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Julho de 2017
Conteúdo
1 Sucessões Numéricas 1
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.1 Formas de designar uma sucessão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.2 Representação gráca de uma sucessão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Princípio de indução matemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Exemplos Importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.4 Propriedades principais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.4.1 Sucessão limitada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.4.2 Monotonia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.4.3 Subsucessão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.5 Convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.5.1 Sucessão convergente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.5.2 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.5.3 Sucessão de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.5.4 Critérios de convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.6 Limites de sucessões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.6.1 A recta acabada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.6.2 Indeterminações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.6.3 Cálculo de limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.6.4 Limites importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.7 Ficha de exercícios no 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2 Séries Numéricas 38
2.1 Somatórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.2 Séries numéricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.3 Propriedades gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.4 Séries de termos não negativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.5 Séries de termos positivos e negativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
ii
2.6 Convergência absoluta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.7 Outros Critérios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2.8 Produto de séries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
2.9 Ficha de exercícios no 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
3 Integrais Impróprios 71
3.1 Noções principais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
3.2 Valor principal de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
3.3 Princípio de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
3.4 Integrais impróprios de funções não-negativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
3.5 Integral impróprio de primeira espécie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
3.6 Integral impróprio de segunda espécie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
3.7 Convergência absoluta ou condicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
3.8 Função Gama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
3.9 Função Beta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
3.10 Ficha de exercícios no 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
BQ EA EB iv
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Capítulo 1
Sucessões Numéricas
Neste capítulo, vamos considerar um caso particular de funções reais de variável real que, pela sua
importância em todas as áreas da Matemática, merece ser estudado num capítulo à parte.
1.1 Introdução
Denição 1.1.1 (Sucessão numérica). Uma sucessão numérica innita de termos reais é uma função
de variável natural e com valores reais. Usando a escrita habitual para as funções, uma sucessão,
digamos f , escreve-se da forma seguinte:
f: N −→ R
n 7→ f (n).
Por simplicidade de escrita, iremos designar uma sucessão innita de termos reais apenas por sucessão.
O conjunto de partida da sucessão poderá ser qualquer subconjunto do conjunto dos naturais N =
{1, 2, 3, . . . } ou, ainda, o conjunto dos inteiros não negativos N0 = {0, 1, 2, 3, . . . }. Os valores
f (1), f (2), . . . , f (n), . . .
designam-se por termos da sucessão: primeiro termo, segundo termo, . . . , n-ésimo termo, . . . . O
contra-domínio da função f designa-se por conjunto dos termos da sucessão. Habitualmente, os
termos da sucessão são denotados por letras indexadas nos números naturais. Por exemplo, podemos
denotar os termos da sucessão escrita acima por
u1 , u2 , . . . , un , . . . .
Chama-se termo geral da sucessão à expressão designatória f (n) e, usando a mesma notação indexada,
é habitual denotá-lo por un . Cada termo de uma sucessão, digamos un , tem um termo sucessor, un+1 ,
e, assim, podemos dizer que não existe um último termo da sucessão. As operações algébricas habituais
dos números reais estendem-se naturalmente às sucessões. A soma e diferença de duas sucessões un
e vn denem-se, respectivamente, por:
(u + v)n = un + vn e (u − v)n = un − vn .
O produto e quociente de duas sucessões un e vn denem-se, respectivamente, por:
u un
(u v)n = un vn e = (vn 6= 0 ∀ n ∈ N) .
v n vn
1
CÁLCULO II 1. SUCESSÕES NUMÉRICAS
exemplo, a sucessão cujos três primeiros termos são 1, 3, 5, é escrita do modo seguinte:
1, 3, 5, . . . .
• Fórmula. A forma mais comum para designar uma sucessão, consiste em indicar uma fórmula por
meio da qual se pode obter, para cada natural n, o correspondente n-ésimo termo. Por exemplo, a
fórmula
1
un = , n ∈ N,
n
permite-nos obter a sucessão seguinte de termos ordenados:
1 1
1, , , ... .
2 3
A fórmula
vn = 1, n ∈ N,
representa a sucessão constante com todos os termos iguais a 1, e que, ordenada, se escreve
1, 1, 1, . . . , 1, . . . .
Por vezes, duas ou mais fórmulas podem ser indicadas para designar uma sucessão. Por exemplo,
1
2 se n = 2k − 1
un = n
se n = 2k ,
2
n
onde k ∈ N, dene a sucessão cujos oito primeiros termos ordenados são
1 1 1
1, 4, , 16, , 36, , 64, . . . .
9 25 49
Isto é, a sucessão cujos quatro primeiros termos de ordem ímpar (2k − 1) são
1 1 1
1, , , , ...
9 25 49
e os quatro primeiros termos de ordem par (2k ) são
4, 16, 36, 64, . . . .
• Recorrência. Outra forma de designar uma sucessão, consiste em indicar as instruções de como
obter os termos sucessores conhecido um ou mais dos primeiros termos. Por exemplo, as fórmulas
u1 = u2 = 1, un+1 = un + un−1 , n ∈ N,
denem a sucessão (de Fibonacci ) cujos oito primeiros termos ordenados são
1
1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, . . . .
Uma sucessão determinada por este processo, diz-se uma sucessão denida por recorrência.
Por simplicidade de escrita, denota-se qualquer sucessão por un , qualquer que seja a forma por que é
denida.
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CÁLCULO II 1. SUCESSÕES NUMÉRICAS
Exemplo 1.1.1. Fazer a representação gráca dos seis primeiros termos da sucessão
(−1)n
un = , n ∈ N.
n
un
1
n
1 2 4 6
−1
Se
(1) P (n) é vericada para n = 1;
(2) P (n) sendo vericada para n = k implicar ser também vericada para o seu sucessor
n = k + 1, com k > 1;
então a armação P (n) é válida para todo o natural n.
O passo 1, em que se estabelece a propriedade para o primeiro dos números naturais, designa-se por base
de indução. O passo 2 designa-se por passo de indução, em que se estabelece que, caso a propriedade
se verique, para um número natural k (hipótese de indução) então ela também é vericada para o
número natural seguinte, k + 1 (tese de indução). A validade de P (n) para todos os números naturais,
depende essencialmente da possibilidade em provar que a observação da propriedade num natural n = k
implica a vericação da mesma propriedade para o natural seguinte, n = k + 1 (passo de indução). Se
isso suceder, podemos então concluir a veracidade de P (n) para todos os números naturais desde que o
primeiro deles (o número 1) a verique. Na realidade, a validade da propriedade para o primeiro natural
(base de indução) implica a sua validade para o segundo (o número 2) e deste para o terceiro (o número
3), e assim sucessivamente, cobrindo-se deste modo a totalidade dos naturais, como peças de um dominó
em linha, em que as quedas das sucessivas peças são provocadas umas a partir das outras após a queda
da primeira peça. Por vezes, certas armações P (n) só são vericadas a partir de um número natural
n1 > 1. Neste caso, temos de substituir, no passo 1, "P (n) é vericada para n1 ". De um modo sucinto,
podemos enunciar o Princípio de Indução Matemática na forma seguinte.
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CÁLCULO II 1. SUCESSÕES NUMÉRICAS
Exemplo 1.2.1. Mostrar que para todo o natural n a igualdade seguinte é vericada:
1 + 3 + 5 + · · · + 2n − 1 = n2 . (1.2.1)
1 + 3 + 5 + · · · + 2n − 1 + 2(n + 1) − 1 = n2 + 2n + 1 = (n + 1)2 .
Assim, podemos concluir, pelo Princípio de Indução Matemática, que (1.2.1) é vericada para todo
o natural n.
Suponhamos, agora, que a fórmula (1.2.2) é válida para um certo n ∈ N (hipótese de indução) e a partir
daqui tentemos mostrar que também é válida para o seu sucessor n+1 (tese). Temos então, pela hipótese
de indução,
n n
X n! X n!
(a + b)n+1 =(a + b)(a + b)n = an+1−k bk + an−k bk+1
k!(n − k)! k!(n − k)!
k=0 k=0
n n
X n! X n!
= an+1−k bk + a(n+1)−(k+1) bk+1
k!(n − k)! k![(n + 1) − (k + 1)]!
k=0 k=0
n n+1
n+1
X n! n+1−k k
X n!
=a + a b + a(n+1)−k bk
k!(n − k)! (k − 1)![(n + 1) − k]!
k=1 k=1
n
n+1
X n! n!
=a + + an+1−k bk + bn+1
k!(n − k)! (k − 1)![(n + 1) − k]!
k=1
2 Isaac Newton (1642-1726), físico, matemático, astrónomo e teólogo natural de Lincolnshire, Inglaterra.
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CÁLCULO II 1. SUCESSÕES NUMÉRICAS
n+1
X (n + 1)!
= an+1−k bk .
k![(n + 1) − k]!
k=0
n! n! (n + 1)!
+ = ,
k!(n − k)! (k − 1)![(n + 1) − k]! k![(n + 1) − k]!
Um forma prática de se expandir o binómio (a + b)n , consiste em usar o conhecido Triângulo de Pascal3
triângulo de números naturais em que cada linha n, a começar em n = 0, representa os coecientes
do binómio (a + b)n . O triângulo é limitado por 1 nos lados direito e esquerdo, e cada entrada interior
é a soma das duas entradas imediatamente acima. Este triângulo foi popularizado por Pascal nos seus
trabalhos de Cálculo Combinatório, mas existem evidências de que já era conhecido centenas, ou mesmo
milhares, de anos antes por diversas civilizações, como na Antiga Índia, na China Medieval e na Idade de
Ouro Islâmica, até chegar à Itália por volta do Renascimento. Por exemplo, a última linha do Triângulo
de Pascal da Figura 1.1, permite-nos conhecer, de uma forma muito rápida, todos os coecientes da
expansão do polinómio (a + b)8 em potências de a e b:
(a + b)8 = 1 a8 + 8 a7 b + 28 a6 b2 + 56 a5 b3 + 70 a4 b4 + 56 a3 b5 + 28 a2 b6 + 8 ab7 + 1 b8 .
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
1 6 15 20 15 6 1
1 7 21 35 35 21 7 1
1 8 28 56 70 56 28 8 1
Outro resultado importante, que se pode demonstrar por indução matemática, é a Desigualdade de
Bernouli4 .
(1 + x)n ≥ 1 + nx . (1.2.4)
3 Blaise Pascal (1623-1662), físico, matemático, lósofo e teólogo, natural de Clermont-Ferrand, França.
4 Jacob Bernoulli (1655-1705), matemático natural de Basileia, Suiça, pertencente a uma família de vários matemáticos
talentosos.
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CÁLCULO II 1. SUCESSÕES NUMÉRICAS
Demonstração: Para n = 1, é imediato. Suponhamos que a fórmula (1.2.4) é válida para um determi-
nado n ∈ N (hipótese de indução) e a partir daqui tentemos mostrar que também é válida para o seu
sucessor n + 1 (tese). Temos, pela hipótese de indução,
Na verdade, a Desigualdade de Bernoulli é estrita para a maioria dos casos, com excepção de x = 0,
n = 0 e n = 1.
Outra aplicação do Princípio de Indução Matemática reside na conhecida desigualdade da média. Se a1 ,
a2 , . . . , an são números reais não negativos, denimos a média geomégtrica de a1 , a2 , . . . , an por
v
u n
uY
n
Mg := t ai ,
i=1
Suponhamos então que os ai não são todos iguais e usemos indução matemática. Considermos para base
de indução n = 2, pois para n = 1 a (des)igualdade é óbvia. Trata-se então de mostrar que
√ a1 + a2 √ √ 2
a1 a2 ≤ ⇔ ( a1 − a2 ) ≥ 0,
2
o que é verdade, pois estamos a admitir que a1 6= a2 .
Suponhamos agora que a desigualdade é válida para Pum certo n > 2 e tentemos mostrar que também
n+1
vale para o seu sucessor n + 1. Denindo Ma := n+1
1
i=1 ai , sabemos que
min ai ≤ Ma ≤ max ai ,
i∈{1,...,n,n+1} i∈{1,...,n,n+1}
sendo as desigualdades estritas no (nosso) caso dos ai não serem todos iguais. Sem perda de generalidade,
podemos supor que a1 = mini∈{1,...,n,n+1} ai e an+1 = maxi∈{1,...,n,n+1} ai , pelo que
a1 < Ma < an+1 ⇒ (a1 − Ma )(Ma − an+1 ) > 0 ⇔ a1 an+1 < Ma (a1 + an+1 − Ma ). (1.2.5)
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CÁLCULO II 1. SUCESSÕES NUMÉRICAS
Então Ma é também a média aritmética dos n números a2 ,. . . , an , ãn+1 , onde ãn+1 = a1 + an+1 − Ma .
Por hipótese de indução, temos
v
u n
Y
u
n
t (a1 + an+1 − Ma ) ai ≤ Ma .
i=2
Denição 1.3.1 (Progressão aritmética). Uma progressão aritmética é uma sucessão cuja fórmula
para o seu termo geral é
un = u1 + (n − 1)r, n ∈ N,
onde r 6= 0 é uma constante conhecida que se designa por razão.
Este tipo de sucessões caracteriza-se por a diferença de quaisquer dois dos seus termos sucessivos ser
constante:
un+1 − un = r ∀ n ∈ N (r = constante 6= 0).
Deste modo, podemos denir tal sucessão por recorrência:
u1 = a
un+1 = un + r;
un
5
4
3
2
1
n
1 2 3 4 5 6
Proposição 1.3.1. A soma Sn dos primeiros n termos de uma progressão aritmética un é dada
por
u1 + un
Sn = × n. (1.3.7)
2
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CÁLCULO II 1. SUCESSÕES NUMÉRICAS
Demonstração: Seja un uma progressão aritmética. Então existem a, r ∈ R, com r 6= 0, tais que
Exemplo 1.3.1. Calcular a soma, S100 , dos primeiros 100 termos da progressão aritmética un = n,
com n ∈ N.
Resolução: De facto, un é uma progressão aritmética de razão r = 1 já que un+1 −un = n+1−n =
1. Assim, por (1.3.7), temos
u1 + u100 1 + 100
S100 = × 100 = × 100 = 5050 .
2 2
Denição 1.3.2 (Progressão geométrica). Uma progressão geométrica é uma sucessão cuja fórmula
para o seu termos geral é
un = u1 rn−1 , n ∈ N,
onde r 6= 1 é uma constante conhecida que se designa por razão.
Esta sucessão caracteriza-se por o quociente entre quaisquer dois dos seus termos sucessivos ser constante:
un+1
=r ∀ n ∈ N (r = constante 6= 1).
un
Podemos, assim, denir tal sucessão também por recorrência:
u1 = a
un+1 = un r;
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CÁLCULO II 1. SUCESSÕES NUMÉRICAS
un
1
3
1
9
1
27 n
1 2 3 4 5
Proposição 1.3.2. A soma Sn dos primeiros n termos de uma progressão geométrica un de razão
r 6= 1 é dada por
1 − rn
Sn = u1 . (1.3.10)
1−r
Demonstração: Seja un uma progressão geométrica. Então existem a, r ∈ R, com r 6= 1, tais que
= a − arn = u1 (1 − rn )
1 − rn
⇔ Sn = u1 ,
1−r
o que conclui a demonstração.
Exemplo 1.3.2. Calcular a soma dos primeiros 100 termos da progressão geométrica
n
1
un = , n ∈ N.
2
1
Resolução: A sucessão un é uma progressão geométrica de razão r = 2n+1
1 = 2.
1
Assim, de
2n
(1.3.10), temos
100
1 − r100 1 1 − 21 1
S100 = u1 × = × 1 = 1 − 100 .
1−r 2 1− 2 2
∃ L ∈ R : un ≤ L ∀ n ∈ N.
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CÁLCULO II 1. SUCESSÕES NUMÉRICAS
Uma sucessão diz-se minorada, se o conjunto dos seus termos for minorado, isto é, se existir um real
menor ou igual do que todos os termos da sucessão. Ou seja, un é uma sucessão minorada, se
∃ l ∈ R : un ≥ l ∀ n ∈ N.
∃ L, l ∈ R : l ≤ un ≤ L ∀ n ∈ N. (1.4.12)
(a) un = n, n ∈ N; 1
(b) vn = , n ∈ N.
n
Resolução: (a) A sucessão un é minorada, pois un ≥ 1 para todo o natural n. No entanto, não é
majorada, porque un+1 = n + 1 > n = un para qualquer natural n. Deste modo, un será tão grande
quanto se queira. Assim sendo, a sucessão un não é limitada.
(b) A sucessão vn é minorada, porque trivialmente se tem vn = n1 > 0 para todo o natural n. Por
outro lado, também é majorada já que vn = n1 ≤ 1 para todo n ≥ 1. Deste modo, concluímos que
a sucessão vn é limitada.
∃ C ∈ R+ : |un | ≤ C ∀ n ∈ N. (1.4.13)
Demonstração: Suponhamos que un é limitada. Sendo C = max{|l|, |L|}, concluímos facilmente que
(1.4.12) implica (1.4.13). Reciprocamente, se (1.4.13) é vericada, então
−C ≤ un ≤ C ∀ n ∈ N.
1.4.2 Monotonia
Uma sucessão diz-se monótona crescente, se qualquer dos seus termos for menor ou igual do que o seu
sucessor. Diz-se que uma sucessão é monótona decrescente, se qualquer dos seus termos for maior ou
igual do que o seu sucessor. Uma sucessão diz-se, apenas, monótona, se for monótona crescente ou
decrescente.
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CÁLCULO II 1. SUCESSÕES NUMÉRICAS
No caso de termos
un < un+1 ∀ n ∈ N,
dizemos que un é uma sucessão monótona estritamente crescente. Se
un > un+1 ∀ n ∈ N,
diz-se que un é uma sucessão monótona estritamente decrescente. Quando houver necessidade de
fazer distinção, iremos referir-nos à monotonia da denição anterior como sendo em sentido lato. As
sucessões que não são monótonas, podem ser constantes ou oscilantes. Convém referir que, por vezes,
a monotonia ou não de uma sucessão só se descortina após um número nito de termos. Neste caso,
diremos que a sucessão é monótona a partir do termo da ordem (número natural, digamos p) em que se
verica a condição da denição. Em termos práticos, para se estudar a monotonia de uma dada sucessão,
determinamos a diferença
un+1 − un
e comparamo-la com 0. Se for maior do que 0, é monótona crescente, caso contrário é monótona decres-
cente. Existem casos em que se torna mais fácil determinar o quociente
un+1
un
e compará-lo com 1. Obviamente, aqui, este quociente só é possível se un 6= 0 para todo n ∈ N. Nesses
casos, a sucessão é crescente se o quociente anterior for maior do que 1 e decrescente se for menor. Esta
forma de estudar a monotonia é mais indicada para progressões geométricas, enquanto que a anterior é
mais apropriada para progressões aritméticas.
(a) un = 2n − 1, n ∈ N; 1
(b) vn = , n ∈ N.
n2
1.4.3 Subsucessão
Uma subsucessão é uma sucessão cujo conjunto dos seus termos é um subconjunto do conjunto dos termos
de dada sucessão. Para a denição de subsucessão, necessitamos de introduzir o conceito de composição
de sucessões, que é um caso particular da composição de funções. Sejam un e vn duas sucessões, a última
das quais de termos naturais. Dene-se a composição das sucessões un e vn como sendo a sucessão
(u ◦ v)n que tem por termo de ordem k o termo de ordem vk (repare que vn é uma sucessão de termos
naturais) da sucessão un . Ou seja,
(u ◦ v)k = uvk .
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CÁLCULO II 1. SUCESSÕES NUMÉRICAS
Denição 1.4.3 (Subsucessão). Sejam un uma sucessão de termos reais e kn uma sucessão de
termos naturais estritamente crescente. A sucessão composta (u ◦ k)n designa-se por subsucessão
da sucessão un e o seu termo geral é denotado por ukn .
Dada uma sucessão qualquer un de termos reais, podemos considerar sempre as subsucessões seguintes.
vn = un .
vn = u2n
vn = u2n−1 .
Ou seja, podemos também sempre considerar a subsucessão dos termos de ordem ímpar.
Resolução: Uma observação rápida, permite-nos separar esta sucessão nas duas subsucessões:
1 1 1 1 1
−1, − , − , . . . e , , ,... .
3 5 2 4 6
Para encontrarmos os termos gerais destas subsucessões, consideremos primeiro as subsucessões dos
naturais ímpares e dos naturais pares, que são estritamente crescentes:
nk = 2k − 1, k∈N e mk = 2k, k ∈ N.
(−1)nk 1 1 1
unk = (u ◦ n)k = =− para os termos − 1, − , − , . . . ;
nk 2k − 1 3 5
(−1)mk 1 1 1 1
umk = (u ◦ m)k = = para os termos , , ,...;
mk 2k 2 4 6
onde k ∈ N.
1.5 Convergência
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CÁLCULO II 1. SUCESSÕES NUMÉRICAS
A quanto se queira. Convém ressalvar aqui o caso em que A é innito e a proximidade de innito ser
sempre um abuso de linguagem. Abreviadamente, podemos escrever
un −→ A.
No caso de A ser nito, isto é, um número real, dizemos que a sucessão un converge.
A denição de sucessão convergente anterior, pode ser traduzida do modo seguinte: a partir de certa
ordem (n > p) os termos da sucessão vão estar tão próximos do limite (|un − a| < ε) quanto se queira
(∀ ε). Para percebermos melhor
√ este conceito, consideremos a sucessão de números racionais seguinte
que aproxima o irracional 2:
u0 = 1
u1 = 1.4
u2 = 1.41
u3 = 1.414
u4 = 1.4142
u5 = 1.41421
u6 = 1.414213
u7 = 1.4142135
u8 = 1.41421356
u9 = 1.414213562
···
Escolhendo ε = 10−4 , determinemos, para este ε, a partir de que ordem p a denição anterior se verica.
Resolvendo, temos √
|un − 2| < 10−4 ⇔ un ≥ 1.41421 ⇒ n ≥ 5 .
Deste modo, para o valor de ε = 10−4 , a denição anterior verica-se a partir da ordem p = 5 inclusive
(n ≥ 5). Apesar de ser um indicativo, isto não prova nada. O importante é que para cada ε > 0 que se
escolha, consigamos sempre encontrar uma ordem p a partir da qual a denição anterior seja vericada.
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CÁLCULO II 1. SUCESSÕES NUMÉRICAS
As sucessões que não são convergentes dizem-se divergentes. Caso particularmente importante das
sucessões divergentes são aquelas que tendem para +∞ ou para −∞. Uma sucessão tende para +∞,
se, a partir de certa ordem, os seus termos são tão grandes quanto se queira. De modo análogo, uma
sucessão tende para −∞, se, a partir de certa ordem, os seus termos são tão pequenos quanto se queira.
Uma sucessão un designa-se por um innitamente grande positivo, se tender para +∞:
un −→ +∞.
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un −→ 0.
O limite de uma subsucessão de uma sucessão é designado por sublimite dessa sucessão.
Denição 1.5.3. O maior dos sublimites de uma sucessão un designa-se por limite superior e
denimo-lo por:
lim sup un = sup{a : a é sublimite de un }.
n→+∞
O menor dos sublimites de uma sucessão un designa-se por limite inferior e denimo-lo por:
lim inf un = inf{a : a é sublimite de un }.
n→+∞
Resulta da denição anterior que, para qualquer sucessão un , no caso de existirem os sublimites,
Tal como para o limite de uma sucessão, podemos, também, estender as noções de limite superior e
inferior a +∞ e a −∞. Isto acontece no caso em que o conjunto dos sublimites da sucessão não é
majorado ou não é minorado, respectivamente.
(−1)n n
un = .
n+1
1.5.2 Propriedades
A armação da proposição seguinte diz-nos que o limite de uma sucessão, a existir, é único.
lim un = a ∧ lim un = b,
n→+∞ n→+∞
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então a = b.
Demonstração: Suponhamos que un era uma sucessão convergente simultaneamente para a e b, núme-
ros reais. Então, por denição, teríamos
|a − b| ≤ 0 ⇒ a − b = 0 ⇔ a = b,
Demonstração: Seja un uma sucessão convergente, digamos para a ∈ R. Então de (1.5.14) sai que
para todo n > p
a − ε < un < a + ε.
Consideremos o conjunto dos p primeiros termos de un , {u1 , u2 , . . . , up }, e sejam
m := min{u1 , u2 , . . . , up }, M := max{u1 , u2 , . . . , up }.
min{a − ε, m} ≤ un ≤ max{a + ε, M },
Resolução: É imediato que un é limitada, pois |un | = |(−1)n | = 1 para todo n ∈ N. A divergência
resulta do facto da subsucessão dos termos ímpares tender para −1 e a dos termos pares tender
para 1:
un = −1 se n = 2k − 1 e un = 1 se n = 2k ,
para k ∈ N.
• se un é crescente, então
lim un = sup{un : n ∈ N};
n→+∞
• se un é decrescente, então
lim un = inf{un : n ∈ N}.
n→+∞
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Demonstração: Seja un uma sucessão monótona e limitada. Admitamos, primeiro, que un é monótona
crescente. Então, usando a monotonia crescente e o facto de un ser limitada, podemos denir
a := sup{un : n ∈ N}.
Exemplo 1.5.5. Usando a proposição anterior, mostrar que a sucessão seguinte é convergente e
calcular o seu limite:
u1 = 1 √
un+1 = 2 + un .
Resolução: 1. Comecemos por mostrar que un é limitada. Uma observação mais atenta permite
sugerir que
1 ≤ un < 2 ∀ n ∈ N .
Mostremos que de facto isto acontece, fazendo uso do Princípio de Indução Matemática. Para
n = 1, temos trivialmente que 1 = u1 < 2. Suponhamos que para n arbitrário se tem 1 ≤ un < 2
(hipótese de indução) e mostremos que então também se tem 1 ≤ un+1 < 2 (tese de indução). Para
isto, observamos que, pela hipótese de indução, se tem
√ √
p q q
1 < un+1 = 2 + un+1 = 2 + 2 + un < 2 + 2 + 2 = 2 ,
como pretendido.
2. Mostremos agora que un é monótona crescente, i.e. que
√
un+1 ≥ un ⇔ 2 + un ≥ un ∀ n ∈ N.
Para tal, façamos un = θn + 1. Como 1 ≤ un < 2, então 0 < θn < 1 para todo o natural n. Ora,
temos √
2 + un ≥ un ∧ un = θn + 1 ⇒ 2 + un ≥ u2n ⇔ 2 ≥ (θn + 1)θn ,
o que é verdade, pois 0 < θn < 1. Assim,
√ √
2 + un ≥ u2n ⇔ − 2 + un ≤ un ≤ 2 + un .
A armação recíproca da proposição anterior é falsa, pois existem sucessões convergentes que não são
monótonas.
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Exemplo 1.5.6. Mostrar que a sucessão seguinte é convergente, mas não é monótona:
(−1)n
un = .
n
Proposição 1.5.4. Uma sucessão un é convergente se e só se qualquer sua subsucessão unk converge
para o mesmo limite.
Demonstração: Suponhamos que un é uma sucessão convergente, digamos para a ∈ R. Seja unk uma
subsucessão de un . Então nk é uma subsucessão de naturais estritamente crescente, pelo que nk ≥ k
para todo k ∈ N. Usando (1.5.14), juntamente com o facto de unk ser uma subsucessão de un , temos
Observe-se que, pela proposição anterior, se uma sucessão tem, pelo menos, duas subsucessões com
limites diferentes, então é divergente. Depois do resultado anterior, levanta-se a questão de saber em que
condições uma sucessão tem subsucessões convergentes.
Proposição 1.5.5. Seja un uma sucessão (de termos reais). Então existe, pelo menos, uma sub-
sucessão unk monótona.
Demonstração: Suponhamos, primeiro, que existem innitos naturais n1 < n2 < n3 < · · · < nk < . . .
tais que, para cada j = 1, . . . , k , unj é maior que qualquer termo na sucessão, i.e.
Então a subsucessão unj é monótona decrescente. Suponhamos, agora, que existe apenas uma quantidade
nita de naturais n1 < n2 < · · · < nN nas condições anteriores. Seja m1 = N + 1. Então, como m1 > N ,
existe m2 > m1 com um2 > um1 . Novamente, como m2 > N , existe m3 > m2 com um3 > um2 .
Repetindo este processo, leva-nos a uma subsucessão (innita) crescente umj como desejado.
Proposição 1.5.6. Seja un uma sucessão limitada. Então un tem, pelo menos, uma subsucessão
unk convergente.
Demonstração: Se un é uma sucessão limitada, então qualquer sua subsucessão também é limitada.
Pela Proposição 1.5.5, sabemos que de un podemos extrair uma subsucessão unk monótona. Então,
sendo unk monótona e limitada, pela Proposição 1.5.3, unk é convergente.
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O resultado da proposição anterior é, por vezes, designado por Teorema de Bolzano5 -Weierstrass6 . Daqui,
resulta que é condição necessária e suciente para uma sucessão limitada un convergir que
−1 , quando n é ímpar
O signicado desta denição é o de que a partir de certa ordem, digamos p (m, n ≥ p), os termos
correspondentes da sucessão (um e un ) estarão tão próximos (|um − un | < ε) quanto se queira (∀ε > 0).
Observe-se que nada se diz sobre a relação de ordem entre m e n.
Tal como para as sucessões convergentes, a proposição abaixo mostra que toda a sucessão de Cauchy é
limitada.
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Em particular,
n > p ⇒ |un | = |up + (un − up )| ≤ |up | + |un − up | < |up | + 1.
Assim, para todo n ∈ N temos
A grande utilidade da noção de sucessão de Cauchy, é provar, de um modo mais simples, que uma dada
sucessão é convergente. O resultado estabelecido na proposição seguinte é, pois, esperado.
Demonstração: Seja un uma sucessão convergente. Então, de (1.5.14), temos para todo m > p e todo
n>p
|um − un | = |um − a − (un − a)| ≤ |um − a| + |un − a| ≤ 2ε.
Portanto, (1.5.18) é vericada e, assim, un é uma sucessão de Cauchy.
Reciprocamente, se un é uma sucessão de Cauchy, vem de (1.5.18) que
ε
∀ ε > 0 ∃ p1 ∈ N : m, n ≥ p ⇒ |um − un | < .
2
Por outro lado, pela Proposição 1.5.7, un é limitada e, pela Proposição 1.5.6, un tem, pelo menos, uma
subsucessão, digamos unk , convergente para algum u ∈ R. Logo
ε
∀ ε > 0 ∃ p2 ∈ N : k ≥ p ⇒ |unk − u| < .
2
Tomemos, agora, p = max{p1 , p2 } e observemos que
Então
ε ε
k > p ⇒ |un − u| ≤ |un − unk | + |unk − u| ≤ + = ε,
2 2
o que mostra que (1.5.14) é vericada e, portanto, un é convergente.
Dada a equivalência entre as noções de sucessão convergente e de sucessão de Cauchy, por vezes a denição
de sucessão de Cauchy é designada por Princípio Geral de Convergência de Cauchy. Existem mesmo
muitos autores que falam de denição de sucessão convergente no sentido de Cauchy. Neste sentido, e
para a distinguir, a primeira (Denição 1.5.1) é designada por noção de sucessão convergente no sentido
de Heine8 . O exemplo seguinte mostra-nos a grande utilidade da noção de sucessão de Cauchy.
Exemplo 1.5.9. Usando a noção de sucessão de Cauchy, mostrar que a sucessão seguinte é diver-
gente:
1 1
sn = 1 + + ··· + .
2 n
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Assim, a distância entre os termos sn e s2n nunca será menor do que 21 , independentemente da
ordem n que se considere. Deste modo, (1.5.18) não é satisfeita para valores de ε : 0 < ε ≤ 12 e para
m = 2n, pelo que a sucessão sn não é de Cauchy e, por consequência, não converge.
