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Título
Autor
Marcelo Augusto Vieira Graglia
Engenheiro Mecânico e Mestre em Engenharia pela Faculdade de Engenharia de
Guaratinguetá FEGUNESP.
Doutorando em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC
Professor da Faculdade de Engenharia e Faculdade de Administração da Fundação
Armando Álvares Penteado – FAAP.
Professor da Faculdade de Administração, Economia e Autuaria da PUCSP.
Professor do curso de pósgraduação Administração para Engenheiros da Fundação
Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros – FEI.
Abstract
The petrochemical processes have in the materials technology a limiting factor to
their development. New alloys have been researched for utilization under higher
temperatures.
In the present study the contribution of the addition of tungsten element on the alloy
25Cr35Ni0,45C creep resistance is analysed for higher content percentage than the
applicabled nowadays and its behaviour under high temperatures, of about 980 ºC and,
mainly, of about 1100ºC.
Resumo
Introdução
O desenvolvimento de processos químicos e petroquímicos, além de aplicações nas
indústrias aeronáutica e aeroespacial tem tornado os materiais um fator de limitação em
função do comportamento de suas propriedades mecânicas a altas temperaturas.
A necessidade de aumento de produção e eficiência nas plantas petroquímicas tem
levado a um aumento da temperatura e pressão de trabalho nos fornos de pirólise,
VIII SEMINÁRIO BRASILEIRO DO AÇO INOXIDÁVEL
responsáveis pelo craqueamento de hidrocarbonetos como a nafta e o gás de óleo para
obtenção de eteno, e fornos de reforma catalítica, responsáveis pela produção de
hidrogênio. Com isso, se faz necessária a utilização de materiais com maior resistência
mecânica e, principalmente, resistência a altas temperaturas. A indústria busca
desenvolvimentos, investindo em diversas pesquisas nesta área [1,2].
Uma característica importante da resistência mecânica a altas temperaturas é que
esta deve ser considerada, sempre, em relação a uma escala de tempo. As propriedades de
tração a temperatura ambiente da maioria dos metais de engenharia são, para fins práticos,
independentes do tempo. Além disso, nos ensaios mecânicos à temperatura ambiente, o
comportamento anelástico do material tem conseqüência prática, enquanto que a
temperaturas elevadas a taxa de deformação e o tempo de exposição passam a influenciar
diretamente na resistência mecânica do material.
O fenômeno caracterizado pela deformação progressiva do material sob um valor
constante de tensão é chamado de fluência e, normalmente, passa a ser significativo quando
se trabalha a temperaturas superiores a 50 % da temperatura de fusão do material.
A busca por materiais que atendam a esta demanda tem estimulado a substituição
dos tubos dos fornos inicialmente fundidos por centrifugação com aços do tipo HK40 (25%
Cr 20% Ni 0,4% C) por tubos de aço HP45 (25% Cr 35% Ni 0,4% C) e até mesmo a
modificação da composição química básica destes aços pela adição de elementos
formadores de carbonetos com cinética de crescimento mais lenta, como o nióbio e o titânio
[3]. Com o aumento da temperatura, aumentase a influência do endurecimento por solução
sólida sobre a resistência a fluência. Para temperaturas superiores a 1100°C, os carbonetos
secundários coalescem mais rapidamente do que a 1050°C.
Ribeiro [4] estudou a liga HP45 modificandoa com a adição de elementos de liga
como o nióbio, tungstênio e outros, e comparando o desempenho destas ligas modificadas.
A 980ºC, o tungstênio não contribuiu significativamente no aumento da resistência à
fluência. Ensaios preliminares sugeriram o estudo da influência do tungstênio sobre a liga
HP45 a mais alta temperatura.
Material e Métodos
As ligas utilizadas neste trabalho para analisar o efeito de determinadas adições de
tungstênio sobre a resistência à fluência do aço ASTM A297 grau HP (25Cr 35Ni
0,45C) foram preparadas a partir de matériaprima virgem.
A liga 1 é caracterizada pela adição de 1% de tungstênio e a liga 2 pela adição de
4% de tungstênio. A liga 3, de aplicação comercial e desenvolvida pelas Indústrias Villares,
é denominada V2535NB e não apresenta participação de tungstênio em sua composição
química e foi parcialmente analisada para fins comparativos.
As ligas foram fundidas em forno de indução, com capacidade para 150 Kg e foram
vazadas em coquilhas para se produzirem tubos centrifugados.
Os tubos possuíam as seguintes dimensões: diâmetro externo de 143 mm, diâmetro
interno de 110 mm e comprimento igual a 3800 mm. As amostras para ensaios foram
retiradas de segmentos de tubo de 410 mm de comprimento localizados em uma região do
tubo oposta ao lado do vazamento.
