continua de la calidad como las tecnologías in-
formatizadas inducen nuevos requerimientos en la naturaleza y alcance de las
intervenciones y saberes, con incidencia, a la vez, en el nivel de la estructura de
la empresa, de los sujetos y de los colectivos de trabajo. Las tecnologías informa-
tizadas (tanto como el sistema de control sustentado en la calidad), habilitan un
soporte técnico que permiten fortalecer las conexiones y promover también la re-
composición sistémica de la organización; y, en ese sentido, consolidar el orden
hegemónico empresarial. Se expresa así una combinatoria entre la extracción de
plus valor absoluto y relativo que da fisonomía al patrón de explotación laboral.
Las reingenierías operan ajustando el proceso técnico y laboral a los nuevos proce-
dimientos estandarizados, prescriptos y monitoreados desde el sistema de gestión
de la calidad total. De esta forma, sostenemos, por un lado, la íntima vinculación
entre las reingenierías y el efecto sistémico que se busca en el nivel de las organi-
zaciones, con el objeto de recomponer una nueva legalidad técnica/organizacional
empresaria. Por otra parte, las interrelaciones que se tejen entre el orden material y
simbólico como sustento de la búsqueda de legitimidad del nuevo esquema empre-
sario. Con este fin, la agencia ingenieril se constituye en una clave para transponer
el conocimiento oficial empresario.
El embate empresarial se expresa también como apuesta por recomponer el
mando, en tanto y en cuento las exigencias productivas, técnicas y políticas de-
41
CAPÍTULO 3
42
Estrategias de control y disciplinamiento laboral: la consolidación del orden hegemónico empresarial
8 El trabajo por turnos continuo expone una materia emblemática de la doctrina flexibilizadora.
En el sector del neumático, en Argentina, fue regulada por medio de actas de acuerdo por empre-
sa en el transcurso del segundo lustro de la década de los años 90, tras un proceso de negociación
impulsado por la empresa. La resistencia obrera a aceptar la negociación sobre esta materia sig-
nificó el despido de trabajadores y la intervención de la autoridad administrativa legitimando la
estrategia de la patronal: Figari, C., (2000), “Formas de disciplinamiento y nuevas selectividades
en la modernización empresaria: Modalidades del control técnico y social en los 90 “, III Congre-
so Latinoamericano de Sociología del Trabajo, Buenos Aires.
43
CAPÍTULO 3
44
Estrategias de control y disciplinamiento laboral: la consolidación del orden hegemónico empresarial
45
CAPÍTULO 3
10 No son los viejos idóneos de quienes se espera tal perfil. En esta empresa los técnicos son
quienes, en forma generalizada, ocupan las categorías operarias y los jóvenes ingenieros las
de supervisión.
Cabe destacar que algunas investigaciones señalan el papel estratégico que han tenido los
jóvenes, quienes impulsan un proceso de lucha, resistencia y de organización colectiva. En
el caso de subterráneos de Buenos Aires (empresa privatizada) la disputa se expresa tanto
con la estrategia patronal como con las dirigencias sindicales: Montes Cató, J.; Ventricci, P.
(2009), “Construcciones democráticas y resistencia“, en Coords Lenguita, P. y Montes Cató,
J. Resistencias laborales. Experiencias de repolitización del trabajo en Argentina, Buenos Ai-
res, Insumisos.
46
Estrategias de control y disciplinamiento laboral: la consolidación del orden hegemónico empresarial
donde las inducciones (para los que ingresan) y el conocimiento oficial empresario
se difunden y re-crean. Es en los intersticios del proceso de trabajo donde radica
la impronta formadora, y esta tarea demandará de una organización compleja que
multiplique los agentes formadores. Resulta de interés señalar que aquellos que
asumen este rol son justamente a quienes se les asignan funciones diferenciadas
(de conducción) a lo largo de toda la estructura de mando.
4. Conclusiones
47
CAPÍTULO 3
5. Bibliografía
Apple, M. (1996): El conocimiento oficial, España, Paidós.
Figari, C (2000), “Formas de disciplinamiento y nuevas selectividades en la modernización
empresaria: Modalidades del control técnico y social en los 90“, III Congreso Latinoamericano
de Sociología del Trabajo, Buenos Aires, ALAST
Figari C. (2007), “Competencias, mejora continua y pedagogía empresaria: crítica al patrón
normalizador/evaluador en el orden laboral y profesional”, V Congreso Latinoamericano de
Sociología del Trabajo, Montevideo, ALAST.
Friedmann, G.; Naville, P. -comps.- (1963), Tratado de Sociología del Trabajo, México, Fondo
de Cultura Económica.
Frigotto, G. (1988), La productividad de la escuela improductiva, Miño y Dávila, España.
Gramsci, A. (1992). Antonio Gramsci, Antología. (Textos posteriores a 1931), México, Siglo
XXI editores.
Gramsci, A. (1984): Los intelectuales y la organización de la cultura, Buenos Aires, Nueva Visión.
Hernández, M.; Busto, C. (2009), “Organización de la producción, imposición de sentidos cor-
porativos y resistencias: El caso de una empresa automotriz“, en Figari, C. Alves, G. (Orgs), La
precarización del trabajo en América Latina. Perspectivas del capitalismo global, Brasil, Praxis
James. D. (2006): Resistencia e integración. El peronismo y la clase trabajadora argentina, 1946-
1976, Argentina, Siglo veintiuno editores
Lukács, G. (1985). Historia y consciencia de clase, Madrid, Sarpe.
Montes Cató, J.; Ventricci, P. (2009), “Construcciones democráticas y resistencia“, en Coords
Lenguita, P. y Montes Cató, J. Resistencias laborales. Experiencias de repolitización del trabajo
en Argentina, Buenos Aires, Insumisos.
Naville, P. (1956), Essai sur la qualification du travail, Paris, Ed. Marcel Riviere.
48
CAPITULO 4
A
temática posta é importante considerando os termos que a identificam.
De um lado, o capitalismo e a sociabilidade gerada por este. De outro,
no plano cultural, a educação e as suas relações com os dois primeiros,
seja devido à decorrência direta ou indireta deles, seja por sua contribuição para
a constituição tanto do trabalho sob o capital quanto da sociabilidade capitalista.
O elemento central e primeiro a ser considerado, por ser fundante, é o tra-
balho. Aqui o encaramos sob a visão ontológica de Marx e Lukács, ou seja, como
protoforma do ser social. Dessa perspectiva, como sabemos, a constituição do ser
social decorre das relações entre homem e natureza por meio das quais aquele,
tendo em vista sua própria reprodução, toma como necessidade domar a esta.
Nesse processo, transforma-se e constitui sua humanização, ao mesmo tempo
em que transforma a natureza. Tal processo só é humanizador porque com ele
o homem desenvolve a sua capacidade de prever, de antecipar na consciência os
instrumentos e objetos que cumprem a função de suprir suas necessidades para
depois objetivá-los.
O exercício do por teleológico transforma a consciência em consciência poten-
ciada. Sua concretização nos objetos (uma necessidade vital para a reprodução) é,
portanto, o exercício do tornar-se humano, permitindo ao homem distinguir-se
do ser puramente inorgânico e puramente orgânico, mesmo conservando caracte-
rísticas destes. Em outros termos, afirma-se como ser social que é, a um só tempo,
coletivo e individual.
No entanto, tal movimento implica que, para a formulação, na consciência do
por teleológico e para a adequada consecução deste, o homem se aproprie, com a
precisão possível, da trama da objetividade social, ou seja, dos nexos causais dos
1 Celso João Ferreti é doutor em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Uni-
versidade Católica de São Paulo (1987). É professor da UNISO – Universidade de Sorocaba
(São Paulo).
CAPÍTULO 4
50
A educação escolar face à sociabilidade capitalista
51
CAPÍTULO 4
52
A educação escolar face à sociabilidade capitalista
Antes, são causa e consequência das reconfigurações produzidas por ele pró-
prio para superar as crises da década de 1960 e alçar-se a um nível superior, mais
complexo e mais sofisticado. Mantêm-se, por isso mesmo, as mesmas contradições
aludidas anteriormente. Em outros termos, estende-se, em nível mundial, o proces-
so de humanização, no sentido de construção do ser social mais refinado e, tam-
bém, de modo intensificado, sutil e profundo, o processo de sua desumanização.
Várias análises vêm sendo produzidas em termos da sociabilidade detecta-
da, atualmente, nas sociedades capitalistas em nível mundial, materializando, por
diferentes formas, a contradição acima. Recorro a algumas, que certamente não
esgotam o conjunto das existentes, mas fornecem uma ideia consistente de como
tal sociabilidade vem se manifestando.
Evangelista (2006) estabelece uma clara relação entre as formas assumidas
pelo capitalismo contemporâneo no plano econômico, o pós-modernismo e o ne-
oliberalismo como sua manifestação superestrutural. Essa se dá sob a forma de
mudanças socioculturais que afetam a relação tempo-espaço, com a preponderân-
cia do segundo sobre o primeiro (tendência à superação das barreiras nacionais
por ação de redes mundiais de comunicação social, assim como de intercâmbio
financeiro). Além disso, segundo o autor:
53
CAPÍTULO 4
54
A educação escolar face à sociabilidade capitalista
55
CAPÍTULO 4
O núcleo constitutivo das mediações de segunda ordem é formado por três en-
tidades interrelacionadas – capital, trabalho e Estado –, responsáveis por impedir
a emancipação do trabalho por meio do controle do metabolismo social e que não
podem ser superadas isoladamente, mas apenas em seu conjunto. De acordo com
56
A educação escolar face à sociabilidade capitalista
[...] a nova fase dos capitais globais retransfere, em alguma medida, o savoir
faire para o trabalho, mas o faz apropriando-se crescentemente da sua di-
mensão intelectual, das suas capacidades cognitivas, procurando envolver
mais forte e intensamente a subjetividade operária. Como a máquina não
pode suprimir completamente o trabalho humano, ela necessita de uma
maior interação entre a subjetividade que trabalha e a nova máquina in-
teligente. Neste processo, o envolvimento interativo aumenta ainda mais o
estranhamento e a alienação do trabalho, ampliando as formas modernas
da reificação, através das subjetividades inautênticas e heterodeterminadas.
(Ver Tertulian, 1993)
57
CAPÍTULO 4
58
A educação escolar face à sociabilidade capitalista
59
CAPÍTULO 4
Esta passagem ocorre, como diz Agnes Heller, quando se rompe com a co-
tidianidade, quando um projeto, uma obra ou um ideal convoca a inteireza
de nossas forças e então suprime a heterogeneidade. Há nesse momento
uma objetivação. A homogeneização é a mediação necessária para suspen-
der a cotidianidade. (NETTO e CARVALHO, 2000, p.27)
2 Significando que o homem participa da vida cotidiana com todos os aspectos de sua indivi-
dualidade, todos os seus sentidos, capacidades intelectuais, habilidades manipulativas, seus
sentimentos, paixões, ideias, ideologias. Esse fato determina, também, naturalmente, que
nenhum deles se realize, nem de longe, em toda a sua intensidade. (Heller, 1977, p. 17)
60
A educação escolar face à sociabilidade capitalista
61
CAPÍTULO 4
Referências bibliográficas
ANDERSON, Perry. As origens da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho. São Paulo: Boitempo, 1999.
________________. Algumas teses sobre o presente (e o futuro) do trabalho. In: DOWBOR,
Ladislau; FURTADO, Odair; TREVISAN, Leonardo; SILVA, Hélio (orgs.). Desafios do traba-
lho. Petrópolis: Vozes, 2004.
62
A educação escolar face à sociabilidade capitalista
CABRERA, B. e JÁEN, M. J. Quem são e que fazem os docentes? Sobre o conhecimento socio-
lógico do professorado. Teoria & Educação, Porto Alegre, n. 4, p. 190-214, 1991.
DERBER, C. Professionals as workers: mental labour in advanced capitalism. Boston: G.K.Hall
and Co., 1982.
EAGLETON, Terry. A ideologia da estética. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.
EVANGELISTA, João Emanuel. Teoria social e pós-modernismo: a resposta do marxismo aos
enigmas teóricos contemporâneos, 2006. Disponível em www.cchla.ufrn.br/cronos/pdf/7.2.pdf
Acessado em 05/05/2010.
FERRETTI, Celso João. Reformas educacionais: entre as utopias burguesas e a transformação
social. In: TUMOLO, Paulo Sérgio e BATISTA, Roberto Leme (orgs.). Trabalho, economia e
educação: perspectivas do capitalismo global. Maringá: Praxis; Massoni, 2008.
HARVEY, David. A condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultu-
ral. São Paulo: Edições Loyola, 1992.
HELLER, Agnes. Sociologia de la vida cotidiana. Barcelona: Península, 1977.
JAMESON, Fredric. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. São Paulo: Ática, 1996.
LUKÁCS, György. Per uma ontologia dell’essere sociale. Roma: Riuniti, 1981.
MÉSZÁROS, István. Beyond Capital: towards a theory of transition. Londres: Merlin Press, 1995.
NETTO, José Paulo e CARVALHO, Maria do Carmo B de. Cotidiano: conhecimento e crítica
(5 ª ed.). São Paulo: Cortez, 2000.
SILVA JR., João dos Reis e FERRETTI, Celso João. O institucional, a organização e a cultura da
escola. São Paulo: Xamã, 2004.
TERTULIAN, Nicolas. Le concept d’aliénation chez Heidegger et Lukács. Paris: Archives de
Philosofie – Rechersches et Documentation, n. 56, jul-set, 1993.
63
CAPITULO 5
Da dominação simbólico-
ideológica (directa) da classe à
dominação simbólico-ideológica
(indirecta) de classe
João Aguiar1
Introdução
É
célebre a asserção de Marx e de Engels acerca da ligação entre ideologia e
classe dominante presente em “A Ideologia Alemã” (1846):
as ideias dominantes não são mais do que a expressão ideal das relações
materiais dominantes tomadas como e por ideias; estas são então as rela-
ções que fazem dessa a classe dominante e, por conseguinte, as ideias da
sua dominação. Os indivíduos que compõem a classe dominante possuem,
entre outras coisas, consciência e necessariamente pensam. Assim, a partir
do momento em que eles dominam como classe e determinam a extensão
e o ritmo de uma época histórica, entre outros domínios, eles também do-
minam como pensadores, como produtores de ideias, regulando, por ine-
rência, a produção e distribuição das ideias na sua época: portanto, as suas
ideias são as ideias dominantes de uma época. (Marx e Engels, 1998, p. 67).
2 Entendemos por meios de produção culturais redes de sociabilidade, espaços públicos, ob-
jectos, património e tradição oral, linguagens, códigos de apropriação cultural, etc.
66
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
3 Uma instigante análise sobre os fetiches mais fortemente presentes no capitalismo das últi-
mas décadas pode ser encontrada no capítulo “Estranhamento e fetichismo social” da obra
“A condição da proletariedade” do sociólogo Giovanni Alves (Alves, 2009, p. 111-121).
67
CAPÍTULO 5
Uma arte que é, por exemplo, o produto de uma intenção artística que de-
fende a primazia absoluta da forma sobre a função, do modo de representa-
68
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
4 Bourdieu aplica a cultura de classe específica à burguesia para, a partir da distinção como ha-
bitus ou faceta do habitus, a transpor para o domínio da dominação simbólico-ideológica.
69
CAPÍTULO 5
trução de uma visão do mundo, dos agentes, dos corpos e dos objectos que divide
o universo social entre praticantes e não-praticantes do gosto legítimo. O envolver
da vida quotidiana num lençol de estetização e culturalização (mais à frente ana-
lisaremos a real substância desta tendência na burguesia) separa os “estetas” dos
“não-estetas”, diferencia os possuidores de “classe” e sofisticação – a burguesia
– dos possuidores de uma cultura instrumental-funcional e “grosseira” – a classe
trabalhadora e restantes classes populares. Os gostos surgem, então, como:
70
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
Com efeito, apropriação e distinção são duas faces da mesma moeda. Se qui-
sermos ser mais rigorosos, a apropriação consubstancia-se num instrumento de
aproximação da burguesia a um objecto cultural, em ordem a subtraí-lo a sua in-
fluência, poder e, acima de tudo, propriedade. A apropriação é, assim, uma faceta
do processo global de construção da visão e de práticas tidas como superiores,
esclarecidas e refinadas/civilizadas (Elias, 2001). Esta construção só é possível
mediante um procedimento análogo à expropriação económica que a burgue-
sia efectuou (e ainda efectua) à propriedade camponesa (enclosures, Índia, Brasil,
etc.) e a modos de produção não-capitalistas (Chossudovsky, 2003, p. 147-149;
Meillassoux, 1977, p. 169; Carchedi, 1991, p. 329) nos últimos séculos. No fundo,
a apropriação é a “pega”, a “pinça” com que a distinção captura os bens culturais
à disposição para o seu domínio.
Em suma, a enunciação da arte (e da cultura) como centrais na estruturação
do gosto legítimo burguês parece ser clara na obra de Bourdieu. Essa asserção da
centralidade da arte e da cultura na constituição da dominação advém da própria
71
CAPÍTULO 5
5 A dominância corresponde à ocupação do lugar mais alto da hierarquia social pela burgue-
sia e a dominação representa o conjunto dos complexos processos económicos, políticos
e simbólico-ideológicos que permitem reproduzir e ampliar a posição social mais elevada
daquela classe no espaço social.
