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Formação básica: ELETIVAS, PROJETO DE VIDA e TECNOLOGIA

Módulo 1 - Adolescências e juventudes

MÓDULO 1 do curso de Formação básica é comum aos cursos de

ELETIVAS, PROJETO DE VIDA E TECNOLOGIA

Objetivando otimizar o estudo de todos, em especial daqueles que, como


eu, se inscreveu nos 3 cursos, transcrevi em pdf o texto na íntegra.

Obs. O uso do texto para qualquer outro fim, que não seja o de estudo pelos
professores participantes dos cursos promovidos pela EFAPE, deve ser
identificado por Referencial Bibliográfico. Caso contrário configurará plágio
e, consecutivamente, crime.

Prof. José Humberto de Rezende – São Paulo/SP.

Bem-vindo(a) ao curso Formação básica:

Em maio de 2019, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc) lançou o Programa Inova
Educação com o propósito de oferecer novas oportunidades para todos os estudantes do Ensino Fundamental
Anos Finais e do Ensino Médio.

O programa tem o objetivo de tornar a escola mais conectada com os sonhos e as atuais necessidades dos
adolescentes e jovens, e apoiar os estudantes a desenvolver competências voltadas para o século 21. Ele traz
inovações para que as atividades educacionais sejam mais alinhadas às vocações, desejos e realidades de
cada um. E com isso:

 promove desenvolvimento intelectual, emocional, social e cultural dos estudantes;


 reduz a evasão escolar;
 melhora o clima nas escolas;
 fortalece a ação dos professores;
 cria novos vínculos com os estudantes.


Sobre o curso
O Programa Inova
O Programa Inova coloca os estudantes no centro do processo de aprendizagem, promovendo seu
engajamento e protagonismo! Todas as inovações do Programa têm como referência marcos legais
importantes, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), as Diretrizes Nacionais do Novo Ensino
Médio e o Currículo Paulista (etapa do Ensino Fundamental em aprovação no Conselho Estadual de
Educação e do Ensino Médio).

E qual é a grande inovação que esse projeto traz para as escolas?

Todos os estudantes do Ensino Fundamental Anos Finais e do Ensino Médio terão três novos componentes no
currículo:

Projeto de vida
Atividades e oficinas que apoiam o planejamento da vida escolar e pós-escolar, com destaque à gestão do tempo, à
organização pessoal, ao compromisso com a comunidade e à construção de perspectivas para o futuro.

Eletivas
Aulas escolhidas a cada semestre pelos estudantes a partir de um cardápio ofertado pela escola, adequado às
possibilidades de oferta dos professores de cada unidade de ensino.
Tecnologia
Conceitos básicos nos eixos de cultura digital, pensamento computacional, cidadania digital e mundo digital para
ensinar os estudantes a usar e a criar tecnologias do século 21 em seus próprios projetos.

Como esses componentes se encaixam no horário escolar?


Os tempos das aulas foram ajustados para 45 minutos. Assim, os novos componentes se encaixam ao longo do ano
letivo.

- Mais aula por dia: De 6 aulas por dia para 7 aulas por dia.

- 5 novos tempos por semana: 2 para Projeto de Vida. 2 para Eletivas. 1 para
Tecnologia.

- Mais tempo na escola: De 5h por dia para 5h e 15min. por dia.

De 1.000h por ano para 1.050h por ano.

- Tempo de aula ajustado: Aulas de 50min. passarão a ser de 45min

Sobre o curso
Curso de Formação básica
Agora é hora de se preparar! Veja as informações gerais deste curso.

Com carga horária de 30 horas, o curso Formação básica: Eletivas está estruturado em quatro módulos:

 Módulo 1: Adolescências e juventudes – módulo comum ao curso Formação básica:


Eletivas, Projeto de Vida e Tecnologia.

TEMA DOS DEMAIS MÓDULOS DE ELETIVAS

 Módulo 2: O que são Eletivas


 Módulo 3: Como as Eletivas funcionam na prática?
 Módulo 4: O que as Eletivas devem proporcionar ao estudante?

TEMA DOS DEMAIS MÓDULOS DO PROJETO DE VIDA

 Módulo 2: Apresentação do Projeto de Vida


 Módulo 3: Como o Projeto de Vida funciona na prática?
 Módulo 4: O que o Projeto de Vida deve proporcionar ao estudante?
 Módulo 5: O que se espera do professor de Projeto de Vida?
TEMA DOS DEMAIS MÓDULOS DE TECNOLOGIA

 Módulo 2: O componente Tecnologia


 Módulo 3: Práticas e metodologias para o uso de tecnologias
 Módulo 4: Conhecendo o cenário sobre o uso de tecnologia na escola

Antes de iniciar seus estudos, leia o regulamento para conhecer as regras de frequência,
aproveitamento e certificação.

Caso tenha algum problema técnico acesse o Fale Conosco.

Trata-se do primeiro passo de um processo mais amplo de formação que continuará nos próximos meses,
inclusive com curso de aprofundamento sobre Eletivas. Neste momento, a proposta é que você compreenda o
que é o componente Eletivas. Ao longo deste curso, você vai entender mais sobre como funciona na prática e o
que embasa a sua criação. Em breve, na formação de aprofundamento, você saberá ainda mais detalhes sobre
os conteúdos, materiais de apoio e ferramentas de avaliação.

Objetivos de aprendizagem
 Conhecer a definição das Eletivas no âmbito do Programa Inova Educação;
 Entender o que são as Eletivas e conhecer a metodologia que será utilizada nas aulas;
 Entender como as Eletivas trazem ganhos para o estudante, para o professor e para a escola;
 Mostrar o impacto da Eletiva para o estudante, com base no desenvolvimento de habilidades cognitivas e
socioemocionais e naquilo que ele pode criar ao longo do percurso;
 Discutir os desafios da escola no mundo contemporâneo, relacionados aos temas das adolescências e
juventudes.

Ao final do curso, você terá de responder ao questionário de avaliação.

Bons estudos!

Olá, professor(a)! Seja bem-vindo(a) ao Módulo 1 Adolescências e


Juventudes!

Neste módulo, nosso foco será entender um pouco mais os adolescentes e jovens que
estão na escola, quais seus interesses, desafios, potencialidades e também como veem a
escola em que estudam e a escola que desejam.

Este módulo está organizado em quatro temas:

 Conhecendo adolescentes e jovens na sua multidimensionalidade.


 Adolescentes e jovens e a escola.
 Adolescentes e jovens e seus desafios.
 Adolescentes e jovens e suas potencialidades.

Para começar, assista ao vídeo com Anna Penido, especialista em educação, que
apresenta o tema deste módulo.
Conhecendo adolescentes e jovens na sua
multidimensionalidade
Abertura: estudantes e professores

Neste tema, vamos conhecer adolescentes e jovens na sua multidimensionalidade. Isso


significa entender melhor características e mudanças que acontecem com eles nessa fase
da vida, por meio das dimensões:

Física e biológica

Quais transformações acontecem no corpo, o que isso significa e os impactos no


comportamento e na atitude na escola.

Neurológica e cognitiva

Como se dá o desenvolvimento cerebral e cognitivo nessa fase e as implicações disso.

Sociocultural

Questões relacionadas à inclusão, à diversidade, à desigualdade, influências, temas de


interesse.

Socioemocional

As diferenças de tempo entre o desenvolvimento cognitivo e o emocional e as ações


impulsivas.

Para começar, assista ao vídeo com os estudantes Caio Sampaio de Vasconcelos, Carolina
Henrique Mendes, Melissa da Costa Romano e Nathan Olivares da Silva que falam sobre
como se sentem e seus interesses.

Agora, assista ao vídeo com a professora Carolina Stefano, o professor Sérgio


Bauchiglione, a professora coordenadora Vanessa Rezende Souza e a diretora Paula
Soares dos Santos e veja como eles observam o que acontece com os adolescentes e os
jovens nessa fase.

A voz dos especialistas

Agora, assista ao vídeo com Anna Penido, especialista em educação, falando sobre as
multidimensões de desenvolvimento dos adolescentes e dos jovens nessa fase da vida.

Para completar o quadro, assista a este outro vídeo com a neuropsicóloga Adriana Foz e
os psicólogos Darlene Ferraz Knoener, Gabriel Medina de Toledo e Gisele Alves Mizuta e
confira a visão de especialistas sobre adolescentes e jovens.

Sobre a multimensionalidade

Os vídeos nos mostram um painel sobre diversos aspectos desses adolescentes e jovens que estão nas escolas
nos dias de hoje.
Para ampliar um pouco mais esse universo e nos localizar melhor nos conteúdos que serão mostrados nas
próximas páginas deste curso, vamos apresentar a seguir algumas definições.

O que significa adolescência?

“Adolescere é uma palavra latina que significa crescer, desenvolver-se, tornar-se jovem.”

Luisa Fernanda Habigzang, Eva Diniz, Sílvia H. Koller (2014)

Mais que uma fase, a adolescência é um longo processo em que acontecem várias modificações físicas,
psicológicas e sociais que podem se transformar em oportunidades para o desenvolvimento. Essa visão, ao
superar o estigma que considera o adolescente como “aborrecente”, abre perspectivas construtivas sobre essa
fase da vida.

Segundo a pesquisa Adolescentes, realizada pelo Projeto Faz Sentido com adolescentes de 12 a 16 anos do
Ensino Fundamental Anos Finais,

“hoje, no Brasil, a maioria dos estudos realizados sobre os jovens estão deslocando o olhar de uma
adolescência definida como uma fase caracterizada por mudanças físicas e hormonais para uma concepção
mais voltada às características sociais e econômicas. Esse deslocamento tira, inclusive, a sua ênfase por
limitações etárias”.

O que é ser jovem?

Há uma série de fatores que influenciam na construção da juventude, mas todos eles estão relacionados
especialmente a duas concepções complementares, definidas na pesquisa Juventudes e Ensino
Médio, realizada pelo Projeto Faz Sentido:

Juventudes - o plural, que indica a multiplicidade de formas de ser jovem...

Juventudes: o plural, que indica a multiplicidade de formas de ser jovem e a


transversalidade de fatores como gênero, orientação sexual, raça/etnia, classe social,
assim como o território em que vivem os jovens ou as configurações comunitárias nas
quais são socializados. Pensar em juventudes significa compreender, por exemplo, que os
desafios da jovem negra, do jovem indígena, de jovens refugiadas, de jovens
quilombolas, de jovens dos centros urbanos ou de áreas rurais podem ser muito diversos
entre si.

Juventude - o singular, que dialoga com essas diferentes formas de viver a juventude...

Juventude: o singular, que dialoga com essas diferentes formas de viver a juventude,
mas que define uma espécie de experiência comum do que é ser jovem. É necessário
levar em conta as particularidades da condição juvenil, o que permite que os jovens,
ainda que diferentes, se identifiquem como tal.

Discussão sobre o tema

Agora, acesse os itens sobre os temas a seguir para obter mais informações sobre esse
universo. Caso queira se aprofundar, consulte a íntegra dos materiais nos links do Saiba
mais.
Nascer para o mundo

Segundo a psicanálise, o adolescente viveria uma Crise de Desestruturação e


Reestruturação da Personalidade na Adolescência. A desestruturação é provocada pelas
perdas com relação ao seu corpo, aos seus pais e ao seu papel sociocultural,
experimentadas a partir da pré-adolescência; e o eixo central da reestruturação é o
processo de elaboração dos LUTOS gerados pelas três perdas fundamentais desse período
evolutivo.