Esta proposição tem uma grande aplicação prática no cálculo de limites. Essa aplicação é mais visível
na utilização do seguinte resultado também conhecido por Princípio do Encaixe.
lim un = a = lim xn , a ∈ R,
n→+∞ n→+∞
então vn é convergente e
lim vn = a.
n→+∞
Demonstração: Se un e xn são duas sucessões convergentes, ambas para a, temos, por (1.5.15),
∀ ε > 0 ∃ p1 ∈ N : n > p1 ⇒ a − ε < un < a + ε,
∀ ε > 0 ∃ p2 ∈ N : n > p2 ⇒ a − ε < xn < a + ε.
Suponhamos que
∃ p3 ∈ N : n > p3 ⇒ un ≤ vn ≤ xn .
Denindo p := max{p1 , p2 , p3 }, temos pelo exposto acima
n > p ⇒ a − ε < un ≤ vn ≤ xn < a + ε ⇒ |vn − a| < ε.
Pela denição (1.5.14), sai que vn é uma sucessão convergente para a.
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Exemplo 1.5.10. Usando o critério anterior, mostrar que a sucessão seguinte é convergente e
calcular o seu limite:
1 1
un = 2 + ··· + 2 .
n +1 n +n
O resultado da Proposição 1.5.9 pode estender-se, em determinadas condições, ao caso em que os limites
são innitos
Proposição 1.5.11 (Critério de Comparação). Sejam un e vn sucessões tais que, a partir de certa
ordem, un ≤ vn .
∃ p1 ∈ N : n > p1 ⇒ un ≤ vn .
Exemplo 1.5.11. Usando o critério anterior, mostre que a sucessão un = 2(n + 1)2 tende para
+∞.
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O resultado seguinte diz-nos que a armação recíproca da Proposição 1.5.9 também é válida.
lim un ≤ lim vn .
n→+∞ n→+∞
n > p ⇒ un − vn = un − a + (a − vn ) ≤ un − a + (b − vn )
≤ |un − a| + |vn − b| < 2ε.
A proposição seguinte diz-nos que o produto de um innitésimo por uma sucessão limitada é, ainda, um
innitésimo.
Proposição 1.5.13. Sejam un uma sucessão limitada e vn uma sucessão convergente tal que
lim vn = 0.
n→+∞
lim un vn = 0.
n→+∞
Demonstração: Suponhamos que vn é uma sucessão convergentes para 0. Então de (1.5.14) sai que
Por outro lado, se un é uma sucessão limitada, podemos conjugar a armação anterior com (1.4.13) para
obter
n > p ⇒ |un vn | = |un ||vn | ≤ C|vn | < Cε.
Como Cε é arbitrário, acabamos de mostrar que un vn converge para 0.
Exemplo 1.5.12. Usando a proposição anterior, mostrar que a sucessão seguinte é um innitésimo:
(−1)n
un = .
n
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Como (−1)n é uma sucessão limitada, já que |(−1)n | ≤ 1 para todo o natural n, e, pelo Exem-
plo 1.5.1, n1 −→ 0 quando n → +∞, sai da proposição anterior que limn→+∞ un = 0.
Denição 1.6.1 (Recta acabada). Dene-se a recta acabada e denota-se por R como sendo o
conjunto seguinte:
R = R ∪ {−∞, +∞}.
Com a introdução da recta acabada R, torna-se necessário denir as operações algébricas entre os ele-
mentos desse conjunto. Se os elementos de R forem ainda reais, isto é elementos de R, as operações são
como habitualmente.
Nos casos em que o expoente b é um natural, a potenciação não é mais do que uma multiplicação repetida.
As potências entre números reais denem-se como habitualmente. No caso em que intervêm os elementos
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+∞ e −∞, temos:
se 0 ≤ a < 1 +∞ se 0 ≤ a < 1
+∞ 0 −∞ 1
a = ; a = = ;
+∞ se a > 1 a+∞ 0 se a > 1
se b < 0
b 0
(+∞) =
+∞ se b > 0.
1.6.2 Indeterminações
Pelo exposto acima, verica-se a existência de omissões na denição das operações algébricas entre alguns
elementos de R. Em R já conhecemos as situações seguintes em que as operações não estão denidas:
0
e 00 .
0
Em R, quando não for possível determinar uma operação, diremos que estamos perante uma indeter-
minação.
• ∞−∞
+∞ + (−∞) = +∞ − ∞, +∞ − (+∞) = +∞ − ∞;
• 0×∞
0 × (+∞), 0 × (−∞);
• 1∞
1
1+∞ , 1−∞ = ;
1+∞
• ∞0
(+∞)0 .
Existem outras indeterminações, mas que poderão ser analisadas como casos particulares dos dados na
denição anterior. Esses casos, são as indeterminações dos tipos:
∞
•
∞
∞ 1
= × ∞ = 0 × ∞;
∞ ∞
0
• - já existente em R
0
0 1
= 0 × = 0 × ∞;
0 0
• 00 - já existente em R
0
1 1
00 = = .
+∞ (+∞)0
Convém referir que, como sai da parte nal da secção anterior, não são indeterminações os casos parti-
culares seguintes:
1 1
0+∞ = 0, 0−∞ = +∞ = = +∞;
0 0
1 1
(+∞)+∞ = +∞; (+∞)−∞ = +∞
= = 0.
(+∞) +∞
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lim un = a e lim vn = b.
n→+∞ n→+∞
Demonstração: Suponhamos que un e vn são sucessões convergentes para números reais a e b, respec-
tivamente. Então, por (1.5.14), temos:
(1) Se α e β forem ambos zero, é imediato. Suponhamos então que, pelo menos, um deles, α ou β , é
diferente de zero. Temos assim, para p := max{p1 , p2 },
n > p ⇒ |αun + βvn − (αa + βb)| ≤ |α| |un − a| + |β| |vn − b| < ε
(2) Neste caso, sabemos, pela Proposição 1.5.2, que as sucessões un e vn são limitadas. Então, pela
Proposição 1.4.1, existem constantes positivas Ca e Cb tais que |un | ≤ Ca e |vn | ≤ Cb para todo n ∈ N.
Consideremos também o caso em que a e b são diferentes de zero, pois se a = b = 0, é imediato. Temos
assim, para o mesmo natural p denido em (1), e no caso de b 6= 0,
n > p ⇒ |un vn − ab| = |(un − a)vn + (vn − b)a| ≤ Cb |un − a| + |vn − b| |b| < ε
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(4) Para mostrar esta última propriedade, torna-se substancialmente mais fácil se usarmos as proprieda-
des da função logaritmo. Usando, em particular a continuidade desta função, bem como o facto de un
ser positivo para todo n ∈ N, e ainda a propriedade (2), temos
h i
ln lim (un vn ) = lim [ln (un vn )] = lim [vn ln (un )]
n−→∞ n−→∞ n−→∞
= lim vn ln lim un = b ln (a) .
n−→∞ n−→∞
Por m, calulando a exponencial desta expressão provamos o que queríamos no caso de a > 0. Se a = 0,
podemos sempre escolher δ > 0 e ζ > 0, este último tal que b + ζ > 0, e calcular como anteriormente,
h i
ln lim (un + δ)vn +ζ = lim ln(un + δ) vn +ζ = lim [(vn + ζ) ln ((un + δ))]
n−→∞ n−→∞ n−→∞
= lim (vn + ζ) ln lim un + δ = (b + ζ) ln (a + δ) .
n−→∞ n−→∞
pelo que, fazendo primeiro δ tender para zero, se tem limn−→∞ un vn +ζ = 0, e depois, fazendo ζ tender
para zero, camos com limn−→∞ un vn = 0. Observemos que, do facto de ser b + ζ > 0, também se tem,
pela Proposição 1.5.12, que vn + ζ > 0 a partir de certa ordem.
No cálculo de limites podemos usar a Proposição 1.6.1 sempre que não obtenhamos indeterminações. Mas,
em muitas situações de cálculo de limites, surgem indeterminações. Ao processo de resolver determinada
indeterminação, vamos designar por levantamento da indeterminação.
∞ − ∞,
podem, normalmente, ser levantadas pondo em evidência o termo de maior grau, ou, no caso em
que envolvem raízes, multiplicando pelo conjugado.
√ √
(a) lim (n2 − 2n); (b) lim n+1− n .
n→+∞ n→+∞
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1 1
= lim √ √ =√ √ = 0.
n→+∞ n+1+ n +∞ + 1 + +∞
√
3
n3 + 2 32n − 5n+1
(a) lim ; (b) lim .
n→+∞ n−1 n→+∞ 7n+1 + 22n
Demonstração: Comecemos por mostrar que un é monótona crescente. Pelo Binómio de Newton
(Proposição 1.2.1), temos, depois de simplicarmos,
n
1 1 1 n−1 1 (n − 1)(n − 2) 1 (n − 1)! 1 (n − 1)!
1+ =1+ + + 2
+ ··· + n−2
+
n 1! 2! n 3! n (n − 1)! n n! nn−1
1 1 1 1 1 2
=1+ + 1− + 1− 1− + ···+
1! 2! n 3! n n
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1 1 2 n−2 1 1 2 n−1
1− 1− ··· 1 − + 1− 1− ··· 1 − .
(n − 1)! n n n n! n n n
1 1 1 1 1 2
>1+ + 1− + 1− 1− + ···
1! 2! n−1 3! n−1 n−1
1 1 2 n−2
+ 1− 1− ··· 1 −
(n − 1)! n−1 n−1 n−1
n−1
1 1 n−2 1 (n − 2)(n − 3) 1 (n − 2)! 1
=1+ + + + ··· + = 1+
1! 2! n − 1 3! (n − 1)2 (n − 1)! (n − 1)n−2 n−1
A segunda igualdade resulta do facto de se ter para quaisquer n, k ∈ N, com k + 1 ≤ n,
(n − 1)! (n − 1)(n − 2) · · · (n − k) 1 2 k
= = 1− 1− ··· 1 −
(n − (k + 1))!nk nk n n n
A desigualdade resulta de se ter suprimido o último termo na igualdade imediatamente anterior e de se ter
aumentado todos os subtractivos. A última igualdade resulta da simplicação motivada pelo regresso à
fórmula do Bínómio de Newton para un−1 . Portanto, podemos concluir que un é monótona estritamente
crescente.
Para a segunda parte da proposição, comecemos por observar que da monotonia crescente sai que
un ≥ u1 = 2 ∀n ∈ N ,
o que também pode ser mostrado à custa da Desigualdade de Bernoulli (1.2.4). Por outro lado, a
expansão do Binómio de Newton como foi feita acima e o facto de k! > 2k−1 para todo k ≥ 3, bem como
as propriedades das progressões geométricas, implicam
n
1 1 1 1 1 1 2
1+ =1+ + 1− + 1− 1− + ···
n 1! 2! n 3! n n
1 1 2 n−1
+ 1− 1− ··· 1 − .
n! n n n
1 1 1 1
< 1 + + + + ··· +
1! 2! 3! n! n
1 1 1 1 1 1 − 12 1
< 1 + + + 2 + ··· + n = 2 + 1 = 3 − n < 3.
1 2 2 2 2 1− 2 2
Assim, 2 ≤ un < 3 para todo n ∈ N e, portanto, un é limitada. Nesta primeira parte mostramos que un
é monótona e limitada. Logo, pela Proposição 1.5.3, un é convergente.
Para provar (1.6.22), comecemos por observar que, tal como viramos acima,
n
1 1 1 1 1
1+ < 1 + + + + ··· +
n 1! 2! 3! n!
e
n
1 1 1 1 1 1 2
1+ =1+ + 1− + 1− 1− + ···+
n 1! 2! n 3! n n
1 1 2 k−1 1 1 2 n−1
1− 1− ··· 1 − + ··· + 1− 1− ··· 1 − .
k! n n n n! n n n
Fazendo n → +∞ na última expressão, temos
n
1 1 1 1 1
lim 1+ ≥ 1 + + + + ··· + .
n→+∞ n 1! 2! 3! k!
Pelo exposto, temos então
n
1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 + + + + ··· + ≤ lim 1+ < lim 1 + + + + ··· + .
1! 2! 3! k! n→+∞ n n→+∞ 1! 2! 3! n!
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CÁLCULO II 1. SUCESSÕES NUMÉRICAS
Denição 1.6.4 (Número de Neper). Dene-se o número de Neper e como sendo o limite nito
seguinte: n
1
lim 1+ = e.
n→+∞ n
A existência do limite anterior resulta da proposição seguinte. O valor do número de Neper que habitu-
almente se utiliza é obtido à custa do resultado expresso na proposição anterior. De facto, somando os
cinco primeiros termos da sucessão do segundo membro de (1.6.22), obtemos uma aproximação às casas
das centésimas do número de Neper9
e ' 2, 71 ;
valor este que é o habitualmente usado na grande maioria de cálculos numéricos. O número e, apesar de
já aparecer implícito nos trabalhos de Napier sobre logaritmos, só se tornou conhecido nos trabalhos de
Euler10 sobre a função exponencial. É por isso que denotamos este número com a letra inicial de Euler,
apesar de o designarmos por número de Neper.
Então un
a
lim 1+ = ea . (1.6.23)
n→+∞ un
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CÁLCULO II 1. SUCESSÕES NUMÉRICAS
Usando o caso anterior, podemos passar ao limite nesta última desigualdade e, usando o Critério da
Sucessão Enquadrada (Proposição 1.5.10), provamos (1.6.23) quando a = 1 e un → +∞.
O caso de un → −∞ e a = 1 reduz-se ao anterior, pois
u n −(un +1)
1 1 1
1+ = 1+ 1+ → e × 1 = e,
un −(un + 1) −(un + 1)
pois un → ∞ implica un
a → ∞ qualquer que seja a ∈ R.
1∞
Para o levantamento de grande parte das indeterminações do tipo ∞0 , introduzimos o resultado seguinte.
un+1
lim = a.
n→+∞ un
Então
√
lim n
un = a.
n→+∞
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CÁLCULO II 1. SUCESSÕES NUMÉRICAS
un
a−ε< < a + ε ⇔ (a − ε)un−1 < un < (a + ε)un−1
un−1
un−1 un−1
⇔(a − ε) un−2 < un < (a + ε) un−2 ⇒ (a − ε)2 un−2 < un < (a + ε)2 un−2
un−2 un−2
⇔···
up+1 up+1
⇔(a − ε)n−(p+1) up < un < (a + ε)n−(p+1) up ⇒ (a − ε)n−p up < un < (a + ε)n−p up .
up up
Assim,
up up
0 < ε < a ∧ n > p ⇒ (a − ε)n < un < (a + ε)n
(a − ε)p (a + ε)p
√
r r
up up
⇒ (a − ε) n < n
un < (a + ε) n .
(a − ε)p (a + ε)p
Como r r
up up
lim n = lim n = 1,
n→+∞ (a − ε)p n→+∞ (a + ε)p
√
tem-se, pelo Critério da Sucessão Enquadrada (Proposição 1.5.10), que limn→∞ n un = a. A restrição
ε < a pode ser levantada, porque na denição (1.5.14) o que é importante é que ε seja arbitrariamente
pequeno.
Se a = 0, temos
r r
· · · up+1 < εn−p ⇒ −ε n up < √
un un un−1 up
n ≥ p ⇒ = n
un < ε n
.
up un−1 un−2 up εp εp
(+∞)0
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CÁLCULO II 1. SUCESSÕES NUMÉRICAS
un+1 (n + 1)2 + 1 n2 + 2n + 2 ∞
lim = lim = lim = (indeterminação)
n→+∞ un n→+∞ n2 + 1 n→+∞ n2 + 1 ∞
n2 +2n+2 2 2
n2 1 + n2 + n22 1 + +∞ + (+∞) 2
= lim n 2 +1 = lim 1 = 1 = 1.
n→+∞
n2
n→+∞ 1 + n2 1 + (+∞)2
√
Então, pela Proposição 1.6.4, também limn→+∞ n
n2 + 1 = 1.
Existem muitas outras possibilidades de levantar indeterminações. Por exemplo, para levantar indeter-
minações do tipo ∞×0, ∞/∞ ou 0/0, por vezes, temos de conjugar os resultados do Critério da Sucessão
Enquadrada (Proposição 1.5.10) e da Proposição 1.6.4.
np an n!
(a) lim = 0; (b) lim = 0; (c) lim = 0.
n→+∞ an n→+∞ n! n→+∞ nn
Demonstração: (a) Usando a Proposição 1.6.4, podemos mostrar que, dados um real a > 1 e p ∈ N,
se tem p √
√
r
(n + 1)p np n
np
1 n p →1⇒ n
1
p
= 1 + → 1 ⇒ n n
= −→ < 1.
n n a a a
Então para qualquer ε : 0 < ε < 1 existe p∗ ∈ N tal que
r
np np
n > p∗ ⇒ 0 < n n < 1 − ε ⇒ 0 < n < (1 − ε)n −→ 0.
a a
np
Logo, pelo Critério da Sucessão Enquadrada (Proposição 1.5.10), limn→+∞ an = 0.
(b) Novamente pela Proposição 1.6.4, podemos mostrar que para um dado real a > 1 se tem
√
r
(n + 1)! n an a
= n + 1 → +∞ ⇒ n! → +∞ ⇒ n = √n
−→ 0.
n! n! n!
Então para qualquer ε : 0 < ε < 1 existe p∗ ∈ N tal que
r
an an
n > p∗ ⇒ 0 < n <ε⇒0< < εn −→ 0
n! n!
an
e, pelo Critério da Sucessão Enquadrada, limn→+∞ n! = 0.
(c) Observemos que para todo n ≥ 2 se tem
n! n n−1 2 1 nn−1 1
0< n
= × × ··· × × ≤ = −→ 0.
n n n n n nn n
Assim, pelo Critério da Sucessão Enquadrada, limn→+∞ n!
nn = 0.
Outro exemplo para levantar indeterminações do tipo ∞ × 0, ∞/∞ ou 0/0, consiste em usar o conheci-
mento de limites notáveis de funções. Alguns exemplos são descritos na proposição seguinte.
BQ EA EB 33
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 1
os limites (1) e (4) resultam, por exemplo, de aplicar a Regra de Cauchy-L'Hôpital quando se substitui
a variável discreta n por uma variável contínua, digamos x.
Usando, a Proposição 1.6.5, bem como o número (4) da Proposição 1.6.6, podemos estabelecer uma
relação de ordem entre os princiais tipos de innitamente grandes.
ln(n)
lim = 0,
n→+∞ nb
n + (−1)n 1
(a) un = ; (d) yn = ;
n n!
1 1 1 2 3 1
(b) vn = 1 + + · · · + n−1 ; (e) wn = 2 + 2 + 2 + · · · + ;
2 2 n n n n
2 z1 = 1 √
n + 2 (f) zn = .
(c) xn = (−1)n+1 ; zn+1 = 2 + zn
2n + 3
2. Escreva o termo geral das sucessões cujos termos das primeiras ordens são os seguintes:
(a) 2, 5, 8, 11, . . . ; 3 8 13 18
(d) , , , ,...;
1 1 1 7 11 15 19
(b) 1, , , , . . . ; (e) 1, 2, 3, 5, 8, 13 . . . ;
2 4 8
1 1 1 1 3 2 5 4
(c) 1, − , , − , , ...; (f) 0, , , , ,....
4 9 16 25 2 3 4 5
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 1
n(n + 1)
(a) 1 + 2 + 3 + · · · + n = ;
2
1 1 1 1 n
(b) + + + ··· + = ;
1.3 3.5 5.7 (2n − 1)(2n + 1) 2n + 1
n3
(c) 12 + 22 + 32 + · · · + (n − 1)2 < ∀ n ∈ N;
3
(d) 13 + 23 + 33 + · · · + n3 = (1 + 2 + 3 + · · · + n)2 [Sugestão: Usar a)];
(e) 2 > n
n 2
∀ n ≥ 5.
1 1
(a) un = 1 + + · · · + n−1 ; v1 = 1, v2 = 2,
(b) vn :
2 2 vn+2 = vn +v2 n+1 .
6. Indique quais das sucessões do exercício 1 são majoradas, minoradas e limitadas, indicando, se
possível, o supremo, ínmo, máximo e mínimo.
n+1 n!
(a) sn = ; (d) vn = ;
2n + 4 nn
√ √ 1 1 1
(b) tn = n + 1 − n; (e) xn = 1 + 1 + + + · · · + ;
2 3! n!
n y1 = 1,
(c) un = ; (f) yn : 1
2n yn+1 = 1+y n
.
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 1
2n + 3
p
(d) n(n − 1) ;
p
(a) lim ; lim n(n + 1) −
n→+∞ 3n − 1 n→+∞
n2 − 1 2n + 1
(b) lim ; (e) lim ;
n→+∞ n4 + 3 n→+∞ 2n − 1
√
n2 + 7n − 1 32n + 4n+1
(c) lim ; (f) lim .
n→+∞ n+2 n→+∞ 5n − 22n
n→+∞ 2n + 3
(d) lim nn (1 + n2 )− 2 .
n→+∞
n + sen(n)
(e) lim ;
n→+∞ n
√
(f) lim n 3n + 5n .
n→+∞
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 1
Soluções
√ √ √ √
p q p q p
u3 = 23 , u4 = 58 , u5 = 35 ; (f) u1 = 1, u2 = 3, u3 = 2 + 3, u4 = 2 + 2 + 3, u5 = 2 + 2 + 2 + 3.
2: (a) un = 3n − 1; (b) un = 21n ; (c) un = (−1)n−1 n12 ; (d) un = 5n−2
4n+3
; (e) u1 = 1, u2 = 2, un+2 = un+1 + un ;
n+(−1)n
(f) un = n
. 4: (a) S10 = 100; (b) S10 = 3 − 39 = 19683 ; (c) S10 = 0; (d) S10 = 130
1 59048
3
. 5 (a) S5 = 129
16
; (b)
S5 = 8 . 6: (a) 0 ≤ u2k−1 < 1, 1 < u2k ≤ 2 ⇒ 0 ≤ un ≤ 2 ; (b) 1 ≤ vn < 2; (c) Não é majorada nem minorada;
63 3 3
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Capítulo 2
Séries Numéricas
Neste capítulo vamos considerar somas de termos de sucessões, as quais se designam por séries. No
entanto, é habitual designar as séries nitas por somatórios, deixando-se a designação de séries para as
somas innitas.
2.1 Somatórios
Os somatórios surgem como uma necessidade de simplicação da escrita de somas de termos de uma
sucessão.
Proposição 2.1.1. Sejam uk e vk sucessões de termos reais e c ∈ R. Então são válidas as propri-
edades seguintes:
38
CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
(1) Aditiva
n
X n
X n
X
(uk + vk ) = uk + vk ;
k=1 k=1 k=1
(2) Homogénea
n
X n
X
(c uk ) = c uk ;
k=1 k=1
(3) Telescópica
n
X
(uk − uk−1 ) = un − u0 .
k=1
A noção de série numérica innita é introduzida para permitir a generalização do conceito de somatório
com uma innidade de parcelas numéricas.
Denição 2.2.1 (Série numérica). Seja un uma sucessão numérica. Designa-se por série numérica
innita ao par formado pela sucessão un :
u1 , u2 , . . . , un , . . .
O limite inferior da série poderá ser qualquer outro número natural e, em muitas situações, poderá ser 0.
Por norma, o limite inferior é o menor inteiro não negativo, a partir do qual, o termo geral da sucessão
está denido em R. Para simplicarmos a escrita, iremos designar toda a série numérica innita apenas
por série.
Denição 2.2.2 (Convergência). Seja un uma série e Sn a sucessão das suas somas parciais.
P
A convergência de uma série reduz-se, portanto, à convergência da sucessão das somas parciais. No caso
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
lim Sn = S.
n−→+∞
Denição 2.2.3 (Série nita). Uma série nita é uma série (innita), digamos un , com os termos
P
quase todos nulos, isto é, para a qual:
∃ p ∈ N : n > p ⇒ un = 0.
Proposição 2.2.1. Toda a série nita é convergente e, no caso do exemplo da Denição 2.2.3, a
soma da série é dada por:
Xp
S= un = u1 + u2 + · · · + up .
n=1
+∞
X
(∃ p ∈ N : n > p ⇒ un = 0) ⇒ un = u1 + u2 + · · · + up −→ u1 + u2 + · · · + up = S
n=1
e, portanto, S ∈ R.
Denição 2.2.4 (Série geométrica). Designa-se por série geométrica toda a série da forma:
+∞
X
xn = 1 + x + x2 + · · · + xn + · · · ;
n=0
é convergente para |x| < 1 e divergente para |x| ≥ 1. Mais, no caso em que é convergente, a sua
soma é dada por:
1
S= .
1−x
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
Demonstração: Comecemos por observar que a sucessão das somas parciais é dada por
Sn = 1 + x + x2 + · · · + xn .
Sn = 1 + 1 + 1 + · · · + 1 = n + 1 −→ +∞.
Exemplo 2.2.1. Vericar que a série seguinte é convergente e calcular a sua soma:
+∞
X 1
.
n=0
3n
Resolução:
P+∞ P+∞ n
Como n=0 31n = n=0 13 é uma série geométrica de razão r = 1
3 < 1, a série é
convergente. Assim sendo, a sua some é dada por
1 3
S= 1 = .
1− 3
2
Denição 2.2.5 (Série redutível). Designa-se por série redutível a toda a série da forma:
+∞
X
(un − un+1 ) .
n=1
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
Esta série é comummente conhecida por série de Mengoli1 , ou ainda por série telescópica.
Proposição 2.2.3. A série de Mengoli (un − un+1 ) é convergente se a sucessão un for conver-
P
gente. É divergente, se o limite de un não existe (ou não é nito). No caso em que é convergente,
a soma é dada por:
S = u1 − lim un+1 .
n−→+∞
Logo
S = lim Sn = u1 − lim un+1
n→+∞ n−→+∞
Dado p ∈ N arbitrário, podemos considerar a série de Mengoli numa forma mais geral:
+∞
X
(un − un+p ) .
n=1
Por um raciocínio indutivo, podemos estender o resultado da proposição anterior a toda a série de Mengoli
desta forma. Assim, a série (un − un+p ) é convergente, se a sucessão un for convergente e divergente
P
se o limite de un não existir. Mais, no caso de convergir, a soma é dada por:
p
X
S= uk − lim un+k = u1 + u2 + · · · + up − lim (un+1 + un+2 + · · · + un+p )
n−→+∞ n−→+∞
k=1
= u1 + u2 + · · · + up − p lim un .
n−→+∞
Exemplo 2.2.2. Mostrar que a série seguinte é convergente e calcular a sua soma:
+∞
X 1
.
n=2
n(n − 1)
Resolução: Pelo método dos coecientes indeterminados, podemos ver facilmente que
1 1 1
= − .
n(n − 1) n−1 n
Então, a sucessão das somas parciais pode-se simplicar do modo seguinte (para n ≥ 2):
1 1 1 1 1 1 1
Sn = 1 − + − + ··· + − + −
2 2 3 n−2 n−1 n−1 n
1
=1 − −→ 1, quando n → +∞ .
n
Deste modo, a série dada é convergente e a sua soma é S = 1 .
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
Na maior parte dos casos em estudo, não é possível calcular a soma das séries convergentes. Por isso,
o nosso estudo sobre as séries irá centrar-se essencialmente na natureza das séries, isto é, em saber se
determinada série é convergente ou divergente.
Demonstração: A demonstração usa o conceito de sucessão de Cauchy que, comoP vimos no capítulo
anterior, é equivalente ao conceito de sucessão convergente. Portanto, dizer que a série un é convergente
equivale a armar que a sucessão das somas parciais Sn é convergente, o que, por sua vez, equivale a
dizer que Sn é uma sucessão de Cauchy e esta última é equivalente à armação (2.3.1).
Denição 2.3.1 (Série harmónica). Designa-se por série harmónica, à série seguinte:
+∞
X 1 1 1 1
= 1 + + + ··· + + ··· .
n=1
n 2 3 n
Uma consequência imediata do Critério Geral de Cauchy, é o resultado seguinte que, por vezes, é muito
útil para mostrar a divergência de uma série.
BQ EA EB 43
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
Na prática, o mais importante do resultado exposto na proposição anterior, é a informação que nos é
dada pela sua contra-recíproca:
se un 9 0, então un é divergente.
P
Observe-se que se un −→ 0, nada podemos inferir sobre a natureza da série. Vejam-se os exemplos
da série geométrica do Exemplo 2.2.1 e da série harmónica (Exemplo 2.3.1), cujos termos gerais ambos
tendem para 0 e somente a série geométrica é convergente.
Resolução: Mostremos que se trata de uma série divergente. Para tal, denamos un = n!
2n e
calculemos limn→+∞ un . Temos:
1√
r
(n + 1)! n n! n
= n + 1 −→ +∞ ⇒ = n! −→ +∞ .
n! 2n 2
Daqui podemos inferir que
r
n! n!
> 2 ⇒ n > 2n −→ +∞
n
∃ p0 ∈ N : n > p0 ⇒ ⇒ lim un = +∞ .
2n 2 n→+∞
De modo análogo, sendo c ∈ R arbitrário e Snc u a sucessão das somas parciais da série (c un ), temos
P
Snc u = c u1 + c u2 + · · · + c un = c (u1 + u2 + · · · + un ) → c Su .
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
Resolução: Começando por usar a propriedade aditiva das séries, podemos escrever
+∞ n+1 +∞ +∞ +∞ n +∞ n−1
X 2 + 3n−1 X 2n+1 X 3n−1 X 1 1X 1
= + = 2 +
n=1
6n n=1
6n n=1
6n n=1
3 6 n=1 2
+∞ n +∞ n
2X 1 1X 1 2 1 1 1 1 4
= + = 1 + 1 =1+ = .
3 n=0 3 6 n=0 2 31− 3 61− 2 3 3
Observe-se que este raciocínio é possível, porque as duas séries obtidas são geométricas de razões
r = 13 < 1 e r = 12 < 1, respectivamente, logo convergentes.
Como consequência da proposição anterior, temos o resultado enunciado a seguir que poderá ser utilizado
para estabelecer a divergência de uma série.
Proposição 2.3.5. Sejam un uma série convergente e vn uma série divergente. Então a série
P P
(un + vn ) é divergente.
P
A proposição seguinte mostra-nos que séries praticamente iguais têm a mesma natureza.
∃ k ∈ Z : vn = un+k . (2.3.2)
BQ EA EB 45
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
Demonstração: Sejam SPn e Sn as sucessões das somas parciais das séries un e vn , respectivamente.
u v
P P
Suponhamos que a série un era convergente. Então, pelo Critério Geral de Cauchy,
u
∀ ε > 0 ∃ p ∈ N : m, n > p ⇒ |Sm − Snu | < ε. (2.3.3)
Então, por (2.3.2) e (2.3.3), tem-se
v
m, n > p ⇒ |Sm − Snv | = |Sm+k
u u
− Sn+k | < ε.
Logo, pelo Critério Geral de Cauchy, vn é convergente.
P
De forma análoga se prova que, nas condições de (2.3.2), se un é divergente, então vn também é
P P
divergente.
+∞ +∞ +∞ +∞
X 1 X 1 X 1 X 1
(a) n
e ; (b) e .
n=0
2 n=0
2n−1 n=1
n n=0
n + 2
+∞ +∞ +∞ +∞ +∞
X 1 X 1 X 1 X 1 X 1
(a) =2 ; (b) = = − 1;
n=0
2n−1 n=0
2n
n=0
n + 2 n=2
n n=1
n
pelo que as séries indicadas têm a mesma natureza, sendo convergentes em (a), porque se tratam
de séries geométricas de razão r = 21 < 1, e divergentes em (b), já que são séries harmónicas.
As séries de termos não negativos convêm ser estudadas em separado, uma vez que, neste caso, é mais
fácil estabelecer critérios de convergência. Começamos por observar que, para estas séries, podemos
obter um critério de convergência mais fraco do que o enunciado na Proposição 2.3.1.
Proposição 2.4.1. Seja un uma série de termos não negativos e Sn a respectiva sucessão das
P
somas parciais. Então un é convergente se e só se Sn for limitada.
P
Demonstração: Suponhamos que un é uma série convergente. Então a respectiva sucessão das somas
P
parciais Sn é convergente, logo limitada.
