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O Futuro do Trabalho
no Século XXI
Anais do XIII Seminário do Trabalho
Rede de Estudos do Trabalho - 2022
Volume 2
2023
Projeto editorial Praxis é a editora da RET
(Rede de Estudos do Trabalho - (www.estudosdotrabalho.net)
Conselho editorial
Dr. André Luiz Vizzaccaro-Amaral (UEL)
Dr. Bruno Chapadeiro Ribeiro (UFF)
Dr. José Roberto Heloani (UNICAMP)
Dr. Francisco Luiz Corsi (UNESP)
Dr. Giovanni Alves (UNESP)
Dr. José Meneleu Neto (UECE)
Dr. Ricardo Antunes (UNICAMP)
Dr. Renan Araújo (UNESPAR)
Dra. Dolores Sanchez Wunsch (UFRS)
Dr. Matheus Fernandes de Castro (UNESP)
Sumário
1. Introdução
A
lguns economistas burgueses costumam atribuir
uma causa particular a cada nova crise do capital. A
crise iniciada em 2020, por exemplo, tem sido cha-
mada de crise do coronavírus. Mas será que é correto atri-
buir a causa desta crise econômica à pandemia? Embora seja
inegável que a crise sanitária tenha provocado uma queda na
produção mundial, teria sido somente ela que cumpriu esse
papel? Tudo indica que não. Quando, em dezembro de 2019,
o coronavírus apareceu pela primeira vez em Wuhan, na
China, já se manifestavam, há mais de um ano, sinais claros
de problemas na economia global. Um desses sintomas era
o índice extremamente baixo de desemprego nos Estados
Unidos, que atingia, em novembro de 2098, a cifra de 3,5%,
ou seja, algo próximo do pleno emprego. Mas, afinal, por que
o alto nível de emprego seria um sintoma de problemas para
a economia? Nesse artigo, veremos que, por paradoxal que
pareça, o capital não suporta uma economia muito aquecida,
com elevada demanda por força de trabalho. Para desvelar
1
Professor Doutor do Departamento de Economia e Relações
Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
E-mail: ffrotadillenburg@gmail.com
8 O Futuro do trabalho no século XXI
Figura 1
Prolongamento da jornada de trabalho para aumentar a mais-valia
Figura 2
Redução do valor da força de trabalho ou pagamento da força de
trabalho abaixo de seu valor almejados pela classe capitalista para
aumentar a mais-valia
Tabela 1
Exemplo da queda da taxa de lucro mediante a elevação da massa
de lucro
Os fundamentos das crises cíclicas do capital segundo Marx 13
Tabela 2
Composição do capital total, com a variação de seus elementos
(capital constante e capital variável)
Os fundamentos das crises cíclicas do capital segundo Marx 15
1
Essa analogia irônica é feita por Marx quando se refere ao capital
como se esse fosse um sujeito automático conforme imaginam os eco-
nomistas vulgares, como se o capital não dependesse dos trabalhadores
Os fundamentos das crises cíclicas do capital segundo Marx 17
3
A análise dos limites do investimento no chamado capital portador de
juros foge ao escopo desse artigo.
4
As “demais circunstâncias” são a extensão da jornada de trabalho e a
intensidade do trabalho no interior dessa jornada.
24 O Futuro do trabalho no século XXI
5
Quando, no final de 1857 uma crise abalou a Inglaterra e o resto da
Europa, Marx escreveu a Engels: “Desde 1849, nunca me senti tão bem
quanto agora”. Engels respondeu com o mesmo entusiasmo: “A crise
produz em mim o mesmo bem-estar físico que um banho de mar”. (apud
Konder, 1999, p. 87)
Os fundamentos das crises cíclicas do capital segundo Marx 27
9. Considerações finais
6
Segundo Benoit : Antunes (2016, p. 21), Rudolf Hilferding e Mikhail
Tugán-Baranovski defendiam que as crises do capital se originavam
da desproporção entre os Departamentos I e II exposta na Seção III
do Livro II de O capital, enquanto Ernest Mandel considerava que as
crises eram decorrentes de várias causas. Todos permaneceram presos
à noção de causalidade.
28 O Futuro do trabalho no século XXI
Referências
2
EDUARDO MOHANA SILVA FERREIRA1
ENAIRE DE MARIA SOUSA DA SILVA2
RAILSON MARQUES GARCEZ3
1. Introdução
S
egundo dados divulgados no relatório “El papel de
las plataformas digitales en la transformación del
mundo del trabajo” pela Organização Internacional
do Trabalho (OIT), desde 2010 o número de plataformas
digitais que facilitam o trabalho ou contratam diretamente
trabalhadores para prestar serviços (de táxi e de entrega,
principalmente) quintuplicou em todo o mundo (ILO, 2021).
No Brasil, estima-se, de acordo com dados divulgados na
carta de conjuntura nº53 do mercado de trabalho publicada
pelo IPEA, que até 1,4 milhões de trabalhadores poderiam
estar inseridos na chamada “gig economy”, quantidade essa
que representa cerca de 31% do total de 4,4 milhões de traba-
lhadores inseridos no setor de transporte (de pessoas e mer-
cadorias), armazenagem e correio, geralmente os aplicativos.
1
Mestre em Desenvolvimento Socioeconômico (UFMA) – eduardo-
mohana@hotmail.com
2
Doutoranda em Política Social (UNB) – sousaenaire@gmail.com
3
Mestre em Desenvolvimento Socioeconômico (UFMA) – railsongarcez.
uema@gmail.com
32 O Futuro do trabalho no século XXI
2. Plataformização do trabalho
4. Considerações finais
Referências
portal/images/stories/PDFs/conjuntura/211216_nota_5_gig_economy_
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alternativas. In: ANTUNES, R. (org.). Uberização, trabalho digital e indústria
4.0. 1 ed. São Paulo: Boitempo, 2020.
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https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6703155/. Acesso em
05.abr.2022.
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05.abr.2022.
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(org.). Uberização, trabalho digital e indústria 4.0. 1 ed. São Paulo: Boitempo,
2020.
SLEE, Tom. Uberização: a nova onda do trabalho precarizado. São Paulo:
Elefante, 2017.
44 O Futuro do trabalho no século XXI
1. Introdução
O
presente estudo busca promover reflexões a res-
peito da conjuntura existente entre Precarização
do Trabalho no Brasil Contemporâneo a qual pode
se caracterizar como terreno fértil e perverso para o agra-
vamento da prática de Assédio Moral Sistêmico.
Analisado como sofrimento no ambiente de trabalho, o
assédio moral sistêmico é fenômeno que nasce no bojo da glo-
balização econômica e das políticas neoliberais, sobretudo no
Brasil contemporâneo marcado pelo desmonte dos direitos
trabalhistas e pelo crescimento das formas de precarização
do trabalho.
Para tanto, é necessário que se ganhe cada vez mais uma
visão global do fenômeno e suas implicações na sociedade,
pois trata-se de um problema social que degrada o ambiente
profissional e traz danos à subjetividade do trabalhador, ao
trabalho vivo, à saúde e a sua dignidade, gerando consequ-
ências nefastas que se reverberam para a sociedade.