1
Perda do corpo infantil

Muita ansiedade devido às transformações corporais a partir da puberdade. Reformulação


de seus mundos interno e externo. Restrições familiares e sociais sem explicação e
propósito chegam a causar retardo em seu crescimento e nas funções sexuais naturais
próprias dessa fase.

2
Perda dos pais da infância

Os pais, antes idealizados e supervalorizados, passam a ser alvo de críticas e


questionamentos. O adolescente busca figuras de identificação fora do âmbito familiar.
Nesta fase, se caracteriza a dependência/independência dos filhos em relação aos pais e
vice-versa; identidade familiar substituída pela individual.

3
Perda da identidade e do papel socioemocional familiar

Da relação de dependência natural segue-se uma confusão de papéis. Não é mais criança
nem é ainda um adulto. Dificuldades em se definir na sua cultura. Anseia por
independência, sente-se inseguro, temeroso, apoia-se no grupo, distancia-se dos pais
permitindo novas identificações.

Fases da adolescência

Fase inicial 10 a 14 anos

 1

Adolescência é ter mais maturidade e responsabilidades.

 2

Expectativa de ter mais liberdades e experimentar coisas que ainda não


experimentou.
 3

Etapa da vergonha, mais proximidade com crianças. Adultos são seres estranhos.

 4

Mais resguardados pelos pais, que cobram e acompanham mais na escola.

Adolescência

 1

Se veem encrencados quando têm que ir para a diretoria.

 2

Mais casa e escola (amigos na escola); menos autonomia para saírem sozinhos.

 3

Adolescência é ter rebeldia e experimentar o máximo possível.

 4

Destemidos, não temem mais diretoria, professores ou pais. Já testaram muitos


limites.

 5

Aceitam mais facilmente os limites, constestam menos.

 6

Quanto mais lúdicas as disciplinas, melhor (pintar, jogar, manusear, trabalho de


campo).

 7

Já possuem mais autonomia e experiências, se deparando com algumas frustações


tanto com pessoas quanto com o mundo.

 8

Mais interações na rua e com os amigos e pares.

Fase final 14 a 19 anos

 1

Com identidade mais definida, estão mais à vontade entre os iguais.


 2

Muito questionadores, testam limites o tempo todo.

 3

Mais liberdades concedidas pelos pais, que passam a cobrar menos o desempenho
escolar.

 4

Diminui interesse na escola, as disciplinas não fazem sentido.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 74)

Fases da adolescência e desenvolvimeto neurológico

Fase inicial: 10 a 14 anos

 1

É normalmente nessa fase que começam as mudanças físicas, geralmente


marcadas por uma aceleração repentina do crescimento, seguida pelo
desenvolvimento dos órgãos sexuais e das características sexuais secundárias.

 2

As células cerebrais podem praticamente duplicar o seu número no espaço de um


ano, enquanto as redes neurais são radicalmente reorganizadas, causando um
impacto sobre a capacidade emocional, física e mental.

 3

O início da adolescência também é caracterizado por mudanças internas profundas.


O cérebro, por exemplo, passa por uma grande aceleração elétrica e fisiológica.

 4

O amadurecimento físico e sexual mais adiantado da menina, que, em média, entra


na puberdade de 12 a 18 meses mais cedo do que o menino, reflete-se em
tendências semelhantes no desenvolvimento cerebral.

Adolescência

 1

O lobo frontal (parte do cérebro que governa o raciocínio e as tomadas de decisão)


começa a se desenvolver durante a fase inicial da adolescência. Como esse
desenvolvimento começa mais tarde e é mais prolongado nos meninos, sua
tendência a agir de forma impulsiva e a pensar de forma acrítica permanece por
mais tempo do que nas meninas.
 2

Nessa fase, as principais mudanças físicas já ocorreram, embora o corpo ainda se


encontre em desenvolvimento. O cérebro continua a desenvolver-se e a
reorganizar-se, e a capacidade de pensamento analítico e reflexivo é bastante
ampliada.

 3

No início dessa fase, as opiniões dos membros do seu grupo ainda são importantes,
mas essa influência diminui à medida que o adolescente adquire maior clareza e
confiança em sua própria identidade e em suas opiniões.

 4

Esse fenômeno contribui para difundir a percepção generalizada de que as meninas


amadurecem mais cedo do que os meninos.

Fase final: 14 a 19 anos

 1

A atitude de enfrentar riscos diminui na fase final da adolescência, à medida que se


desenvolve a capacidade de avaliar a situação e de tomar decisões conscientes.

 2

É durante essa fase que os adolescentes ingressam no mundo do trabalho ou


avançam em sua educação, estabelecem sua identidade, sua visão de mundo e
começam a participar ativamente na organização do espaço ao seu redor.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 75)

A plasticidade do cérebro durante a adolescência

Durante a adolescência, o cérebro é particularmente sensível às experiências e às trocas


com o ambiente. Estudos recentes de neurociência mostram que o cérebro do
adolescente passa por uma reorganização: conexões entre neurônios se desfazem para
que surjam novas; e a forma como são estimulados pode favorecer que determinadas
conexões sejam feitas, sejam elas positivas ou não. Essa reorganização ainda pode
explicar certos comportamentos típicos da adolescência, como a busca por experiências
intensas, que muitas vezes acontecem independente da vontade deles.

Compreender as transformações pelas quais o cérebro do adolescente passa pode ajudar


pais e educadores na forma como respondem e apoiam o desenvolvimento dele. Nesse
sentido, três sistemas que sofrem grande plasticidade durante esse período podem
explicar alguns comportamentos típicos.

 Recompensa - Regulador - Relacionamento


Recompensa (prazer)

 A dopamina é uma substância que dentre diversas funções, é responsável por


sinalizar experiências de prazer. É o aumento da dopamina que, por exemplo, nos
faz desejar e ir atrás de determinadas coisas como dinheiro e sexo. Durante a
adolescência o número de receptores dessa substância aumenta drasticamente,
fazendo com que os adolescentes sejam muito mais responsivos e ativos na busca
de atividades que os façam sentir prazer. Isso faz com que os estudantes do
Fundamental II sejam mais sensíveis a esse estímulo. Educadores e pais devem
saber que é mais fácil mudar o comportamento do adolescente o motivando para
buscar uma recompensa do que ameaçando com punições. Infelizmente, isso os faz
também mais suscetíveis ao álcool e às drogas, uma vez que as moléculas dessas
substâncias se assemelham à da dopamina, elas se conectam aos receptores
causando a mesma sensação de prazer.

Regulador

 Durante a puberdade, o sistema de autocontrole também passa por uma


reorganização, e isso faz com que o adolescente esteja mais propenso ao
comportamento de risco. Apesar de parecer irracional em alguns momentos, ele já
consegue compreender e julgar, quase tão bem como os adultos, que
determinadas ações podem ter sérias consequências. No entanto, devido às
transformações no sistema regulador, os adolescentes têm a capacidade de
controlar seus impulsos reduzida. A propensão pelas atividades arriscadas também
se explica pela hipersensibilidade. As sensações de prazer são mais intensas devido
ao aumento dos receptores de dopamina no cérebro. Por isso, eles têm dificuldade
em adiar atividades que os tragam algum tipo de recompensa e prazer imediatos.
De acordo com o neurocientista Laurence Steinberg, a capacidade de
autorregulação talvez seja a característica mais importante para o sucesso social,
realização e saúde mental. Por isso, pais e educadores devem ajudar os
adolescentes a desenvolverem o controle sobre o que pensam e sentem. A escola
deve ser um ambiente seguro que cria oportunidades para esse tipo de
desenvolvimento.

Relacionamento (como interagimos com outras pessoas)

 O adolescente também está desenvolvendo seu cérebro social, e isso explica o fato
de eles serem muito vulneráveis ao que outras pessoas pensam a seu respeito.
Mais que em qualquer outro momento da vida, ele sofre muito ao ser rejeitado. Um
adolescente tem, por exemplo, muito mais sensibilidade que um adulto para
perceber emoções nas outras pessoas. Segundo Laurence Steinberg (2015),
quando um adulto grita com um adolescente, esse adolescente provavelmente vai
prestar mais atenção no grito ou na raiva que esse grito transmite do que nas
palavras. Os adolescentes têm um comportamento especial quando estão na
presença de seus pares. No livro Age of Opportunity, Steinberg destaca que
adolescentes são mais propensos a ter comportamento de risco quando sabem que
amigos estão por perto. Pais e educadores devem estar atentos e evitar momentos
em que adolescentes estejam reunidos sem a mediação de um adulto.

 (Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 24-25)
Juventude e políticas públicas

1
Etapa problemática ou risco social

Esta concepção vê o sujeito jovem a partir dos problemas que ameaçam a ordem social.
Pauta-se nos comportamentos considerados de risco, como envolvimento com a
violência, criminalidade e gravidez na adolescência. No Brasil, esse foi o enfoque
predominante nas ações governamentais dos anos 1980 e 1990, que se concentraram em
programas nas áreas da saúde e da segurança pública. Tais ações tinham como objetivo
ocupar o tempo livre dos jovens e eram direcionadas para públicos com características de
vulnerabilidade, risco ou transgressão (ABRAMO, 2005).

2
Período preparatório

Nesta abordagem, a juventude é entendida como um período de transição entre a


infância e a vida adulta. Porém, esse modo de ver a juventude traz algumas implicações,
uma vez que a transitoriedade tem como característica a indeterminação, isto é, os
sujeitos jovens não são mais crianças, mas ainda não são adultos. Os jovens são,
portanto, desqualificados e definidos pelo que não são. Esta abordagem desconsidera a
juventude como portadora de conhecimentos e vivências anteriores. Além disso, passa a
ideia de um mundo adulto estável, para o qual se deve preparar.

3
Juventude: futuro do país

Esta perspectiva deposita na juventude a resolução dos problemas de exclusão social e


de desenvolvimento do país. Aposta em uma contribuição construtiva dos jovens para a
solução dos problemas que afetam as comunidades em que vivem, porém ignora as suas
necessidades e demandas. No Brasil, esse enfoque foi muito difundido nos anos 2000,
por meio das agências de cooperação internacional, organismos multilaterais e fundações
empresariais.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Juventudes e Ensino Médio, p. 13)

Construção da identidade

Identidade é, sobretudo, uma construção, tanto do que se é quanto do que se quer ser.

A criação da identidade enquanto processo particular envolve:

 Reconhecer-se.
 Coordenar as próprias ações.
 Dar coerência à própria existência, descobrir propósitos e agir de acordo com eles.
A identidade é construída a partir da relação que estabelecemos com os outros, isto é, só
é possível reconhecer quem somos, quais são as nossas características, as nossas
inclinações, à medida que interagimos com os nossos pares.

Durante a juventude o processo de construção da identidade se intensifica. É nesse


período da vida que os jovens experimentam o mundo social além das fronteiras
familiares e precisam lidar, pela primeira vez, com as convocações sociais para que
assumam a sua identidade.

