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RESUMOS DEDICAÇÃO DELTA

MEDICINA LEGAL

TRAUMATOLOGIA FORENSE
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Sumário

1. CONCEITOS BÁSICOS DE TRAUMATOLOGIA ............................................. 3

2. ENERGIAS VULNERANTES ............................................................................. 4


2.1. FENÔMENO DA ENERGIA VULNERANTE ............................................... 4
2.2. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES VULNERANTES CONFORME A
MANEIRA HABITUAL DE AGIR ............................................................................ 6
2.3. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES VULNERANTES QUANTO À ÁREA DE
CONTATO DESSE AGENTE COM O CORPO: ..................................................... 7

3. PROJETEIS DE ARMAS DE FOGO ................................................................ 43


3.1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS ................................................................ 43
3.1.1. IMPORTÂNCIA DA ENERGIA CINÉTICA ................................................ 43
3.2. TIPOS DE PROJETEIS DE ARMAS DE FOGO........................................... 45
3.2.1. Projetil Transfixante e Projetil Penetrante: ........................................................ 45
3.2.2. Cartucho de projetil único x cartucho de projetil múltiplo ................................. 46
3.2.3. Projeteis de alta energia .................................................................................... 47
3.3. LESÕES PRODUZIDAS POR PAF ............................................................... 49
3.4. LESÕES DE ENTRADA POR PAF ............................................................... 49

4. LESÕES DE SAÍDA DO PAF ............................................................................. 70

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1. CONCEITOS BÁSICOS DE TRAUMATOLOGIA

Primeiramente, é preciso que conheçamos alguns conceitos, antes de aprofundarmos no


assunto.

a) Etimologia da palavra Traumatologia Forense: Trauma é energia que causa lesão

b) Conceito: A traumatologia é a parte da medicina legal que estuda: o trauma, a lesão


resultante do trauma e o agente que transmite esta energia (que é chamado de agente
vulnerante, ou seja, aquele que fere).

 Obs.: A principal finalidade da perícia médico legal é perpetuar a materialidade do


delito.

c) Trauma x Lesão

Trauma → é uma energia física, química, biológica ou mista que quando transferida para
o corpo é capaz de alterar seu estado fisiológico ou orgânico causando lesão.

Lesão → é uma alteração morfológica, fisiológica ou mista, que ocorre no organismo,


causada pela ação de certa quantidade de energia de ordem física, química, biológica ou
mista, chamada genericamente de trauma.

A relação entre trauma e lesão é uma relação de causa e consequência: trauma é a causa
e lesão é o efeito.

Para que haja lesão, tem que, necessariamente, haver trauma. Para o trauma causar lesão,
tem que transferir a energia. A energia do trauma é transferida para o corpo que, não
consegue administrar essa energia e sofre uma lesão.

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2. ENERGIAS VULNERANTES

Agentes vulnerantes → são todos os instrumentos ou meios que atuam no organismo


produzindo lesão. Logo, é tudo aquilo que causa lesão (podendo ser instrumentos ou
meios)

 Instrumentos - são objetos que transferem energias cinéticas (mecânicas)

 Meios - são todas aquelas situações que transferem quaisquer outras formas de energia
(meios físicos, químicos, físico-químicos, etc).

Pergunta de prova: Qual a diferença entre instrumento e meio?


R: Os objetos e instrumentos são os meios com os quais a energia vulnerante será transferida para o
organismo. Se o legisla sabe qual foi o instrumento utilizado (ex.: faca), ele informa qual foi o instrumento.
Se não conseguir identificar especificamente o instrumento usado, ele vai dizer qual foi o meio: meio cortante,
meio perfurante, meio, cortocontundente, meio contundente, etc.

2.1. FENÔMENO DA ENERGIA VULNERANTE

Cinética
Físico

Barométrica
Energias
Vulnerantes Química
Térmica

Elétrica
Físico-
Química Radiante

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A) ENERGIAS VULNERANTES DE ORDEM FÍSICA:

Agentes físicos não mecânicos – são aqueles que não precisam de movimento para
causar lesão. Ex.: temperatura, pressão, irradiação, som.

Agentes físicos mecânicos – São aqueles que exigem movimento da vítima ou do


agente (ou de ambos) para produzir a lesão. Se os dois estiverem parados, não haverá lesão

◇ Agentes Físicos Mecânicos Ativos → é o agente que está em movimento. Ex.:


preso dá paulada em outro preso

◇ Agentes Físicos Mecânicos Passivos → a vítima que está em movimento. Ex.:


chão, teto, poste.

◇ Agentes Físicos Mecânicos Mistos → quando o agente e a vítima estão em


movimento. Ex.: colisão entre 2 indivíduos

a) Energia cinética → é um tipo de energia que está relacionada com a movimentação


dos corpos. Toda lesão produzida pela transferência de energia de um corpo para o
outro, em razão do movimento dos corpos, será energia cinética.

𝐸𝑐 = 𝑚𝑉
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­ Quanto maior a velocidade, maior a energia cinética (considerando que a massa que ele
possui é uma constante)

­ A energia cinética está diretamente ligada à velocidade.

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­ A energia mecânica é uma categoria mais ampla que agrega energia cinética e energia
potencial. A energia mecânica está diretamente ligada à energia cinética e é a energia
produzida pelo trabalho de um corpo que pode ser transferida entre os corpos.

𝐸𝑚 = 𝐸𝐶 + 𝐸𝑃

b) Energia barométrica → estudo dos barotraumas ou Baropatias

c) Energia térmica → estudo das queimaduras e geladuras

d) Energia elétrica → estudo das lesões oriundas da eletricidade (fulguração e


eletroplessão)

e) Energia radiante → estudo das irradiações solares e ionizantes

B) ENERGIAS VULNERANTES DE ORDEM QUÍMICA: → Ações produzidas


por substâncias cáusticas, tóxicas, venenos, etc.

C) ENERGIAS VULNERANTES DE ORDEM FÍSICO-QUÍMICA → Estudo das


asfixias (muito importante!!!)

2.2. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES VULNERANTES CONFORME A


MANEIRA HABITUAL DE AGIR

Os instrumentos são classificados de acordo com a maneira habitual de agir.


Excepcionalmente, a depender das circunstâncias do caso, o instrumento vulnerante pode
agir de maneira totalmente diferente do modo habitual, de forma anômala. Mas mesmo
assim, permanecerão sendo classificados conforme a maneira habitual de agir.

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Ex.: Uma faca pode furar, cortar e contundir (quando atinge a vítima com o cabo (ação
contundente). Entretanto, mesmo que a faca bata com o cabo e cause somente uma
contusão, ela é classificada como um instrumento perfurocortante, pois a ação habitual
dela é perfurar e cortar.

Ex.: Uma tesoura pode furar e contundir e, também, pode perfurar e cortar. Mas o normal
da tesoura é furar e cortar

Ex.: PAF pode bater e não entrar (raspão), mas o normal dele é perfurar e contundir, por
isso ele é um agente perfurocontundente, mesmo que ele cause apenas uma contusão.

2.3. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES VULNERANTES QUANTO À ÁREA


DE CONTATO DESSE AGENTE COM O CORPO:

1) Instrumentos cortantes
2) Instrumentos perfurantes
3) Instrumentos contundentes
4) Instrumentos perfuro-cortantes
5) Instrumentos corto-contundentes
6) Instrumentos perfuro-contundentes

(1) INSTRUMENTOS CORTANTES E SUAS LESÕES

a) Características dos instrumentos cortantes:

É aquele que só corta, pois possui gume (lâmina afiada), não tem ponta e não tem massa
suficiente para causar uma ação contusa.

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b) Exemplos de instrumentos cortantes:


⦁ Lâmina de barbear,
⦁ Navalha
⦁ Caco de vidro,
⦁ Cerol

c) Mecanismo de ação dos instrumentos cortantes:


O instrumento vulnerante que produz uma ação cortante age predominantemente por
deslizamento. Mais por deslizamento do que por pressão.

Em razão desse mecanismo de atuação “por deslizamento”, a literatura médico legal


chama a lesão de “lesão em arco de violino”.

⍟ Lesão em arco de violino – é uma feria incisa feita por um


instrumento vulnerante cortante que atua predominantemente
por deslizamento.

d) Lesões produzidas por instrumentos cortantes:


A lesão produzida pelos instrumentos cortantes é chamada de lesão incisa.

Características da ferida incisa:

⦁ Rompimento da pele pelo deslizamento do gume;

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⦁ Bordas regulares e afastadas

⦁ Regularidade do fundo da lesão;

⦁ Ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida (sem escoriação e equimoses);

⦁ Intenso sangramento  fibras dos tecidos e vasos sanguíneos são seccionados.

⦁ Sua profundidade é maior na porção correspondente ao terço inicial e a partir


daí superficializam-se gradualmente para terminar em uma escoriação linear ao
longo da epiderme que indica a saída do instrumento (cauda de escoriação).

 A escoriação linear ao longo da epiderme é chamada de cauda de escoriação e


indica a saída do instrumento (o lado em que terminou a ação do instrumento).

