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COLÉGIO SALVATORIANO IMACULADA CONCEIÇÃO


HOSPITAL SALVATORIANO DIVINO SALVADOR

CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA AO CLIENTE COM


AFECÇÕES CLÍNICO CIRURGICAS II
(Urgência e Emergência)
- Bloco temático 3 -
I Elaboração, Digitação e Diagramação-2003
Enfermeira Catharina Cericato

II Revisão – 2008
Enfermeira Catharina Cericato

III Revisão – 2010


Enfermeira Josiane B.O da Silva

IV Revisão – 2012
Enfermeira Josiane B.O da Silva

VIDEIRA, JANEIRO 2012


2

SUMÁRIO

1 UNIDADE DE EMERGÊNCIA HOSPITALAR 05

1.1 DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO 05

2 ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DO SERVIÇO 05


DE EMERGÊNCIA

2.1 LOCALIZAÇÃO 05

2.2 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO 05

2.3 EQUIPE DO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA 06

2.4 TREINAMENTO EM SERVIÇO 06

3 CLIENTE NO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA 06

4 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA 06


A SALA DE ATENDIMENTO DE URGÊNCIAS

4.1 ESPAÇO FÍSICO 06

4.2 CARRINHO DE EMERGÊNCIA 07

5 OXIMETRIA 08

6 OXIGENOTERAPIA 08

6.1 CATETER NASAL 08

6.2 MÁSCARA DE VENTURI 09

7 TERAPIA INTRAVENOSA NO SERVIÇO DE 09


EMERGÊNCIA (SE)

8 BOMBA DE INFUSÃO/BOMBA DE SERINGA 11


9 CÂNULA DE GUEDEL/OROFARÍNGEA E ENTUBAÇÃO 11
OROTRAQUEAL/NASOTRAQUEAL
9.1 CÂNULA DE GUEDEL 11
9.2 ENTUBAÇÃO OROTRAQUEAL/NASOTRAQUEAL 12
9.3 Tubo esôfago-traqueal (Combitube) 12
12
9.4 Máscara Laríngea (ML)
10 CRICOTIREOIDOTOMIA E RESPIRADOR
ARTIFICIAL 12

10.1 CRICOTIREOIDOTOMIA 12
3

10.2 VENTILAÇÃO MECÂNICA 12

11 USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO 13


INDIVIDUAL (EPI)

12 DOENÇAS INFECCIOSAS 13

12.1 MENINGITE 13

12.2 TÉTANO 13

12.3 GRIPES 14

12.4 AIDS 15

13 AVALIAÇÃO E ATENDIMENTO INICIAL NO 16


SUPORTE AVANÇADO DE VIDA

13.1 ABORDAGEM DA VÍTIMA NO ABCDE (Exame Primário) 16

13.2 EXAME SECUNDÁRIO 20

14 CHOQUE 20

14.1 CHOQUE HIPOVOLÊMICO 20

14.2 CHOQUE CARDIOGÊNICO 21

14.3 CHOQUE NEUROGÊNICO 22

14.4 CHOQUE ANAFILÁTICO 22

14.5 CHOQUE SÉPTICO 23

15 HEMORRAGIAS 23

16 TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO (TCE) 27

16.1 CONCUSÃO 27

16.2 CONTUSÃO CEREBRAL 27

16.3 FRATURAS DE CRÂNIO 27

16.4 HEMATOMAS 28

17 TRAUMA RAQUIMEDULAR (TRM) 29

18 EMERGÊNCIAS DO SISTEMA TEGUMENTAR 31

18.1 FERIMENTOS 31
4

18.2 ENTORSES 32

18.3 LUXAÇÃO 32

18.4 DISTENSÃO 33

18.5 FRATURAS 33

19 EMERGÊNCIAS NEUROLÓGICAS 36

19.1 CRISE CONVULSIVA 36

19.2 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) 36

20 EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS 37

20.1 AGITAÇÃO DELIRANTE 38

20.2 AGITAÇÃO MANÍACA 38

20.3 DEPRESSÃO MAIOR 38

20.4 AGITAÇÃO PSICOMOTORA NÃO ESPECÍFICA 38

20.5 ESTUPOR CATATÔNICO 38

20.6 PSICOSES ALCÓOLICAS 38

20.7 SUICÍDA 39

21 EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES 39

21.1 EQUIPAMENTOS E EXAMES: 39

21.2 DOR TORÁCICA (ANGINOSA) 40

21.3 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) 40

21.4 ARRITMIAS 41

21.5 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO 41

21.6 EDEMA AGUDO DE PULMÃO 41

21.7 PARADA CARDIORESPIRATÓRIA (PCR) 42

22 EMERGÊNCIAS RESPIRATÓRIAS 43

22.1 INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA ( IRPA ) 43

22.2 EMBOLIA PULMONAR 44


5

23 TRAUMA TORÁCICO 45

23.1 FRATURAS MÚLTIPLAS DE COSTELAS 45

23.2 TÓRAX INSTÁVEL 45

23.3 CONTUSÃO PULMONAR 46

23.4 INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA GRAVE 46

23.5 PNEUMOTÓRAX 46

23.6 HEMOTÓRAX 47

23.7 CONTUSÃO CARDÍACA 47

23.8 RUPTURA DE AORTA 47

23.9 RUPTURA DE DIAFRAGMA 47

24 TRAUMA ABDOMINAL 47

24.1 TRAUMA ABERTO 49

24.2 TRAUMA FECHADO 49

25 EMERGÊNCIAS GASTROINTENSTINAIS 50

25.1 DOR ABDOMINAL AGUDA 50

25.2 HEMORRAGIA GASTROINTESTINAL 51

25.3 ENVENENAMENTO 52

25.4 OBSTRUÇÃO INTESTINAL 53

26 EMERGÊNCIAS UROLÓGICAS 53

26.1CÓLICA RENAL 53

26.2 RETENÇÃO URINÁRIA 53

27 ACIDENTES OFÍDICOS 54

28 EMERGÊNCIAS METABÓLICAS 56

28.1 CETOACIDOSE DIABÉTICA 56

28.2 HIPOGLICEMIA 56

29 EMERGÊNCIAS DE TEMPERATURAS 57
6

29.1 HIPOTERMIA 57

29.2 HIPERTERMIA 58

30 QUEIMADURAS 59
7

1 UNIDADE DE EMERGÊNCIA HOSPITALAR

1.1 DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO

O Serviço de Emergência (SE) é o local do hospital, preparado para o atendimento a


clientes criticamente enfermos, com potencial risco de vida. O sucesso da assistência prestada,
neste local, tem relação direta com a interação entre os recursos humanos e tecnológicos,
aliados à estrutura organizacional.
Os clientes que chegam a este serviço podem ser classificados em três categorias:

Emergência: aqueles que necessitam de um tratamento/avaliação imediatos (parada


cárdiorespiratória, dor torácica aguda, hemorragia, convulsão).

Urgência: aqueles que apresentam doença ou ferimento sério que necessita de


intervenção/avaliação em 20 minutos a 2 horas ( fraturas simples, dor abdominal aguda,
acidente vascular cerebral, alteração significativa dos sinais vitais).

Não urgência: aqueles que apresentam lesões menores , condições não agudas, e podem ser
atendidos em ambulatórios de pronto atendimento (luxação, lombalgia, congestão nasal,
tosse).

A lei do exercício profissional, nº 7.498, de 25 de junho de 1986, artigo 8º, prevê que a
assistência a pacientes graves, com risco de vida, bem como as atividades que exigem maior
complexidade técnica, são privativas do profissional Enfermeiro. Entre outras atividades, cabe
ao Técnico em Enfermagem, prestar cuidados diretos de Enfermagem a pacientes em estado
grave, sob supervisão do Enfermeiro (lei n º 7.498/86, art. 15, decreto nº 94.406/87, art 10 e
13).

2 ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA

2.1 LOCALIZAÇÃO
As normas e padrões de construções e instalações de serviços de saúde do Ministério de
Saúde, determinam que os serviços de emergência devem ser localizados em pavimento
térreo, com ampla a entrada e espaço adequado, para a livre circulação de ambulâncias,
facilidade de acesso aos serviços de apoio, complementares e de tratamento.

