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UnB – Universidade de Brasília

FAC – Faculdade de Comunicação


Matéria: História do Cinema – Turma A
Resenha sobre o filme Os Incompreendidos
Aluno: Alexandre Costa (19/0101393)

Os Incompreendidos (Les quatre cent coups) é um filme francês de 1959 dirigido por
François Truffaut. Ele segue a história de Antoine Doiniel, um jovem normal que é tido como
problemático pelos pais e professores e que, cansado da opressão cometida por esses, decide
fugir de casa e se rebelar cometendo pequenos delitos.
O filme foi um marco em sua época por tornar conhecida a nouvelle vague. Apesar de
não apresentar algumas características do movimento, como uma edição que evidencia a
natureza artificial do cinema ou quebras da quarta parede, o filme lançou as bases necessárias
do movimento: foi uma obra de orçamento baixo, feito por pessoas jovens, gravada em cenários
reais, apresenta atuações mais contidas e que tem um foco no cenário do mundo naquela época
(em contraste com o cinema francês da década de 1950 que focava em adaptações literárias de
clássicos). Por ser um dos primeiros filmes do movimento, no entanto, não precisava
necessariamente abarcar tudo o que o movimento viria a ser. Aliás, esteticamente ele lembra
mais filmes do neorrealismo italiano (uma das maiores influências do movimento)
Se no âmbito da imagem a obra não se alinha totalmente a nouvelle vague, no âmbito
ideológico eles se encaixam perfeitamente. O filme não retrata uma história arcaica sobre a
burguesia, como era comum no cinema da época, mas sim uma sobre as dificuldades da vida
dos trabalhadores na França moderna.
Um grande parcela da primeira parte do filme é a vida doméstica de Antoine e como
isso afeta seu desenvolvimento. Seus pais não tiveram a oportunidade de educação de muitos
e sofrem por isso com trabalhos mal remunerados. O menino cresce em um ambiente instável
de brigas e pobreza. Isso o afeta, tornando-o uma pessoa que busca sair desse ambiente
opressor. Uma representação visual disso vem na casa onde vive, que é comicamente apertada
e reflete a situação difícil em que vivem (o que entra em contraste com a rua, espaçosa e ampla,
onde Doiniel se sente mais livre e confortável consigo mesmo).
Além disso, o filme retrata a opressão que a juventude sofria por meio do governo
francês. A escola e a prisão juvenil são quase idênticas. Nelas os jovens devem se organizar e
obedecer às autoridades de maneira muito similar. Ademais, se não obedecem, sofrem castigos
físicos (agressões ou ficar no canto da sala).
Apesar de retratar essa vida difícil, o filme acaba com um final que pode ser visto como
feliz: Antoine foge do centro de correção e vai ao mar (seu sonho de infância). Isso é a
representação de fuga do sistema e, psicanaliticamente, do retorno ao útero. É uma pista de
que talvez Antoine encontre a felicidade e liberdade que busca apesar dos problemas que teve.
Enfim, Os Incompreendidos é um marco na história que ainda consegue manter seus
status mesmo 60 anos após seu lançamento. Bem escrito, atuado, dirigido, com uma trilha
icônica e marcante, é um filme que deve ser visto por todos que buscam entender mais sobre a
arte cinematográfica e sua história.

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