1
Mestre pelo Centro Universitário Eurípides de Marília/UNIVEM e
Professora do Centro Universitário Eurípides de Marília/UNIVEM
46 O Futuro do trabalho no século XXI
1
DELGADO, Gabriela Neves. Direito fundamental ao trabalho digno. São
Paulo: LTr, 2006, p. 111-112.
2
Ibidem, p. 237
3
ANTUNES, Ricardo. Adeus Ao Trabalho? – Ensaio sobre as Metamorfoses
e a Centralidade do Mundo do Trabalho, Editora Cortez, São Paulo. 1995,
p. 232-233.
48 O Futuro do trabalho no século XXI
4
SOUTO MAIOR. Jorge Luis. A “reforma” trabalhista gerou os feitos
pretendidos. Blog da Boitempo. 2019. Disponível em: https://www.jorge-
soutomaior.com/blog/a-reforma-trabalhista-gerou-os-efeitos-pretendidos.
Acesso em 11 de julho de 2020.
5
IBGE. Painel de indicadores. Desemprego. https://www.ibge.gov.br/
indicadores#desemprego. Acesso em 14/01/2022.
6
ALKIMIN, Maria Aparecida. Assédio moral na relação de trabalho. 2. ed.
Curitiba: Juruá, 2010, p. 34.
54 O Futuro do trabalho no século XXI
7
ALVES, Giovanni. Trabalho, subjetividade e capitalismo manipulatório - O
novo metabolismo social do trabalho e a precarização do homem que trabalha.
In–Revista da RET Rede de Estudos do Trabalho. Ano V Número 8 – 2011.
Disponível em http: file:///C:/Users/Andrea%20Antico/Desktop/4_8%20
Artigo%20ALVES.pdf. Acesso em 30/09/2020.
8
FERREIRA, Hádassa Dolores Bonilha. Assédio moral nas relações de
trabalho. 2ª ed. Campinas: Russel Editores, 2010, p. 36.
Precarização do Trabalho no Brasil Contemporâneo 55
9
HELOANI. José Roberto. Assédio Moral – Um ensaio dobre a expro-
priação da dignidade no trabalho. In RAE- eletrônica, v. 3, n. 1, Art. 10,
jan./jun 2004. Disponível em: http://www.rae.com.br/eletronica/index.
cfm?FuseAction=Artigo&ID=1915&Secao=PENSATA&Volume=3&Nu-
mero=1&Ano=2004. Acesso em 24/09/2020.
Precarização do Trabalho no Brasil Contemporâneo 59
10
PRATA, Marcelo Rodrigues. Anatomia do assédio moral no trabalho: uma
abordagem transdisciplinar. São Paulo: LTr, 2008. p.57.
11
FERREIRA, op. cit., p. 42.
12
HIRIGOYEN, Marie-France. Assédio moral: a violência perversa no coti-
diano. 8ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009, p. 66.
60 O Futuro do trabalho no século XXI
13
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Conferência
Internacional do Trabalho. Comitê de definição de padrões: violência e
assédio no mundo do trabalho, 2019 (nº 190). Disponível em: https://
www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_norm/---relconf/documents/
meetingdocument/wcms_711570.pdf. Acesso em: 28/11/2020.
14
Idem. R206-Recomendação (n º 206) sobre violência e assédio, 2019
Recomendação sobre a eliminação da violência e do assédio no mundo
do trabalho. Disponível em: https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/pu-
blic/---europe/---ro-geneva/---ilo-lisbon/documents/genericdocument/
wcms_729461.pdf. Acesso em: 28/11/2020.
15
Tradução não oficial
Precarização do Trabalho no Brasil Contemporâneo 61
16
SOARES. C. M. P. G. d.; PAMPLONA FILHO. R. CONVENÇÃO 190 DA
OIT: violência e assédio no mundo do trabalho. pdf In Academia Brasileira
de Direito do Trabalho. 2019, p. 8. Disponível em http://www.andt.org.
br/f/Conven%C3%A7%C3%A3o%20190%20da%20OIT.04.09.2019%20
-%20Rodolfo.pdf. Acesso em 25/11/2020.
17
OIT saúda os compromissos de ratificação da Convenção sobre violên-
cia e assédio, 2019. Disponível em https://www.ilo.org/brasilia/noticias/
WCMS_737676/lang--pt/index.htm. Acesso em 27/11/2020.
62 O Futuro do trabalho no século XXI
18
FERREIRA, Hádassa Dolores Bonilha. Assédio moral nas relações de
trabalho. 2ª ed. Campinas: Russel Editores, 2010, p. 42.
19
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Aumentar a conscien-
tização sobre o assédio psicológico no trabalho. Série Proteção da saúde
do trabalhador. n. 04. Genebra, 2004, p. 8. Disponível em: http://www.
who.int/occupational_health/publications/en/pwh4sp.pdf. Acesso em:
18 jun. 2010.
Precarização do Trabalho no Brasil Contemporâneo 63
20
HIRIGOYEN, Marie-France. Mal-estar no trabalho: redefinindo o assédio
moral. 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005, p. 119-120.
21
Ibidem, p. 160.
64 O Futuro do trabalho no século XXI
22
OMS. Organização Mundial da Saúde. Disponível em https://www.who.
int/news/item/28-05-2019-burn-out-an-occupational-phenomenon-in-
ternational-classification-of-diseases. Acesso em 07 de janeiro de 2022.
23
LIMA FILHO, Francisco das Chagas. O assédio moral nas relações laborais
e a tutela da dignidade humana do trabalhador. São Paulo: LTr, 2009, p.
101-103.
24
FERREIRA, op. cit. p. 77.
25
Ibidem, p. 80.
Precarização do Trabalho no Brasil Contemporâneo 65
5. Considerações finais
26
Ibidem, p. 75
66 O Futuro do trabalho no século XXI
Referências
1. Introdução
N
o século XXI, principalmente nessa segunda década,
tem ocorrido muitas transformações na forma de
organizar e também na natureza das relações de
trabalho, sobretudo, pela incorporação massiva de TDIC’s,
(Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação), AI
(Inteligência Artificial) e automação que aludem aos pressu-
postos da chamada Indústria 4.0 (Filgueiras; Antunes, 2020).
As plataformas de trabalho digitais se tornaram uma parte
vital da vida contemporânea e criaram oportunidades nunca
antes vistas para empresas, sociedade e, sobretudo no discurso
neoliberal, para os trabalhadores que agora podem ser mais
livres e donos de si. Isso tudo, só se tornou realidade pelas
inovações, ocorridas em escala global, que permitiram que
as plataformas digitais de trabalho se tornassem uma nova
forma de fazer negócios e de organizar o trabalho (Ilo, 2021b).