72
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
não têm “classe”, sofisticação e espírito empreendedor para tal. Quer dizer, ideoló-
gica e subjectivamente, a burguesia não (auto)identifica a sua posição (dominante,
se bem que muito esparsamente reconhecida) em termos relacionais, mas no qua-
dro de uma interiorização significacional de que a sua condição de classe e o seu
estilo de vida derivam da sua autossuficiência (o indivíduo burguês constrói a sua
fortuna patrimonial pela sua própria iniciativa) e autorreferência (o conjunto da
sociedade é padronizado à sua imagem e semelhança, portanto, a partir dos seus
princípios de recorte distintivo na edificação simbólica da visão – e divisão – do
mundo social). É a burguesia que, ao determinar o gosto legítimo, acaba por cons-
truir os termos de identificação das categorias de apreciação do mundo cultural,
mesmo os municiados por outras classes e agrupamentos sociais. Esse fenómeno
aguça ainda mais as referidas categorias de autossuficiência e autorreferência.
Para a burguesia, a estética não passa pela aparência, pela criação da sua vida
numa obra de arte – sobretudo contemporânea, na qual pontifica a efemeridade,
o trabalhar de objectos de consumo de massas em fetiches artísticos, o desprezo
pela forma e pelo conteúdo em proveito da enunciação de um não-sentido e do
minimalismo, etc. –, mas pela busca de afirmar cada traço da sua vida como ele-
vado, singular, marcado pela aura6. Sintomaticamente, enfeixa-se uma similitude
6 Um autor que fundou todo um vasto rol de estudos sobre a obra de arte e suas manifesta-
ções na vida cultural contemporânea foi Walter Benjamin. Ao problematizar o desafio da
obra de arte na era da “reproductibilidade técnica” (Benjamin, 1992, p.71-113), na época da
cultura de massas, Walter Benjamin reivindica como factor diferenciador por excelência do
original da sua cópia, “o aqui e agora da obra de arte – a sua existência única no lugar em que
73
CAPÍTULO 5
74
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
a ela e a busca do lucro como força motriz da sua performance no campo eco-
nómico (aspecto negligenciado por Bourdieu na construção do habitus burguês,
praticamente reduzido à distinção). Finalmente, a originalidade singular assoma
como uma plataforma conceptual, entrecruzando-se nela a ideologia do eu inato e
original, a distinção e a (apropriação da) estética. Por outras palavras, o indivíduo
pertencente à burguesia não só se considera alguém com um percurso invejável –
fruto de um saber aplicado do espírito de iniciativa – como também reporta o seu
trajecto de vida a algo qualitativamente superior em relação aos restantes agentes
sociais. A unir esses dois eixos, a estética – que também se encontra na própria for-
mulação da distinção – reconstrói, num primeiro movimento, a consagração de
uma trajectória de vida assumida como exemplar e ao alcance de uma elite social
de indivíduos portadores de um dom especial: criar riqueza, fazendo dinheiro a
partir de dinheiro e a partir de sua iniciativa individual de colocar outros agentes
sociais a executar os seus desígnios empresariais.
Num segundo movimento, a estética projecta-se para além da classe dominante
e enforma práticas, estruturas e agentes sociais de outras classes. Esse segundo mo-
vimento de difusão de modos de regulação simbólico-normativos e de dispositivos
de construção das representações sociais alicerçados na reprodução, legitimação
ou, no mínimo, omissão dos determinantes sociais da dominância estrutural da
burguesia nas sociedades contemporâneas será abordado detalhadamente na parte
II deste ensaio. Para já, registe-se a imbricação desses dois movimentos.
Voltando a Bourdieu, o autor francês evidencia um pouco do segundo movi-
mento por nós abordado na medida em que alude à diferenciação nas relações da
burguesia e dos artistas concernente à apropriação das obras de arte:
75
CAPÍTULO 5
76
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
Contudo, mais uma vez se afirma, esta prospecção analítica de grande fôlego
dos dois sociólogos franceses esbarra na excessiva focagem imputada à relação
específica da burguesia com o campo cultural, portanto, ao princípio da distinção,
não problematizando como a própria distinção pode:
77
CAPÍTULO 5
8 A exposição das teses de Harvey sobre a acumulação flexível revela-se de grande importância
na medida em que, para esse autor, a mudança cultural de largo espectro protagonizada pelo
78
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
79
CAPÍTULO 5
Desse modo, sobreleva uma maior pertinência em dar conta de algumas das
suas tendências mais destacadas com os efeitos de ordem simbólico-subjectiva que
têm instilado nas sociedades contemporâneas:
80
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
9 Istvan Meszaros denominou este processo de taxa de utilização decrescente das mercado-
rias no capitalismo, enfocando o facto de, nesse modo de produção, ter verificado uma pas-
sagem de uma tendência de “maximização da vida útil das mercadorias” para “o triunfo da
produção generalizada de desperdício” (Meszaros, 2002, p. 634, 639-642).
81
CAPÍTULO 5
10 “Os não-lugares são todavia a medida da época; medida quantificável e que podería-
mos tomar adicionando, ao preço de algumas conversões entre superfície, volume e dis-
tância, as vias aéreas, ferroviárias, das autoestradas e os habitáculos móveis ditos ‘meios
de transporte’ (aviões, comboios, autocarros), os aeroportos, as gares e as estações aero-
espaciais, as grandes cadeias de hotéis, os parques de recreio, e as grandes superfícies da
distribuição, a meada complexa, enfim, das redes de cabos ou sem fios que mobilizam o
espaço extra-terrestre em benefício de uma comunidade tão estranha que muitas vezes
mais não faz do que pôr o indivíduo em contacto com uma outra imagem de si próprio.
[...] O espaço do não-lugar não cria nem identidade singular, nem relação, mas solidão e
semelhança” (Auge, 2005, p. 37).
82
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
11 “No reino da produção de mercadorias, o primeiro efeito foi enfatizar os valores e as virtudes
da instantaneidade (comidas rápidas e instantâneas) e do descartável (de pratos, copos, guarda-
napos, utensílios variados, etc.). Esta dinâmica do “deitar fora” significa mais do que lançar no
lixo bens produzidos (criando um problema monumental de resíduos), mas também significou
um sentimento paralelo de “deitar fora” valores, estilos de vida, relações estáveis, e as ligações
afectivas a objectos, lugares, pessoas” (Harvey, 1990, p.286) [sempre que a busca incessante de
algo novo se sobrepôs a esse património significacional de partida].
83
CAPÍTULO 5
84
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
12 Esse filósofo anglo-húngaro acrescenta que, acerca das teses mais ou menos conotadas com
o pós-modernismo, em variadíssimos campos da vida social e intelectual pululam um pou-
co por todo o lado, que estas “afirmam-nos que só podemos compreender a história em
termos da imediaticidade da aparência – de modo que a questão de assumir o controlo das
determinações estruturais subjacentes pela apreensão das leis socioeconómicas vigentes não
pode sequer surgir – enquanto nos resignamos à conclusão paralisante de que, ‘se há senti-
do’, ele não pode mais ser encontrado nas relações sociais historicamente produzidas e his-
toricamente mutáveis, conformadas pelo desígnio humano, mas na natureza cósmica e, por
isso, deve sempre ‘escapar à nossa apreensão’” (Meszaros, 2007, p.46). A crítica de noções
que rejeitam uma análise dos fundamentos das sociedades contemporâneas e a assunção
de que às Ciências Sociais nada mais restaria do que indagar o presente-imediato são peças
centrais da obra desse autor.
13 Repare-se, brevemente, nas reportagens sobre as crises humanitárias e de escassez na Áfri-
ca. O horror provocado pelas imagens de desnutrição profunda e pelo sofrimento de crian-
ças famélicas, o choque emocional do visionamento de corpos moribundos e martirizados,
em poucas palavras, as reacções sentimentais decorrentes de um agregado de imagens,
criam numa primeira instância um solo cognitivo e mental atravessado pela compunção
e por um estado de estupefacção perante tal brutalidade. Afirmações simplistas sobre as
pretensas causas desse fenómeno incluem referências epistolares à corrupção individual
dos governantes africanos ou a uma qualquer concepção que vê o estado do continente
como uma questão estritamente cultural(ista). Mesmo quando simplesmente descrevem
uma situação de fome, a densa organização do sistema capitalista internacional e o siste-
ma internacional de estados (Wallerstein, 1990) nunca surgem, por muito indelevelmente
que seja, nas reportagens dos noticiários televisivos. São igualmente raras as reportagens
de investigação que abordam esta questão sob um prisma multidimensional, complexo
e holístico. O ponto em questão é que a abordagem realizada passa nomeadamente por
criar um olhar terrificado, quando não de (ulterior) banalização, assente no descartar de
uma perspectiva reflexiva sobre a complexa teia que subjaz a esses fenómenos. Resultado:
explicações lineares e com um ponto de vista fixo e rígido sobre o fenómeno tornam-se
mais facilmente aceites. Dessa maneira, o enunciar de raciocínios complexos – ou que pelo
menos induzam uma reflexão esclarecida a posteriori – é preterido em favor de comentá-
rios sucintos e monocausais e, sobretudo, dando vantagem a um encaixe visual da imagem
85
CAPÍTULO 5
86
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
a hegemonia – cultural ou outra – não se exerce de forma unívoca e que ela é possível na
exacta medida em que se baseia num sistema de compromissos e numa rede de relações que
amarra as concepções não hegemónicas a determinados desígnios dominantes.
Por outro lado, Jameson considera que “se não atingirmos um conhecimento geral de que
se trata de uma cultura dominante, então cairemos na visão da história presente como uma
heterogeneidade aleatória” (Jameson, 1993, p. 6). Portanto, facilmente se cairia nas armadi-
lhas ideológicas da lógica cultural do pós-modernismo.
15 Não esquecer que, para Jameson, o pós-modernismo tem “uma base e um conteúdo de
classe” (idem, p. 318) [grifo nosso].
16 “Actualmente, a produção estética foi integrada na produção de mercadorias: a frenética ur-
gência económica de produzir novas vagas de produtos aparentemente cada vez mais novos
(da roupa aos aviões), em taxas de rotação cada vez maiores, e a cultura assumiu este como
87
CAPÍTULO 5
88
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
17 O escritor e poeta português Pedro Mexia avança no mesmo sentido: “Quando Walter Ben-
jamin escreve, no famoso ensaio de 1936, que ‘a reprodução mecânica emancipou a obra
de arte da sua dependência parasítica em relação ao ritual’, passa a certidão de óbito ao que
chamou a ‘aura’.
A ‘aura’ do objecto artístico enquanto objecto único. A ‘aura’ enquanto estatatuto social e
simbólico.
Mas nessa época a arte e o artista perdiam também outra ‘aura’. Com poucas excepções
(geralmente na ‘cultura de massas’), a arte deixou de ter importância social. E o artista
deixou de ter influência e vassalagem. Desde aí foi sempre em queda. A arte ainda mantém
um prestígio simbólico vago, os artistas ainda saltitam pelas migalhas do poder, mas é
fim de festa. Acabaram-se os Victor Hugos. E acabou-se, graças aos céus, isso dos ‘una-
cknowledged legislators of the world’ que Shelley atribuiu aos poetas e que tanto mal fez.
Reduzida à sua expressão mínima e às suas minorias mais ou menos tribais, a arte ganhou o
estatuto mais valioso de todos: o de gloriosa inutilidade” (Mexia, 2007) [grifo nosso].
18 Na música, atente-se no deslizar do estilo rock para este minimalismo. A banda norte-ame-
ricana White Stripes e fundamentalmente o seu hit “Seven nation army”, estruturado em
torno de uma batida rítmica monotónica e na simplicidade do agrupamento de acordes da
guitarra, são, provavelmente, o exemplo mais icónico do rock alternativo desde o fim das
grandes bandas de rock e punk-rock com o grunge no início dos anos 90 (Queen, Led Ze-
ppelin, Pink Floyd, Guns’n roses, Nirvana, etc.). Os únicos sobreviventes desse tempo – os
irlandeses U2 – não representam, hoje em dia, mais do que mero movimento de incorpo-
ração das grandes bandas de estádio num universo febril e imagético de uma construção,
também ela superficial e minimalista, das suas canções.
89
CAPÍTULO 5
90
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
19 Os estudos de Peirce sobre o traço são exemplarmente abordados pelo arquitecto brasileiro
Sérgio Ferro: “índice é vestígio, marca de um contacto efectivo, físico, um fóssil de uma
acção sobre um material. É fácil perceber a importância que tem para o estudo do trabalho,
da memória que o gesto produtivo deixa na matéria. Mas a ‘trace’ não é somente índice: no
trabalho há propósito, intenção – o que amplia enormemente o campo estreito do índice”
(Ferro, 2006). O mesmo autor fala ainda no “papel fundamental do revestimento” na histó-
ria da construção civil: “apagar as ‘traces’ do trabalho, eliminar a presença do operário na
obra que constrói: o revestimento, ao lado de outras muletas, serve à fetichização da merca-
doria, faz o construído parecer não-construído, o valor parecer atributo da coisa” (idem). Ao
mesmo tempo, “a hemorragia de revestimentos, desmaterialização e efeitos de circo encobre
o desprezo pelo fazer – mesmo o fazer sumariamente respeitável. O pós-modernismo e as-
sociados (…) representam o prazer mórbido do dominador ao poder sem exibir sem recato
a extensão absurda do seu poder, o grotesco do abuso” (idem).
91
CAPÍTULO 5
Segundo o autor,
20 Vd. a abordagem de José Machado Pais sobre as trajectórias ió-ió no caso dos jovens traba-
lhadores alvo de níveis intensos de precariedade laboral (Pais, 2001, p. 65-83).
92
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
93
CAPÍTULO 5
actuais sociedades pós-industriais (Bell, 1976; Lash e Urry, 1987; Castells, 2005). De
outro lado, o passado presente no corpo dos edifícios actualmente pertencentes à
categoria de arqueologia industrial reconvertida aponta para uma obliteração da
actividade social que ali se desenrolava preteritamente: ou seja, o trabalho.
Que as modalidades técnicas e até mesmo jurídicas do trabalho de hoje sejam
distintas das do passado, nada nos deve levar a crer que a actividade de produção e
circulação de valor económico a partir do despojamento de uma larga camada da
população dos recursos sociais de produção, isto é, o trabalho assalariado, tenha
desaparecido. Desse modo, a omissão do trabalho ou, se se preferir, o seu congela-
mento temporal como se de um fóssil arqueológico se tratasse, ajuda a criar novos
veios simbólico-ideológicos de significação colectiva e individual, os quais procu-
ram fazer crer que vivemos em sociedades unicamente ancoradas no conhecimen-
to e na informação, onde o trabalho humano e, mais concretamente, o trabalho
assalariado produtor de mercadorias seriam uma relíquia do passado.
Por conseguinte, o equipamento cultural de constituição de novas centralida-
des urbanas agrega tendências sociais e dinâmicas temporais. Essas evidenciam
que a produção ideativa de representações colectivas e de identidades – as teses
do fim da história, do trabalho e das classes sociais, ou a reificação em torno da
sociedade do conhecimento (como se este não fosse produzido pelo labor humano,
mas um recurso apriorístico e apreendido quase naturalmente) –, por um lado,
se expressam na própria edificação de equipamentos urbanos e, por outro, como
esses equipamentos redimensionam tendências sociais gerais e lhes dão uma con-
creção mais palpável e real.
Todo esse domínio de problematização parece ir ao encontro da “tendência
para uma generalizada estetização do quotidiano e a mercadorização do próprio
tempo e da própria memória” (Fortuna, 1999, p. 35). No fundo, a estetização do
passado – reduzindo-o a uma discursividade imagética de celebração e de memó-
ria descontextualizada das situações concretas de sociabilidade que ali existiam –
auxilia e complementa o processo de configuração urbana pautado pela partitura
da governança urbana regida pelo empreendedorismo (vd. Harvey, 2005).
94
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
21 De facto, esse fenómeno congrega a noção de que a relação entre subjectividade humana e
mercantilização/mercadorização expande-se de tal modo que, dos movimentos de merca-
dorização da obra de arte, conclui-se que reproductibilidade e raridade não fundamentam
dois caminhos inseparáveis e antagónicos (Santos, 1994). Inversamente, funcionam como
uma parelha diádica e complementar, evidenciando-se como duas faces da mesma moeda:
a submissão (que nada tem a ver com substituição) da configuração e da mecânica interna
do campo artístico às necessidades de valorização do capital.
95
CAPÍTULO 5
22 A emergência dos novos intermediários culturais em Mike Featherstone pode ser retratada
da seguinte forma. Estes agentes sociais (directores de instituições culturais, engenheiros
de publicidade, directores e editores dos media, animadores culturais, mecenas, comis-
sários de exposições, opinion makers, animadores de espaços culturais alternativos, etc.),
no dizer do autor, “activamente promovem e popularizam o estilo de vida dos intelectuais
e artistas numa audiência muito mais vasta” (Featherstone, 1996, p. 125). Dessa forma, a
difusão dos fenómenos de estetização do self não é apenas espontânea, mas provém de uma
articulação de um determinado grupo social no quadro de instituições culturais específi-
cas: os museus e as galerias de arte contemporânea, os novos espaços culturais alternativos
ou a televisão e os jornais. É daqui que surge a proposição do autor de que o pós-moder-
nismo “ajuda a colapsar algumas das antigas barreiras e hierarquias simbólicas baseadas
na distinção entre a alta cultura e a cultura de massas” (idem, ibidem). No fundo, a tese de
Featherstone é a de que os novos intermediários culturais, portadores de uma cultura de
consumo, no fundamental, idêntica ao pós-modernismo, projectam-na nos grandes meios
de comunicação social e nos espaços culturais mais pujantes. Ora, o espalhar da cultura
pós-moderna sob o efeito de uma mancha de óleo por toda a paisagem social, consubs-
tancia-se na tendencial formação de uma cultura liberta da distinção e de fenómenos de
superioridade cultural como o etnocentrismo ou o elitismo.