Cauda de escoriação

 DPC-SP/2014 - É uma característica da morfologia de uma ferida por ação cortante,


em relação à ferida contusa, a presença de
A) fundo irregular.
B) hemorragia abundante.
C) retração das bordas da ferida.
D) vertentes irregulares.
E) integridade de vasos, nervos e tendões no fundo da lesão.
Gabarito: Letra B

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e) Feridas por ação cortante no pescoço:

ESGORJAMENTO – Ferida na região anterior (frente) ou lateral do pescoço.

DEGOLAMENTO – Região posterior do pescoço (nuca).

DECAPITAÇÃO – Separação total da cabeça do corpo

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f) Feridas por ação cortante com nomes próprios

ESQUATERJAMENTO ESPOSTEJAMENTO CASTRAÇÃO


Ato de dividir o corpo em Ato de dividir o corpo em Ato de retirada do órgão
partes (quartos) – em 4 várias partes irregulares (sem sexual masculino. Muitas
partes. ser em 4). vezes está ligada a
vingança ou crime
Geralmente a secção ocorre passional
nas axilas e virilhas,
separando os membros
superiores e inferiores do
tronco

(2) INSTRUMENTOS CONTUNDENTES E SUAS LESÕES

A ação contundente pode ser produzida não apenas por instrumentos contundentes.
Muitas vezes, outros instrumentos, como cortocontundentes ou mesmo perfurocortantes
podem atuar por ação contundente e produzirem uma ferida contusa. Ex.: o cabo de uma
faca pode produzir uma ferida contusa.

a) Características dos instrumentos contundentes


São instrumentos que SÓ contundem porque tem uma massa propícia para contundir, não
tem ponta e não tem gume.

b) Mecanismo de ação dos instrumentos contundentes


Agem por pressão, compressão, percussão, arrastamento e tração. O mecanismo de
transferência da energia cinética se dá por pressão ou compressão

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c) Exemplos de instrumentos contundentes:


⦁ Martelo
⦁ Soco
⦁ Veículo

d) Lesões produzidas por instrumentos contundentes

A lesão é chamada de lesão contusa, tem vários estágios, dependendo da força ou do


objeto. O aspecto anatômico da lesão na pele é um plano – lesão em plano.

Características da ferida contusa:


⦁ Forma estrelada, sinuosa ou retilínea;
⦁ Bordas irregulares, escoriadas e equimosadas;
⦁ Fundo irregular;
⦁ Retração das bordas da ferida;
⦁ Lesão pouco sangrante

 CAI MUITO EM PROVA!!!


Quais as diferenças entre lesão contusa e lesão incisa?

CONTUSAS INCISAS
Bordas irregulares Bordas regulares
Vertente irregular Vertente (encosta) regular
Fundo irregular Fundo regular
Bordas escoriadas e equimosadas Sem escoriação e equimoses
Presença de pontes de tecido íntegro Hemorragia abundante
Retração das bordas Afastamento das bordas

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Integridade dos vasos, nervos e tendões Predomina o comprimento sobre a


no fundo da lesão, Forma estrelada profundidade. Sua profundidade é maior no
início

e) Classificação das lesões contundentes

Para fins didáticos, podemos dividir as lesões produzidas pelos agentes contundentes em
fechadas e abertas, conforme esteja rompida, ou não, a pele.

◇ Fechadas: rubefação, equimose, hematoma, bossas sanguínea e serosa, luxação,


fratura e roturas.

◇ Abertas: escoriação, ferida contusa, empalamento, encravamento, esmagamento,


arrancamento, fraturas e luxações expostas.

LESÕES CONTUSAS FECHADAS:

1.1. Rubefação
1.2. Tumefação
1.3. Equimoses e seus derivados
1.4. Bossa
1.5. Hematoma
1.6. Entorse
1.7. Luxação
1.8. Fratura Fechada
1.9. Esmagamento Fechado

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1.1. RUBEFAÇÃO

A rubefação é provocada por impactos de baixa densidade (pancadas).

A rubefação é caracterizada pela hiperemia no local do impacto, decorrente da dilatação


dos pequenos vasos presentes naquele local (capilares e vênulas). Portanto, a dilatação dos
capilares e vênulas gera a hiperemia, que consiste na pequena vermelhidão da área

⍟ Hiperemia – aumento do fluxo de sangue em uma região


ocasionada pela vasodilatação

Características da Rubefação:
⦁ Lesão fechada

⦁ Não há extravasamento de sangue

⦁ Fugacidade  Aparece instantaneamente à ação contundente, podendo persistir


cerca de 10 minutos e desaparece rapidamente.

⦁ Consequência médico legal → difícil comprovação pericial da rubefação

⦁ Só pode ser feita em indivíduo vivo, é um fenômeno vital (já que oriunda de uma
vasodilatação)  (não existe rubefação em pessoas mortas)

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1.2. TUMEFAÇÃO

O trauma que a produz é um pouco mais intenso, é uma “evolução da rubefação”.

Consiste na elevação da pele na área de impacto, surgindo depois de 1 a 3 minutos,


logo após a rubefação, que sempre a acompanha.

⍟ Não existe tumefação sem rubefação anterior

1.3. EQUIMOSE

Imagine que a pancada foi um pouco maior. Se a pressão é um pouco maior, o vaso
também se dilata, mas, além de ele se dilatar, se rompe. Desta forma, o sangue extravasa
e derrama embaixo da pele.

No momento em que o sangue derrama, quando o observador olha para a pele, embaixo
do lugar onde houve a pancada aparece uma mancha. Esse extravasamento do sangue se
infiltra nas malhas dos tecidos adjacentes à lesão.

Portanto, todas as equimoses resultam do extravasamento do sangue, normalmente


oriundo de um trauma, que infiltra as malhas dos tecidos subjacentes à lesão.

Características da equimose:
⦁ Lesão Fechada

⦁ Há extravasamento de sangue que se infiltra nas malhas dos tecidos

⦁ O sangue deve ser percebido através de uma membrana (lâmina de tecido)

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⦁ Forma pouco definida excepcionalmente, a equimose pode denunciar o


instrumento que a causou (víbices)

⦁ Podem ser superficiais ou profundas

⦁ Somente pode ser feita em vivo

1.3.1. ESPÉCIES DE EQUIMOSE:

As equimoses têm uma classificação e mudam de nome de acordo com sua forma,
localização e origem. A equimose é gênero que vai admitir as seguintes espécies:

(a) PETÉQUIAS

São equimoses em forma de ponto, em forma de cabeça de alfinete, puntiforme. É uma


equimose puntiforme (parecendo uma picada de pulga). O sangue extravasa e cada
pontinho vermelho daquele na pele, ou em outra região do corpo, recebe o nome de
petéquia. Pode ser uma pressão de fora, puxando para fora, ou uma pressão de dentro,
empurrando para fora.

(b)SUGILAÇÃO

São várias petéquias confluentes em uma região bem delineada (ex.: chupão). O
extravasamento de sangue ocorre por sucção.

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(c) SUFUSÃO

Equimose em forma de lençol hemorrágico, como se fosse um grande derramamento de


sangue. Também chamado de equimoma.

É muito comum quando a vítima é atingida por uma superfície plana e larga, quando a
vítima cai sobre o solo e se forma aquela placa de equimose muito grande, por exemplo

(d)VÍBICES
São equimoses em dupla faixa produzida por um instrumento longo de haste (cassetete,
cano de PVC, cabo de vassoura)

⍟ Essa lesão é considerada uma lesão com assinatura (ou


patognomônica), pois decalca o aspecto do instrumento que a
causou.

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Há divergência na literatura médico-legal a respeito do formato das víbices.


 Maioria da Literatura → as faixas duplas são paralelas
 Hygino Hércules → as faixas duplas são quase paralelas, divergentes na ponta e
convergentes no punho.

(e) MANCHA DE PAULTAUF

Espécie de equimose que está presente normalmente nos afogamentos.

⍟ Só existe Mancha de Paltaulf no pulmão;

ATENÇÃO: MANCHAS DE PALTAUF X MANCHAS DE TARDIEU

MANCHAS DE TARDIEU MANCHAS DE PALTAUF


Petéquias que podem surgir em Equimoses que só surgem nos
qualquer parte do corpo, pulmões;
inclusive nos pulmões.
Para a maioria da literatura, é
patognomônica de afogamento.

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Não é patognomônica de
afogamento – aparecem em
diversas causas de morte

(f) MÁSCARA EQUIMÓTICA DE MORESTIN

Chamada também de EQUIMOSE CÉRVICO- FÁCIL DE LEDANTU.

São milhares de petéquias que surgem em razão da asfixia mediante sufocação indireta
por compressão do tórax.

OBS.: CRONOLOGIA DA EQUIMOSE

As manchas da equimose seguem uma evolução cromática padronizada  é o


ESPECTRO EQUIMÓTICO DE LE GRAND DU SAULLE.

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ESPECTRO EQUIMÓTICO DE LE GRAND DU SAULLE


VERMELHA 1º DIA  hemoglobina fora das
hemácias
VIOLÁCEA/ARROXEADA 2º E 3º DIAS
AZUL 4º AO 6º DIA  hemossiderina
VERDE 7º AO 11° DIA  hematoidina
AMARELA 12º DIA hematina
DESAPARECIMENTO EM TORNO DO 15° AO 20° DIA.

Regra  há variação cromática da equimose.

Exceção  nas equimoses subconjuntivais não há espectro equimótico. As equimoses


presentes na conjuntiva permanecem avermelhadas do início ao fim.