2.2 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO


Este serviço deve contar com salas de admissão e registro, de espera, de triagem, de
reanimação, de redução de fraturas e aplicação de gesso, de preparo e de administração de
medicamentos, de sutura e pequenas cirurgias, de repouso e observação, de isolamento, de
guarda de equipamentos, higienização, sanitários, rouparia, sala de estar para médico e
enfermagem e consultórios.
A sala de reanimação deve estar localizada próxima à entrada do serviço, ser de fácil e
rápido acesso, com portas amplas, muito bem equipada e ser submetida a revisão diária, no
início de cada plantão e, após cada atendimento.
A conservação e manutenção, desta sala e dos materiais de atendimento, exigem cuidados
freqüentes, pois a sua desorganização e o seu não funcionamento durante um atendimento de
emergência, seriam desastrosas para o cliente e atingem a moral da equipe.
A sala de observação e repouso, devem por sua vez, estar próximas às áreas de
atendimento geral. A disposição dos leitos deve proporcionar observação individual e de
8

conjunto, espaço suficiente para a locomoção do pessoal, rápido atendimento e facilidade para
a assistência de enfermagem. A enfermagem deve primar pela conservação da privacidade.

2.3 EQUIPE DO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA


É composta basicamente por médicos, equipe de enfermagem, agentes administrativos e de
segurança e outros profissionais afins a área de saúde que a realidade requeira.(assistente
social, psicólogo, assistente religioso).
Cada profissional tem importância própria no desempenho das funções de equipe. A
complexidade de ações desenvolvidas neste serviço exigem que os profissionais que ali
trabalham sejam aptos para realizar as identificações necessárias ao tratamento que o cliente
necessita ou seja, entre outras :
- identificação dos parâmetros fisiológicos e interpretação das necessidades
correspondestes;
- realização de procedimentos específicos e de maior complexidade;
- reconhecimento e atendimento das necessidades psicológicas do cliente e da sua família.

2.4 TREINAMENTO EM SERVIÇO


A manutenção de altos níveis de qualidade de assistência em cada membro da equipe que
desenvolve atividades neste serviço assistencial, é um fator determinante da qualidade de
assistência, recuperação e satisfação do cliente . É de primordial importância que haja um
cronograma planejado de Educação em Serviço tendo em mente a necessidade de atualização
constante para responder as inovações tecnológicas que o mercado oferece e as diversificadas
necessidades assistenciais, cada dia mais complexas e diversas.
Ao enfermeiro cabe planejar e executar os treinamentos, ao técnico em enfermagem cabe a
participação ativa e a busca constante de aperfeiçoamento, garantindo assim, a qualidade da
assistência que irá prestar.

3 O CLIENTE NO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA


A ansiedade é um fator notoriamente presente nos clientes e familiares que chegam a este
setor assistencial, não poucas vezes, além da ansiedade já demonstração de agressividade e
revolta, o que dificulta em muito um desenvolvimento normal de prestação de ações
assistenciais de enfermagem que poderiam ser simples e seguras.
É importante a integração da equipe no sentido de manter os níveis de qualidade e
segurança assistencial, conquistar a colaboração dos clientes e familiares para garantir bons
resultados nas atividades.
Algumas atitudes adotadas pelos membros da equipe de enfermagem contribuem muito
para minimizar a ansiedade dos clientes e familiares:
* fornecer informações e explicações acerca dos cuidados que estão sendo prestados;
* evitar comentários desnecessários;
* demonstrar afeição através do olhar, do sorriso, do respeito e da atenção ao cliente e
familiares .

4 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA A SALA DE


ATENDIMENTO DE URGÊNCIAS
Para que aconteça um atendimento à contento e com segurança às urgências que chegam a
unidade de pronto atendimento é necessário que haja uma estrutura e uma organização que
responda as necessidades de forma rápida, segura e eficaz , ou seja provida de alguns
critérios tais como:
4.1 ESPAÇO FÍSICO: deve existir uma sala própria para atendimento do traumatizado/
politraumatizado, que deve estar equipada com material específico para este atendimento que
são:
 O2 Canalizado , aspiração e ar comprimido;
 Aquecedor de ambiente;
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 Estufas para aquecer e cobertores e lençóis;


 Materiais para aquecimento do soro;
 Lâmpada auxiliar;
 Esfignomanômetro e estetoscópio;
 Sistema de ventilação (ambú), máscaras de O2 com conexão de diversos tamanhos,
cânulas de Guedel, pinça de Maggil;
 Catéteres para acesso venoso, abocath, fios de sutura;
 Gaveta contendo materiais descartáveis como: seringas, agulhas, equipos para soro e
sangue, polifix, sondas para aspiração, nasogástricas, vesical, para flebotomia, máscaras,
gorro, óculos, frascos coletores de amostras de material para exames, lubrificantes, gel
para eletrodos, material para tricotomia, esparadrapo, micropore, atadura de crepon,
urokit.

4.2 CARRINHO DE EMERGÊNCIA

Tábua de compressão torácica;


Monitor cardíaco, oxímetro, eletrocardiógrafo com cardio-versor.

1ª GAVETA
Medicamentos mais utilizados em situações de emergências:

Para diluição:
- AD Ampola com 5ml;
- AD Ampola com 10ml;
- Cloreto de sódio – ampola de 10ml a 20%.

Aminofilina; Atropina; Bicarbonato de sódio; Cloreto de potássio (KCl); Diazepam;


Dopamina / Revivan; Epinefrina / Adrenalina; Hidantal / Fenitoína sódica; Amiodarona /
Ancoron; Fentanil; Gardenal / Fenobarbital; Furosemida / Lasix; Prometazina / Fenergan;
Cedilanide / Lanatosídeo C; Sulfato de magnésio; Hidrocortisona / Solu-cortef; Heparina /
Liquemine; Midazolan / Dormonid; Haldol / Haloperidol; Adalat / Nifedipina; Isordil;
Gluconato de cálcio; Glicose hipertônic;
cloridrato de lidocaína / Xylocaína.

2ª GAVETA

Agulhas 25 x 7
Agulhas 40 x 12
Jelco nº 20
Jelco nº 18
Jelco nº 22
Cateteres Subclávia nº 16
Equipo Macrogotas
Equipo Microgotas
Sonda Uretral nº 8
Sonda Uretral nº 12
Sonda Uretral nº 16
Sonda Nasogástrica nº 12
Sonda Nasogástrica nº 16
Lâmina de Bisturi
Naylon 3,0 com agulha
Scalp nº 19
10

Scalp nº 21
Scalp nº 23
Seringa 1 ml
Seringa 3 ml
Seringa 5 ml
Seringa 10 ml
Seringa 20 ml
Xilocaína Geléia

3ª GAVETA

Bicarbonato de Sódio 5%
Eletrodos
Luvas Cirúrgicas nº 7,5
Luvas Cirúrgicas nº 8,0
Soro Glicosado 5% 250ml
Soro Glicosado 5% 500ml
Soro Fisiológico 0,9% 250ml
Soro Fisiológico 0,9% 500ml
Tubos de entubação adulto e pediátrico
4ª GAVETA:

Ambu
Cânula de Guedel
Guia de tubo
Lâmina para Laringo curva e reta adulto e pediátrico
Laringoscópio
Pilhas
Látex
Máscara Oxigênio (cateter, óculos e venturi)
Óculos Protetor
Umidificador

5 OXIMETRIA
A oximetria de pulso é um sistema, não invasivo, de medição dos valores de oxigênio
periférico (SPO2) e pulso, ou seja, consiste em monitorizar continuamente o nível de
saturação do oxigênio no sangue e pulso contribuindo, assim, para uma vigilância mais eficaz
dos doentes.
Atenção: Valores normais SaO2: 95 à 100%; Abaixo de 80%: iniciar intubação orotraqueal;
Colocado na ponta do dedo ou lobo da orelha; PCR, anemia severa, choque (perfusão
periférica alterada), administração EV de corantes (tingem o sangue).

6 OXIGENOTERAPIA
Consiste na administração de oxigênio numa concentração de pressão superior à
encontrada na atmosfera ambiental para corrigir e atenuar deficiência de oxigênio ou hipóxia.
Métodos de Administração O2:
6.1 CATETER NASAL: Visa administrar concentrações baixas a moderadas de O2.
1- Vantagens:
- Método econômico e que utiliza dispositivos simples;
- Facilidade de aplicação.
2- Desvantagens:
- Nem sempre é bem tolerado em função do desconforto produzido;
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- A respiração bucal diminui a fração inspirada de O2;


- Irritabilidade tecidual da nasofaringe;
- Facilidade no deslocamento do cateter;
- Não permite nebulização;
- Necessidade de revezamento das narinas a cada 8 horas.