VIII SEMINÁRIO BRASILEIRO DO AÇO INOXIDÁVEL
As variáveis do processo de centrifugação, temperatura de vazamento (1600 ºC),
temperatura da coquilha (180ºC), rotação da coquilha (1350 rpm) e espessura de tinta
(0,8mm) foram mantidas constantes.
As amostras para os ensaios de fluência foram retiradas no sentido longitudinal do
tubo, sendo que os corpos de prova foram confeccionados conforme norma ASTME8M
Tension Testing of Metallic Materials e ensaiados conforme norma ASTME139
Conducting Creep, Creep rupture and stress rupture tests of metallic materials.
Os ensaios de fluência foram realizados em equipamentos ATS Applied Test
Systems, Inc., Kanthal Super 33, modelos PC120/24030 e PC120/24020. O
aquecimento foi realizado em fornos série 3320 de 3600 W, para temperaturas máximas de
1650 °C. O aquecimento foi realizado por meio de resistências elétricas metálicas, com três
zonas de aquecimento.
A temperatura foi medida através do uso de dois termopares de chromelalumel,
localizados na região de seção reduzida dos corposdeprova e distanciados 20 mm um do
outro. O gradiente de temperatura entre os dois medidores foi de no máximo 1°C e a
temperatura durante todo o ensaio não variou mais do que 3,5°C. Os sinais de temperatura
foram registrados em um registrador Chessel (USA), modelo 4001, de 30 canais.
Para as ligas 1 e 2, foram realizados ensaios de fluência a 980°C para tensões
iniciais de 35 MPa, 40 MPa, 46 MPa e 50 MPa e a 1100°C para tensões iniciais de 17 MPa,
20 MPa, 24 MPa, 30 MPa e 35 MPa, com o objetivo de se observar o comportamento
destes materiais em condição de fluência. Foram levantadas curvas representando o
comportamento das ligas 1 e 2 individualmente. Também foram construídos gráficos com
sobreposição das curvas representativas do comportamento de cada liga a fim de se
observar eventuais diferenças de performance entre as ligas 1 e 2.
Para a liga 3 foram realizados ensaios de fluência a 1100°C para tensões iniciais de
17 MPa, 20 MPa e 24 MPa.
A curva representativa do comportamento desta liga, cuja composição química não
acusa presença do elemento tungstênio, foi sobreposta às curvas relativas às ligas 1 e 2 com
o objetivo de se comparar a performance de materiais contendo tungstênio em relação a
outro isento deste elemento químico.
Para todos os ensaios de fluência realizados foi medido o tempo até ruptura e
realizados pelo menos dois ensaios para cada condição de tensão.
Resultados
Ensaios de fluência realizados a 980°C
A figura 1 apresenta os resultados obtidos nos ensaios de fluência realizados à
temperatura de 980°C para valores de tensão inicial de 35 MPa, 40 MPa, 46 MPa e 50 MPa
para as ligas 1 e 2. O parâmetro analisado foi tempo até ruptura.
VIII SEMINÁRIO BRASILEIRO DO AÇO INOXIDÁVEL
A figura 1 repr esent a o co mport ament o das ligas 1 e 2 e m t er mos de t empo
at é rupt ura para diversos níveis de t ensão.
450
Liga 1
400 Liga 2
350
300
Horas
250
200
150
100
50
0
35 40 46 50
MPa
Obser vando se a figura 1, not ase acent uada queda no t empo at é
rupt ura para as duas ligas em função do au ment o da t ensão de ensaio
ap licad a.
Ensaios de fluência realizados a 1100°C
A figura 2 apresenta os resultados obtidos nos ensaios de fluência realizados à
temperatura de 1100°C para valores de tensão inicial de 17 MPa, 20 MPa, 24 MPa, 30 MPa
e 35 MPa para as ligas 1 e 2. Para a liga 3 foram realizados ensaios a 17 MPa, 20 MPa, 24
MPa,. O parâmetro analisado foi tempo até ruptura.
VIII SEMINÁRIO BRASILEIRO DO AÇO INOXIDÁVEL
A figura 2 repr esent a o co mport ament o das lig as 1 e 2 e m t er mo s de t empo
at é rupt ura para diversos níveis de t ensão à 1100ºC.
200
Liga 1
180 Liga 2
160
140
120
Horas
100
80
60
40
20
0
17 20 24 30 35
MPa
Obser vando se a figura 2, not ase acent uada queda no t empo at é
rupt ura para as duas ligas em função do au ment o da t ensão de ensaio
ap licad a.
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A figura 3 representa o comportamento das ligas 1, 2 comparativamente ao
comportamento da liga 3 em termos de tempo até ruptura para diversos níveis de tensão.
200
Liga 1
180 Liga 2
Liga 3
160
140
120
Horas
100
80
60
40
20
0
17 20 24 30 35
MPa
Obser vando se a fig ura 3 no t ase que à part ir de 20 MP a, não há diferença
sig nificat iva ent re o desempenho das ligas 1, 2 e 3. Para o meno r valo r de
t ensão aplicado, 17 MPa, a liga 1 apresent o u desemp enho
sig nificat ivament e super io r ao apresent ado pelas lig as 2 e 3.