 DPC-MS/2017 - A traumatologia forense estuda aspectos médico-jurídicos das


lesões, dentre as quais a lesão ou espectro equimótico. Segundo CROCE (2012), "a
equimose é definida como a infiltração e coagulação do sangue extravasado nas
malhas dos tecidos, sem efração deles. O sangue hemorrágico infiltra-se nos
interstícios íntegros, sem alinhamento, originando a equimose". CROCE, Delton.
CROCE JR. Manual de medicina Legal. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 306.
A respeito dessas lesões, assinale a alternativa correta.

A) As formas de equimose são variadas, por isso as chamadas víbices são aquelas
ocorrentes em ampla área de efusão sanguínea.
B) Sugilação é o termo que define um aglomerado de petéquias.
C) O estudo das equimoses não é considerado para análise das contusões.
D) Em medicina legal, pode-se afirmar que hematoma é sinônimo de equimose.

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E) Com base no espectro equimótico de Legrand du Saulle, uma lesão ocorrida há 8 dias
apresenta coloração vermelha
Gabarito: Letra B

1.4. HEMATOMA

(Hemato = sangue + oma = tumor). Hematoma é um tumor de sangue.

Hematoma é um tumor de sangue, uma bolsa de sangue. Essa bolsa de sangue se acumula
numa cavidade que não existia. Foi o próprio sangue que criou aquela cavidade, para
formar o hematoma.

É a hemorragia que, pelo seu volume e velocidade de formação, afasta os tecidos vizinhos
e OCUPA UM ESPAÇO PRÓPRIO, formando uma neocavidade (Se a cavidade já
existia, não é hematoma – é hemorragia interna). Em geral, faz relevo na pele, tem
delimitação mais ou menos nítida e é de absorção mais demorada que a equimose.

Digamos que o vaso rompeu, o sangue extravasou e está se formando uma coleção de
sangue naquela área. Se, por exemplo, é uma área corporal que não tem osso, o sangue se
espalha para cima e para baixo, formando uma coleção e essa coleção de sangue recebe o
nome de hematoma (hemato = sangue + oma = tumor).

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Obs.1: Não confundir hematoma e equimose!

HEMATOMA EQUIMOSE
Extravasamento de sangue dos Extravasamento de sangue dos
vasos vasos
Que afasta os tecidos Que se infiltra nas malhas dos
adjacentes, formando uma tecidos subjacentes à lesão.
cavidade neoformada, na qual se
aninha, sem plano ósseo por
baixo.

 Prova! Acerca de medicina legal, julgue o item a seguir. Denomina-se hematoma a


lesão contusa cutânea na qual ocorra rotura de capilares e a infiltração dos tecidos por
sangue. Gabarito: lesão cutânea (pode aparecer). No entanto, o conceito foi
trocado, esse conceito é de equimose e não de hematoma

Obs.2: Não confundir hematoma com bossa

Na bossa, também haverá extravasamento de sangue formando uma coleção hemática que
afastará os tecidos subjacentes, criando uma cavidade neoformada em região que tenha
estrutura óssea por baixo.

A diferença reside então, no fato de existir um plano ósseo por baixo. Assim, quando
houver esse aumento de volume de sangue ou de um líquido serossanguinolento ocorrer
sobre uma estrutura óssea (ex.: couro cabeludo), teremos a bossa.

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1.5. BOSSA
A bossa muito se aproxima de um hematoma, mas tem como diferencial a existência de
plano ósseo por baixo, fazendo o volume, a protuberância conhecida vulgarmente de
galo.

Características da bossa:
⦁ Há um extravasamento de líquido – sangue ou linfa – em virtude do trauma,
formando uma coleção (de sangue ou linfa)

⦁ Em um local em que existe plano ósseo abaixo.

⦁ Por isso, não há a formação de uma neocavidade, já que a superfície óssea por baixo
impede a difusão do sangue. Há a formação de bolsas salientes na superfície cutânea.

A bossa pode ser sanguínea ou serosa:

BOSSA SANGÚINEA BOSSA SEROSA OU LINFÁTICA


É uma coleção de sangue extravasado dos É uma coleção de linfa extravasado dos
vasos sanguíneos (coleção hemática). vasos linfáticos (circulação linfática)
É um hematoma em que o derrame
sanguíneo ocorre em uma região com Também é chamada de
plano ósseo por baixo, impedindo a DERRAMAMENTO SUBCUTÂNEO
difusão do sangue nas malhas dos tecidos. DE SEROSIDADE DE MORRELL-
Forma verdadeiras bolsas LAVALLÉE.
pronunciadamente salientes na superfície
cutânea. São coleções de linfa provenientes dos
vasos linfáticos traumatizados, por
contusões tangenciais (ex.: atropelamento
em que os pneus por atrição, deslocam a
pele formando grandes bolsas linfáticas

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entre os planos ósseos e a região


intersticial)

É avermelhada, roxa, azulada Não tem cor.

1.6. ENTORSE E LUXAÇÃO

A entorse é o estiramento da cápsula de uma articulação, com ou sem a ruptura dos


ligamentos. Quando uma força flexiona 2 ossos para além do limite que ele suporta, os
ligamentos podem romper ou serem esgarçados

Na luxação, temos o deslocamento permanente dessas superfícies articulares. Ou seja,


são lesões mais graves que a entorse.

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ENTORSE LUXAÇÃO
É caracterizada pela ruptura parcial É caracterizada pelo impacto violento em
ou completa dos ligamentos que uma articulação que faz com que ocorra a
envolvem uma articulação perda completa de contado entre 2
extremidades ósseas.
É apenas o estiramento.
Os 2 ossos perdem contacto  logo, os
ligamentos se romperam. Isso significa que
“TODA LUXAÇÃO PRESSUPÕE
UMA ENTORSE, MAS NEM TODA
ENTORSE PRESSUPÕE UMA
LUXAÇÃO”

1.7. FRATURA

É uma SOLUÇÃO DE CONTINUIDADE DO OSSO, produzida por movimento de:


compressão, flexão ou tração.
As fraturas podem ser feitas por:

(1) Compressão (comprimindo o osso)

(2) Tração (estica excessivamente o osso)

(3) Flexão (osso envergado)

(4) Torção (roda o osso em sentidos contrários)

(5) Cisalhamento – são forças opostas, anti paralelas (uma para direita e uma para a
esquerda), que batem no mesmo ponto, uma empurrando a outra.

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Classificação das fraturas:

a) Fratura completa x fratura incompleta:


 Fratura completa → seu traço separa uma parte do osso ou o divide em mais
de um segmento.

 Fratura incompleta → não chega a dividir o osso.

b) Fratura fechada x fratura aberta


 Fratura aberta → há rompimento da pele. Nesse caso, é classificada como lesão
contusa aberta. Aberta porque tem uma ferida e exposta porque o osso tá
aparecendo através da ferida.

 Fratura fechada → não há rompimento da pele

c) Fratura direta x indireta

 Fratura direta → A solução de continuidade do osso aparece no local do próprio


impacto, no local de incidência da energia cinética.

 Fratura indireta → A solução de continuidade do osso aparece em local distante


do local que sofreu o impacto, do local de incidência da energia cinética.

Ex.: queda em pé de certa altura com fratura do andar médio da base do crânio
por contragolpe (transferência da energia cinética pelos ossos do corpo).

São espécies de fraturas indiretas:

 FRATURA EM GALHO VERDE - são fraturas incompletas. Muito


comum em criança, que tem ossos flexíveis, mais maleáveis por não estarem

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ainda completamente calcificados. O osso não quebra, mas racha. Pode até
fissurar, mas não irá romper por completo.

 FRATURA COMINUTIVA - são fraturas em vários pedaços. Cada


pedaço de osso é chamado de esquírola óssea. Ex: atropelamento, queda de
imensa altura

 FRATURA EM MAPA MUNDI - quando a pessoa sofre lesão no crânio


em razão de um objeto plano (ex.: quando a pessoa cai de grande altura e
bate com cabeça no chão) – instrumento contundente

(1) LESÕES CONTUSAS ABERTAS:

2.1. Escoriação
2.2. Ferida
2.3. Fratura exposta ou aberta
2.4. Espotejamento
2.5. Esmagamento aberto

2.1. ESCORIAÇÃO

a) Conceito
Escoriação significa arrancar o revestimento do corpo (arrancar a epiderme). O
revestimento do corpo nada mais é do que a pele.

Repare que não chega a ultrapassar a derme, porque, se ultrapassar a derme, deixa de ser
escoriação e se transforma em ferida (como veremos adiante).

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b) Mecanismo de formação da escoriação:


Normalmente o mecanismo de formação da escoriação será por
arrastamento/deslizamento, fazendo com que as células mais superficiais sejam
arrancadas, retiradas, expondo a derme.

c) Valor médico legal da escoriação:

– A escoriação demonstra reação vital e a atuação de um agente contundente.

– A forma e a localização dessa escoriação podem demonstrar a forma da morte: se a


escoriação estiver em forma de sulco, pode indicar um estrangulamento, etc.

Obs.1: Não confundir escoriação com ferida

ESCORIAÇÃO FERIDA
Arrancamento traumático da Arrancamento traumático da
epiderme, com a exposição da derme, epiderme, ultrapassando a derme
mas sem ultrapassar a derme. atingindo os planos mais profundos:
cavitários, muscular, tecido adiposo.