A todo momento os jovens são impelidos a lidar com novas e múltiplas convocações de
identidade, sendo necessário elaborar, pela primeira vez, suas respostas para elas.
Portanto, não existe uma identidade estável ou fixa, mas sim processos de “identificação
e desindentificação”, que dão contornos às subjetividades de cada um ao longo da vida.

Desse modo, eles podem se identificar com determinado grupo étnico-racial, religioso,
com determinada orientação sexual e, com o avançar dos anos, construir novos
pertencimentos, como identificar-se com outra comunidade religiosa.

Ao longo desse processo de identificação e desindentificação os jovens fortalecem e


sustentam suas capacidades de reconhecer-se enquanto sujeitos. É também durante a
juventude que os jovens começam a ganhar maior autonomia em relação ao mundo dos
adultos e cobra-se deles que tenham maior capacidade de autocontrole e autorregulação
e que coordenem suas próprias ações. Porém a aquisição dessas capacidades ocorre por
meio de um processo contínuo de aprendizagem que se dá ao longo da vida e que não
tem fim, pois nunca se alcançará o ápice – isto é, o ponto no qual os sujeitos são capazes
de controlar, regular e coordenar as suas ações de modo pleno e regulado.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Juventudes e Ensino Médio, p. 31-32)

Construção de identidade e contexto social

A época, o espaço, as relações econômicas e sociais e tantos outros fatores da vida de


cada jovem contribuem para que ele se entenda como indivíduo.

A experiência de construir identidade e propósito quando se é uma jovem negra periférica


é bastante diferente da experiência de um jovem branco de classe média, por exemplo.
Além da desigualdade social e de gênero, as novas gerações podem experimentar mais
angústia em relação a essa busca, uma vez que vivem em um momento de alta produção
de informações e referências de todo tipo – que expõem um universo muitas vezes
caótico e contraditório.

Para o psicanalista Erik Erikson, rituais sociais que costumam marcar a entrada na idade
adulta, como a escolha da área profissional no ensino escolar, facilitam a preparação para
a conquista de novos papéis na sociedade. Por outro lado, um contexto social não
estruturado pode levar a uma crise de identidade.

A pressão social e estereótipos

A falta de estrutura e as constantes mudanças no contexto histórico são desafios para o


jovem do século XXI. Ao mesmo tempo, os estereótipos criados a seu respeito também
não ajudam. Além dos estereótipos clássicos sobre raça/etnia, gênero, orientação sexual,
juventude rebelde, existe outra ideia bastante reproduzida de que ser jovem é apenas
uma preparação para ser adulto. Ao tratar essa fase como mera passagem, uma
transição, é negado ao jovem o direito de viver plenamente o presente.

Apoio e empatia

Segundo Erikson, o processo de construção da identidade depende da confiança do jovem


em si próprio e nas outras pessoas. O reconhecimento da sua personalidade pelos outros
é peça-chave para a formação da identidade. Vale lembrar, no entanto, que identidade
está sempre – e não só durante a juventude – em construção.

É preciso romper com estigmas e mitos para ajudar os jovens a encontrar o que existe de
mais verdadeiro em si mesmos. A partir disso, eles começarão a construir o seu projeto
de vida.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Juventudes e Ensino Médio, p. 36-38)

Ampliação das relações sociais

A juventude é uma fase de ampliação das relações sociais além dos limites da escola e da
família. Esses dois espaços continuam sendo referências importantes, mas são
complementados por outros, como comunidades religiosas e grupos reunidos por temas
de interesse, como práticas artísticas, práticas esportivas e movimentos sociais de causa.

É uma fase em que a busca por aprovação dos seus semelhantes (outros jovens) é
essencial.

O que diz a neurociência?

É por razões evolutivas que os jovens costumam dedicar mais tempo aos seus colegas e
menos aos pais e outras figuras de autoridade, como professores. Como outros jovens
serão seus companheiros de fato na maturidade, a natureza incluiu no cérebro jovem
uma propensão por buscar amigos, relacionar-se com parceiros e participar de grupos
dos seus pares como preparação para a vida adulta. (Fonte: ARMSTRONG, 2016)

Mas os adultos também são referência muitas vezes. A tendência de estar mais
próximo dos colegas não quer dizer que as relações com adultos não são importantes.
Em algumas situações, as opiniões de adultos de referência podem inclusive ser
consideradas mais confiáveis do que as de outros jovens.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Juventudes e Ensino Médio, p. 101-102)

Relações afetivas
A adolescência é um período marcado pela aproximação aos pares e, de acordo com a
psicologia, construir relações de amizade saudáveis e positivas é fundamental para o
desenvolvimento afetivo e de habilidades sociais na adolescência, além de sedimentar as
bases para os relacionamentos na vida adulta. Um dos motivos dessa aproximação entre
amigos seria a busca por suporte e acolhimento na luta contra a angústia e a solidão
típicas da fase.
É nesta fase que tendem a ocorrer as primeiras relações amorosas. Os adolescentes
vivem com intensidade a novidade dessas paixões, bem como suas possíveis desilusões e
consequências.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 105-106)

Desenvolvimento físico

No campo sexual, a adolescência começa na puberdade, período de rápido crescimento


físico e iniciação da maturidade sexual, que termina quando o indivíduo se torna capaz de
se reproduzir. Como colocamos na introdução, é também durante esse período que os
sistemas de regulação e recompensa se reorganizam, fazendo com que os adolescentes
estejam sempre em busca de experiências que tragam prazer. Porém, por terem uma
baixa capacidade de autoregulação, acabam se colocando constantemente em situaçãoes
de risco (sexo sem proteção).

De acordo com o neurocientista Lawrence Steinberg em seu livro Age of Opportunity, a


maior parte dos programas de educação sexual foca em levar conhecimento para os
adolescentes, não em mudar seu discernimento. Infelizmente, informação não é
suficiente para impedir o comportamento de risco. Os programas seriam mais eficientes
se, além de informar, ajudassem os adolescentes a desenvolver sua capacidade de
autorregulação e a reduzir o comportamento de risco (nesse caso, transar sem proteção).

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 87)

SaSaiba maisiba mais

Para saber mais sobre adolescentes e jovens no Brasil, acesse a íntegra do estudo a
seguir, disponibilizado no site do Projeto Faz Sentido:

Diversidade, equidade e inclusão na escola – disponível em:

http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2018/12/ESTUDO_DIVERSIDADES_rev.pdf

Dicas práticas

Agora, assista ao vídeo a seguir com Anna Penido, que traz dicas práticas de como lidar
com essas questões no ambiente escolar.

Para ler e usar as dicas no dia a dia na escola, clique nos itens a seguir.

Dica 1

 Discuta mais sobre o cérebro, o comportamento, o desenvolvimento físico e


emocional de adolescentes e jovens nas reuniões de planejamento da escola.
 Acesse pesquisas, consulte especialistas, troque ideias com os colegas sobre esse
tema.
 Coloque um mural ou uma caixa de sugestões na entrada da escola e peça aos
estudantes para colocarem ali os nomes das séries que assistem, dos @youtubers
que seguem, dos livros que gostam de ler, dos @sites e redes sociais que utilizam,
além dos temas que gostam de discutir, entre muitas outras coisas que possam
ajudar você, professor, a entender melhor esse universo.

Dica 2

 Dedique tempo a conhecer cada um dos seus estudantes: quais as suas


características mais marcantes, seus interesses, as condições em que vivem, seus
talentos e dificuldades, seus sonhos e receios.
 Para ajudar, comece o ano letivo com uma semana de acolhimento, em que essas
informações são levantadas por meio de atividades realizadas por cada um dos
professores, ou divida os estudantes entre os vários adultos da escola, para que
todos possam ser acompanhados mais de perto por um adulto de referência.
 O conselho de classe também pode ser um ótimo espaço para trocar impressões e
entender o que se passa com cada um deles, a partir dos olhares dos diversos
professores.

Dica 3

 Não é tarefa fácil saber lidar com as mudanças de humor, as ações intempestivas,
a eventual apatia e os questionamentos de adolescentes e jovens. Vale lembrar
que o desenvolvimento intelectual deles se processa mais rápido do que o
desenvolvimento emocional e por isso, muitas vezes, não conseguem controlar os
seus impulsos, apesar de terem conhecimento sobre as consequências.
 Para ajudá-los, não leve suas provocações para o lado pessoal. Cabe aos adultos
manter a estabilidade do ambiente, ajudar os estudantes a pensar sobre suas
atitudes e dar a chance para que aprendam com seus erros.

Dica 4

 A qualidade da relação com os professores e os demais profissionais da escola tem


influência direta no comportamento e na aprendizagem dos estudantes.
Adolescentes e jovens costumam se ressentir quando não são recebidos com um
cumprimento, quando os adultos parecem não notá-los ou se importar com eles,
quando se sentem invisíveis ou desrespeitados.
 Ainda que seja quase impossível saber o nome de todo mundo ou parar para
conversar com cada um deles, tente ser caloroso.
 De vez em quando, abra espaço durante a aula para conversar sobre questões
latentes. Procure saber o que está se passando com aqueles que apresentam
comportamento diferente do normal.
 Lembre-se, você pode fazer toda a diferença em um momento importante da vida
desses garotos e garotas.
Dica 5

 Costuma-se dizer que a escola tem a cara dos seus gestores e professores. Em
última instância, os adolescentes e jovens olham para vocês em busca de exemplos
a serem seguidos.
 Portanto, é importante que você pense sobre as suas atitudes e sobre as palavras
que dirige aos seus estudantes.
o Elas refletem aquilo que você quer que os seus alunos espelhem?
o Você oferece atenção na mesma medida em que deseja atenção?
o Se dirige a eles no mesmo tom de voz com que gostaria que eles se dirigissem
a você?
o Interessa-se por eles e por seu trabalho diário do mesmo jeito que gostaria que
eles se engajassem com você e com suas aulas?
o Aprecia e confia neles como gostaria que eles gostassem e confiassem em você?
 Professores não precisam ser amigos dos estudantes, mas precisam demonstrar
que veem sentido na sua profissão, assim como desejam que os estudantes vejam
sentido na escola.

Adolescentes e jovens e a escola


Abertura: estudantes e professores

Neste tema, vamos entender melhor a relação dos adolescentes e dos jovens com a
escola; como eles veem a escola que têm e como gostariam que ela fosse.

Para começar, assista ao vídeo com os estudantes Caio Sampaio de Vasconcelos, Carolina
Henrique Mendes, Melissa da Costa Romano e Nathan Olivares da Silva sobre a escola.

Agora, assista ao vídeo com a professora Carolina Stefano, o professor Sérgio


Bauchiglione, a professora coordenadora Vanessa Rezende Souza e a diretora Paula
Soares dos Santos e veja o que eles falam sobre esse tema.

A voz dos especialistas

Agora, assista ao vídeo com Anna Penido, especialista em educação, que fala sobre a
relação dos adolescentes e jovens com a escola.

Para completar o quadro, assista a este outro vídeo com a neuropsicóloga Adriana Foz e os psicólogos Darlene
Ferraz Knoener, Gabriel Medina de Toledo e Gisele Alves Mizuta e confira o que dizem os especialistas:

Sobre a escola

Você viu nos vídeos com os estudantes, os professores e os especialistas um quadro


geral sobre a escola atual e o que os adolescentes e os jovens querem que ela seja para
se tornar mais atraente para eles.