6.2 MÁSCARA DE VENTURI: Constitui o método mais seguro e exato para liberar a
concentração necessária de oxigênio.
Efeitos Tóxicos e Colaterais:
Em pacientes portadores de DPOC, a administração de altas concentrações de O2 eliminará o
estímulo respiratório - apnéia;
- Resseca a mucosa do sistema respiratório;
- Altas concentrações de O2 (acima de 50%) por tempo prolongado ocasionam alterações
pulmonares (atelectasias, hemorragia e outros);
- Altas concentrações de O2 (acima de 100%) há ação tóxica sobre os vasos da retina,
determinando a fibroplasia retrolenticular.
Cuidados com o O2:
Não administra-lo sem o redutor de pressão e o fluxômetro;
- Colocar umidificador com água destilada ou esterilizada até o nível indicado;
- Controlar a quantidade de litros por minutos;
- Observar se a máscara ou cateter estão bem adaptados e em bom funcionamento;
- Trocar diariamente a cânula, os umidificadores, o tubo e outros equipamentos expostos à
umidade;
- Avaliar o funcionamento do aparelho constantemente observando o volume de água do
umidificador e a quantidade de litros por minuto;
- Observar e palpar o epigástrio para constatar o aparecimento de distensão;
- Fazer revezamento das narinas a cada 8 horas (cateter);
- Avaliar com freqüência as condições do paciente, sinais de hipóxia e anotar e dar assistência
adequada;
- Manter vias aéreas desobstruídas;
- Manter os torpedos de O2 na vertical, longe de aparelhos elétricos e de fontes de calor;
- Controlar sinais vitais.

7 TERAPIA INTRAVENOSA NO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA (SE)


Injeção intravenosa, terapia intravenosa ou IV é uma via de administração, e consiste na
injeção de agulhas ou catéter contendo princípios ativos,vacinas ou hemoderivados nas veias
periféricas dos membros superiores ou inferiores.
Não existe absorção nesta via de administração, pois a droga cai diretamente na corrente
sanguínea. Assim, não pode ser revertida. É um meio ótimo de administrar medicamentos pela
velocidade e eficiência. É a via de preferência para fármacos que não podem ser aplicados por
via intramuscular ou subcutânea, quando o objetivo é o início rápido de ação ou quando a via
oral não é possível por intolerância à medicação (como vômitos e dor de estômago) ou por
condição que reduza a absorção do medicamento (como diarréia).

Locais para punção:


 Veias digitais (ao longo das faces lateriais e dorsais dos dedos);
 Veias metacarpianas (sobre o dorso da mão);
 Rede venosa dorsal (face dorsal do antebraço);
 Veia mediana do antebraço ( face ventral do antebraço);
 Veia cefálica acessória (corre ao longo do rádio);
 Veias antecubitais;
 Veia basílica ( percorre a face antecubital do antebraço e do braço);
 Veia cefálica ( face radial do antebraço e do braço).
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 Região plantar pés;


 Veia jugular externa e interna.

Dispositivos de punção venosa:


 Cateter venoso periférico (abocath);
 Agulha tipo borboleta (scalp).
 Cateter venoso central.

Calibre dos cateteres e agulhas:


 14 – 16
 18
 20
 22
 24 - 26

Tratamento IV em pediatria:
 Em bebês os melhores locais de punção são o couro cabeludo (veia temporal e veia
metópica), no dorso das mãos, pés e fossa antecubital.
 Sempre palpar para certificar-se de que é uma veia e não uma artéria;
 Se possível um dos pais estar presente (se criança lúcida);
 Acesso venoso intra-osseo.

Complicações:
 Cateter rompido;
 Deslocamento cateter;
 Embolia gasosa;
 Espasmo vanoso;
 Flebite;
 Hematoma;
 Infecção sistemica;
 Infiltração;
 Obstrução;
 Reação alérgica;
 Trombose.

Terapia Venosa no SE
 Cateter venoso periférico;
 Cateter venoso central.

Cateter venoso central:


São cateteres cuja a ponta distal, ou seja, a ponta do cateter inserida no paciente, está
localizada no terço médio inferior da Veia Cava Superior ( para administração de fluidos)
ou no interior do átrio direito (para monitorização invasiva). São constituídos de
poliuretano ou silicone, sendo os de silicone mais flexíveis e em sua maioria inertes
(causando menor irritação à parede dos vasos e interação medicamentosa). Estes
dispositivos podem ser encontrados em duas formas de apresentação:Kit completo:
campos cirúrgicos, torniquetes, fita métrica, soluções anti-sépticas, agulha introdutória,
tesoura ou guilhotina, seringas, pinça auxiliar para inserção, gases, adesivos transparentes
e cateter.Mini Kit: fita métrica, agulha introdutória e cateter.
Indicações

 Administração de medicamentos irritantes ou vesicantes;


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 Administração de drogas vasoativas;


 Dificuldade de acesso periférico.

Local de Punção
 Veia jugular interna direita e esquerda;
 Veia subclávia direita e esquerda;
 Veia jugular externa direita e esquerda;
 Veias femorais direita e esquerda.

Graves Complicações do Procedimento


 Pneumotórax traumático;
 Hemotórax traumático;
 Hidrotórax;
 Hematoma local;
 Lesão arterial;
 Quilotórax traumático, etc.

OBS: MEDICAÇÃO EM BOLUS/ TERAPIA TRANSFUSIONAL.

8 BOMBA DE INFUSÃO/BOMBA DE SERINGA


É m aparelho médico-hospitalar ou veterinário, utilizado para infundir líquidos tais
como drogas ou nutrientes, com controle de fluxo e volume nas vias venosa, arterial ou
esofágica.
Existem vários modelos de Bomba de Infusão, mas podemos dividi-las em tres classes
principais:
 Bombas de Infusão Volumétricas Universais;5
 Bombas de Infusão de Seringas;

Bombas de infusão volumétricas universais: utiliza equipos de soro padrão para bombear e
controlar os líquidos a serem infundidos para dentro do corpo. O controle de fluxo nestes
equipos sem bomba infusora é normalmente feito por gravidade e estrangulamento da luz do
tubo por um dispositivo chamado de pinça rolete. Quanto maior a luz interna do tubo, maior a
vazão e vice-versa. Este método não é estável e varia muito com a temperatura e acomodação
do material do tubo, que mede de 2,5 à 4 milimetros de diâmetro e cerca de 2 metros de
comprimento.O fluxo pode variar desde 0,5 mililitros por hora até 1 litro por hora e
quantidades de 1 ml até 10 litros, conforme necessidades do paciente.

Bombas de infusão de seringa: utilizam seringas de injeção descartáveis comuns para infundir.
Por meio de um dispositivo mecânico, um acionador vai empurrando o embolo da seringa
continuamente, podendo ser um eixo sem-fim ou engrenagens tipo pinhão e cremalheira. Um
tubo fino (equipo de seringa) conduz o líquido da seringa para dentro do corpo, que pode ser
por uma agulha de injeção ou cateter. São os modelos de maior precisão e fluxo contínuo.

9 CÂNULA DE GUEDEL/OROFARÍNGEA E ENTUBAÇÃO


OROTRAQUEAL/NASOTRAQUEAL

9.1 CÂNULA DE GUEDEL: É um tubo de forma semicircular, de plástico ou borracha, que é


introduzido sobre a língua até a porção posterior da faringe. Faz-se no paciente inconsciente
que respira espontaneamente.
Objetivo: Impedir que a língua do paciente caia para trás, contra a parede posterior da faringe
e obstrua a via aérea, e permite a aspiração de secreções.
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9.2 ENTUBAÇÃO OROTRAQUEAL/NASOTRAQUEAL: É a passagem de um tubo,


através da boca ou nariz, para dentro da traquéia.
Indicação: Em toda a situação em que o controle definitivo da via aérea for necessário. As
indicações específicas incluem a apreensão cardíaca ou respiratória, a falha em proteger a via
aérea da aspiração, a oxigenação ou a ventilação inadequada, e a obstrução de via aérea
iminente ou existente.
Técnica médica: Posicionamento do paciente preferencialmente em decúbito dorsal
horizontal.
• Hiperextensão da cabeça e elevação da mesma por um coxim.
• Ventilação do paciente com máscara facial e AMBU para não expor o paciente à
hipóxia.
• Laringoscopia: o laringoscópio é inserido pelo lado direito da boca, sendo que a
lâmina deslizará pela língua e se posicionará na valécula, com conseqüente desvio
total da língua para a esquerda; deve-se neste momento tomar o cuidado de não
pressionar o lábio inferior contra os dentes incisivos.
• Bascular o laringoscópio cerca de 45 graus em relação ao plano da mesa e levantá-lo.
Tal movimento irá expor a laringe e permitir a entubação.
• Inserção do tubo, com seu balonete (cuff) previamente testado.
• Insuflação do balonete.
• Verificação quanto ao posicionamento e seletividade.
• Fixação do tubo. Lembrar que movimentos da cabeça podem deslocar o tubo em até 5
cm.
Entubação Seletiva: Uma situação comum, a introdução do tubo endo-traqueal em apenas
um dos brônquio-fontes, particularmente no direito, pois este apresenta-se em ângulo mais
agudo com a traquéia. Para a correção da situação, que é confirmada pela expansão de um
só dos pulmões, basta retroceder um pouco o tubo.
Medicações via tubo: NAVEL: Naloxona, Atropina, Vasopresina, Epinefrina, Lidocaína.