No entanto, além de organizar o trabalho, as plataformas
digitais de trabalho também tem exercido enorme controle no
que diz respeito à coleta e tratamento de dados que chegam
e que são gerados por elas. Enquanto um laboratório da luta
1
Mestre em Desenvolvimento Socioeconômico (UFMA) – railsongarcez.
uema@gmail.com
70 O Futuro do trabalho no século XXI
2. Plataformização do trabalho
4. Considerações Finais
Referências
1. Introdução
1
O neoliberalismo surge em decorrência do esgotamento do modelo
de acumulação fordista associado ao acirramento político, econômico
e ideológico no qual se encontrava o mundo durante a Guerra Fria. O
Estado neoliberal aparece, então, como uma alternativa aos processos
que vinham se desenrolando a nível mundial. De acordo com Harvey
(2008) o neoliberalismo se apresenta como uma teoria que fundamenta
as práticas políticas, econômicas e ideológicas em que se propõem as
liberdades individuais e capacidades empreendedoras, caracterizados
pelo permanente direito à propriedade privada, livre mercado e livre
comércio. O Estado neoliberal surge, nesse sentido, como o responsável
1
Assistente Social Residente em Saúde da Família e Comunidade, mestre
em Sociologia pela Universidade Estadual do Ceará. Email: as.larisse-
santos@gmail.com
2
Assistente Social Residente em Saúde da Família e Comunidade. Email:
aguiarmariana.as@gmail.com
88 O Futuro do trabalho no século XXI
2. Metodologia
3. Reflexões teóricas
2
Art. 207 da Constituição Federal “As universidades gozam de autonomia
didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obe-
decerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.”
Universidade operacional e precarização do trabalho docente 93
4. Resultados obtidos
5. Considerações Finais
6. Referências
6 SELMA BARBOSA2
1. Introdução
C
om a crise dos anos 1970, o sistema taylorista/for-
dista de organização do trabalho que havia se expan-
dido nas economias capitalistas centrais durante as
duas guerras mundiais, começa a entrar em colapso.
A crise do padrão de acumulação taylorista/fordista, que
é reflexo de uma crise estrutural do capital (Antunes, 2009),
faz emergir novas formas de “acumulação flexível” (Harvey,
2014) baseadas no modelo toyotista e sob a hegemonia do capi-
tal financeiro. Marques (2018) sinaliza que a crise do padrão
fordista foi condição necessária para que o capital financeiro
pudesse se expandir. E isso foi possível de ser alcançado por
meio de políticas implementadas pelo então Presidente dos
Estados Unidos Ronald Reagan (mandato de 1981 a 1989) e
pela Primeira-Ministra do Reino Unido Margareth Thatcher
(mandato de 1979 a 1990) que, ao promoverem um processo de
1
Este texto é uma versão revista da minha pesquisa de mestrado
defendida em 2021, sob o título A Saúde do (a) Trabalhador (a) da
Educação Superior em Serviço Social em Tempos de Ofensiva Neoliberal
- Programa de Pós Graduação em Serviço Social da PUC-SP, sob orienta-
ção da Professora Dra.Carola Carbajal Arregui e com financiamento da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
2
Assistente Social da UFRJ e mestre em Serviço Social pela PUC-SP.
102 O Futuro do trabalho no século XXI
1
Cabe lembrar que as ideias neoliberais tiveram como marco a publicação do livro:
O caminho da Servidão de Friedrich Hayek, escrito em 1944. Nesta obra, Hayek
defende a não intervenção do Estado na economia, criando as bases para um novo
tipo de capitalismo livre de regras. Mas as condições políticas e econômicas não eram
favoráveis já que o capitalismo vivia sua fase de ouro. (Anderson, 1995)
Degradação do Trabalho e o Desmonte do Estado 103
2
Comunidade Solidária foi um programa do g overno federal brasileiro
criado em 1995 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, que as-
sinou o Decreto n.º 1.366, de 12 de janeiro de 1995. Foi encerrado em
dezembro de 2002, sendo substituído pelo Programa Fome Zero.
110 O Futuro do trabalho no século XXI
3
O termo “Lava Jato”, decorre do uso de uma rede de postos de com-
bustíveis e lava a jato de automóveis para movimentar recursos ilícitos
pertencentes a uma das organizações criminosas inicialmente investi-
gadas que teve seu início em 2014 e continua até os dias atuais. Embora
a investigação tenha avançado para outras organizações criminosas, o
nome inicial se consagrou.
112 O Futuro do trabalho no século XXI
4
A Proposta de Emenda Constitucional - PEC 55, que tramitou na Câmara dos
Deputados e no Senado Federal, foi aprovada em dezembro de 2016 e faz parte da
Constituição Federal como Emenda Constitucional 95.
Degradação do Trabalho e o Desmonte do Estado 113
em que liberam para gastos com juros” (p. 160). Ou seja, o capi-
tal financeiro redimensiona o papel do Estado e das políticas
sociais, privilegiando o capital improdutivo e uma cultura de
rentabilidade financeira em detrimento do capital que produz
e que tenha utilidade para a sociedade em geral e não apenas
para os banqueiros (Dowbor, 2017, p. 161). Ainda, segundo o
mesmo autor, “as amplas manifestações do movimento Occupy
Wall-Street, duramente reprimidas, não eram contra o governo,
mas contra quem dele se apropriou: os bancos” (Idem).
Com a aprovação da Emenda Constitucional 95, de 2016,
juntamente com a Reforma Trabalhista (Lei n.º 13.467, de 13 de
julho de 2017 que altera a CLT), que legalizou o trabalho pre-
carizado, e a Reforma da Previdência (Emenda Constitucional
n.º 103, de 12 de novembro de 2019), abre-se caminho para uma
total privatização das Políticas Públicas.
Cabe ressaltar que tais reformas já vem acontecendo desde
os anos 1990. A diferença é que depois do golpe5 o desmonte das
Políticas Públicas ocorre de forma mais acentuada. Tal golpe
foi orquestrado pela grande mídia que forjou o discurso da
classe dominante, representante do capital financeiro, como
um discurso hegemônico que foi invadindo mentes e corações.
A Reforma da Previdência, a Medida Provisória da
Liberdade Econômica (MP 881) e a MP do Contrato Verde e
Amarelo (MP 905) demonstram a busca pela corrosão dos
direitos conquistados pelos trabalhadores e pelas trabalha-
doras. O que nos leva à seguinte constatação: Bolsonaro, eleito
como representante de uma elite nacional conservadora e
atrasada, tem como meta a destituição dos direitos dos traba-
lhadores, instalando uma situação de barbárie social.
Com o avanço da pandemia6 sob o governo Bolsonaro e
do seu ministro da Economia (e banqueiro) Paulo Guedes
5
O golpe de 2016 que destituiu a primeira mulher Presidente do Brasil,
Dilma Rousseff, começou a ser gestado com as Manifestações de junho
de 2013’. Pode ter sido pseudolegal, constitucional, institucional..., mas
foi um Golpe de Estado como sinalizou Michael Löwy.
6
Coronavírus-2019 denominada (COVID-19) é uma enfermidade res-
piratória causada pelo vírus SARS-CoV-2 - a Organização Mundial da
114 O Futuro do trabalho no século XXI
3. Considerações finais
7
A mercantilização não existiu desde sempre. Ela é um ato histórico e repre-
senta uma determinada relação entre forças produtivas e relações sociais de
produção (Gouvêa, 2020).
116 O Futuro do trabalho no século XXI
Referências
1. Introdução
M
uito provavelmente, nem o mais pessimista dos
seres humanos poderia imaginar que, em pleno
século XXI, a humanidade passaria por uma situ-
ação como essa, que obrigasse as pessoas ao isolamento e ao
confinamento social por tanto tempo em razão do apareci-
mento de um novo vírus. Esse seria, com certeza, um bom
roteiro para um filme de ficção. No entanto, trata-se de uma
realidade muito concreta; vivenciamos uma pandemia que
afetou toda a sociedade mundial por pelo menos dois anos
(2020 e 2021) e que produziu - e ainda produz - drásticas
consequências para a humanidade.
