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Abstract. This article presents the impacts related to the mobile technologies
use in teaching and learning processes through the dynamization of activities
by classroom's methodology inverted. The activities were carried out in a High
School History class through the mobile devices use. This work using the case
study technique and the data were collected through micronarratives
produced in video format by the participating students. The results show that
the classroom's methodology inverted use has an important impact on
learning in terms of behaviors and attitudes changes, in learning improvement
and in the classroom greater interactivity.
1. Introdução
O ritmo frenético caracteriza as crianças e os jovens nos dias de hoje, habituados
a estarem constantemente conectados e interagindo com os dispositivos móveis e seus
apps dentro e fora do contexto escolar. Estas situações nos mostram como os
comportamentos e atitudes dos nossos alunos chocam com os modelos tradicionais de
ensino.
Uma pesquisa realizada pela Fundação Telefônica Vivo (2016), junto de 1440
jovens brasileiros com idades compreendidas entre 15 a 29 anos, revelou que (a) o
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celular é o principal dispositivo para acessar a Internet (85%), (b) 49% dos jovens
afirmou acessar a Internet mais de uma vez por semana; (c) 99% dos jovens
entrevistados, afirmou usar regularmente aplicativos de conversa, em especial, o
WhatsApp, (c) 41% dos jovens entrevistados, afirmou jamais utilizar a Internet para
realizar estudos e trabalhos para a escola, (d) as atividades de lazer menos praticadas
são a leitura de “livros digitais” e “acessar a sites de revistas”.
A relevância da Internet na vida dos jovens é um fenômeno identificado pelo
Fórum Econômico Mundial que, inclusive, aponta a conexão frequente desses jovens ao
mundo virtual como uma das dez megatendências que afetam o ensino em todo o
mundo (SCHLEICHER, 2018).
É diante desses ambientes digitais, onde estão incorporados os alunos deste
tempo, que a escola precisa repensar o seu papel para responder positivamente às
necessidades e anseios dos seus principais atores, tornando a escola num palco onde o
argumento esteja alinhado com perfil dos seus protagonistas.
Neste âmbito “a nova lógica das redes interfere nos modos de pensar, sentir,
agir, de se relacionar socialmente, adquirir conhecimentos e cria uma nova cultura e um
novo modelo de sociedade” (KENSKI, 2012, p. 40). As escolas não estão conseguindo
vencer esse desafio e por isso “estão chegando ao ponto crítico, em uma transformação
digital que mudará para sempre a forma como o mundo aprende” (HORN; STAKER,
2015, p. 1). Desse modo, “abrir-se para novas educações, resultantes de mudanças
estruturais nas formas de ensinar e apreender possibilitadas pela atualidade tecnológica,
é o desafio a ser assumido por toda a sociedade” (KENSKI, 2012, p. 41).
Nessa linha de pensamento, cabe às escolas assumirem a liderança de ações que
permitam se aproximar do mundo digital e, principalmente, do novo perfil dos jovens.
Além disso, encontramos referências que anunciam metodologias ativas, que permitem
integrar a tecnologia no ensino, tais como, ensino híbrido, flipped classroom, peer
instruction, mobile learning, entre outros.
2. Metodologias ativas
Para Moran (2018, p. 4) as “metodologias ativas são estratégias de ensino
centradas na participação efetiva dos estudantes na construção do processo de
aprendizagem, de forma flexível, interligada e híbrida”. Ainda para o autor, a
combinação de metodologias ativas com tecnologias digitais permite que se aprenda
melhor através da junção de práticas, atividades, jogos, problemas e projetos relevantes
que sejam desenvolvidos de modo colaborativo e personalizado (MORAN, 2015).
Essas metodologias ativas, segundo um conjunto de autores (EISON, 2010;
FELDER; BRENT, 2009; PRINCE, 2004), se caracterizam por promoverem uma
participação ativa dos alunos nos processos de aprendizagem. Para Bonwell e Eison
(1991) essa participação, consiste no envolvimento dos alunos em fazerem as coisas e
pensarem sobre o que estão fazendo.
Para conseguir envolver os alunos num processo de aprendizagem ativa são
propostas algumas estratégias: pensar criticamente ou criativamente; debater com um
colega, com um pequeno grupo ou com a toda a turma; expressar ideias através da
escrita; explorar atitudes e valores pessoais; dar e receber feedback; refletir sobre o
processo de aprendizagem (EISON, 2010).
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5. Resultados
A apresentação dos resultados da análise de conteúdo foi realizada através de
tabelas com apresentação da frequência absoluta (n) e relativa (%) referentes ao número
de unidades de análise encontradas nas micronarrativas e que foram enquadradas nas
respetivas categorias de análise.
Em resultado das sessões marcadas pelo recurso à metodologia da sala de aula
invertida, foram encontrados resultados que revelam como principais impactos ao nível
da mudança em comportamentos e atitudes (28,1%), a melhoria da aprendizagem
(21,1%) e a interatividade (17,5%).
Impactos na Aprendizagem n %
Motivação 7 12,3%
Inovação 8 14,0%
Competências e atitudes 16 28,1%
Concentração 4 7,0%
Interatividade 10 17,5%
Melhoria da aprendizagem 12 21,1%
Total 57 100,0%
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Impactos no Ensino n %
Atribuição novos papéis aos alunos 4 57,1%
Acompanhamento das aprendizagens 3 42,9%
Total 7 100,0%
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6. Considerações finais
A pesquisa possibilitou o aprofundamento de Metodologias Ativas que se
revelaram essenciais para a organização e desenvolvimento das atividades com
utilização de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação, obtendo um maior
envolvimento e participação dos alunos. A revisão bibliográfica permitiu conhecer os
seus pressupostos, a forma de serem desenvolvidas e os resultados obtidos em vários
contextos educativos. Esse conhecimento, foi o elemento norteador da nossa
intervenção, ou melhor, a base que sustentou o planejamento da utilização das
tecnologias móveis.
As Metodologias Ativas, nomeadamente, a sala de aula invertida (flipped
classroom), revelou a importância de desenvolver ações com intencionalidade educativa
orientadas para a atribuição de novos papéis aos alunos. Essas metodologias, revelaram
que, quando combinadas com recursos tecnológicos, potenciam de forma mais célere a
inovação educacional e a melhoria das aprendizagens.
A interpretação dos resultados revelou que os dispositivos móveis e os apps
reúnem várias potencialidades como a adoção de Metodologias Ativas, a aprendizagem
fora da sala de aula, a aprendizagem significativa e o aumento de interação nos
processos de ensino e aprendizagem.
Um elemento relevante diagnosticado na pesquisa, foi a melhoria ao nível da
motivação dos alunos, enumerando, inclusive, que a experiência de utilização dos
dispositivos móveis e apps deveria ser alargada para outros momentos e outras
disciplinas.
Os resultados alcançados não apresentam as dificuldades sentidas na fase inicial
do projeto com a instabilidade da rede de internet da escola e algum descompromisso
dos alunos devido à fraca experiência de uso dos dispositivos móveis para atividades de
estudo.
Em síntese, atendendo à revisão teórica, aos resultados encontrados na análise
das micronarrativas, consideramos que a dinamização de Metodologias Ativas com
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7. Referências
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