Esses desejos também estão relacionados ao cenário atual em que os adolescentes e os


jovens vivem.
Hoje

Sabemos que a internet, as redes digitais, as mídias sociais e os dispositivos móveis,


como smartphones e tablets, revolucionaram a forma como as pessoas se comunicam, se
relacionam, organizam e consomem informação.

Antes

Antes, a produção e a distribuição da informação eram um poder exclusivo dos meios de


comunicação, da indústria cultural e das organizações privadas e governamentais, que
emitiam e veiculavam seus pontos de vista.

Agora, com a disseminação do acesso às tecnologias digitais da informação e da


comunicação (TDICs), esse poder também está na mão da sociedade. A forma de
produzir, distribuir e consumir informação mudou radicalmente. Multiplicaram-se as
fontes de informação, as pessoas estão conectadas e interagem em tempo real, têm
autonomia para produzir e compartilhar seus próprios conteúdos e escolher o que
consomem.

Os adolescentes e os jovens que nasceram nesse contexto digital, a partir do começo do


século XXI, convivem e utilizam essas tecnologias o tempo todo. Dessa forma, seu
desenvolvimento, sua sociabilidade e seu acesso a atividades culturais, educação ou
trabalho, por exemplo, ocorrem de forma muito diferente daqueles de seus pais e avós,
que tinham acesso a veículos tradicionais como jornal, rádio e televisão.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Juventudes e Ensino Médio, p. 22-23)


Para contextualizar a escola neste novo cenário em que nasceram e vivem os
adolescentes e jovens, algumas organizações realizaram pesquisas em busca de
respostas sobre a escola em que eles estudam atualmente e a escola que querem.

Agora, vamos ver um recorte dessas pesquisas!

A escola atual e a escola desejada

O portal Porvir, por exemplo, realizou a pesquisa nacional Nossa Escola – Relatório
2019, com adolescentes e jovens de 11 a 21 anos, com a seguinte distribuição por faixa
etária:

50%: menores de 15 anos – Ensino Fundamental Anos Iniciais

46%: 15 a 17 anos – Ensino Fundamental Anos Finais

4%: 18 a 21 anos – Ensino Médio (Fonte: Nossa Pesquisa – Relatório 2019 – Porvir)

A escola que os adolescentes e jovens têm

Para avaliar a escola atual ou a última em que estudaram, os participantes foram


convidados a dar uma nota de 1 (Tá tenso) a 5 (Tá tranquilo, tá favorável) para 11
itens.

Veja a média de notas para 6 desses itens.

Prédio e estrutura – 3.3 Relação entre estudantes – 3.2

Relação dos estudantes com professores – 3.3 Uso de tecnologia – 2.7

Material pedagógico – 3.3 Atividades extraclasse – 2.9

(Fonte: Nossa Pesquisa – Relatório 2019 – Porvir)

A escola que adolescentes e jovens querem

Os participantes da pesquisa foram estimulados a pensar em dois tipos de escola, a que


os faria aprender mais e a que os faria mais felizes.

Para cada uma dessas escolas dos sonhos, eles imaginaram seis aspectos: o foco da
escola, os conteúdos, a organização curricular, o jeito de aprender, os recursos
educacionais tecnológicos e o jeito da sala de aula. Cada aspecto foi desdobrado em
vários subaspectos relacionados ao tema.

Sabemos que os estudantes são singulares e, portanto, não aprendem da mesma


maneira. Veja, por exemplo, como eles responderam sobre:
Aprender

Aprendem mais

 23% com aulas teóricas.


21% fazendo projetos práticos.
 20% interagindo com a comunidade.
 14% estudando sozinho.
 9% fazendo trabalhos em grupo.

Ficariam mais felizes

 22% fazendo projetos práticos.


 20% estudando sozinho.
 19% assistindo aulas teóricas.
 15% interagindo com a comunidade.
 11% trabalhando em grupo.

As demais porcentagens estão pulverizadas em outras opções de respostas.

Sala de aula

Aprendem mais

 20% com ambientes e móveis fossem variados, com puffs, bancadas, almofadas e
sofás.
 19% quando as carteiras são organizadas em pequenos grupos.
 18% quando podem usar outros ambientes internos e externos à escola.
 13% quando podem mudar a arrumação das carteiras de acordo com a aula.
 12% em salas de aula com carteiras enfileiradas.

Ficariam mais felizes

 24% com ambientes e móveis fossem variados, com puffs, bancadas, almofadas e
sofás.
 20% quando as carteiras são organizadas em pequenos grupos.
 14% quando podem usar outros ambientes internos e externos à escola.
 12% quando podem mudar a arrumação das carteiras de acordo com a aula.
 11% em salas de aula com carteiras enfileiradas.

As demais porcentagens estão pulverizadas em outras opções de respostas.

Tecnologia

Aprendem mais

 27% com o uso de ferramentas de pesquisa on-line.


 14% com games ou jogos educativos.
 14% com robótica e da programação.
Ficariam mais felizes

 23% com o uso de ferramentas de pesquisa on-line.


 19% com games ou jogos educativos
 13% com robótica e da programação.

As demais porcentagens estão pulverizadas em outras opções de respostas.

Para consultar os resultados completos destes aspectos destacados e ver os resultados


dos outros três (foco da escola, conteúdos e organização curricular), acesse a pesquisa
no site do Porvir.

Sobre os professores e a estrutura física

A pesquisa também perguntou aos participantes quais as características dos professores


que eles mais valorizam e o que não pode faltar em termos de estrutura física na escola
que querem.

Características mais valorizadas do professor

40%: Saber explicar bem os conteúdos.

28%: Propor diferentes atividades nas aulas.

27%: Ser acolhedor e ter uma boa relação com estudantes.

27%: Saber estimular o estudante a se questionar e buscar conhecimentos.

Estrutura física

53%: Tecnologia não só no laboratório de informática.

45%: Quadras e equipamentos esportivos.

33%: Bastante área verde.

(*) Nestas questões, os participantes puderam escolher duas características do professor


e três opções relacionadas à estrutura física da escola.

(Fonte: Nossa Pesquisa – Relatório 2019 – Porvir)

A escola de Ensino Médio

O movimento Todos pela Educação, também fez uma pesquisa nacional,


chamada Repensar o Ensino Médio. Mais específica, esta pesquisa foi feita entre
setembro e outubro de 2016 com adolescentes e jovens de 15 a 19 anos que estão no
Ensino Médio. Um dos própositos da pesquisa era colher informações sobre a percepção
que eles têm da escola.

Visão sobre a escola de Ensino Médio

Os resultados mostram que os estudantes do Ensino Médio estão atentos ao que a escola
oferece, em termos de infraestrutura, ensino e valores, e à atuação dos professores. O
que se percebe, pelos resultados, é que a escola que os jovens querem deve ter
segurança, boa infraestrutura e professores assíduos, além de ser inclusiva para garantir
educação de qualidade.

Atributos mais relevantes da escola

85,2% Segurança.

83,1% Atenção às pessoas com deficiências.

81,3% Professores sempre presentes.

81,2% Boa infraestrutura.

80% Funcionários bem educados.

79,6% Comprometimento dos estudantes.

(Fonte: Repensar o Ensino Médio – Todos pela Educação, 2017.)

Os estudantes também se posicionam em relação aos atributos que consideram menos


satisfatórios da escola. Além de fatores externos, consideram que o seu próprio
compromentimento e comportamento nas aulas também podem comprometer a
qualidade da escola. Com isso, indicam uma visão de que a educação de qualidade é um
compromisso de todos da comunidade escolar.

Visão sobre o professor de Ensino Médio

Em relação aos professores, os estudantes consideram como atributos mais relevantes e


mais satisfatórios dos professores, aspectos como a paixão pela profissão, a persistência
diante das dificuldades dos estudantes, a postura para exigir comprometimento dos
estudantes e o foco na preparação para o vestibular, entre outros.

Atributos mais relevantes

80,9% Gosta do que faz, tem paixão pela profissão.

79,5% Persistência: não desiste do estudante.

79,3% Cobra e exige comprometimento dos estudantes.

78,6% Tem foco na preparação para vestibulares.

77,6% Estimula a curiosidade do estudante.

76% Dá exemplos práticos, trazer para o dia a dia.


(Fonte: Repensar o Ensino Médio – Todos pela Educação, 2017

Atributos mais satisfatórios

49,9% Gosta do que faz, tem paixão pela profissão.

44,8% Cobra e exige comprometimento dos estudantes.

44,5% Tem foco na preparação para vestibulares.

42,5% Usa linguagem jovem, atual.

42,3,5% Persistência: não desiste do estudante.

40,4% Dá exemplos práticos, trazer para o dia a dia.

(Fonte: Repensar o Ensino Médio – Todos pela Educação, 2017.)

Os estudantes consideram que entre os atributos menos satisfatórios dos professores


estão aqueles relacionados principalmente à dinâmica em sala de aula e utilização de
recursos e estratégias pedagógicas que estimulem o interesse na aprendizagem, a
preparação para o vestibular e a curiosidade.

Atributos menos satisfatórios

52,9% Faz uso de tecnologia em sala de aula.

41,3% Promove visitas culturais.

34,2% Cria projetos interdisciplinares, focados na vida.

25,7% Dinamismo das aulas.

25% Tem foco na preparação para vestibulares.

21% Estimula a curiosidade do estudante.

(Fonte: Repensar o Ensino Médio – Todos pela Educação, 2017.)

Saiba mais! Para saber mais sobre a escola que os adolescentes e os jovens têm e a
que eles querem, consulte também os materiais a seguir

As causas da evasão e do abandono escola – Disponível em:

http://gesta.org.br/tema/engajamento-escolar/#fatores

 Pesquisa Projeto de Vida - Disponível em:

https://fundacaolemann.org.br/materiais/projeto-de-vida
Dicas práticas

Agora, assista ao vídeo a seguir com Anna Penido, que traz dicas práticas sobre essas
questões.

Dica 1

 Qual foi a última vez que você escutou os seus estudantes sobre o que está
funcionando e o que pode melhorar na sua escola ou sala de aula? Quando pensou
em perguntar para eles o que não funcionou naquela atividade que você planejou
com tanto cuidado, mas não deu o resultado esperado?
 Realize uma roda de conversa para entender como eles aprendem melhor, o que
pensam e querem da escola. Se achar que vale a pena, faça mais de uma roda ou
até mesmo uma assembleia, mas estabeleça como regra que todas as críticas
devem vir acompanhadas de sugestões de melhoria.
 Você pode se surpreender com as ideias da garotada.

Dica 2

 Sua escola ou sala de aula provavelmente tem deficiências de infraestrutura que


você não consegue resolver sem apoio da Secretaria de Educação. Mas o que seria
possível fazer para torná-la um espaço mais acolhedor e vibrante para
adolescentes e jovens?
 Envolva os próprios estudantes na elaboração de projetos de melhoria dos
ambientes da escola com investimentos de baixo custo, seja como atividade do seu
componente curricular, seja na forma de um concurso voltado para toda a escola.

 Proponha que cada turma fique responsável por cuidar de um espaço da escola, e
todo mês incentive a comunidade escolar a votar naquele que estiver mais bem
cuidado.