A consolidação se dá por A consolidação se dá por


regeneração. cicatrização.

A epiderme possui uma camada basal


na profundidade, capaz de regenerar
as células da região atingida
Consolida com cura, já que regenera Consolida sem cura, já que cicatriza.

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1) Ausência de crosta  atinge exclusivamente a epiderme, sem comprometimento


da derme. Não há extravasamento de sangue uma vez que a epiderme é composta
por tecidos mortos, avascularizados e sem filetes nervosos.

2) Crosta serosa (cor amarelada/branca)  atingiu apenas a derme papilar,


extravasando apenas linfa, sem sangue.

3) Crosta sero-sanguinolenta atingiu além da derme papilar, extravasando não


apenas linfa, mas também elementos figurados do sangue

4) Crosta hemática  atingiu as camadas mais profundas da derme, extravasando


muito sangue

Através dos aspectos da crosta é possível estabelecer o nexo temporal da lesão. É


possível estabelecer a data aproximada em que a lesão foi produzida de acordo com
o aspecto da crosta:

◇ Crosta Acastanhada (03 dias) → três dias depois, ela fica castanha;

◇ Crosta Anegrada (+ 05 dias) → depois de cinco dias, ela começa a ficar


preta;

◇ Crosta em Destacamento (08 a 10 dias) → a casca começa a soltar;

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2.2. FERIDA

Ferida é a lesão que resulta do arrancamento traumático da epiderme, com a exposição da


derme, ultrapassando-a, atingindo os planos mais profundos: subcutâneo, tecido adiposo,
plano muscular, região cavitária.

A lesão chamada de “ferida” pode ser provocada por uma ação contundente ou
uma ação cortante.

 Ferida provocada por ação contundente – ferida contusa


 Ferida provocada por ação cortante – ferida incisa.

2.4. ESMAGAMENTO

Trata-se de uma lesão por ação contundente;

A ação contundente, geralmente, está relacionada com instrumentos sólidos, mas também
é possível instrumento líquido (ex: jato de água da mangueira dos bombeiros) ou
instrumento gasoso (ex.: deslocamento de ar de uma bomba que explode, o blast).

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2.5. EMPALAMENTO E ENCRAVAMENTO

EMPALAMENTO ENCRAVAMENTO
Quando um objeto de longo eixo é Penetração com permanência de objeto em
introduzido no ânus ou no períneo. qualquer parte do corpo (menos o ânus e
o períneo)

 Agente perfurocontundente
 Ex.: Salto alto encravou na cabeça do
sujeito.

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 DPC GO/2013 - Os agentes mecânicos são responsáveis pela maioria das lesões
provocadas no corpo humano. São exemplos de lesões contusas:
A) bossa, empalamento
B) equimose, esgorjamento
C) esquartejamento, entorse
D) luxação, degolamento
Gabarito: Letra A

(2) INSTRUMENTOS PERFURANTES E SUAS LESÕES

a) Conceito
São instrumentos finos e pontiagudos – são formados por uma ponta continuada por uma
haste cilíndrica. E.: agulha, prego, picador de gelo, compasso etc.

Só perfuram, pois tem ponta, mas não tem gume e tem massa, mas que não é suficiente
para contundir.

b) Mecanismo de ação

Atuam por pressão, afastando as fibras do tecido a medida que faz a penetração da haste
e, raramente, secionando-as. A forma de transferência da energia ocorre por pressão.

c) Lesões produzidas por instrumentos perfurantes

A lesão produzida por instrumento perfurante é lesão punctória ou puntiforme.

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d) Os instrumentos perfurantes podem ser vários calibres (calibre é o diâmetro/grossura


da haste):

 Instrumento perfurante de pequeno calibre – Agulha, espinho de rosa, tachinha,


alfinete

 Instrumento perfurante de médio calibre – Picador de gelo, sovela do sapateiro

 Instrumento perfurante de grande calibre – NÃO EXISTE!!!

⍟ Instrumento perfurante de grande calibre não existe, porque, no


momento em que o calibre do instrumento for significativo, ele passa
para uma outra categoria: além de perfurar, ele vai contundir. Então ele
passa a ser um instrumento perfurocontundente.

Ex.: vergalhão é um instrumento perfurocontundente.

Ex.: PAF é um instrumento perfurocontundente (perfura + contunde)


– PAF com ponta pontiagudo → criado para furar mais (pode acertar mais de uma
pessoa)
– PAF com ponta arredondada → o tiro vai penetrar e não vai sair (acerta uma
única pessoa – utilizado por policial)

 Obs.: Estudaremos os projeteis de arma de fogo separadamente dada a


importância deste assunto nas provas!!!

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Em seu trajeto, os instrumentos perfurantes de médio calibre podem produzir dois tipos
de lesões:

1ª - Que terminam dentro do corpo, não têm saída, chamadas lesões em FUNDO DE
SACO (também chamadas de lesões cegas). As lesões em fundo de saco podem ser
em sedenho ou cavitárias.

 Cavitária é aquela em que se atingiu cavidade corporal.

 Lesão em sedenho é aquela que atravessa, apenas, os planos superficiais da


região lesionada, não se aprofunda. De um modo geral, forma um túnel, através
da massa muscular superficial.

2ª – Transfixantes. Que transfixam um segmento, resultando assim em dois orifícios: um


de entrada e outro de saída. Nas transfixantes, o orifício de entrada tem formato de ponto
e o de saída parece com o de entrada, entretanto suas bordas são discretamente
evertidas.

IMPORTANTE! COMO DIFERENCIAR A LESÃO PRODUZIDA POR


INSTRUMENTO PERFURANTE DE MÉDIO CALIBRE E A LESÃO
PRODUZIDA POR INSTRUMENTO PERFURO-CORTANTE DE 2 GUMES?

É muito comum confundir a fenda provocada por instrumento perfurante de médio


calibre (ex.: picador de gelo) com a lesão provocada por um instrumento perfurocortante
de 2 gumes. Os aspectos externos da lesão são muito parecidos.

Ambas possuem formato de fenda (círculo semifechado). Só que, na primeira ferida, os


ângulos são agudos, cortados, e na segunda os ângulos são agudos repuxados. Na
primeira houve corte e na segunda houve afastamento das fibras.

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Além disso, a literatura médico-legal desenvolveu leis para diferenciar tais lesões: são as 2
leis de Filhós e a lei de Langer.

⍟ Cuidado! Essas leis só valem para instrumento perfurante


de médio calibre!!!

1ª) LEI DA SEMELHANÇA  LEI DE FILHOS:

As lesões produzidas por instrumento perfurante de médio calibre assemelham-se, tem


aspecto semelhante, às lesões produzidas por instrumento perfurocortante de dois
gumes (tomam aparência de “casa do botão”)

Obs.: a semelhança é entre as lesões e não, entre os instrumentos!

2ª) LEI DO PARALELISMO  LEI DE FILHOS:

As lesões causadas por instrumento perfurante de médio calibre têm sempre a mesma
direção, são paralelas entre si, desde que localizadas em uma mesma região do
corpo (pois olhamos as linhas de força).

Na mesma região, as lesões produzidas por instrumentos perfurantes de médio calibre são
paralelas entre si.

Ex.: se olhar um cadáver e observar 4 perfurações em forma de botoeira com a mesma


direção e na mesma região do corpo, pode-se afirmar que o instrumento que produziu
essa lesão é um instrumento perfurante de médio calibre. No entanto, se essas 4 lesões
estiverem em sentidos distinstas na mesma região, significa que não foi produzida por um
instrumento perfurante de médio calibre, mas sim por um instrumento perfurocortante
de dois gumes.

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Cada região do nosso corpo tem uma elasticidade própria, uma linha de força que puxa a
pele num determinado sentido. No braço, elas puxam longitudinalmente, no abdômen
lateralmente. Ou seja, a ferida produzida pelo instrumento de médio calibre é uma fenda
que acompanha as linhas de força da região. Não importa a posição que o instrumento
entrou.

3ª) LEI DA ELASTICIDADE ou LEI DO POLIMORFISMO  LEI DE LANGER

Na confluência de regiões de linhas de força diferentes, a extremidade da lesão toma


aspectos bizarros, podendo ser de ponta de seta, de triângulo ou mesmo de quadrilátero.

Quando localizadas em um local de encontro de linhas de força, as feridas produzidas


por instrumento perfurante de médio calibre podem ter uma forma diferente, bizarra:
uma ponta de seta, um triângulo ou algo parecido.
Obs.: A profundidade da lesão varia de acordo com o grau de penetração da haste. Mas é
preciso ter cuidado, pois a profundidade da lesão pode ser menor, igual OU MAIOR que
comprimento da haste.
A profundidade da lesão pode ser maior que a haste quando houver compressão dos
planos superficiais pela empunhadora do instrumento.

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Quando a região atingida apresenta uma depressibilidade dos tecidos, como no ventre, no
abdômen, é possível que a feria encontrada seja mais extensa que o instrumento que a
produziu. Essas regiões de maior depressibilidade permitem que – por compressão - o
instrumento vá além, alcançando planos mais profundos.
Ex.: A lâmina da faca entra no abdômen, mas o cabo da faca não entra. E como empurra
com força, o abdômen entra permitindo que a faca alcance uma profundidade maior do
que sua própria extensão (instrumento teria 30 cm e a lesão, 60 cm).