96
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
23 Para Marx, o trabalho no capitalismo agrupa duas modalidades distintas, com poder de
determinação por parte de uma delas, isto é, do trabalho abstracto sobre o trabalho con-
creto. Este é definido partindo do pressuposto de que “todo o trabalho é dispêndio de força
de trabalho humana de uma forma particular e com um fim determinado, e nesta qualidade
de trabalho útil concreto produz valores de uso” (Marx, 1990, p. 58) [grifo nosso]. Portanto,
o trabalho é aqui identificado como actividade transformadora da natureza e que tem pos-
97
CAPÍTULO 5
abstracto produtor de valor que opera como nivelador das trocas mercantis, em
detrimento das propriedades específicas e subjectivas de cada mercadoria. Por-
tanto, a coagulação objectiva de trabalho humano indiferenciado24 numa merca-
doria está, assim, na base da estruturação da vida económica, cuja a passagem da
actividade-trabalho (abstracto) para o objecto mercadoria-valor coincide com o
mecanismo de apropriação do excedente económico pelos proprietários de capital.
Por conseguinte, os produtores assalariados – trabalhadores produtivos e
trabalhadores improdutivos25 – só voltarão a tomar contacto com o conjunto so-
cial total de mercadorias produzidas por si em todas as unidades produtivas no
98
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
26 Refira-se que tal lógica interna dos campos de produção cultural nunca desaparece mas é
subordinada e parcelarmente submetida aos intentos de valorização do capital e de eleva-
ção da produção (e posterior realização) do valor.
27 Conceito de Pierre Bourdieu, o nomos representa o “ponto de vista constitutivo de um
campo”, ou seja, é a “matriz de todas as questões pertinentes do campo, e que não pode
99
CAPÍTULO 5
Inspirados por esse conjunto de asserções de Karl Marx, chegaremos a uma defi-
nição que se situa no nível da percepção dos agentes sociais relativamente ao território
específico de produção da mercadoria. Essa definição levará como termo de classifi-
cação a expressão de transmutação imagética. Transmutação – no sentido em que o
movimento de inversão dos elementos constitutivos dos pólos da relação entre os pro-
dutores assalariados e a mercadoria – não substantiva somente uma transformação de
uma qualidade em outra, o objecto em sujeito e o sujeito em objecto. Adicionalmente,
o fetichismo da mercadoria imprime dinâmicas no plano da subjectivação humana
e social (portanto, cultural) que, por sua acção, induzem uma imbricação de uma
realidade simbólica na realidade material propriamente dita. Ou seja, às relações de
produção, portanto, à base social material da produção capitalista, acrescenta-se, de
modo constitutivamente inseparável, um véu ideológico-significacional o qual con-
verte no plano ideativo a mercadoria num sujeito social, no sujeito-matriz, se bem que
não único, de amplos comportamentos humanos na esfera cultural e do consumo.
A classificação de imagética a esse processo procura evidenciar, como o pró-
prio adjectivo aponta, o papel da imagem, do universo visual para a composição
dos significados sociais e individuais que o fetichismo da mercadoria contribui e
instila. De facto, o véu ideológico consubstanciado no e pelo fetichismo da mercado-
ria, redimensiona a perspectiva de apreensão simbólica dos agentes sociais acerca do
metabolismo económico. Uma das vias mais potentes de efectivação do fetichismo
da mercadoria passa – também – pela sua interpenetração com a dimensão visual
patente numa determinada realidade cultural. No respeitante a essa, o fetichismo da
mercadoria, em parelha com a cultura do simulacro, potencia o desenvolvimento de
uma série de tendências sociais por parte da imagem no pós-modernismo. Defen-
demos, pois, que o fetichismo da mercadoria, mais do que uma lógica das sensações
vistas no seu geral, é um mediador entre diferentes tabuleiros sociais – como as rela-
ções de produção assentes no trabalho assalariado, o contacto dos produtores com o
volume total das mercadorias produzidas no mercado e o campo simbólico-ideológi-
co-cultural –, reportando-se, nesse caso, especial e pormenorizadamente, à imagem,
ao instantâneo da imagem como modo de efectivação simbólica no tecido social.
Conclusão
Desde finais da década de 1970, a situação da generalidade das classes tra-
balhadoras ocidentais tem sido pautada por uma fragmentação orgânica e por
persistentes dificuldades de mobilização colectiva. Equaciona-se aqui não o de-
produzir as questões que sejam de molde a pô-lo em questão” (Bourdieu, 1998, p. 82), por-
tanto, é o “princípio oficial e eficiente de construção do mundo” (idem, p.165) no seio de
um dado campo, de uma dada instância social.
100
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
101
CAPÍTULO 5
Sociais deste início de século passará por compreender o papel específico e hegemó-
nico do pós-modernismo na modulação dos processos que estão na base da crescente
e a tendencial aproximação das classes trabalhadoras ocidentais a um estado míni-
mo de organização e mobilização sindical, social e política.
Bibliografia
AGUIAR, João Valente (2010) – Classes, valor e acção social. Lisboa: Página-a-Página
ALVES, Giovanni (2009) – A condição da proletariedade. Londrina: Editora Praxis
ANTUNES, Ricardo (2006) – A era da informatização e a época da informalização – riqueza e
miséria do trabalho no Brasil. In ANTUNES, Ricardo (org.) – Riqueza e miséria do trabalho no
Brasil. São Paulo: Boitempo, p.15-25.
ANTUNES, Ricardo (2000) – Sentidos do trabalho. São Paulo: Boitempo.
AUGÉ, Marc (2005) – Não-lugares. Lisboa: 90 Graus Editora.
BELL, Daniel (1976) – The coming of post-industrial society. New York: Basic Books
BENJAMIN, Walter (1992) – A obra de arte na era da sua reproductibilidade técnica. In BEN-
JAMIN, Walter – Sobre arte, técnica, linguagem e política. Lisboa: Relógio D’Água, p.71-113.
BOURDIEU, Pierre (2004) – Distinction: a social critique of judgement of taste. London: Routledge.
BOURDIEU, Pierre (1998) – Meditações Pascalianas. Oeiras: Celta.
BRAVERMAN, Harry (1974) – Labor and monopoly capital: the degradation of work in the
twentieth century. New York: Monthly Review Press.
BRETON, Philippe (2001) – A palavra manipulada. Lisboa: Caminho.
CARCANHOLO, Reinaldo (2002) – Dialéctica da mercadoria. In http://rcarcanholo.sites.uol.
com.br/Textos/0Dialetica1.pdf
CARCHEDI, Guglielmo (1991) – Frontiers of political economy. London: Verso
CARCHEDI, Guglielmo (1977) – On the economic identification of social classes. London: Rou-
tledge and Kegan Paul.
CASTELLS, Manuel (2005) – La era de la información, volume 1: la sociedad red. 3ªed. Madrid:
Alianza Editorial
CHESNAIS, François (2004) – La finance mondialisée – racines sociales et politiques, configura-
tion, conséquences. Paris: Ed. La Découverte.
CHOSSUDOVSKY, Michel (2003) – A globalização da pobreza e a nova ordem mundial. Lis-
boa: Editorial Caminho
COSTA, António Firmino da (1999) – Sociedade de bairro: dinâmicas sociais da identidade.
Oeiras: Celta Editora.
DEBORD, Guy (2010) – The society of spectacle. Los Angeles: AK Press.
DURKHEIM, Emile (2001) – As regras do método sociológico. Lisboa: Editorial Presença
102
Da dominação simbólico-ideológica (directa) da classe à dominação simbólico-ideológica (indirecta) de classe
103
CAPÍTULO 5
104
CAPITULO 6
Henrique Amorim1
O
debate sobre a centralidade e não centralidade do trabalho, seguido pelo
debate sobre o trabalho imaterial, pertencem, conjuntamente, a uma
mesma problemática teórica. Têm como objetivo o rechaço teórico (de-
bate sobre a centralidade do trabalho) e a atualização (debate sobre o trabalho
imaterial) do marxismo. Aparentemente, são debates que se apresentam, na teoria,
de maneiras distintas. Contudo, referem-se a uma concepção comum de trabalho,
de classe social e de luta política: àquela desenvolvida e divulgada pelos partidos
comunistas na Europa sob influência do partido comunista soviético.
Nesses termos, quando indico tal concepção de trabalho, de classe trabalhado-
ra e de luta política, refiro-me ao trabalho restrito à indústria, por isso, produtivo
ao capital e que qualifica os trabalhadores ali existentes, somente eles, como po-
tencialmente revolucionários.
Esse universo produtivo e de luta política foi, durante a maior parte do século
XX, eleito como espaço central das lutas sociais anticapitalistas. Nesse sentido,
toda e qualquer mudança fora dessa natureza foi considerada reformista. Se o su-
jeito revolucionário já havia sido marcado a ferro e fogo, a única alternativa à teo-
ria social seria indicar o melhor quadro para a sua maturação política.
Em termos abrangentes, a estratégia política tinha como antessala a retomada
do controle dos processos de trabalho. Voltar a dominar o trabalho para, depois,
atingir o Estado, tomá-lo. A luta, porém, teria percalços, pois o operariado encon-
trava-se alienado tanto do processo quanto do produto do trabalho. A alternativa
106
Trabalho, classes sociais e luta política
as décadas de 1980 e 1990, um leque de teorias que teve por objetivo (1) negar a
centralidade do trabalho, (2) invalidando a análise marxista.
Frente à redução da dimensão do operariado industrial e à diminuição das
taxas de sindicalização e do ativismo sindical, a centralidade do trabalho foi posta
em xeque. Com as metamorfoses nos processos de trabalho, a classe trabalhadora
teria se tornado fragmentada e heterogênea. Offe (1989), por exemplo, notou um
deslocamento do número de postos de trabalho da indústria para o setor de servi-
ços, o que implicaria uma nova forma de organização política, fora da indústria. A
política, antes restrita ao universo da produção, deslocar-se-ia para fora dos “laços
do trabalho”, para fora da fábrica, pois a diminuição de operários havia causado a
perda de poder do operariado industrial.
A sociedade civil passou, dessa forma, a ser considerada como o grande ce-
nário de luta política. Nela, os movimentos sociais passariam a desempenhar o
papel que outrora teve como protagonista o operariado tradicional na indústria
(Gorz, 1987; 1991). Questões vinculadas a status familiar, gênero, saúde, idade, et-
nia e processos identitários cresciam em importância no seio da sociedade civil.
Portanto, a categoria trabalho parecia ter perdido, teoricamente, sua centralidade.
Assim, a defensiva da classe trabalhadora, apresentada no debate sobre a cen-
tralidade do trabalho, seria caracterizada a partir do número de trabalhadores
ligados a um dado setor dentro da estrutura ocupacional (industrial). Dessa forma,
pressupostos de caráter quantitativo sobre o processo de organização da classe
trabalhadora limitariam a possibilidade de tratar, qualitativamente, as modalida-
des emergentes de mobilização e organização classista. Sob esses termos, a possi-
bilidade de atualização dos conflitos e dos antagonismos sociais, dentro de uma
perspectiva de classe, foi rejeitada.
“Adeus ao proletariado: para além do socialismo”, de André Gorz (1987), é um
marco da discussão sobre a centralidade e não centralidade do trabalho. Gorz par-
te da seguinte afirmação: a crise do proletariado e a crise do marxismo associam-
-se. As mutações da classe operária fundamentariam a própria crise do marxismo
(Gorz, 1987, p. 85). Ademais, a sociedade capitalista resistiria e o desenvolvimento
das forças produtivas, compatível com os modos de exploração e dominação ca-
pitalistas, seria o sinal da prevalência das formas de produção capitalistas e da
insuperável alienação no trabalho.
O autor desenvolve seu raciocínio da seguinte forma: a contradição entre um
proletariado estraçalhado pelo trabalho excessivamente racionalizado e sua dispo-
sição emancipadora o teria condicionado a uma impotência intransponível. O ca-
pitalismo havia produzido uma classe operária que, em sua maior parte, não tinha
capacidade para ser proprietária ou gestora dos meios de produção. Dessa forma,
107
CAPÍTULO 6
108
Trabalho, classes sociais e luta política
109
CAPÍTULO 6
3 Sobre a ruptura de Gorz com as teses do paradigma produtivo, ver Nicolas-Le-Strat (1996) e
Artous (2003).
4 Gorz (1983; 1987; 1988; 2005), Lazzarato (1992, 1993; e 1996), Negri (1992; 1993; 1996; 2004).
110
Trabalho, classes sociais e luta política
111
CAPÍTULO 6
112
Trabalho, classes sociais e luta política
113
CAPÍTULO 6
114
Trabalho, classes sociais e luta política
115
CAPÍTULO 6
tituem-se em resposta a essa leitura de sujeito e de luta política. Seu objetivo foi,
portanto, o de ampliar as formas de participação dos indivíduos ou grupos de
indivíduos na cena política a outras esferas da sociedade. Não obstante, creio que,
apesar de hegemônica no marxismo, essa visão restrita e dogmática de um opera-
riado como portador de uma “missão histórica” revolucionária é equivocada. Há
em outras tendências, dentro do próprio marxismo, críticas à concepção de sujeito
e de classe operária como portadora, por essência, da revolução socialista.
A bibliografia que se articula em torno do rechaço da teoria das classes e do
valor-trabalho de Marx responde, assim, à parte equivocada das análises sobre as
classes sociais e a respeito da possibilidade de construção de forças sociais dentro
e fora das indústrias. Ao ter um ponto de partida restrito, tendem a diagnosticar
as possibilidades de intervenção política em direta oposição a ele. Se tais teses, crí-
ticas às concepções de Marx, partem de um falso problema, acabam por construir,
em consequência, falsas respostas. Portanto, creio que parte da bibliografia sobre
o tema valeu-se de parâmetros físicos para compreender o que seria material ou
não-material na produção e no trabalho. Tanto o debate sobre o trabalho imaterial
quanto a discusão a respeito da centralidade do trabalho são constituídos, assim,
sob a rubrica inversa a essa compreensão. Reproduz-se, portanto, uma oposição
teoricamente ineficaz e não dialética entre material e imaterial como eixo explica-
tivo de todo o debate nos anos 1980, 1990 e 2000.
Bibliografia
AMORIM, Henrique. Valor-trabalho e trabalho imaterial nas ciências sociais contemporâne-
as. Caderno CRH, Salvador, v. 23, n. 58, abr. 2010, p. 191-202.
________________. Trabalho imaterial, classe social e qualificações profissionais. In: SOUSA,
José dos Santos; ARAÚJO, Renan (Org.). Trabalho, Educação e Sociabilidade. Maringá: Práxis,
2010, p. 159-172.
________________. A relação entre novas tecnologias da informação e a teoria do valor-tra-
balho. Revista do Instituto Humanitas Unisinos (Notícias do Dia), São Leopoldo, 2009. Dispo-
nível em: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=deta
lhe&id=27473. Acesso em: (05/08/2010).
________________. Trabalho imaterial: Marx e o debate contemporâneo. São Paulo: Anna-
blume, 2009.
________________. Trabalho imaterial, forças produtivas e transição nos Grundrisse de Karl
Marx. Crítica Marxista, Campinas, n. 25, 2007, p. 9-30.
________________. Teoria social e reducionismo analítico: para uma crítica ao debate sobre
a centralidade do trabalho. Caxias do Sul: EDUCS, 2006.
ARTOUS, Antoine. Travail et Émancipation Sociales: Marx et le Travail. Paris: Syllepse, 2003.
116
Trabalho, classes sociais e luta política
117
CAPITULO 7
Jornada, Intensidade e
Produtividade do Labor
Introdução
P
eríodos de crise como a vivida atualmente suscitam perguntas sobre possí-
veis câmbios na organização do trabalho. Crises podem iniciar em setores
completamente distantes do trabalho, mas repercutem quase que instanta-
neamente sobre ele com destruição de postos laborais e redução de salários. Crises
desorganizam processos de trabalho e alteram suas estruturas. Formulando de
maneira mais radical, crises visam desarranjar processos laborais existentes para,
quando melhores condições se restabelecerem, reorganizá-los em outras bases. Se-
ria plausível supor que aconteceriam retomadas do crescimento econômico sob
novas condições de trabalho. Portanto, investigar quais mudanças estão em curso
na forma de organizar e gerir o trabalho é um objetivo de primeira magnitude
para a pesquisa nos dias de hoje.
Tal oportunidade circunstancial permite também suscitar uma discussão te-
órica subjacente. Essa tem como objetivo verificar se a categoria intensidade do
trabalho tem um significado próprio e se a dimensão de intensidade é distinta da
noção de produtividade, termo preferencialmente empregado em economia e nas
ciências sociais em geral com o sentido de identificar aumento ou melhorias dos
resultados obtidos nas atividades laborais. Realizar essa separação conceitual é o
objetivo principal deste capítulo.
1 Sadi Dal Rosso é sociólogo, Ph. D. pela University of Texas at Austin, USA. Professor
do Departamento de Sociologia da UnB e pesquisador I do CNPq. Livros sobre o tema:
A Jornada de Trabalho na Sociedade, o Castigo de Prometeu (SP: LTr, 1996) . Mais Tra-
balho! A Intensificação do Labor na Sociedade Contemporânea (SP: Boitempo, 2008).
E-mail: sadi@unb.br.