Discussão
Observandose a figura 1 notase acentuada queda no tempo até ruptura para as
duas ligas em função do aumento da tensão de ensaio aplicada. A partir de 46 Mpa, não há
qualquer diferença significativa entre o desempenho das ligas 1 e 2 no ensaio à temperatura
de 980ºC. No ensaio a 1100ºC, o fenômeno é notado à partir de 20 MPa, conforme figura 2.
Estudos realizados anteriormente [4], indicaram que na faixa de temperatura de 980 ºC até
1050º C, a adição de tungstênio não contribui para melhoria na resistência à fluência para
as ligas tipo HP45.
VIII SEMINÁRIO BRASILEIRO DO AÇO INOXIDÁVEL
A diferença do comportamento da curva relativa à liga 1 em relação à liga 2, como
apresentado na figura 1, pode ser atribuída a diferença quantitativa de tungstênio que existe
entre as duas ligas. A quantidade de soluto, no caso tungstênio, interferiria no mecanismo
de endurecimento por solução sólida [5].
Observandose a figura 2 notase que a partir de 20 MPa, para temperatura de ensaio
de 1100ºC, não há diferença significativa entre o desempenho das ligas 1, 2 e 3.
Entretanto, para o menor valor da tensão aplicada, 17 MPa, a liga 1 apresentou
desempenho significativamente superior ao apresentado pelas ligas 2 e 3. Segundo
Monteiro e Silveira [6] , os mecanismos de deformação que atuam nas situações de fluência
são diretamente relacionados com a tensão aplicada e variável importante a ser considerada.
Desta forma, os ensaios realizados com aplicação de menores valores de tensão permitem
uma melhor análise do desempenho das ligas estudadas e conseqüente comparação entre as
mesmas.
Com o aumento da temperatura, aumentase a influência do endurecimento por
solução sólida sobre a resistência à fluência [ 4 ]. Este mecanismo justificaria o melhor
desempenho da liga 1 contendo tungstênio em comparação à liga 3, que não apresenta este
elemento em sua composição.
Conclusões
A liga contendo tungstênio num teor de 1% em massa apresenta maior resistência à
fluência para temperatura de 1100ºC comparativamente à liga contendo 4% de tungstênio
em massa e à liga com composição base 25Cr35Ni0,45C (ASTM A297 grau HP) isenta
deste elemento.
A adição de tungstênio num teor de 4 % em massa não contribuiu para a melhoria
da resistência à fluência da liga 25Cr35NiO,45C para temperatura de 1100ºC.
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. Herman Jacobus Cornelis Voorwald pela orientação e apoio técnico.
Ao Eng°. Cortines, pelo imenso apoio prestado na obtenção dos recursos
necessários à realização desta pesquisa.
Ao técnico Hélio de Oliveira, pelo esforço e dedicação na realização dos trabalhos
experimentais e ao Engenheiro Alexandre Sokolowski, do Centro de Pesquisa de
Aços Villares, pelo apoio na realização de diversos ensaios.
VIII SEMINÁRIO BRASILEIRO DO AÇO INOXIDÁVEL
Refer ências Bibliográficas
[1] EGNELL, L. et al. Sandvik 12R72: evaluation of its properties as canning
material in fast reactors. Paris: Sandvik, 1971. 33p.
[3] EMYGDIO, P. R., PACHECO, M., SANTARÉM, M. V. M. Estudo da microestrutura e
comportamento mecânico de um aço tipo HP45 com adição de nióbio. IN:
SEMINÁRIO BRASILEIRO SOBRE AÇOS INOXIDÁVEIS, 2, 1990, São Paulo.
Anais do II Seminário Brasileiro sobre Aços Inoxidáveis...São Paulo: s.n., 1990.
p.1934
[4] RIBEIRO, E. A. A. G.Efeitos do nióbio, titânio e tungstênio sobre a resistência à
fluência e resistência à carburação da liga 25Cr35Ni0,45C (ASTM A297 grau
HP). São Paulo, 1991. 100p. Tese (Doutorado em Engenharia Metalurgia) Escola
Politécnica, USP.
[5] LACY, C. E., GENSAMER, M. Trans. Am. Soc. Met. v.32, p.88110, 1944 apud
DIETER, G. E. Metalurgia Mecânica. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1981.
653p.
[6] MONTEIRO, S. N., SILVEIRA, T. L. Mecanismos de fluência nos aços inoxidáveis
austeníticos. In: CONGRESSO ANUAL DA ABM, 33, 1978, Rio de Janeiro: Anais
do 33º Congresso Anual da ABM... Rio de Janeiro: ABM, 1979. vol. 35, 1979.
p.32730.
MARCELO AUGUSTO VIEIRA GRAGLIA
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