Dica 3

 Existem muitas razões para que você não invista em atividades pedagógicas mais
práticas, como falta de tempo, recursos, capacitação, apoio.
 Mas existe uma razão fundamental para que você vá em frente apesar dos
obstáculos: garantir mais engajamento e, consequentemente, mais aprendizagem
para os estudantes.
 Para isso, comece fracionando o seu tempo de aula para intercalar exposição
teórica com exercícios, discussões, jogos ou outras atividades mais interativas, de
preferência variando a disposição das carteiras na sala de aula.
 Quando estiver se sentindo mais confiante, tente realizar projetos mais robustos,
envolvendo os estudantes no desafio de criar, produzir ou resolver problemas
concretos, sempre que possível, utilizando outros espaços da escola e da
comunidade.

Dica 4

 Se o ambiente está tenso e os conflitos estão aumentando, crie combinados de


convivência da escola de forma bem participativa e ainda peça aos estudantes para
desenvolverem uma bela campanha de mobilização para divulgá-los para toda a
escola.
 Peças de teatro, vídeos feitos com celular, cartazes publicitários, intervenções
criativas na hora do recreio, concursos de música podem ser algumas das peças de
comunicação e conscientização criadas pela própria garotada.
 Também vale criar um conselho de mediação, formado por representantes dos
diferentes segmentos da comunidade escolar, para dialogar com aqueles que não
respeitarem os acordados coletivos, tentando entender por que descumpriram os
combinados e dando oportunidade para que possam rever suas atitudes, inclusive
solucionando alguns problemas que tenham provocado.

Dica 5

 Para conhecer ainda mais os seus estudantes, aproveite aquela primeira semana
de acolhimento para, além de levantar as características pessoais de cada um,
também coletar informações sobre seu nível de aprendizagem e como eles acham
que aprendem melhor.
 De posse desses dados, organize uma reunião de Conselho de Classe para
compartilhar a situação de cada estudante e planejar atividades de nivelamento,
práticas pedagógicas mais diversificadas e estratégias de acompanhamento para
evitar que alguém seja deixado para trás.
 Nesse caso, convide os adolescentes e jovens mais avançados para apoiar colegas
com mais dificuldade.

Adolescentes e jovens e seus desafios


Abertura: estudantes e professores

Neste tema, vamos conhecer os desafios que os adolescentes e os jovens enfrentam na


escola, desde a motivação para aprender e as dificuldades de aprendizagem até as
dificuldades emocionais próprias da idade e as vulnerabilidades sociais, econômicas e
culturais.

Para começar, assista ao vídeo com os estudantes Caio Sampaio de Vasconcelos, Carolina
Henrique Mendes, Melissa da Costa Romano e Nathan Olivares da Silva e veja como eles
falam sobre essas questões.

Agora, assista ao vídeo a professora Carolina Stefano, o professor Sérgio Bauchiglione, a


professora coordenadora Vanessa Rezende Souza e a diretora Paula Soares dos Santos e
veja como eles tratam desse tema.

A voz dos especialistas

Agora, assista ao vídeo com Anna Penido, especialista em educação, que fala sobre estas
questões.

Para completar o quadro, assista a este outro vídeo com a neuropsicóloga Adriana Foz e
os psicólogos Darlene Ferraz Knoener, Gabriel Medina de Toledo e Gisele Alves Mizuta e
confira o que dizem os especialistas.

Sobre os desafios

Os vídeos nos mostram um painel sobre diversos desafios e dificuldades que os


adolescentes e os jovens enfrentam no dia a dia na escola.
Sabemos que a escola é um lugar de encontros, conflitos e formação de vínculos, por
isso, pode ser tanto um ambiente de reprodução de preconceitos e discriminações como
um espaço privilegiado para reconhecer, respeitar e valorizar as diferenças.

É fundamental que gestores e educadores reconheçam e entendam o contexto social,


cultural e as singularidades dos estudantes para que a escola se torne um ambiente de
diálogo, inclusão, aprendizagem e formação da cidadania.

Para conhecer um pouco mais essa discussão, acesse os itens sobre os temas a seguir,
extraídos dos estudos realizados pelo Projeto Faz Sentido. Caso queira se aprofundar,
consulte a íntegra dos materiais nos links do Saiba mais.

Desigualdade, diversidade e equidade

Desigualdade

A desigualdade social se mostra nas dinâmicas e nas relações da nossa sociedade que
limitam ou prejudicam determinado grupo ou círculo de pessoas. Por exemplo: acesso
desigual à escolaridade e à renda, disparidades regionais e entre campo e cidade (bairros
periféricos e bairros centrais), tratamento diferente entre homens e mulheres. A
desigualdade também está diretamente ligada à falta de liberdade. É o que acredita o
indiano Amartya Sem, professor de economia e filosofia. Ganhador do Prêmio Nobel de
Economia em 1998, é um dos idealizadores do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
e fundador do Instituto Mundial de Pesquisa em Economia do Desenvolvimento
(Universidade da ONU). Para ele, a desigualdade faz com que alguns indivíduos não
tenham a oportunidade de desenvolver suas capacidades; e isso acaba por influenciar em
sua renda e seu espaço na sociedade.

Diversidade

É o conjunto de diferenças e valores compartilhados pelos seres humanos na vida social.


A diversidade mostra que as pessoas não são iguais entre si. Cada um tem sua bagagem,
sua história e suas experiências, que devem ser igualmente respeitadas. Somos diversos!
Em gênero, etnia, religião, orientação sexual e também características físicas, emocionais
e cognitivas, entre outras dimensões. Muitas vezes a diferença é vista como problemática
ou inadequada diante dos padrões estabelecidos por determinado grupo social ou cultural
dominante. Isso faz com que alguns grupos sejam inferiorizados, o que gera
discriminação, preconceito e intolerância, e atrapalha o desenvolvimento e o
relacionamento entre as pessoas. Não aceitar e não compreender a diversidade pode
levar à violência e à exclusão social.

Equidade

Equidade é uma forma de buscar a igualdade considerando que nem todos têm as
mesmas oportunidades. A desigualdade social é muito presente no Brasil, e por isso cada
um parte de um lugar muito diferente. Uma abordagem inclusiva parte do princípio de
que o normal é ser diferente; e de que ser diferente é normal. As práticas escolares
inclusivas não implicam um ensino adaptado para alguns estudantes, mas sim um ensino
diferente para todos. Dessa forma, é possível garantir que todos os estudantes tenham
condições de aprender, segundo suas próprias capacidades, sem discriminações e
adaptações. Isso não significa ignorar necessidades específicas que possam interferir no
processo de aprendizagem, e sim saber quando e como usar recursos e apoios
especializados para assegurar que todos aprendam.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Diversidade, equidade e inclusão na escola, p. 27-33)

Vulnerabilidade juvenil no Brasil

Violência, desemprego, gravidez indesejada, falta de acesso a atividades culturais – os


jovens são destaque em todas essas estatísticas (ABRAMOVAY; GARCIA, 2006).

Em 2002, a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE São Paulo) criou
os Índices de Vulnerabilidade Juvenil (IVJ).

No início, os cenários analisados eram: exposição dos jovens a deficiências educacionais,


morte por homicídio e maternidade precoce. Ao longo dos anos, novas versões foram
elaboradas, ampliando a escala de estadual para nacional e incluindo outros fatores
vulnerabilizantes no cálculo, como dados de desigualdade racial.

O Índice de Vulnerabilidade Juvenil é um indicador que agrega dados relativos às


dimensões consideradas chave na determinação da vulnerabilidade dos jovens à
violência, como taxa de frequência à escola, escolaridade, inserção no mercado de
trabalho, taxa de mortalidade por homicídios e por acidentes de trânsito. Serve como
norteador das políticas públicas de juventude, parcela da população mais afetada pela
violência no Brasil (Portal da Juventude – Secretaria Nacional da Juventude).

O IVJ Violência de Desigualdade Racial passou a ser realizado a partir de 2014, por meio
de parceria entre a SNJ e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Classifica as Unidades
da Federação em quatro dimensões: violência entre os jovens, frequência à escola e
situação de emprego, pobreza do município e desigualdade. Para o cálculo da violência
entre os jovens foi incorporada a variável risco relativo, que considera as diferenças de
mortalidade entre jovens brancos e negros no Brasil.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Juventudes e Ensino Médio, p. 189-191)

Violência

Um tema recorrente, tanto entre adolescentes quanto entre profissionais que atuam com
adolescentes, é a questão da violência. Violências de todos os tipos marcam esse
universo dentro e fora da escola. Em alguns casos, o próprio lar é um local onde a
violência atinge diversos níveis. O entorno também contribui para esse quadro, já que
muitos adolescentes vivem em locais vulneráveis.

Segundo o autor do livro Age of Opportunity, Lawrence Steinberg, o que melhor


explica o fato de existirem índices tão altos de criminalidade entre adolescentes é a busca
pela recompensa imediata, o que os leva a diversas situações de risco.

Sem reflexão ou orientação, essa sensação de poder acaba se desviando em dominação


pelo medo, criando relações e dinâmicas de violência.

Dentro da escola, o bullying é uma realidade frequente. Diferentes níveis de


desenvolvimento marcam a adolescência. Há meninos e meninas que se desenvolvem
fisicamente antes de outros, ou possuem mais ou menos facilidade de aprendizado do
que os outros, abrindo espaço para o sentimento de que alguns são “maiores” ou “mais
desenvolvidos e inteligentes” do que outros. Sem reflexão ou orientação, essa sensação
de poder acaba se desviando em dominação pelo medo, criando relações e dinâmicas de
violência.

A observação por parte dos adolescentes de que são diferentes entre si, em oposição ao
desejo de identificação com o grupo e com padrões midiáticos, também gera sofrimento e
reações violentas.

A sensação de que não são tão bonitos, inteligentes, desejados e amados pelos outros e
de que estão fora do padrão faz com que sintomas de depressão sejam aparentes entre
os adolescentes.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 123-125)

Bullying e tipos de violência

Bullying – O bullying é a prática repetida, por longo prazo, de ações violentas entre
pares, incluindo todos os tipos de violência – física, psicológica, moral, sexual e
patrimonial.

Quem faz bullying em geral está em uma condição desigual de poder em relação à
vítima. Isso pode estar relacionado a popularidade, força ou estatura física, competência
social, extroversão, inteligência, idade, sexo, etnia e status socioeconômico (PEREIRA e
WILLIAMS, 2010).

Conheça os detalhes desses 5 tipos de violência.

 1

Moral: Calúnia, difamação ou injúria. Exemplos: xingar, espalhar mentiras a


respeito da pessoa, ofender sua dignidade...

 2

Psicológica: Atos que colocam em risco o desenvolvimento psicológico e


emocional da pessoa, e que danificam sua autoestima, identidade ou
desenvolvimento. Exemplos: insultos constantes, humilhação, desvalorização,
chantagem, isolamento de amigos e familiares, ridicularização, manipulação
afetiva, exploração, negligência, ameaças, privação da liberdade, confinamento
doméstico.

 3

Sexual: Obrigar a pessoa, por meio de força física, coerção ou intimidação


psicológica, a ter relações sexuais ou presenciar práticas sexuais contra a sua
vontade. Exemplos: estupro (incluindo sexo forçado por meios físicos ou
psicológicos no casamento), abuso incestuoso e assédio sexual, obrigar a mulher a
se prostituir, fazer aborto ou usar anticoncepcionais contra a sua vontade.

