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FARSA DE INÊS PEREIRA – DIMENSÃO SATÍRICA

A Farsa de Inês Pereira de Gil Vicente segue a máxima latina Ridendo Castigat Mores,
conferindo, desta forma, dimensão satírica à peça.
A sátira cumpre o objetivo de denunciar a crise de valores da sociedade do século XVI,
recorrendo aos tipos de cómico, às personagens-tipo, à ironia, ao sarcasmo e à crítica mordaz.
O reflexo desta mesma crise pautada pela hipocrisia, tirania, adultério e devassidão do
clero, recai principalmente sobre as personagens de Inês Pereira e Brás da Mata (ou
Escudeiro).
A protagonista é uma jovem do povo, sonhadora, que procura através do casamento
liberdade e ascensão social. Neste sentido, a escolha do Escudeiro, que lhe é superior
socialmente reflete as suas pretensões. No entanto, o seu marido revela-se um tirano e Inês
acaba por sofrer com a sua escolha insensata e vê as suas ilusões defraudadas.
Por outro lado, o Escudeiro, apesar do seu estatuto social, encontra-se na penúria,
sendo um pelintra pretensioso que vive das aparências. O seu casamento com Inês é, com
efeito, uma oportunidade de melhorar as suas condições de vida.
Ainda que diferentes na sua condição, as duas personagens assemelham-se e integram-
se numa sociedade marcada pela podridão refletida nos seus comportamentos.

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