Essas lesões cuja extensão é maior que a extensão do instrumento vulnerante utilizado
localizadas em regiões de depressão do corpo é chamada de “lesão em sanfona ou lesão
em acordeon”, apresentando o “SINAL DO ACORDEÃO OU SINAL DE
LACASSAGNE”

 DPC-PA/2016 - As leis de Edouard Filhos e Karl Ritter Von Langer, são estudadas
no campo das lesões produzidas por instrumentos:
A) perfurantes de médio calibre.
B) cortocontundentes.
C) perfurocontundentes.
D) perfurantes de pequeno calibre.
E) contundentes.
Gabarito: letra A

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(3) INSTRUMENTOS PERFUROCORTANTES E SUAS LESÕES

a) Conceito e mecanismo de ação


Possuem uma ponta e um ou mais gumes.

Transferem sua energia cinética por pressão, através da ponta e por deslizamento dos
gumes, que seccionam as fibras dos tecidos

b) Os instrumente os perfurocortantes podem ser de 1 gume, 2 gumes, 3 gumes ou 4


gumes.
· 1 gume  faca de cozinha e canivete;
· 2 gumes  punhal, baioneta e a espada;
· 3 gumes  lima de serralheiro e estoque de vergalhão.
· 4 gumes  estrela ninja ou “churiquem”

 A quantidade de gumes é fundamental na hora de estabelecer o aspecto


da lesão. A quantidade de gumes do instrumento estará relacionada a
quantidade de ângulos agudos (menor que 90 graus) na lesão
apresentada

 + de 2 gumes  chamado de instrumento poligumes

c) Características da lesão perfuroincisa

⦁ Predomínio nítido da profundidade sobre a extensão.

⦁ Forma varia de acordo com o número de gumes → (gume é a parte que corta!!!)

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⦁ A parte que corta faz um ângulo agudo (menor que 90 º), ao passo que o outro
lado (que não corta) faz um ângulo arredondado (rombo) → 1 ângulo agudo e
1 ãngulo rombo.

Regra  as bordas e vertentes da ferida são regulares.

Exceção  se o instrumento for torcido no momento da saída, a lesão incisa poderá


apresentar pequenos entalhes na borda (ângulos acessórios relacionados com cada um
dos gumes)

A quantidade de gumes que o instrumento perfurocortante apresenta está relacionada com


a quantidade de ângulos agudos que a ferida tem. Cada ângulo menor que 90 graus
normalmente é um gume do instrumento.

= 1 ÂNGULO AGUDO (menor que 90º)

1 Lesão em forma de botoeira, com um ângulo agudo e o outro rombo,


GUME podendo exibir exígua cauda de escoriação que corresponde ao gume.

= 2 ANGULOS AGUDOS

Lesão em forma de fenda e ângulos bastante agudos e semelhantes. Ex.:


2 punhal
GUMES
Na porção central, o afastamento das bordas é máximo, atenuando-se
gradualmente em direção aos ângulos.

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= TANTOS ÂNGULOS AGUDOS QUANTO FOREM A


+ DE 2 QUANTIDADE DE GUMES
GUMES
Lesão de forma estrelada, com tantas pontas quantas forem as arestas do
3 instrumento, com bordas curvas e convexas em direção ao centro da ferida
GUMES (tendem a se aproximar do centro).
4
GUMES

Lembrando: As feridas produzidas por instrumento perfurante de médio calibre são


semelhantes às feridas perfuroincisas provocadas por instrumento de 2 gumes. Para fazer
o diagnóstico diferencial entre as duas, é preciso aplicar as Leis de Filhos e a Lei de Langer.

(4) INSTRUMENTOS CORTOCONTUNDENTES E SUAS LESÕES

a) Conceito
São dotados de grande massa, transferindo sua energia cinética por meio de um gume.

b) Exemplos de instrumentos cortocontundentes:


⦁ Enxada
⦁ Foice
⦁ Facão
⦁ Machado
⦁ Guilhotina
⦁ Ação de dentes incisivos

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c) Mecanismo de ação:
Os instrumentos cortocontundentes atuam de forma predominante por pressão e de
forma mais leve, por deslizamento.

Atravessam como facilidade as partes moles do corpo e não se detêm mesmo no plano
esquelético.

d) Lesões produzidas por instrumentos cortocontundentes

A lesão recebe o nome de ferida cortocontusa  além de cortar, contunde

Características das lesões cortocontusas:


⦁ Apresentam bordas afastadas, regulares, porém com escoriações.

⦁ Apresentam vertentes planas, mas existe certo grau de laceração dos diversos
planos, principalmente os planos musculares.

⦁ As lesões costumam ser muito profundas e graves

INSTRUME LESÃO AÇÃO EXEMPLOS


NTO
Perfurante Punctória ou Pressão Alfinete
(Só perfura) puntiforme Agulha (pequeno caibre)
Prego
Picador de gelo (médio
calibre)
Cortante Incisa Deslizamento Navalha
(Só corta) Lesão em linha Gilete
Lesão em arco de
violino

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Pressão, percussão, Cassetete


Contundente arrastamento e Martelo
(Não corta e Contusa tração. Corda
não perfura) Punho fechado, cabeçada,
Superfície plana (Predomínio da cotovelada (são agentes
(sem ponta e pressão em relação naturais)
nem gume) a outras formas de
Superfície atuação)
rombo-plana
Perfuro incisa Pressão e Faca
Perfuro deslizamento Punhal
cortante Bisturi
(Perfura + Lima de Serralheiro
corta)
PAF
Perfuro Perfuro contusa Pressão e Chave de fenda
contundente penetração Vergalhão
(Perfura +
contunde)
Pressão e Machado
Corto Corto contusa esmagamento Arcada dentária (agente
contundente Obs.: natural) – musculo masseter
(Corta + Normalmente, para Foice
contunde) fazer uma Facão
decapitação, tem
que ser um
instrumento
cortocontundente

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3. PROJETEIS DE ARMAS DE FOGO

3.1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS

3.1.1. IMPORTÂNCIA DA ENERGIA CINÉTICA

Lembrando que a Energia Cinética interfere nos projeteis de baixa energia e alta energia:

É a energia cinética que determina a intensidade do trauma. É o resultado da fórmula


que leva em consideração massa e velocidade:

Ec – energia cinética → é a energia dos corpos em movimento


M → massa do corpo
V → velocidade do corpo

Essa quantidade de energia tem que ser transferida para o alvo e, quando é transferida, o
alvo em que administrar essa energia que entra, senão ele sofre lesões.

Assim:
Se aumenta a velocidade  aumenta o poder lesivo
Se aumenta a massa do projetil  aumenta o poder lesivo

Ex.: Quanto maior a velocidade do PAF, maior o poder de estrago dele, mesmo que
possua uma massa pequena.

Ex.: PAF é um instrumento perfurocontundente (perfura + contunde)

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 PAF com ponta pontiagudo → criado para furar mais (pode acertar mais
de uma pessoa)

 PAF com ponta arredondada → o tiro vai penetrar e não vai sair (acerta
uma única pessoa – utilizado por policial)

Quando um agente vulnerante bate no corpo, ele transfere energia. E essa transferência
de energia depende da pressão que vai fazer no seu corpo.

A pressão é a força sobre uma superfície (área). Se a superfície é pequena, eu não preciso
de uma força muito grande para exercer uma pressão maior. Então, quanto menor a
superfície, menor a pressão e quanto maior a superfície, menor a pressão. Quando
aumenta a superfície de contato, a mesma força exerce uma pressão menor.

Por isso que a força do PAF quando bate em uma placa protetora, a força do PAF se
espalha pela placa e o PAF não tem força para entrar.

Uma superfície menor (exemplo: ponta de uma faca ou de uma tesoura) tem alta pressão
e alta capacidade de furar. Agora, se tentar furar a pessoa com o cabo da faca, por mais
que você utilize a mesma força, não vai conseguir, porque o cabo não é tão pontudo e,
por isso, tem uma superfície maior.

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3.2. TIPOS DE PROJETEIS DE ARMAS DE FOGO

3.2.1. Projetil Transfixante e Projetil Penetrante:

 Projetil de ponta fina e chumbo duro é um Projetil transfixante  entra e sai (o


perigo é a bala atravessar o corpo e atingir outra pessoa).

 Projetil HOLLOWPOINT é um Projetil penetrante  entra e não sai (a bala


fica alojada no corpo da vítima podendo a perícia descobrir de qual arma saiu aquele
tiro)

— Tem ponta achatada, de modo que, quando atinge o alvo, sua ponta se
deforma e fica parecendo um cogumelo. Isso porque possui ponta grossa
e é feito com um chumbo mais mole, de modo que sua tendência é não
atravessar.

— O Projetil Hollowpoint, além de ter uma ponta romba e chumbo mole,


ainda possui uma abertura. A função dessa abertura é, quando bater no
alvo, se expandir e achatar (o projetil fica parecendo um cogumelo).

— Quando se achata, o projetil trava e não atravessa o corpo, porque toda a


energia que ele tem, ele despeja no corpo da vítima (aumentando seu poder
de parada). Quanto mais energia transfere para o alvo, mais incapacitante
ele é.