 4

Física: Qualquer ato que prejudique a saúde ou a integridade do corpo da pessoa,


com uso intencional da força física. Por exemplo: tapas, empurrões, socos,
mordidas, chutes, queimaduras, cortes, estrangulamento, lesões por armas ou
objetos, exigência de ingestão de medicamentos desnecessários ou inadequados,
álcool, drogas ou outras substâncias, inclusive alimentos.

 5

Patrimonial, econômica ou financeira: Reter, subtrair ou destruir os bens


pessoais de alguém, como seus instrumentos de trabalho ou estudo, documentos e
valores, a residência onde vive e até mesmo animais de estimação. Também se
aplica quando o agressor deixa de pagar pensão alimentícia ou participar nos
gastos básicos para a sobrevivência da família.

(Adaptado da Cartilha da campanha “Também é violência”, da ONG Artemis em parceria


com a LUSH)

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Juventudes e Ensino Médio, p. 195-196)

Discriminação

Veja os dados apresentados por uma pesquisa realizada pela UNICEF/IBOPE 2013, com
adolescentes e jovens.

Quando perguntados se já se sentiram discriminados independentemente do ambiente,


14% dos entrevistados declararam que sim. Quando o dado da discriminação é recortado
por cor/raça, fica claro que são os adolescentes pretos que mais sofreram discriminação
racial on-line (46%).

Ainda no universo limitado dos 6% que responderam ter sofrido algum tido de
discriminação, encontramos como maior subgrupo (25%) o dos adolescentes que se
sentiram discriminados por serem jovens. Outros 14% sentiram-se discriminados por
serem pobres, 13% por serem negros e 11% se sentiram discriminados pelas roupas que
usam.

Quando perguntados em quem buscariam apoio caso sofressem alguma forma de


violência na rede, 77% indicaram os pais; 9%, amigos; 6% denunciariam na própria
web; 5%, a polícia; e 1%, educadores. (UNICEF/IBOPE 2013, 12 a 17 anos, ABC)

21% apontam ter sido incomodados/se chateado com algo na internet como: mentiras
sobre eles, preconceito, apelidos.

(TIC Kids Online 2013, 9 a 17 anos, classes ABCD)

35% afirmam ter sofrido agressão, humilhação e hostilidade por parte dos colegas.

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE)

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 127)

Suicídio e automutilação

Segundo a Organização Mundial de Saúde, o suicídio é a 3ª causa de morte de


adolescentes e jovens no mundo. (OMS, 2014)
 Suicídio em grupo

Segundo a Organização Mundial de Saúde (2006), a divulgação de uma tentativa de


suicídio ou um suicídio consumado pode levar a comportamentos de autodestruição em
grupos de colegas ou comunidades semelhantes. Jovens que imitem o estilo de vida ou
os atributos de personalidade do indivíduo suicida também podem ser afetados.

O suicídio é a ação de acabar com a própria vida, um ato de violência da pessoa que o
comete contra si mesma.

Comportamento suicida

 ideação suicida
 tentativas de suicídio
 suicídio consumado

Conduta autolesiva

 comportamentos de automutilação
 cortar-se superficialmente
 queimar-se
 arranhar-se
 beliscar-se (ROCHA, 2015)

Multicausalidade do abandono e da evasão

A evasão e o abandono escolar são multicausais e acontecem por diversos fatores, que
ultrapassam os muros da escola.

Uma série de obstáculos impede que todas as crianças, adolescentes e jovens estejam
nas salas de aula. Depois de matriculados, os estudantes também enfrentam desafios
para ter assegurado o direito de permanecer na escola, progredir nos estudos e concluir
toda a educação básica na idade certa.

As barreiras podem ser socioculturais e econômicas, estar vinculadas à oferta educacional


ou ainda ter como pano de fundo questões políticas, financeiras e técnicas.

 Contexto: fatores externos

Impedimentos e fatores fora do âmbito escolar que colaboram para a evasão e o


abandono.

 Acesso limiado
 Pessoa com deficiência
 Gravidez e maternidade

 Mercado de trabalho
 Pobreza
 Violência
Viver situações de discriminação, opressão e violência no ambiente escolar pode
“empurrar” os jovens para fora da educação formal. Deixar a escola passa a ser uma
maneira de fugir da violência e da falta de pertencimento. Essa é uma das formas com
que a desigualdade se relaciona com a evasão e o abandono escolar.

Números

Em 10 anos, aumentou a porcentagem de jovens que concluem o Ensino Médio na idade


certa – até os 17 anos –, passando de 5%, em 2004, para 19%, em 2014.

Os dados estão em um estudo do Instituto Unibanco, feito com base nos últimos dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por outro lado, 1,7 milhão de
jovens entre 15 e 17 anos deixaram a escola sem concluir os estudos. Desses, 52% não
concluíram sequer o Ensino Fundamental.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Diversidade, equidade e inclusão na escola, p. 101-102 e


104-105)


Motivação: fatores internos

Estudantes que encontram impeditivos na escola e optam sair de forma racional.

 Déficit de aprendizagem
 Significado
 Flexibilidade
 Qualidade da educação

 Clima escolar
 Percepção da importância
 Desafios emocionais

Viver situações de discriminação, opressão e violência no ambiente escolar pode


“empurrar” os jovens para fora da educação formal. Deixar a escola passa a ser uma
maneira de fugir da violência e da falta de pertencimento. Essa é uma das formas com
que a desigualdade se relaciona com a evasão e o abandono escolar.

Números

Em 10 anos, aumentou a porcentagem de jovens que concluem o Ensino Médio na idade


certa – até os 17 anos –, passando de 5%, em 2004, para 19%, em 2014.

Os dados estão em um estudo do Instituto Unibanco, feito com base nos últimos dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por outro lado, 1,7 milhão de
jovens entre 15 e 17 anos deixaram a escola sem concluir os estudos. Desses, 52% não
concluíram sequer o Ensino Fundamental.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Diversidade, equidade e inclusão na escola, p. 101-102 e


104-105)
Desafios do ensino noturno

Quando o acesso ao Ensino Médio foi ampliado, na década de 1990, grande parte dos
estudantes foi alocada no período noturno (CORTI, 2015). Dados mostram que 6 em
cada 10 estudantes matriculados no Ensino Médio em 1996 frequentavam a escola à
noite.

O Ensino Médio noturno tem um papel fundamental na garantia do direito à educação


para estudantes que não podem frequentar as aulas no período diurno, seja porque
trabalham ou por outros motivos.

Ao mesmo tempo, não há dados e pesquisas que comprovem a capacidade da rede


pública em atender a demanda pelo Ensino Médio exclusivamente no turno diurno.

A grande questão é: quais são as consequências de ter tantos estudantes no


horário noturno?

A pesquisadora Daniela Maria Schmitz (2011) ressalta que, durante o período


noturno, tanto professores quanto estudantes estão cansados demais, por terem
trabalhado durante o dia. Uma série de indicadores educacionais mostra que os
estudantes desse turno encontram limites para se familiarizar com os conhecimentos e
competências apreendidos durante sua passagem pela escola.

As pontuações obtidas pelos estudantes do curso diurno de Ensino Médio no Sistema de


Avaliação da Educação Básica (SAEB) são em média 24,5 pontos maiores do que as de
quem frequenta aulas à noite. Enquanto a taxa de distorção idade/série é de 33% na
rede pública do ensino médio, olhando separadamente para cada turno, chega-se à taxa
de 23% dos estudantes diurnos e 53% dos noturnos.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Diversidade, equidade e inclusão na escola, p. 96-97)

O desafio do celular e das mídias digitais

O principal suporte tecnológico dos adolescentes inseridos no mundo digital e com acesso
a alguns dispositivos é o celular. Mais até do que o computador, o celular é o principal
meio de trocas instantâneas, acesso a redes sociais, acesso à internet, produção de fotos,
vídeos e de consumo musical.

Trocas instantâneas

Quando o assunto é tecnologia, o contato com os adolescentes deixa claro o uso intensivo
de aplicativos de conversas e trocas instantâneas, com destaque para o WhatsApp. Mais
ainda que o Facebook, o WhatsApp ganha força entre adolescentes justamente pelo
imediatismo da troca de mensagens, vídeos, áudios e fotos. O fato de os pais estarem no
Facebook e não necessariamente nos grupos de WhatsApp dos filhos contribui também
para a preferência ao WhatsApp. A troca de imagens, textos e vídeos: por trás de tudo
isso está a troca de momentos e instantes de vida. Trata-se de uma geração que
compartilha constantemente suas experiências produzindo efeitos tanto positivos
(colaboração, empatia, conexão) quanto negativos (exibicionismo, competição,
individualismo).
Exposição e privacidade em xeque

A troca de experiências vem acompanhada de uma enxurrada de selfies. Trata-se de um


comportamento comum de várias faixas etárias que se manifesta com força também
entre os adolescentes. Assim como vivem o exibicionismo das selfies, eles vivem a
mobilização social por meio de hashtagscomprometidas. Por meio delas os adolescentes
se aliam a movimentos ou criam os seus próprios. Apesar do amplo uso das ferramentas
digitais para compartilhar momentos de vida e expressar opiniões, os adolescentes não
necessariamente são cautelosos em relação à exposição excessiva ou controlam o que
publicam nas redes.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 135 e 139)

O desafio dos games

Canais de games no YouTube estão na ponta da língua dos adolescentes, que sabem de
cor o nome de uma lista de canais distintos. O número de assinantes desses canais
impressiona, e os adolescentes são parte expressiva desse montante:

 Rezendevil, 2,3 milhões;


 Zangado, 2,2 milhões;
 Cellbits, 900 mil.

Mais do que simples entretenimento, os adolescentes encaram algumas formas de games


como portas para o aprendizado, com destaque para o sucesso de Minecraft.

Embora alguns jogos de grande sucesso estimulem a violência, tantos outros estimulam
pensamento estratégico e contextualizam suas tramas em fatos históricos.

Os jogos acessados remotamente e em grupo podem também ser uma possibilidade de


aprender a trabalhar em equipe e estabelecer diálogo. A velocidade do processamento de
informação, a realização de múltiplas tarefas e o envolvimento com mídias interativas
apontam para um desafio importante na escolarização formal: ser atraente, envolvente,
lúdica e dinâmica.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 141 e 146)

Saiba mais

Para saber mais sobre adolescentes e jovens no Brasil, e sobre os temas tratados acima,
acesse a íntegra dos estudos a seguir, disponibilizados no site do Projeto Faz Sentido.

Adolescentes –

http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2016/06/est_adolescentes_geral-1-1.pdf

 Juventudes e Ensino Médio

http://fazsentido.org.br/wp-
content/uploads/2017/08/20190111_RelatorioEstudoJovem_Fazsentido.pdf

 Diversidade, equidade e inclusão na escola


http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2018/12/ESTUDO_DIVERSIDADES_rev.pdf

Dicas práticas

Agora, assista ao vídeo a seguir com Anna Penido, que traz dicas práticas de como lidar
com essas questões no ambiente escolar.

Para ler e usar as dicas no dia a dia na escola, vejaas nos itens a seguir.