CAPÍTULO 7
Intensidade do Labor
120
Jornada, Intensidade e Produtividade do Labor
Produtividade
121
CAPÍTULO 7
122
Jornada, Intensidade e Produtividade do Labor
seria funcional ao capital, o qual teria controle sobre as condições técnicas, atri-
buindo a obtenção da produtividade à sua virtualidade e ao seu poder. Nesse caso,
seriam alteradas as relações entre capital e trabalho.
O fundamento da objeção está na separação conceitual, pois ela enfraqueceria
o trabalho nas disputas com o capital. Na verdade, não é correto assumir, primei-
ramente, que a intensidade seria uma virtualidade sob controle do trabalhador,
enquanto a produtividade seria dirigida pelo empregador. Ambas referem-se ao
trabalho e esse é mais intenso e produtivo hoje do que ontem. A distinção entre
as dimensões de intensidade e produtividade não assume qualquer outro enten-
dimento a não ser o de que a virtualidade de ambas reside no trabalho. Por outro
lado, também a dimensão de intensidade estaria sob o controle do empregador,
pois é ele o responsável por decidir sobre ritmo, velocidade, concentração e densi-
dade laboral. De forma generalizada, pode-se dizer que, em todo o trabalho hete-
rônomo, tal como o assalariado, as dimensões de duração de jornada, intensidade
e produtividade estão, de algum modo, sob controle do empregador. Somente nas
formas de trabalho autônomo (por oposição a heterônomo) a decisão sobre as con-
dições laborais concentram-se nas mãos do indivíduo trabalhador.
Em segundo lugar, a principal razão para separar conceitualmente intensidade
de produtividade reside em enriquecer a teoria do valor trabalho. A indistinção con-
ceitual entre as duas categorias e a sua unificação em uma dimensão empobrecem
a teoria do valor e, também, reduzem a possibilidade de compreensão das formas
de resistência à exploração do trabalho. Teoricamente, a produção de mais valores
depende do alongamento da jornada, da elevação da produtividade ou ainda da
majoração do grau de intensidade dentro do qual é realizado o processo laboral. A
não separação conceitual esconde esse fator da produção de valor. Ademais, intensi-
dade e produtividade operam de formas inteiramente distintas na teoria do valor. A
intensidade é concebida como parte da produção absoluta, geral e básica de valores,
assim como a jornada. Já a produtividade exerce um papel relativo na produção de
valores, tanto relativo ao trabalho necessário quanto ao seu encurtamento.
123
CAPÍTULO 7
124
Jornada, Intensidade e Produtividade do Labor
125
CAPÍTULO 7
126
Jornada, Intensidade e Produtividade do Labor
127
CAPÍTULO 7
128
Jornada, Intensidade e Produtividade do Labor
129
CAPÍTULO 7
Referências bibliográficas
BARTOLI, M. (1980) L´intensité du travail). Thèse Doctorat d’État en Sciences Économiques.
Université des Sciences Sociales de Grenoble, Suisse.
BRAVERMAN, H. (1974) Labor and Monopoly Capital. The Degradation of Work in the Twen-
tieth Century. New York:
CATTANI, David & HOLZMANN, Lorena (org.s) (2006) Dicionário de trabalho e tecnologia.
Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 358p.
DAL ROSSO, Sadi. (2008) Mais Trabalho! A Intensificação do Labor na Sociedade Contempo-
rânea. São Paulo: Boitempo.
DAL ROSSO et alii. (2009) Crise e trabalho no Distrito Federal (in) Trabalho na Capital (no
prelo). Brasília: Gráfica do Ministério do Trabalho e Emprego, capítulo 8, pp. 126- 162.
DURAND, J. e S. GIRARD (2002) Attribution, perception et négociation de la charge de travail.
Les Cahiers d’Évry, France, Université d’Évry, mai, pp. 1-136.
FAIRRIS, David (2000) Towards a theory of work intensity. Noisy-le-Grand, France, Centre
D’Études d’Emploi (CEE). Disponível em www.cee.recherche.fr/fr/colloque_intensification.
FERNEX, A. (2000) Intensité du travail, définition, mesure, évolutions. Colloque Intensifica-
tion du travail, Centre d´Études de l´Emploi, Paris.
GOLLAC, M. e S. VOLKOFF (1996) Citius, altius, fortius. L”Intensification du travail. Actes de
la Recherche em Sciences Sociales, 114, septembre, pp. 54-67.
GREEN, Francis (1999) It’s been a hard day’s night: the concentration and intensification of
work in late 20th century Britain. Kent (UK), Department of Economics, University of Kent at
Canterbury (working paper).
________________. (2000) Why has work become more intense? Conjectures and evidence
about effort-biased technological change and other stories. Kent (UK), Department of Econo-
mics, University of Kent at Canterbury (working paper).
LIKER, Jeffrey K. e David P. MEIER (2008) O talento Toyota. O modelo Toyota aplicado ao
desenvolvimento de pessoas. Porto Alegre: Bookman.
MÉSZÁROS, István (2009) A crise estrutural do capital. São Paulo: Boitempo.
MARX, Karl. (1976) Capital. New York: International Publishers.
OECD (2001) Measuring Productivity. measurement of aggregate and industry-level pro-
ductivity growth. OECD Manual. Disponível no site: http://www.oecd.org/pages/0,3417,
en_36734052_36734103_1_1_1_1_1,00.html.
130
CAPITULO 8
Introducción
L
a teoría del valor-trabajo de Marx contiene los instrumentos teóricos, meto-
dológicos y analíticos para analizar la problemática del mundo del trabajo, a
pesar de quienes han negado su validez. Como idea central pensamos que por
más que se haya alterado la forma de trabajar y de producir, debido a los cambios
introducidos por la reestructuración productiva del trabajo y el capital ocurrida en
el trascurso de las dos últimas décadas − sobre todo debido a la influencia de la in-
formática y de la electrónica aplicados a los procesos productivos − ello no ha hecho
sino adecuar la producción de valor y de plusvalor a condiciones cambiantes que
operan en escala internacional, particularmente a raíz de la “apertura de fronteras”
que se da luego del desmoronamiento de la Unión Soviética y del consiguiente im-
pulso que asume la economía capitalista mediante la incorporación de los países y
regiones recién “liberados” a la dinámica de acumulación y reproducción del capital.
Son muchas las hipótesis y ellas han sido esbozadas por una variedad de auto-
res especialistas en el tema de la crisis.
En este artículo nos ubicamos en la perspectiva de la teoría del valor-trabajo:
cuanto mayor es el desarrollo capitalista afianzado en el aumento de la capaci-
dad productiva del trabajo debida al progreso tecnológico y al desarrollo de las
fuerzas productivas materiales de la sociedad capitalista global, tanto menor es la
reducción de la magnitud (I) de la que depende – dentro de la jornada de traba-
jo − el valor medio de la fuerza de trabajo determinado por el tiempo de trabajo
socialmente necesario para su reproducción. Ocurre, entonces, una producción
cada vez menor de valor que castiga la producción de plusvalía y, en el largo plazo,
provoca la caída de la tasa de ganancia que es el motor del sistema. Esta es la pri-
mera hipótesis que planteamos. La segunda hipótesis, se refiere al hecho de que,
derivado de la anterior, la magnitud (II) relativa a la plusvalía, o tiempo de trabajo
CAPÍTULO 8
La naturaleza de la crisis
132
Superexplotación del Trabajo y Desmedida del Valor
pone objetivamente, pero pone esta objetividad como su propio no-ser o como el
ser de su no-ser: del capital” (Marx, 1980:415).
O sea, el capital se niega asimismo cuando sale fuera de la esfera de su produc-
ción (que es como su oxígeno) y entra a la del mercado, a la circulación (que es el flo-
gisto o lo contrario del oxígeno), pero necesita atravesar por esta última como con-
dición de su realización para entrar nuevamente a la producción de nuevo capital.
Como ocurre en la actualidad el capital desplaza fuerza de trabajo en todas las
industrias, servicios y actividades, países, territorios y regiones del mundo entero
preferentemente mediante despidos, y al mismo tiempo se disloca hacia las activida-
des especulativas características del capital ficticio (es decir, el capital que se desco-
necta, durante determinados períodos, de la esfera de la producción (Chesnais, 1993
y Harvey, 2004). Si bien es cierto que ambos fenómenos provocan que se dé una pro-
ducción mayor de productos (o sea: de valores de uso), sin embargo, progresivamente
en el largo plazo se crea cada vez menos valor (de cambio), debido a que lo único que
crea valor y plusvalía para el capital es el trabajo, es decir, la fuerza de trabajo huma-
na. Esta menor disposición de fuerza de trabajo termina por castigar severamente la
tasa media de ganancia del sistema. Y este fenómeno se agudiza debido a que la ten-
dencia del capital es la de “…volver superfluo (relativamente) el trabajo humano, la
de empujarlo como trabajo humano hasta límites desmesurados” (Marx, 1980:350).
Además, cuando el capital, como está ocurriendo hoy en la economía global, se
concentra en la esfera financiera, en los bancos, en las bolsas de valores, en el comer-
cio, en la circulación, de acuerdo con Marx, se reafirma el proceso de su desvaloriza-
ción, porque ese capital no crea valor ni plusvalor en esas esferas, sino solamente en
la de la producción y del proceso de trabajo, que es el espacio-tiempo donde la fuerza
de trabajo se articula con los medios de producción y con la transformación de la
naturaleza para – poder – producir medios de consumo y nuevos medios de pro-
ducción que revitalicen el proceso de reproducción del capital en una nueva escala
superior. De esta forma, “…la desvalorización constituye un elemento del proceso
de valorización, lo que ya está implícito en que el producto del proceso en su forma
directa no es valor, sino que tiene que entrar nuevamente en la circulación para
realizarse en cuanto tal. Por lo tanto, si mediante el proceso de producción se repro-
duce el capital como valor y nuevo valor, al mismo tiempo se le pone como no-valor,
como algo que no “se valoriza mientras no entra el intercambio” (Marx, 1980: 355).
Según Marx, el proceso de valorización de capital, además de esta desvalorización
implícita, también incluye tanto la conservación del valor (de los medios de produc-
ción, de las herramientas y de la fuerza de trabajo) como la creación de plusvalor.
Debemos constatar que el valor de uso de la fuerza de trabajo – que es lo que
en el mercado compra el capital –, produce la plusvalía (vital para el sistema) y se
133
CAPÍTULO 8
Jornada de Trabajo
a- - - -b - - - -c = 8 horas
a- - - b - - - - - c = 8 horas
a- - b - - - - - - c = 8 horas
a- b - - - - - - - c = 8 horas
Donde la línea (a-b) corresponde al valor de la fuerza de trabajo y a su reproducción y se
refleja en su salario y la línea (b-c) representa al tiempo de trabajo excedente no remunerado
que es la plusvalía que se apropia el capitalista.
134
Superexplotación del Trabajo y Desmedida del Valor
Jornada de Trabajo
a- - - -b - - - -c = 8 horas
a- - - -b - - - -c = 8 horas
a- - - -b - - - -c = 8 horas
a- - - -b - - - -c = 8 horas
a - - - -b - - - - c- - - - d = 12 horas (a+b+c).
a - - - -b - - - - c- - - - - -d = 14 horas (a+b+c).
a - - - -b - - - - c- - - - - - - -d = 16 horas
La línea c-d representa la prolongación de la jornada laboral más allá de límite legal.
135
CAPÍTULO 8
El tiempo de trabajo, que había sido la categoría eje alrededor de la cual se cal-
culaban todos los valores y precios de las mercancías entra, primero, en tensión y,
más tarde, en crisis. De tal manera que la proyección científica de Marx es que en
el capitalismo se agudiza la contradicción entre el tiempo de trabajo y la desmedi-
da del valor, es decir: que en cada ciclo de aumento real de la productividad social
del trabajo, debida entre otros factores, al incesante incremento e incorporación de
tecnología de punta en el proceso de trabajo, el “tiempo de trabajo” deja de ser un
factor suficiente del capital para aumentar el plusvalor y, por ende, en el largo plazo
la tasa de ganancia, la cual, por el contrario, tiende a declinar, estimulando por todo
el sistema el ciclo especulativo, la concentración y centralización del capital.
Ciertamente que ese tiempo, social y necesario, crece, pero lo hace cada vez
menos, debido entre otros factores, al desplazamiento de fuerza de trabajo por las
máquinas, la tecnología, las materias primas que, como dijimos no crean valor ni,
por ende, plusvalía, sino sólo lo transfieren al producto final. El resultado de todo
ello es que se reduce la plusvalía relativa, es decir, aquella plusvalía que el obrero
crea con ayuda de las máquinas a elevar la productividad del trabajo.
136
Superexplotación del Trabajo y Desmedida del Valor
“Cuanto mayor sea el plusvalor del capital antes del aumento de la fuerza pro-
ductiva, tanto mayor será la cantidad de plustrabajo o plusvalor presupuestos
del capital, o tanto menos desde ya la fracción de la jornada de trabajo que
constituye el equivalente del obrero, que expresa el trabajo necesario, y tanto
menor el crecimiento del plusvalor recibido por el capital gracias al aumento
de la fuerza productiva. Su plusvalor se eleva, pero en una proporción cada
vez menor respecto al desarrollo de la fuerza productiva. Por consiguiente,
cuanto más desarrollado sea ya el capital, cuanto más plustrabajo haya crea-
do, tanto más formidablemente tendrá que desarrollar la fuerza productiva
para valorizarse a sí mismo en ínfima proporción, vale decir, para agregar
plusvalía, porque su barrera es siempre la proporción entre la fracción del
día – que expresa el trabajo necesario – y la jornada entera de trabajo. Única-
mente puede moverse dentro de este límite. Cuanto menor sea ya la fracción
que corresponde al trabajo necesario, cuanto mayor sea el plustrabajo, tanto
menos puede cualquier incremento de la fuerza productiva reducir conside-
rablemente el trabajo necesario, ya que el denominador ha crecido enorme-
mente. La autovalorización del capital se vuelve más difícil en la medida en
que ya esté valorizado. El incremento de las fuerzas productivas llegaría a ser
indiferente para el capital; la misma valorización, porque sus proporciones se
habrían vuelto mínimas; y habría dejado de ser capital…Pero esto no ocurre
porque haya crecido el salario o la participación del trabajo en el producto,
sino porque aquél ha descendido ya muy profundamente, en proporción con
el producto del trabajo o con el día de trabajo vivo” (Marx, 1980: 283-284).
137
CAPÍTULO 8
La recuperación de la crisis
El capital tiene alternativas para superar la crisis y son varias, por lo que, la
presente, no es una crisis terminal del sistema. El capital y su metabolismo social
(Mészáros, 2001), aún dispone de dispositivos muy serios que implementar para
auto-regenerarse y autovalorizarse, por supuesto, con ayuda de la represión y la
fuerza bruta. Entre otros, nosotros apuntamos dos: la guerra imperial y la genera-
lización del régimen socioeconómico de superexplotación del trabajo como “sali-
das” inmediatas de la crisis, que podrían recomponer la tasa de crecimiento eco-
nómico del sistema capitalista, aunque en una proporción infinitamente menor a
la alcanzada por el capitalismo durante los “treinta años gloriosos” (1945-1973).
En este contexto, desde la década de los ochenta del siglo pasado, cuando asu-
men la supremacía las estrategias estabilizadoras del neoliberalismo y del capital
financiero, las crisis capitalistas modernas están hoy mucho más que nunca en
el pasado, asociadas a la reestructuración del capital y del mundo del trabajo (en
materia de sueldos, jubilaciones, empleo, organización del proceso de trabajo, for-
mación sindical, calificación y adiestramiento, así como del ejército industrial de
reserva), con el fin de adecuarlos a la lógica y condiciones de funcionamiento del
mercado (Alves, 2007 y Sotelo, 1993, 1999, 2009). En este marco asumen un papel
estratégico las políticas del Estado y del capital encaminadas a estimular el creci-
miento de la tasa de ganancia, contrarrestar las tendencias a la disminución del rit-
mo de acumulación y a favorecer los procesos de reestructuración y desregulación
de la fuerza de trabajo (O’ Connor, 1987).
Hoy la acumulación y reproducción del capital privilegia la producción de
productos primarios para la exportación (agricultura, energía, minerales, energéti-
cos), así como de biocombustibles. Por estos motivos, la condición del crecimiento
económico que vienen imponiendo los organismos internacionales como el Banco
Mundial, el Fondo Monetario, la OCDE y el BID, pasa a depender del grado que al-
cance la especialización productiva en cada economía nacional – dentro del marco
de la nueva división internacional del trabajo –, de la capacidad para exportar recur-
sos naturales y productos básicos —que otrora consumía la población— como ocu-
rrió en los países del Cono Sur (en Argentina, por ejemplo), antes que de mercancías
complejas de alto valor tecnológico agregado que resultaban del proceso de indus-
trialización, como plantearon reiteradamente los autores de la CEPAL y, hoy, los
neo-estructuralistas del desarrollo y las corrientes evolucionistas de la tecnología.
Estas políticas de reconversión industrial y de ajuste de las economías a los re-
querimientos de las grandes empresas transnacionales no bastaron en la década de
los ochenta y de los noventa, como no bastan hoy, para resolver la crisis capitalista,
138
Superexplotación del Trabajo y Desmedida del Valor
139
CAPÍTULO 8
140
Superexplotación del Trabajo y Desmedida del Valor
A modo de síntesis
141
CAPÍTULO 8
reales son las caídas de las tasa de ganancia para los empresarios – son sólo mani-
festaciones de las dificultades, obstáculos y problemas que ocurren en la dimensión
productiva y en la valorización del capital. Es este el suelo de donde brotan y se re-
crean constantemente las contradicciones que ahora los gobiernos tratan de paliar
recurriendo a medidas de corte monetarista como la emisión de moneda para subsi-
diar a empresas y negocios cuyo objetivo es lisa y llanamente la especulación, como
sucede en Estados Unidos, en Europa y se está extendiendo al resto del mundo.