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ATENÇÃO! COEFICIENTE BALÍSTICO E CAPACIDADE DE


PENETRAÇÃO DO PF

 Ponta muito fina (chumbo duro)→ entra mais (para atravessar a vítima)
 Ponta muito grossa (chumbo mole) → entra menos (não atravessa a vítima)

 Massa maior → entra mais


 Massa menor → entra menos

 Calibre menor → penetra mais


 Calibre maior → penetra menos

⍟ ATENÇÃO: Não tem como prever como acontece uma lesão. Não depende
só do calibre ou da distância, também depende da densidade do corpo
atingido.

3.2.2. Cartucho de projetil único x cartucho de projetil múltiplo

Existe cartucho que tem 1 projetil só (cada tiro é 1 projetil) e existe cartucho em que cada
tiro saem inúmeros projeteis.

Cada projetil desse do cartucho de projetil múltiplo se chama balim (bago de chumbo).
Cada balim faz uma lesão de entrada de PAF. Em cada entrada, o perito deve encontrar o
balim.

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Os balins saem e vão se expandindo, de modo que, quanto mais perto estiver, maior o
efeito lesivo, pois será atingido em bloco pelos balins. Se estiver mais distante, os balins
vão perdendo a força e vão atingindo mais dispersamente.

Obs.: Nesses cartuchos, existe uma bucha (bucha pneumática). A função dessa bucha
é manter os balins juntos para retardar sua dispersão e aumentar o coeficiente balístico.
Se a bucha estiver dentro do corpo da vítima, é porque o tiro foi dado a uma curta
distância, se não houver bucha, a distância é um pouco maior.

3.2.3. Projeteis de alta energia

Aumentar a velocidade do projetil é mais eficiente do que aumentar a massa do projetil.

 Projeteis de baixa velocidade – velocidade do projetil abaixo da velocidade do sol


 armas de uso permitido

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 Projeteis de alta velocidade – velocidade do projetil tem mais que 2x a velocidade


do som  armas de uso restrito

PROJÉTIL DE ALTA PROJÉTIL DE MÉDIA PROJÉTIL DE BAIXA


VELOCIDADE VELOCIDADE VELOCIDADE
Se desloca a uma Viaja em uma velocidade Se desloca a uma velocidade
velocidade 2 x maior do maior que a velocidade do menor que a velocidade do
que a velocidade do som som no ar, mas menor do som no ar
no ar que 2x a mesma velocidade

Características!
Aqueles com velocidade acima de 600m/s, como por exemplo, o fuzil.

 A ENTRADA na maioria das vezes são semelhantes às deixadas pelos projéteis


comuns.
 Bordas talhadas, irregulare
 Orla de escoriação pode estar presenta, mas é difícil
 Diâmetro pode ser menor que o projétil.

 A SAÍDA normalmente é maior, equivalendo a um rasgo

 O trajeto dos projéteis de alta energia difere do deixado pelos projéteis comuns por
causa da maior potência das ondas de pressão que produzem. Produzem cavidades
temporárias pulsantes. Uma boa comparação é com uma lancha veloz no mar.
Ela passa em alta velocidade e deixa uma marola maior.

 Há maior poder de parada!

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 Os projéteis de fuzil são construídos para transfixar o segmento do corpo humano que
for atingido.

3.3. LESÕES PRODUZIDAS POR PAF

No estudo das lesões, é importante saber a densidade do objeto atingido. Densidade


equivale à elasticidade/flexibilidade do tecido atingido pelo PAF.

 Se o projetil atinge lugar duro/resistente  densidade grande

 Se o projetil atinge em lugar mole  densidade pequena

Grau de densidade dos órgãos  Osso > Fígado > Pulmão

 PAF no pulmão (mole/flexível) deixa o projetil passar sem sofrer muito

 PAF no fígado (um pouco mais duro que o pulmão), encontra dificuldade pra
passar. Então começa a soltar energia que fiz estrado no fígado.

 PAF no osso faz uma lesão ainda maior.

3.4. LESÕES DE ENTRADA POR PAF

 Ação perfurocontundente
 Ferida perfurocontusa
 Normalmente as lesões da entrada são menores do que as lesões de saída, pois na
entrada o projetil entra com maior estabilidade.

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­ São sinais típicos de LESÃO DE ENTRADA DE PAF.

EFEITOS PRIMÁRIOS DO TIRO EFEITOS SECUNDÁRIOS DO


TIRO
Aparecem em tiros dados a qualquer Aparecem em tiros dados a curta
distância distância.

1) Orla de equimose 4) Orla de chamuscamento


2) Orla de escoriação 5) Orla de esfumaçamento
3) Orla de enxugo 6) Orla de tatuagem

3.4.1. EFEITOS PRIMÁRIOS x EFEITOS SECUNDÁRIOS DO TIRO.

Efeitos primários são os efeitos que o projetil produz na pessoa. Efeitos secundários são
feitos pelos resíduos que saem da boca da arma. Ex.: sujeira deixada pelos gases

 Efeitos primários – causados pelo projetil. São característicos dos pontos de


impacto, não dependendo da distância do tiro.

 Efeitos secundários - causados pelo disparo. Os efeitos secundários só aparecem


quando o tiro foi dado a queima roupa ou à curta distância. (Resíduos)

Situações:
(1) Tiro de longe: só possui efeito primário
(2) Tiro de perto: possui efeito primário + secundário
(3) Tiro sem projetil (quando há disparo e não há tiro): só possui os efeitos secundários

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EFEITOS PRIMÁRIOS

A lesão de entrada de um PAF, independente da distância, possui um contorno chamado


de ORLA, HALO, CONTORNO, MARGEM

Nessa orla pode haver uma: Aparecem em tiro


1) equimose – Orla de Equimose dado a
QUALQUER
2) escoriação – Orla de Escoriação
DISTÂNCIA
3) resíduos trazidos pelo projetil (enxugo) – orla de Enxugo

 Orla de Enxugo = orla de Alimpadura = sinal de Chavigny

 São sinais exclusivos da LESÃO DE ENTRADA!!!

ATENÇÃO! O conjunto dessas três orlas é denominado ANEL DE FISCH!

ANEL DE FISH = ORLA DE ESCORIAÇÃO + ORLA DE ENXUGO


Significa entrada de PAF (ferida perfurocontusa)

ORLA DE ORLA DE ENXUGO ORLA EQUIMÓTICA


ESCORIAÇÃO OU OU LIMPADURA
CONTUSÃO
Epiderme é arrancada por Essa área de No trajeto pelo tecido
sua ação contundente, resíduos/sujeira subcutâneo, o projétil
resultando uma orla de provenientes do cano da rompe vasos de calibres
escoriação ao redor do arma e que fica impregnado médio e pequeno, o que
orifício de entrada. A na pele recebe o nome de provoca infiltração
derme, por ser mais elástica, orla de enxugo. hemorrágica que se traduz
é esticada em forma de dedo externamente por uma orla

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de luva por inversão e só se Produzida pela limpeza equimótica ao redor do


rompe quando o limite de dos resíduos existentes orifício
sua elasticidade é no cano da arma (pólvora,
ultrapassado, ferrugem, partículas etc),
ficando sob a forma de uma
auréola escura em volta
do orifício de entrada.
Logo, o diâmetro de Por vezes, a orla de Serve para caracterizar a
entrada é menor que o enxugo só é observada reação vital na ferida.
calibre do projétil nas roupas da vítima SÓ TEM EM VIVO
Não se pode afirmar o ORLA EXCLUSIVA Essa orla não é
calibre da arma pelo DOS ORIFÍCIOS DE constante nem exclusiva
diâmetro dos ferimentos ENTRADA. da entrada, podendo ser
observada nos tecidos
vizinhos ao orifício de
Orla de enxugo = Orla de saída.
alimpadura = Sinal de
Chavigny

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Orla de enxugo

Orla de escoriação

Orla de equimose

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EFEITOS SECUNDÁRIOS

Os efeitos secundários do tiro são feitos pelos gases que estão junto com o projetil. Os
efeitos secundários são os que resultam nos tiros à curta distância, assim como da ação
dos gases e resíduos da combustão da pólvora.

 Só tem efeito secundário na ENTRADA do TIRO

 Só tem efeito secundário se o tiro foi dado À CURTA DISTÂNCIA

 A ferida produz uma ORLA/HALO/ZONA/CONTORNO/MARGEM

Essa orla pode ser:


1) Orla de chamuscamento – tiro a queima roupa!!! (bem perto)
(≠ tiro com cano encostado)

2) Orla de esfumaçamento ou tisnado – tiro a curta distância (perto)


 Removido facilmente por lavagem
 No tiro perpendicular: possui forma estralada

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3) Orla de tatuagem – quando partículas do metal do cano impregnam na vítima


por estar muito perto.

 Não é removível por lavagem


 Traço característico de lesão de entrada
 Tiro à curta distância

Obs.: Se a lesão de entrada não apresentar os efeitos secundários pode ser por causa da
distância (uma distância um pouco maior) ou em razão da presença de anteparos.