Da mesma forma, é provável que nem mesmo o mais faná-
tico e convicto defensor de ideais conservadores e de práticas
autoritárias pudesse acreditar que, pouco mais de 30 anos
depois de encerrar um ciclo perverso de regime militar e dita-
torial, o Brasil elegeria um presidente que saiu das fileiras
militares, que homenageia torturadores publicamente e que,
por seus discursos e seus atos, manifesta simpatia por valores
1
Graduado em Jornalismo e História. Doutor em História. Pós-doutor
pela ECA/USP. Docente da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
E-mail: rmiani@uel.br
120 O Futuro do trabalho no século XXI
por sua vez, não poderia deixar de ser denunciado por parte
da imprensa brasileira e até mesmo pela imprensa interna-
cional (Pereira, 2020; Senra, 2020).
No contexto de produção e disseminação de informações
e análises sobre os desdobramentos da situação da pandemia
no Brasil, a imprensa popular alternativa apresentou uma
perspectiva crítica e contestatória em relação aos posiciona-
mentos e declarações do presidente Bolsonaro e de sua equipe
de governo. De modo combinado com a produção textual ou
ocupando espaços editoriais autônomos, a charge foi uma das
principais estratégias comunicativas utilizadas pela referida
imprensa para promover a denúncia contra os descasos e os
despropósitos cometidos - principalmente, pelo próprio pre-
sidente -, diante da calamidade sanitária e do flagelo social
que acometeram a população brasileira, em especial, em seus
momentos mais agudos.
Nesse sentido, apresentamos como objetivo para este
artigo realizar a análise de algumas charges produzidas por
Carlos Latuff retratando temáticas derivadas de posições ou
declarações polêmicas assumidas pelo presidente Bolsonaro
em relação aos primeiros tempos da pandemia, publicadas
por sites noticiosos pertencentes ao universo da imprensa
popular alternativa. As análises seguirão os procedimentos
metodológicos da análise do discurso chárgico que implica
considerar e desvelar as circunstâncias da conjuntura socio-
política correspondente à historicidade da charge, bem como
identificar as formações discursivas e ideológicas materiali-
zadas por meio das estratégias verbais e visuais - permeadas
de intertextualidade - presentes na referida produção icono-
gráfica (Miani, 2012).
Para cumprir o objetivo aqui proposto, iniciaremos com
uma breve reflexão sobre a conjuntura econômica e sociopo-
lítica brasileira - no contexto da crise sistêmica do capitalismo
- na qual se desenvolveu a pandemia, bem como sobre seus
impactos na respectiva realidade; em seguida, apresentaremos
alguns apontamentos acerca da caracterização da imprensa
popular alternativa e da respectiva cobertura jornalística das
ações do governo Bolsonaro no contexto da pandemia. Por fim,
122 O Futuro do trabalho no século XXI
4. A charge e a retratação da
denúncia contra Bolsonaro
1
Disponível em: https://www.brasil247.com/.
2
Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/.
3
Disponível em: https://www.facebook.com/realcarloslatuff/timeline.
132 O Futuro do trabalho no século XXI
4
Frases de Bolsonaro: “Muito do que tem ali é muito mais fantasia, a
questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia prega”
(10/03/2020); “Brevemente o povo saberá que foi enganado por esses
governadores e por grande parte da mídia nessa questão do coronavírus”
(22/03/2020).
5
Frases de Bolsonaro: “Muitos pegarão isso independente dos cuidados
que tomem. Devemos respeitar, tomar as medidas sanitárias cabíveis,
mas não podemos entrar numa neurose, como se fosse o fim do mun-
do” (15/03/2020); “Tá com medinho de pegar vírus? Tá de brincadeira!”
(01/04/2020).
A denúncia por meio da charge ALTernativa 133
6
Nessa mesma data (02/06/2020), Bolsonaro fez a seguinte declaração:
“Eu lamento todos os mortos, mas é o destino de todo mundo”. Outras
duas declarações de Bolsonaro sobre a situação das mortes que reper-
cutiu muito mal na sociedade brasileira foi quando afirmou: “Eu não sou
coveiro” (20/04/2020); e também quando disse: “E daí? Lamento. Quer
que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre” (28/04/2020).
A denúncia por meio da charge ALTernativa 137
5. Considerações finais
Referências
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2020.
Associativismo e sindicalismo:
Contribuições para a pesquisa
histórico-educacional.
1. Introdução
A
partir de alguns apontamentos e reflexões, obje-
tivamos contribuir com a construção da pesquisa
no campo da história do associativismo e do sin-
dicalismo brasileiro no âmbito educacional. Inicialmente
tecemos considerações pertinentes à relevância social, polí-
tica e acadêmica desta temática, e sua importância para esti-
mulo ao diálogo colaborativo com as entidades classistas que
atuam nessa esfera da sociedade civil.
Em seguida, tendo como pano de fundo a caracterização
e as implicações das transformações que se têm operado na
contemporaneidade no mundo do capital trazemos um con-
junto de preocupações relacionadas com as discussões dos
processos de periodização dos estudos históricos educacionais
atinentes aos organismos de intervenção coletiva construídos
pelos trabalhadores em educação localizando, alguns marcos
temporais de sua praxis social e política.
1
Lucilene Schunck C. Pisaneschi – Doutora em Educação. E-mail: lupi-
saneschi@yahoo.com.br. FE-Unicamp
2
Doutor em Educação. E-mail epiolli@yahoo.com.br. FE-Unicamp
3
Doutor em História Econômica. E-mail carlosbauer1960@yahoo.com.br.
PPGE- Uninove
146 O Futuro do trabalho no século XXI
7. Considerações finais
Referências
Obras de apoio
9
TATIANA REIDEL1
LAÍS D. CORRÊA2
ANDREIA PEDROSO3
JÉSSICA TELES4
MARIANA ATTI5
1
Assistente social, doutora em Serviço Social (PUCRS) e professora
do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS); líder do grupo de estudo, pesquisa e extensão
GEPETFESS/UFRGS, sobre Trabalho, Formação e Ética Profissional em
Serviço Social. Bolsista produtividade 2 do CNPq. E-mail: tatyreidel@
gmail.com
2
Assistente social, graduada em Serviço Social pela Universidade de
Caxias do Sul (UCS), mestra em Política Social e Serviço Social pela
UFRGS; doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social
da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e
bolsista do CNPq. E-mail:duarte.lais@hotmail.com
3
Assistente social, graduada em Serviço Social pela Universidade do Vale
do Rio do Sinos (UNISINOS). Servidora pública no Instituto Federal do
Rio Grande do Sul (IFRS), Campus Viamão. Mestranda do Programa de
Pós-Graduação em Política Social e Serviço Social (UFRGS), O presen-
te trabalho foi realizado com apoio do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS). E-mail: pedroso.an-
dreia@gmail.com
4
Assistente social, graduada em Serviço Social pela Faculdade
Anhanguera de Caxias do Sul, mestranda do Programa de Pós-Graduação
em Política Social e Serviço Social (UFRGS), . E-mail: jessica_s_teles@
hotmail.com
5
Assistente social, graduada em Serviço Social pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestranda do Programa de
Pós-Graduação em Política Social e Serviço Social (UFRGS), E-mail: cos-
taleitemariana@gmail.com
164 O Futuro do trabalho no século XXI
1. Introdução
E
sta produção é oriunda da pesquisa interinstitucional
denominada “Perfil, Formação e Trabalho Profissional
de Assistentes Social no estado do Rio Grande do Sul”
(REIDEL et al., 2018), realizada a partir de 2019 com a articula-
ção de pesquisadores/as vinculados/as aos cursos de Serviço
Social e aos programas de Pós-Graduação da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), e ao
Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) 10ª Região. A
pesquisa objetivou investigar como se configura o perfil, a
formação e o trabalho de assistentes sociais no Rio Grande do
Sul (RS) com vistas a delinear desafios e estratégias profissio-
nais para atuação das entidades da categoria e de unidades de
ensino, além de contribuir no fortalecimento da hegemonia
do projeto ético-político profissional.