Otras medidas, como la tímida intervención del Estado en la economía y en
la regulación de los tipos de cambio, resultan insuficientes, ante la hecatombe que
representa la profunda crisis del emporio empresarial norteamericano y europeo,
que no encuentra la forma de solventar el capitalismo sin agudizar sus contradic-
ciones y precipitar nuevas escaladas de inflación, destrucción de activos y desem-
pleo. Por supuesto, no es el fin del sistema capitalista, como a veces se plantea. Pero
si creemos que es el preludio de un agotamiento de la fase progresiva del capitalismo
en tanto modo de producción y el comienzo de una nueva fase tendiente al estan-
camiento estructural mucho más destructiva y contradictoria para la humanidad,
porque ahora incorpora los recursos naturales, el medio ambiente y los sistemas
ecológicos del planeta a la explotación masiva para la producción de mercancías y
de servicios. Sólo así el sistema podrá solventar su destrucción y postergarla por al-
gún tiempo, cuando surja un nuevo ciclo de contradicciones y de incertidumbres.
En el pasado, el capitalismo avanzado nutrió dispositivos como el fordismo y el
taylorismo que, al amparo de la consolidación y expansión del Estado de bienestar,
le permitieron experimentar el período más exitoso de su historia. Sin embargo,
después de los Treinta Años Gloriosos, a mediados de la década de los setenta, ese
proceso entró en crisis y advino el neoliberalismo que, en la jerga popular, significa
un conjunto de políticas, normas y prácticas empresariales cimentadas en las fuer-
zas del mercado y en un individualismo exacerbado y encarnizado que sometió a la
sociedad y a los trabajadores al imperio de la competencia desenfrenada, a la des-
igualdad social y la derrota política. El dispositivo utilizado, entre otros fenómenos
como la desestructuración de ese Estado de bienestar, fue el desarrollo de la tecnolo-
gía y de la ciencia aplicado a los procesos productivos y de trabajo, que consolidaron
un nuevo tipo de organización social de tipo toyotista y la automatización flexible.
Como vimos, el elemento central de esta nueva forma de las relaciones sociales
de producción y de organización del trabajo en la fase neoliberal, ha sido la siste-
mática apropiación por el capital de la subjetividad del trabajo (conocimientos y
saberes de los trabajadores) y su intensificación como nunca antes en la historia.
Respecto a lo primero, mostramos que ante el límite marcado por el tayloris-
mo y el fordismo la apropiación del conocimiento del obrero colectivo es esencial
142
Superexplotación del Trabajo y Desmedida del Valor
143
CAPÍTULO 8
Referencias
144
CAPITULO 9
E
l objetivo de este ensayo es profundizar en el concepto ampliado de Tra-
bajo, de Relación Laboral y de Construcción Social de la Ocupación (De la
Garza, 2006), introduciendo la noción de trabajo no clásico (De la Garza,
2008) discutiendo acerca del concepto de servicios, en especial sobre su carácter
de “intangibles” y su problematización al considerar a los clientes, a otros actores
no laborales, las intersecciones de las esferas de la producción y la reproducción,
así como del Derecho y el impacto del Trabajo en este tipo de actividades en la
identidad y la acción colectiva. Notas breves son introducidas con respecto de la
relación entre valor de las mercancías y trabajo inmaterial. Los ejemplos que se
tomarán forman parte de una investigación empírica ya concluida para ocupa-
ciones no clásicas específicas realizada en la ciudad de México en vendedores am-
bulantes semifijos, fijos, que venden dentro de los vagones del metro (vagoneros),
taxistas, microbuseros, choferes de metrobús, así como empleados de Wal Mart,
MacDonals, Call Centers, Extras de televisión y empresas de diseño de software.
De tal manera que las afirmaciones empíricas están basadas en esta investigación,
en otros contextos pueden ser diferentes, es decir no agotan el complejo ámbito del
trabajo no clásico, en todo caso permite advertir de formas que no necesariamente
se presentan entre los clásicos2
146
Trabajo no Clásico, Organización y Acción Colectiva en Trabajadores no Clásicos
ción, pero sus relaciones con esta y con la subjetividad o proceso de construcción de
significados debe investigarse en concreto sin reduccionismos (De la Garza, 1992).
Lo objetivado puede cristalizar en estructuras y artefactos que no determinan la
acción sino que la acotan, presionan, canalizan y en todo caso la mediación de la
subjetividad es indispensable para explicar la acción (Heller, 1977).
Lo material como objetivado puede ser algo físico (un edificio que construye-
ron los hombres y que no existe solo en el momento de la práctica de sus creadores)
pero también puede ser simbólico (Schutz, 1996). La objetivación de símbolos o
códigos para construir significados es parte de una tradición muy cara a la Socio-
logía y a la Antropología. Desde Durkheim y su concepto de conciencia colectiva
que no se reduce a las individuales, pasando por Parsons y su idea de subsistema
cultural que diferencia claramente del de la personalidad el que transcurre en la
subjetividad, al de significados objetivos de Schutz (Schutz, 1996), socialmente
aceptados. En esta línea la objetivación o sanción social de los significados podría
afinarse un poco más bajo la diferenciación entre signo, sentido y significado. Re-
servando este último a los que en concreto construye el sujeto para comprender
y actuar en la situación concreta y que transcurre en la subjetividad que puede
ser social además de individual (Gurvitsch, 1979). Pero el proceso concreto de
crear significados para la situación concreta utiliza como materia prima códigos o
sentidos de la cultura que están socialmente aceptados, el sujeto a partir de estos
puede hacer reconfiguraciones o reconstrucciones según su grado de autonomía
con respecto de las formas culturales dominantes y en función de lo rutinario o
extraordinario de los eventos que requieren de ser significados (Cicourel, 1974).
Es decir, una forma de objetivación es de sentidos o códigos de la cultura que ten-
drían también una existencia transindividual aunque finalmente requieren como
todo lo social de su actualización. Los códigos objetivados de la cultura pueden ser
de diversos órdenes: morales, emotivos, cognitivos, estéticos (De la Garza, 2007).
Por otro lado, puesto que la relación con el mundo de los hombres es simbó-
lico-práctica, los objetos de trabajo, medios de producción, productos e interac-
ciones en los proceso de trabajo están también investidos de significados (De la
Garza, 1997). En esta medida en los productos del trabajo puede haber énfasis
diversos de lo físico y de lo simbólico pero finalmente todos los trabajos incluyen
las dos dimensiones en todas sus fases, así como en las operaciones de compra ven-
ta. Cuando se habla de producción material no hay que entender solamente la que
genera productos físicos objetivados, puede implicar la generación de símbolos
objetivados como el diseño de software. En esta lógica resulta superficial decir que
la producción inmaterial es la de generación de conocimiento o bien la emocional.
Porque ambas pueden ser objetivadas –símbolos cognitivos como una fórmula
matemática o emociones nacionalistas socialmente aceptadas- o bien existir solo
147
CAPÍTULO 9
148
Trabajo no Clásico, Organización y Acción Colectiva en Trabajadores no Clásicos
2. Los Servicios
149
CAPÍTULO 9
150
Trabajo no Clásico, Organización y Acción Colectiva en Trabajadores no Clásicos
151
CAPÍTULO 9
152
Trabajo no Clásico, Organización y Acción Colectiva en Trabajadores no Clásicos
153
CAPÍTULO 9
y los propios empleados. Las empresas tratan de infundir una ideología de perte-
nencia a una familia, pero sobre todo se trata de procesos muy controlados por
las gerencias, con miras también a desactivar rápidamente cualquier intento de
organización independiente. Las luchas en México en estas empresas se han dado
por excepción, reportamos una en Wal Mart que si prosperó, gracias a que un
sindicato corporativo lo negociación en el nivel estatal, en tanto que otra más in-
dependiente ha chocado con todo el aparato administrativo y jurídico laboral que
soporta a los sindicatos de protección. En estas empresas, la presencia del cliente es
muy importante y frente al mismo se generan sentimientos ambivalentes, por un
lado de darle un buen servicio, por el otro de ser uno de los que presionan y a veces
acusan a los trabajadores de negligencia. Cuando alguna lucha ha prosperado ha
sido gracias a la formación o negociación externa a los lugares de trabajo.
La situación se complica para los trabajadores en la venta de bienes o servicios
ambulantes, el trabajo del taxista, del microbusero, que se realiza en locales o luga-
res fijos o móviles pero en espacios abierto a las interacciones con sujetos diversos
en el territorio (trabajo no clásico de tipo II). Cuando se trata de trabajo asala-
riado, valen las consideraciones ya expresadas para esta relación obrero patronal
en el tipo I, habría que puntualizar la relación con el cliente. Pero en el caso de
autoempleados no se puede hablar de la participación de este en un “contrato” de
trabajo al cual formalmente se pueda apelar, a diferencia del derechohabiente del
Seguro Social que puede reclamar un servicio previamente pactado Sino que en el
mejor de los casos valen reglas más generales del derecho civil, del comercial, del
penal, del reglamento de policía o del de salubridad. Pero lo que hace francamente
complejo al trabajo en territorios abiertos es la emergencia no necesariamente sis-
temática de actores de dicho territorio que no implican la relación proveedor-tra-
bajador-cliente, estos actores pueden ser transeúntes, policías, inspectores, otros
trabajadores de la misma ocupación, líderes de organizaciones que no son sindi-
catos de este tipo de trabajadores o de otras actividades. Aunque las relaciones de
los sujetos mencionados con los trabajadores por su cuenta no son las del trabajo
asalariado en el sentido clásico si impactan al trabajo, impactan el uso del territo-
rio para trabajar, al tiempo de trabajo, al tipo de producto, a las ganancias, y hasta
a la existencia misma de la ocupación. Aunque fueran interacciones eventuales no
necesariamente son extraordinarias y muchas veces es posible establecer regula-
ridades en cuanto al tipo de actor que interacciona, el tipo de interacción, los con-
tenidos prácticos y simbólicos, las cooperaciones, negociaciones y conflictos. Para
nuestra investigación en esta categoría se encuentran los vagoneros, ambulantes,
tianguistas, taxistas, microbuseros y metrobuseros. Por la multiplicidad de actores
involucrados con su trabajo y la eventualidad de muchas de las intervenciones de
estos, necesitan estar en un estado permanente de alerta, aunque su referente prin-
154
Trabajo no Clásico, Organización y Acción Colectiva en Trabajadores no Clásicos
cipal de negociación y conflicto es el gobierno que actúa como un cuasi patrón que
gestiona el uso del los espacios públicos. En estas negociaciones son cruciales las
organizaciones de los trabajadores que comúnmente con los gobiernos establecen
regulaciones de cómo trabajar – uso del espacio, registro de trabajadores, jorna-
das, etc. El aspecto central de los conflictos y del control sobre el trabajo es el uso
del espacio, sea relativamente fijo o en general la ciudad.
El tercer tipo de trabajo no clásico, tipo III, en espacios fijos y cerrados priva-
dos, empresariales, o bien confundidos con los de reproducción, como en el tra-
bajo a domicilio, con interacciones precisas con patrones, proveedores y clientes.
Lo que añade complejidad en cuanto al control son las presiones que vienen de la
familia, las interfases y a la vez contradicciones entre espacios de trabajo y los de
alimentación, aseo, cuidado de los niños, descanso o diversión. Los actores adi-
cionales a considerar son los hijos, esposos, familiares que cohabitan en el mismo
espacio de trabajo o vecinos y que exigen atención, tiempo, afecto, u otro tipo de
trabajo como el doméstico para sus necesidades vitales. Para nuestra investigación
fueron los casos de los diseñadores de software y de los extras de televisión en
sus modalidades empresariales. Son casos extremos, aunque en ambos se trata de
trabajadores con cualidades en el ámbito de los significados. Para los diseñadores
de software la capacidad cognitiva, para los extras de imagen estética de su físico.
Ambos son trabajadores poco protegidos, aunque los diseñadores pueden tener
salarios más elevados y basar su seguridad en el empleo no en la contratación sino
en sus cualidades cognitivas que se acercarían a un nuevo concepto de oficio. Los
extras son todos eventuales, sujetos al despotismo de quienes los contratan, que
pueden ser sindicatos, agencias de contratación de personal o productoras. En es-
tos trabajadores se genera un gran resentimiento, derivado de los desprecios y mal
tratos, bajos salarios, pero también de la frustración de no llegar a ser actores.
En cuanto a la regulación laboral: este tema ha estado asociado en el origen al
surgimiento del trabajo asalariado sin regulaciones ni protecciones en los trabaja-
dores en los siglos XVIII y XIX. Las luchas obreras fueron conquistando un cuer-
po de Leyes, contratos, etc. que regularían estas relaciones en cuanto al salario
y prestaciones, la entrada y salida de los trabajadores del empleo, los tiempos de
trabajo, las funciones a desempeñar, la calificación necesaria, la forma de ascen-
der entre categorías, las de cómo resolver las disputas entre capital y trabajo, las
sanciones a los trabajadores cuando incumplan las normas, la movilidad interna,
la polivalencia, los escalafones, la participación en las decisiones de los trabajado-
res o de los sindicatos en los cambios tecnológicos o de organización. Lo anterior
se extendió más allá del lugar de trabajo hacia el reconocimiento de los sindicatos,
de las instituciones de seguridad social y las de la justicia del trabajo, así como
de los vínculos más amplios entre Estado, sindicatos y organizaciones patrona-
155
CAPÍTULO 9
les. Todo esto se consideró por mucho tiempo que solo era pertinente para el
trabajo asalariado, por la razón de que en este tipo de relación laboral se podría
demandar por el incumplimiento de las normas a los trabajadores o a las empre-
sas, a diferencia del autoempleado que al no contar con un patrón se le consideró
ausente de una relación laboral. Sí bien la relación laboral en sentido restringido
puede ser la que se establece entre el capital y el trabajo, que parte del puesto de
trabajo y que se extiende hasta el Estado y las instituciones de justicia laboral y
de seguridad social. En sentido ampliado la relación laboral no sería sino la o las
relaciones que en el trabajo se establecen entre los diversos actores que participan
interesada o circunstancialmente en este y que influyen en el desempeño laboral.
Con esta definición ampliada de relación laboral (Durand, 2004) como interac-
ción social, con sus atributos de práctica e intercambio de significados dentro de
determinadas estructuras, los actores a considerar no tendrían que ser solamente
los que contratan fuerza de trabajo y quienes son contratados, dependiendo del
tipo de trabajo pueden ser actores muy diversos no necesariamente interesados
en la generación de un bien o un servicio determinado como la venta ambulante
los inspectores (Jurgens, 1995).
En el primer tipo de trabajo no clásico (asalariados en espacios fijos y cerrados
en interacción directa con los clientes) vale la pena detenerse en la parte corres-
pondiente al cliente. El buen trato al cliente es parte muchas veces de lo pactado
en la relación laboral. Para el asalariado en el piso de las tiendas Wal-Mart o del
MacDonalds, el interaccionar el trabajador con este actor con eficiencia y cortesía
puede ser parte de la regulación formal del trabajo. Frente a un incumplimiento de
esta norma el cliente puede acudir a la empresa o a otras instancias de regulación
–por ejemplo en el caso de los servicios médicos- para demandar al trabajador,
eventualmente puede también recurrir al derecho civil o al penal. Pero lo más in-
teresante podría ser la regulación informal que apela a la ética del trabajador en la
atención, a la cortesía o a las buenas costumbres. Dependiendo del, caso también
pueden influir sobre el trabajador sentimientos de compasión (discapacitados) y
la presión simbólica y hasta física de otros clientes que hicieran causa común con
los reclamos de uno. La presión del cliente puede encontrar apoyo en reglas de la
organización que emplea al trabajador -las horas de entrada, igual que las horas
de salida o los poros en la actividad del trabajador pueden ser motivos de disputa.
Es decir, las reglas burocráticas de la empresa pueden ser usadas por los usuarios y
con esto adquirir un carácter tripartito en la práctica la regulación laboral.
Otro tanto se puede decir de reglas sancionadas directamente por el Estado
–sanitarias, criminales, mercantiles – que el usuario las puede hacer suyas y esgri-
mirlas frente a un mal servicio por parte del trabajador. Cuando corresponda, las
reglas pueden provenir de las organizaciones gremiales o políticas a las que perte-
156
Trabajo no Clásico, Organización y Acción Colectiva en Trabajadores no Clásicos
nezca el trabajador, o bien a ámbitos desligados del trabajo para actores no clientes
como reglamentos de tránsito, sanitarios, de moral pública, etc. (trabajo no clásico
tipo II) (Lindón, 2006).
Es decir, podemos encontrarnos en situaciones de imbricación de reglamen-
taciones complejas formales e informales, no exentas de contradicciones y a las
cuales los actores pueden apelar en los casos de violaciones o para ganar ventajas
en la prestación de los servicios.