9.3 Tubo esôfago-traqueal (Combitube): dispositivo desenvolvido inicialmente por


Frass em 1987, combina as funções de obturador esofágico e tubo traqueal. É introduzido às
cegas e permite adequada ventilação independentemente de sua posição ser esofágica ou
traqueal.

9.4 Máscara Laríngea (ML): Uma alternativa à intubação traqueal e ao uso de máscara
facial em anestesias e reanimação. Inserção rápido e fácil, sem laringoscópio.

10 CRICOTIREOIDOTOMIA E RESPIRADOR ARTIFICIAL

10.1 CRICOTIREOIDOTOMIA: Também chamado de punção da membrana


cricotireóide, é uma punção ou incisão na membrana cricotireóide para o estabelecimento
da via aérea. Usadas quando a intubação endotraqueal e a traqueostomia são contra
indicadas ou não são possíveis como no caso de obstrução da via aérea decorrente de
extenso traumatismo maxilofacial, laringoespasmo, edema de faringe (alergias) ou
obstrução da laringe.
Complicações por punção: Ventilação inadequada (hipóxia); Aspiração sangue; Perfuração
esofágica; Hematoma; Perfuração parede traqueal; Perfuração tireóide.
Técnica: Colocação de coxim sob os ombros para a exposição do pescoço e assepsia da
região anterior do pescoço e anestesia da pele. Identificar a membrana cricotireóidea.
Imobilizar a laringe usando o polegar e o dedo médio enquanto que o indicador palpa a
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membrana cricotireóidea. Fazer incisão vertical na pele e palpar a cartilagem e incisão


horizontal na membrana cricotireóidea próxima à sua borda inferior (Fig.A). Dilatar
verticalmente a incisão com uma pinça Kelly ou com o cabo do bisturi (Fig. B). Inserir a
cânula de cricotireoidostomia, de traqueostomia infantil ou mesmo um abocath. Insuflar o
balonete e confirmar intubação (CO2 expirado).

10.2 VENTILAÇÃO MECÂNICA: Dispositivo de respiração, com pressão positiva e


negativa, que pode manter a ventilação e a liberação de oxigênio por um período
prolongado.
Indicações: Redução contínua na oxigenação; Aumento níveis arteriais de dióxido de
carbono; Pós operatório cirurgia torácica ou abdominal; Dose excessiva de drogas,
Doenças neuromusculares; Lesão inalação; DPOC; Politraumatismos; Choques;
Insificiência múltiplos sistemas; Coma.
Classificação: Pressão Negativa; Pressão Positiva.
Ajuste e Parâmetros dos Ventiladores: Escolha médica; Realizado por médico ou
fisioterapeuta; Paciente deve estar em “sincronia” com a máquina.

11 USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)


São quaisquer meios ou dispositivos destinados a ser utilizados por uma pessoa contra
possíveis riscos ameaçadores da sua saúde ou segurança durante o exercício de uma
determinada atividade. Um equipamento de proteção individual pode ser constituído por
vários meios ou dispositivos associados de forma a proteger o seu utilizador contra um ou
vários riscos simultâneos. O uso deste tipo de equipamentos só deverá ser contemplado
quando não for possível tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente em que
se desenvolve a atividade.
Tipos utilizados no serviço de emergência: avental, gorro, óculos, máscara, luvas, propés.

12 DOENÇAS INFECCIOSAS
Dentre as diversas doenças infecciosas abordaremos apenas algumas, as que ocorrem com
maior incidência:

12.1 MENINGITE
É a infecção mais comum do sistema nervoso central, podendo acometer as meninges, o
cérebro ou a medula espinhal. A meningite pode ser causada por diversos microorganismos.
As forma mais comuns de meningite são: bacteriana, tuberculose e viral.
A forma mais grave é a bacteriana que é causada pelo meningococo. Os sintomas iniciais
incluem: febre, dor de cabeça, rigidez de nuca, brudzinski positivo (movimento de flexão
perna sobre a coxa ao se fletir a cabeça ) , vômito e mialgia, podendo o cliente evoluir para a
confusão mental, convulsões e coma.
Na meningococcemia, é comum a erupção máculo-petequial disseminada.
Na meningite bacteriana, a precocidade no estabelecimento do diagnóstico e a rapidez no
atendimento imediato, são determinantes para o sucesso da terapêutica.

Ações de Enfermagem
-Previna complicações: observe sinais de insuficiência respiratória, o nível de consciência,
sinais de choque e verifique os sinais vitais;
-Previna a disseminação de infecção, estabelecendo o isolamento respiratório (use epi);
-Auxilie na definição do diagnóstico: prepare o material e auxilie na realização da punção
lombar;
-Instale o acesso venoso e mantenha-o permeável: faça coleta de sangue para exames
laboratoriais, controle infusão de líquidos e administre a medicação, segundo a prescrição;
-Controle a diurese;
-Mantenha o ambiente com reduzidos estímulos luminosos e auditivos;
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-Oriente e encaminhe a notificação compulsória.

12.2 TÉTANO
Doença causada pela liberação da neurotoxina produzida pelo Clostridium tetani. As
pessoas, geralmente, são expostas a infecção por contato de ferimentos com o solo
contaminado, poeira, água e fezes humanas, onde se encontram esporos. Muitas vezes, a lesão
que serviu de porta de entrada é tão insignificante que passa despercebida. O bacilo é
anaeróbio, não vive em presença de oxigênio.
O inicio das queixas normalmente sã: dificuldade para engolir e sono, seguidos de rigidez
de mandíbula (trismo), dor no pescoço e costas, espasmos musculares, opistótono, que é o
arqueamento importante das costas e, comprometimento respiratório.

Ações de enfermagem
-Mantenha as vias aéreas superiores permeáveis: administre oxigênio, prepare o material e
auxilie na ventilação e entubação traqueal, posicione o cliente de modo a facilitar a drenagem
de secreções, faça aspiração de secreções e avalie o estado respiratório;

-Na administração de medicamentos endovenosos: puncione uma veia calibrosa, mantenha-


a permeável e administre a medicação, segundo a prescrição;

-Previna complicações: proteja o cliente contra quedas e traumas, favoreça, se possível, o


ambiente com redução de luz e ruídos, movimente o cliente o mínimo possível, observe a
localização e a extensão dos espasmos musculares.

12.3 GRIPES
Influenza A subtipo H1N1 também conhecido como A(H1N1), é um subtipo de
Influenzavirus A e a causa mais comum da influenza (gripe) em humanos. A letra H refere-se
à proteína hemaglutinina e a letra N à proteína neuraminidase, também, chamada de gripe
aviária é uma doença infecciosa das aves que ocorre em todo o mundo, sendo conhecida
desde há várias décadas.
Este subtipo deu origem, por mutação, a várias estirpes, incluindo a da gripe espanhola
(atualmente extinta), estirpes moderadas de gripe humana, estirpes endémicas de gripe suína e
várias estirpes encontradas em aves.
O número confirmado destes casos, ainda que estejam associados a uma aparente elevada
letalidade, é muito reduzido quando comparado com outras doenças, nomeadamente
infecciosas [por exemplo, tuberculose, malária ou infecção pelo vírus da imunodeficiência
humana (HIV)] pelo que a gripe aviária em humanos dificilmente pode ser considerada um
problema de saúde pública humana.

Contágio da “Gripe A” H1N1: O contágio da “Gripe A” H1N1 é dada através do ar, por vias
aéreas e através de contato direto com pessoas contaminadas.

Prevenção da “Gripe A” H1N1: Para se proteger da “Gripe A” H1N1 você pode tomar a
vacina da gripe convencional para ajudar na prevenção já que aumentam a imunidade do
corpo, porém não combatem o vírus H1N1. O medicamento Tamiflu tem sido utilizado no
combate da gripe, porém somente deve ser ingerido se prescrito por um médico.