Parte dessas questões emergiram dos estudos reali-
zados e pesquisas empreendidas nos grupos de pesquisa
liderados pelas pesquisadoras que, em diálogo permanente
com o CRESS-RS, perceberam a emergente necessidade de
empreender uma pesquisa interinstitucional que articulasse
esforços acadêmicos e profissionais num escopo capaz de
apreender, no âmbito estadual, a realidade da formação e do
trabalho de assistentes sociais na atual conjuntura brasileira.
Nessa direção, a pesquisa ancorou-se numa abordagem crí-
tica e totalizante do Serviço Social, na sua inscrição na realidade
brasileira e regional, buscando desvendar tendências postas
no movimento da sociedade. Ou seja, como destaca Iamamoto
(2015, p. 203-204), o Serviço Social só adquire “[...] sentido e inte-
ligibilidade na história da qual é parte e expressão [...]”, quando
a história é “[...] socialmente determinada por circunstâncias
sociais objetivas [...]”, também é “[...] produto da atividade dos
sujeitos que a constroem coletivamente, em condições sociais
dadas”. Reconhece-se, assim, a importância de apreender a
realidade de um dos territórios onde se conforma a profissão,
considerando as particularidades e os determinantes históri-
cos que contribuíram na sua conformação; ao mesmo tempo,
as condições e relações de trabalho de assistentes sociais 165
1
“O exército industrial de reserva funciona como regulador do nível geral
de salários, impedindo que se eleve acima do valor da força de trabalho
ou, se possível e de preferência, situando-o abaixo desse valor. Outra
função do exército industrial de reserva consiste em colocar à disposição
do capital a mão-de-obra suplementar de que carece nos momentos de
brusca expansão produtiva, por motivo de abertura de novos mercados,
de ingresso na fase de auge do ciclo econômico etc.” (Marx, 1996, p. 41).
166 O Futuro do trabalho no século XXI
2
Projeto aprovado pelo CEP do Instituto de Psicologia/UFRGS (CAAE:
05366918.1.0000.5334).
as condições e relações de trabalho de assistentes sociais 167
3
O engendramento do neoliberalismo, no âmbito mundial e, em dado
momento, no Brasil, ocorre dentro das chamadas Revoluções Industriais.
Em 1970 (período da Terceira Revolução Industrial), acontece a disse-
minação da implementação do neoliberalismo no Chile, em um primeiro
momento, com o golpe de estado do General Pinochet, em defesa da
liberdade do mercado, mas sem o acompanhamento dos direitos e/ou
liberdades civis e políticas, o que, consequentemente, leva à concentra-
ção da riqueza nas mãos da burguesia. Essa experiência se replicou nos
Estados Unidos e na Inglaterra com o nome de democracia burguesa.
176 O Futuro do trabalho no século XXI
4. Considerações finais
Referências
ALMEIDA, Sheila Dias. Serviço Social e relações raciais: caminhos para uma
sociedade sem classes. Temporalis, v. 15, n. 29, p. 311-333, 2015. Disponível
em: <https://doi.org/10.22422 /2238-1856.2015v15n29p311-333>.
Acesso em: 09 fev. 2023.
ALVES, Giovanni. Crise estrutural do capital, maquinofatura e precarização
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n. 2, p. 221-234, 2013. Disponível em: <http://www.cressrn.org.br/files/
arquivos/0yhV7c6D20i1136S8BhH.pdf>. Acesso em: 15 out. 2022.
ANTUNES, Ricardo. Uberização, trabalho digital e Indústria 4.0. São Paulo:
Boitempo, 2020.
ANTUNES, Ricardo. O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços
na era digital. São Paulo: Boitempo, 2018.
ANTUNES, Ricardo; PINTO, Geraldo Augusto. A fábrica da educação: da
especialização taylorista à flexibilização toyotista. Cortez Editora, 2018. p.
irreg. E-book Kindle. (Coleção Questões da Nossa Época).
as condições e relações de trabalho de assistentes sociais 187
Introdução
É
fato que ainda existe uma imensa desigualdade
quanto ao gênero, tanto no Brasil quanto no mundo
todo. No mercado de trabalho, isso não é diferente.
Ainda existem graves diferenças salariais entre homens e
mulheres, assim como diferenças estruturais em diversos
cargos e ramos.
Levando em consideração que a desigualdade entre
homens e mulheres é um problema que, ao longo da história,
sempre foi presente e que ainda ocorre na atualidade, se faz
necessário um debate sobre a incidência das desigualdades
no ambiente de trabalho, acreditando-se que a sociedade
patriarcal em que vivemos tem total relação com os proble-
mas que serão apresentados neste trabalho.
1
Trabalho de Conclusão de Curso em Direito apresentado ao Centro
Universitário Eurípides de Marília, para obtenção do grau de bacharel
em Direito.
2
Aluna do Curso de Direito do Centro Universitário Eurípides de Marília,
São Paulo.
3
Orientadora e Professora Ms. do Curso de Direito da Centro Universitário
Eurípides de Marília, São Paulo.
192 O Futuro do trabalho no século XXI
4
There’s slightly more women than men in the world, about 52% of the world’s
population is female. But most of the positions of power and prestige are
occupied by men. The late Kenyan Nobel Peace Laureate, Wangari Maathai,
put it simply and well when she said: “The higher you go, the fewer women
there are.”
5
A Grant Thornton é uma das maiores empresas globais de audito-
ria, consultoria e tributos. Nossa escala global, combinada com sólidos
conhecimentos de mercados locais, permite auxiliarmos organizações
dinâmicas a liberarem seu potencial de crescimento, oferecendo reco-
mendações significativas, voltadas ao futuro. (Sobre nós, site da Grant
Thornton)
Desigualdade de gênero no trabalho 195
deste modo nos resta ainda uma dúvida: por que o número
de mulheres em cargos de liderança é tão baixo?
Não existe uma única resposta para essa pergunta, e
dentre tantas respostas possíveis para tal pergunta, Sheryl
Sandberg6, em sua palestra dada ao TED em 2010, ressalta
que, em uma casa em que o homem e a mulher trabalham em
período integral e têm uma criança, a mulher faz duas vezes
mais o trabalho doméstico do que o homem e a mulher gasta
três vezes mais tempo cuidando da criança do que o homem.
Neste sentido, quando é necessário que alguém fique
em casa cuidando da criança, a mãe acaba escolhendo essa
última alternativa. Sendo assim, estabelecer a importância
de se dividir as tarefas da casa se torna apenas um dos fato-
res essenciais para manter as mulheres no ambiente laboral.