Reciprocamente, suponhamos que Sn é uma sucessão limitada. Como un é uma série de termos não
P
negativos, tem-se que un ≥ 0 para todo n ∈ N. Assim,
Sn+1 = u1 + · · · + un + un+1 = Sn + un+1 ≥ Sn ,
pelo que Sn é uma sucessão monótona crescente. Então, sendo monótona e limitada, Sn é convergente e
tem-se
S = lim Sn = sup{Sn : n ∈ N}.
n→+∞
Portanto, a série un é convergente.
P
Como estamos a considerar séries de termos não negativos, podemos dizer que qualquer destas séries
divergente tende automaticamente para +∞.
BQ EA EB 46
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
Exemplo 2.4.1. Usando a proposição anterior, mostrar que a série seguinte é convergente:
+∞
X 1
.
n=0
n!
Resolução: Considerando a sucessão das somas parciais desta série, observando que para todo
n ≥ 2 se tem n ≤ 2 e usando a soma da progressão geométrica, obtemos:
1 1
1 1 1 1 1
Sn =1 + + + + + ··· +
1 2×1 3×2×1 4×3×2×1 n!
1 1 1 1
≤1 + 1 + + + + ··· +
2 2×2 2×2×2 2 × 2 × 2 × ··· × 2
1
1 1 1 1 1 1 − 2n−1 1
=2 + + 2 + 3 + · · · + n−1 = 2 + 1 = 3 − n−1 < 3 ∀ n ∈ N .
2 2 2 2 2 1− 2 2
Temos, portanto, que 2 ≤ Sn < 3 para todo n ∈ N, pelo que Sn é limitada. Logo, pela proposição
anterior, a série dada é convergente.
Demonstração: Sejam Snu e Snv as sucessões das somas parciais de duas séries, un e vn , de termos
P P
não negativos e suponhamos que
∃ p ∈ N : n > p ⇒ un ≤ vn . (2.4.4)
(1) Se vn é convergente, tem-se, pelo facto de vn ser uma série de termos não negativos, que Snv é
P P
crescente e
S v = lim Snv = sup{Snv : n ∈ N} < +∞. (2.4.5)
n→+∞
Por outro lado, pelo facto de un também ser uma série de termos não negativos e por (2.4.4) e (2.4.5),
P
tem-se para todo n > p
0 ≤ Snu = u1 + · · · + up + up+1 + · · · + un ≤ u1 + · · · + up + vp+1 + · · · + vn
≤ u1 + · · · + up + (v1 + · · · + vp + vp+1 + · · · + vn ) = u1 + · · · + up + Snv
≤ u1 + · · · + up + S v .
Portanto, Snu é uma sucessão limitada e, pela proposição anterior, concluímos que un é convergente.
P
(2) Suponhamos, agora, que un é divergente. Então, sendo un uma série de termos não negativos,
P P
Snu é crescente e
S u = lim Snu = sup{Snu : n ∈ N} = +∞. (2.4.6)
n→+∞
Então, usando o facto de vn também ser uma série de termos não negativos, (2.4.4) e (2.4.6), temos
P
Snv = v1 + · · · + vp + vp+1 + · · · + vn
≥ v1 + · · · + vp + up+1 + · · · + un = v1 + · · · + vp + Snu − (u1 + · · · + up )
−→ v1 + · · · + vp + ∞ − (u1 + · · · + up ) = +∞.
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
Exemplo 2.4.2. Usando a proposição anterior, mostre que as séries seguintes são, respectivamente,
convergente e divergente:
+∞ +∞
X 1 X 1
(a) n
; (b) √ .
n=1
n n=1
n
O Critério Geral de Comparação permite-nos obter um resultado de mais simples aplicação, que enun-
ciamos na proposição seguinte.
Proposição 2.4.3 (Critério de Comparação). Sejam un uma série de termos não negativos e
P
vn uma série de termos positivos tais que
P
un
lim = L. (2.4.7)
n−→+∞ vn
Se 0 < L < +∞, então as séries un e vn têm a mesma natureza, isto é, são ambas convergentes
P P
ou ambas divergentes.
∃ p ∈ N : n > p ⇒ un ≤ vn .
∃ p ∈ N : n > p ⇒ un ≥ vn ,
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
Exemplo 2.4.3. Usar o resultado anterior para mostrar que as séries seguintes são, respectiva-
mente, divergente e convergente:
∞ ∞
X 1 X 1
(a) ; (b) .
n=1
2n − 1 n=1
n2
A parte mais difícil de aplicação do Critério de Comparação, reside na escolha da série com que comparar.
A classe de séries seguinte, conhecida por série de Dirichlet2 , permite-nos escolher séries relativamente
simples com que comparar.
Exemplo 2.4.4 (Série de Dirichlet). Designa-se por série de Dirichlet toda a série da forma:
+∞
X 1 1 1 1
α
= 1 + α + α + ··· + α + ··· ;
n=1
n 2 3 n
onde α é um real.
Observemos que a série harmónica, referida no Exemplo 2.3.1, é um caso particular da série de Dirichlet
com α = 1.
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
2n+1 − 1 > n ∀ n ∈ N.
Temos então, pelo exposto acima e pelo facto de nα ser uma série de termos positivos, que
P 1
2 n
1 1 1
0 < Sn < S2n+1 −1 ≤ 1 + + + ··· + ··· +
2α−1 2α−1 2α−1
+∞ n 1
n
X 1 1 − 2α−1 2α−1
< = lim 1 = .
n=0
2α−1 n→+∞ 1 − α−1
2
2α−1 −1
P 1 n
As últimas igualdades resultam do facto de 2α−1 ser uma série geométrica convergente, pois α > 1
implica que 2α−1
1
< 1. Assim, neste caso, a série de Dirichlet é limitada e, tratando-se de uma série de
termos positivos, é convergente.
Pela sua simplicidade no cálculo de limites, utilizam-se muitas vezes as séries de Dirichlet no Critério de
Comparação (Proposição 2.4.3).
Proposição 2.4.5 (Comparação com as séries de Dirichlet). Seja un uma série de termos não
P
negativos.
Exemplo 2.4.5. Usando a proposição anterior, mostrar que as séries seguintes são, respectiva-
mente, convergente e divergente:
+∞ √ +∞ √
X n X n+1
(a) 2+1
; (b) .
n=1
n n=1
n
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Em muitas situações de aplicação prática torna-se muito complicado utilizar o Critério de Comparação.
Nesses casos, podemos recorrer a um dos dois critérios que enunciamos a seguir e cuja aplicação é mais
fácil. O primeiro, é o designado Critério da Razão e que se deve a D'Alembert3
Proposição 2.4.6 (Critério da Razão - D'Alembert). Seja un uma série de termos positivos.
P
(1) Se
un+1
lim sup < 1, (2.4.8)
n−→+∞ un
(2) Se
un+1
∃p∈N:n>p⇒ ≥ 1, (2.4.9)
un
então a série un é divergente.
P
Logo
un+1 un+1 un
∃p∈N:n>p⇒ < r ⇔ n+1 < n ,
un r r
o que quer dizer que a sucessão un
rn é monótona decrescente. Isto implica que
un up∗
∃ p∗ ∈ N : n > p∗ ⇒ < C ⇔ un ≤ Crn , com C = .
rn r p∗
Ora, r é uma série geométrica
P convergente, pois r < 1 por hipótese, pelo que, usando o Critério
P n
Geral de Comparação, a série un também é convergente.
(2) Se (2.4.9) é vericada, então un é uma sucessão monótona crescente a partirPda ordem p. Logo, como
un é uma série de termos positivos, teremos que un 9 0. Portanto, a série un é divergente.
P
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
Exemplo 2.4.6. Usando a proposição anterior, mostrar que as séries seguintes são, respectiva-
mente, convergente e divergente:
+∞ 2 +∞
X n X n!
(a) ; (b) .
n=1
2n n=1
3 n
Proposição 2.4.7 (Critério da Raiz - Cauchy). Seja un uma série de termos não negativos.
P
(1) Se
√
lim sup n
un < 1 , (2.4.10)
n−→+∞
(2) Se
√
lim sup n
un > 1 , (2.4.11)
n−→+∞
o que implica
√
∃p∈N:n>p ⇒ n
un ≤ r ⇒ un ≤ rn .
Como rn é P
uma série geométrica convergente, pois r < 1 por hipótese, pelo Critério Geral de Compa-
P
ração, a série un também é convergente.
(2) Se se verica (2.4.11), então
√
∃p∈N:n>p ⇒ n
un > 1 ⇒ un > 1.
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
Assim, dado que un é uma série de termos não negativos, a sucessão un não tende para 0, pelo que
P
un é divergente.
P
Exemplo 2.4.7. Usando a proposição anterior, mostre que as séries seguintes são, respectivamente,
convergente e divergente:
+∞ 2
+∞ n
X 1 n+1
(a) ;
X
(b) .
n=1
(n + 1)n n
n=1
Como se observa das respectivas demonstrações, os dois critérios anteriores são consequências do Critério
Geral de Comparação, tal como o Critério de Comparação. O Critério da Razão e o Critério da
Raiz tornam o estudo da natureza das séries de termos não negativos mais simples. No entanto, o preço
a pagar por esta simplicação no estudo, é que, em ambos os critérios, nada se pode concluir se
L = 1.
Até agora, temos estado a estudar essencialmente séries de termos não negativos. Agora queremos
analisar séries cujos termos possam ser positivos ou negativos. De entre estas, têm particular interesse
as séries de termos alternados.
Denição 2.5.1 (Série alternada). Uma série diz-se alternada, se for possível escrevê-la da forma
seguinte:
+∞
X
(−1)n un = −u1 + u2 − u3 + · · · + (−1)n un + . . . ;
n=1
Observemos que as séries alternadas, como o próprio nome indica, também poderão vir escritas da forma
seguinte:
+∞
X
(−1)n−1 un = u1 − u2 + u3 − · · · + (−1)n−1 un + . . . .
n=1
4 Gottfried von Leibniz (1646-1716), advogado, lósofo e matemático, natural de Leipzig, Alemanha.
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
Proposição 2.5.1 (Critério de Leibniz). Suponhamos que un é uma sucessão monótona decrescente
para 0, isto é:
(1) lim un = 0;
n−→+∞
(2) u1 ≥ u2 ≥ u3 ≥ · · · ≥ un ≥ . . . .
= u2n+2 − u2n+1 ≤ 0
e
S2(n+1)−1 − S2n−1 = −u1 + u2 − u3 + · · · + (−1)n un + (−1)n+1 un+1 + · · · − u2n−1 + u2n − u2n+1
− −u1 + u2 − u3 + · · · + (−1)n un + (−1)n+1 un+1 + · · · − u2n−1
= u2n − u2n+1 ≥ 0.
Por outro lado, S2n−1 ≤ S2n para todo n ∈ N, pois, sendo un uma sucessão monótona decrescente para
0, temos
S2n−1 − S2n = −u1 + u2 − u3 + · · · + (−1)n un + (−1)n+1 un+1 + · · · − u2n−1
− −u1 + u2 − u3 + · · · + (−1)n un + (−1)n+1 un+1 + · · · − u2n−1 + u2n
= −u2n ≤ 0.
Pelo exposto acima, temos
S1 ≤ S3 ≤ · · · ≤ S2n−1 ≤ S2n ≤ · · · ≤ S4 ≤ S2 .
Acabamos de provar então que S2n e S2n−1 são sucessões monótonas e limitadas, logo convergentes.
Finalmente, tal como vimos acima e usando o facto de un → 0, temos
S2n − S2n−1 = u2n → 0.
Assim,
∃ S ∈ R : lim S2n = S = lim S2n−1 ⇒ lim Sn = S,
n→+∞ n→+∞ n→+∞
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Resolução:
P+∞ n P+∞
Comecemos por escrever n=1 (−1) n = n=1 (−1)n un , onde un = n.
1
Facilmente,
vemos que as condições do Critério de Leibniz são satisfeitas:
1
(1) lim un = lim = 0;
n→+∞ n→+∞ n
1
un+1 n+1 n 1
(2) = 1 = =1− < 1 ∀ n ∈ N.
un n
n+1 n+1
Observe-se que a condição de monotonia decrescente enunciada no Critério de Leibniz é necessária para
a convergência simples de uma série alternada, come se verica no exemplo seguinte.
Exemplo 2.5.2. Mostrar que o termo geral da série alternada seguinte não é monótono e, apesar
de tender para zero, a série é divergente:
1
+∞
X u2n = 2n
(−1)n un , onde un :
u 1
n=2 2n−1 = (2n−1)2 .
pelo que un tende para zero, mas é monótona crescente. Suponhamos, com vista a um absurdo, que
a série dada era convergente. Teríamos, então, para a sucessão das somas parciais de ordem par da
série dada,
1 1 1 1 1 1
S2n = − + − + + ··· − +
9 4 25 6 (2n − 1)2 2n
1 1 1 1 1 1
=− + + ··· + + + + · · · +
9 25 (2n − 1)2 4 6 2n
= : −An + Bn .
P+∞
Observe-se que, sendo a série n=2 (2n−1)1
2 convergente (usar, por exemplo, o Critério da Razão
(Proposição 2.4.6)), pela Denição 2.2.2, a sucessão An é convergente. Então, da igualdade acima,
a sucessão Bn também seria convergente. Ora, isto é absurdo já que Bn é a sucessão das somas
parciais da série harmónica, a qual sabemos ser divergente (ver Proposição 2.3.2).
No entanto, sózinha, a monotonia decrescente do termo geral não é suciente para uma série alternada
ser convergente, como mostra o exemplo seguinte.
+∞
n
Exemplo 2.5.3.
X
Mostrar que, apesar do termo geral da série alternada (−1)n ser
n=2
n−1
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n
Resolução: O termo geral da série alternada, digamos un = , é uma sucessão monótona
n−1
decrescente, pois
n+1
un+1 n 1 1 1
= n = 1− 1+ = 1 − 2 < 1 ∀ n ≥ 2.
un n−1 n n n
Para outras séries de termos positivos e negativos, que não as alternadas, torna-se mais complicado
encontrar critérios de convergência. Contudo, para algumas destas séries, podemos ainda usar o resultado
seguinte.
Proposição 2.5.2 (Critério de Dirichlet). Seja un uma série cuja sucessão das somas parciais,
P
digamos Snu , é limitada e seja vn uma sucessão monótona decrescente para 0, isto é:
(3) lim vn = 0.
n−→+∞
un = Snu − Sn−1
u
∀ n ∈ N.
Usando o facto de que Snu é uma sucessão limitada e de que vn uma sucessão monótona decrescente,
temos
uv
|Sm − Snu v | ≤ [vn+1 C + (vn+1 − vn+2 )C + · · · + (vm−1 − vm )C + vm C] = 2vn+1 C.
Como vn → 0, a quantidade P uv
|Sm − Snu v | será tão pequena quanto se queira. Desde modo, Snu v é uma
sucessão de Cauchy e a série un vn é convergente.
Observemos que o Critério de Leibniz pode, facilmente, ser demonstrado a partir do Critério de Dirichlet.
Exemplo 2.5.4. Usar o Critério de Dirichlet para justicar que a série seguinte é convergente:
+∞
X cos(n)
.
n=1
n
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Resolução: Sejam
1
vn = e Sn = cos(1) + cos(2) + · · · + cos(n − 1) + cos(n) .
n
Pelo Exemplo 2.5.1 sabemos que vn é monótona decrescente para 0. Mostremos agora que Sn é
uma sucessão limitada. Usando a fórmula trigonométrica
1
sen(α) cos(β) = [ sen(α + β) + sen(α − β)] ,
2
temos:
1 1 1 1 1
sen Sn = sen cos(1) + sen cos(2) + · · · + sen cos(n − 1) + sen cos(n)
2 2 2 2 2
1 1 1 1 1 1
= sen + 1 + sen −1 + sen + 2 + sen − 2 + ···+
2 2 2 2 2 2
1 1 1 1 1 1
sen + n − 1 + sen − (n − 1) + sen + n + sen −n
2 2 2 2 2 2
1 3 1 1 5 3
= sen − sen + sen − sen + ···+
2 2 2 2 2 2
1 1 3 1 1 1
sen n − − sen n − + sen n + − sen n −
2 2 2 2 2 2
1 1 1
= sen n + − sen
2 2 2
A convergência absoluta das séries está relacionada com a convergência da série dos módulos. Então,
muitos dos resultados para o estudo das séries de termos não negativos poderão ser aplicados para estudar
a convergência absoluta.
Resolução: Já vimos no Exemplo 2.5.1 que esta série é convergente. Mostremos, então, que a
série não é absolutamente convergente. De facto a série dos módulos é a série harmónica, que é
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
divergente:
+∞ +∞
X (−1)n X 1
n = .
n=1 n=1
n
O conceito de convergência absoluta é mais forte do que o de convergência simples, pelo que a pri-
meira implica a segunda. Mas, como mostra o exemplo anterior, existem séries que são (simplesmente)
convergentes e, por conseguinte, não são absolutamente convergentes.
X+∞ X +∞
un ≤ |un |.
n=1 n=1
Então, designando por Snu a sucessão das somas parciais da série un , tem-se
P
u
∀ ε > 0 ∃ p ∈ N : n > p ⇒ |Sn+k − Snu | = |un+1 + un+2 + · · · + un+k |
≤ |un+1 | + |un+2 | + · · · + |un+k | < ε.
Portanto, Snu é uma sucessão de Cauchy e a série un é convergente. Por outro lado, usando a conti-
P
nuidade da função módulo,
k
X+∞ Xk X X k +∞
X
u = lim u = lim u ≤ lim |u | = |un |,
n n n n
k→+∞ k→+∞ k→+∞
n=1 n=1 n=1 n=1 n=1
Resolução: Comecemos por analisar a convergência absoluta. Para tal, consideramos a série dos
módulos:
+∞ +∞
X sen(n) X | sen(n)|
n2 = .
n=1 n=1
n2
Como
+∞
| sen(n)| 1 X 1
≤ 2 ∀n∈N e é convergente (série de Dirichlet com α = 2 > 1) ,
n2 n n=1
n 2
pelo Critério Geral de Comparação a série dos módulos é convergente. Por consequência a série
dada é absolutamente convergente.
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
Pela Proposição 2.6.1, o estudo da convergência de grande parte das séries numéricas irá reduzir-se ao
estudo da convergência de séries de termos não negativos. Deste modo, convém adaptar os Critérios de
Comparação, da Razão e da Raiz para o estudo da convergência absoluta.
Proposição 2.6.2 (Critério de Comparação). Sejam un uma série qualquer e vn uma série
P P
de termos positivos tais que
|un |
lim = L.
n−→+∞ vn
Repare-se que não faz nenhum sentido fazer uma comparação da divergência da série vn com a de
P
un .
P
Proposição 2.6.3 (Critério da Razão - D'Alembert). Seja un uma série de termos não nulos.
P
(1) Se
un+1
lim sup
< 1,
n−→+∞ un
então a série un é absolutamente convergente.
P
(2) Se
un+1
∃p∈N:n>p⇒
≥ 1,
un
então a série un é divergente.
P
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
Exemplo 2.6.4. Usando o critério anterior, estude a série seguinte quanto à convergência absoluta:
+∞
X n2
(−1)n .
n=1
1 + n2
Resolução:
2
Seja un = (−1)n 1+n
n
2 . Como
(n+1)2
un+1 (−1)n+1 1+(n+1)2 1 + n2 (n + 1)2
un = (−1)n n2
=
1+n2
n2 1 + (n + 1)2
1 1 1 + 2n
= 1+ 2 1− 2
=1+ 2 > 1 ∀ n ∈ N,
n 1 + (n + 1) n [1 + (n + 1)2 ]
pelo Critério da Razão a série dos módulos é divergente. Por consequência, a série dada não
é absolutamente convergente. Também não converge simplesmente, porque, quando n → +∞,
un → −1 se n é ímpar e un → 1 se n é par, o que contraria a Proposição 2.3.3.
(1) Se p
n
lim sup |un | < 1 ,
n−→+∞
(2) Se p
n
lim sup |un | > 1 ,
n−→+∞
Exemplo 2.6.5. Usando o critério anterior, estude a série seguinte quanto à convergência absoluta:
+∞ n
X 2n + 100
(−1)n .
n=1
3n + 1
n
2n + 100
Resolução: Sendo un = (−1)n , temos:
3n + 1
s n
p 2n + 100
lim n
|un | = lim n (−1)n
n→+∞ n→+∞ 3n + 1
s n
n 2n + 100 2n + 100 2
= lim = lim = < 1.
n→+∞ 3n + 1 n→+∞ 3n + 1 3
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
Observemos que, tal como no caso da convergência simples, nada se pode concluir se L = 1 nas Propo-
sições 2.6.3 e 2.6.4.
Na grande maioria das situações, os critérios de convergência expostos nas secções anteriores são suci-
entes para o estudo da natureza das séries. No entanto, existem situações em que a aplicação de qualquer
um destes critérios é inconclusiva para se aferir a natureza de uma série. Isto acontece, em particular,
quando na aplicação do Critério da Razão ou do Critério da Raiz obtemos L = 1, tal como acontece no
exemplo seguinte.
Exemplo 2.7.1. Verique que, para a série seguinte, a aplicação do Critério da Razão (ou do
Critério da Raiz) não permite tirar nenhuma conclusão quanto à sua natureza:
+∞ n
X e n!
.
n=1
nn
Assim, o Critério da Raiz não permite discernir qual a natureza desta série.
Nesta secção, vamos falar de um critério muito geral, conhecido por Critério de Kummer5 , que nos
permite saber a natureza de uma série quando todos os critérios anteriores são inconclusivos.
+∞
Proposição 2.7.1 (Critério de Kummer).
X
Sejam un uma série qualquer e vn uma sucessão de
n=1
termos positivos tais que
un
− vn+1 ≤ lim sup vn un − vn+1 := L. (2.7.12)
l := lim inf vn
n→∞ un+1 n→∞
un+1
+∞
X
(1) Se l > 0, então a série un é absolutamente convergente.
n=1
+∞ +∞
X 1 X
(2) Se L < 0 e é divergente, então a série un é divergente.
v
n=1 n n=1
5 Ernst Kummer (1810-1893), matemático natural de Sorau (na então Prússia), actual ary na Polónia.
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
Demonstração: Para mostrar (1), começamos por observar que, se a condição (2.7.12) é vericada para
l > 0, então existe uma constante C > 0 tal que
un
∃ p ∈ N : n > p ⇒ vn − vn+1 ≥ C ⇔ C|un+1 | ≤ vn |un | − vn+1 |un+1 |.
un+1
P+∞
Daqui resulta que a sucessão Sn das somas parciais da série n=1 |un | é lmitada, pois
n p
X X 1
Sn = |uk | ≤ |uk | + (vp |up | − vn |un |) .
C
k=1 k=1
P+∞
Por consequência da Proposição 2.4.1, a série n=1 |un | é convergente.
No caso de (2), resulta também de (2.7.12) que
un
∃ q ∈ N : n > q ⇒ vn
− vn+1 ≤ 0 ⇔ vn |un | − vn+1 |un+1 | ≤ 0.
un+1
Apesar de ser um resultado muito geral que permite descortinar a natureza de uma vasta gama de séries
numéricas, na prática a sua utilização é difícil. Isto aconrtece, porque a escolha da sucessão vn tem de
ser feita do modo adequado ao que se pretende mostrar, o que na grande maioria das situações não é
trivial.
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
Na literatura mais especíca sobre séries numéricas, existem outros critérios mais simples de aplicar, mas
que, em rigor, são casos particulares do Critério de Kummer. Na proposição seguinte, abordamos um
dos mais usados quando nos deparamos com situações inconclusivas por aplicação de algum dos critérios
das secções anteriores, conhecido por Critério de Raabe6 .
+∞
Proposição 2.7.2 (Critério de Raabe).
X
Seja un uma série qualquer.
n=1
+∞
un X
(1) Se lim inf n − 1 > 1, então a série un é absolutamente convergente.
n→+∞ un+1 n=1
+∞
un X
(2) Se lim sup n
− 1 < 1, então a série un é divergente.
n→+∞ un+1 n=1
Oberve-se que, tal como os Critérios da Razão e da Raiz, o Critério de Raabe também é inconclusivo no
caso de L = 1. Contudo, o Critério de Raabe permite resolver muitos mais casos que os outros dois.
Exemplo 2.7.3. Verique que o Critério da Razão não é útil para estudar a convergência da série
seguinte:
+∞
X 1 · 3 · · · (2n − 1)
.
n=1
2 · 4 · · · (2n)
Use o Critério de Raabe para indagar da sua natureza.
Resolução: Denindo
1 · 3 · · · (2n − 1)
un = ,
2 · 4 · · · (2n)
temos
1·3···(2n−1)(2n+1)
un+1 2·4···(2n)(2n+2) 2n + 1
lim = lim 1·3···(2n−1)
= lim = 1.
n→+∞ un n→+∞ n→+∞ 2n + 2
2·4···(2n)
Pelo que o Critério da Razão nada permite concluir sobre a natureza da série. No entanto,
un
lim n − 1 = lim n 2n + 2 − 1 = lim n 1
= .
n→∞ un+1 n→+∞ 2n + 1 n→+∞ 2n + 1 2
Mais adiante, vamos ver outro critério para analisar a natureza de algumas séries a partir de integrais
impróprios de primeira espécie.
6 Joseph Raabe (1801-1859), matemático natural de Brody (no então Império Austro-Húngaro), actual Ucrânia.
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
O produto de séries é uma matéria, que apesar de não ser desenvolvida por muitos autores, tem uma
importância fulcral em vários processos demonstrativos.
DeniçãoP2.8.1.
P+∞ P+∞
Sejam k=0 ak e m=0 bm duas séries numéricas. Dene-se o produto de Cauchy
+∞ +∞
das séries k=0 ak e m=0 bm da seguinte forma:
P
+∞
X +∞
X +∞
X n
X
ak × bm = cn , onde cn = ai bn−i . (2.8.13)
k=0 m=0 n=0 i=0
Em alguns casos, como mostra o exemplo seguinte, algumas séries numéricas, com as quais já trabalha-
mos, resultam de produtos de Cauchy especícos.
+∞
!2
X 1
.
n=0
n!
Resolução:
P+∞
O produto de Cauchy da série 1
n=0 n! por ela própria é denido por
+∞
!2 +∞ n
X 1 X X 1 1
= cn , onde cn = · .
n=0
n! n=0 i=0
i! (n − i)!
Então,
+∞
!2 +∞ n
X 1 X 2
= .
n=0
n! n=0
n!
O resultado seguinte, conhecido por Teorema de Mertens7 , dá-nos um critério de convergência para o
produto de Cauchy de duas séries.
Proposição 2.8.1 (Critério de Mertens). Sejam k=0 ak e m=0 bm duas séries de termos não
P+∞ P+∞
P+∞ P+∞
negativos, convergentes para A e B , respectivamente. Se uma das séries, k=0 ak ou m=0 bm ,
converge absolutamente, então o produto de Cauchy (2.8.13) destas séries também converge e tem
soma AB .
Demonstração:
P+∞
Sem perda de generalidade, suponhamos que a série k=0 ak converge absolutamente
+∞
e que a série m=0 bm apenas converge simplesmente. Consideremos as somas parciais
P
n
X n
X n
X
An = ai , Bn = bi , Cn = ci ,
i=0 i=0 i=0
7 Franz Carl Joseph Mertens (1840-1927), natural de Schroda, na actual Polónia.
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CÁLCULO II 2. SÉRIES NUMÉRICAS
onde ci é o termo geral do produto de Cauchy denido em (2.8.13). Observe-se que Cn dene a sucessão
das somas parciais deste produto de Cauchy. Por rearranjo da soma Cn , podemos escrever
n X
X i
Cn = aj bi−j
i=0 j=0
Por outro lado, pela Proposição 2.3.3, ak converge para zero, pelo que podemos escrever
ε
∀ ε > 0 ∃ q = q(ε) ∈ N : ( ∀ n ∈ N ∧ n ≥ q) ⇒ |an | ≤ .
3p supm∈{0,1,2,...,q−1} |Bi − B| + 1
P+∞
E da convergência (simples) da série k=0 ak ,
ε
∀ ε > 0 ∃ r = r(ε) ∈ N : ( ∀ n ∈ N ∧ n ≥ r) ⇒ |An − A| ≤ .
3 (|B| + 1)
Então, tomando s := max{r, p+q}, temos, usando a Desigualdade Triangular juntamente com as relações
de convergência anteriores,
n
X
|Cn − AB| = an−i (Bi − B) + (An − A)B
i=0
p−1
X n
X
≤ |an−i | |Bi − B| + |an−i | |Bi − B| + |An − A| |B|
i=0 i=p
p−1
X ε ε ε
≤ + + = ε.
i=0
3p 3 3
O exemplo seguinte mostra que não basta que as duas séries sejam (simplesmente) convergentes, pelo
menos uma delas tem de ser absolutamente convergente.
+∞
!2
X (−1)n
√
n=1
n
não converge, apesar da série que lhe dá origem ser (simplesmente) convergente.
Resolução:
P+∞ n
Comecemos por recordar que, pelo Critério de Leibniz, a série n=1 (−1)
√
n
é simples-
P+∞ (−1)n P+∞ 1
mente convergente, mas, pela Proposição 2.4.4, a série dos módulos n=1 √n = n=1 1 é
n2
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 2
P+∞ (−1)n
divergente. O produto de Cauchy da série n=1
√
n
com ela própria é dado por
+∞
!2 +∞ n n
X (−1)n X X (−1)i (−1)n−(i−1) X 1
√ = cn , cn := √ p = (−1)n+1 p .
n=1
n n=1 i=1
i n − (i − 1) i=1
i(n + 1 − i)
Observando que
1 1 1
i≤n e n+1−i≤n ⇒ p ≥√ = ∀ i ∈ {1, 2, . . . , n} ,
i(n + 1 − i) n2 n
temos
n n
X 1 X1
|cn | = p ≥ > 1.
i=1
i(n + 1 − i) i=1
n
Então cn 9 0, quando n → ∞, pelo que, da Proposição 2.3.3, podemos concluir que o produto de
Cauchy dado é divergente.
Pode-se, também, mostrar que, nas condições da Proposição P 2.8.1, uma condição
P+∞ suciente para que o
+∞
produto de Cauchy (2.8.13) convirja, é que uma das séries, k=0 ak ou m=0 bm , convirja absoluta-
mente8 . Portanto, a Proposição 2.8.1 pode ser reescrita para nos dar uma condição necessária e suciente
de convergência para o produto de Cauchy. No entanto, este resultado garante apenas a convergência
simples do produto de Cauchy. Na proposição seguinte, vamos ver em que condições este produto é
absolutamente convergente.
Proposição 2.8.2.
P+∞ P+∞
Sejam k=0 ak e m=0 bm duas séries (ambas) absolutamente convergentes
para A e B , respectivamente. Então o produto de Cauchy (2.8.13) destas séries também converge
absolutamente e tem soma AB .
Demonstração: Consideremos as sucessões das somas parciais, de ordem n, das várias séries dos mó-
dulos envolvidas,
n
X n
X n
X l
X
An = |ak | , Bn = |bj | , Cn = |cl | , onde cl = ai bl−i .
k=0 j=0 l=0 i=0
1. Indique uma expressão para o termo geral de cada uma das séries seguintes:
8 Ver Teorema 2 de I. M. Sheer, Note on multiply innite series, Bull. Amer. Math. Soc. vol. 52 (1946) pp. 10361041.
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 2
topsep=0pt,1temsep=0.5ex,p1rtopsep=1ex,p1rsep=1ex 0, 6+
2+ 0, 51+
4 0, 501+
+
2 0, 5001+
8
+ ···;
6
16
topsep=0pt,5temsep=0.5ex,p5rtopsep=5ex,p5rsep=5ex
+
24
···; 1−
1
topsep=0pt,2temsep=0.5ex,p2rtopsep=2ex,p2rsep=2ex +
10 3
+ 1
7 −
100 5
+ 1
9 +
1000 7
+ ···;
11
10000
topsep=0pt,6temsep=0.5ex,p6rtopsep=6ex,p6rsep=6ex
+
13 1
···; +
2
topsep=0pt,3temsep=0.5ex,p3rtopsep=3ex,p3rsep=3ex 1
1 +
− + 3
11 1
2 +
− 4
101 1
3 +
+ 9
1001 1
4 +
− 8
10001 1
···; +
27
topsep=0pt,4temsep=0.5ex,p4rtopsep=4ex,p4rsep=4ex ···.