Máscaras já estão sendo usadas nos principais países em que o vírus H1N1 estão instalados,
mas são 100% eficientes. Lave sempre as mãos com sabonete e evite colocar as mãos nos
olhos, bocas e ouvidos e ainda evite ficar em locais fechados com grande aglomeração de
pessoas e procure sempre locais arejados.
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Gripe Ssazonal é uma doença causada pelo vírus da gripe humana.Em regra, a gripe sazonal
tem uma evolução favorável para a cura em poucos dias, habitualmente em menos de uma
semana, o que lhe confere um carácter de doença aparentemente benigna. No entanto, importa
referir que a gripe sazonal é uma doença com repercussão significativa na saúde pública:
Os indivíduos com idade superior a 65 anos e as pessoas com patologia crónica subjacente
apresentam maior probabilidade de doença grave e de morte, por agravamento da doença pré-
existente ou pneumonia.
Estima-se que, em cada ano, cerca de 10 % da população seja afectada, provocando não só
uma mortalidade relevante, sobretudo nos grupos de risco (devido às complicações acima
referidas), como também absentismo laboral e escolar com efeitos negativos marcantes nos
planos económico e social.
Apesar de não serem totalmente compreendidos os mecanismos de transmissão, pensa-se
que o vírus é transmitido aos indivíduos susceptíveis através das secreções respiratórias. A
doença dissemina-se rapidamente entre a população, particularmente em condições de maior
aglomeração.

Diferenças da Gripe A e Gripe Sazonal


SINTOMAS GRIPE COMUM GRIPE A
(SAZONAL)
Tosse pouca seca
Febre <39ºC inicio súbito 39ºC
Dor de cabeça pouco intensa intensa
Calafrios esporádicos frequentes
Expectoração congestão nasal pouca
Cansaço moderado extremo
Dores musculares moderadas intensas
Ardor nos olhos leve intenso
Dor de garganta forte leve

12.4 AIDS
A AIDS (do inglês Acquired Immunodeficiency Syndrome), (ou Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida - SIDA) é uma doença do sistema imunitário causada pelo
retrovírus HIV (do inglês Human Immunodeficiency Virus). A AIDS vem se disseminando
rapidamente pelo mundo desde 1981.

Vírus da AIDS (HIV): A AIDS se caracteriza por astenia, perda de peso acentuadas e por uma
drástica diminuição no número de linfócitos T auxiliadores (CD4), justamente as células que
ativam os outros linfócitos que formam o exército de defesa do corpo. O organismo da pessoa
que possui o vírus HIV torna-se incapaz de produzir anticorpos em resposta aos antígenos
mais comuns que nele penetram. Com a imunidade debilitada pelo HIV, o organismo torna-se
susceptível a diversos microorganismos oportunistas ou a certos tipos raros de câncer
(sarcoma de Kaposi, linfoma cerebral). A pneumonia provocada pelo Pneumocystis carinii é a
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infecção oportunista mais comum, detectada em cerca de 57% dos casos. A toxoplasmose, a
criptococose e as afecções provocadas por citomegalovírus são outras infecções
freqüentemente encontradas nos indivíduos imunodeprimidos. As principais causas da morte
são infecções banais, contra as quais o organismo debilitado não consegue reagir.

Tratamento da AIDS: Apesar de ser uma doença que ainda não tem cura, existe tratamento
eficiente e que controla a doença. Pessoas portadoras do vírus HIV devem procurar ajuda
médica, tentar conhecer a doença e jamais perder a esperança, afinal, de 1981 até hoje, já se
passaram muitos anos, estamos num novo milênio e a medicina evolui a cada dia.

Diagnóstico: Uma pessoa pode saber se é ou não portadora do vírus da AIDS por meio de
exames que detectam a presença de anticorpos contra o vírus, ou que detectam a presença do
próprio vírus. Ser portador do vírus não significa que a pessoa desenvolverá necessariamente
a doença. O vírus permanece inativo por um tempo variável, no interior das células T
infectadas, e pode demorar até 10 anos para desencadear a moléstia.

Transmissão da doença:

A AIDS é transmitida através do contato sexual, da


transfusão de sangue contaminado, da mãe para o bebe durante a gravidez ou na amamentação
e ainda pela reutilização de seringas e agulhas entre os usuários de drogas injetáveis. Como
não há cura para a doença, seu combate deve ser feito através de medidas preventivas, tais
como o uso de preservativos (camisinhas), o controle de qualidade do sangue usado em
transfusões e o emprego de seringas e agulhas descartáveis.

13 AVALIAÇÃO E ATENDIMENTO INICIAL NO SUPORTE AVANÇADO DE VIDA

13.1 ABORDAGEM DA VÍTIMA NO ABCDE (Exame Primário)


A avaliação da vítima pode ser dividida em primária e secundária. É através dela que
vamos identificar as condições da vítima e poder eliminar ou minimizar os fatores causadores
de risco de vida.
Na abordagem de uma vítima, deve-se falar sempre com tranqüilidade e segurança,
observando seu estado de consciência (pergunte nome, endereço, data). Não faça nada além
do que o essencial para controlar a situação até a chegada do socorro especializado.
A primeira avaliação, chamada de avaliação primária, deve seguir alguns passos seqüenciais
e muito importantes.

VIA AÉREA E CONTROLE DE CERVICAL:


As vias aéreas devem ser rapidamente verificadas para assegurar que estão abertas e limpas
e que não existe perigo de obstrução. Se estiverem comprometidas, terão de ser abertas
usando métodos manuais (levantamento do queixo ou tração da mandíbula) e retirada de
sangue, secreções ou objetos (manuais ou através da aspiração). Se a vítima necessitar deve-se
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colocar equipamentos que facilitam o atendimento como as cânulas orofaríngeas ou


nasofaríngeas e quando houver a necessidade, deve-se proceder a entubação da vítima.
Controle da cervical: toda vítima traumatizada com um mecanismo significativo de trauma
deve-se suspeitar de lesão na medula espinhal, até que tenho sido excluída por exames
complementares. Portanto, quando permeabilizar a via aérea, a equipe do serviço de
emergência deve lembrar que existe a possibilidade de lesar a coluna cervical. Se a vítima
chegar sem colar cervical deve ser colocado imediatamente a fim de evitar o agravamento de
lesões neurológicas, provocando conseqüências graves à vítima. A equipe deve ter o máximo
de cuidado no manuseio e transporte deste vítima.

Abertura Via Aérea

Controle Cervical

VENTILAÇÃO/RESPIRAÇÃO
A boa respiração se apresenta sem ruídos, o tórax se expande e há boa ventilação. A vítima
só poderá falar se tiver ar nos pulmões, observar a qualidade da respiração:
- lenta ou rápida;
- superficial ou profunda;
- de ritmo regular ou irregular;
- tranqüila ou ruidosa.

A equipe mantém as vias aéreas abertas utilizando a técnica indicada para o caso, aproxima
sua face junto à boca e nariz da vítima e, num período de cinco a 10 segundos, observa: se o
tórax se eleva, tenta ouvir ruídos respiratórios, sentir o ar expirado, se a ventilação é eficaz e
se existem lesões abertas no tórax.
A ventilação pode ser administrada por cateteres ou via ambú e a quantidade de O2
administrado varia conforme a gravidade e patologia da vítima.
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CIRCULAÇÃO
Para avaliar a circulação, verifica-se a presença de pulso em grandes artérias por 10
segundos. Na avaliação primária recomenda-se a palpação da artéria carótida ou femoral, pela
facilidade de acesso.
Pulso:
a) PULSO CHEIO E REGULAR: sem alteração hemodinâmica
b) PULSO FINO E RÁPIDO: sinal de hipovolemia
c) PULSO IRREGULAR: sinal de alteração do débito cardíaco;
d) PULSO AUSENTE: sinal de choque necessita de ressuscitação imediata.

Avaliar se existe alterações da cor, umidade e temperatura da pele.


Cor da pele: a) paciente corado: não há hipovolemia;
b) paciente descorado (branco cinza) indica perda de 30% do volume circulante
total.
Para concluir a avaliação da circulação, a equipe inspeciona rapidamente todo o corpo da
vítima em busca de sinais externos evidentes de grandes perdas sanguíneas. Na presença de
hemorragia externa abundante, aplicam-se as manobras de contenção desse sangramento.
Deve ser puncionado 2 acessos venosos calibrosos (14,16,18) para infusão de fluidoterapia
aquecida e medicações.
. Monitorar: PRESSÃO ARTERIAL, FREQUÊNCIA CARDÍACA, FREQÜÊNCIA
REPIRATÓRIA, VOLUME URINÁRIO.

AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA
O exame neurológico deve ser feito avaliando: nível de consciência.
Habitualmente é classificado segundo a Escala de Coma de Glasgow que descreve a
resposta ocular, verbal e motora a estímulos verbais e dolorosos. Também utiliza-se o exame
pupilar que ajudará na identificação de possíveis lesões cerebrais.