Posiblemente el concepto que en caso del trabajo ampliado sintetice a los dos
conceptos anteriores y añada otros elementos importantes sea el de construcción
social de la ocupación. Otra vez, hay que buscar el origen de la discusión en el
trabajo asalariado clásico. El concepto de empleo, entendido como ocupación de
asalariados para un patrón, mucho tiempo ha sido pensado abstractamente como
resultado del encuentro entre oferta de trabajo (fuerza de trabajo diría C. Marx) y
demanda de esta, las variables centrales que supuestamente permitirían explicar
el empleo serían el salario y el número de puestos disponibles con respecto de los
solicitantes de empleo, así como el número de oferentes de trabajo (otros extende-
rán el análisis hacia la familia) (Benería y Roldán, 1987). Sin embargo, en el trabajo
asalariado el arribar a la obtención de un puesto de trabajo puede ser detallado
con mayor precisión. Por el lado de la oferta de fuerza de trabajo, esta oferta es de
hecho un tipo de acción emprendida por los que desean emplearse y como todas
las acciones sociales, se parte de situaciones que el futuro trabajador no escogió,
de puestos disponibles, de sus redes sociales y de sus propias concepciones acerca
del trabajo. Parte también de cierta estructura de la familia, en ingreso, en jerar-
quías, en lo que se considera trabajos legítimos, de redes familiares, de amistad,
de compadrazgo que permiten llegar a veces a las fuentes de empleo (Barrere y
Agnés, 1999)). Además, el oferente de mano de obra llega a solicitar empleo con
cierta educación, calificación y experiencia laboral, género, etnia, origen urbano
o rural y regional, en cierto momento de su ciclo vital. Por otro lado, se sitúa en
estructuras macro que pueden aparecer invisibles para el actor pero que influyen
en sus posibilidades de empleo, como la coyuntura del crecimiento o crisis de la
economía, las estructuras del mercado de trabajo (Bordieu, 1992). Por el lado de la
demanda de fuerza de trabajo esta tienen que ver con la microeconomía de la em-
presa, el mercado del producto, ventas, inversiones, exportaciones y la macroeco-
nomía que la impacta (inflación, tasa de cambio, déficits en cuenta corriente). Pero
también con la configuración sociotécnica del proceso de trabajo de la empresa
(tecnología, organización, relaciones laborales, perfil de la mano de obra, cultura
gerencial y laboral) y las estrategias de la gerencia de manejo de personal, de rela-
ciones laborales, etc. Cuando sea el caso, pueden influir las políticas sindicales de
contratación de personal, por ejemplo el dar preferencia a los familiares de los ya
157
CAPÍTULO 9
empleados. Sin olvidar las restricciones de las leyes laborales o de seguridad social
y los contratos colectivos de trabajo.
En el encuentro entre oferta y demanda de trabajo están involucrados sujetos
que tienen intereses uno de ser empleado con ciertas condiciones y el otro de con-
seguir al empleado adecuado, pero estos no actúan con entera libertad, está limi-
tados o impulsados por estructuras micro, mezzo y macro como las mencionadas,
pero ubicados en estas los actores conciben la relación de trabajo de acuerdo con
sus intereses, experiencia y carga cultural y el encuentro puede coincidir por los
dos lados o frustrarse.
En los trabajos no clásicos tipo I, la diferencia más substantiva con los clásicos
es la presencia del cliente en el lugar de trabajo y que el producto o el servicio se
genera en el momento del consumo (hay un producto material que se vende y con-
sume en el restaurante). Es decir, la construcción de la ocupación depende también
directamente del consumidor, que no contrata al trabajador, pero el ser contratado
el trabajador por la empresa depende de que aquel esté consumiendo en el acto
mismo del trabajo. Es decir, la repercusión del mercado del producto sobre el em-
pleo es directa. Esta preferencia del consumidor no se basa solo en el precio y en
la calidad del producto sino también en la atención personal, de tal forma que en
la producción social de la ocupación no es posible separar de manera inmediata la
demanda de trabajo de la demanda del producto o al menos no se dan en dos fases
separadas. Además la presión por parte del cliente de proporcionar un producto-
servicio de calidad y afectividad adecuados permanece durante toda la actividad
laboral y no forma parte solamente del momento de la contratación del trabajador.
Es decir, la construcción social de la actividad es permanente y puede verse coar-
tada por las malas relaciones del trabajador con el cliente, además de con la propia
gerencia. Por el lado del cliente su demanda de servicio implica precio y calidad del
mismo, pero dentro de la calidad está la calidez de la relación con el trabajador y
la organización. En unos casos el producto puede ser de compra venta –compra en
un supermercado, servicio tradicional de un banco en sucursal-, en otros el pro-
ducto se consume en el lugar de trabajo –hospitales, hoteles, restaurantes- pero en
todos estos la calidez forma parte integrante del servicio. Este factor puede alterar
la demanda del producto y con esto afectar el empleo.
La construcción social de la ocupación se complica en espacios abiertos sean
los trabajadores asalariados o no de tipo II (Lindón, 2006). La demanda del pro-
ducto influye directamente en la construcción de este tipo de ocupaciones, en lo
inmediato depende de los clientes. Es decir, un condicionante directo de estas ocu-
paciones es el mercado del producto para sintetizar en el que cuentan la inflación,
el tipo de producto, el nivel de ingreso de la población. Pero muchos otros agentes
pueden ayudar u obstaculizar la constitución de la ocupación. Primero, las posi-
158
Trabajo no Clásico, Organización y Acción Colectiva en Trabajadores no Clásicos
4. La identidad
2
4 Entendemos por configuración sociotécnica de los procesos de trabajo al arreglo confor-
mado por el nivel de la tecnología, el tipo de organización del trabajo, la forma de las rela-
ciones laborales, el perfil de la mano de obra y las culturas gerencias y laborales
159
CAPÍTULO 9
arsenal clave de la sociología hasta los años setenta, conceptos cercanos como el
de Conciencia Colectiva de Durkheim, Conciencia de Clase de Marx o Ethos de
Weber no corresponden exactamente a este concepto (Dubet, 1989). En Parsons
se menciona pero es marginal, a diferencia de la psicología clínica que de tiempo
atrás le dio importancia relacionada con los trastornos psicológicos. El concepto
de Identidad se volvió importante en Sociología desde los años ochenta y su irrup-
ción tuvo que ver con las teorías de los nuevos movimientos sociales que nacieron
en los setenta (Murga, 2006) (Di Giacomo. 1984). Para estos nuevos movimientos
sociales –estudiantiles, feministas, ecologistas- la explicación no podía encontrar-
se en la adscripción de clase de los participantes y se buscó en ámbitos culturales
y subjetivos, al grado de convertirse en un concepto central relacionado ya no solo
con movimientos sociales sino con el papel del hombre en la sociedad postmo-
derna, vinculado a la pérdida de sentidos, de proyectos de idea de futuro (Castel,
2004) (De la Garza (coord.), 2005). Sin llegar al extremismo postmoderno, desde
los noventa aparecen las teorías que vinculan la discusión sobre Identidad al fun-
cionamiento flexible de los mercados de trabajo, a la fluidez en las ocupaciones, en
las trayectorias laborales y de vida que conducirían a una pérdida de identidad, en
especial de los trabajadores (Sennet, 2000) (Dubet, 1999).
En la investigación sobre trabajadores no clásicos nos hicimos la misma pre-
gunta, ¿Pueden este tipo de trabajadores que contrastarían con los antiguos obre-
ros de industria identificarse, generar acciones colectivas y organizaciones a partir
de su Trabajo? Antes tenemos que profundizar sobre el concepto de identidad, en
particular de la colectiva.
La relación entre Trabajo e Identidad muchos la han idealizado en el traba-
jo de oficio, es decir, de un gremio de trabajadores autoconsiderados y también
visto por los externos como poseedor de capacidades especiales para generar un
producto, capacidades que requerirían de un aprendizaje prolongado no escolar
sino en la práctica, en el que el producto sería motivo de orgullo para su creador
por su calidad única. Sin duda que este problema estuvo presente como fuente de
conflicto cuando a raíz de la revolución industrial los artesanos incorporados a las
fábricas, controlados por las máquinas y posteriormente taylorizados y fordizados,
perdieron socialmente sus calificaciones dando origen a la clase obrera moderna,
industrial, que no necesariamente se identifica con su oficio. Todavía, en una etapa
anterior al maquinismo capitalista, los trabajadores asalariados podían hacer valer
su saber hacer al ser el proceso de producción no una cadena de máquinas sino
de hombres y todavía depender la calidad del producto de sus habilidades. Pero
en la gran producción del siglo XX este tipo de trabajo había desaparecido y no
había una razón para que el obrero estandarizado y rutinizado, sometido a una
minuciosa división del trabajo se sintiera orgulloso de su trabajo, de tal forma que
160
Trabajo no Clásico, Organización y Acción Colectiva en Trabajadores no Clásicos
la famosa crisis de las identidades obreras con el producto de su trabajo data pri-
mero de la revolución industrial, y luego fue un fenómeno que en la gran empresa
sucedió hace más de 100 años. Sin embargo, fueron esos obreros descalificados, no
apegados a su trabajo ni mucho menos a su producto los que protagonizaron las
más duras luchas del movimiento obrero en el siglo XX (Hayman, 1996). Su identi-
dad ya no era con su trabajo o con su producto, sino con su comunidad de obreros
y en sentido negativo, como los explotados, los exprimidos con la intensificación
del trabajo, que se reflejaba en malas condiciones de vida. Eso fue lo que los iden-
tificó y no el oficio o la profesión. En etapas posteriores la identificación también
pudo ser con sus sindicatos o partidos políticos como medios de lucha. Es decir,
para la acción colectiva de los trabajadores no importa solamente la identidad con
el trabajo, como actividad concreta y con su producto, que incluso fue en el siglo
XIX un obstáculo para la formación de identidades más amplias (el carpintero que
se consideraba muy diferente del herrero) y que llevó inicialmente a la formación
de sindicatos diferenciados por oficios (Melucci, 2001). La homogeneización del
maquinismo y de la organización científica del trabajo contribuyeron a que los
obreros se vieran como semejantes, pero esta apreciación no podía surgir como
por arte de magia de unas estructuras, sino que se vio mediada por procesos de
abstracción de las diferencias vinculados con prácticas, sobre todo de luchas, y por
ideologías que así lo proclamaban, que enraizaban sobre todo cuando los conflic-
tos de clase se presentaban (De la garza, 2002).
Es decir, la Identidad con el Trabajo como problema no puede quedar reducido
a la que puede darse con la actividad concreta y el producto generado, porque lo
que los teóricos de la crisis de las Identidades están realmente discutiendo es la
crisis del movimiento obrero actual. En esta medida la Identidad con el Trabajo
tiene que manejarse en forma ampliada, primero con la actividad productiva pro-
piamente y con su producto, a semejanza de la identidad del oficio. Pero, decíamos,
la historia del movimiento obrero no es simplemente la de las identidades de oficio
agredidas, sino principalmente las de obreros no de oficio que se levantaban por
sus condiciones de trabajo y de vida negativas, incluso se levantaban por no sentir-
se identificados con su trabajo y estar forzados a vender su fuerza de trabajo para
subsistir. De esta forma, la segunda dimensión de la identidad de los trabajadores
puede ser consigo mismos y no necesariamente por el orgullo de ser asalariados
sino también por los agravios recibidos por el no obrero vinculado a la producción.
Habría que añadir la identidad que en cierta época dieron los sindicatos, como or-
ganismos de lucha, de aglutinamiento, e incluso los partidos obreros (De la Garza,
1999). En síntesis el problema del Trabajo y la Identidad deben entenderse tanto
como Work como Labor y en este ámbito emprender la discusión actual, que no
queda saldada al pensar en la crisis de la identidad del obrero con su trabajo, la
161
CAPÍTULO 9
del obrero de oficio o del artesano ante el advenimiento del capitalismo, problema
anacrónico en el contexto actual (Muckenberger, 1996).
Dice Norbert Elias que la identidad individual no se entiende sin la colectiva y
la identidad es un proceso no una condición, de abstracción de las diferencias y de
destacar lo que asemeja, de tal manera que las fuentes de identidad pueden ser muy
muchas (nación, etnia, juventud, género, escolar, trabajo en sentido ampliado, etc.)
y no sería el caso de intentar una lista exhaustiva. Aunque la que ahora interesa
es la que se vincula con el trabajo, que como decíamos se traduce en identidad de
los trabajadores para eventualmente realizar acciones colectivas. Iniciaríamos di-
ciendo que la identidad aunque se forja finalmente en el ámbito de la subjetividad
–la identidad como configuración subjetiva para dar sentido de pertenencia a un
grupo- tampoco puede desligarse de las prácticas ni de las estructuras en que inte-
raccionan los sujetos sociales (De la Garza, 2001). A raíz de las prácticas los sujetos
pueden llegar a la identidad puesto que esta tiene también aspectos reflexivos aun-
que otros que permanecen implícitos. Las identificaciones no solo dependen de los
espacios de relaciones sociales en cuestión (escuela, trabajo, familia, ciudad, etc.)
sino también del nivel de abstracción (humanidad, nación, clase, fábrica, sección,
oficio). Decir que depende del rol es como si estos roles se pudieran absolutamente
separar, en realidad sobre la identidad en un ámbito o nivel de abstracción (por
ejemplo en el Trabajo) influyen más o menos las relaciones, estructuras y signi-
ficados de otros (sobre muchos trabajos influye la dinámica de la familia) (De la
Garza, 1997). De tal forma que la Identidad siempre es “para”, para el trabajo, para
la escuela y tiene algo de espontáneo basado en las prácticas cotidianas pero que
se puede alimentar de una voluntad frente a dichas prácticas. Como la identidad
es una forma particular de dar sentido de pertenencia a un grupo social, luego
en el proceso de su construcción influye la presión de estructuras (una caída sa-
larial real o despidos), pero especialmente códigos del la cultura que sirven para
dar significados de pertenencia en determinadas circunstancias concretas. Estos
códigos pueden ser de diversos tipos: cognitivos, emotivos, morales, estéticos y
relacionarse a partir de formas de razonamiento formal o bien cotidiano. De tal
manera que la identidad es una configuración de dichos códigos que permite dar
el sentido de pertenencia, como configuración no está exenta de heterogeneidades
y contradicciones (De la Garza, 2001).
Profundizado sobre contenidos, siempre abiertos a la creatividad de las prácti-
cas, de las dimensiones de la identidad laboral (con el Trabajo, con los Trabajadores,
con sus organizaciones), la identidad clásica o mejor preclásica con el trabajo tiene
como estereotipo al trabajador de oficio, que poseía una calificación de compo-
nentes muy individualizados (Paugaim, 1997), la calidad del producto dependía
de estas cualidades y no de las máquinas, no era un trabajo standard y el producto
162
Trabajo no Clásico, Organización y Acción Colectiva en Trabajadores no Clásicos
163
CAPÍTULO 9
puesto semifijo, como aquellos para los que trabajar es desplazarse en el territorio,
como los taxistas, microbusero o vendedores a domicilio. Para esto trabajadores
poder disponer del espacio público es condición para trabajar y en esta medida
pueden surgir múltiples disputas con actores muy diversos por el uso de los espa-
cios públicos – taxistas vs. agentes de tránsito, automovilistas, transeúntes a pie,
con otros taxistas. De forma de poderse hablarse de una disputa por los espacios
públicos que puede aglutinar a ciertos trabajadores en estos espacios y formar par-
te de su identidad. El orgullo en este caso puede provenir de su capacidad de resis-
tencia frente a los embates de tantos actores que pueden oponerse y la solidaridad
aparecer como una necesidad también sin la cual las posibilidades de excito se re-
ducirían substancialmente – son los caso de las organizaciones de vagoneros, ven-
dedores ambulantes, tianguistas, taxistas, microbuseros. En muchos trabajos tra-
dicionales no clásicos – vendedor ambulante, tragafuego, franelero- la capacidad
de resistencia frente a eventualidades cotidianas en el trabajo puede ser motivo de
identidad y orgullo frente al peligro, la violencia o el arresto. Pero en trabajos no
clásicos tradicionales resulta frecuente que los espacios de libertad del trabajador
sean mayores que en el trabajo formalizado en cuanto al inicio y duración de la
jornada, la forma de trabajar, los días de descanso, etc. Aunque tampoco hay que
pensar que se trata de la ausencia de regulaciones, normalmente las hay prove-
nientes de gobiernos u organizaciones pero no llegan al nivel de una fábrica. Esta
libertad y posibilidad de socializar con la clientela o sus vecinos de trabajo, combi-
nando trabajo y ocio puede ser algo positivo reivindicable por estos trabajadores,
frente al trabajo de fábrica y que daría identidad y satisfacción. Aunque entre estos
trabajadores a veces el trabajo se vuelve una competencia y un juego entre ellos o
con la ciudadanía para mostrar dotes superiores, como en el taxista o el microbu-
sero que en una proyección imaginaria de aventuras o conversión en superhombre
con capacidades extraordinarias vinculadas con el manejo que son alabadas por su
comunidad, este imaginario de poder puede ser otra fuente de identidad (Vovelle,
1987) (Senise, 2001). Por otro lado, también habría que tomar en cuenta el papel
del estigma en estas construcciones (Goffman, 1981), para muchos trabajadores
de las calles habría el estigma de sucios, delincuentes, drogadictos por parte de la
ciudadanía, pero a veces el estigma como negatividad forma parte de su identidad
como despreciados, en otros casos puede convertirse en contradiscurso y contra-
cultura –los artesanos-vendedores de Coyoacán, que venden y elaboran artesanías
y que han luchado cultural y políticamente por ser aceptados.
La identidad no requiere del cara a cara, entre los diseñadores de software
puede haber identidades virtuales entre quienes nunca se verán en persona, ni
tampoco el movimiento social está siempre precedido de una intensa identidad,
esta puede generarse en el mismo movimiento (Heller, 1985) (Habermas, 1979).