2. Indique as sucessões das somas parciais das séries geométricas seguintes e calcule a soma das que
são convergentes:
+∞ +∞ +∞ n−1
X X 3 X 4
(a) 2−n ; (c) ; (e) ;
n=0 n=1
10n n=1
3n
+∞ +∞ +∞ n
X X X 2
(b) (−1)n+1 ; (d) 3−(5n+1) ; (f) .
n=0 n=0 n=2
π
3. Usando o conhecimento da soma das séries geométricas, escreva as dízimas innitas periódicas
seguintes na forma de números racionais:
4. Indique as sucessões das somas parciais das séries de Mengoli seguintes e calcule a soma das que
são convergentes:
+∞ +∞ +∞
X 1 X 1 X 1
(a) ; (c) √ √ ; (e) ln 1 + ;
n=1
n(n + 2) n=1
n+1+ n n=2
n
+∞ +∞ √ √ ∞
X 1 X n+1− n X (−1)n−1 (2n + 1)
(b) ; (d) √ ; (f) .
n=2
(n − 1)n(n + 1) n=1
n2 + n n=1
n(n + 1)
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 2
+∞ +∞ +∞
X 1 X n X 1
(a) √ ; (c) 2
; (e) p ;
n=1
n n=0
n +n−1 n=1 n(n + 1)
+∞ +∞ +∞
X 1 X n! X 1
(b) 2
; (d) ; (f) .
n=0
n +1 n=1
(n + 2)! n=0
2n +1
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 2
7. Usando o Critério de Comparação com as séries de Dirichlet, estude a natureza das séries seguintes:
+∞ √ +∞ +∞
X 1+ n X sen2 (n) X 1
(a) ; (c) ; (e) ;
n=2
n2 − n n=1
n2 n=0
(4n − 3)(4n − 1)
+∞ p +∞ √ +∞ √ √
X X n− n X 1 + 2 + ··· + n
(b) ( n2 + 1 − n); (d) ; (f) .
n=0 n=1
n2 + 5n n=0
n2 + 1
8. Usando o Critério da Razão (de D'Alembert), estude a natureza das séries seguintes:
+∞ +∞ +∞
X 1 X n! X n
(a) ; (c) n
; (e) n2
;
n=0
n! n=1
n n=1
e
+∞ 2 +∞ n +∞
X n X (n!)2 15 2 X 1.3 . . . (2n + 1)
(b) ; (d) ; (f) .
n=1
2n n=1
(2n)! n=0
4.8 . . . (4n + 4)
9. Usando o Critério da Raiz (de Cauchy), estude a natureza das séries seguintes:
+∞ +∞ n(n−1) +∞ n
X 1 X 2n − 1 X 2 n!
(a) n ; (c) ; (e) ;
n=1
n 2
n=1
2n + 1 n=1
nn
+∞ +∞ n2 +∞
X X n+2 X 1
(b) n 2−(2n+1) ; (d) 3n+1
; (f) 2n .
n=1 n=1
n+3 n
n=1 [3 + (−1) ]
11. Usando o Critério de Dirichlet, mostre que as séries seguintes são convergentes:
+∞ +∞
X sen(n) X cos(nx)
(a) ; (b) , x ∈ R.
n=1
n n=1
n
12. Estude as séries seguintes quanto à convergência calculando, sempre que possível, a soma das
convergentes:
+∞ n +∞ +∞ 3 √ n
X π − en X 2 n + n2 + n X n 2 + (−1)n
(a) ; (d) ; (g) ;
n=1
4n n=1
2n+1 n(n + 1) n=1
3n
+∞ n +∞ 1 +∞ n(n−1)
X 3 n! X nn+ n X (−1) 2
(b) ; (e) n ; (h) ;
n=1
nn n=1
n + n1 n=1
2n
+∞ +∞ +∞
X √ n X (−1)n X 2.5 . . . (3n + 2)
(c) n
n−1 ; (f) √ √ ; (i) .
n=1 n=0
n+1+ n n=1
2n (n + 1)!
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 2
Soluções
+∞ +∞ +∞ +∞ +∞
2n 10n n 5 × 10n−1 + 1 (−1)n−1
1: (a) ; (b) ; (c) ; (d) ; (e) ; (f)
X X X X X
(−1)n
n=1
n! n=1
2n + 5 n=1
10n +1 n=1
10n n=1
2n − 1
+∞
1 1
+ n . 2: (a) 2; (b) Diverge; (c) 13 ; (d) ; (e) Diverge; (f) . 3: (a) 49 ; (b) 2; (c) ; (d)
X
81 4 51
2n 3 242 π(π−2) 99
n=1
3n +2n−1
123
999
. 4: (a) 34 ; (b) 14 ; (c) +∞; (d) 1; (e) +∞; (f) 1. 5: Divergem, pois: (a) n√ 12 → 1; (b) 2n −3n+1
→ − 31 ; (c)
n +1
→ +∞. 6: (a) Diverge; (b) Converge; (c) Diverge; (d) Converge; (e) Diverge; (f) Converge. 7: (a) Converge;
n
n
n!
(b) Diverge; (c) Converge; (d) Diverge; (e) Converge; (f) Diverge. 8: (a) Converge; (b) Converge; (c) Converge;
(d) Converge; (e) Converge; (f) Converge. 9: (a) Converge; (b) Converge; (c) Converge; (d) Divergente; (e) Con-
verge; (f) Converge. 10: (a) Converge; (b) Converge; (c) Diverge; (d) Converge; (e) Converge; (f) Converge. 12:
(a) S = 4−ππ e
− 4−e (diferença de duas séries geométricas); (b) Diverge (C. Razão); (c) Converge (C. Raiz); (d)
n+ 1
S= 1
+ 1
= 1 (soma de uma série de Mengoli com uma geométrica); (e) Diverge n n
→ 1 ; (f) Converge
2 2 (n+ n1 )n
(C. Leibniz); (g) Converge (C. Raiz); (h) Converge (C. Dirichlet); (i) Diverge (C. Razão). 13: (a) Convergência
absoluta (C. Comparação); (b) Convergência simples (C. Comparação e C. Leibniz); (c) Convergência simples (C.
Comparação e C. Leibniz); (d) Convergência absoluta (C. Comparação); (e) Convergência absoluta (C. Razão);
(f) Diverge (soma de séries de natureza cobtrária); (g) Diverge (C. Razão); (h) Convergência absoluta (C. Raiz);
(i) Convergência absoluta (C. Razão).
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Capítulo 3
Integrais Impróprios
3.1 Noções principais
A denição de integral até aqui utilizada tem duas limitações importantes que importa resolver. Vimos,
por um lado, que a função tem de ser limitada no intervalo de integração. Por outro, o próprio intervalo
de integração também tem de ser limitado. No entanto, podemos facilmente estender a noção de integral
para cobrir estes casos.
Denição 3.1.1. Seja f uma função denida no intervalo [a, b), com b eventualmente innito, e
integrável em todo o intervalo [a, τ ] ⊂ [a, b), onde se subentende que a < τ < b. Designa-se por
integral impróprio (de Riemann) da função f sobre o intervalo [a, b) à quantidade seguinte:
Z b Z τ
f (x) dx = lim− f (x) dx .
a τ →b a
De modo análogo para uma função f denida no intervalo (a, b], agora com a eventualmente innito, e
que seja integrável em todo o intervalo [τ, b] ⊂ (a, b], onde se subentende que a < τ < b:
Z b Z b
f (x) dx = lim f (x) dx .
a τ →a+ τ
y y
Z b Z η
f (x) dx f (x) dx
τ a
y = f (x) y = f (x)
−∞ τ b a η +∞
(a) Integral impróprio em x = −∞. (b) Integral impróprio em x = +∞.
Os integrais impróprios herdam todas as propriedades dos integrais denidos, como facilmente se depre-
ende da Denição 3.1.1.
Os integrais impróprios dizem-se convergentes, se existirem (e forem nitos) os limites dados. Caso
contrário, os integrais impróprios dizem-se divergentes. Deste modo, a natureza de um integral
71
CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
Z +∞ Z +∞
dx dx
(a) ; (b) .
1 x 0 1 + x2
Z +∞ Z τ
dx dx x=τ
(a) = lim = lim [ln(x)]x=1 = lim ln(τ ) = +∞;
1 x τ →+∞ 1 x τ →+∞ τ →+∞
Z +∞ Z τ
dx dx x=τ π
(b) = lim = lim [ arctg(x)]x=0 = lim arctg(τ ) = .
0 1 + x2 τ →+∞ 0 1 + x2 τ →+∞ τ →+∞ 2
Nos integrais impróprios de primeira espécie, é habitual aparecer o limite superior de integração como
sendo +∞. No entanto, pode perfeitamente acontecer que seja o limite inferior −∞.
Z −1 Z 0
dx
(a) ; (b) ex dx.
−∞ x −∞
Z −1 Z −1
dx dx x=−1
(a) = lim = lim [ln |x|]x=τ = − lim ln |τ | = −∞;
−∞ x τ →−∞ τ x τ →−∞ τ →−∞
Z 0 Z 0
x=0
(b) ex dx = lim ex dx = lim [ex ]x=τ = 1 − lim eτ = 1.
−∞ τ →−∞ τ τ →−∞ τ →−∞
Resolução: Neste caso, antes de começar a resolver, convém observar que |x| vai ter expressões
diferentes consoante x < 0 ou x > 0:
−x se x < 0
|x| = .
x se x ≥ 0
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
Então,
Z +∞ Z 0 Z +∞ Z 0 Z η
e−|x| dx = ex dx + e−x dx = lim ex dx + lim e−x dx
−∞ −∞ 0 τ →−∞ τ η→+∞ 0
x=0 −x x=η
= lim [ex ]x=τ + lim −e x=0
= 1 − lim eτ − lim e−η + 1 = 2 .
τ →−∞ η→+∞ τ →−∞ η→+∞
Nos integrais impróprios de segunda espécie, o intervalo de integração é limitado, mas a função
não.
y y
Z b Z η
f (x) dx f (x) dx
τ a
y = f (x) y = f (x)
a τ b x a η b x
Z 1 Z 1
dx dx
(a) ; (b) √ .
0 x 0 1 − x2
Z 1 Z 1
dx dx x=1
(a) = lim = lim [ln(x)]x=τ = − lim ln(τ ) = +∞;
0 x τ →0+ τ x τ →0+ τ →0+
Z 1 Z τ
dx dx x=τ π
(b) √ = lim− √ dx = lim− [ arcsen(x)]x=0 = lim− arcsen(τ ) = .
0 1−x 2 τ →1 0 1−x 2 τ →1 τ →1 2
Na maioria dos casos, e apenas por simplicidade, costuma aparecer a situação em que a função não é
limitada num dos extremos do intervalo. No entanto, pode bem acontecer que a função não seja limitada
em mais do que um ponto e não necessariamente nos extremos do intervalo.
Resolução: Neste caso, temos de separar o integral em dois. Por exemplo, separando em x = 0,
BQ EA EB 73
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
temos:
Z 1 Z 0 Z 1
dx dx dx
√ = √ + √
−1 1 − x2 −1 1−x 2
0 1 − x2
Z 0 Z η
dx dx
= lim √ dx + lim− √ dx
τ →−1+
1−x 2 η→1 1 − x2
τ 0
x=0 x=τ
= lim + [ arcsen(x)]x=τ + lim− [ arcsen(x)]x=0
τ →−1 τ →1
Relativamente aos integrais impróprios de segunda espécie, convém realçar uma situação de falso integral
impróprio. Isto é, existem integrais cujas funções integrandas têm pontos de descontinuidade, mas do
tipo removível. Neste caso, como se sabe, o limite existe e, por isso, o integral não pode ser considerado
impróprio.
No entanto, para o cálculo deste integral, recorremos ao mesmo procedimento dos integrais im-
próprios. Usando integração por partes e novamente a Regra de Cauchy para o cálculo do limite,
temos:
Z 1 Z 1 2 x=1 Z 1
x 1 1
x ln(x) dx = lim+ x ln(x) dx = lim+ ln(x) − lim+ x dx = −
0 τ →0 τ τ →0 2 x=τ 2 τ →0 τ 4
Pode, ainda, acontecer que o intervalo de integração não seja limitado e que a função também não o seja
em algum ponto do interior do intervalo. Estes integrais impróprios são, ao mesmo tempo, de primeira
e de segunda espécie. Por isso, é comum designá-los por integrais impróprio mistos. Estes integrais
são estudados usando a propriedade aditiva dos integrais para os separar em, pelo menos, dois integrais
impróprios: um de primeira espécie e outro de segunda. Estuda-se cada integral separadamente e o
integral impróprio misto será convergente se e só se os dois forem convergentes.
+∞ +∞
sen x1
Z
dx
Z
(a) √ ; (b) dx .
0 x(x + 1) 0 x2
Resolução: Nestes exemplos, temos de separar em, pelo menos, dois integrais impróprios distintos.
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
√
(a) Fazendo a mudança de variável x = t2 =: ϕ(t) ⇒ ϕ−1 (t) = t, temos:
Z +∞ Z 1 Z +∞
dx dx dx
√ = √ + √
0 x(x + 1) 0 x(x + 1) 1 x(x + 1)
Z 1 Z η
dx dx
= lim+ √ + lim √
τ →0 τ x(x + 1) η→+∞ 1 x(x + 1)
Z 1 Z √η
2tdt 2tdt
= lim+ √ 2
+ lim
τ →0 τ t(t + 1) η→+∞ 1 t(t2 + 1)
√ π π
t=1 t= η
=2 lim+ [ arctg(t)]t=√τ + 2 lim [ arctg(t)]t=1 = + = π;
τ →0 η→+∞ 2 2
Em muitas aplicações é importante uma estensão da noção de integral impróprio de modo a cobrir
algumas situações de integrais impróprios que resultam indeterminados se aplicada a Denição 3.1.1.
Isto acontece, em particular, quando temos um integral impróprio sobre um intervalo simétrico. A
decomposição do integral em, pelo menos dois, resulta, após os cálculos para cada integral impróprio,
numa indeterminação do tipo ∞ − ∞.
Exemplo 3.2.1. Mostrar que os integrais impróprios seguintes têm um valor indenido:
+∞ 1
ex
Z Z
x
(a) dx; (b) dx.
−∞ 1 + x2 −1 ex−1
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
Na prática, a noção de valor principal de Cauchy vai permitir atribuir um valor a integrais impróprios
que, de outro modo, seriam indeterminados tais como os do exemplo anterior. Vamos considerar as
diferentes situações possíveis que resultam do exemplo anterior.
A situação mais habitual, a que se refere a denição anterior, é aquela que resulta de considerar o
integral, no intervalo (−∞, ∞), de uma função ímpar. Neste caso, tal como mostram a Figura 3.3 e o
Exemplo 3.2.2, o valor principal de Cauchy do integral impróprio em questão será 0.
y
Z τ
y = f (x)
f (x) dx = 0
−τ
−τ
τ x
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
Denição 3.2.2. Seja f uma função denida em [a, b], com a < b números reais, e suponhamos
que
Z c Z b
∃ c ∈ (a, b) : lim f (x) = ∞, f (x) dx = ±∞, f (x) dx = ∓∞ .
x→c a c
Z b
Designa-se por valor principal de Cauchy do integral impróprio f (x) dx ao limite seguinte, caso
a
exista: "Z #
Z b c−δ Z b
v.p. f (x) dx = lim f (x) dx + f (x) dx .
a δ→0 a c+δ
Observe-se que na denição anterior, o limite faz sentido apenas no caso em que 0 < δ < max{c −
a, b − c}. As situações mais simples deste caso, são aquelas em que o intervalo de integração é simétrico
relativamente a x = 0. No entanto, poder-se-ão considerar situações de simetria para valores de x 6= 0,
como a represntada na Figura 3.4.
Z b
f (x) dx
c+δ
c+δ b
a c−δ x
Z c−δ
f (x) dx y = f (x)
a
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
Observe que os integrais impróprios calculados no Exemplo 3.2.1, assim como os valores principais de
Cauchy calculados nos Exemplos 3.2.2 e 3.2.3, são simétricos. No entanto, os limites dos Exemplos 3.2.2
e 3.2.3 evolvem (em cada exemplo) à mesma taxa, mas os do Exemplo 3.2.1 evolvem (em cada exercício)
a taxas possivelmente distintas.
Denição 3.2.3. Seja f uma função denida em (a, b), com a, b ∈ R e tais que a < b, e suponhamos
que:
Z b
Designa-se por valor principal de Cauchy do integral impróprio f (x) dx ao limite seguinte, caso
a
exista: Z b Z η
v.p. f (x) dx = lim f (x) dx .
a τ → a+ τ
η → b−
Novamente, a situação mais habitual é aquela em que o intervalo é simétrico relativamente a x = 0, não
obstante poderem existir outras situações. No caso de um intervalo simétrico da forma (−a, a), com
a > 0, temos na denição anterior
Z a Z τ
v.p. f (x) dx = lim f (x) dx .
−a τ →a −τ
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
Na avaliação dos integrais impróprios, sempre que possamos determinar as primitivas envolvidas, é o
que se deve fazer, pois permite avaliar imediatamente se o integral é convergente ou divergente. Nas
situações que resultam indenições, podemos ainda, se necessário, calcular o seu valor próprio de Cauchy.
No entanto, podemos ter situações em que a primitiva se torne muito complicada de determinar, ou seja
mesmo impossível de escrever como uma soma nita de funções elementares e, ainda assim, queiramos
saber se o integral converge ou diverge. Interessa, pois, obter critérios que nos permitam concluir sobre a
convergência ou divergência de um integral impróprio sem determinar a primitiva da função integranda.
Na proposição seguinte apresentamos uma condição necessária e suciente para um integral impróprio
ser convergente, que faz referência ao já conhecido Princípio de Cauchy.
Proposição 3.3.1. Seja f uma função denida num intervalo [a, b), com b eventualmente innito,
e integrável em todo o intervalo fechado [a, τ ] ⊂ [a, b), com a < τ < b. Consideremos o integral
impróprio de f sobre o intervalo [a, b). Então:
Z b
f (x) dx é convergente
a
se e só se Z z
(3.3.1)
∀ ε > 0 ∃ δ > 0 (δ < b − a) : y, z ∈ (a, b − δ) ⇒ f (x) dx < ε .
y
Demonstração:
Rb
Começamos por observar que a f (x) dx é convergente se e só se existe o limite
limτ →b− F (τ ), onde
Z τ Z b−δ
F (τ ) = f (x) dx = f (x) dx , para δ = b − τ.
a a
Por denição de limite, isto é equivalente a armar que
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
Exemplo 3.3.1. Usando o Princípio de Cauchy, mostrar que o integral impróprio seguinte é con-
vergente: Z +∞
dx
.
1 1 + x4
Resolução:
R 1+ τ1
Seja F (τ ) = 1+x4 ,
dx
onde τ > 0. Para quaisquer z, y ∈ 1
, temos,
1
1, 1 + τ
admitindo que z < y ,
Z 1+ z1 Z 1+ z1
dx dx 1 1 1
|F (y) − F (z)| = < = − (x−3 − x−3
y ), onde xz = 1 + , xy = 1 + .
1+ y1 1 + x4 1+ y1 x4 3 z z y
Como é óbvio, o resultado anterior pode ser enunciado, com as devidas adaptações, para uma função f
contínua num intervalo (a, b], agora com a eventualmente innito.
O estudo de integrais impróprios de funções não-negativas torna-se importante, dado que, como iremos
ver adiante, o estudo da convergência absoluta reduz-se ao estudo da convergência dos integrais de
funções não-negativas.
Proposição 3.4.1. Seja f uma função denida num intervalo [a, b), com b eventualmente innito,
tal que
f (x) ≥ 0 para todo x ∈ [a, b)
e f é integrável em todo o intervalo fechado [a, τ ] ⊂ [a, b). Consideremos o integral impróprio de f
Rb
sobre o intervalo [a, b). Então, o integral impróprio a f (x) dx converge se e só se a função
Z x
F (x) = f (t) dt
a
Demonstração: Como f (x) ≥ 0 em [a, b), a função F (x) é monótona crescente. Ora sendo F (x)
também limitada, concluímos que existe o limite
Z b
lim F (x) = f (x) dx .
x→b− a
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
Resolução:
R τ dx
Neste caso, consideremos a função F (τ ) = 1 1+x 4 , onde τ > 1. Podemos ver que esta
Em muitas situações de exercícios práticos, basta-nos saber a natureza dos integrais impróprios em
consideração, isto é, se são convergentes ou divergentes. Mesmo aqueles integrais impróprios que são
convergentes, por vezes, torna-se difícil calcular o valor do integral. Nestes casos, e como consequência
da Proposição 3.4.1, podemos utilizar o critério de comparação de integrais impróprios seguinte.
Proposição 3.4.2 (Critério Geral de Comparação). Sejam f e g funções denidas num intervalo
[a, b), com b eventualmente innito, e integráveis em todo o intervalo fechado [a, τ ] ⊂ [a, b). Se
então:
Z b Z b
(1) A convergência de g(x) dx implica a convergência de f (x) dx e tem-se:
a a
Z b Z b
f (x) dx ≤ g(x) dx ;
a a
Z b Z b
(2) A divergência de f (x) dx implica a divergência de g(x) dx.
a a
Demonstração: Para mostrar (1), observamos que para todo x ∈ [a, b) se tem
Z x Z x Z b
F (x) = f (t) dt ≤ g(t) dt ≤ g(t) dt .
a a a
Z b
Logo F (x) é limitada e, pela Proposição 3.4.1, o integral impróprio f (x) dx é convergente. Para (2),
a
temos Z b Z b
g(x) dx ≥ f (x) dx ,
a a
Z b
pelo que g(x) dx é divergente.
a
Pode, ainda, ser facilmente adaptada para intervalos de integrabilidade imprópria da forma (a, b], com a
eventualmente innito.
Exemplo 3.4.2. Usando o Critério Geral de Comparação, mostre que os integrais impróprios
seguintes são convergentes:
√ 1
+∞ 3
e−x
Z
x2
Z
(a) √ dx; (b) √ dx .
1 3 + x4 0 x
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
Então, pelo Critério Geral de Comparação, o integral dado é convergente. Além disso, podemos
dizer que
Z +∞ √ 3
x2
√ dx < 3 .
1 3 + x4
pelo Critério Geral de Comparação, o integral dado é convergente. Podemos também dizer que
Z 1 −x
e
√ dx < 2 .
0 x
Sempre que for possível, podemos usar o resultado seguinte em vez do anterior, pois facilita a comparação
dos integrais impróprios.
Proposição 3.4.3 (Critério de Comparação). Sejam f e g funções denidas num intervalo [a, b),
com b eventualmente innito, e integráveis em todo o intervalo fechado [a, τ ] ⊂ [a, b). Suponhamos
que g(x) > 0, f (x) ≥ 0 para todo x ∈ [a, b) e
f (x)
lim = L.
x→b− g(x)
Então:
Z b Z b
(1) Se L 6= +∞, a convergência de g(x) dx implica a convergência de f (x) dx e tem-se:
a a
Z b Z b
f (x) dx ≤ g(x) dx ;
a a
Z b Z b
(2) Se L 6= 0, a divergência de f (x) dx implica a divergência de g(x) dx.
a a
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que
Z b Z ξ Z b
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx
a a ξ
Z ξ Z b
≤ f (x) dx + C g(x) dx
a ξ
Z ξ Z b
≤ f (x) dx + C g(x) dx < ∞ .
a a
Z b Z b
De modo análogo, pela Proposição 3.4.2, o integral impróprio g(x) dx é divergente se f (x) dx for
a a
divergente.
Com ligeiras adaptações, podemos enunciar o resultado anterior para intervalos (a, b], com a eventual-
mente innito. Neste caso, o limite a considerar é
f (x)
lim+ = L.
x→a g(x)
O Critério de Comparação é útil para situações em que, apenas, necessitamos de saber a natureza do
integral impróprio. Tem, por isso, particular importância para integrais impróprios (convergentes) em
que é muito difícil, ou mesmo impossível, determinar as primitivas envolvidas.
Exemplo 3.4.3. Usando o Critério de Comparação, estude a natureza dos integrais impróprios
seguintes:
+∞ 1
e−x
Z Z r
x
(a) dx; (b) dx .
1 1 + x2 0 1 − x2
Resolução: (a)Temos:
e−x
1+x2
lim 1 = lim e−x = 0 .
x→+∞ x→+∞
1+x2
Notemos que estamos no caso limite de L = 0 onde só é possível comparar se o integral de compa-
ração for convergente. De facto, temos
Z +∞ Z τ
dx dx x=τ π π
2
= lim 2
= lim [ arctg(x)]x=1 = lim arctg(τ ) − = .
1 1 + x τ →+∞ 1 1 + x τ →+∞ τ →+∞ 4 4
Como
Z 1 τ √
Z ix=τ
dx 1
h 1
√ = lim (1 − x)− 2 dx = −2 lim (1 − x) 2 = −2 lim− 1 − τ − 1 = 2.
0 1 − x τ →1− 0 τ →1− x=0 τ →1
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O estudo da natureza dos integrais impróprios de primeira espécie está intimamente ligado ao estudo da
natureza de séries numéricas. Pela Proposição 3.4.1, podemos estabelecer o resultado seguinte.
Proposição 3.5.1 (Critério do Integral). Seja f uma função denida num intervalo [1, +∞), não-
negativa, monótona decrescente e integrável em todo o intervalo fechado [a, b] ⊂ [1, +∞). Então a
série e o integral seguintes,
+∞
X Z +∞
f (n) e f (x) dx ,
n=1 1
Demonstração: Consideremos uma função monótona decrescente f : [1, +∞) −→ [0, +∞). Então,
para todo o natural n ≥ 1 temos
P+∞ P+∞
Se a série n=1 f (n) = n=1 un é convergente, a sucessão das somas parciais Sn é convergente, logo
R n+1
limitada. Então, por (3.5.3), F (n + 1) = 1 f (x) dx é limitada e, pela Proposição 3.4.1, concluímos
R +∞
que o integral impróprio 1 f (x) dx é convergente.
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
R +∞ Rn
Reciprocamente, se o integral impróprio 1 f (x) dx é convergente, a função F (n) = 1 f (x) dx é
limitada. Então, por (3.5.4) a sucessão das somas parciais SP
n é limitada e,
Ppelo conhecimento que temos
+∞ +∞
das séries de termos não negativos, concluímos que a série n=1 f (n) = n=1 un é convergente.
R +∞
De modo inteiramente análogo, podemos tirar conclusões da divergência do integral impróprio 1 f (x) dx
P+∞ P+∞
a partir da divergência da série numérica n=1 f (n) = n=1 un e reciprocamente.
No caso de ambos convergirem, a relação (3.5.2) resulta de fazer n → ∞ em (3.5.3) ou em (3.5.4).
A proposição anterior diz-nos que, se o integral é convergente, ou divergente, então a série é convergente,
ou respectivamente divergente, e reciprocamente. Este resultado é conhecido por Critério do Integral,
porque é mais útil para tirar conclusões da convergência ou divergência de uma série numérica a partir
de um integral impróprio de primeira espécie.
Exemplo 3.5.1. Usando integrais impróprios, estudar a natureza das séries seguintes:
+∞ 1 +∞
X en X 1
(a) ; (b) .
n=1
n2 n=2
n ln(n)
Resolução: (a) Usando o Critério do Integral e procedendo como no Exemplo 3.1.1, obtemos
+∞ 1 Z +∞ 1 Z τ h 1 ix=τ
X en ex 1 1
dx = lim e x dx = − lim ex = e − 1,
n=1
n2 1 x2 τ →+∞ 1 x2 τ →+∞ x=1
Tal como nas séries numéricas, convém ter em mente alguns integrais impróprios que sejam bons candi-
datos para fazer a comparação. Neste sentido, o integral de Dirichlet vai ser muito importante para
o estudo de outros integrais impróprios de primeira espécie.
é convergente para α > 1 e divergente para α ≤ 1. Mais, no caso em que converge, temos:
Z +∞
dx a1−α
α
= .
a x α−1
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
Na proposição seguinte adaptamos o Critério de Comparação enunciado na Proposição 3.4.3 para com-
parar com o integral de Dirichlet.
Proposição 3.5.3. Seja f uma função denida num intervalo [a, +∞) e integrável em todo o
intervalo fechado [a, τ ] ⊂ [a, +∞). Consideremos o limite seguinte:
f (x)
lim 1 = lim xα f (x) = L .
x→+∞ x→+∞
xα
Z +∞
(1) Se α > 1 e L 6= +∞, então f (x) dx é convergente;
a
Z +∞
(2) Se α ≤ 1 e L 6= 0, então f (x) dx é divergente.
a
Exemplo 3.5.2. Usando o Critério de Comparação com o Integral de Dirichlet, estude a natureza
dos integrais impróprios seguintes:
+∞
√
3 +∞
1 + x2 x−2
Z Z
(a) dx; (b) √ dx.
1 1 + x3 2 x x+1
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
O estudo da natureza dos integrais impróprios de segunda espécie é análogo ao que foi feito para o
integral impróprio de primeira espécie. Neste caso, vamos considerar o integral impróprio correspondente
ao integral de Dirichlet.
é convergente para α < 1 e divergente para α ≥ 1. Mais, no caso em que converge, temos:
b
b1−α
Z
dx
α
= .
0 x 1−α
Se α = 1, então
Z b Z b
dx dx x=b
= lim+ = lim+ [ln(x)]x=τ = ln(b) − ln(0) = +∞ ,
0 x τ →0 τ x τ →0
Observemos que, para sermos precisos, o integral da Proposição 3.6.1 só é impróprio para valores de
α > 0. De modo inteiramente análogo, se mostra que os integrais impróprios de segunda espécie
Z b Z b
dx dx
e (3.6.6)
a (x − a)α a (b − x)α
Proposição 3.6.2 (Critério de Comparação). Seja f uma função denida num intervalo (0, b], com
b > 0, e integrável em todo o intervalo fechado [τ, b] ⊂ (0, b]. Consideremos o limite seguinte:
f (x)
lim+ 1 = lim+ xα f (x) = L . (3.6.7)
x→0 x→0
xα
Z b
(1) Se α < 1 e L 6= +∞, então f (x) dx é convergente;
0
Z b
(2) Se α ≥ 1 e L 6= 0, então f (x) dx é divergente.
0
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Se estivermos perante um intervalo da forma [a, 0), o limite (3.6.7) vem alterado para
f (x)
lim 1 = lim− xα f (x) = L .
x→0− x→0
xα
No caso de intervalos (a, b] e [a, b), e tendo em conta os integrais (3.6.6), o limite (3.6.7) deverá ser
substituído, respectivamente, por
f (x) f (x)
lim 1 = lim+ (x − a)α f (x) = L , lim 1 (b − x)α f (x) = L . (3.6.8)
x→a+ x→a x→b−
(x−a)α (b−x)α
1 1
√
x2 + 1 x x2 + 1
Z Z
(a) √ dx; (b) dx.
0 (x + 1) x 0 1 − x2
R1
Como 0 dx1 é convergente, já que se trata de um integral do tipo (3.6.5) com α = 1
2 < 1, pelo
x2
Critério de Comparação, o integral dado é convergente.
(b) De modo equivalente, observamos que
√ √ √ √ √
2 x x2 +1
x x2 + 1 1−x2 x x2 + 1 2
2
, quando x → 1 −
⇔ lim 1 = lim− = .
1 − x2 1−x x→1−
1−x
x→1 1+x 2
R 1 dx
Como 0 1−x é divergente, já que se trata de um integral do tipo (3.6.6) com α = 1, pelo Critério
de Comparação, o integral dado é divergente.
Nas secções anteriores, vimos que o estudo da natureza de muitos integrais impróprios se reduz ao estudo
de integrais de funções não negativas. É, portanto, natural o estudo de integrais impróprios de funções
integrandas em valor absoluto.
Denição 3.7.1.
Rb
O integral impróprio a
f (x) dx diz-se absolutamente convergente, se o integral
(impróprio)
Z b
|f (x)| dx
a
convergir.