Escala de coma de Glasgow: Escala que avalia o estado neurológico do paciente após trauma
crânio – encefálico.
Compreende três testes:
- visão;
- fala;
- habilidade motora.

Abertura Ocular
 Espontânea (4)
 Resposta à fala (3)
 Resposta à dor (2)
 Nenhuma (1)
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Resposta Verbal Escala verbal modificada (crianças)


 Orientado (5) Sorri, fixa e segue objetos (5)
 Confuso (4) Chora, mas consolável (4)
 Palavras inadequadas (3) Choro, irritabilidade (3)
 Sons incompreensíveis (2) Inquieto, agitado (2)
 Nenhuma (1) Nenhuma (1)

Resposta Motora
 Obedece aos comandos verbais (6)
 Localiza estímulo doloroso (5)
 Retirada (4)
 Decorticação ( adução e flexão das extremidades superiores e inferiores) (3)
 Descerebração ( extensão e rotação externa das extremidades superiores e pés) (2)
 Nenhuma (1)

Exame Pupilar: É realizada juntamente com a escala de glasgow para identificar se existe ou
não lesão neurológica. Verifique se a reação é idêntica em ambas. Se não existir contração
pupilar ou se esta for diferente de pupila para pupila, poderá indicar sofrimento do Sistema
Nervoso Central.
 Isocóricas: pupilas normais;
 Anisocóricas: tamanhos diferentes;
 Midriáticas: pupilas dilatadas;
 Mióticas: pupilas contraídas.

Mióticas

Midriáticas

Anisocóricas

ESPOSIÇÃO DAS VESTES


Procure expor as vestes da vítima em locais mais fáceis para o corte e
tomando o cuidado com a hipotemia. Evite exposição desnecessárias, evitando
constrangimentos.

AVALIAÇÃO PRIMÁRIA EM BEBÊS E CRIANÇAS


Os princípios básicos da avaliação primária em bebês (até um ano de idade) e crianças (de
um ano aos primeiros sinais de puberdade) são os mesmos adotados para adultos, todavia,
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com maior delicadeza na realização das manobras para abertura de vias aéreas e verificação
de pulso, assim como na avaliação do nível de consciência. O nível de consciência é
verificado por meio de estímulo tátil (toques leves) e verbal na escala modificada, chamando
o bebê ou a criança em voz alta, observando se ela balbucia palavras, chora ou emite gemido.
Para checar o pulso em crianças, a artéria recomendada para palpação é a carótida, e a artéria
braquial em bebês.

13.2 EXAME SECUNDÁRIO


É a avaliação da cabeça ao pés da vítima. A equipe deve completar o exame primário,
identificar e tratar lesões de risco de vida e iniciar a reanimação antes de começar o exame
secundário, ou seja, esta avaliação só será realizado quando a vítima estiver estável. Seu
objetivo é identificar lesões ou problemas que não foram identificados durante o exame
primário. Nesta abordagem, durante o exame céfalo-caudal é utilizadas técnicas de ver, ouvir
e sentir, aferição dos sinais vitais e história AMPLA da vítima.

14 CHOQUE
Distúrbio ameaçador à vida, caracterizado pelo insuficiente suprimento de sangue para os
tecidos e células do corpo.

IMPORTANTE: Reconhecer precocemente sua presença; Identificar a causa provável.


CLASSIFICAÇÃO: Choque Hipovolêmico; Choque Cardiogênico; Choque Neurogênico;
Choque Anafilático; Choque Séptico.

SINTOMAS ANTECEDEM CHOQUE: Inquietude; Ansiedade; Nâuseas; Sede intensa.

SINAIS E SINTOMAS GERAIS: Hipotermia; Cianose; Hipotensão; Taquicardia; Pulso fino;


Pele fria e pegajosa; Sudorese intensa; Palidez; Sede; Nâuseas e vômitos.

14.1 CHOQUE HIPOVOLÊMICO


Tipo mais comum. Caracterizado por um volume intravascular diminuído. Tem como
causa determinante a perda de sangue, plasma ou líquidos extracelulares. Perda de 1/5 volume
sanguineo (750 a 1.300 ml).

RISCO DE CHOQUE HIPOVOLÊMICO: Traumatismos; Grandes cirurgias; Vômito;


Diarréia; Poliúria; Hemorragia interna/externa; Queimaduras; Ascite e Peritonite.

Clínica:
Psiquismo: o doente em geral fica imóvel, apático, mas consciente. A apatia é precedida de
angústia e agitação.
Pele: fria, sobretudo nas extremidades, pálida, com turgor cutâneo diminuído.
Circulação: pulso rápido, fraco e irregular, filiforme e às vezes imperceptível. Hipotensão
sistólica e diastólica. Pressão venosa central (PVC) baixa, caracterizada pelo colapso das
veias, o que dificulta a sua punção.
Respiração: rápida, curta e irregular.
O aspecto hemodinâmico aos clássicos desse tipo de choque incluem taquicardia,
hipotensão, redução das pressões de enchimento cardíaco e vasoconstrição periférica,
midríase.

TRATAMENTO: Seu objetivo principal é a restauração do volume intravascular, redistribuir


o volume hídrico e corrigir a causa básica.
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 Tratamento da Causa Básica: Se o paciente estiver num processo de hemorragia, esta


deve ser interrompida o mais rápido possível, através do estancamento do
sangramento ou pode ser necessário uma cirurgia para estancar o sangramento
intenso/interno. Se a causa da hipovolêmia for diarréia ou vômito, devem ser
administrados medicamentos.
 Reposição Hídrica e Sanguínea: Devem ser instalados dois acessos intravenosos que
permitem a administração simultânea de líquidos e derivados do sangue, administrar:
 Ringer lactato e cloreto de sódio: são líquidos cristalóides, isotônicos, que se deslocam
livremente entre os compartimentos líquidos do corpo, não permanecendo no sistema
vascular.
 Colóides: albumina e dextran a 6 %. O dextran não é indicado se a causa do choque
hipovolêmico for hemorragia, pois ele interfere com a agregação plaquetária. E a
albumina, expande rapidamente o volume plasmático, porém depende de doadores
humanos.
 Derivados do sangue: só podem ser usados se a causa do choque for uma hemorragia.
A papa de hemácia é dada para melhorar a capacidade de transporte de oxigênio do
paciente e juntamente com outros líquidos que irão expandir o volume.
 Auto transfusão: coleta e retransfusão do próprio sangue do paciente, e pode ser
realizada quando o paciente está sangrando para dentro de uma cavidade fechada,
como tórax ou abdome.
 Redistribuição de líquidos: o posicionamento do paciente, corretamente, ajuda na
redistribuição hídrica (posição de Trendelemburg modificada - eleva-se as pernas do
paciente e o retorno venoso é favorecido pela gravidade.
 Medicamentos:
- Se a causa clássica da hipovolemia tiver sido desidratação serão prescritos medicamentos
como insulina que será administrada aos pacientes com desidratação secundária a
hiperglicemia, para diabetes insípidus, agentes anti-diarréicos para diarréia e anti-eméticos
para vômito.
- Caso a administração líquida falhar na reversão do choque, deve-se fazer uso dos mesmos
medicamentos dados no choque cardiogênico , porque o choque hipovolêmico ao não
revertido evolui para o choque cardiogênico.

14.2 CHOQUE CARDIOGÊNICO


Trata-se de perfusão e oxigenação inadequadas dos órgãos e tecidos, graças à falência da
bomba cardíaca por uma disfunção miocárdica. As causas são de etiologia coronáriana e não
coronárias.

Etiologia:
Infarto do miocárdio – causado por constrição arteriolar pulmonar ou sistêmica excessiva ou
contratilidade miocárdica prejudicada.
Falência miocárdica aguda.
Arritmias – sístoles ineficientes.
Eletrocussão – violenta descarga elétrica, causando paralisia ou contrações cardíacas
ineficientes.
Miocardites – aparecem vírus que comprometem a fibras cardíacas.
Hipóxia por insuficiência respiratória aguda de natureza clínica.
Hipóxia por lesões traumáticas sobre o aparelho respiratório.
Depressão dos centros nervosos ou circulatórios (ex.: AVC).
Acidose – baixo PH provoca depressão miocárdica.
Distúrbios eletrolíticos – ex.: hiperpotassemia.
Intoxicações ou envenenamento por produtos químicos ou drogas depressoras cardíacas.
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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Hipotensão arterial; Queda rápida e acentuada do índice


cardíaco( menor que 2,2 l/min/m² ); Oligúria; Sinais de estimulação simpatomimética:
taquicardia, vasoconstrição periférica com palidez, sudorese, extremidades frias;
Taquisfigmia; Hiperpnéia; Alteração no nível de consciência, com letargia, confusão e
sonolência; Dor anginosa e arritmias.