164
Trabajo no Clásico, Organización y Acción Colectiva en Trabajadores no Clásicos
165
CAPÍTULO 9
166
Trabajo no Clásico, Organización y Acción Colectiva en Trabajadores no Clásicos
167
CAPÍTULO 9
controladas por los líderes y son pocas en que los trabajadores pueden expresarse
libremente, como en algunas del centro de Coyoacán. En general los trabajadores
no se identifican con sus organizaciones, aunque las consideran necesarias para su
protección y se combinan los estilos de dominio paternalistas con gangsterismo.
Lo anterior lleva a un problema más general, si estas organizaciones pudieran
considerarse corporativas. En su forma más acabada el corporativismo en México
fue sindical entre los años cuarenta y ochenta. Implicó un pacto entre organiza-
ciones de los trabajadores con el Estado para mantener la gobernabilidad, el creci-
miento económico con ciertas derramas hacia los trabajadores y privilegios polí-
ticos y económicos para los dirigentes. A raíz de este pacto, el Estado garantizaba
el monopolio de la representación por medios legales y extralegales, así como la
afiliación forzada de los trabajadores a los sindicatos, la erradicación de disidentes,
pero controlando los liderazgos y mediando permanentemente el Estado en los
conflictos laborales y sindicales. El Corporativismo también pasó por el sistema
político en la medida en que las organizaciones llevaban votantes y contingentes
en actos públicos para el partido en el poder. La gran crisis de los setenta y las rees-
tructuraciones del Estado, la Economía y las relaciones industriales a partir de los
ochenta, así como un mayor pluralismo político en el sistema político debilitaron
pero no desaparecieron al corporativismo, que en el nivel micro de la empresa y
messo de la región o rama ha sabido convivir con el neoliberalismo, así como con
el cambio de partido en el gobierno federal a partir del 2000. Pero el Corporativis-
mo no solo fue sindical sino también campesino y “popular”, e incluso hay quien lo
plantea como empresarial. En el caso del “popular”, este ambiguo término remite a
las organizaciones profesionales, pero también de informales y de colonias popu-
lares, antiguamente agrupadas por el PRI en la CNOP. En nuestro caso se trataría
de Asociaciones civiles, cuando están registradas, muy escasamente sindicatos, de
trabajadores no clásicos, como las que hemos analizado en nuestra investigación.
Estas organizaciones no están tan acotadas por la legislación tan estrictamente
como los sindicatos en cuanto a su registro y titularidad de contratos. Una asocia-
ción civil se registra ante notario con un mínimo de requisitos y puede coexistir
sin someterse a la prueba de las mayorías con otras, más aun, puede existir y ser
eficiente sin registro legal alguno. Lo que importa es como en la práctica logran
tener fuerza e influencia para negociar sobre todo con autoridades gubernamenta-
les. Negociaciones que no están sujetas a ninguna legislación, si se dan es por libre
voluntad de las partes. Es decir, el control que el Estado tiene sobre el monopolio
de la representación de las asociaciones de trabajadores no clásicos informales es
más restringido que en el caso de los sindicatos. Tal vez por estro se multiplican
estas organizaciones en cada ocupación como en vendedores ambulantes. Sin em-
bargo, el Estado puede privilegiar el trato con algunas de las organizaciones y de
168
Trabajo no Clásico, Organización y Acción Colectiva en Trabajadores no Clásicos
esta manera favorecerlas, con esto podría marginar a dirigencias alternativas y es-
tablecer una relación privilegiada de intercambio material y política entre gobierno
y organización. Para la organización significaría acceder el uso del espacio público
y otros apoyos para el trabajo, para el gobierno cierta garantía de paz social y apo-
yos políticos frente a organizaciones o partidos antagónicos y también en procesos
electorales. Es decir, se sigue presentando para estos trabajadores el control político
por medio de organizaciones, aunque de manera más flexible, muy dependiente del
cual partido está en el poder del gobierno en turno. Al igual que en los sindicatos
corporativos, las dirigencias de las Uniones de informales –como les llama el Regla-
mento sobre el Trabajo no Asalariados del gobierno del D.F.- tienden a perpetuarse
en el poder, aunque de manera más burda al tener un control más vertical, violento
y menos regulado que en los sindicatos, de tal forma que la intervención guberna-
mental en la vida interna es mucho menor en estas organizaciones.
La presencia extendida de un corporativismo flexible y a la vez más autocrá-
tico y menos regulado en las Uniones de los informales repercute en las formas de
la acción colectiva. Cuando esta es convocada por las organizaciones puede tomar
la forma de acarreo para apoyar candidatos de determinado partido, en las que
los trabajadores son actores pasivos frente al activismo de los líderes, semejante a
como funcionan todavía algunos sindicatos. Pero en ocasiones, cuando la cons-
telación de intereses lo permite, las dirigencia pueden convocar a la defensa del
espacio de trabajo, frente a desalojos o substitución por otras organizaciones. En
este caso si pueden coincidir el interés del líder con el de los trabajadores. Sin em-
bargo, no hay que pensar que toda movilización o enfrentamiento es determinado
siempre por las organizaciones, especialmente en los trabajadores de espacios pú-
blicos abiertos, que viven en el filo de la navaja cotidiano, la acción puede iniciarse
en la base como resistencia a agresiones, desalojos o invasiones y posteriormente
propagarse a la organización. Esta última forma es la más auténticamente laboral
o de los trabajadores.
Finalmente, hemos demostrado que la posibilidad y realidad de la identidad
y la acción y organización colectiva existe en trabajadores no clásicos en torno de
su trabajo, especialmente cuando los obstáculos legales e institucionales son más
flexibles. Lo anterior no significa que los trabajadores están permanentemente en
movilización, esta se presenta solo en condiciones especiales: frente a un conflic-
to estructural con respecto del trabajo (reparto de la ganancia, apropiación del
espacio, reglamentaciones, competencias) y requieren de un punto de ignición
para que el movimiento pueda surgir por un agravio muy sentido, o considerado
insoportable de acuerdo con el sentimiento, la moral o la razón del grupo. Es el
caso de agresiones policiales de desalojo, vistas como humillación y prepotencia
frente a trabajadores humildes, la extorsión o la violencia ilegítimas por parte de
169
CAPÍTULO 9
170
Trabajo no Clásico, Organización y Acción Colectiva en Trabajadores no Clásicos
Bibliografía
Alexander, J. (1995) Fin de Siecle. London: Verso.
Archer, M. (1997) Cultura y Teoría Social. Buenos Aires: Nueva Visión
Aronowitz, S. (1992) The Politics of Identity. N.Y.: Routledge.
Barrere-Maurisson, Marie-Agnés (1999) La División Familiar del Trabajo. B.A.: Lumen-Conicet.
Braudillar, (1987) La Economia Política del Signo. México, D.F.; Siglo XXI
Benería Lourdes y Martha Roldán (1987), The Crossroads of Class and Gender. Industrial Ho-
mework, Subcontracting and Household Ddynamics in Mexico City. Chicago: The University of
Chicago Press.
Berger, P. y T. Luckmann (1979) La Construcción Social de la Realidad. Buenos Aires: Amorrortu.
Boltansky, L. y Chapello, E. (2002) El nuevo espíritu del capitalismo. Madrid: Akal.
Bolton, S. (2006) “Una Topología de la Emoción en el Lugar de Trabajo”, Sociología del Trabajo,
No. 57, primavera.
Bouffartigue, P. (1997) “¿Fin del Trabajo o Crisis del Trabajo Asalariado?”, Sociología del Tra-
bajo, No 29
Bourdieu, P. (1992) The Logics of Practice. London: Polity Press.
Castel, Robert (2004) La Inseguridad Social. B.A.: Manantial.
Castells, M. (1999) La Era de la Información. (México: Siglo XXI).
Castells, M. y Yuko Aoayama (1994) “Paths Toward the Information Society: employment
structure in G-7 countries, 1920-1990”, International Labor Review, 133, 1.
Cicourel, A. (1974) Cognitive Sociology. N.Y.: The Free Press.
171
CAPÍTULO 9
172
Trabajo no Clásico, Organización y Acción Colectiva en Trabajadores no Clásicos
173
CAPITULO 10
Resumen
L
a interrogación sobre la transformación del mundo del trabajo exige un
análisis crítico del proceso laboral y de la modulación ejercida sobre las po-
blaciones trabajadoras. Ensayando una revisión de los patrones científicos
176
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas latinoamericanas en la década 2010
177
CAPÍTULO 10
178
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas latinoamericanas en la década 2010
179
CAPÍTULO 10
180
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas latinoamericanas en la década 2010
181
CAPÍTULO 10
182
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas latinoamericanas en la década 2010
ópticas éstas que han privilegiado una visión desde las fracciones más integra-
das al proceso productivo. Consideramos que estos enfoques no alcanzan hoy para
comprender la producción de un “derrame social inverso”3 donde lo supuestamen-
te desalojado retorna socialmente, tanto en términos de dominación social como
en los términos de su intervención en la formación de la dinámica de modulación
global de la fuerza de trabajo.
En sintonía con lo expuesto, llevaremos a cabo el análisis de una serie de di-
mensiones que, vinculadas, permiten dar cuenta de los múltiples procesos de des-
calificación social que actúa sobre el núcleo poblacional negativizado.
Gráfico 1
Fuente: Elaboración propia en base a CEPAL, Panorama Social de América Latina 2009,
Boletín CEPAL-OIT Nº2 2009.
3 Este punto de vista supone que la gubernamentalidad que se ensaya en los sectores poten-
cialmente extinguibles se expande luego en la sociedad. Estimamos que este es el ensayo
social que lleva adelante el neoliberalismo por medio de la desregulación del modelo keyne-
siano, logrando extender la informalidad mediante nuevas regulaciones (flexibilizadoras)
hacia toda la clase trabajadora.
183
CAPÍTULO 10
4 El beneficio que se les otorgaba, además de solicitarles prestación laboral pública, promedia-
ba un monto nominal de 150 pesos mensuales, que a la actualidad a nivel real representarí-
an unos 77 pesos mensuales (19,74 dólares aproximadamente) según un análisis de IDESA
(Instituto para el Desarrollo Social Argentino).
184
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas latinoamericanas en la década 2010
5 Este concepto de involución fue aplicado por Michael Burawoy en el análisis del postsocia-
lismo soviético.
6 Fuente: Un – Habitat, Global urban Observatory; guide to Monitoring target 11, abril 2003.
185
CAPÍTULO 10
Grafico 2
Tasa de Mortalidad infantil y porcentaje de pobreza e indigencia total en América Latina durante el
período: 1980-2008
70
60 57.3
50 48.3
43.5 44
40.5
40 38.3
Pobreza total (rural y urbana)
33 Indigencia total (rural y urbana)
31.8
Tasa de mortalidad infantil
30
25.6
22.5 21.7
18.6 19 19.4
20
12.9
10
0
1980 1990 1997 2002 2008
Tasa de mortalidad infantil: Se calcula por 1000 nacidos vivos, mide el riesgo de muerte en los
niños desde el nacimiento hasta que han cumplido un año de edad.
Fuente: Elaboración propia en base a datos de Cepal- Celade “Estadísticas e indicadores
sociales- Salud- 2008”.
7 “La mortalidad infantil se asocia con el analfabetismo; es un atributo de los grupos más
desfavorecidos, incrementándose en aquellos casos donde la madre se encuentra con escasos
recursos en educación.” (Objetivos de desarrollo del milenio: una mirada desde América
Latina y el Caribe p: 149)
8 Las zonas de riesgo e infección chagásica tienen en común altas tasas de pobreza, escasez
o falta de agua potable, carencias habitacionales, insuficiencia de centros de salud o im-
posibilidad de acceder a ellos e inestabilidad laboral (Rozas Dennis, 2005: 37). A pesar de
producirse una disminución de la enfermedad de 1990 en adelante en América Latina, la
misma sigue siendo endémica afectando entre 10 y 15 millones de personas, cobrando más
de 10.000 vidas por año.
186
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas latinoamericanas en la década 2010
9 El segmento de quienes no estudian ni trabajan está más intensamente concentrado en los quin-
tiles inferiores del ingreso familiar. En el quintil más pobre se registra el triple de jóvenes “nini”
que en el quintil de mayores ingresos y en el siguiente quintil de pobreza hay el doble que en el
más alto. Este fenómeno estaría más concentrado en las áreas urbanas. (OIT, 2010).
10 En otros estudios nos hemos detenido en otras dimensiones tales como criminalización o
entorno ambiental del hábitat que intersectan a estas poblaciones y que a la vez conforman
187
CAPÍTULO 10
Fuente: Elaboración propia en base a datos de la CEPAL y la OIT (Trabajo decente y juventud
en América Latina, febrero 2010 * Juventud que no estudia ni trabaja.
188
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas latinoamericanas en la década 2010
189
CAPÍTULO 10
12 “En consonancia con la mutación en el estatuto del sujeto del saber y con el redimensiona-
miento del objeto del saber, estamos transitando hacia la comprensión de que todo proceso
transcurre en realidad, inmerso en una intersubjetividad” (Sotolongo y Delgado, 2006: 56).
13 La existencia material y su proceso de trabajo determinan también los contenidos y su
metodología de descubrimiento. Pensar en términos de una estructura cognocitiva vivien-
te que produce conocimiento en movimiento significa develar y promulgar el lugar de lo
colectivo y de los cuerpos en la generación de saber. Teniendo en cuenta como presupuesto
que no hay interrogación científica que no contenga como horizonte de expectativa el di-
álogo con el otro, dicho paradigma requiere de una expansión de la base social de interro-
gación. Comprendiendo además que no se trata de volcar lo que la comunidad académica
sabe sino de construir juntos la pregunta, es decir, en este acto germinal mismo devolver al
sujeto negativizado su lugar para sí en la construcción cognoscitiva en común.
190
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas latinoamericanas en la década 2010
A propósito de los estudios que toman como centro el análisis del trabajo y
los trabajadores han tendido a expandirse pero conservando dos limitantes, una
referida al objeto trabajo y el trabajador diluyendo su temporalidad y espacialidad,
y otra al sostener la “neutralidad” del para y en consencuencia diluir la crítica a
los procesos de trabajo que recursivamente atañen al objeto y al sujeto académico
cognoscente. La crítica desde una teoría crítica del cambio se sitúa doblemente
sobre el objeto y sobre la construcción del conocimiento. Sí la línea explicativa se
apoyaba en la transferencia tecnológica, el giro epistémico propuesto tiende hacia
la producción social o socializada del conocimiento.
Las herramientas al momento de reflexionar sobre la perdurabilidad de pobla-
ciones trabajadoras extinguibles en América Latina se tornan insuficientes, ya que
en paralelo resultan también insuficientes los desarrollos cognoscitivos –aún los
críticos- que varíen los vectores que se conjugan en esta estratégica modulación. Las
poblaciones extinguibles son incididas e intersectadas, por formas tanatopolíticas
gubernamentales y el dominio del capital sobre el trabajo, los cuales conforman un
nuevo orden metabólico normal que abarca la desnormalización o la construcción
de una normalización desnormalizada. Las formaciones desnormales, como las del
infraproletariado extendido y elástico, se traducen en múltiples aplicaciones indi-
vidualismo metodológico que incluso se ejemplifican en las técnicas de los planes
asistenciales focalizados, cuya concepción colectiva concluye con una aplicación
micropolítica masiva y fragmentaria panóptica y no-óptica al mismo tiempo.
El método de pensar y hacer sociedad, sin duda conforma una visión sobre lo
social. Esta forma vertical usual de transferencia tecnológica como ciencia natu-
ral, revela en la praxis del statu quo como en las vanguardias la reproducción de
estructuras cognoscitivas que apuntalan la succión alienante del general intellect,
el intelecto público y coproductivo.
Bibliografía
Adorno, Theodor W. (1975) Dialéctica negativa, Ed. Taurus, Madrid.
Adorno, Theodor W. y Horkheimer, Max (1972) (1994) Dialéctica de la Ilustración, Ed. Trotta,
Madrid.
Agamben Giorgio (2003) Homo sacer. El poder soberano y la nuda vida I., Pre-textos, Va-
lencia, España.
Antunes, Ricardo (2010), “A nova morfologia do trabalho, sus principais metamorfoses e sig-
nificados: um balnço preliminar”, en Trabalho, educação e saúde, C. Guimarães et al (org.),
Escola Politénica de Saúde J. Venáncio – Ministerio de Saúde/FIOCRUZ, Río de Jainero.
ANRed (2006), “Las marcas en el cuerpo del trabajador textil”, octubre, http://www.anred.org/
article.php3?id_article=1783
191
CAPÍTULO 10
Battistini, Osvaldo; Bialakowsky, Alberto; Busso, Mariana y Costa María Ignacia (compilado-
res) (2010) Los trabajadores en la nueva época capitalista, Ed. Teseo, Buenos Aires.
Borón, Atilio (2008). Socialismo del siglo XXI. ¡Hay vida después del neoliberalismo. Ediciones
Luxemburgo, Buenos Aires.
Burawoy, Michael (2001), “Transition without transformation: Russia´s involutionary road to
capitalism”, in East European Politics and Societies, 15 (2).
Cabrera, Aberlardo; Casamiquela, Sheila (2010), Clandestino Historia de una Cooperativa Ala-
meda contra el trabajo esclavo, Video documental You Tube.
Castro Gómez, Santiago (1993) “Ciencias Sociales, violencia epistémica y el problema de la
invención del otro”, en La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas
Latinoamericanas, Lander, Edgardo (comp.), CLACSO, Buenos Aires.