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
A recíproca da proposição anterior não é verdade, como iremos ver adiante. Os integrais impróprios
que convergem, mas divergem em valor absoluto, dizem-se que convergem simplesmente, ou que
convergem condicionalmente. No entanto, mostrar que um integral impróprio é condicionalmente
convergente, nos casos em que tal acontece, é um exercício mais difícil. A proposição seguinte permite-
nos, em alguns casos, ultrapassar esta diculdade de uma forma subtil.
Proposição 3.7.2 (Critério de Dirichlet). Sejam f e g duas funções denidas num intervalo [a, b),
com b eventualmente innito, tais que:
Z x
(1) f é uma função contínua em [a, b) e a função F (x) = f (t) dt é limitada em [a, b);
a
(2) g 0 é absolutamente integrável (à Riemann) em qualquer intervalo [a, τ ] ⊂ [a, b), com a < τ < b,
e
lim g(x) = 0 .
x→b−
Z b
Então o integral impróprio f (x)g(x) dx é convergente.
a
Demonstração: Sendo τ tal que a ≤ τ < b, temos, por integração por partes,
Z τ Z τ
f (x)g(x) dx = F (τ )g(τ ) − F (a)g(a) − F (x)g 0 (x) dx . (3.7.9)
a a
Rx
Usando a hipótese de que F (x) = a
f (t) dt é limitada em [a, b), obtemos
Z τ Z τ
|F (x)g 0 (x)| dx ≤ C |g 0 (x)| dx , C=Const.>0.
a a
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
Como |g 0 | é integrável (à Riemann) em [a, b), o integral no segundo membro de (3.7.9) é absolutamente
convergente (logo convergente) quando τ → b− , pela Proposição 3.4.1. Pelo Critério Geral de Compa-
ração (Proposição 3.4.2), também o integral no primeiro membro é convergente quando τ → b− . Deste
modo, passando ao limite τ → b− em (3.7.9) e usando a hipótese de que limx→b− g(x) = 0 , temos
Z b Z b
f (x)g(x) dx = −F (a)g(a) − F (x)g 0 (x) dx .
a a
Como o integral do segundo membro é convergente, concluímos que o integral dado também é convergente.
Observe-se que o Critério de Dirichlet enunciado na proposição anterior é aplicável, quer o integral
impróprio seja de primeira espécie ou de segunda. Neste último caso, estende-se naturalmente a intervalos
da forma (b, a], com as devidas adaptações.
Resolução: Comecemos
Rτ por mostrar que o integral é convergente. Para τ > 1, consideremos a
função F (τ ) = 1 sen(x) dx. Esta função é limitada, pois
x=τ
F (τ ) = [cos(x)]x=1 = cos(1) − cos(τ ) ⇒ |F (τ )| ≤ 2 ∀ τ ∈ R .
Por outro lado, a derivada da função g(x) = x1 é absolutamente integrável em qualquer intervalo da
forma [1, τ ], com τ > 1. De facto, temos:
Z τ Z τ x=τ
1 1 1 1
g 0 (x) = − 2 ⇒ |g 0 (x)| dx = 2
dx = − = 1 − < 1 , pois τ > 1 .
x 1 1 x x x=1 τ
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
R +∞ 1 R +∞ cos(2x)
os integrais 1 x dx e 1 x dx também seriam convergentes. De facto, por um raciocínio
R +∞ cos(2x)
análogo ao usado na primeira parte deste exemplo, podemos mostrar que 1 x dx é conver-
R +∞ 1
gente. No entanto, sabemos desde o início deste capítulo que 1 x dx é divergente (ver Exem-
plo 3.1.1). Chegámos, portanto, a um absurdo. Logo o integral dado não pode ser absolutamente
convergente, pelo que a sua convergência é apenas condicional.
Por vezes, o Critério de Dirichlet é formulado numa forma mais simples de aplicar, mas mais difícil de
demonstrar.
Proposição 3.7.3. Sejam f e g duas funções denidas num intervalo [a, b), com b eventualmente
innito, tais que:
Z x
(1) f é uma função contínua em [a, b) e a função F (x) = f (t) dt é limitada em [a, b);
a
lim g(x) = 0 .
x→b−
Z +∞
Então o integral impróprio f (x)g(x) dx é convergente.
a
Demonstração: A demonstração desta proposição sai fora do âmbito deste curso, pelo que não a iremos
fazer aqui.
Exemplo 3.7.3. Usando o Critério de Dirichlet, na forma da proposição anterior, mostrar que o
integral impróprio seguinte é convergente:
Z 1 √
sen 3 1 − x
√ dx .
0 1−x
√ √
Resolução: Seja g(x) = sen( 3 1 − x). Temos limx→1− g(x) = limx→1− sen( 3 1 − x) = 0 e mos-
tremos que g é uma função monótona decrescente no intervalo (0, 1). De facto, pelo Teorema de
Lagrange, isto é verdade, porque
√
cos( 3 1 − x) π3
0
g (x) = − 3p < 0 se e só se 1 − < x < 1.
3 (1 − x)2 8
R1
Denamos, agora, a função F (τ ) = τ
√dx ,
1−x
onde 0 < τ < 1. Esta função é limitada, uma vez que
x=1 √ √
pois 0 < τ < 1 .
√
F (τ ) = 2 1 − x x=τ = −2 1 − τ ⇒ |F (τ )| = 2 1 − τ ≤ 2 ,
Então, pelo Critério de Dirichlet expresso na Proposição 3.7.3, o integral dado é convergente.
Nas duas secções nais, apresentamos duas subclasses de integrais impróprios que, pela sua importância
em várias áreas, merecem ser estudados à parte.
BQ EA EB 91
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
Nesta secção, vamos considerar o integral de Euler de segunda espécie. Trata-se de um integral impróprio
cujo valor depende de um parâmetro.
Denição 3.8.1. Designa-se por função Gama ao integral impróprio denido da forma seguinte:
Z +∞
Γ(x) := tx−1 e−t dt . (3.8.10)
0
Observemos que para valores de x ≥ 1 a função Gama é um integral impróprio de primeira espécie. Se
x < 1, então é um integral impróprio misto, portanto de primeira e de segunda espécies.
O primeiro integral é impróprio de segunda espécie apenas para valores de x < 1 e, neste caso, converge
se x > 0, já que Z 1 Z 1
dt 1
x>0⇒ tx−1 e−t dt ≤ 1−x
= .
0 0 t x
Por outro lado, o segundo integral de (3.8.11) é improprio de primeira espécie e converge para qualquer
x, pois t ≥ 1 e Z +∞ Z +∞
x≤1⇒ tx−1 e−t dt ≤ e−t dt = e−1
1 1
ou Z +∞ Z +∞
x−1 − 2t x−1 −t t 2C
x>1⇒∃C>0:t e ≤C⇒ t e dt ≤ C e− 2 dt = √ .
1 1 e
Concluímos que a função Gama é convergente se x > 0.
Pela proposição anterior, torna-se necessário averiguar o que acontece nos limites inferior e superior do
intervalo de convergência da função Gama, isto é, quando x → 0+ e quando x → +∞.
Como
t−1 e−t t−1 e−t
lim 1 = lim e−t = 1 e lim 1 = 1,
t→0+ t→0+ t→+∞
t tet
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
pela Proposição 3.4.3, os integrais anteriores têm a mesma natureza dos integrais
Z 1 Z +∞
dt t=τ
= +∞ e tet dt = lim et (t − 1) t=1 = +∞ .
0 t 1 τ →+∞
Na proposição seguinte apresentam-se fórmulas que nos permitem calcular a função Gama para alguns
valores de x > 0.
(1) Γ(1) = 1;
Fórmula de recorrência, expressa em (2), resulta de uma integração por partes. De facto, se x > 0 tem-se
( τ )
1 τ x −t
Z
1 x −t 1
Γ(x) = lim lim+ t e + t e dt = Γ(x + 1).
τ →+∞ η→0 x η x η x
A demonstração da Fórmula de Euler, referida em (3), é muito mais delicada, pois usa integrais de linha,
pelo que não cabe no âmbito deste curso (ver e.g. N.N. Lebedev).
A proposição anterior permite tirar os resultados particulares seguintes, muito úteis em diversos cálculos.
Demonstração: A propriedade (1) é uma consequência imediata das duas primeiras armações da
Proposição 3.8.3. De facto, tem-se para todo o inteiro n ≥ 0
BQ EA EB 93
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
Quanto a (2), é uma consequência da terceira armação da Proposição 3.8.3. Na verdade, se aí tomarmos
x = 21 , temos
2
√
1 π 1
Γ = π
⇒ Γ = π.
2 sen 2 2
A propriedade (3) é, agora, uma consequência de (2) conjugada com a Proposição 3.8.3-(2), já que
1 1 1 1 3 3
Γ n+ = n− Γ n− = n− n− Γ n−
2 2 2 2 2 2
1 3 5 3 1 1
=··· = n − × n− × ··· × × × × Γ .
2 2 2 2 2 2
Por m, (4) resulta de (2), pois fazendo a mudança de variável t = s2 temos
Z +∞ −t Z +∞ √
√ √
1 e 2 π
Γ = π⇔ √ dt = π ⇒ e−s ds = ,
2 0 t 0 2
o que conclui a demonstração.
Exemplo 3.8.1. Usando a função Gama, mostrar que os integrais impróprios de primeira espécie
são convergentes e o seu valor é o indicado:
Z +∞ Z +∞ √
15 2 −x2 π
(a) x e 5 −2x
dx = ; (b) x e dx = .
0 8 0 4
√
(b) Neste caso, fazemos a mudança de variável ϕ−1 (x) := x2 = t ⇒ x = t =: ϕ(t) ⇒ dx =
ϕ0 (t)dt = 2√
1
t
dt e obtemos:
Z +∞ Z τ Z ϕ−1 (τ )
2 −x2 2 −x2 1
x e dx = lim x e dx = limte−t √ dt
0 τ →+∞ 0 ϕ−1 (0)τ →+∞ 2 t
Z 2τ Z +∞ √
1 1 1 3 1 3 1 1 1 π
= lim t 2 e−t dt = t 2 −1 e−t dt = Γ = × Γ = .
2 τ →+∞ 0 2 0 2 2 2 2 2 4
A Fórmula de Recorrência expressa na Proposição 3.8.3, permite estender o cálculo da função Gama
para alguns valores de x negativos, escrevendo
Γ(x + 1)
Γ(x) = . (3.8.12)
x
√ 4√
1 3
(a) Γ − = −2 π ; (b) Γ − = π.
2 2 3
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
Γ − 32 + 1
√ 4√
3 2 1 2
(b) Γ − = =− Γ − = − × (−2 π) = π , por (a).
2 − 23 3 2 3 3
Nesta secção, vamos estudar o designado integral de Euler de primeira espécie. Agora, trata-se de um
integral impróprio cujo valor depende de dois parâmetros.
Observemos que a função Beta é um integral impróprio de segunda espécie e isto acontece somente se
x < 1 ou se y < 1.
tx−1 (1 − t)y−1
é contínua para qualquer t ∈ [0, 1] e o integral dado por (3.9.13) existe no sentido de Riemann e,
portanto, converge. No caso de x < 1 ou y < 1, a função integranda não é limitada em t = 0 ou em
t = 1, respectivamente. Em cada um destes casos, temos
tx−1 (1 − t)y−1
lim 1 = lim (1 − t)y−1 = 1 ,
t→0+ t→0+
t1−x
x−1 y−1
t (1 − t)
lim 1 = lim tx−1 = 1 .
t→1− t→1−
(1−t)1−y
são convergentes para 1 − x < 1 ⇔ x > 0 e para 1 − y < 1 ⇔ y > 0, respectivamente. Então, pelo
Critério de Comparação (ver Proposição 3.6.2), a função Beta é convergente para x > 0 e y > 0.
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CÁLCULO II 3. INTEGRAIS IMPRÓPRIOS
para quaisquer x e y .
Proposição 3.9.3. A relação entre a função Gama e a função Beta é dada, para quaisquer x > 0
e y > 0, por
Γ(x)Γ(y)
B(x, y) = .
Γ(x + y)
√
1 4 1
(a) B ,2 = ; (b) Γ = π.
2 3 2
Exemplo 3.9.2. Usando a função Beta, juntamente com a função Gama, mostrar que os integrais
seguintes são iguais aos valores indicados:
Z 1 − 12 Z 2
1
7 9 π
(a) π; (b) x(2 − x) dx = .
p
x6 1 − x9 dx =
0 14 0 2
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 3
2
ϕ0 (t)dt = 97 t 7 dt, obtemos:
1 ϕ−1 (1)
− 21 9 1 1
Z Z Z
1
7 9 − 21 9 2 −1
x6 1 − x9 dx = t 42 (1 − t) t 7 dt = t 2 (1 − t) 2 dt
0 ϕ−1 (0) 7 7 0
1
9 Γ 23 Γ 12
Z
9 3 1
−1 9 3 1
= t 2 −1 (1 − t) 2 dt = B , =
7 0 7 2 2 7 Γ (2)
9 21 Γ 12 × Γ 12
9
= = π.
7 1! 14
(b) Neste caso, fazemos a mudança de variável ϕ−1 (x) := x2 = t ⇒ x = 2t =: ϕ(t) ⇒ dx = ϕ0 (t)dt =
2 dt e obtemos:
−1
Z 2p √ Z 2 1 x 12 √ Z ϕ (2) 1 1
x(2 − x) dx = 2 x2 1 − dx = 2 (2t) 2 (1 − t) 2 2 dt
0 0 2 −1
ϕ (0)
Γ 32 Γ 32
Z 1
3
−1
3
−1 3 3
=4 t 2 (1 − t) 2
dt = 4 B , =4
0 2 2 Γ (3)
1 1
1 1
Γ × 2Γ 2 π
=4 2 2 = .
2! 2
4. Mostre que os integrais impróprios seguintes têm um valor indenido. Calcule, sempre que possível,
o seu valor principal de Cauchy:
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 3
√
+∞ 2
x2 − x + 1
Z 2
Z
x3
Z
(a) x dx; (c) dx; (e) dx;
−∞
√
− 2 x4 − 4 0 x−1
+∞ +∞ 2
4x3
Z Z Z
2x dx
(b) dx; (d) ; (f) dx.
−∞ x2 +1 −∞ x(x + 1) −2 x4−1
5. Usando o Critério de Comparação, estude a natureza dos integrais impróprios de primeira espécie
seguintes:
Z +∞ Z +∞ Z +∞
arctg(x) x
(a) dx; (d) ; (g) 1 + sen(x) dx;
p
√
1 x 0 1 + x4 0
+∞ +∞ +∞
x2
Z Z Z
x+1 dx
(b) dx; (e) dx; (h) ;
0 x2 +x+1 −∞ ex2 −∞ 2 + sen(x)
0 −1 +∞
(x2 + 1) cos2 (x)
Z Z
x
Z
(c) 3
dx; (f) √ dx; (i) √ .
−∞ x −1 −∞ x2 x4 + 1 1
3
x6 + 1
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 3
6. Usando o Critério de Comparação, estude a natureza dos integrais impróprios de segunda espécie
seguintes:
Z π2 Z 0 Z π
cos(x) x2 1
(a) dx; (d) √ dx; (g) p dx;
x x sen(x)
0 −1 e x+1 0
Z π Z 1 Z 1 1
sen(x) ln(x) ex
(b) √ dx; (e) dx ; (h) √ dx;
0 x3 0 x+1 −1 1 − x2
Z 1 Z π2 p Z 1
ex 1
(c) √ dx; (f) tg(x) dx; (i) dx.
0 1−x 2
0 0 x + ln(1 − x)
7. Usando o Critério de Comparação, estude a natureza dos integrais impróprios mistos seguintes:
Z +∞ √ Z +∞ Z +∞
4
x+1 dx sen2 (x)
(a) √ dx; (c) ; (e) √ dx;
0 (x + 1) x 2 (x − 2) ln2 (x) 0
3
x4
Z +∞ Z +∞ Z +∞
dx senh(x) dx
(b) √
x x
; (d) dx ; (f) √ .
0 e −∞ x 1 x x 2−1
8. Utilize o Critério do Integral para estudar a natureza de cada série numérica seguinte e, no caso
de convergir, indique uma estimativa superior para a sua soma:
+∞ +∞ +∞
X 1 X 1 X 1
(a) 3
; (d) 2 + 9n + 18
; (g) 1 ;
n=1
n n=1
n 2 n
n=1 n e
+∞ +∞ +∞
X 1 X ln(n) X ln(n)
(b) √ ; (e) ; (h) ;
n=1
3
n+3 n=2
n n=2
n2
+∞ +∞ +∞ 2
X 4n X 1 X n
(c) ; (f) ; (i) .
n=1
(2n + 3)2
2
n=2
n ln2 (n) n=0
en
11. Usando a função Beta, em conjunto com a função Gama, calcule os integrais seguintes:
Z 1r Z 1 Z 1
x 4
32 √
(a) dx; (c) x 1−x 3 dx; (e) (2x − 1) 2 − 2x dx;
0 1 − x 0 1
2
Z 1 Z 1 Z 16 q
2
√ √ dx
q
1 2 3 39 7 3
(b) x3 1 − x3 dx; (d) x 10 (1 − x 5 ) 2 dx; (f) x−2 4− x√ .
0 0 4 x
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 3
Soluções
1 1 1
1: (a) +∞; (b) ; (c) +∞; (d) π; (e) 2π; (f) ; (g) Indenido; (h) ; (i) ∞. 2: (a) −∞; (b) π; (c) −∞; (d) 4;
2 2 2
π π2
(e) +∞; (f) −1; (g) +∞; (h) ln(3); (i) . 3: (a) 2; (b) +∞; (c) +∞; (d) −∞; (e) 1; (f) −∞; (g) ; (h) +∞;
√ 2 8
2 3
(i) π. 4: (a) 0; (b) 0; (c) 0; (d) 0; (e) 0; (f) 0; 5: (a) Diverge; (b) Diverge; (c) Converge; (d) Diverge; (e)
3
Converge; (f) Converge; (g) Diverge; (h) Diverge; (i) Converge. 6: (a) Diverge; (b) Converge; (c) Converge; (d)
Converge; (e) Converge; (f) Converge; (g) Converge; (h) Converge; (i) Converge. 7: (a) Converge; (b) Converge;
3
(c) Diverge; (d) Diverge; (e) Converge; (f) Converge. 8: (a) Converge e S ≤ ; (b) Diverge; (c) Converge e
2
9 1 1 7 1 + 2 ln(2)
S≤ ; (d) Converge e S ≤ + ln ; (e) Diverge; (f) Converge e S ≤ ; (g) Converge e S ≤ 1;
25 28 3 4 r 2 ln2 (2)r r
3 1 8 15 π 1 π 1 1155 π
(h) Converge e S ≤ ln(2) + ; (i) Converge e S ≤ 2. 10: (a) ; (b) ; (c) ; (d) ; (e) ;
4 2 81 216 3 12 3 2
5184 3
1 π 27 3 15 2 1 1 1 3 π
(f) ; 11: (a) ; (b) ; (c) ; (d) π ; (e) ; (f) π ; 12: a = 1, b = 4 e c = , B , = .
8 2 80 64 1792 15 2 4 2 2 8
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Capítulo 4
Séries de Potências
4.1 Introdução
Neste capítulo, iremos estudar séries que, no termo geral, para além de envolverem uma parte numérica,
contêm também uma potência que depende de uma variável contínua, digamos x, ou, mais geralmente,
x − x0 , para certo x0 ∈ R xo.
Denição 4.1.1 (Série de potências). Designa-se por série de potências de x toda a série da forma
+∞
X
an xn = a0 + a1 x + a2 x2 + · · · + an xn + . . . ,
n=0
Um facto importante a reter, desde já, é que, se nada for dito em contrário e sempre que o termo
geral da série de potências estiver denido em R, o limite inferior da série será 0. Observemos que,
quando concretizamos a variável x, a série de potências torna-se numa série numérica, tal como iremos
ver mais adiante. Deste modo, muito do que foi dito para as séries numéricas, em particular as noções
de convergência, bem como alguns resultados de convergência, ainda são válidos aqui, com as devidas
adaptações.
No caso da série convergir num ponto x ∈ R, a sucessão de funções das somas parciais converge, nesse
101
CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
ponto, para a designada função soma da série, denotada por S(x), isto é,
lim Sn (x) = S(x).
n−→+∞
Proposição 4.1.1. Seja an xn uma série de potências. Se |an xn | é convergente num ponto
P P
x ∈ R, então também an x é convergente em x e tem-se:
n
P
+∞ +∞
X X
n
an x ≤ |an | |x|n . (4.1.1)
n=0 n=0
Demonstração: Comecemos por considerar as sucessões das somas parciais das séries an xn e |an xn |,
P P
Sn (x) = a0 + a1 x + · · · + an xn ,
Sn|·| (x) = |a0 | + |a1 x| + · · · + |an xn | .
Suponhamos que |an xn | é convergente num ponto x ∈ R. Então, nesse ponto, temos, pelo Critério
P
Geral de Cauchy,
|·|
∀ ε > 0 ∃ p ∈ N : m, n > p ⇒ Sm (x) − Sn|·| (x) < ε .
Ora, como
|Sm (x) − Sn (x)| = |an+1 xn+1 + · · · + am xm | ≤ |an+1 xn+1 | + · · · + |am xm | < ε ,
vem que a série an xn também é convergente no ponto x. Para mostrar (4.1.1), basta observar que
P
X+∞ +∞
X
an x = lim Sn (x) ≤ lim Sn|·| (x) =
n
|an xn | ,
n→+∞ n→+∞
n=0 n=0
Denição 4.1.3 (Série nita). Uma série nita de potências é uma série de potências an xn com
P
os termos quase todos nulos, isto é, tal que
∃ p ∈ N : n > p ⇒ an = 0.
É imediato que qualquer série nita é (absolutamente) convergente para todo x ∈ R. De facto, se n = p
for a ordem da maior potência da série que se supõe nita, então
+∞
X
an xn = a0 + a1 x + a2 x2 + · · · + ap xp .
n=0
Este facto permite-nos dizer que as séries de potências de x podem ser encaradas como uma generalização
dos polinómios em x.
BQ EA EB 102
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
Exemplo 4.1.1. Escrever os polinómios seguintes como séries (nitas) das potências indicadas:
= 2(x − 3)5 + 19(x − 3)4 + 53(x − 3)3 − 10(x − 3)2 − 249(x − 3) − 278 .
Denição 4.1.4 (Série geométrica). Uma série geométrica de potências é uma série de potências
an xn tal que an = 1 para todo n ∈ N:
P
+∞
X
xn = 1 + x + x2 + · · · + xn + . . . .
n=0
Como vimos aquando do estudo das séries numéricas, a série de potências x é absolutamente con-
P n
vergente para |x| < 1 e divergente para |x| ≥ 1. No caso de convergir, a função soma é
1
S(x) =
1−x
e podemos escrever
+∞
X 1
xn = .
n=0
1−x
O problema que se coloca nas séries de potências, é o de saber em que condições a série converge e, além
disso, se convergir, para que valores de x converge. Vamos ver que os Critérios da Razão e da Raiz,
podem-nos ajudar a estudar a natureza das séries de potências.
1 an
R := an+1 = n−→+∞
lim .
an+1
lim
n−→+∞ an
(2) A série an xn diverge se |x| > R, isto é, se x ∈ (−∞, −R) ∪ (R, +∞).
P
BQ EA EB 103
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
Demonstração: Consideremos a série dos módulos |an xn | e seja un = |an xn |, onde, para já, x é um
P
ponto arbitrário de R. Temos
un+1 an+1 xn+1
an+1
lim = lim = lim |x| .
n→+∞ un n→+∞ |an xn | n→+∞ an
un+1 an+1 1 an
lim < 1 ⇔ lim |x| < 1 ⇔ |x| < an+1 = n→+∞
lim =R
n→+∞ un n→+∞ an an+1
lim
n→+∞ an
e é divergente, se
un+1 an+1 an
lim > 1 ⇔ lim
|x| > 1 ⇔ |x| > lim
= R.
n→+∞ un n→+∞ an n→+∞ an+1
O número R, eventualmente +∞, designa-se por raio de convergência da série e o intervalo (−R, R)
por intervalo de convergência (absoluta) da série.
Exemplo 4.2.1. Usando o critério anterior, determinar o raio de convergência da série seguinte:
+∞ n
X x
.
n=1
n
Observe-se que para podermos aplicar o critério anterior, tem de existir, em R, o limite lim aan+1 .
n
1
R := p
n
.
lim sup |an |
n−→+∞
(2) A série an xn diverge se |x| > R, isto é, se x ∈ (−∞, −R) ∪ (R, +∞).
P
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
Demonstração: Seja x um ponto arbitrário de R e consideremos a série dos módulos |an xn |. Fazendo
P
un = |an xn |, temos
√ p p
lim n un = lim n |an xn | = lim n |an | |x| .
n→+∞ n→+∞ n→+∞
√ p
n 1
lim sup n
un < 1 ⇔ lim sup |an ||x| < 1 ⇔ |x| < p
n
= R,
n→+∞ n→+∞ lim sup |an |
n→+∞
e é divergente se
p
n
an+1 1
lim sup |an ||x| > 1 ⇔ lim
|x| > 1 ⇔ |x| > p = R.
n→+∞ n→+∞ an
lim sup n |an |
n→+∞
Exemplo 4.2.2. Usando o critério anterior, determinar o raio de convergência da série seguinte:
+∞
X
2n xn .
n=1
Resolução: Escrevamos
+∞
X +∞
X
2n xn = an xn , onde an = 2n .
n=1 n=1
|x| = 0 ⇔ x = 0,
pelo que a série é obviamente convergente nesta situação. Se R 6= 0, tem-se no Critério da Razão e no
da Raiz, respectivamente,
an+1
x = 1 e lim sup n |an xn | = 1 .
p
lim
n−→+∞ an n−→+∞
Assim, nada se pode concluir, porque a série pode ser convergente ou divergente. Por isso, torna-se
necessário fazer um estudo da série de potências nos pontos x = ±R, o que nos leva ao estudo de séries
numéricas.
Exemplo 4.2.3. Estudar a natureza da série seguinte quanto à convergência simples e absoluta
em todos os pontos de R:
+∞
X xn
(−1)n √ .
n=1
n
BQ EA EB 105
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
Temos:
1 1 1
R= √
an+1 =
n+1
= = 1.
(−1)
√n+1
n
lim lim √
n−→+∞ an lim n
n−→+∞ n+1
n−→+∞ (−1)
√n
Pelo Critério da Razão, podemos inferir que a série converge absolutamente para |x| < 1 ⇔ −1 <
x < 1 e diverge para |x| > 1 ⇔ x > 1 ∨ x < −1.
Analisemos, agora, o que se passa em x = ±1.
2. Se x = −1, temos:
+∞ +∞ +∞
X xn X (−1)n X 1
(−1)n √ = (−1)n √ = 1 .
n=1
n n=1 n n=1 n
2
Tudo o que foi dito para as séries de potências de x, permanece válido para qualquer série de potências
de (x − x0 ), com x0 ∈ R xo. Em particular, a série
+∞
X
an (x − x0 )n = a0 + a1 (x − x0 ) + a2 (x − x0 )2 + · · · + an (x − x0 )n + . . .
n=0
é convergente para
e divergente para
|x − x0 | = R ⇔ x = x0 ± R,
BQ EA EB 106
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
Exemplo 4.2.4. Estudar a natureza da série seguinte quanto à convergência simples e absoluta
em todos os pontos de R :
+∞
X (x − 3)n
.
n=0
2n
Temos:
1 1 1
R= p
n
= s = 1 = 2.
lim sup |an | 1 2
n−→+∞ lim sup n n
n−→+∞ 2
Pelo Critério da Raiz, a série converge absolutamente para |x − 3| < 2 ⇔ 1 < x < 5 e diverge para
|x − 3| > 2 ⇔ x > 5 ∨ x < 1.
Analisemos, agora, o que se passa em x = 1 e em x = 5.
2. Se x = 1, então
+∞ +∞ +∞
X (x − 3)n X (−2)n X
n
= n
= (−1)n .
n=0
2 n=0
2 n=0
Podemos, ainda, considerar uma série de potências escrita numa forma mais geral:
+∞
X
an (αx + x0 )n = a0 + a1 (αx + x0 ) + a2 (αx + x0 )2 + · · · + an (αx + x0 )n + . . . .
n=0
BQ EA EB 107
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
tem de se fazer um estudo local. Observemos que, se α 6= 0, o estudo desta série pode reduzir-se ao
anterior, fazendo
+∞ +∞
X X x0
an (αx + x0 )n = bn (x − y0 )n , onde bn = an αn , y0 = − .
n=0 n=0
α
Exemplo 4.2.5. Estudar a natureza da série seguinte quanto à convergência simples e absoluta
em todos os pontos de R :
+∞
X (2x + 1)n
(−1)n .
n=1
n
Temos:
1 1 1
R= an+1 =
(−1)n+1 =
n = 1.
lim n+1 lim
n−→+∞ n + 1
n−→+∞ an lim n
n−→+∞ (−1)
n
Pelo Critério da Razão, a série converge absolutamente para |2x + 1| < 1 ⇔ −1 < x < 0 e diverge
para |2x + 1| > 1 ⇔ x > 0 ∨ x < −1.
Analisemos, agora, o que se passa em x = −1 e em x = 0.
2. Se x = −1, temos:
+∞ +∞ +∞
X (2x + 1)n X (−1)n X 1
(−1)n = (−1)n = .
n=1
n n=1
n n=1
n
Logo a série não converge absolutamente em x = 0. Por outro lado, facilmente se mostra que 1
n & 0,
quando n → +∞. Então, pelo Critério de Leibniz, a série é convergente em x = 0.
4. Podemos então concluir que:
BQ EA EB 108
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
4.3 Propriedades
Nesta secção, vamos estabelecer as propriedades mais importantes das séries de potências. Comecemos
por considerar uma série de potências arbitrária
+∞
X
an (x − x0 )n = a0 + a1 (x − x0 ) + a2 (x − x0 )2 + · · · + an (x − x0 )n + . . . ,
n=0
com x0 ∈ R xo. Na proposição seguinte, vamos ver que podemos garantir a continuidade da função
soma no intervalo de convergência da série.
Proposição 4.3.1. Seja S(x) a função soma de uma série de potências an (x − x0 )n de raio
P
de convergência R. Se R > 0, então a função soma S(x) é contínua em qualquer ponto x ∈
(x0 − R, x0 + R).
Observando que
xn − y n = (x − y) xn−1 + yxn−2 + · · · + y n−2 x + y n−1 , (4.3.2)
vem
|x| < ε e |y| < ε ⇒ |an (xn − y n )| < n εn−1 |an | |x − y| .
Então, usando (4.1.1) e (4.3.2), temos
+∞
X +∞
X
|S(x) − S(y)| ≤ |an (xn − y n )| < |x − y| n εn−1 |an | ≤ C |x − y| ,
n=0 n=0
onde C é uma constante positiva. Daqui se deduz P a continuidade de S(x) em y . Para justicar que
C é uma constante positiva, basta vericar que n εn−1 |an | é uma série convergente. De facto, se
bn = n εn−1 |an |, tem-se, pelo Critério da Razão,
(n + 1)εn |an+1 | an −1
bn+1 n+1 = ε < 1,
R 6= 0 ⇒ lim = lim n−1
= ε lim lim
n→+∞ bn n→+∞ nε |an | n→+∞ n n→+∞ an+1 R
A próxima proposição prende-se com a derivada de uma série de potências e da relação desta com a série
original, assim como a derivabilidade da função soma da série de potências.
Proposição 4.3.2. Seja S(x) a função soma de uma série de potências an (x − x0 )n de raio
P
de convergência R. Se R > 0, então a função soma S(x) é derivável em qualquer ponto x ∈
(x0 − R, x0 + R) e tem-se
+∞
X
S 0 (x) = n an (x − x0 )n−1 ∀ x ∈ (x0 − R, x0 + R). (4.3.3)
n=1
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
x ∈ (−R, R) um ponto arbitrário, queremos mostrar que existe o limite, quando h tende para 0, da
razão incremental de S(x). Usando a denição de limite, isto equivale a mostrar que
S(x + h) − S(x) X +∞
∀ ε > 0 ∃ δ > 0 : |h| < δ ∧ |x| + |h| < R ⇒ − n an x n−1
< ε. (4.3.4)
h n=1
Usando o facto de
n! (n − 2)!