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ZONA DE CHAMA ZONA DE ZONA DE


(CHAMUSCAMENTO/DE ESFUMAÇAMENTO TATUAGEM
QUEIMADURA
Produzida pelos gases Produzida pelo Produzida pela pólvora
superaquecidos e depósito de fuligem incombusta (NÃO
inflamados. decorrente da QUEIMADA) ou
combustão da pólvora parcialmente
(QUEIMADA). comburida.
TIROS à QUEIMA ROUPA TIROS À CURTA TIROS À CURTA
DISTÂNCIA DISTÂNCIA
Acima de 50 cm a
quantidade de partículas
sólidas diminui progressiva
e rapidamente.
Formada pelos resíduos Incrustam-se no alvo,
finos e impalpáveis NÃO REMOVÍVEIS
X aderidos ao plano do POR LAVAGEM
alvo. FACILMENTE
REMOVIDOS POR
LAVAGEM.
Nos tiros Nos tiros perpendiculares
X perpendiculares, apresenta-se sob a forma
apresenta forma circular. Nos inclinados
estralada. tem forma elíptica.
X X Traço característico do
orifício de entrada

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ATENÇÃO!!! NÃO CONFUNDIR:

 Orla de enxugo ou alimpadura  aparece em lesões de entrada de tiro A


QUALQUER DISTÂNCIA
 Orla de chamuscamento  só aparece em tiro a queima roupa
 Orla de esfumaçamento ou tisnado → só aparece em tiro a curta distância
 Orla de tatuagem  só aparece em tiro a curta distância/distância um
pouquinho maior.
LEMBRANDO QUE ESSES EFEITOS SECUNDÁRIOS NÃO
APARECEM NOS TIROS DADOS À LONGA DISTÂNCIA.

­ Tiro à queima roupa = muito perto


­ Tiro a curta distância = perto
­ Tiro a distância = um pouco mais longe

3.4.2. DISTÂNCIA DO TIRO

1) Tiro à distância (Professor Hygino fala em tiro à longa distância)


2) Tiro a queima roupa
3) Tiro a curta distância
4) Tiro com cano encostado

Considerações:

(1) Chamuscamento – tiro a queima roupa

Esfumaçamento ou Tatuagem – tiro a curta distância (Sendo a tatuagem com a


distância um pouco maior que esfumaçamento)

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(2) Tiro a queima roupa ou tiro a curta distância (que provocam os efeitos
secundários) produzem o cone de dispersão

O cone de dispersão engloba:


1 – Gases superaquecidos (chama)
2 - Pólvora combusta (pós)
3 – Pólvora incombusta (grânulos)
4 – Micropartículas de chumbo e de outros metais provenientes do cano da arma ou do
PAF

(3) Quando o tiro é feito com o cano encostado, não há cano de dispersão, porque
os gases não saem. Esses gases se dispersam embaixo da pele.

1) Tiro à distância

 Tem a orla de escoriação e a orla de enxugo. Esse é o chamado anel de Fisch.


Pode ter também orla de equimose, mas não é um sinal exclusive dos tiros à longa
distância.

 Quando nós encontramos uma lesão provocada exclusivamente pelo projétil de


arma de fogo, porque os elementos do cone de dispersão naturalmente não
conseguiram chegar no alvo, eu tenho o tiro à distância.

2) Tiro à queima roupa

 Tiro a queima roupa significa que o agressor estava muito perto da vítima.

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 Lesões de tiro à queima roupa aparecem a Orla de Chamuscamento.

 Se não houver orla de chamuscamento,


será tiro dada a curta distância.

 Se chega material no corpo da vítima, trata-se de tiro a queima roupa ou a curta


distância! (Salvo quando houver anteparo – cuidado!)

3) Tiro a curta distância

 Tiro à curta distância significa que o atirador estava perto da vítima, mas não tão
perto quanto o tiro à queima roupa.

 No tiro à curta distância aparece: Orla de Esfumaçamento e/ou Orla de


Tatuagem, mas não aparece a orla de chamuscamento.

Tiro a queima roupa - Se o tiro foi dado de muito perto = Chamuscamento (ou queimadura,)
esfumaçamento e tatuagem.

Tiro a curta distância - Se a distância foi um pouquinho maior = A queimadura já não


aparece, mas o esfumaçamento e a tatuagem aparecem. Se a distância foi um pouco maior, mas
ainda dentro dos elementos do cone de dispersão = O esfumaçamento já não aparece, mas a tatuagem
ainda aparece.

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4) Tiro Com Cano Encostado


No tiro com cano encostado, a distância entre o alvo e a boca da arma é 0 (zero). O cano
está encostado. Se o cano não estiver encostado, nós teremos o tiro à queima-roupa ou a
curta distância.

Quando o tiro é dado com o cano encostado, não há cone de dispersão, pois os
resíduos passam pelo cano e entram diretamente no corpo da pessoa atingida.

A boca da arma está firmemente apoiada na pele. Se a boca da arma está firmemente
apoiada na pele, todo o material que sai do cano da arma não vai ter espaço para se
expandir. Então, todo aquele material vai penetrar pela lesão de entrada. E nós teremos
uma ferida circular, com uma orla de escoriação, com uma orla de enxugo e com uma
queimadura ao redor. A queimadura ao redor é porque os gases superaquecidos passaram
por ali e queimaram a pele naquela região.
Cadê a pólvora circundante? Não tem. Cadê a tatuagem circundante? Não tem. E não tem
porque todo esse material penetrou junto com o projétil. Foi tudo empurrado para dentro
do corpo, uma vez que o cano estava firmemente apoiado na pele.

 DPC-GO/2017
Um cadáver jovem, do sexo masculino, encontrado por moradores de uma região
ribeirinha, estava nas seguintes condições: vestido com calção de banho; corpo
apresentando dois orifícios, o primeiro deles medindo cerca de 1 cm, ligeiramente elíptico,
na parte posterior do tórax, na altura da região escapular direita; o segundo, de mesmo
tamanho que o primeiro, circular, no pescoço, logo abaixo da nuca. O primeiro orifício
apresentava orla de enxugo, orla de escoriação e orla de contusão; em torno do segundo
orifício, foram observadas zonas de esfumaçamento e de tatuagem. Nessa situação
hipotética, as lesões descritas
A) Foram causadas por instrumentos perfurocontundentes empregados a longa distância
e a curta distância, respectivamente.
B) Decorreram de ação cortocontundente produzida a curta distância.

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C) Foram causadas por instrumentos perfurocortantes, e o instrumento que produziu o


segundo orifício foi usado a curta distância
D) Foram, ambas, causadas por instrumentos perfurocontundentes empregados a curta
distância.
E) são compatíveis com a ação de projéteis de alta energia disparados a longa distância.
Gabarito: Letra A

 DPC-BA/2018
Com relação aos ferimentos de entrada em lesões produzidas por projéteis de arma de
fogo, é correto afirmar:
A) A aréola equimótica é representada por uma zona superficial e relativamente difusa,
decorrente da sufusão hemorrágica oriunda da ruptura de pequenos vasos localizados
nas vizinhanças do ferimento, geralmente de tonalidade violácea.
B) O formato de ferimentos em tiros a distância varia de acordo com a inclinação do
disparo, assim, quando o tiro é oblíquo, a ferida é arredondada ou ligeiramente oblíqua,
além de evidenciar uma orla de escoriação concêntrica.
C) diz-se que uma lesão tem as características das produzidas por tiro a distância quando
ela não apresenta os efeitos secundários do tiro, com diâmetro maior que o do projétil,
aréola equimótica e bordas reviradas para dentro.
D) ferimentos em tiros encostados podem ter forma arredondada ou elíptica, com zona
de compressão de gases, evidenciada pela depressão da pele em virtude do efeito
gerado pelo projétil com a ação mecânica de gases que descolam e dilaceram os tecidos.
E) tiros a curta distância causam ferimentos arredondados, com entalhes, zona de
tatuagem e de esfumaçamento, devido à ação resultante dos gases que descolam e
dilaceram os tecidos, com vertentes enegrecidas e desgarradas, tendo aspecto de cratera
de mina.
Gabarito: Letra A

Comentários: A - CERTA. "A aréola equimótica é representada por uma zona superficial e
relativamente difusa, decorrente da sufusão hemorrágica oriunda da ruptura de pequenos vasos localizados
nas vizinhanças do ferimento." (DE FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª ed.)

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B - ERRADA. "Quando o tiro é oblíquo, a ferida é sensivelmente elíptica (....). Nos


tiros perpendiculares ao corpo, a orla de escoriação é concêntrica, e, quando inclinados, tem a
forma oblíqua." (grifei) (DE FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª ed.)
C - ERRADA. "Diz-se que uma lesão tem as características das produzidas por tiro a distância quando
ela não apresenta os efeitos secundários do tiro, e por isso não se pode padronizar essa ou aquela
distância. Nesses tipos de lesões, quando o tiro é dado em perpendicular, o diâmetro da ferida é
quase sempre menor que o do projétil, explicado pela elasticidade e retratilidade dos tecidos
cutâneos." (grifei) (DE FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª ed.)

D - ERRADA. Forma arredondada ou elíptica é a apresentada por tiros a curta distância. Em tiros
encostados, o ferimento tem "(...) forma irregular, denteada ou com
entalhes (....)". (grifei) (DE FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª ed.)

E - ERRADA. Ferimentos com entalhes, com ação resultante dos gases que descolam e dilaceram os
tecidos, com vertentes enegrecidas e desgarradas, tendo aspecto de cratera de mina, são os causados por tiros
encostados, conforme Genival Veloso.