6
Sheryl Sandberg é uma executiva, ativista e autora norte-americana,
mais conhecida como COO (Chief Operating Officer) do Facebook e fun-
dadora da Leanin.org, uma organização sem fins lucrativos cujo objeti-
vo é “oferecer a mulheres apoio e inspiração para ajudá-las a alcançar
seus objetivos”. Sandberg foi a primeira mulher a servir o conselho do
Facebook, além de ser vice-presidente de vendas e operações on-line
do Google. (Biografia retirada do Canal Tech)
196 O Futuro do trabalho no século XXI
7
strengthen institutional arrangements; introduce accountability and moni-
toring mechanisms; allocate adequate resources for gender mainstreaming;
improve and increase staff’s competence on gender; and improve the balance
between women and men among staff at all levels. In addition to the ILO-
wide policy and action plan, all five ILO regional offices have developed policy
statements and strategies.
8
O Centro Internacional de Treinamento está na vanguarda do aprendiza-
do e treinamento desde 1964. Como parte da Organização Internacional
do Trabalho, dedica-se a alcançar o trabalho decente enquanto explora
as fronteiras do futuro do trabalho. (INTERNATIONAL TRAINING CENTRE ,
tradução da autora)
Desigualdade de gênero no trabalho 197
9
Gender equality is a cross-cutting policy driver for all ILO policy outco-
mes. The ILO implements and analyses interventions to ensure that women
benefit equally from development efforts. The Turin Centre advocates for
and aims to foster workplaces that are equal, inclusive, and respectful of
difference All workers should feel comfortable to be themselves at work. Non-
discrimination is a basic human right with social and economic consequences.
Equality fosters opportunity, harnesses human talent, and boosts social
cohesion. The Centre’s training activities seek to eliminate discrimination
based on gender, race, ethnicity, indigenous status, disability, and HIV/AIDS.
They provide advice, tools, guidance, and technical assistance. (International
Training Centre, acesso em 16/06/2022)
198 O Futuro do trabalho no século XXI
3. Perspectivas nacionais e
internacional: Comparativo
3.1. Estatísticas
10
O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma OSCIP
(Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) cuja missão é
mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerirem seus negócios de
forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de
uma sociedade justa e sustentável (Instituto Ethos, 2017).
Desigualdade de gênero no trabalho 207
11
Globally, of those completing tertiary education the majority (53.3 per cent)
are women. However, in highly demanded fields of study, including science,
technology, engineering and mathematics (STEM) disciplines, men continue
to dominate. While in a few countries women are on par with men in these
disciplines, the global share of women among total tertiary STEM graduates
averages 37.8 per cent. Although women are raising their qualifications,
nearly half (47.9 per cent) of the enterprises surveyed found the retention
of skilled women in their business difficult, and further evidence shows that
promotion is a challenge. The more senior the position in a company, the
smaller the share of women. (ILO, p. 28)
208 O Futuro do trabalho no século XXI
4. Considerações Finais
Referências
11 MARCIO POCHMANN2
THAISY PEROTTO FERNANDES3
Introdução
A
par das múltiplas crises que se abatem sobre a huma-
nidade, é perceptível a existência de múltiplos fatores
que convergem para o recrudescer dessas problemá-
ticas e tornam mais complexas as soluções possíveis. Esse
artigo objetiva apresentar em linhas gerais a teoria sistêmica,
1
Trabalho apresentado no XIII Seminário do Trabalho – O Futuro do
Trabalho no Século XXI, no eixo temático n. 2 (Trabalho e crise ecológica).
2
Doutor em Economia. Professor de Economia da UNICAMP
(Universidade Estadual de Campinas) e da UFABC (Universidade Federal
do ABC). Endereço eletrônico: mrcpochmann@gmail.com. ORCID n.
0000-0002-3940-1536.
3
Mestre em Relações de Trabalho pela Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Doutoranda em Direitos Humanos pela Universidade Regional do Noroeste
do Estado do RS (UNIJUÍ). Bolsista CAPES. Professora da Universidade
Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI). Endereço eletrô-
nico: tperotto@gmail.com. ORCID n. 0000-0001-8887-9651.
216 O Futuro do trabalho no século XXI
4
“A palavra ‘natureza’ é emprestada do francês antigo nature; e é derivada
da palavra latina natura que quer dizer, “qualidades essenciais, disposição
inata” e, nos tempos antigos, significava literalmente ‘nascimento’. Na
filosofia antiga, natura é usado principalmente como sendo a tradução
latina da palavra grega physis, que originalmente se relacionava com as
características intrínsecas que as plantas, animais e outras características
do mundo desenvolvem por conta própria.” ALVES, Giovanni. O trabalho
218 O Futuro do trabalho no século XXI
5
A teoria dos sistemas realmente traz mais elementos e respostas às
múltiplas conexões que conformam a humanidade no planeta Terra. Ao
delinear sua adesão à esta teoria, a cientista Sonia traz um caso exempli-
ficativo conectado à realidade brasileira: “O Brasil, por exemplo. Vocês
sabiam que lá eles destroem a Floresta Amazônica à razão de um campo
de futebol por segundo? [...] Põem fogo na floresta! E o desmatamento
é uma das causas principais do efeito estufa na atmosfera. Enquanto
isto, nós gastamos na corrida armamentista!” (Capra, Bernt. Mindwalk.
Tradução nossa).
Tempo de Travessia 221
When you want more than you have you think you need...
And when you think more than you want your thoughts begin to bleed
Ithink Ineedtofinda biggerplacebecausewhenyou have more thanyou think
You need more space
Society, you’re a crazy breed
Hope you’re not lonely without me...
Pearl Jam, in “Society”
222 O Futuro do trabalho no século XXI
6
Das transformações ensejadas pela atividade humana, Harvey sinaliza
que a longa história de destruição sobre a terra produziu o que às vezes
se denomina “segunda natureza”, que é a “natureza remodelada pela ação
humana”. Em suas palavras, há muito pouco, “[...] ou nada da “primeira na-
tureza”, que existia antes de os seres humanos povoarem a terra. Mesmo
nas regiões mais remotas e nos ambientes mais inóspitos, os traços da
influência humana (a partir de mudanças nos regimes climáticos, vestí-
gios de pesticidas e transformações nas qualidades da atmosfera e da
água) estão presentes. Nos últimos três séculos, marcados pela ascensão
224 O Futuro do trabalho no século XXI
8
Nesse quadrante, o capitalismo tem tudo a ganhar: “[...] com a extra-
ção máxima de recursos naturais e a externalização de custos, e nada
a ganhar produzindo para quem tem pouca capacidade aquisitiva. A
motivação do lucro a curto prazo age tanto contra a sustentabilidade
como contra o desenvolvimento inclusivo. A deformação é sistêmica. As
regras do jogo precisam mudar. Não se sustenta mais a crença de que se
cada um buscar as suas vantagens individuais o resultado será o melhor
possível” (Dowbor, 2017, p. 31, grifo nosso).