≤ n(n − 1) ,
(k + 2)!(n − 2 − k)! k!(n − 2 − k)!
novamente o Binómio de Newton e a hipótese de |h| < δ , temos
+∞
+∞ n−2
!
S(x + h) − S(x) X X X (n − 2)!
n−1 n−2−k k
− n an x ≤ |an | |h| n(n − 1) |x| |h|
h k!(n − 2 − k)!
n=1 n=0 k=0
+∞
X n−2
= |h| |an | n(n − 1) (|x| + |h|) < δC.
n=0
A série numérica da última desigualdade é convergente pelo Critério da Razão e, portanto, limitada por
uma constante C , pois
n−1
(n + 1)n |an+1 | (|x| + |h|)
R 6= 0 ∧ |x| + |h| < R ⇒ lim n−2 =
n→+∞ n(n − 1) |an | (|x| + |h|)
an −1
(|x| + |h|) lim
n+1
lim = |x| + |h| < 1 .
n→+∞ n − 1 n→+∞ an+1 R
Escolhendo δ = ε/C , concluímos a demonstração de (4.3.4). Daqui se deduz a derivabilidade de S(x),
assim como (4.3.3).
Na proposição seguinte mostramos que a série que tem por função soma S 0 (x) tem o mesmo raio de
convergência da série de soma S(x).
+∞
X
n an (x − x0 )n−1 = a1 + 2a2 (x − x0 ) + 3a2 (x − x0 )2 + · · · + nan (x − x0 )n−1 + . . .
n=1
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
D
n a n an = lim an lim n
= 1 ⇒ RD = lim Dn = lim
lim = R;
n→+∞ n + 1 n→+∞ a n→+∞ (n + 1) an+1 n→+∞ an+1 n→+∞ n + 1
n+1
√ 1 1 1
lim n n = 1 ⇒ RD = q = p
n
= √ p = R.
n→+∞ n P
lim sup |an | lim sup |n an | lim n
n lim sup n |an |
n→+∞ n→+∞ n→+∞
n→+∞
O resultado anterior ainda é válido no intervalo [x0 − R, x0 + R], desde que a função soma S(x) esteja
denida nos pontos x0 ± R.
Exemplo 4.3.1. Usando a proposição anterior, determinar a soma da série seguinte e indicar o
maior intervalo aberto onde a igualdade é válida:
+∞ n
X x
.
n=1
n
Resolução: Sendo an = n,
1
esta série converge absolutamente para valores de x tais que:
1 1 1
|x| < R = an+1 = 1 = n = 1 ⇔ −1 < x < 1 .
lim lim
n→+∞ an lim n+1 n→+∞ n + 1
n→+∞ 1
n
Considerando a série que se obtém derivando, termo a termo, a série dada e recordando a soma da
série geométrica, obtemos:
+∞ n 0 +∞ +∞
X x X X 1
= xn−1 = xn = .
n=1
n n=1 n=0
1−x
Este desenvolvimento é válido também para valores de x tais que |x| < 1 ⇔ −1 < x < 1. Então:
+∞ n Z x
X x 1
= dt = − ln(1 − x) ∀ x ∈ (−1, 1) .
n=1
n 0 1 − t
+∞
X an a1 a2 an
(x − x0 )n+1 = a0 (x − x0 ) + (x − x0 )2 + (x − x0 )3 + · · · + (x − x0 )n+1 + . . .
n=0
n + 1 2 3 n + 1
aPsérie que se obtém por primitivar, termo a termo e a menos de uma constante aditiva, a série
an (x − x0 )n . Então:
(1) As séries an (x − x0 )n e an
(x − x0 )n+1 têm o mesmo raio de convergência R;
P P
n+1
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
A segunda armação é imediata, já que, por denição de primitiva e pela Proposição 4.3.2, se tem
Z +∞
0 X
S(x) = S(x) dx = an (x − x0 )n ∀ x ∈ (x0 − R, x0 + R) .
n=0
Exemplo 4.3.2. Usando os resultado da proposição anterior, determinar a soma da série seguinte
e indicar o maior intervalo aberto onde a igualdade é válida:
+∞
X
(n + 1)xn .
n=1
Considerando a série que se obtém primitivando a série dada termo a termo e recordando mais uma
vez a soma da série geométrica, obtemos:
+∞ Z x +∞ +∞
X X X x2
(n + 1)tn dt = xn+1 = x2 xn = .
n=1 0 n=1 n=0
1−x
Este desenvolvimento é válido também para valores de x tais que |x| < 1 ⇔ −1 < x < 1. Então:
+∞ 0
x2 x2
X
n 2x
(n + 1)x = = − ∀ x ∈ (−1, 1) .
n=1
1−x (1 − x)2 (1 − x)2
Nesta secção vamos desenvolver um método que nos permite calcular valores aproximados de funções
elementares e que é muito útil, em particular, para cálculos com funções transcendentes tais como o seno
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
ou a exponencial. Este método tem por base uma aproximação das funções elementares por polinómios
com um termo que nos dá o erro e que é facilmente estimado.
Comecemos por recordar que a derivada de uma função f num ponto x = x0 nos dá o declive da recta
tangente ao gráco da função nesse ponto. Muito próximo do ponto x = x0 a função f e a sua recta
tangente vão ter valores aproximados. Por uma simples análise geométrica da noção de derivada (ver
Figura 4.1), vemos que a expressão designatória da recta tangente ao gráco da função no ponto x = x0
é
y = f (x0 ) + f 0 (x0 )(x − x0 ).
y
y = f (x0 ) + f 0 (x0 )(x − x0 )
y = f (x)
f (x0 )
0 x0 x
Deste modo, numa vizinhança do ponto x = x0 onde a função f seja derivável, podemos escrever a
igualdade seguinte:
f (x) = f (x0 ) + f 0 (x0 )(x − x0 ) + r1 (x);
onde r1 (x) é o erro que se comete na aproximação. Se f for duas vezes derivável no ponto x = x0 , usando
a expressão anterior, podemos escrever:
f 0 (x) = f 0 (x0 ) + f 00 (x0 )(x − x0 ) + r(x);
onde r(x) é o erro que se comete nesta aproximação. Conjugando as duas expressões anteriores, obtemos
(x − x0 )2
f (x) = f (x0 ) + f 0 (x0 )(x − x0 ) + f 00 (x0 ) + r2 (x);
2
onde r2 (x) expressa o erro neste caso. Observe-se que os termos de segunda ordem vêm a dividir por 2,
porque se derivarmos esta última expressão temos de obter a anterior. Prosseguindo com este raciocínio,
podemos generalizar este resultado na proposição seguinte.
Proposição 4.4.1 (Fórmula de Taylor). Seja f uma função denida num intervalo aberto I ⊆ R,
e n vezes derivável num ponto x0 ∈ I . Tem-se então, para qualquer x ∈ I ,
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
(k)
onde Tn (x0 ) denota a derivada de ordem k de Tn (x) no ponto x = x0 . Mostremos que, quando x tende
para x0 , rn (x − x0 ) := f (x) − Tn (x) é um innitésimo quando comparado com (x − x0 )n , i.e. que se
verica (4.4.6). Pelas hipóteses feitas sobre f e tendo em conta (4.4.8), podemos aplicar sucessivamente
a Regra de Cauchy e obtemos
Observemos que, no caso de n = 0, basta que f seja contínua. A fórmula anterior, chama-se fórmula de
Taylor1 de ordem n da função f no ponto x = x0 . A função rn (x − x0 ) designa-se por resto de ordem
n e, de entre as várias expressões possíveis, apresentamos, na proposição seguinte, aquelas que têm mais
interesse neste texto.
Proposição 4.4.2. Seja f uma função denida num intervalo aberto I ⊆ R e x0 ∈ I . Suponhamos
que f e as suas derivadas até à ordem n + 1 são funções contínuas em I . Então existe um ponto ξ
entre x0 e x ∈ I tal que o resto da Fórmula de Taylor de ordem n de f em x = x0 é dado por uma
das fórmulas seguintes:
f (n+1) (ξ)
rn (x − x0 ) = (x − x0 )n+1 , (4.4.9)
(n + 1)!
f (n+1) (ξ)
rn (x − x0 ) = (x − ξ)n (x − x0 ) . (4.4.10)
n!
Por outro lado, derivando (4.4.11) e, depois, usando as propriedades das somas telescópicas, obtemos
n (k+1)
f (k) (t) f (n+1) (t)
X f (t)
F 0 (t) = f 0 (t) + (x − t)k − (x − t)k−1 = (x − t)n . (4.4.13)
k! (k − 1)! n!
k=1
Sem perda de generalidade, consideremos o caso de x > x0 , sendo que o caso x0 < x é inteiramente
análogo. Consideremos, agora, uma função arbitrária G, mas tal que G é contínua em [x0 , x] e derivável
em (x0 , x), e, ainda, tal que G0 (t) 6= 0 para todo t ∈ (x0 , x). Então, pelo Teorema do valor médio de
Cauchy, existe ξ ∈ (x0 , x) tal que
F (x) − F (x0 ) F 0 (ξ)
= 0 (4.4.14)
G(x) − G(x0 ) G (ξ)
Para provarmos (4.4.9) ou (4.4.10), basta considerarmos, em (4.4.14), G(t) = (x − t)n+1 ou G(t) = x − t,
respectivamente, e usar as identidades (4.4.12) e (4.4.13).
Observe-se que a condição de que f (n+1) seja contínua no intervalo I não é de todo necessária para a
demonstração da Proposição 4.4.2. Basta assumir que f (n+1) exista e que f (n) seja contínua, ambas no
intervalo I .
1 Brook Taylor (1685-1731), matemático inglês natural de Londres.
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
Os restos da fórmula de Taylor expressos em (4.4.9) e em (4.4.10) são conhecidos na literatura, respec-
tivamente, como Resto de Lagrange e Resto de Cauchy. As correspondentes fórmulas de Taylor, são
designadas por Fórmula de Taylor-Lagrange e Fórmula de Taylor-Cauchy, respectivamente. Existem
várias outras possibilidades para expressar o resto da Fórmula de Taylor, mas todas elas devem satisfa-
zer à condição (4.4.6). Tal como iremos ver na demonstração da proposição seguinte, e principalmente
aquando falarmos dos desenvolvimentos em série de Taylor, o resto de Lagrange é útil em situações
em que consigamos majorar |f (n+1) (ξ)| por alguma constante positiva (independente de n), digamos C ,
porque, neste caso, iremos ter
(n+1)
|x − x0 |n+1
f (ξ) n+1
−→ 0, quando n → +∞. (4.4.15)
(n + 1)! (x − x 0 ) ≤ C
(n + 1)!
Por sua vez, o resto de Cauchy permite desbloquear situações em que não conseguimos majorar |f (n+1) (ξ)|,
o que acontece, por exemplo, quando na expressão de f (n+1) (ξ) aparecem expressões do tipo n! no nu-
merador.
No caso particular de x0 = 0, a fórmula de Taylor reduz-se a
f 00 (0) 2 f 000 (0) 3 f (n) (0) n
f (x) = f (0) + f 0 (0)x + x + x + ··· + x + rn (x) , (4.4.16)
2 3! n!
onde
rn (x)
= 0.
lim (4.4.17)
xn x→0
1
(1) = 1 + x + x2 + · · · + xn + rn (x);
1−x
x2 xn
(2) ex = 1 + x + + ··· + + rn (x);
2 n!
x2 xn
(3) ln(1 + x) = x − + · · · + (−1)n−1 + rn (x);
2 n
α α
(4) α
(1 + x) = 1 + αx + 2
x + ··· + xn + rn (x), α ∈ R;
2 n
x3 x5 nπ xn
(5) sen(x) = x − + + · · · + sen + rn (x);
3! 5! 2 n!
x2 x4 nπ xn
(6) cos(x) = 1 − + + · · · + cos + rn (x).
2! 4! 2 n!
Na Fórmula Fundamental (4) da proposição anterior, estendemos a notação binomial de números inteiros
não negativos para um número real α qualquer,
α α! α(α − 1)(α − 2) . . . [α − (n − 1)]
= = . (4.4.18)
n n!(α − n)! n!
Observe-se que esta expressão só tem expressão em função de α no caso de n ≥ 1. Por outro lado,
note-se
α
que, tal como iremos ver na demonstração a seguir, no caso de α ∈ N, subentende-se que =0
n
para todo n > α. Usando uma notação mais abreviada, podemos escrever a Fórmula de Taylor (4) na
forma seguinte
n Yk
X xk
(1 + x)α = 1 + [α − (i − 1)] .
i=1
k!
k=1
2 Colin Maclaurin (1698-1746), matemático escocês natural de Kilmodan.
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
1
f 0 (x) = ⇒ f 0 (0) = 1 ,
(1 − x)2
2
f 00 (x) = ⇒ f 00 (0) = 2 ,
(1 − x)3
2×3
f 000 (x) = ⇒ f 000 (0) = 2 × 3 ,
(1 − x)4
···
(n) n!
f (x) = ⇒ f (n) (0) = n!, n ≥ 0.
(1 − x)n+1
Falta apenas ver que (4.4.6) é satisfeita. De facto, usando a denição (4.4.9) para o resto, temos
f (n+1) (ξ) n+1 (n+1)!
rn (x) (n+1)! x (1−ξ)n+2 x
lim = lim = lim x = lim = 0.
x→0 xn x→0 xn x→0 (n + 1)! x→0 (1 − ξ)n+2
A última igualdade resulta do facto de ξ estar entre 0 e x (que, por denição, é diferente de 1) e, por
isso, ξ −→ 0 quando x −→ 0.
(2) Para f (x) = ex , temos f (n) (x) = ex ⇒ f (n) (0) = 1 para todo n ∈ N. Substituindo em (4.4.16),
obtemos a fórmula de Maclaurin respectiva. Para ver que (4.4.6) é satisfeita, usamos a denição (4.4.9)
para o resto e obtemos
f (n+1) (ξ) n+1
rn (x) (n+1)! x eξ
lim = lim = lim x = 0.
x→0 xn x→0 xn x→0 (n + 1)!
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
obtemos
α(α − 1) 2 α(α − 1)(α − 2) 3
(1 + x)α =1 + αx + x + x + ...
2 3!
α(α − 1)(α − 2) . . . [α − (n − 1)] n
+ x + rn (x)
n!
α α α
=1 + αx + x2 + x3 + · · · + xn + rn (x) .
2 3 n
Falta apenas ver que (4.4.6) é satisfeita. De facto, usando a denição (4.4.9) para o resto, observando
que x 6= −1 e novamente que ξ −→ 0 quando x −→ 0, temos
f (n+1) (ξ) n+1
rn (x) (n+1)! x α(α − 1)(α − 2) . . . [α − (n − 1)](1 + ξ)α−n
lim = lim = lim x = 0.
x→0 xn x→0 xn x→0 (n + 1)!
π
f 0 (x) = cos(x) = sen x + ⇒ f 0 (0) = 1 ,
2
2π
f 00 (x) = − sen(x) = sen x + ⇒ f 00 (x) = 0 ,
2
3π
f 000 (x) = − cos(x) = sen x + ⇒ f 000 (0) = −1 ,
2
4π
f (iv) (x) = sen(x) = sen x + ⇒ f (iv) (0) = 0 ,
2
5π
f (v) (x) = cos(x) = sen x + ⇒ f (v) (0) = 1 ,
2
...
se n par
(n)
nπ 0,
f (x) = sen x + ⇒ f (n) (0) = , n ≥ 0.
2 ±1 se n ímpar
sen nπ
0 2 −1 3 0 4 1 5
sen(x) =0 + 1 × x + x + x + x + x + ··· + 2
xn + rn (x)
2 3! 4! 5! n!
x3 x5 nπ xn
=x − + + · · · + sen + rn (x) .
3! 5! 2 n!
Vejamos, agora, que (4.4.6) é satisfeita. De facto, usando a denição (4.4.9) para o resto, temos
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
cos nπ
−1 2 0 3 1 4 0 5
cos(x) =1 + 0 × x + x + x + x + x + ··· + 2
xn + rn (x)
2 3! 4! 5! n!
x2 x4 nπ xn
=1 − + + · · · + cos + rn (x) .
2 4! 2 n!
Para ver que (4.4.6) é satisfeita, usamos a denição (4.4.9) para obter
1 − cos(2x)
f (x) = sen2 (x) = .
2
Então, usando a Fórmula 6 da Proposição 4.4.3, obtemos
" n # n
2k
1 1 X k (2x)
X 22k−1 2k
f (x) = − (−1) + rn (2x) = (−1)k+1 x + Rn (x) , (4.4.19)
2 2 (2k)! (2k)!
k=0 k=1
rn (2x)
onde Rn (x) = − 12 rn (2x), com limx→0 (2x)n = 0. Para ver que (4.4.6) é satisfeita, basta ver que
No caso particular de f (x) ser um polinómio de grau menor ou igual a n, então rn (x) = 0 em (4.4.16).
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
As funções cujas fórmulas de Taylor, em torno de determinado ponto, têm restos cada vez mais pequenos
à medida que a ordem n aumenta, dizem-se analíticas e serão estudadas na secção seguinte.
Comecemos por observar que quando uma série de potências an (x − x0 )n , com x0 ∈ R, converge,
P
então a série pode ser representada, no intervalo de convergência
P(x0 − R, x0 + R), pela sua função soma,
digamos S(x). Assim, podemos dizer que a série de potências an (x − x0 )n dene a função S(x) cujo
valor, em cada ponto x do seu intervalo de convergência, é dado por
+∞
X
S(x) = an (x − x0 )n .
n=0
(1) O primeiro tem a ver com as propriedades da função soma de uma dada série de potências;
(2) No segundo problema, pretendemos saber em que condições é possível ou não representar uma dada
função por uma série de potências.
O primeiro problema já foi analisado na Secção 4.3 com o estudo das propriedades principais das séries
de potências. Para respondermos ao segundo problema, e que é o mais interessante do ponto de vista
das aplicações, convém ter presente a noção de Fórmula de Taylor de ordem n em torno de um ponto
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
x = x0 . Na denição seguinte, vamos estender esta noção para qualquer ordem e, assim, escrever uma
fórmula com innitas parcelas.
Denição 4.5.1 (Série de Taylor). Sejam f (x) uma função indenidamente derivável num intervalo
aberto I ⊆ R e x0 ∈ I . Designa-se por série de Taylor de f (x) no ponto x = x0 à série de potências
seguinte:
+∞ (n)
X f (x0 ) f 00 (x0 ) f (n) (x0 )
(x − x0 )n = f (x0 ) + f 0 (x0 )(x − x0 ) + (x − x0 )2 + · · · + (x − x0 )n + . . . .
n=0
n! 2 n!
Denição 4.5.2 (Função analítica). Seja f (x) uma função denida num intervalo aberto I ⊆ R e
x 0 ∈ I . Diz-se que f (x) é uma função analítica no ponto x = x0 , se existe uma série de potências
an (x − x0 )n tal que, para qualquer x pertencendo a um subintervalo de I contendo x0 , se tem
P
+∞
X
f (x) = an (x − x0 )n .
n=0
A proposição seguinte dá-nos um critério geral de desenvolvimento de uma função em série de Taylor.
Proposição 4.5.1. Seja f (x) uma função denida num intervalo aberto I ⊆ R e indenidamente
derivável em I , e seja x0 ∈ I . Tem-se
+∞ (n)
X f (x0 )
f (x) = (x − x0 )n ∀ x ∈ (x0 − ε, x0 + ε) ⊆ I, ε > 0, (4.5.20)
n=0
n!
lim rn (x − x0 ) = 0 . (4.5.21)
n−→+∞
Demonstração: Consideremos a sucessão Sn (x) das somas parciais de ordem n da série de Taylor
P f (n) (x0 )
n! (x − x0 )n :
rn (x − x0 )
f (x) = Sn (x) + rn (x − x0 ) , onde lim .
x−→x0 (x − x0 )n
Fazendo n → +∞, temos
+∞ (n)
X f (x0 )
f (x) = (x − x0 )n + lim rn (x − x0 ) = 0 .
n=0
n! n→+∞
Assim, a igualdade (4.5.20) acontece se e só se o limite do segundo membro na equação anterior for zero,
ou seja se e só (4.5.21) se vericar.
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
Convém notar que o limite de rn (x − x0 ) é tomado quando n tende para +∞ e não quando x tende para
x0 , o qual é sempre 0 para todo n. Pelo exposto acima, pode acontecer que, por um lado, determinada
função seja a soma de uma série de potências e, por outro, admita um desenvolvimento em série de
Taylor. Neste caso, a proposição seguinte diz-nos que a série obtida, num caso ou no outro, é a mesma.
Proposição 4.5.2. Sejam x0 ∈ R e ε > 0. Se S(x) éPa soma de uma série de potências
P
an (x −
x0 )n num intervalo (x0 −ε, x0 +ε), e, por outro lado, an (x−x0 )n é a expansão em série de Taylor
de uma função f (x) em torno do ponto x = x0 , então S(x) = f (x) para todo x ∈ (x0 − ε, x0 + ε)
e, em particular,
Demonstração: Suponhamos que num intervalo (x0 − ε, x0 + ε), com ε > 0, se tem
+∞
X
S(x) = an (x − x0 )n = a0 + a1 (x − x0 ) + a2 (x − x0 )2 + · · · + an (x − x0 )n + . . . . (4.5.22)
n=0
Como a série do segundo membro de (4.5.22) é a expansão em série de Taylor de uma função f (x) em
torno do ponto x = x0 , é imediato que S(x) = f (x) para todo x ∈ (x0 − ε, x0 + ε). Observando isto,
sai imediatamente de (4.5.22) que f (x0 ) = a0 . Derivando (4.5.22) e observando que S(x) = f (x) no
intervalo (x0 − ε, x0 + ε), temos
+∞
X
f 0 (x) = nan (x − x0 )n−1 = a1 + 2a2 (x − x0 ) + 3a3 (x − x0 )2 + · · · + nan (x − x0 )n−1 + . . . , (4.5.23)
n=1
e f 00 (x0 ) = 2a2 . Prosseguindo este raciocínio, conseguimos mostrar que f (n) (x0 ) = n! an .
+∞
1 X
(1) = xn = 1 + x + x2 + · · · + xn + . . . , |x| < 1;
1 − x n=0
+∞ n
X x x2 xn
(2) ex = =1+x+ + ··· + + ... , |x| < +∞;
n=0
n! 2 n!
+∞
X xn x2 xn
(3) ln(1 + x) = (−1)n−1 =x− + · · · + (−1)n−1 + ... , |x| < 1;
n=1
n 2 n
+∞
X α α α
(4) (1 + x)α = xn = 1 + αx + x2 + · · · + xn + . . . , |x| < 1;
n 2 n
n=0
+∞
X x2n+1 x3 x5 x2n+1
(5) sen(x) = (−1)n =x− + + · · · + (−1)n + . . . , |x| < +∞;
n=0
(2n + 1)! 3! 5! (2n + 1)!
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
+∞
X x2n x2 x4 x2n
(6) cos(x) = (−1)n =1− + + · · · + (−1)n + ... , |x| < +∞.
n=0
(2n)! 2! 4! (2n)!
(1 + x)α =
+∞ Y
n +∞
X xn X xn
1+ [α − (k − 1)] =1+ α(α − 1)(α − 2) · · · [α − (n − 1)] = (4.5.24)
n=1 k=1
n! n=1
n!
x2 x3 xn
1 + αx + α(α − 1) + α(α − 1)(α − 2) + · · · + α(α − 1)(α − 2) · · · [α − (n − 1)] + ... .
2! 3! n!
Observe-se que o termo de ordem zero foi separado da série para se garantir que o seu valor é 1. Caso
contrário, podemos usar a notação
+∞ Y
n
X xn
(1 + x)α = [α − (k − 1)]
n=0 k=1
n!
Qn
com o signicado de que k=1 [pk − (p − 1)] = 1 quando n = 0, tal como muitos programas de resolução
numérica o fazem. Tal como para a Fórmula de Taylor respectiva, no caso de α ser um inteiro positivo,
subentende-se que Qn
α [α − (k − 1)]
= k=1 = 0 ∀ n > α.
n n!
No caso particular de α = − p1 , com p ∈ N2 , a expressão (4.5.24) simplica-se do modo seguinte,
+∞ Qn
1 k=1 [pk − (p − 1)] n
X
n
√ =1 + (−1) x
p
1+x n=1
pn n!
+∞
X 1 · (p + 1) · (2p + 1) · (3p + 1) · · · ((n − 1)p + 1) n
=1 + (−1)n x .
n=1
pn n!
+∞ Qn
√ X
n k=1 [pk − (p + 1)]
p
1 + x =1 + (−1) xn
n=1
pn n!
+∞
X (p − 1) · (2p − 1) · (3p − 1) · · · ((n − 1)p − 1) n
=1 + (−1)n+1 x .
n=1
pn n!
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
Demonstração: Pela Proposição 4.4.3, as fórmulas de Maclaurin de ordem n seguintes são válidas:
1
(1) = 1 + x + x2 + · · · + xn + rn (x);
1−x
x2 xn
(2) ex = 1 + x + + ··· + + rn (x);
2 n!
x2 xn
(3) ln(1 + x) = x − + · · · + (−1)n−1 + rn (x);
2 n
α α
(4) (1 + x)α = 1 + αx + x2 + · · · + xn + rn (x), α ∈ R;
2 n
x3 x5 nπ xn
(5) sen(x) = x − + + · · · + sen + rn (x);
3! 5! 2 n!
x2 x4 nπ xn
(6) cos(x) = 1 − + + · · · + cos + rn (x);
2! 4! 2 n!
Daqui resulta que os desenvolvimentos em série de Maclaurin (1)-(6) são válidos, se conseguirmos mostrar,
em cada caso, que
lim rn (x) = 0
n→+∞
nos domínios de x considerados. Comecemos por mostrar que as séries de Taylor indicadas são con-
vergentes nos domínios correspondentes. Designando por an a parte numérica em cada uma das séries,
temos:
+∞
X an
(1) xn ⇒ R = lim = 1;
n→+∞ an+1
n=0
+∞ n
X x
an 1
(2) = lim 1 = lim (n + 1) = +∞;
n!
⇒ R = lim
n=0
n! n→+∞ an+1 n→+∞
(n+1)!
n→+∞
(−1)n−1
+∞
n
n−1 x
X an n+1
(3) (−1) ⇒ R = lim n
= lim (−1)n = lim = 1;
n=1
n n→+∞ an+1 n→+∞ n→+∞ n
n+1
+∞ α(α−1)(α−2)...[α−(n−1)]
an
α = lim n + 1 = 1;
X
(4) xn
n!
⇒ R = lim = lim
n n→+∞ an+1 n→+∞ α(α−1)(α−2)...(α−n)
n→+∞ |α − n|
n=0 (n+1)!
+∞ 2n+1
(−1)n
X x an (2n+1)!
(5) (−1)n = lim (−1)n+1 = lim (2n + 3)(2n + 2) = +∞;
⇒ R = lim
n=0
(2n + 1)! n→+∞ an+1 n→+∞
n→+∞
(2n+3)!
+∞ 2n
(−1)n
X x an (2n)!
(6) (−1)n = lim (−1)n+1 = lim (2n + 2)(2n + 1) = +∞.
⇒ R = lim
n=0
(2n)! n→+∞ an+1 n→+∞
(2n+2)! n→+∞
Mostremos, então, que limn→+∞ rn (x) = 0 nos domínios de x considerados em cada caso. Para mos-
trarmos isto, vamos considerar a expressão para o resto rn (x) dado pela fórmula de Lagrange (4.4.9)
em todos os desenvovimentos, com excepção de (1). Devido a diculdades técnicas em mostrar que
limn→+∞ rn (x) = 0 no caso (1) quando se considera (4.4.9), vamos usar, em alternativa, a expressão
para o resto de ordem n dada pelo resto de Cauchy (4.4.10). Recorde-se o que abordamos aquando
da explicação de (4.4.15). No exposto a seguir, vamos usar, também, os cálculos para a obtenção das
fórmulas de Maclaurin desenvolvidos na demonstração da Proposição 4.4.3.
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
1
(1) Se f (x) = e |x| < 1, então, usando (4.4.10), temos
1−x
(n+1)! n
f (n+1) (ξ) xn
(1−ξ)n+2 x−ξ
rn (x) = (x − ξ)n xn = (x − ξ)n xn = (n + 1) −→ 0,
n! n! 1−ξ (1 − ξ)2
porque ξ → 0 e a sucessão (n + 1)an → 0, em ambos quando n → +∞, e a segunda sempre que |a| < 1.
De facto, para a := x−ξ
1−ξ , temos 0 < a < 1 se 0 < ξ < x < 1 e −1 < a < 0 se −1 < x < ξ < 0.
(4) Se f (x) = (1 + x)α e |x| < 1, usamos outra vez (4.4.9) para obter
Exemplo 4.5.1. Determinar a série de Maclaurin de ordem n da função seguinte e indique o maior
intervalo aberto onde o desenvolvimento é válido:
f (x) = arctg(x) , x = 0.
Resolução: De modo análogo ao que zemos no Exemplo 4.4.1, começamos por determinar a série
de Maclaurin de ordem n da derivada de f (x). Usando a fórmula (1) da Proposição 4.5.3 com −x2
em vez de x, temos:
+∞ +∞
1 1 X X
f 0 (x) = = = (−x 2 n
) = (−1)n x2n , |x| < 1 .
1 + x2 1 − (−x2 ) n=0 n=0
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
e este desenvolvimento também é válido para valores de x tais que |x| < 1 ⇔ −1 < x < 1.
Observe-se que, para determinar a série de Maclaurin de f 0 (x), também poderíamos ter usado a
fórmula (4) da Proposição 4.5.3 com α = −1 e −x2 em vez de x.
Observemos que, em (4) da Proposição 4.5.3, α ∈ R. Se α é um natural, então a série referida tem apenas
um número nito de parcelas. Por outro lado, a expansão em série de Taylor de qualquer polinómio é
uma série nita.
Exemplo 4.5.2. Determine a série de Taylor de ordem n do polinómio seguinte em torno do ponto
referido e indique o maior intervalo aberto onde o desenvolvimento é válido:
g(x) = x3 − 2x2 + 3x + 5 , x = 2.
Resolução: De acordo com o que foi feito no Exemplo 4.4.2, sabemos que g (n) (0) = 0 para todo
n ≥ 4, pelo que
+∞ (n) +∞ (n)
X g (0) X g (0)
g(x) = (x − 2)n = 11 + 7(x − 2) + 4(x − 2)2 + (x − 2)3 + (x − 2)n
n=0
n! n=4
n!
=11 + 7(x − 2) + 4(x − 2)2 + (x − 2)3 .
Mais, este desenvolvimento é válido para todo x ∈ R. Por outro lado, como rn (x − 2) = 0 para todo
n ≥ 4, então trivialmente se tem limn→+∞ rn (x − 2) = 0 para qualquer x ∈ R.
Em vários processos demonstrativos é necessário usar produtos de séries de potências. Por exemplo, a
regra das potências ex ey = ex+y é habitualmente demonstrada expandindo a função exponencial em série
de Taylor e depois usando o produto de séries de potências.
Denição 4.6.1.
P+∞ P+∞
Sejam k=0 ak (x−x0 )k e m=0 bm (x−x0 )m duas séries de potências de x−x0 .
P+∞ P+∞
Dene-se o produto de Cauchy das séries de potências k=0 ak (x − x0 )k e m=0 bm (x − x0 )m da
seguinte forma:
+∞
X +∞
X +∞
X n
X
ak (x − x0 )k × bm (x − x0 )m = cn (x − x0 )n , onde cn = ai bn−i . (4.6.25)
k=0 m=0 n=0 i=0
P+∞
Mais geralmente, o produto de Cauchy de duas séries de potências distintas, digamos k=0 ak (x − x0 )k
P+∞
e m=0 bm (y − y0 )m , dene-se como
+∞
X +∞
X +∞ X
X n
k
ak (x − x0 ) × bm (y − y0 ) m
= ai (x − x0 )i bn−i (y − y0 )n−i . (4.6.26)
k=0 m=0 n=0 i=0
O resultado seguinte diz-nos em que condições converge o produto de Cauchy de duas séries de (as
mesmas) potências.