 DPC-GO/2018 (prova reaplicada)- Tendo em vista a relevância da determinação da


distância de um disparo com arma de fogo, bem como a necessidade de conhecimento
acerca dos elementos do disparo na saída da arma, para a verificação de um tiro a curta
distância (queima-roupa), quando observados os sinais na pele da vítima, também
deverá ser levado em consideração o seguinte aspecto:
A) a zona de chamuscamento é um sinal indispensável nesse caso.
B) o orifício de entrada do PAF apresentará bordas nitidamente chamuscadas.
C) a zona de tatuagem será o marcador do limite dessa distância.
D) a orla de escoriação será simétrica em relação ao orifício de entrada do PAF.
E) o sinal de Werkgartner é um parâmetro a ser levado em conta.
Gabarito: C

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3.4.3. SINAIS PROVOCADAS NOS TIROS COM CANO ENCOSTADO

(1) Boca de mina de Hoffman, Câmara de Mina de Hoffman

 Tiro com cano encostado na pele em que há osso por baixo.

⍟ Como a Boca de mina de Hoffman é um sinal na pele, o indivíduo


esqueletizado não apresenta a boca de mina de Hoffman.

 A pele fica suja de pólvora por dentro, porque os gases entram, batem no osso e
voltam, arrombando a pele para fora.

 Quem faz esse buraco não foi o projetil, mas sim os gases que bateram no
osso e voltaram, estourando a pele.

 Esse aspecto parecendo um rombo todo sujo de material pulverulento foi


chamado, por um perito chamado Hoffman, de lesão em boca de mina
(Boca de mina de Hoffman). Ou seja, parecia a boca de uma mina de
carvão. Essa lesão é extremamente maior do que o calibre do projétil.

A observação da boca de mina garante ao perito duas coisas:


1ª - Que o tiro foi disparado com o cano encostado
2ª - Que embaixo do local onde o tiro foi disparado tinha uma superfície óssea

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(2) Sinal de Bessani

O sinal de Benassi é a mancha preta dos gases no osso (mancha de pólvora em volta do
osso)

O indivíduo esqueletizado não possui Boca de Mina de Hoffman, mas possui o Sinal de
Benassi. E o sinal de Benassi indica que o tiro foi com cano encostado.

Nós vimos que a bala transfixou o crânio. O que acontece quando eu vou examinar o osso
do crânio? Agora eu vou examinar o osso e não mais a pele. Então, eu vou rebater o couro
cabeludo e, no momento que eu rebato o couro cabeludo para apresentar o crânio por
fora, eu noto que o crânio tem um buraco de entrada. E eu noto que esse buraco de
entrada está sujo de pólvora por fora. Esse resíduo de pólvora no osso do crânio chama-
se sinal de Benassi.

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Então, normalmente, embaixo da boca de mina de Hoffman eu tenho o sinal de Benassi.


A câmara de mina de Hoffman (aquela cratera toda suja de pólvora) é no couro cabeludo
e o sinal de benassi é no osso, que fica impregnado por pólvora na sua superfície externa.

(3) Sinal de Shuskanol

Shuskanol significa canal do tiro


 Quando o projetil entra no corpo, o projetil faz um canal na pele e no osso. Esse
canal é um canal feito pela passagem do projetil. Quando o projetil passa por ali e
o tiro foi disparado com o cano encostado, esse canal fica sujo de pólvora.

 Não é a pele e nem o osso por fora que ficam sujos, mas sim as paredes do canal
provocadas pelo projetil.

 Esse canal sujo por causa do tiro que foi disparado com o cano encostado é
chamado Sinal de Schusskanol.

Pode aparecer em local com osso ou sem osso


 Se tiver osso – o canal sujo será no osso
 Se não tiver osso – o canal sujo será nos tecidos abaixo da entrada

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(4) Sinal de Bonnet ou Sinal de Ponsold

Sinal em um osso achatado (não é qualquer osso, tem que ser achatado!). Ex.: crânio,
esterno (osso do peito), costela, escápula, ilíaco (pelve, bacia)

Esses ossos achatados, quando baleados, formam uma figura caraterística chamada de
Tronco de cone de Bonnet ou Sinal de Funil de Ponsold

Só que o osso do crânio é duplo. E, entre essas duas tábuas ósseas (uma interna e uma
externa), a natureza colocou um tecido como se fosse um amortecedor. Quando a bala
entra, ela faz um buraco e joga para dentro uma porção de fragmentos de osso. A bala,
quando bate no osso, se desestabiliza e começa a bater na parte interna desestabilizada.
Ou seja, ela vai fazer um buraco no osso que é maior na parte de dentro do que na parte
de fora.

Então, se nós pudermos olhar como fica um buraco de entrada de projétil no osso do
crânio, não vai ser um canal cilíndrico (estilo canudo). O que nós vamos ver é um buraco
que tem o aspecto de um cone. Só que, no lugar de ser um cone com um vértice normal,
é um cone truncado (que foi cortado). Logo, essa figura geométrica chama-se tronco de
cone. A base do tronco de cone indica por onde a bala saiu. E as paredes do tronco de
cone são divergentes do tronco para a base. A gente fala que as paredes estão cortadas em
bisel (paredes inclinadas).

Quando o projetil atravessa um osso duplo, ele faz um buraco menor fora e um buraco
maior dentro. Então o osso fica parecendo um tronco de cone. Então, esse aspecto do
crânio, esse tronco de cone, é o chamado sinal de Bonnet.

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Parte menor significa entrada do projetil


Parte maior significa saída do projetil

Nessa imagem, tem 2 orifícios em forma de troncos de cone. Como saber qual foi o
primeiro orifício a ser feito?

 Base (parte maior) está virada para dentro do cano  Projetil entrando no
crânio
 Base está virada para fora do crânio  projetil saindo do crânio

(5) Sinal de Puppe-Werkgartner

Tiro com o cano encostado SEM OSSO por baixo

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A boca da arma encostada na pele faz um carimbo/um decalque na pele. Quando os gases
entram e empurram a pele para fora, a pele bate na boca da arma, que deixa marcas na
pele. O desenho da boca da arma fica na pele.

A pele não explode porque não tem osso por baixo. Se tivesse osso por baixo, os gases
iam bater, voltar e explodir a pele, formando a boca de mina de Hoffman.

 Como eu estou apoiando a arma junto a pele, às vezes, no local onde o


projétil penetrou fica impressa a imagem da boca da arma. A boca da arma
fica desenhada no local do ferimento. Ora, se eu estou encontrando uma
ferida de entrada de projétil de arma de fogo com o desenho da boca da
arma, eu não tenho a menor dúvida de que aquilo é uma lesão de entrada de
projétil de arma de fogo disparado com o cano encostado no corpo.

 Esse sinal da boca da arma, no tiro com cano encostado, é o sinal de


Puppe-Werkgartner.

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ATENÇÃO! NÃO CONFUNDIR: todos são com cano encostado, mas


há diferenças:

BOCA DE SINAL SINAL DE SINAL DE SINAL DE


MINA DE DE SHUSKANOL BONNET PUPPE
HOFFMAN BENASSI WERKGARTNER
Tiro com o cano encostado
Possui osso Possui Pode ter osso Possui osso SEM osso por baixo
por baixo osso por por baixo ou achatado
baixo não embaixo
Sinal na pele Sinal no Sinal no cano Tronco de cone Desenho do cano da
(Os gases osso formado pela nos ossos arma na pele
voltam e passagem do achatados
estouram a projétil (no osso  Base significa
pele) ou nos tecidos) saída
 Parte mais
estreita
significa
entrada

 DPC-PA/2016 - Tiros encostados permitem identificar sinais específicos na pele da


vítima. O desenho impresso na pele pela boca do cano e massa de mira do cano de
uma arma de fogo refere-se ao sinal de:
A) Thoinot.
B) Bonnet.
C) Puppe-Werkgaertner Werkgaertner.
D) Benassi-Cueli Benassi.
E) Chavigny.
Gabarito: Letra c

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4. LESÕES DE SAÍDA DO PAF

As lesões de saída podem ter formas bizarras, estranhas, anômalas, atípicas

Nem sempre o número de entradas corresponde ao número de saídas! As vezes o número


de entradas não corresponde ao número de saída, pois podem sair fragmentos do osso,
corpos estranhos (projeteis secundários) . Nesse caso, há mais lesões de saída do que lesões
de entrada.

Não tem na lesão de saída:


1) Enxugo
2) Esfumaçamento
3) Chamuscamento
4) Tatuagem
5) Sinal de benassi
6) Sinal de Bonnet
7) Boca de Mina de Hoffman
8) Sinal de Puppe- Wekgaener

Na lesão de saída NÃO TEM NENHUM EFEITO SECUNDÁRIO, e NÃO TEM


ENXUGO (efeito primário), mas pode ter escoriação e equimose.

A saída, normalmente, não tem escoriação, mas pode ter (nos casos de anteparo).

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ENTRADA SAÍDA
Forma Arredondada (regular) Irregular
Borda Invertidas (Invaginadas), Evertidas
salvo na mina de Hoffman
Orlas e Zonas (salvo se Sem Zonas (pode ser
Elementos houver compensador ou orla equimótica e de
roupa) escoriação, mas
nunca de enxugo)
Diâmetro Menor ou proporcional ao Maior ou
projétil desproporcional
Sangramento Pouco ou Ausente Muito sangue

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