226 O Futuro do trabalho no século XXI
9
Aos casos que envolvem bens comuns em uma determinada coletividade
(componentes ecológicos, recursos naturais, conhecimento comum, entre
outros), Hardin propôs a “apropriação privada destes como uma solução
para evitar o problema dos commons, pois do contrário pode haver es-
gotamento do estoque disponível”. No entanto, importante ressaltar que
a abordagem que fez o autor aqui, exemplificando o uso da terra, das
pastagens e dos animais, toma uma realidade histórica singular – Hardin
analisa a questão dos commons “[...] no contexto do antigo regime inglês,
ainda do século XVIII, explicando o fracasso da propriedade comum da
terra pela ausência de um sistema institucional capaz de preservar o
estoque de bem comum”. (Herscovici e Vargas, 2017, p. 118-119).
Tempo de Travessia 235
10
“Para cada um desses processos, os cientistas se esforçaram em desen-
volver indicadores e realizar mensurações a fim de determinar qual seria
o espaço seguro para operação da humanidade sem que a resiliência do
Sistema Terra fosse ultrapassada – ou seja, a “fronteira” diante da qual
maiores perturbações antrópicas levariam a níveis incertos de alteração.
Infelizmente, já em 2015 quatro dessas fronteiras planetárias haviam
sido ultrapassadas: a taxa de extinção de espécies, o desflorestamento,
a concentração de carbono atmosférico (associado às transformações
climáticas) e os ciclos biogeoquímicos (do nitrogênio e do fósforo).
Multiplicam-se e tornam-se mais frequentes os alertas da comunidade
científica sobre os riscos que essas transformações aceleradas provocam,
em escalas cada vez mais amplas e em progressiva intensidade, com
efeitos irreversíveis sobre a estabilidade das condições do Sistema Terra”
(Fracalanza; Corazza; Maria, 2021, p. 11, grifo nosso).
Tempo de Travessia 237
Considerações Finais
11
Em 2018, o IPCC divulgou um histórico relatório, atendendo um pedido
do Acordo de Paris, no qual descortinava perspectivas apavorantes caso
seja ultrapassada no mundo a marca de 2 °C de aquecimento. Se pros-
seguirem no atual nível as emissões de gases do efeito estufa, advertia
o relatório, até 2040, a atmosfera sofrerá aquecimento de até 1,5 °C
240 O Futuro do trabalho no século XXI
Referencias
Alves, Giovanni. O trabalho envelhecido – as contradições metabólicas do
capital no século XXI. São Paulo: Práxis, 2021.
Beck, Ulrich. A metamorfose do mundo: novos conceitos para uma nova
realidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2018. B
1. Introdução
V
ivencia-se atualmente, sob as políticas neoliberais
e o avanço tecnológico no bojo da Indústria 4.0
uma nova estrutura do mercado de trabalho, mais
heterogênea e precarizada, marcada pela flexibilização das
relações laborais, concernentes à contratos temporários e
intermitentes, uberizados3 e pejotizados4 em um contexto de
perda de direitos via reformas trabalhistas e de seguridade
1
Professora Doutora do Instituto de Ciências Sociais da UFU (Universidade
Federal de Uberlandia).
2
Acadêmico do curso de graduação em Direito da UFU (Universidade
Federal de Uberlândia)
3
Conforme Horta, Borba e Previtali (2021), o termo faz referência ao
trabalho realizado por demanda mediante plataformas e aplicativos,
inaugurado pela empresa Uber na segunda década do século XXI e que
logo se expandiu por outros setores e ramos de atividade econômica,
sendo caracterizado pela ausência de regulamentação e de direitos
trabalhistas.
4
Conforme Antunes (2018), o termo faz referência à pessoa jurídica
(PJ) que é falsamente apresentada como “trabalho autônomo”, visando
obscurecer relações de assalariamento.
244 O Futuro do trabalho no século XXI
2. Justificativa
3. Objetivos
4. Metodologia
4.6. Procedimentos
5. Referencias
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O segredo do grão: Relações sociais e
flexibilização do trabalho no capitalismo
contemporâneo
1. Introdução
C
om a expansão do neoliberalismo e a consequente crise
do Welfare State a partir do final dos anos 1970 (Antunes,
2009, p.187), a produção do imaginário ganhou cada vez
mais relevância no sistema de organização capitalista. Não
apenas porque passou a responder à necessidade crescente de
gerar consenso diante do acirramento da austeridade e conse-
quente piora das condições de trabalho e de vida, mas também
porque se tornou imprescindível para a engrenagem que faz
funcionar o circuito de produção de valor das mercadorias. O
“capital aprendeu a fabricar discursos: uma marca, uma grife,
um apelo sensual que faz de uma mercadoria ordinária um
amuleto encantado” (Bucci, 2021, p.21).
O “just do it” da marca de vestuário mais valiosa do mundo,
a Nike2, é apenas um exemplo desse tipo de narrativa que
ganhou ainda mais impulso com o domínio das chamadas big
techs, cujos lucros cresceram exponencialmente nos últimos
1
Doutora em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professo-
ra da Faculdade de Ciências Sociais (FACS) da Universidade Federal do
Pará (UFPA) e pesquisadora associada do Observatório para as Condições
Vida e Trabalho (OCVT/UNL/Portugal).
2
O valor da marca (não da empresa) alcançou os 47 milhões de dólares
em 2019 (Bucci, 2021, p.23)
256 O Futuro do trabalho no século XXI
3
Em 2020, Apple, Amazon, Google, Microsoft e Facebook alcançaram
juntas o valor de mercado de 5 trilhões de dólares liderando o grupo de
conglomerados mais caros do mundo. Em duas décadas, esse grupo, que
era dominado por companhias fabricantes de coisas palpáveis (por ex.,
em 1998 eram a GE, a Microsoft, a Shell, a Glaxo e a Coca-Cola), passou
a ser composto quase que totalmente pelas empresas de tecnologia
(Bucci, 2021, p.20)
Relações sociais e trabalho no capitalismo contemporâneo 257
2. Ou tudo ou nada
Fonte: The full monty [Ou tudo ou nada]. Peter Cattaneo, 1998.
2. A tainha e o grão
4
Termo utilizado por Balint (1960/1994 apud Baitello Junior, 2014, p.32)
para descrever a atitude que valoriza a aventura e se arrisca diante do
perigo, marcada pela visão e pela distância, diferente do ocnófilo, que
busca proteção e proximidade física.
266 O Futuro do trabalho no século XXI
3. A dança e a corrida
5
“Na indústria hoteleira, por exemplo, a mão-de-obra empregada em
tempo parcial respondia por 26% dos serviços em 1971 (sendo 21%
mulheres e 5% dos homens). Em 1991, as proporções já haviam quase
duplicado: 33% eram das mulheres e 11% dos homens, constituindo
quase a metade dos empregos disponíveis” (Beynon, 1997, p.20).
6
No caso do filme, o barco-restaurante tem como público-alvo a comu-
nidade de origem árabe.
Relações sociais e trabalho no capitalismo contemporâneo 271
7
No Serviço Social ela se revela na ideia adotada pela vertente tradicional
de “situação social-problema” que cultua a técnica, o gerenciamento, geral-
mente ignorando a resistência e a luta de classes.
274 O Futuro do trabalho no século XXI
8
Na música A bola do Jogo, do álbum Samba Esquema Noise, 1994.