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CÁLCULO II 4. SÉRIES DE POTÊNCIAS
Proposição 4.6.1.
P+∞ P+∞
Sejam k=0 ak (x − x0 )k e m=0 bm (x − x0 )m duas séries de potências de
x − x0 , com raios de convergência
Pabsoluta Ra e Rb , respectivamente. Então o produto de Cauchy
+∞ P+∞
(4.6.25) das séries de potências k=0 ak (x − x0 )k e m=0 bm (x − x0 )m também converge e tem
raio de convergência
R ≥ min{Ra , Rb }.
Demonstração: O facto de que o produto de Cauchy também converge (absolutamente), é uma con-
sequência directa da Proposição 2.8.2. Por outro lado, admitindo que
+∞
X +∞
X
ak (x − x0 )k = a(x) , |x − x0 | < Ra e bm (x − x0 )m = b(x) , |x − x0 | < Rb ,
k=0 m=0
então, pela Proposição 2.8.2, o produto de Cauchy destas duas séries converge absolutamente para c(x) =
a(x)b(x) sempre que |x − x0 | < Ra ou |x − x0 | < Rb , ou seja para |x − x0 | < R e R ≥ min{Ra , Rb }.
Na proposição seguinte vamos ver como o produto de Cauchy pode ser usado para determinar expansões
em série de potências para algumas funções.
+∞
!2 +∞ X
n +∞
1 X
n
X X
= x = xn = (n + 1)xn
(1 − x)2 n=0 n=0 i=0 n=0
4.7 Aplicações
Como exemplo de aplicação das séries de potências, começamos por ver a sua importante ajuda no cálculo
de valores aproximados dos números irracionais π e e. Para o número π , usamos, por exemplo, a série
de Maclaurin da função arctg(x), com x = 1, obtida no Exemplo 4.5.1:
+∞
X 1 1 1 1 4
π =4 arctg(1) = 4 (−1)n = 4 1 − + − + − ...
n=0
2n + 1 3 5 7 9
4 4 4
=4 − + − + · · · = 4 − 1, 333333333... + 0, 8 − 0, 5714285714 + 0, 4444444444 − · · ·
3 5 7
=3, 339682540 + · · ·
n x2n+1
P+∞
Observe-se que pudemos usar a série n=0 (−1) 2n+1 em x = 1, já que a série daí resultante, i.e.
P+∞
n=0 (−1) 2n+1 é convergente pelo Critério de Leibniz. Esta série vai ter uma convergência muito
n 1
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 4
Outra aplicação, é o cálculo de valores aproximados de integrais de potências que não têm primitivas
elementares. Por exemplo, usando a série de Maclaurin da função sen(x), obtida na Proposição 4.5.3,
temos:
Z 1 Z 1 +∞
! +∞
Z 1 X !
2n+1 2n
sen(x) 1 X x x
dx = lim (−1)n dx = lim (−1)n dx
0 x τ →0+ τ x
n=0
(2n + 1)! τ →0+ τ
n=0
(2n + 1)!
+∞ Z 1 +∞ 2n+1 x=1 !
(−1)n (−1)n
X
X
2n x
= lim+ x dx = lim+
n=0
(2n + 1)! τ →0 τ n=0
(2n + 1)! τ →0 2n + 1 x=τ
+∞
X (−1)n
=
n=0
(2n + 1)!(2n + 1)
1 1
=1 − + − · · · = 0, 9461111111 + · · · .
18 600
Mostremos, agora, como a noção de produto de Cauchy denida em (4.6.25) nos permite mostrar a
seguinte propriedade da função exponencial,
ex ey = ex+y ∀ x, y ∈ R .
De facto, usando a fórmula (2) da Proposição 4.5.3 juntamente com a fórmula do Binómio de Newton,
temos
+∞ m
+∞ k X +∞ X n
X x y X xi y n−i
ex ey = =
k! m=0 m! n=0 i=0
i! (n − i)!
k=0
+∞ n +∞
X 1 X n! X 1
= xi y n−i = (x + y)n = ex+y ,
n=0
n! i=0
i!(n − i)! n=0
n!
1. Estude a natureza das séries de potências seguintes e indique, no caso de serem não vazios, os
subconjuntos de R onde são absolutamente convergentes, simplesmente convergentes e divergentes:
+∞ +∞ +∞ n n
xn π [(3n)!]2
X X n+2 n X 4
(a) ; (d) (−2)n x ; (g) x− ;
n=1
n2n n=1
n+1 n=1
(6n)! π
+∞ +∞ +∞
X xn X (x − 1)n X 2 2
(b) ; (e) ; (h) 3n xn ;
n=1
n(n + 1) n=1
2n−1 n=1
+∞ +∞ n n+1 +∞ n
X X [2 + (−1) ] X 4nx2 + x4
(c) n! xn ; (f) (x − 2)2n ; (i) .
n=1 n=1
n+1 n=1
9n + x2
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 4
+∞ +∞ +∞
X xn X X
(a) (−1)n−1 ; (c) (−1)n−1 (2n−1)x2n−2 ; (e) n(n + 1)xn−1 ;
n=1
n n=1 n=1
+∞ 2n−1 +∞ n+1 +∞
X x X (−1) X xn+1
(b) ; (d) x2n−1 ; (f) (−1)n .
n=1
2n − 1 n=1
2n − 1 n=1
n(n + 1)
4. Determine as fórmulas de Taylor de ordem n das funções seguintes em torno dos pontos indicados:
6. Usando os desenvolvimentos fundamentais, represente por uma série de Maclaurin as funções se-
guintes, indique o maior intervalo aberto onde cada desenvolvimento é válido e mostre que os limites
notáveis indicados são válidos:
senx senx ex − 1 ex − 1
(a) , lim = 1; (b) , lim = 1;
x x−→0 x x x−→0 x
ln(x + 1) ln(x + 1) a x
(c) , lim =1 e lim 1+ = ea ∀ a ∈ R .
x x−→0 x x−→+∞ x
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 4
7. Represente as funções seguintes por uma série de potências indicadas a seguir (série de Taylor) e
indique o maior intervalo aberto onde o desenvolvimento é válido:
(a) 1
x , x − 1; (d) cos2 x , x − π2 ; (g) x ln(x) , x − 1;
√ 2
(b) ln x , x − 1; (e) x , x − 4 ; (h) (x−1)
x2 , x − 1;
(c) e ,x
x + 2; (f) x − 2x − 5x − 2 ,
3 2
x+4; (i) cosh(2x − 1) , x− 1
2 .
8. Usando os desenvolvimentos fundamentais, determine a função soma das séries seguintes e indique
o maior intervalo aberto onde o desenvolvimento é válido:
+∞ +∞
X X (x − 1)n
(a) (−1)n x2n ; (h) ;
n=0 n=0
(n + 2)!
+∞
X 2 n xn +∞
(b) ; X (−1)n x−n
n (i) ;
n=1
n=0
(2n + 1)!
+∞
X x3n
(c) (−1)n ; +∞
n! X (−1)n−1 22n
n=0 (j) (x − π)2n+1 ;
+∞ (2n + 1)!
X (−1)n x2n n=0
(d) ;
22n n! +∞
n=0 X (n + 1)x + (−1)n n! n
+∞ (k) x ;
X (−1)n x2n (n + 1)!
(e) ; n=0
n=0
32n (2n)!
+∞
+∞
X
(x − 1)n (l) 1 + (−1)n 2n+1 xn ;
X
(f) ;
n=1
2n−1 n=0
+∞ +∞
X 1.3.5 . . . (2n − 1) 2n X n + (−1)n
(g) (−1)n x ; (m) (2x + 1)n ;
n=0
2n n! n=2
n
topsep=0pt,1temsep=1ex,p1rtopsep=1ex,p1rsep=1ex topsep=0pt,5temsep=5ex,p5rtopsep=5ex,p5rsep
h(x) =
f (x) = x2 arccos(x) ;
arccotg(x) ;
topsep=0pt,4temsep=4ex,p4rtopsep=4ex,p4rsep=4ex
topsep=0pt,2temsep=2ex,p2rtopsep=2ex,p2rsep=2ex i(x) =
g(x) = topsep=0pt,6temsep=6ex,p6rtopsep=6ex,p6rsep
x+
arcsen(x) ; ln(1−
topsep=0pt,3temsep=3ex,p3rtopsep=3ex,p3rsep=3ex x) ;
10. Usando os desenvolvimentos em série de Maclaurin, calcule valores aproximados às centesimas de:
11. Usando os desenvolvimentos em série de Maclaurin, calcule um valor aproximado às centesimas dos
integrais seguintes:
Z 1 Z 4 √
Z 2
1 2
(a) dx ; (c) x ex dx ; (e) e−x dx ;
0 1 + x10 0 1
Z 1 √
Z 1 Z 1
p ln(1 + x)
(b) x cos(x) dx ; (d) 1 + x3 dx; (f) dx .
3 4
0 0 0 x
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 4
Soluções
1: (a) CA: [−2, 2), D: (−∞, −2) ∪ [2, +∞); (b) CA: [−1, 1], D: (−∞, −1) ∪ (1, +∞); (c) CA: , D: R \ √
{0}√ {0}; (d)
CA: − 12 , 21 , D: −∞, − 21 ∪ 12 , +∞ ; (e) CA: 21 , 32 , D: −∞, 21 ∪ 32 , +∞ ; (f) CA: 2 − 33 , 2 + 33 , D:
√ i h √
−∞, 2 − 33 ∪ 2 + 33 , +∞ ; (g) CA: − 60 , 60 , D: −∞, − 60 ∪ π , +∞ ; (h) CA: − 13 , 13 , D: −∞, − 13 ∪
60
π π π
, +∞ ; (i) CA: − 32 , 32 , D: −∞, − 23 ∪ 23 , +∞ . 2: (a) ln(1 + x), |x| < 1; (b) 12 ln 1−x
1+x
, |x| < 1; (c)
1
3
n
1−x2 2k xk
, |x| < 1; (d) arctg(x), |x| < 1; (e) , |x| < 1; (f) x − (1 + x) ln(1 + x), |x| < 1. 3: (a)
X
2
(1+x2 )2 (1−x)3
+
k=0
e k!
n n n
1.3.5...(2k − 3) k (−1)k−1 xk (−1)k (k + 1) k
rn (x); (b) ; (c) ; (d) x + rn (x); (e)
X X X
(−1)k k k!
x + +r n (x) k
+ r n (x)
k=0
2 k=1
k2 k=0
k!
n n
x2k+1 (−1)k+2 xk+2
+ r2n+1 (x); (f) x + + rn (x). 4: (a) 43 + 112(x − 2) + 101(x − 2)2 + 38(x − 2)3 +
X X
k=0
(2k + 1)! k=0
(k + 2)(k + 1)
n n
(−1)k+2 (x − 1)k+2 4k 1 2n
5(x − 2) , onde rn (x − 2) = 0 se n > 4; (b) x + + rn (x − 1); (c)
X X
4
x− +
k=0
(k + 2)(k + 1) k=1
(2k)! 2
n +∞
X xn +∞
1
; (d) (−1)k (k − 1)(x − 1)k + rn (x). 5: (a) , |x| < 2; (b) (−1)n (n + 1)xn , |x| < 1;
X X
r2n x − n+1
2 k=2 n=0
2 n=0
+∞ +∞ +∞
1 − (−1)n+1 2n+1 n 1.3.5...(2n − 3) n x2n+1
(c) x , |x| < ; (d) 1 − x − x , |x| < ; (e) , |x| <
X X X
1 1
3 2 n! 2 (2n + 1)!
n=0 n=2 n=0
+∞ +∞ +∞
lnn (2) n 22n−1 2n 2n n
∞; (f) x , |x| < ; (g) x , |x| < ∞; (h) x , |x| < ln(2) ;
X X X
1
ln(2)
(−1)n−1 (−1)n−1 1
n=0
n! n=1
(2n)! n=1
n
+∞ +∞ +∞
xn x2n−1 X xn
2
(i) x2n+1 , |x| < 1; (j) , |x| < 1; (k) −1 + 5 , |x| < 2; (l)
X X
(−1)n−1 +
n=0
2n + 1 n=1
n (2n − 2)! n=0
2n+1
+∞ +∞ +∞ +∞
22n x2n+1 x2n X xn−1 xn−1
, |x| < ∞. 6: (a) , x 6= 0; (b) , x 6= 0; (c) ,
X X X
(−1)n (−1)n (−1)n−1
n=0
(2n + 1)! n=0
(2n + 1)! n=1
n! n=1
n
+∞ +∞ +∞
(x − 1)n X (x + 2)n
|x| < 1 e x 6= 0. 7: (a) (−1)n (x − 1)n , |x − 1| < 1; (b) , |x − 1| < 1; (c) ,
X X
(−1)n−1
n=0 n=1
n n=0
n!
+∞ +∞
22n+1
π 2n+2 1 1.3.5...(2n − 3)
|x| < ∞; (d) , |x| < ∞; (e) 2 + (x − 4) +
X X
n
(−1) x− (−1)n−1 (x −
n=0
(2n + 2)! 2 4 n=2
23n−1 n!
+∞
(−1)n+1
4)n , |x − 4| < 1; (f) −78 + 59(x + 4) − 14(x + 4)2 + (x + 4)3 ; (g) (x − 1)n+1 , |x − 1| < 1; (h)
X
n=2
n(n + 1)
+∞ +∞ 2n
4n
1
(−1) (n − 1)(x − 1) , |x − 1| < 1; (i) , |x| < ∞. 8: (a) , |x| < 1; (b) − ln(1 − 2x),
X X
n n 1
x− 1+x2
n=2 n=0
(2n)! 2
3 −x2 2(x−1)
1
; (c) e−x , |x| < ∞; (d) e , |x| < ∞; (e) cos x
, |x| < ∞; (f) , −1 < x < 3; (g) √ 1
,
|x| < 2
4
3 3−x 1+x2
ex−1 −x √
ln(x+1)
|x| < 1; (h) (x−1)2
, x 6= 1; (i) x sen √1
x
, x > 0; (j) − sen(x) cos(x), |x| < ∞; (k) xex + x
, |x| < 1
+∞
x2n+1
e x 6= 0; (l) , ; (m) − 2x+1 − ln(2x + 1), −1 < x < 0. 9: (a) ,
X
2+x
(1−x)(1+2x)
|x| < 1
2 2x
(−1)n+1
n=0
(2n + 1)!
+∞ +∞
1.3.5 . . . (2n − 1) x2n+1 π X 1.3.5 . . . (2n − 1) x2n+3
|x| < 1; (b) x + , |x| < 1; (c) x2 − x3 − , |x| < 1; (d)
X
n
2 n! 2n + 1 2 2n n! 2n + 1
n=1 n=1
+∞ +∞ +∞ +∞
xn X (n + 1) X 1.3.5 . . . (2n + 1) (−1)n
, |x| < 1; (e) , ; (f) xn , |x| < . 10: (a)
X X
n 1
− n+2
x |x| < 2 2
' 0.69
n=2
n n=0
2 n=0
n! n=1
n
+∞ +∞ +∞
3n 22n (−1)n
(n = 160); (b) ' 20.08 (n = 11); (c) ' −0.41 (n = 4); (d)
X X X
(−1)n 2n+1
' 0.47
n=1
n! n=0
(2n)! n=0
2 (2n + 1)!
+∞ +∞
π 1 X 1.3.5 . . . (2n − 1) 1 (−1)n+1
(n = 1); (e) ' 1.31 (n = 1); (f)
X
− − n 2n+1 2n+1
' −0.46
2 4 n=1
2 n! 4 (2n + 1) n=0
2 (2n + 1)
+∞ +∞ +∞ 3
(−1)n (−1)n 4n+ 2
(n = 2). 11: (a) ' 0.93; (b) ' 0.60; (c) ' 92.74; (d) 1 +
X X X
4
n=0
10n + 1 n=0
(2n)!(2n + 3 ) n=0
(n)!(n + 32 )
+∞ +∞ +∞
n+1 3 · 7 · 11 · · · (4n − 5) 22n+1 − 1 X (−1)n−1
' 1.05; (e) ' 0.14; (f) ' 0.82.
X X
(−1) n
(−1)n
n=1
4 (3n + 1)n! n=0
(2n + 1)n! n=1
n2
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c HBO, 2016/2017
Capítulo 5
Integrais Duplos
Neste capítulo, vamos estender a noção de integral para funções escalares de duas variáveis. As re-
giões de integração vão, agora, ser subconjuntos de R2 . Primeiro, consideramos regiões de integração
rectangulares e depois consideramos regiões mais gerais com fronteiras curvilíneas.
Denição 5.1.1. Sejam a, b, c e d números reais tais que a < b e c < d. Consideremos o rectângulo
R = (x, y) ∈ R2 : a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d
131
CÁLCULO II 5. INTEGRAIS DUPLOS
Denição 5.1.2. Seja f uma função denida num rectângulo R ⊂ R2 . Designamos por soma de
Riemann da função f no rectângulo R à quantidade seguinte:
m,
Xn n X
X m
f (x∗ij )4xi 4yj ≡ f (x∗ij )4xi 4yj ≡ f (x∗11 )4x1 4y1 + · · · f (x∗mn )4xm 4yn ;
i=1, j=1 j=1 i=1
onde x∗ij são pontos seleccionados aleatoriamente nos subrectângulos Rij respectivos.
Para a noção de integral duplo, interessa-nos que as partições sejam muito nas. Denimos a quantidade
que dene a nura de dada partição P de um rectângulo R ⊂ R2 por
q
|P | = max (4xi )2 + (4yj )2 .
i, j
Usando o Teorema de Pitágoras, podemos observar que |P | é o comprimento da maior diagonal de todos
os subrectângulos Rij considerados na partição P .
P = {(xi , yj ) ∈ R : 0 ≤ i ≤ m, 0 ≤ j ≤ n}
No caso de existir, o limite da denição anterior designa-se por integral da função f e denota-se por
ZZ ZZ
f (x, y) dxdy ou f (x, y) dxdy,
R R
onde dxdy , ou dxdy , indica um elemento de área ao qual ainda não está subjacente nenhuma ordem de
integração.
A noção de função integrável que acabamos de introduzir, estende-se a qualquer função denida num
conjunto limitado D ⊂ R2 que não seja propriamente um rectângulo. Apenas temos de considerar um
rectângulo R que contenha D e aí fazer a análise anterior. O único cuidado a tomar para a denição
fazer sentido, é xar o valor de f (x∗ij ) igual a zero quando x∗ij não pertencer a D.
Proposição 5.1.1. Seja D um subconjunto de R2 fechado e cuja fronteira é constituída pela união
de curvas (contínuas). Consideremos uma função f denida em D. Se f é contínua em D excepto,
quanto muito, num conjunto de medida nulaa , então f é integrável em D.
a Um subconjunto E de R2 diz-se de medida nula, se existir uma quantidade nita de rectângulos cuja união
contém E e de tal modo que a soma das áreas é tão pequena quanto se queira.
Demonstração: Comecemos por observar que todo o subconjunto fechado de R2 é limitado. Logo D é
um subconjunto compacto de R2 . Por outro lado, toda a função contínua num subconjunto compacto é
BQ EA EB 132
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CÁLCULO II 5. INTEGRAIS DUPLOS
Pelo Teorema de Weierstrasse, sabemos que toda a função contínua num subconjunto compacto tem aí
máximo e mínimo. Sejam então Mij e mij os máximo e mínimo, respectivamente, de f no rectângulo
Rij . Então a soma de Riemann satisfaz a
n X
X m n X
X m n X
X m
mij 4xi 4yj ≤ f (x∗ij )4xi 4yj ≤ Mij 4xi 4yj .
j=1 i=1 j=1 i=1 j=1 i=1
A proposição anterior diz-nos basicamente que todas as funções elementares que conhecemos serão inte-
gráveis em domínios limitados.
As propriedades do análogo integral denido em R, serão válidas mutatis mutandis para o integral duplo.
Em particular, o integral duplo é um operador linear e satisfaz a propriedade aditiva dos integrais.
Em integração de funções reais de apenas uma variável real, o Teorema Fundamental do Cálculo Integral
dá-nos um modo muito prático de calcular integrais. A proposição seguinte vai-nos permitir calcular
alguns integrais duplos usando integrações repetidas de funções reais de uma variável real.
Proposição 5.2.1 (Teorema de Fubini). Seja f uma função integrável num rectângulo
Rb Rd
Suponhamos que a
f (x, y) dx existe para qualquer y ∈ [c, d], e que c
f (x, y) dy existe para qualquer
x ∈ [a, b]. Então
"Z # "Z #
ZZ Z d b Z b d
f (x, y) dxdy = f (x, y) dx dy = f (x, y) dy dx.
R c a a c
BQ EA EB 133
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CÁLCULO II 5. INTEGRAIS DUPLOS
Demonstração: Tomemos partições arbitrárias do intervalo [a, b]: a = x0 < x1 < · · · < xm−1 <
xm = b; e do intervalo [c, d] : c = y0 < y1 < · · · < yn−1 < yn = b; onde m e n são naturais não
necessariamente iguais. Designemos por P uma partição do rectângulo R em m × n subrectângulos
Rij := [xi−1 , xi ] × [yj−1 , yj ]. Consideremos as notações seguintes:
∆xi := xi − xi−1 , ∆yj := yj − yj−1 , mij = inf f (x, y) , Mij = sup f (x, y) .
Rij Rij
Fazendo a área da partição P tender para zero, i.e. fazendo |P| −→ 0, temos
Xn Xm Z d "Z b #
Xn X
m
lim mij ∆xi ∆yj ≤ f (x, y) dx dy ≤ lim Mij ∆xi ∆yj .
|P |→0 c a |P |→0
j=1 i=1 j=1 i=1
Como no limite |P| −→ 0, mij = Mij para quaisquer i ∈ {1, . . . , m} e j ∈ {1, . . . , n}, f (x, y) dxdy só
RR
R
pode ser o único real que satisfaz a desigualdade anterior. Por consequência,
ZZ Z "Z #
d b
f (x, y) dxdy = f (x, y) dx dy .
R c a
Começando por integrar primeiro em ordem a y e depois em ordem x, obtemos, de forma inteiramente
análoga,
ZZ Z b "Z d #
f (x, y) dxdy = f (x, y) dy dx ,
R a c
Os integrais expressos no segundo membro da equação dada na proposição anterior designam-se por
integrais repetidos ou iterados. Observe-se que por aplicação do Teorema Fundamental ao cálculo
dos integrais entre parêntesis rectos acima referidos, se primitiva a função f em relação à variável aí
referida, xando a outra variável como se fosse constante.
BQ EA EB 134
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CÁLCULO II 5. INTEGRAIS DUPLOS
A Proposição 5.2.1 pode ser generalizada a qualquer domínio limitado D ⊂ R2 . Isto é, o cálculo de um
integral duplo num domínio limitado, resume-se ao cálculo de integrais repetidos.
Proposição 5.2.2. (1) Sejam g e h duas funções reais de uma variável real, contínuas num intervalo
[a, b] ⊂ R, com a < b, e tais que, para cada a ≤ x ≤ b, g(x) ≤ h(x). Consideremos uma função
f contínua no domínio
Então "Z #
ZZ Z b h(x)
f (x, y) dxdy = f (x, y) dy dx.
D a g(x)
(2) Sejam i e j duas funções reais de uma variável real, contínuas num intervalo [c, d] ⊂ R, com
c < d, e tais que, para cada c ≤ y ≤ d, i(y) ≤ j(y). Consideremos uma função f contínua no
domínio
D = (x, y) ∈ R2 : c ≤ y ≤ d, i(y) ≤ x ≤ j(y) .
Então "Z #
ZZ Z d j(y)
f (x, y) dxdy = f (x, y) dx dy.
D c i(y)
Demonstração: É uma consequência da Proposição 5.2.1. De facto, designemos por R o menor rec-
tângulo que contém D e consideremos uma partição deste rectângulo com as notações da demonstração
da Proposição 5.2.1. Da monotonia do integral, resulta que
Z yj
mij ∆yj ≤ δD (x, y)f (x, y) dy ≤ Mij ∆yj ∀ x ∈ Rij ,
yj−1
Fazendo |P| −→ 0 e usando o facto de que δD (x, y) = 1 se (x, y) ∈ D e δD (x, y) = 0 se (x, y) 6∈ D, temos
Xm X l Z b "Z h(x) #
Xm X n
lim mij ∆yj ∆xi ≤ f (x, y) dy dx ≤ lim Mij ∆yj ∆xi .
|P |→0 a g(x) |P |→0
i=1 j=1 i=1 j=1
Como no limite |P| −→ 0, mij = Mij para quaisquer i ∈ {1, . . . , m} e j ∈ {1, . . . , n},
RR
D
f (x, y) dxdy
só pode ser o único real que satisfaz a desigualdade anterior. Por consequência,
ZZ Z b "Z h(x) #
f (x, y) dxdy = f (x, y) dy dx .
D a g(x)
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CÁLCULO II 5. INTEGRAIS DUPLOS
π
Z 2
Z sen(y) Z 1 Z 1−x2
(a) ex cos(y) dxdy ; (b) x2 dxdy .
0 0 0 1−x
Na maioria das situações, podemos integrar tanto primeiro em relação a uma variável, digamos x, e em
seguida relativamente à outra, y , como pela ordem inversa. No entanto, em qualquer exercício prático,
uma das alternativas anterior é mais fácil de calcular do que a outra. Mas, existem situações em que,
por diversas razões, é manifestamente impossível calcular o integral primeiro relativamente a uma das
variáveis, sendo a mais comum a impossibilidade de determinar a primitiva da função dada em relação
a essa variável. Nestes casos, somos obrigados a calcular o integral como um integral repetido, mas
com uma única ordem de integração possível. No caso dos limites de integração serem constantes, então
pela Proposição 5.2.1, podemos inverter a ordem de integração da forma que nos for mais conveniente.
Contudo, se os limites de integração não são constantes, a inversão da ordem de integração vai afectar
também as funções que limitam a região de integração. Na prática, ao inverter a ordem de integração
destes integrais, vamos considerar as inversas das funções que limitam o domínio, fazendo depois a devida
mudança de variável.
Exemplo 5.2.3. Inverta a ordem de integração do integral duplo seguinte, onde f (x, y) é uma
função arbitrária integrável no domínio indicado:
Z 1 Z − 21 ln y
f (x, y) dxdy.
e−2 ln y
Exemplo 5.2.4. Comece por vericar que, usando os métodos de primitivação conhecidos, é im-
possível calcular o integral seguinte pela ordem de integração que está escrito. Inverta a ordem de
integração e calcule o seu valor: Z Z 3 9
3
x3 ey dxdy .
0 x2
Em muitos exercícios práticos, e quando é possível, a simples inversão de ordem de integração não
simplica muito o cálculo do integral duplo. Tal como acontece em integração de funções reais de uma só
variável real, também aqui podemos fazer uma transformação do integral duplo, de modo ao seu cálculo
ser mais simples. Esta transformação corresponde a uma mudança de variáveis. Neste caso, não só a
expressão designatória da função integranda vem alterada, assim como a própria região de integração
passa a ser diferente.
ϕ: Ω −→ D
(u, v) 7→ (x, y) = ϕ(u, v) ≡ (ϕ1 (u, v), ϕ2 (u, v))
uma função bijectiva com derivadas parciais contínuas. Então, se f (x, y) é uma função integrável
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CÁLCULO II 5. INTEGRAIS DUPLOS
em D, temos ZZ ZZ
f (x, y) dxdy = f (ϕ(u, v)) |J| du dv ,
D ϕ−1 (D)
onde
∂x ∂x
∂(x, y) ∂u ∂v
J = det ≡ det .
∂(u, v) ∂y ∂y
∂u ∂v
Demonstração: A demonstração deste resultado é muito delicada, pelo que sai fora do âmbito deste
curso. Ver, por exemplo, Dias Agudo, Volume I, p. 258. Num artigo de P. Lax2 estabelece-se um
resultado de aplicação similar e cuja demonstração é bastante mais simples.
Observe-se que, por ϕ ser bijectiva, ϕ−1 (D) = Ω. A quantidade J expressa na h proposição anterior
designa-se por jacobiano da mudança de variáveis (x, y) para (u, v) e a matriz ∂(u,v)
i
∂(x,y)
é a designada
matriz jacobiana dessa transformação. Esta matriz poderá, ainda, ser escrita da forma seguinte:
∂ϕ1 ∂ϕ1
∂(x, y) ∂u ∂v
≡ .
∂(u, v) ∂ϕ2 ∂ϕ2
∂u ∂v
cos(x − y)
ZZ
dxdy ,
D sen(x + y)
onde D = (x, y) ∈ R2 : 1 ≤ x + y ≤ 2, x ≥ 0, y ≥ 0 .
No integral duplo, o exemplo de mudança de variáveis com mais interesse prático é a transformação
para coordenadas polares. Recordemos o que são as coordenadas polares de um ponto no plano. Seja
P um ponto em R2 (plano) cujas coordenadas rectangulares num sistema de eixos cartesiano são dadas
por (x, y). Fixemos o triângulo rectângulo de vértices (0, 0), (x, 0) e P = (x, y). Designemos a hipotenusa
deste rectângulo por r e seja θ o ângulo formado entre o semi-eixo positivo dos xx e a semi-recta com
origem no ponto de coordenadas (0, 0) e que passa por P = (x, y). Da trigonometria elementar, temos o
seguinte:
cateto adjacente
cos(θ) =
hipotenusa = xr
x = r cos(θ)
⇔ (5.3.1)
cateto oposto y
y = r sen(θ) .
sen(θ) = hipotenusa = r
Deste modo, podemos denir o ponto P num sistema de eixos cartesiano à custa das variáveis (r, θ), as
quais se designam por coordenadas polares do ponto P . De facto, para qualquer ponto P = (x, y) do
plano, existem r ≥ 0 e θ ∈ [0, 2π] tais que P = (r cos(θ), r sen(θ)).
2 Change of Variables in Multiple Integrals, The American Mathematical Monthly, Vol. 106 (1999), No. 6, 497501.
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CÁLCULO II 5. INTEGRAIS DUPLOS
Exemplo 5.3.2. Fazendo a mudança de variáveis para coordenadas polares, calcule o integral
seguinte: ZZ
2 2
ex +y dxdy, onde D = (x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 ≤ 1 .
D
5.4 Aplicações
Nesta secção vamos restringir-nos às aplicações geométricas, alertando o leitor de existirem muitas outras
aplicações em diversas áreas de estudo.
rectângulos Rij
S
de interior disjuntos dois a dois e tal que
nS m
[ [S
S
D⊂ Rij .
j=1 i=1
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CÁLCULO II 5. INTEGRAIS DUPLOS
Temos então
nI X
X mI nS X
X mS
∆xIi ∆yjI ≤ Área(D) ≤ ∆xSi ∆yjS .
j=1 i=1 j=1 i=1
Então, Área(D) é o único integral duplo tal que esta igualdade é satisfeita e que designamos por dxdy .
RR
D
D = (x, y) ∈ R2 : −1 ≤ x ≤ 1, x ≤ y ≤ −x2 + x + 1 .
Esta fórmula é particularmente importante para calcular a área de domínios desconexos. Por outro lado,
se o domínio D resultar da diferença de dois domínios, digamos D = D1 \ D2 , temos:
ZZ ZZ
Área(D) = dxdy − dxdy.
D1 D2
D = (x, y) ∈ R2 : 1 ≤ x2 + y 2 ≤ 4 .
Um outro exemplo de aplicação geométrica de integrais duplos, é o cálculo de volumes de sólidos limi-
tados por superfícies z = f (x, y), onde f é uma função denida num domínio limitado D ⊂ R2 . Por
simplicidade de exposição, admitamos que f é uma função não negativa em D. O volume do corpo
A demonstração deste resultado usa integrais triplos de que só iremos falar no capítulo seguinte. No caso
do corpo ser dado por
então: ZZ
Volume(Ω) = [f (x, y) − g(x, y)] dxdy .