CEPAL (2009) Panorama Social, Noviembre , http://www.eclac.org/cgi-bin/getProd.asp?xml=/
publicaciones/xml/9/37859/P37859.xml&xsl=/dds/tpl-p/p9f.xsl&base=/tpl/top-bottom.xslt
CEPAL-OIT (2009) Boletín Número 2 http://www.eclac.cl/publicaciones/xml/3/37293/2009-638-
-Boletin_CEPAL-OIT-WEB.pdf
De Sousa Santos, Boaventura (2008) Reinventando la emancipación social, en Cuadernos del
Pensamiento Crítico Latinoamericano, CLACSO.
Dussel, Enrique (1993) “Europa. Modernidad y eurocentrismo”, en Lander, Edgardo (comp.)
La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas Latinoamericanas,
CLACSO, Buenos Aires.
Deruyttere Anne: Pueblos Indígenas y Desarrollo Sostenible: El papel del Banco Interamericano de
Desarrollo Presentación hecha ante el Foro de las Américas del Banco Interamericano de Desarrollo 8
de abril de 1997. Unidad de Pueblos Indígenas y Desarrollo Comunitario. Departamento de Desar-
rollo Sostenible Banco Interamericano de Desarrollo, Washington, D.C. Junio de 1997-No. IND97-
101. Disponible On Line: http://idbdocs.iadb.org/wsdo/getdocument.aspx?docnum=1481833
Freire, Paulo (2002) Pedagogía del oprimido, Siglo XXI, Buenos Aires.
Garcia Linera (2010) Conferencia Magistral: La construcción del Estado, Secretaría de Integra-
ción Latinoamericana y FUBA, Buenos Aires.
García, Rolando (1994) “Interdisciplinariedad y sistemas complejos”, en Ciencias Sociales y
Formación Ambiental, Leff, Enrique (comp.), Ed. Gedisa-UNAM, Barcelona.
Horkheimer, Max (1972) Teoría crítica, Ed. Barral, Barcelona.
Jay, Martin (1973) La imaginación dialéctica. Una historia de la Escuela de Francfort, Ed. Tau-
rus, Madrid.
Joan Mac Donald: Pobreza y precariedad del hábitat en ciudades de América Latina y el Caribe.
División de Desarrollo Sostenible y Asentamientos Humanos, S E R I E manuales. 38. Santiago
de Chile, Naciones Unidas- CEPAL noviembre de 2004 http://www.eclac.org/publicaciones/
xml/0/20640/lcl2214e.pdf
Lander, Edgardo (2000) “La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas
latinoamericanas”, en La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas lati-
noamericanas, CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, Buenos Aires.
Marcuse, Herbert (1994) El hombre unidimensional, Ed. Ariel, Barcelona.
192
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas latinoamericanas en la década 2010
Mészáros, István (1999), Más allá del Capital. Hacia una teoría de la transición, Vadell herma-
nos editores, Valencia-Venezuela-Caracas
Mészáros, István (2009), A educação para além do capital, Boitempo, San Pablo.
Mignolo, Walter (2007) La idea de América Latina. La herida colonial y la opción decolonial”,
Editorial Gedisa, Barcelona.
Naishtat, Francisco (1998) Max Weber y la cuestión del individualismo metodológico en las cien-
cias sociales, Eudeba, Buenos Aires.
Noguera José Antonio (2003) ¿Quién le teme al individualismo metodológico? Un análisis de sus
implicaciones para la teoría social. Paper 69 pp 101- 133.
Osorio, Jaime (2006) Biopoder y biocapital. El trabajador como moderno homo sacer. Revista
Herramienta, Nº número 33, Buenos Aires.
OIT (2010) Trabajo decente y juventud en América Latina. Avance Febrero 2010, Lima.
Organización de Naciones y Pueblos Indígenas en Argentina (ONPIA) (2010), Historia de ON-
PIA, http://www.onpia.org.ar/onpia.php?tipo=seccion&id=2
Quijano, Anibal (1992) “Colonialidad del poder, Eurocentrismo y América Latina. Amauta, Lima.
Rozas Dennis, Gabriela S. (2005). “Enfermedad de Chagas-Mazza en Bahía Blanca. Acciones
de control de vinchucas y tareas de prevención”, en Revista del Consejo Profesional de Ciencias
Naturales de la Provincia de Buenos Aires, N° 2, Año 1.
Sader, Emir (2009) El desafío teórico de la izquierda latinoamericana, Cuadernos del Pensa-
miento Crítico Latinoamericano, CLACSO.
Sotolongo Codina y Delgado Díaz (2006) La revolución contemporánea del saber y la compleji-
dad social, CLACSO, Buenos Aires.
Wacquant, Loïc (2001) Parias urbanos. Marginalidad en la ciudad a comienzos del milenio, Ed.
Manantial, Buenos Aires.
Fondo de Población de las Naciones Unidas (UNFPA) jueves 20 de mayo de 2010 9.39 disponi-
ble en web: http://lac.unfpa.org/public/pid/2023.
193
CAPITULO 11
Trabalho, Tecnologias da
Informação e Valores-Fetiche:
Notas sobre o discurso ideológico
do trabalho na Google
Arakin Monteiro1
1. Introdução
A
tuando em rede descentralizada, a empresa de Internet Google Inc2 é, atu-
almente, a desenvolvedora e proprietária do maior mecanismo de busca
na internet do mundo. Com o slogan “Não seja mau” e a altruísta “mis-
são” de “organizar as informações do mundo e torná-las mundialmente acessíveis
e úteis”, ela construiu uma sofisticada retórica em torno de si, ganhando amplo
espaço nos discursos da mídia corporativa, nos livros de autoajuda empresarial,
nos mantras doutrinários presentes nas grades curriculares das escolas de admi-
nistração, bem como no ideário comum.
Em meio à “tempestade ideológica de valores, expectativas e utopias de merca-
do” que hoje procura formar “o novo homem produtivo do capital”, atingindo não
apenas as instâncias de produção, mas também as de reprodução social (ALVES,
2011, p.89), emergem os discursos ideológicos sobre as novas formas de assalaria-
mento e gestão da força de trabalho. Esses buscam, de modo contínuo, diluir os
antagonismos e contradições próprios da relação capital-trabalho.
O discurso ideológico sobre o trabalho na Google (tomada como modelo
exemplar na gestão de Recursos Humanos) está inserido em um contexto midiáti-
co mais amplo, que abrange um conjunto de elementos simbólicos desenvolvido
especificamente para dar credibilidade à empresa junto aos seus usuários, tendo
em vista o poder por ela exercido sobre suas informações pessoais.
Em sua página corporativa, a empresa afirma que,
De certo modo, o que a Google fez foi se aproveitar do grande crescimento des-
tes discursos ideológicos, dessa “nova” cultura do capital, para fazer de sua midiática
realização um elemento de marketing e legitimação de suas ações. Sua permeabilida-
de em escala global – amparada por uma força de trabalho altamente especializada e
uma ampla e avançada tecnologia (de software e hardware) – permitiu à empresa não
196
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas latinoamericanas en la década 2010
Não foi à toa que o slogan da Google – “Não seja mau” – tenha sido construído
em torno de uma questão ético-moral. Afinal, ter a confiança dos usuários com
relação à sua privacidade e às formas pela quais suas informações pessoais (em
suas mais variadas esferas) são tratadas é algo imprescindível para a manutenção
do fluxo de informações por ela gerenciado.
Para se compreender por que a Google, mais do que outras empresas, necessita
reafirmar continuamente sua presença ideológica no mundo como algo “útil, con-
fiável e benigno”, é preciso observar antes como se desenvolveu seu processo pe-
culiar de acumulação, em grande medida, pautado em infoespoliação4. Em outras
palavras, como foram feitos apropriação, manipulação, armazenamento e mercan-
tilização do substrato informacional/interativo utilizados em seus diversos produtos
e processos informacionais. O grande insumo da Google (o fluxo de informações da
web), portanto, não é algo criado por ela, mas por ela organizado, administrado,
de forma economicamente apropriada.
Em decorrência do exponencial crescimento de páginas indexáveis na web5,
tornou-se necessário o desenvolvimento de mecanismos de busca, capazes de
orientar o usuário em meio à profusão de informações ali disponibilizadas. Em
meados da década de 1990, a capacidade da web para atrair volumes significativos
de tráfego começava a chamar a atenção do capital publicitário, bem como dos
investidores de risco, que viram nas empresas emergentes da internet a possibili-
dade de ampliar seus ativos, em grande medida por meio de operações especula-
4 MONTEIRO, 2010.
5 Estima-se que em 1999 este número era de 800 milhões de páginas, subindo para 2 bilhões
em 2000 e 11,5 bilhões em 2005 (FRAGOSO, 2007).
197
CAPÍTULO 10
198
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas latinoamericanas en la década 2010
6 Esse fato inspirou os fundadores a chamar sua nova ferramenta de Google, devido ao termo
googol, usado para o número 1 seguido por 100 zeros.
199
CAPÍTULO 10
Calendar, Google Talk, Gmail, Google Web Accelerator, Google Earth, Picasa, Google
Desktop, Orkut, dentre outros, oferecidos gratuitamente aos usuários.
Além da qualidade e da alegada neutralidade de seu algoritmo na apresenta-
ção dos resultados em seus índices, a questão da “gratuidade” dos produtos e servi-
ços oferecidos pela empresa reforçam ideologicamente sua retórica “politicamente
correta”. Essa perspectiva em torno da gratuidade é um elemento importante para
a reificação de seus processos, na medida em que parte do pressuposto da forma-
-mercadoria como mediação necessária na relação entre a empresa e seus usuá-
rios. Assim, há um duplo processo de reificação: o primeiro, colocado pela própria
esfera fenomênica da forma-mercadoria presente na circulação (a qual encobre o
processo produtivo enquanto exploração do trabalho); e o segundo, pela inversão
aparente das posições ocupadas pelo capital, trabalho, meios de produção, além da
interatividade dos usuários no interior de seus processos.
Essa intervenção é possível porque seus usuários, em muitos sentidos, com-
preendem-se como “clientes” da empresa, mas os papéis estão aqui invertidos.
A primeira questão a ser observada sobre o modelo de acumulação da Google,
portanto, é que ela é uma empresa de mídia, cujos serviços e produtos represen-
tam apenas um instrumento com o objetivo de fazê-la atingir seu fim, a venda de
anúncios. Seus usuários (sua atenção) não são os seus clientes, mas, pelo contrário,
parte indispensável de seu produto.
Mas não é apenas no âmbito de seus processos internos que a empresa mobiliza
elementos simbólicos capazes de reforçar seu altruísmo ético. A exploração do va-
lor de uso de sua força de trabalho é ampliada ao utilizá-la como elemento de ma-
rketing, fazendo de seus empregados “garotos propaganda” de sua “visão de mun-
do”, ou melhor, mobilizando aspectos de sua sociabilidade como se fosse algo seu.
A retórica humanista da empresa faz uso de bandeiras históricas da perspec-
tiva ocidental dos Direitos Humanos, sobretudo daqueles pautados na questão do
respeito à diversidade cultural, elemento esse que se integra bem ao cariz cosmo-
polita, o qual o discurso da empresa reivindica para si. Na seção Life at Google, por
exemplo, e empresa apresenta sua política de “diversidade cultural”:
200
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas latinoamericanas en la década 2010
201
CAPÍTULO 10
202
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas latinoamericanas en la década 2010
203
CAPÍTULO 10
204
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas latinoamericanas en la década 2010
13 CAYATTE, 2008.
14 Disponível em: http://www.google.com.br/intl/en/jobs/joininggoogle/hiringprocess/index.
html. Acesso em: 10/01/2012.
15 Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=w887NIa_V9w&. Acesso em: 10/01/2012.
205
CAPÍTULO 10
Algo que fizemos para estimular a criatividade foi dar autonomia aos fun-
cionários, permitir que persigam seus sonhos, e a maneira mais evidente de
fazer isso foi dando a ele o que chamamos de “20% de tempo”. Ou seja, um
dia por semana eles podem trabalhar em algo que importe para eles. Pode
não ser um projeto designado, pode ser algo pelo qual tenham uma paixão,
mas, quando pegamos pessoas inteligentes com o conhecimento que têm e
lhes damos liberdade para fazer algo que amam, mesmo que não seja algo
que a empresa visualize, os resultados são aplicativos maravilhosos. (Ma-
rissa Mayer, Google16)
Subjaz a esse discurso, o fato de que esse potencial criativo, antes de atender
ao empregado, serve à empresa, pois, muitas vezes, nesse espaço de tempo supos-
tamente “livre”, são realizadas, possivelmente, grandes descobertas tecnológicas,
apropriadas e utilizadas estrategicamente pela empresa. Obviamente que a utiliza-
ção econômica dos resultados desses processos de desenvolvimentos tecnológicos é
acompanhada de gratificações individuais, fazendo do empregado uma espécie de
sócio-empreendedor, motivando outros grupos de trabalho a buscarem resultados
semelhantes. Para muitos de seus engenheiros, trata-se de criar um produto novo,
conseguindo colocá-lo de forma eficaz no mercado. Para tanto, é necessário mais do
16 CAYATTE, 2008.
206
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas latinoamericanas en la década 2010
No começo foi estranho não ter ninguém controlando o que eu fazia o tem-
po todo...era algo que me estressava. Ninguém fica de olho em você. Eu
me sinto mais à vontade porque sei que, se precisar de um tempo posso
tomar um café sem que ninguém diga “Por que não está trabalhando?” Isso
me torna mais eficiente porque planejo meu próprio tempo (Constantina,
Google17 – grifo nosso).
17 CAYATTE, 2008.
207
CAPÍTULO 10
dos resultados obtidos pelo trabalhador. O assalariamento por meta faz o rendi-
mento do trabalhador depender, em geral, da maior intensidade (quantitativa e
qualitativamente) de sua produção. Assim, é o próprio trabalhador quem se encar-
rega de ampliar a intensidade com a qual efetua seu trabalho.
Os empregados da Google organizam-se em pequenas equipes transversais e
não hierárquicas, contribuindo, de certo modo, para diluir aparentemente o olhar
coercitivo sobre o processo imediato de trabalho. Mas essa operação é apenas apa-
rente, já que o estímulo à intensificação do trabalho é exercido pela própria equipe
– também um traço característico da ideologia toyotista. Como observa Alves:
Em grande medida, não apenas as equipes, mas diversos dos benefícios fun-
cionam de modo a intensificar os processos de trabalho. A questão do fornecimen-
to de alimentação na própria empresa (algo que em alguns países é obrigatório,
por meio de acordos sindicais, a exemplo do auxílio-alimentação no Brasil), por
exemplo, evita a saída dos empregados da empresa em seus horários de refeição fa-
zendo com que permaneçam juntos, muitas vezes trabalhando. Já as redes wirelles
(sem fio) que permitem aos trabalhadores locomoverem-se pelos espaços internos
da empresa, assim como os brinquedos, espaços de lazer e serviços prestados em
suas dependências, reforçam a empatia dos empregados, além de servirem como
“peças de marketing”, atuando como “válvulas de escape” diante de um trabalho
que exige muitas horas frente às telas dos computadores.
Todos os meus amigos estão aqui. Não tenho tempo para sair e conhecer as
pessoas lá fora. Quando você chega está sozinho, então conhece as pessoas
daqui. Todos os que chegam a Dublin estão na mesma situação: não conhe-
cemos ninguém e precisamos fazer amigos. E podemos fazer amigos aqui.
208
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas latinoamericanas en la década 2010
209
CAPÍTULO 10
Bibliografia
ALVES, G. Trabalho e subjetividade: o espírito do toyotismo na era do capitalismo manipula-
tório. São Paulo: Boitempo, 2011.
________________. O novo (e precário) mundo do trabalho: reestruturação produtiva e cri-
se do sindicalismo. São Paulo: Boitempo, 2000.
ANTUNES, R. Os Sentidos do Trabalho: Ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São
Paulo, Boitempo Editorial, 1999.
________________. Adeus ao trabalho? Ensaio Sobre as Metamorfoses e a Centralidade do
Mundo do Trabalho. São Paulo, 2002.
ANTUNES, R; BRAGA, R (org.). Infoproletários: degradação real do trabalho virtual. São Pau-
lo, Boitempo, 2009.
BATTELLE, J. A busca. como o Google e seus competidores reinventaram os negócios e estão
transformando nossas vidas. Rio de Janeiro: Ed. Elsevier, 2006.
BOLAÑO, C . Economia política da internet. Aracaju: Ed. UFS, 2007.
________________. Indústria cultural, informação e capitalismo. São Paulo: Hucitec, 2000.
BRAGA, R. Infotaylorismo: o trabalho do teleoperador e a degradação da relação de serviço. in.
Revista de Economia Política de lãs Tecnologias de la Información y Comunicación. vol.VIII,
n.1, ene-abr, 2006. Acesso em: 01/03/2008. Disponível em: <www.eptic.com.br>.
BRENNER, R. O Boom e a Bolha. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2003.
BRUNO, F. Dispositivos de vigilância no ciberespaço: duplos digitais e identidades simuladas.
Revista Fronteiras – estudos midiáticos. VIII (2): 152-159. Unisinos, maio/agosto, 2006.
CAYATTE, Gilles. Google: The Thinking Factory. Documentário, 52 minutos. EUA, 2008.
210
Trabajadores extinguibles y teoría coproductiva del cambio. Perspectivas latinoamericanas en la década 2010
211
Sobre o livro
Formato 16 x 23 cm
Tipologia Minion Pro (texto)
Serlio LT Std (títulos)
Papel Pólen 80g/m2 (miolo)
Supremo 250g/m2 (capa)
Projeto Gráfico Canal 6 Editora
www.canal6.com.br
Capa XXXX
Revisão XXXX
Diagramação XXXX