9
Nos versos Kino-Phot sobre o cinema: “Para vocês o cinema é um es-
petáculo/Para mim, é quase uma concepção do mundo/ O cinema é o
veículo do movimento/ O cinema é o renovador da literatura/O cinema é
o destruidor da estética/ O cinema é intrepidez/ O cinema é esportivo/ O
cinema é difusor de ideias/ Mas o cinema está doente. O capitalismo atirou
pó dourado em seus olhos/ Hábeis empresários o conduzem pela mão
nas ruas/ Ganham dinheiro comovendo corações com intrigas chorosas/
Isso precisa acabar”.
280 O Futuro do trabalho no século XXI
Referências bibliográficas
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lanca-colecao-de-tenis-digitais-para-o-metaverso-por-ate-r-28-mi.html.
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1950. De Coleridge a Orwell. Buenos Aires: Nueva Visión, 2001, p. 85-102.
Filmografia
Introdução
I
mpulsionadas pelos avanços das tecnologias da informação
e da comunicação, novas formas de organização do traba-
lho têm surgido nos últimos anos, associadas às chamadas
plataformas digitais. Para definir o fenômeno, acadêmicos têm
utilizado expressões como “plataformização do trabalho”, “capi-
talismo de plataforma”, “uberização”, gig economy, sharing economy,
crowd-based capitalism, on-demand economy, e muitos outros.
Apesar de não designarem os mesmos processos, tais
expressões tentam descrever as profundas alterações que as
plataformas digitais têm operado na circulação de bens e servi-
ços e nas relações de trabalho. São exemplos de trabalho dentro
dessa lógica aplicativos e sites como Uber, 99, Ifood, Loggi, Rappi,
Amazon Mechanical Turk, GetNinjas, entre outros.
“Trabalhe quando quiser”, “não tenha chefe”, “seja um
empreendedor”, são expressões que fazem parte do léxico
das empresas que operam neste modelo. São empresas de
tecnologia, argumentam, e fazem parte da “economia do
1
Professora Ma. do Curso de Direito da Fundação de Ensino Eurípides
Soares da Rocha, Marília, SP;
2
Licenciado em História pela UNESP - Universidade Estadual Paulista.
Graduando do 5º ano de Direito da Fundação de Ensino Eurípides Soares
da Rocha, Marília, São Paulo;
284 O Futuro do trabalho no século XXI
3
Art. 58-A da Consolidação das Leis do Trabalho
288 O Futuro do trabalho no século XXI
4
O nome da plataforma se deve a uma máquina criada pelo inventor
húngaro Wolfgang von Kempelen, chamada “o turco”, que supostamente
era capaz de jogar xadrez. Na verdade, era controlada por uma pessoa
escondida dentro da caixa, o que ironicamente demonstra a inteligência
humana escondida dentro da Inteligência artificial.
Trabalho e subordinação nas plataformas digitais 291
2. Subordinação
5
Extraído de Origem da Palavra – Site de etimologia. Disponível em: <http://
origemdapalavra.com.br/site/palavras/subordinacao/>. Acesso em 02 fev. 2022 .
294 O Futuro do trabalho no século XXI
6
Há pelo menos 13 decisões de 6 TRT’s.Ver TRT-15-ROT: 0011710-
15.2019.5.15.0032 2, 11ª Câmara, Data de Publicação: 26/04/2021
7
Processo 1000123.89.2017.5.02.0038.
302 O Futuro do trabalho no século XXI
8
O recurso chegou ao TST por meio de demonstração de divergência
jurisprudencial (art. 896, “a”, da CLT), demonstrada por meio do Processo
nº1000123-89.2017.5.02.0038, bem como violação ao dispositivo de
lei federal (art. 896, “c”, da CLT).
9
Recurso de Revista n° TST-RR-100353-02.2017.5.01.0066.
Trabalho e subordinação nas plataformas digitais 303
Conclusão
Referências
Introdução
P
ropositalmente apropria-se das reflexões de Marx
(2013) para problematizar as condições de trabalho
que são postas para a classe trabalhadora, no século
XXI. Cada vez mais distintas dos tempos em que o esforço e
ação humana eram tidos como meio de trabalho e não como
objeto de trabalho, as novas expropriações são caudatárias de
velho processo de compromisso com a acumulação e domínio
da condição humana.
A objetificação do ser humano representou uma sentença
de passagem da condição humana e emancipadora para a con-
dição servil e alienada, uma vez que com o passar dos tempos
e sob a intensificação da exploração do trabalho suplantou ao
1
Doutora em Ciências Sociais. Professora Curso de Serviço Social
Unimontes. leni_2575@yahoo.com
2
Mestre em Filosofia UFOP. Professor Departamento Filosofia Unimontes.
lucineys43@gmail.com
310 O Futuro do trabalho no século XXI
3
A autora esclarece que adota essa terminologia para designar os qua-
dros clínicos verificados em vários dos estudos de caso realizados e
para contrapor interpretações ortodoxas que possam criar dissensões.
(SELLIGMANN-SILVA, 2011, p.296)
Autonomia e competência profissional 317
4
Dados da pesquisa da Tese de Doutorado.
5
As licenças não envolvem licença-maternidade, licença para acompa-
nhar familiar; abono por saída antecipada, entrada tardia que não geram
licença saúde.
320 O Futuro do trabalho no século XXI
6
O cálculo é feito: número de dias de ausência por ano dividido pela
população sob o risco (TJMG/relatório-2013)
Autonomia e competência profissional 321
7
Informações coletadas via contato telefônico em Jan/2016.
8
Segundo estudo da OIT (2000), existem quatro fatores desencadeado-
res de estresse ocupacional: 1) controle sobre as responsabilidades; 2)
demanda (exigência) do trabalho; 3) características pessoais, e 4) apoio
social. Segundo Halfeld o estresse no ambiente de trabalho engendra
o seguinte: Para os trabalhadores: diminuição da saúde, diminuição de
renda, aumentam de despesas médicas e aposentadoria precoce. Para
as empresas: aumento de absenteísmo, menor número de horas traba-
lhadas, perda de produtividade e eficiência, prejuízo com equipamentos
estragados, aumento do turnover (rotatividade de pessoal), aumento
de despesas com contratação e formação, processos de indenização,
subutilização de plantas produtivas de custo elevado, possível redução
na escala econômica e marketing negativo (imagem, reputação) (sitio
www.SINJUSMG.gov.mg.br).
9
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), em 2012, publicou docu-
mento intitulado “101 propostas de modernização do trabalho” – este
documento apresenta a necessidade da flexibilização dos direitos
para a manutenção do crescimento econômico; defende o desmonte
da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), ao considerá-la ultrapassada
322 O Futuro do trabalho no século XXI
10
O CFESS tem como ação precípua assegurar as competências e atribuições
privativas do assistente social que resultam na defesa de uma atuação autô-
noma e livre de determinações. A Lei 8662/93 que regulamenta a profissão
do assistente social e diversas resoluções emitidas pelo Conselho Federal de
Serviço Social (CFESS) é o instrumento jurídico de defesa da profissão.
Autonomia e competência profissional 325
3. Autonomia, competência e o
sofrimento ético-político
11
CF. MARTINS, Francisco. O que é pathos? In.: Rev. Latinoam. Psicop.
Fund., II, 4, 62-80. O pathos seria compreendido como uma disposição
(Stimmung) originária do sujeito que está na base do que é próprio do
humano. Assim, o pathos atravessa toda e qualquer dimensão humana,
permeando todo o universo do ser.
Autonomia e competência profissional 329
Considerações finais
Referências