Dica 1

 Entreviste as famílias para identificar as vulnerabilidades sociais e econômicas que


afetam a vida dos estudantes. Para isso, utilize um roteiro de perguntas
sugestivas, que permita à escola entender a causa de algumas das dificuldades de
aprendizagem e comportamento que eles apresentam.
 A estratégia ganha força se acompanhada de visitas a seus locais de residência. O
processo pode ser realizado de forma mais aprofundada no momento de entrada do
estudante na escola e pode ser atualizado anualmente.
 O esforço pode ser compartilhado entre todos os professores e também contar com
o apoio de voluntários convocados entre ex-alunos e outros jovens que vivem no
entorno da escola.
 O principal desafio é fazer com que os familiares se sintam motivados a participar e
confortáveis o suficiente para compartilhar suas dificuldades. Para tanto, é
importante que percebam que a escola tem a real intenção de apoiar seus filhos,
netos ou sobrinhos a superar obstáculos.

Dica 2

 A melhor solução para a intolerância é a empatia. Para desenvolver essa atitude


nos seus estudantes, realize atividades em que tenham que se colocar no lugar do
colega para resolver um problema real que essa pessoa tenha passado ou ainda
esteja enfrentando.
 Para tanto, estudantes que se sintam pessoalmente atingidos por rotulações,
preconceitos ou @bullying podem relatar seus casos, inclusive de forma anônima, e
depositar seus relatos em uma urna.
 No dia do jogo, os estudantes se dividem em grupos, sorteiam um dos casos e
criam, coletivamente, ações eficazes para solucioná-lo.
 As melhores ideias podem ser implementadas tanto pela escola quanto pelos
estudantes afetados.

Dica 3

 Como estudantes e profissionais da educação percebem, sentem e reagem à


violência na sua escola? Para responder a essa pergunta, envolva os estudantes na
construção do mapa da violência, indicando quais agressões físicas, verbais ou
morais costumam acontecer na escola, onde elas acontecem, quem são os
envolvidos e quais as consequências.
 A ideia é, principalmente, explicitar o que ainda não foi percebido, o que já foi
naturalizado e o que precisa ser resolvido.
 O mapa pode ser acompanhado por um painel que indica há quantos dias a escola
não apresenta casos de violência, como aqueles que se colocam em canteiros de
obras ou indústrias para indicar a ocorrência de acidentes.
Dica 4

 Muitos estudantes sofrem calados por não se sentirem capazes de compartilhar a


sua dor. Outros nem se dão conta de que estão sofrendo até que o problema tome
maiores proporções.
 Para ajudar os estudantes a identificar e conversar sobre os seus desconfortos
internos, sugira que eles escrevam, em um pedaço de papel, seus medos,
inseguranças, inquietações, tristezas ou mágoas.
 Os papeis são dobrados, colocados dentro de uma caixinha e sorteados como tema
para discussão com a turma, quando possível, com o apoio de um profissional
especializado em saúde do adolescente.

Dica 5

 As temáticas relacionadas a vulnerabilidades são muito delicadas e prescindem de


conversas e estudos mais profundos.
 Para apoiar a sua escola nesse processo, mapeie, junto com seus colegas, as
organizações, os profissionais e os voluntários com conhecimento no assunto, para
convidá-los a debater esses temas com os adultos e, quando possível, também
com os estudantes da escola.
 Em seguida, vale estabelecer parcerias com todos esses interlocutores para
encaminhamento de casos que fogem da alçada da escola, especialmente aqueles
relacionados à saúde mental, à negligência e violência doméstica, à violação de
direitos e a dificuldades econômicas de maiores proporções.
 A ideia é constituir ou fortalecer uma rede de proteção no entorno da escola, para
que diferentes atores trabalhem de forma articulada no sentido de assegurar os
direitos, a segurança e o bem-estar dos adolescentes e jovens.

Adolescentes e jovens e suas potencialidades

Abertura: estudantes e professores

Aqui neste tema, vamos falar sobre a importância da participação dos adolescentes e dos
jovens na vida escolar e o que isso significa para potencializar a aprendizagem e a
formação cidadã, sob vários aspectos.

 O estudante como agente do seu próprio desenvolvimento.


 O estudante como protagonista no cotidiano da escola e da prática pedagógica.
 Educação entre pares.

Para começar, assista ao vídeo com os estudantes Caio Sampaio de Vasconcelos, Carolina
Henrique Mendes, Melissa da Costa Romano e Nathan Olivares da Silva e entenda como
eles veem esse tema.

Agora, veja como a professora Carolina Stefano, o professor Sérgio Bauchiglione, a


professora coordenadora Vanessa Rezende Souza e a diretora Paula Soares dos Santos
abordam essas questões.
A voz dos especialistas

Agora, assista ao vídeo com Anna Penido, especialista em educação, que trata destas
questões.

Para completar o quadro, assista a este outro vídeo com a neuropsicóloga Adriana Foz e
os psicólogos Darlene Ferraz Knoener, Gabriel Medina de Toledo e Gisele Alves Mizuta e
confira o que dizem os especialistas.

Sobre as potencialidades

Os vídeos nos mostram um painel sobre o potencial que a participação dos adolescentes
e dos jovens nos processos e decisões escolares pode contribuir para transformar a vida
deles e a própria escola.

Esses desejos também estão relacionados ao cenário atual em que os adolescentes e os


jovens vivem.

Os adolescentes e os jovens brasileiros nasceram em um cenário bastante diferente


daquele dos seus professores, depois da redemocratização do país, em um ambiente de
rápido desenvolvimento tecnológico e que presenciou grandes manifestações políticas,
tanto no Brasil quanto em outros países, por direitos e pela qualidade da educação.

O espaço que a escola se acostumou a oferecer para a participação pode variar bastante
de uma para a outra. Às vezes esse espaço é aberto de forma esporádica, ou por causa
da demanda de alguém ou apenas para uma atividade específica.

Para mudar isso, a escola precisa encontrar novas práticas que tornem essa participação
presente e efetiva em todos os processos e espaços do cotidiano escolar, de forma a
envolver os estudantes nos processos decisórios. Isso vai desde o currículo e a gestão
escolar até a relação com a comunidade ou avaliação, por exemplo

Para conhecer um pouco mais esse panorama, acesse os itens sobre os temas a seguir
extraídos dos estudos do Projeto Faz Sentido e do portal Porvir. Caso queira se
aprofundar, consulte a íntegra dos materiais nos links do Saiba mais.

(LINKS ESTÃO TRANSCRITOS EM PÁGINAS ADIANTE)


Atenção

Atenção - Defender e reforçar a participação dos adolescentes e dos jovens amplia o


engajamento, promove a aprendizagem e ajuda a melhorar a escola e a sociedade de
forma geral.

Atenção
Defender e reforçar a participação dos adolescentes e dos jovens amplia o engajamento,
promove a aprendizagem e ajuda a melhorar a escola e a sociedade de forma geral.

Participar é um direito democrático

A participação, além de ser a essência da democracia, é um direito de todo cidadão


brasileiro, garantido pela Constituição de 1988.
O direito à participação também está no Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA),[5] de 1990. O artigo inciso IV do 53º assegura “o direito dos estudantes de se
organizar e participar de entidades estudantis”.

Permitir que os jovens participem da tomada de decisão na escola é um exercício de


cidadania para todos. Isso é o que chamamos de gestão escolar democrática. Essa
abordagem promove a educação como formação humana mais ampla, já que garante a
participação, o acesso às instâncias de poder e o pluralismo de ideias.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Diversidade, equidade e inclusão na escola, p. 70)

Protagonismo coletivo e participação

Partindo da realidade brasileira, é importante considerar que o estímulo à participação de


adolescentes ocorre em meio a uma sociedade que coloca as necessidades individuais em
primeiro lugar, aspecto que pode divergir da lógica participativa. Nesse sentido, a escola
pode ter um importante papel para ajudá-los a desenvolver habilidades que serão
relevantes no mercado de trabalho. É uma forma de se conectar as realidades dos
estudantes.

3 condições para que iniciativas de participação sejam valorizadas por jovens e


adolescentes:

1
Possibilitar a ação em contextos próximos e na vida cotidiana, para que sejam
vislumbradas mudanças concretas nos espaços conhecidos.

2
Que os métodos e os objetivos da atividade estejam claros, para que se possa aprender a
participar e, até mesmo, modificar a proposta inicial.

3
Levar em consideração as condições sociais e psicológicas de crianças e adolescentes,
para que eles reconheçam tal contexto como de participação.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 33)

Por que é importante participar

8 razões para envolver estudantes nas decisões sobre seu aprendizado e sua escola.
 1

Amplia reconhecimento do valor da educação: Um estudante que tem opinião


e direitos respeitados e que assume responsabilidades perante colegas e
comunidade escolar passa a se sentir acolhido dentro da escola e valoriza a
educação.

 2

Promove aproximação entre o conhecimento e o estudante: Ao se tornar


ativo na construção de seu conhecimento e influenciar a maneira como aprende, o
estudante tende a se identificar mais com o conteúdo, que ganha novos sentidos e
contextos que respondem a seus interesses e seu projeto de vida.

 3

Desenvolve habilidades para a vida: A participação coloca o estudante em


situações que envolvem trabalho em grupo, planejamento, construção de acordos e
autoria de projetos. Durante o processo, que deve acontecer de maneira autêntica
para resolver problemas da escola ou da comunidade, os estudantes desenvolvem
habilidades como resolução de problemas, colaboração e empatia.

 4

Melhora a autoestima e a autoconfiança: A participação positiva nas instâncias


de decisão dentro da escola proporciona o reconhecimento pelos colegas e pela
equipe gestora, o que impacta na autoestima e da autoconfiança.

 5

Amplia o respeito a individualidades: A abertura ao diálogo ajuda professores e


gestores a entender como os estudantes aprendem, bem como ter um retorno
sobre suas práticas. Quando escutam e interagem com os estudantes, educadores
conseguem oferecer oportunidades educativas conectadas com seu potencial, suas
limitações, seus interesses e suas necessidades.

 6

Facilita a resolução de problemas: O contato próximo e fluído entre gestor,


professor e estudante facilita a troca de informações constantes e a resolução de
problemas da escola. O ambiente democrático também é propício à mobilização de
conhecimentos, parceiros e recursos que ajudam a superar desafios da escola.

 7

Contribui para um clima escolar positivo: Quando a equipe gestora compartilha


com estudantes a mediação de conflitos e a discussão de soluções, criam-se
alternativas ao punitivismo e um ambiente propício ao bom relacionamento entre
estudantes, professores, funcionários e gestores.

 8

Fortalece a democracia: Ao se envolverem em processos democráticos dentro da


escola, jovens desenvolvem a cultura da participação e também se engajam em
ações de transformação da sociedade.
(Fonte: Porvir – Participação dos estudantes na escola: por que é importante)

Identidade, reconhecimento e representatividade

Identidade

A identidade é um processo de construção do que se é e do que se quer ser.

A construção da identidade vai além do particular. Ela acontece também de forma


coletiva.

E isso de forma muito intensa na juventude e acompanhado de uma busca por


reconhecimento.

Reconhecimento

O filósofo e autor canadense Charles Taylor diz que a formação das identidades depende
do reconhecimento dos outros.

Então, se um indivíduo ou grupo social não é reconhecido, a construção da sua identidade


fica comprometida. Na prática, isso faz com que alguns grupos se sintam inferiores ou
menos importantes de acordo com a sua identidade. O resultado é a opressão e a
exclusão social.