D
Ω = (x, y, z) ∈ R3 : 1 ≤ x2 + y 2 + z 2 ≤ 4, z ≥ 0 .
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CÁLCULO II 5. INTEGRAIS DUPLOS
Outra aplicação dos integrais duplos, é o valor médio de uma função numa dada região do plano.
Denição 5.4.1. Seja f (x, y) uma função integrável à Riemann numa região D ⊂ R2 . O valor
médio da função f em D é dado por
ZZ ZZ
1
fD := f (x, y) dxdy , A= dxdy .
A D D
Exemplo 5.4.4. Consideremos uma praia com várias dunas de areia e onde xamos um rectângulo
de dimensões de 31π m de largura por 61π m de comprimento. Suponhamos que em cada ponto
deste rectângulo a altura da areia é dada pela função f (x, y) = sen2 (x) cos2 (y). Calcule a altura
média das dunas neste rectângulo?
A altura média das dunas no rectângulo [0, 15π] × [0, 30π] é dada pelo valor médio da função
f (x, y) = sen2 (x) cos2 (y) neste rectângulo. Assim, temos:
Z 15π Z 30π Z 15π Z 30π
1
fD = sen2 (x) cos2 (y) dxdy , A= dxdy = 450π 2
0 0 A 0 0
Z 15π Z 30π
1
= sen2 (x) dx × cos2 (y) dy
450π 2 0 0
x=15π y=30π
1 1 1 1 1 1 15π 30π 1
= 2
− sen(2x) + x × sen(2x) + x = 2
× × = .
450π 4 2 x=0 4 2 y=0 450π 2 2 4
A última aplicação do integral duplo de que falaremos aqui, consiste no cálculo do centro geométrico
de uma região plana. Formalmente, o centro geométrico de uma região plana é o ponto em que uma
placa sucientemente na de densidade constante igual a 1, e que recorta a região em questão, pode
ser perfeitamente equilibrada na ponta de uma agulha. Em Geometria, o centro geométrico é chamado
baricentro, enquanto que em Mecânica pode também designar centro de massa ou centro gravítico,
dependendo do contexto. Por outro lado, em Geograa, o centro geométrico de uma projecção radial
(domínio plano) de uma região da superfície da Terra até ao nível do mar, é conhecido como centro
geográco da região.
Seja, agora, Rij um rectângulo arbitrário desta partição com vértices (xi−1 , yi−1 ), (xi , yi−1 ), (xi , yi ) e
(xi−1 , yi ). Por denição, o centro geométrico de um polígono que não se auto-intercecta coincide com o
BQ EA EB 140
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 5
centro geométrico do conjunto de pontos formado por todos os seus vértices. Assim, o centro geométrico
do rectângulo Rij é dado pelo ponto de coordenadas cij = (cxij , cyij ), onde
D = {(x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ π ∧ 0 ≤ y ≤ sen(x)} .
1 π sen(x) π
Z Z Z
1 1 x=π
cx = x dydx = x sen(x) dx = [−x cos(x) + sen(x)]x=0
A 0 0 2 0 2
1 π
= (−π cos(π)) = ,
2 2
x=π
1 π sen(x) π
Z Z Z
1 2 1 1
cy = y dydx = sen (x) dx = x − sen(2x)
A 0 0 4 0 8 2 x=0
1
= π.
8
Z 2 Z x3 Z 1 Z |x|
(b) x dy dx; (d) dy dx;
1 x2 −1 0
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 5
√ π
Z 1 Z 1−x2
Z 2
Z 3 cos(φ)
(e) 1 − x − y dy dx;
2 2 (f) r2 sen2 (φ) dr dφ.
0 0 −π
2 0
(a) f (x, y) = x cos(x + y) sobre o triângulo de vértices A = (0, 0), B = (π, 0) e C = (π, π);
(b) f (x, y) = x sobre a região limitada por y = x2 e y = x3 ;
(c) f (x, y) = x − y sobre a região limitada por y = sen x e pelo eixo dos xx entre os pontos x = 0
e x = π;
x2
(d) f (x, y) = y
1+x2 sobre a região limitada pela parábola y = 2 e pela recta y = x;
(e) f (x, y) = xy − y 2 sobre a região limitada pelo triângulo de vértices A = (0, 0), B = (10, 1)
p
4. Verique que os integrais duplos seguintes não têm primitivas imediatas, se resolvidos pela ordem
de integração apresentada. Inverta a ordem de integração e calcule os integrais:
Z 4 Z 2 Z 8 Z 2
3
p
(a) √
e1+x dx dy ; (c) √
x4 + 1 dx dy ;
0 y 0 3 y
y
Z 1 Z 1
Z 1 Z 10 p
(d)
p
(b) y2 + 1 dy dx; yx − x2 dx dy.
0 x 0 y
5. Determine e represente num sistema de eixos cartesianos as novos domínios que se obtêm por
aplicação das transformações de variáveis nas regiões indicadas. Calcule os jacobianos de cada
transformação:
y2 u
(a) D é limitada pela elipse x2 + = 1 e a transformação é: x = e y = 3v ;
36 2
x−4
(b) D é a região limitada pelas rectas y = −x + 4, y = x + 1 e y = , e a transformação é:
3
1 1
x = (u + v) e y = (u − v).
2 2
(c) D = {(x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 ≤ x} e a transformação por coordenadas polares;
(d) D é a região limitada pelo quadrilátero de vértices (0, 0), (5, 0), 25 , 25 e 52 , − 52 , e a trans-
formação é: x = 2u + 3v e y = 2u − 3v .
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 5
Z Z
y−x
(d) e y+x dx dy, u = y − x, v = y + x, onde D é a região limitada pela recta x + y = 2 e
D
pelos dois eixos de coordenadas.
Z ZD p
(d) x2 + y 2 dx dy , onde D = (x, y) ∈ R2 : 1 ≤ x2 + y 2 ≤ 4 .
D
(c) D = (x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ 1, x2 − y 2 ≥ 0 ;
(d) D = (x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 ≤ 4 ∧ y ≥ 1 ;
9. Esboce, num sistema de eixos cartesianos, os corpos cujos volumes podem ser calculados através
dos integrais duplos seguintes:
√
Z 1 Z 1−x Z 1 Z 1−x2
(a) (1 − x − y) dydx; (c) (1 − x) dydx;
0 0 0 0
√
Z 2 Z 2 Z 1 Z 1−x2
(b) (4 − x − y) dydx;
p
(d) 1 − x2 − y 2 dydx.
0 2−x 0 0
10. Usando integrais duplos, calcule o volume dos domínios espaciais seguintes:
√ √
(a) D é o domínio do primeiro octante limitado por y = x, y = 2 x, x + z = 6 e z = 0;
(b) D é o domínio do primeiro octante limitado pelas superfícies y = 1 − x2 e z = 1 − x2 ;
(c) D é o domínio do primeiro octante interior ao cilindro x2 + z 2 = 4 e limitado pelo plano x = y ;
x2 y2 z2
(d) D é limitado pelo elipsóide + + = 1, onde a, b e c são números reais não nulos.
a2 b2 c2
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Capítulo 6
Integrais Triplos
Depois de introduzido o integral duplo, torna-se mais fácil estender as noções de integração para funções
escalares de três variáveis. Portanto, as regiões de integração são agora subconjuntos de R3 . Vamos,
primeiro, considerar regiões de integração paralelipípedicas e, depois, iremos considerar regiões mais
gerais cujas fronteiras são limitadas por superfícies não propriamente planares.
De igual modo como zemos para o integral duplo, comecemos por estender a noção de partição para
um paralelipípedo (limitado) contido em R3 .
Denição 6.1.1. Sejam a1 , a2 , b1 , b2 , c1 e c2 números reais tais que a1 < a2 , b1 < b2 , c1 < c2 .
Consideremos o paralelipípedo
P = (x, y, z) ∈ R3 : a1 ≤ x ≤ a2 , b1 ≤ y ≤ b2 , c1 ≤ z ≤ c2
P = {(xi , yj , zk ) ∈ P : 0 ≤ i ≤ m, 0 ≤ j ≤ n, 0 ≤ k ≤ l} .
Uma partição P do paralelipípedo P , tal como a denida acima, determina mnl paralelipípedos contidos
em P :
Pijk = (xi , yj , zk ) ∈ R3 : xi−1 ≤ x ≤ xi , yi−1 ≤ y ≤ yi , zk−1 ≤ z ≤ zk , ,
Em termos objectivos, a colecção formada por estes paralelipípedos Pijk , é o que verdadeiramente cons-
titui a partição P .
144
CÁLCULO II 6. INTEGRAIS TRIPLOS
Denição 6.1.2. Seja f uma função denida num paralelipípedo P ⊂ R3 . Designamos por soma
de Riemann da função f no paralelipípedo P à quantidade seguinte
m,
X n, l l X
X n X
m
f (x∗ijk )4xi 4yj 4zk ≡ f (x∗ijk )4xi 4yj 4zk
i=1, j=1, k=1 k=1 j=1 i=1
onde x∗ijk são pontos seleccionados aleatoriamente nos paralelipípedos respectivos Pijk .
Para a noção de qualquer integral, interessa-nos que as partições sejam sucientemente nas. Denimos
a quantidade que dene a nura de dada partição P de um paralelipípedo P ⊂ R3 por
q
|P| = max (4xi )2 + (4yj )2 + (4zk )2 .
i, j, k
No caso do integral triplo, |P| corresponde ao comprimento da maior diagonal de todos os paralelipípedos
Pijk considerados na partição P .
P = {(xi , yj , zk ) ∈ P : 0 ≤ i ≤ m, 0 ≤ j ≤ n, 0 ≤ k ≤ l}
No caso de existir, o limite da denição anterior designa-se por integral da função f e denota-se por
uma das formas seguintes:
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
f (x, y, z) dx dy dz, f (x, y, z) dx dz dy, f (x, y, z) dy dx dz,
P P P
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
f (x, y, z) dy dz dx, f (x, y, z) dz dx dy, f (x, y, z) dz dy dx;
P P P
onde dx dy dz , dx dz dy , dy dx dz , dy dz dx, dz dx dy ou dz dy dx indica um elemento de volume ao qual
ainda não está subjacente nenhuma ordem de integração.
Esta noção de função integrável que acabamos de introduzir, estende-se a qualquer função denida num
conjunto limitado Ω ⊂ R3 que não seja propriamente um paralelipípedo. Apenas temos de considerar
um paralelipípedo P que contenha Ω e aí fazer a análise anterior. Neste caso, para a denição precedente
fazer sentido, xamos o valor de f (x∗ijk ) igual a zero quando x∗ijk não pertencer a Ω.
Proposição 6.1.1. Seja Ω um subconjunto de R3 limitado e cuja fronteira é constituída pela união
de superfícies (contínuas). Consideremos uma função f denida em Ω. Se f é contínua em Ω
excepto, quanto muito, num conjunto de medida nula, então f é integrável em Ω.
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CÁLCULO II 6. INTEGRAIS TRIPLOS
Demonstração: A demonstração é análoga ao caso bidimensional, pelo que a fazemos aqui apenas por
completude. Sendo D um subconjunto fechado de R3 , logo limitado e, por isso, é compacto. Já sabemos
que toda a função contínua num subconjunto compacto é aí uniformemente contínua, i.e.
∀ > 0 ∃ δ > 0 : ∀ (x1 , y1 ), (x2 , y2 ), (x3 , y3 ) ∈ D
p
(x1 − x2 )2 + (y1 − y2 )2 + (z1 − z2 )2 < δ ⇒ |f (x1 , y1 , z1 ) − f (x2 , y2 , z2 )| < .
nio D tal que para quaisquer (x1 , y1 , z1 ), (x2 , y2 , z2 ) em cada paralelipípedo Pijk = [xi−1 , xi ]×[yj−1 , yj ]×
[zl−1 , zl ] da partição se tenha
p
(x1 − x2 )2 + (y1 − y2 )2 + (z1 − z2 )2 < δ .
Como toda a função contínua num subconjunto compacto tem máximo e mínimo, podemos considerar o
máximo Mijk e o mínimo mijk de f no paralelipípedo Pijk . Então a soma de Riemann satisfaz a
l X
X m X
n l X
X m X
n l X
X m X
n
mijl 4xi 4yj 4zk ≤ f (x∗ijl )4xi 4yj 4zk ≤ Mijl 4xi 4yj 4zk .
k=0 j=0 i=0 k=0 j=0 i=0 k=0 j=0 i=0
A proposição anterior diz-nos, então, que todas as funções elementares de três variáveis que conhecemos
serão integráveis em domínios limitados de R3 .
As propriedades do integral de Riemann denido em R, serão válidas mutatis mutandis para o integral
triplo. Em particular, o integral triplo é um operador linear e satisfaz a propriedade aditiva dos integrais.
O processo de integração repetida do integral duplo generaliza-se a qualquer integral em dimensão su-
perior, em particular também para o integral triplo. Podemos, assim, reduzir o cálculo de um integral
triplo a um integral duplo. Em particular, o Teorema de Fubbini generaliza-se de modo imediato ao
integral triplo.
Proposição 6.2.1 (Fubini). Sejam f uma função contínua num conjunto limitado Ω ⊂ R3 e D ⊂ R2
um conjunto fechado e limitado.
1. Sejam g(x, y) e h(x, y) duas funções contínuas em D tais que, para quaisquer (x, y) ∈ D,
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CÁLCULO II 6. INTEGRAIS TRIPLOS
g(x, y) ≤ h(x, y), e seja Ω = (x, y, z) ∈ R3 : g(x, y) ≤ z ≤ h(x, y), (x, y) ∈ D . Então:
Z Z Z Z Z "Z #
h(x,y)
f (x, y, z) dx dy dz = f (x, y, z) dz dx dy.
Ω D g(x,y)
2. Sejam g(x, z) e h(x, z) duasfunções contínuas em D tais que, para quaisquer (x, z) ∈ D,
g(x, z) ≤ h(x, z), e seja Ω = (x, y, z) ∈ R3 : g(x, z) ≤ y ≤ h(x, z), (x, z) ∈ D . Então:
Z Z Z Z Z "Z #
h(x,z)
f (x, y, z) dx dy dz = f (x, y, z) dy dx dz.
Ω D g(x,z)
3. Sejam g(y, z) e h(y, z) duasfunções contínuas em D tais que, para quaisquer (y, z) ∈ D,
g(y, z) ≤ h(y, z), e seja Ω = (x, y, z) ∈ R3 : g(y, z) ≤ x ≤ h(y, z), (y, z) ∈ D . Então:
Z Z Z Z Z "Z #
h(y,z)
f (x, y, z) dx dy dz = f (x, y, z) dx dy dz.
Ω D g(y,z)
Demonstração: Consideremos apenas o primeiro caso, já que a demonstração dos restantes é análoga.
Comecemos por considerar o caso em que Ω é um paralelipípedo denido por a1 ≤ x ≤ a2 , b1 ≤ y ≤ b2
e c1 ≤ z ≤ c2 . Tomemos partições arbitrárias destes intervalos: a1 = x0 < x1 < · · · < xm−1 < xm = a2 ,
b1 = y0 < y1 < · · · < yn−1 < yn = b2 e c1 = z0 < z1 < · · · < zl−1 < zl = c2 ; onde m, n e l são
naturais não necessariamente iguais. Designemos por P uma partição do paralelipípedo Ω em l × m × n
subparalelipípedos Ωijk := [xi−1 , xi ] × [yj−1 , yj ] × [zk−1 , zk ]. Consideremos as notações seguintes:
∆xi := xi −xi−1 , ∆yj := yj −yj−1 , ∆zk := zk −yk−1 , mijj = inf f (x, y, ) , Mijk = sup f (x, y, z) .
Pijk Pijk
Procedendo como no caso bidimensional, temos para quaisquer i ∈ {1, . . . , m}, j ∈ {1, . . . , n} e k ∈
{1, . . . , l}
n X
X m Z b2 Z a2 X m
n X
mijk ∆xi ∆yj ≤ f (x, y) dx dy ≤ Mijk ∆xi ∆yj .
j=1 i=1 b1 a1 j=1 i=1
Xl Xn Xm Z c2 (Z b2 Z a2 ) l X
X m
n X
mijk ∆xi ∆yj ∆zk ≤ f (x, y) dx dy dz ≤ Mijk ∆xi ∆yj ∆zk .
k=1 j=1 i=1 c1 b1 a1 k=1 j=1 i=1
Como
R R R no limite |P| −→ 0, mijk = Mijk para quaisquer i ∈ {1, . . . , m}, j ∈ {1, . . . , n} e k ∈ {1, . . . , l},
Ω
f (x, y, z) dxdydz só pode ser o único real que satisfaz a desigualdade anterior. Por consequência,
Z Z Z Z (Z Z c2 b2 ) a2 Z Z Z c2 b2 a2
f (x, y, z) dxdydz = f (x, y) dx dy dz = f (x, y) dx dydz ,
Ω c1 b1 a1 c1 b1 a1
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CÁLCULO II 6. INTEGRAIS TRIPLOS
Para o caso geral, procedemos como para o integral duplo. Começamos por designar por P o menor
paralelipípedo que contém Ω e consideremos uma partição deste paralelipípedo com as notações do caso
demonstrado anteriormente. Procedendo como no caso bidimensional, temos
m X l m Z xi
" l Z # m X
n
X X X zk X
mijk ∆zk ∆xi ≤ δD (x, y, z)f (x, y, z) dz dx ≤ Mijk ∆zk ∆xi ,
i=1 k=1 i=1 xi−1 k=1 zk−1 i=1 k=l
n X
X m X
l
≤ Mijk ∆zk ∆xi ∆yj ,
j=1 i=1 k=1
As considerações sobre o cálculo do integral repetido e inversão de ordem de integração feitas para o
integral duplo, podem ser adaptadas para o integral triplo.
Tal como acontece no cálculo de outros integrais, por vezes, também no cálculo do integral triplo se torna
necessário fazer mudança de variáveis para se poder calcular os integrais.
ϕ: ∆ −→ Ω
(u, v, w) 7→ (x, y, z) = ϕ(u, v, w)
uma função bijectiva com derivadas parciais contínuas. Então, se f (x, y, z) é uma função integrável
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CÁLCULO II 6. INTEGRAIS TRIPLOS
em Ω, temos:
Z Z Z Z Z Z
f (x, y, z) dx dy dz = f (ϕ(u, v, w)) |J| du dv dw ,
Ω ϕ−1 (Ω)
onde
∂x ∂x ∂x
∂u ∂v ∂w
∂(x, y, z) ∂y ∂y ∂y
J = det ≡ det ∂u ∂v ∂w
.
∂(u, v, w)
∂z ∂z ∂z
∂u ∂v ∂w
Demonstração: Tal como no caso bidimensional, a demonstração deste resultado é muito delicada,
pelo que sai fora do âmbito deste curso. Ver, por exemplo, Dias Agudo, Volume I, p. 258. No artigo de
P. Lax, citado no capítulo sobre o integral duplo, estabelece-se um resultado de aplicação similar e cuja
demonstração é bastante mais simples.
Tendo em conta que ϕ é uma aplicação bijectiva, ϕ−1 (Ω) = ∆. Tal como no integral duplo, a quantidade
J continua a designar-se por jacobiano da mudança de variáveis (x, y, z) para (u, v, w) e a matriz
∂(x, y, z)
∂(u, v, w)
é a designada matriz Jacobiana dessa transformação. Mais, tendo em conta que podemos escrever
No integral triplo, usamos com frequência uma mudança de variáveis correspondente à transformação para
coordenadas polares do integral duplo. Aqui, esta mudança de variáveis recebe o nome de transformação
para coordenadas cilíndricas. Usando a trigonometria no espaço, qualquer ponto P de coordenadas
paralelipípedicas (x, y, z) pode ser escrito em termos das coordenadas cilíndricas:
x = r cos(θ)
y = r sen(θ) (6.3.1)
z = z,
onde:
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CÁLCULO II 6. INTEGRAIS TRIPLOS
• z é a cota do ponto P .
Observemos que se trocarmos duas colunas de posição, o jacobiano vem com o sinal alterado. Por
exemplo,
∂(x, y, z)
J = det = −r .
∂(r, z, θ)
Exemplo 6.3.2. Calcule o integral seguinte fazendo mudança de variáveis para coordenadas cilín-
dricas: Z Z Z
(x2 + y 2 ) dx dy dz , Ω = (x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 ≤ 2z, z ≤ 2 .
Ω
Tal como as coordenadas polares no caso do integral duplo, a mudança de variáveis para coordenadas
cilíndricas no integral triplo é particularmente importante quando a região de integração tem fronteiras
ao longo das quais r ou θ é constante.
Outra mudança de variáveis muito comum em integrais triplos, é a transformação para coordenadas
esféricas (cf. Figura 6.2a):
x = r cos(φ) cos(θ)
y = r cos(φ) sen(θ) (6.3.2)
z = r sen(φ) ,
onde:
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CÁLCULO II 6. INTEGRAIS TRIPLOS
• θ ∈ [0, 2π] é o ângulo formado pelo semi-eixo positivo dos xx e pela semi-recta com origem em
(x, y, z) = (0, 0, 0) e que passa pela projecção do ponto P no plano xy , e é medido a partir do
semi-eixo positivo dos xx até 360o ;
• φ ∈ [− π2 , π2 ] é o ângulo formado pelo plano z = 0 e pela semi-recta com origem em (x, y, z) = (0, 0, 0)
e que passa pelo ponto P , e é medido a partir do plano z = 0 até ±90o .
De facto, para (r, θ, φ) dados como acima e denotando por rxy a distância radial r projectada sobre o
plano dos xy , temos
cat. op.
sen(φ) = hip. = zr
cat. adj. z = r sen(φ)
cos(φ) = r xy
x = r cos(φ) cos(θ)
=
hip. r = r cos(φ)
r xy
cat. op. ⇔ ⇔ y = r cos(φ) sen(θ)
sen(θ) = hip. = rxy y y = rxy sen(θ)
z = r sen(φ) .
x = rxy cos(θ)
cos(φ) = cat. adj. = x
hip. rxy
Proposição 6.3.3. O jacobiano da transformação para coordenadas esféricas (6.3.2) é J = ±r2 cos(φ) .
∂x ∂x ∂x
cos(φ) cos(θ) −r cos(φ) sen(θ) −r sen(φ) cos(θ)
∂r ∂θ ∂φ
∂(x, y, z)
∂y ∂y ∂y
J = det = det = det cos(φ) sen(θ) r cos(φ) cos(θ) −r sen(φ) sen(θ)
∂r ∂θ ∂φ
∂(r, θ, φ)
∂z ∂z ∂z sen(φ) 0 r cos(φ)
∂r ∂θ ∂φ
−r cos(φ) sen(θ) −r sen(φ) cos(θ) cos(φ) cos(θ) −r cos(φ) sen(θ)
onde usamos o Teorema de Laplace sobre a última linha. Se, na matriz Jacobiana, trocarmos a segunda
com a terceira coluna, obtemos
∂(x, y, z)
J = det = −r2 cos(φ) ,
∂(r, φ, θ)
Podemos introduzir as coordenadas esféricas equivalentes da forma seguinte (cf. Figura 6.2b):
x = r sen(φ) cos(θ)
y = r sen(φ) sen(θ) (6.3.3)
z = r cos(φ) ,
onde, agora:
• φ ∈ [0, π] é o ângulo formado pelo semi-eixo positivo dos zz e pela semi-recta com origem em
(x, y, z) = (0, 0, 0) e que passa pelo ponto P , e é medido a partir do semi-eixo positivo dos zz até
180o .
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CÁLCULO II 6. INTEGRAIS TRIPLOS
De facto, para (r, θ, φ) dados como acima e denotando por rxy a distância radial r projectada sobre o
plano dos xy , temos
cat. op.
rxy
sen(φ) = hip. = r
cat. adj. rxy = r sen(φ)
z x = r sen(φ) cos(θ)
cos(φ) = hip. = r
z = r cos(φ)
cat. op. ⇔ ⇔ y = r sen(φ) sen(θ)
sen(θ) = hip. = rxy
y y = rxy sen(θ)
z = r cos(φ) .
x = rxy cos(θ)
cat. adj.
x
cos(φ) = hip. = rxy
Caso de (6.3.2): φ ∈ − π2 , π
. (b) Caso de (6.3.3): φ ∈ [0, π].
(a) 2
∂x ∂x ∂x
sen(φ) cos(θ) −r sen(φ) sen(θ) r cos(φ) cos(θ)
∂r ∂θ ∂φ
∂(x, y, z)
∂y ∂y ∂y
J = det = det = det sen(φ) sen(θ) r sen(φ) cos(θ) r cos(φ) sen(θ)
∂r ∂θ ∂φ
∂(r, θ, φ)
∂z ∂z ∂z cos(φ) 0 −r sen(φ)
∂r ∂θ ∂φ
−r sen(φ) sen(θ) r cos(φ) cos(θ) sen(φ) cos(θ) −r sen(φ) sen(θ)
= cos(φ) −r2 sen(φ) cos(φ) sen 2 (θ) − r2 sen(φ) cos(φ) cos2 (θ)
= − r2 sen(φ) cos2 (φ) sen 2 (θ) + sen 2 (φ) sen 2 (θ) − r2 sen(φ) cos2 (φ) cos2 (θ) + sen 2 (φ) cos2 (θ)
= − r2 sen(φ) ,
onde usamos o Teorema de Laplace sobre a última linha. Também neste caso, se, na matriz Jacobiana,
trocarmos a segunda com a terceira coluna, obtemos
∂(x, y, z)
J = det = r2 sen(φ) ,
∂(r, φ, θ)
Tal como foi mencionado nas demonstrações das duas proposições anteriores, a escolha do sinal + ou −
está relacionada com a ordem pela qual escrevemos as colunas da matriz Jacobiana. Se escolhermos a
ordem (r, φ, θ), virá − na fórmula de J da Proposição 6.3.3, ou + na fórmula de J da Proposição 6.3.4.
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CÁLCULO II 6. INTEGRAIS TRIPLOS
Se a ordem for (r, θ, φ), então os sinais vêm trocados. As duas transformações para coordenadas esféricas
são equivalentes, temos apenas de ter o cuidado que o domínio de variação do ângulo φ é diferente e que,
na substituição do integral a calcular, deverá aparecer |J|. Assim, se usarmos a forma das coordenadas
esféricas (6.3.2), obtemos:
h π πi
|J| = r2 cos(φ), pois cos(φ) ≥ 0 para φ ∈ − , .
2 2
Se, porventura, usarmos as coordenadas esféricas equivalentes (6.3.3), temos:
Exemplo 6.3.3. Calcule o integral seguinte fazendo uma mudança de variáveis para coordenadas
esféricas:
Z Z Z p
Ω = (x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 + z 2 ≤ 4 .
x2 + y 2 + z 2 dx dy dz ,
Ω
6.4 Aplicações
Nesta secção vamos apenas considerar a aplicação de integrais triplos ao cálculo de volumes de corpos.
Temos então
lI X
X nI X
mI lS X
X nS X
mS
∆xIi ∆yjI ∆zkI ≤ Volume(Ω) ≤ ∆xSi ∆yjS ∆zkS .
k=1 j=1 i=1 k=1 j=1 i=1
REntão,
R R Volume(Ω) é o único integral triplo tal que esta igualdade é satisfeita e que designamos por
Ω
dx dy dz .
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CÁLCULO II 6. INTEGRAIS TRIPLOS
Exemplo 6.4.1. Usando integrais triplos, calcule o volume do √ paralelipípedo√ com vértices V√1 =
(0, 0, 0), V2√= (1, 0, 0), V3 = (0, 1, 0), V4 = (1, 1, 0), V5 = (0, 0, 2), V6 = (1, 0, 2), V7 = (0, 1, 2),
V8 = (1, 1, 2).
Por outro lado, se o domínio Ω resultar da diferença de dois domínios, digamos Ω = Ω1 \ Ω2 , temos:
Z Z Z Z Z Z
Volume(Ω) = dx dy dz − dx dy dz.
Ω1 Ω2
Exemplo 6.4.2. Usando integrais triplos, calcule o volume do domínio Ω compreendido entre o
rectângulo, do plano z = 0, com vértices A = (0, 0), B = (3, 0), C = (3, 2) e D = (0, 2), e a
superfície z = 4x2 + 9y 2 .
Outra aplicação dos integrais triplos, é o valor médio de uma função numa dada região do espaço.
Denição 6.4.1. Seja f (x, y, z) uma função integrável à Riemann numa região Ω ⊂ R3 . O valor
médio da função f em Ω é dado por
Z Z Z Z Z Z
1
fΩ := f (x, y, z) dxdydz , V = dxdydz .
V Ω Ω
Falemos agora de aplicações de integrais triplos em Mecânica. A massa m de um corpo que ocupa o
volume Ω ⊂ R3 é dada por Z Z Z
m := ρ(x, y, z) dxdydz ,
Ω
onde ρ(x, y, z) denota a densidade do corpo em questão no ponto (x, y, z). Observe-se que no SI, a massa
é medida em Kg e a densidade de uma substância é a sua massa por unidade de volume, sendo por isso
medida em Kg m−3 . No caso particular de um material homogéneo, a densidade é constante e, nesse
caso, a massa de um corpo é dada por
Z Z Z
m := ρ0 dxdydz , ρ0 = constante .
Ω
Exemplo 6.4.3. Determine a massa de um cubo unitário feito de um material com densidade a
variar de acordo com a função ρ(x, y, z) = x + 2y + 3z .
O centro de massa, ou também designado centro gravítico, é comummente denido como sendo o
único ponto de um corpo que pode ser usado para descrever a resposta do corpo a forças externas ou a
torques. O conceito do centro de massa é o de uma média de massas factorizadas pelas suas distâncias
a um determinado ponto de referência. O centro de massa de um corpo ocupando um volume Ω e de
densidade ρ(x, y, z) é denido como sendo o único ponto (x, y, z) tal que
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 6
BQ EA EB 155
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CÁLCULO II Ficha de exercícios no 6
Z Z Z
cos(x + 2y + z)
(b) dx dy dz , u = x + 2y + z, v = x + y − z, w = z ,
Ω x + y − z
onde Ω = (x, y, z) ∈ R3 : 1 ≤ x + y − z ≤ 2, 0 ≤ x + 2y + z ≤ π4 , 0 ≤ z ≤ 1 ;
ln(x + y − 2z)
Z Z Z
(c) dx dy dz , u = x + y − 2z, v = 2x + y + z, w = z ,
Ω 2x + y + z
onde Ω = {(x, y, z) : R3 : 1 ≤ x + y − 2z ≤ 2, 1 ≤ 2x + y + z ≤ 2, 1 ≤ z ≤ 2};
Z Z Z
2 2
(c) ex +y dx dy dz , onde Ω = (x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 ≤ 1, 0 ≤ z ≤ 1 .
Ω
BQ EA EB 156
c HBO, 2016/2017
CÁLCULO II Ficha de exercícios no 6
Z Z Z
(b) z dx dy dz ,
Ω
onde Ω = (x, y, z) ∈ R3 : 1 ≤ x2 + y 2 + z 2 ≤ 4, z ≥ 0 ;
Z Z Z p
(c) x2 + y 2 + z 2 dx dy dz ,
Ω
onde Ω = (x, y, z) ∈ R3 : x2 + y 2 + z 2 ≤ x .
7. Considere o elipsóide
(x − 1)2 (y − 1)2
Ω= (x, y, z) ∈ R3 : + + (z − 1)2 = 1 .
4 9
(a) Mostre que o módulo do jacobiano da transformação indicada a seguir é |J| = 6r2 sen(φ):
x = 1 + 2r sen(φ) cos(θ)
y = 1 + 3r sen(φ) sen(θ)
z = 1 + r cos(φ) .
(b) Usando integrais triplos, e tendo em conta a transformação anterior com θ ∈ [0, 2π] e φ ∈ [0, π],
calcule o volume interior ao elipsóide Ω.
BQ EA EB 157
c HBO, 2016/2017