Representatividade

Representatividade significa representar politicamente os interesses de um grupo, de


uma classe ou de uma nação. Isso acontece por meio da ação, adesão e participação dos
representados. Uma pesquisa do portal Porvir chamada “Nossa Escola em
Reconstrução” ouviu 132 mil jovens e revelou que eles gostariam de ter mais voz no
ambiente escolar. 65% dos estudantes acreditam que não pode faltar participação na
escola dos sonhos, como grêmio estudantil, conselho escolar e integração professores-
pais-estudantes.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Diversidade, equidade e inclusão na escola, p. 64, 65 e 67)

Participação e representação juvenil na escola

Respeitar os direitos fundamentais dos jovens é promover a formação cidadã e o


desenvolvimento integral dos estudantes.

Espaços verticais e horizontais

Entre os modelos de participação estudantil, existem espaços verticais, que são


institucionalizados, ou seja, fomentados pela escola para a representação e a participação
dos estudantes. Por exemplo, grêmios e conselhos escolares. Há também espaços
horizontais, que surgem dos próprios jovens, como a formação de coletivos autônomos e
grupos de interesses específicos. Cabe aos educadores promover um espaço de diálogo e
acolhimento para essas diferentes vozes e expressões dentro da escola.
A escola é um espaço de inclusão, expressão e sociabilidade

Nesse processo, a participação dos estudantes é essencial.

Na medida em que tomamos a democracia como valor e a participação social como


fundamento, a construção de uma gestão democrática na escola passa pelo
reconhecimento e fortalecimento da representatividade juvenil

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Diversidade, equidade e inclusão na escola, p. 69)

Questionar é amadurecer

A adolescência é o momento em que, como parte do seu amadurecimento, o adolescente


questionará as normas estabelecidas, uma vez que já dispõe de um mínimo de
experiência de vida e conta inclusive com a ajuda da escola na formação de seu
repertório crítico. Ele fará o exercício de avaliar tudo o lhe foi ensinado e imposto: certo,
errado, bom, ruim, justo, injusto, ético, não ético, moral, imoral, existe ou não existe.
Nesse processo, é previsível que surjam conflitos decorrentes da percepção das
incoerências entre os discursos e a realidade à sua volta.

Embora estejam exercitando o tempo todo a crítica e tecendo opiniões sobre o entorno,
há uma queixa de que são muito pouco escutados e de que, a cada erro que cometem,
são repreendidos com pouca consideração. Ao mesmo tempo, fazem uma autocrítica em
relação ao seu comportamento e compram um discurso, muitas vezes negativo, sobre a
adolescência.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Diversidade, equidade e inclusão na escola, p. 113-114)

Consumo de conteúdo opinativo

Quando analisamos os conteúdos que os adolescentes consomem, seja na internet, em


livros e revistas ou na televisão, fica evidente que boa parte desse conteúdo é de caráter
opinativo, ou seja, de pessoas ou publicações dando opiniões sobre temas relevantes aos
adolescentes.

É marcante o alto consumo que os adolescentes fazem de canais do YouTube. Há uma


série de YouTubbers que estão na ponta da língua dos adolescentes, e de fato alguns se
transformam em verdadeiras celebridades. São principalmente os adolescentes que
fazem parte do número impressionante de assinantes desses canais:

Eu Fico Loko, 2,1 milhões;

5inco minutos, 4,5 milhões;

Invento na Hora, 2 milhões;

Depois dos 15, 600 mil.

Além do humor, uma característica fundamental de seu sucesso é o caráter opinativo de


boa parte de seus vídeos e a linguagem direta com que falam sobre as coisas do mundo:
eles “dão a real”, sem formalidades ou preocupações, e assim conseguem estabelecer
uma profunda conexão com os adolescentes, transformando-se nos cronistas dessa
geração.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 115-116)

Construir o diálogo na escola como prática e reflexão

Por causa dos desafios de uma vivência cada vez mais coletiva nas grandes cidades e a
necessidade de soluções cada vez mais multidisciplinares aos problemas
contemporâneos, o diálogo cresce em importância e ganha valor de disciplina. Escolas
próprias para o ensino do diálogo se consolidam, como a Escola de Diálogo de São Paulo

A ideia é usar o diálogo como prática para resolver conflitos, trabalhar em equipe, viver
em comunidade de forma mais harmônica, relacionar-se de forma mais empática com
todos os agentes do processo educativo.

Na escola, a oportunidade é abrir espaço para o diálogo e conduzir o ensino a partir dessa
orientação, uma vez que já há inúmeras iniciativas fora da escola como as chamadas
Escolas do Diálogo, que podem ser fonte de inspiração.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 119-120)

Aproveitar e impulsionar a criatividade

Nesta fase da vida, os adolescentes que ainda não trabalham, mas que frequentam a
escola, possuem uma boa margem de tempo livre, embora seja comum que ajudem nas
tarefas de casa nesses momentos vagos.

As atividades realizadas poderão estar mais conectadas ao universo infantil do brincar ou


ao universo adulto, ou ainda a interesses individuais de cada um e ao desejo de
sociabilização e experimentação comuns nessa etapa da vida.

O que é universal é que, independente da atividade, ela tende a ser conduzida pela
imaginação e os momentos de ócio podem ser estimulados criativamente.

Humor e Memes

Os adolescentes demonstram uma grande capacidade criativa, que se manifesta em


grande parte por meio do humor: imitar outros, fazer piadas, criar “zueiras” constantes.
O potencial criativo dos adolescentes manifesta-se de forma dispersa, abrindo espaço
para a canalização desse potencial para outras propostas além do humor. A cultura dos
memes estimula ainda mais a criatividade dos adolescentes pela facilidade de produção
de novas imagens para serem compartilhadas. Ícones de memes são gerados e releituras
são feitas a partir deles, multiplicando as possibilidades criativas, que os adolescentes
exploram continuamente.
Meios de produção digital acessíveis

Os adolescentes estão imersos em inúmeras possibilidades de produção digital


completamente acessíveis a eles por meio de softwares e aplicativos gratuitos, ou mesmo
pela pirataria ou pela acessibilidade de softwares pagos.
Do celular ao computador, os adolescentes estão acostumados a tirar fotos, gravar vídeos
e editá-los.
As redes sociais estimulam ainda mais a produção digital na medida em que uma solução
criativa tem grandes chances de ser compartilhada.

(Fonte: Projeto Faz Sentido – Fundamental II – Adolescentes, p. 149-152)

Saiba mais - Para saber mais sobre a participação de adolescentes e jovens nos
espaços escolares e sobre conteúdos relacionados a esses temas tratados aqui, acesse os
estudos a seguir.

 Adolescentes

http://fazsentido.org.br/wp-content/uploads/2016/06/est_adolescentes_geral-1-
1.pdf

 Juventudes e Ensino Médio

http://fazsentido.org.br/wp-
content/uploads/2017/08/20190111_RelatorioEstudoJovem_Fazsentido.pdf

 Diversidade, equidade e inclusão na escola

http://fazsentido.org.br/wp-
content/uploads/2018/12/ESTUDO_DIVERSIDADES_rev.pdf

 Participação dos estudantes na escola

http://porvir.org/especiais/participacao/

 Viração – Guia de participação cidadã para educadores

http://s3.amazonaws.com/porvir/wp-content/uploads/2017/09/12114107/2017-
Viracao-Guia-Participacao-Cidada-para-Educadores.pdf

 Pesquisa Nossa escola em reconstrução

http://porvir.org/nossaescola/

Dicas práticas

Agora, assista ao vídeo a seguir com Anna Penido, que traz dicas práticas de como lidar
com essas questões no ambiente escolar.

Para ler e usar as dicas no dia a dia na escola, veja-as nos itens a seguir.
Dica 1

 A escuta dos adolescentes e jovens não pode acontecer de forma pontual. É


importante criar canais permanentes de comunicação entre gestores, professores e
estudantes para que eles possam se manifestar sobre os assuntos que vão
aparecendo no dia a dia da escola ou da sala de aula.
 Caixas de sugestões, assembleias regulares, encontros sistemáticos com grêmios e
representantes de turma, participação estudantil em reuniões de Conselho de
Classe e Conselho de Escola, comitês e grupos de trabalho, aqueles minutinhos no
final da aula para avaliar as atividades realizadas.
 As possibilidades são muitas. Veja o que você consegue fazer. Mas, fique atento,
pois reuniões prolongadas ou com muito falatório técnico costumam inibir a
participação da maioria dos estudantes.
 Para que sejam contributivos, é importante deixar que eles se expressem por meio
das suas próprias linguagens, narrativas e estratégias.

Dica 2

 Quando os gestores e professores já trazem tudo pronto, correm o risco de não se


conectar com os interesses, desejos e necessidades dos adolescentes e jovens,
gerando desengajamento e dificuldade de aprender.
 Olhe para o seu dia a dia e para o seu planejamento e identifique em que momento
os estudantes podem fazer escolhas.
 Depois de mapear essas oportunidades, converse com eles sobre a melhor maneira
da escolha acontecer, se em debates, votação ou assembleia.

Dica 3

 Se você realiza escutas com os estudantes e eles apontam problemas ou


necessidades, vale engajá-los na busca de soluções.
 Peça que eles encaminhem propostas e organize reuniões ou oficinas para que os
adolescentes e jovens criem projetos de mudança em conjunto com os profissionais
e parceiros da escola.
 Além de desenvolver diversas capacidades importantes, como criatividade e
colaboração, o engajamento dos estudantes como autores do seu processo
educativo os aproxima da escola, ao mesmo tempo que apoia a transformação do
ambiente escolar.

Dica 4

 Uma nova regra ou iniciativa decidida apenas pelo diretor tem menos chance de ser
abraçada pela comunidade escolar do que algo que é construído coletivamente,
inclusive com a participação dos estudantes.
 Envolva os adolescentes e jovens na revisão do estatuto ou dos combinados da
escola. Eles também podem ajudar a divulgar as novas regras, criando peças e
campanhas de comunicação e mobilizando seus colegas.

Dica 5

 Você conhece os talentos dos seus estudantes? Sabe como se organizam? Tem
ideia de como podem colaborar com a escola?
 Realize uma espécie de "censo" para identificar as habilidades dos adolescentes e
jovens.
 Você também pode produzir um grande mapa com todos os coletivos, grupos
artísticos ou de estudos, times esportivos ou de robótica, equipes de voluntários,
clubes juvenis, produtores de @blogs, canais de YouTube, programas de rádio,
entre outras lideranças estudantis.
 Todos eles podem ser agentes de mudança positiva na escola e na comunidade se
forem estimulados, orientados e apoiados.
 Às vezes, se mudarmos a perspectiva, onde vemos problemas, podemos começar a
ver solução.

Para encerrar este módulo de Adolescências e Juventudes, assista ao vídeo com um recado dos
estudantes Caio Sampaio de Vasconcelos, Carolina Henrique Mendes, Melissa da Costa Romano e
Nathan Olivares da Silva para você.

Encerramento

Chegamos ao final do módulo 1, no qual você viu uma série de depoimentos, discussões
e materiais complementares sobre adolescentes e jovens e os temas relacionados a eles
e ao seu cotidiano escolar.

No próximo módulo, vamos tratar das definições e características das ELETIVAS,


do PROJETO DE VIDA e TECNOLOGIA

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