TRATAMENTO:Vai depender do agente etiológico. Quando ocorre por deficiência aguda do


enchimento cardíaco, por obstáculo mecânico (Ex.: embolia pulmonar), o tratamento deve ser
cirúrgico. Quando ocorre por comprometimento miocárdico (miocardite aguda, IAM) é
necessário monitorização hemodinâmica do paciente e uso de drogas.

Sedação – tratamento da dor: diazepam, meperidina;


Oxigênio;
Reposição de volume;
Correção das alterações hemodinâmicas, através do uso de :
Dopamina: liberar noradrenalinas nos nervos simpáticos terminais. Efeitos colaterais:
arritmias e taquicardia.
Dobutamina: aumenta a força contrátil do coração; causa discreta redução da resistência
periférica. Efeitos colaterais: taquicardia e arritmias (menos que a dopamina);
Associação de drogas inotrópicas e vasodilatadoras (ex.: soro em Revivam + soro com
nitroprussiato de sódio);
Agentes fibrinolíticos (ex.: estreptoquinase, nas primeiras 6 horas após instalação do infarto);
Bicarbonato de sódio: para correção da acidose metabólica;
Heparina: prevenção da coagulação intravascular disseminada e fenômenos
tromboembolíticos;
Isoproterenol: vasodilatação, aumentando freqüência cardíaca, contratilidade e débito
cardíaco.
Adrenalina: aumenta o débito cardíaco, promove vasodilatação periférica e aumentando a
freqüência e contratilidade cardíaca.
Amrinona: aumenta os níveis de Amp. Cíclico, inotropismo e débito cardíaco.
Balão intra – aórtico: facilita a perfusão coronária e reduz consumo de oxigênio pelo
miocárdio, utilizado com suporte hemodinâmico temporário.

14.3 CHOQUE NEUROGÊNICO


Esse tipo de choque é decorrente de uma lesão medular, levando à perda do tônus
simpático, interrompendo o estímulo vasomotor ocasionando intensa vasodilatação periférica
e, subsequente, uma diminuição do retorno venoso com queda do débito cardíaco. O choque
neurogênico pode ter um curso prolongado (lesão da medula espinhal) ou breve (síncope ou
desmaio).

CAUSAS: Lesão medula espinhal; Anestesia espinhal; Lesão sistema nervoso; Efeito de
medicamentos; Uso de drogas.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Pele seca e quente; Hipotensão;Bradicardia.

TRATAMENTO: Depende de sua causa. Envolve a restauração do tônus simpático, seja


através da estabilização da lesão da medula espinhal, seja no caso e anestesia espinhal,
posicionar o paciente corretamente.

14.4 CHOQUE ANAFILÁTICO


É uma reação alérgica intensa que ocorre minutos após a exposição a uma substância
causadora de alergia, chamada de alergeno.
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CAUSAS: Alimentos; Picadas e mordidas de insetos; Drogas medicamentosas; Drogas


anestésicas; Vacinas; Poeiras e substâncias presentes no ar (raro).

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Sensação de desmaio; Pulso rápido; Dificuldade


respiratória; Nâuseas e vômito; Dor epigástrica; Edema glote; Urticária; Palidez; Tonturas;
Confusão mental; Perda consciência; Parada cardiorespiratória.

TRATAMENTO: O tratamento do choque anafilático exige a remoção do agente causal (como


suspender a administração de antibióticos); administração de medicamentos que restauram o
tônus vascular e suporte emergencial das funções básicas da vida.
O tratamento medicamentoso inclui:
Adrenalina 1/1000 - via subcutânea - 1 ampola.
Aplica-se cerca de 0,3 a 0,4 ml de 15 em 15 minutos, podendo aplicar até 3 vezes em uma
hora. Em caso de emergência pode se utilizar seringa comum, mas normalmente se usa
seringa semelhante à da aplicação de insulina.
Ação: broncodilatadora e vasoconstritora. Antagonista fisiológico da histamina.
Anti- histamínico - via IM ou EV - 1 ampola.
Ação: antagonista competitivo da histamina.
Nome comercial: Fenergan ®.
Corticóide - via IM ou EV - 1 ampola.
Ação: estabiliza a membrana do mastócito impedindo a liberação da histamina.
Nome comercial: Decadronâ - dexametasona.
Se as paradas cardíaca e respiratórias forem iminentes ou já tiverem ocorrido deve ser
realizada a Ressucitação Cárdio - Rulmonar (RCP). A intubação endotraqueal ou
traqueotomia pode ser necessária para estabelecer uma via aérea. As linhas intravenosas
devem ser instaladas visando oferecer acesso para líquidos e medicamentos intravenosos.

14.5 CHOQUE SÉPTICO


O choque séptico é o tipo mais comum de choque distributivo. É causado por endotoxinas
bacterianas. Resulta da disseminação e expansão de uma infecção inicialmente localizada para
a corrente sangüínea.

Clínica/Fases: Hiperdinâmica ou "quente“: caracteriza-se por um débito cardíaco elevado com


vasodilatação. O paciente fica quente ou hipertérmico, com pele quente e avermelhada. As
freqüências cardíacas e respiratórias aumentam. O débito urinário pode aumentar ou
permanecer em níveis normais. As funções gastrointestinais podem estar comprometidas,
conforme se evidencia por náuseas, vômitos ou diarréia.

Hipodinâmica ou fria: caracteriza-se por um débito cardíaco reduzido com vasoconstrição,


traduzindo o esforço por parte de corpo de compensar a hipovolemia causada pela perda de
volume intravascular através do capilares. Hipotensão, pele fria e pálida. A temperatura pode
estar normal ou abaixo do normal. As freqüências cardíacas e respiratória permanecem
rápidas. O paciente não mais produz urina podendo ocorrer insuficiência de múltiplos órgãos.

TRATAMENTO: Envolve a identificação e a eliminação da causa da infecção. Consiste


também na observação e controle rigoroso dos níveis de consciência, respiração, pulso, cor da
pele e enchimento capilar, estado de hidratação. Diariamente deve ser medido a PVC, a PA,
temperatura, diurese, e balanço hídrico. Monitorização eletrocardiográfica contínua e da
pressão pulmonar. O prognóstico depende inteiramente do controle da infecção bacteriana,
não sendo vencida rapidamente, a probabilidade de mortalidade atinge de 80 a 100%.

15 HEMORRAGIAS
Sangramento ou hemorragia é o extravasamento do sangue dos vasos sangüíneos, através
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de uma ruptura de suas paredes. É condição perigosa e pode rapidamente levar a morte.

ETIOLOGIA

Inúmeras causas podem interferir na produção de uma hemorragia. Entre elas podemos citar:

- Fatores traumáticos (ferimentos contusos, perfurantes, dilacerantes); Anomalias


vasculares (aneurismas);
- Distúrbios de coagulação (plaquetopenia, hemofilia);
- Distúrbios circulatórios (hipertensão arterial);
- Alterações teciduais (úlceras, tumores).

TIPOS DE SANGRAMENTOS
Arterial: fluxo pulsátil, sangue vermelho claro e oxigenado;
Venoso: fluxo contínuo, vermelho escuro;
Capilar: fluxo é lento, o sangue escorre.

TIPOS

- Hemorragias externas: se produzem na superfície do corpo ou se exteriorizam logo após sua


ocorrência: epistaxe (sangramento nasal), metrorragia (sangramento genital feminino),
ferimentos corto-contusos;
- Hemorragias internas: se caracterizam por sangramento que se coleta numa cavidade natural
do
organismo, seja ela serosa (peritônio, pleura, pericárdio) ou um órgão oco (estômago, bexiga,
esôfago). Exemplos: hemopericárdio, hemotórax, hematêmese;
- Hemorragias sistêmicas: se caracterizam pelo sangramento em um ou mais sistemas do
organismo (sistema nervoso, aparelho digestório, aparelho respiratório, aparelho urinário,
aparelho reprodutor). Por exemplo: hemorragias por distúrbio de coagulação de sangue.

SINAIS E SINTOMAS

- Pele pálida, úmida e viscosa;


- Temperatura corporal abaixo do normal;
- Pulso rápido, fraco regular ou não;
- Pupilas dilatadas, reagindo lentamente à luz;
- Tonturas e desmaios;
- Sede, sensação de boca seca;
- Respiração rápida e profunda;
- Inquietação;
- Perda da consciência com parada respiratória;
- Pressão arterial baixa (sistólica menor que 90 mm/hg).

CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS

A classificação se baseia na percentagem do volume de sangue perdido e no exame clínico do


paciente. Alguns fatores devem ser considerados na determinação do choque hemorrágico, são
eles:

- Idade;
- Severidade do trauma, com especial atenção ao local anatômico;
- Tempo ocorrido entre o trauma e o primeiro atendimento;
- A terapia adotada de reposição volêmica no ambiente pré-hospitalar e hospitalar.
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Classe I: (perda de até 15% do volume sanguíneo). Nesta classe os sinais clínicos são poucos
evidentes. O paciente apresenta alteração mínima na freqüência cardíaca, hipotensão
leve e perfusão capilar pesquisada por pressão na unha, a resposta normal é o retorno da
cor em 2 segundos, tempo correspondente para o examinador dizer: "enchimento
capilar", em indivíduos saudáveis esta perda sangüínea não requer reposição;

Classe II : (perda de 15 a 30%). Para um adulto de 70 Kg, esta perda representa de 800 a
1500 mls de volume sangüíneo.

Sinais e sintomas:

Taquicardia, taquipnéia e hipotensão arterial.

Observar aspectos de alteração do padrão neurológico, como ansiedade, medo e hostilidade,


diminuição do volume urinário 20 a 30 ml por hora. A maior parte destes pacientes
podem exigir hemotransfusão, mas, inicialmente podem ser estabilizados com Ringer
Lactado aquecido.

Classe III: (perda de 30 a 40%) Corresponde a perda de aproximadamente 2000 mls em


adultos, o que pode ser muito grave, nestes casos a transfusão é fundamental para a
manutenção da vida do politraumatizado.

Classe IV: (perda acima de 40%) Representam risco de vida ao politraumatizado.


Sinais e sintomas:
Taquicardia, hipotensão arterial, bradicardia, volume urinário muito baixo ou ausente, pele fria e
sudorese. Indicação de transfusão e intervenção cirúrgica imediata.
Classe V: (perda de mais de 50%). Fase terminal com ausência de PA e pulsos periféricos,
inconsciência, palidez, sudorese, pele fria. Indicam transfusão imediata e intervenção cirúrgica.

ASSISTENCIA EMERGENCIAL

TÉCNICA DE COMPRESSÃO DIRETA SOBRE O FERIMENTO:


Controle a hemorragia fazendo uma compressão direta sobre a ferida que sangra com sua mão
(protegida por luva descartável), ou ainda, com a ajuda de um pano limpo ou gaze esterilizada,
para prevenir a infecção.

TÉCNICA DA ELEVAÇÃO DO PONTO DE SANGRAMENTO: Mantenha a região que


sangra em uma posição mais elevada que o resto do corpo, pois este procedimento contribuirá
para diminuir o fluxo de sangue circulante e, consequentemente, o sangramento.
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TÉCNICA DA COMPRESSÃO SOBRE OS PONTOS ARTERIAIS: Caso a hemorragia for


muito intensa e você não conseguir fazer parar a saída do sangue, tente controlar o
sangramento pressionando diretamente sobre as artérias principais que nutrem de sangue o
local lesionado.

Assistência de enfermagem compreende ainda:


 Acesso Venoso;
 Fluidoterapia;
 Exames sangue;
 Sinais vitais;
 Oxigenoterapia;
 Sondagens;
 Hemoterapia.

Torniquetes: técnica utilizada somente em casos extremos de amputação traumática de


membros.
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16 TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO (TCE)


São os traumas ou lesões no couro cabeludo e cérebro. Comuns em vítimas de acidentes.

Gravidade do TCE:
TCE GRAVE = escala de coma menor ou igual a 8;
TCE MODERADO = escala de coma entre 9 a 12;
TCE LEVE = escala de coma entre 13 a 15.

Sinais e Sintomas mais frequentes:


Hipertensão intracraniana; Alterações nível consciência; Perda memória; Hemiparesia; Torpor
e coma; Nâuseas e vômitos.

Manejo Clínico: Prevenir hipotensão; Tratamento rápido seguindo os princípios do Advanced


Trauma Life Support (ATLS).

Indicações de Entubação no TCE:


 Frequencia respiratória maior que 30 ou menor 10;
 Sat O2 abaixo de 70;
 Glasgow igual ou abaixo de 8;
 Convulsões;
 Pressão intracraniana elevada;
 Necessidade de sedativos;
 Trauma grave de outros órgãos.

Fármacos para intubação no TCE:


 Glasgow 3-8: etomidato, midazolan;
 Glasgow 9-12: etomidato, midazolan, propofol, tiopental;
 Glasgow 13-15: midazolan, propofol, tiopental.

Tipos de TCE:

16.1 CONCUSÃO: É a perda imediata da consciência no momento do trauma, mas


recuperável em 24 horas ou menos e sem seqüelas.
A concusão acompanha-se de amnésia retrógrada e pós-traumática, isto é, o paciente não se
recorda do trauma, dos momentos que o antecederam, nem de eventos imediatamente
posteriores. Ex., vítima de um acidente automobilístico não se lembra do acidente, nem de ter
saído de casa, ou de ser levado ao hospital.
Acompanhada de cefaléia, náuseas, vômitos, distúrbios visuais e da movimentação dos olhos.

16.2 CONTUSÃO CEREBRAL: Quando a violência da pancada é muito grande o cérebro


desloca-se dentro do crânio podendo provocar edema.
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Alteração do estado de consciência, irritabilidade, desorientação, vômitos,


bradicardia,hipertensão, bradpnéia.

16.3 FRATURAS DE CRÂNIO: É uma fratura ou ruptura dos ossos cranianos. Podem ocorrer
juntamente com lesões cefálicas. Embora o crânio seja forte e resistente e ofereça excelente
proteção para o cérebro, um impacto ou golpe grave pode resultar em fratura craniana e pode
estar acompanhado de lesão cefálica.
Tipos de fraturas:
 Uma fratura simples é uma ruptura no osso sem danos para a pele.
 Uma fratura linear do crânio é uma ruptura em um osso craniano que se assemelha a
uma linha estreita, sem estilhaços, afundamento ou distorção do osso.
 Uma fratura com afundamento é uma ruptura em um osso craniano (ou
"esmagamento" de uma porção do crânio) com afundamento do osso em direção ao
cérebro.
 Uma fratura composta envolve uma ruptura ou perda de pele e estilhaçamento do osso.

SINTOMATOLOGIA:

Sinal de Batle. Rinoliquorréia Equimose Periorbitária

16.4 HEMATOMAS

Hematoma subdural : É uma


coleção de sangue abaixo da
dura-máter, na superfície
cerebral, sendo o trauma sobre a
cabeça sua principal causa. A
compressão cerebral pela lenta
expansão do hematoma causa,
em pouco tempo sintomas, bem
como poderão aparecer após
alguns dias e que nor-malmente
são : vômitos, irritabilidade ,
cefaléia, alteração no nível de consciência, modificações sensitivas e alterações motoras.

Hematoma intracerebral: São acúmulos de sangue no interior do cérebro ou entre o cérebro


e o crânio. Ocorre como resultado do traumatismo ou pode progredir a partir de uma
contusão.
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Hematoma epidural : é a formação de uma coleção de sangue entre a dura-máter e o crânio.


Sua causa mais comum é o trauma direto sobre a cabeça, de modo especial nas fraturas de
crânio. O paciente perde a consciência podendo recuperá-la por algum tempo para em
seguida, outra vez mostrar-se inconsciente, agravando-se os sintomas e o quadro a medida que
o hematoma progride. A pupila do lado do hematoma se torna dilatada e deixa de responder à
luz.

OBSERVAÇÃO : Se os traumas forem lesões penetrantes e estiverem com objetos presos,


não removê-los em hipótese alguma, afim de evitar lesões secundárias .A remoção deverá ser
realizada no Centro Cirúrgico.

Assistência de Enfermagem : A equipe de enfermagem deve ser treinada com freqüência


para que esteja bem preparada para os atendimentos de pronto-socorro. Devem ser
estabelecidos os seguintes cuidados com a maior brevidade possível;
 Avaliação primária;
 Via áerea adequada;
 Estabilização cervical;
 Oxigenoterapia;
 Acesso venoso calibroso;
 Proteger ferimentos;
 Monitorar sinais vitais;
 Avaliar nível de consciência frequentemente;
 Avaliar tamanho das pupilas e resposta à luz;
 Realizar sondagem vesical e monitorar o débito urinário;
 Coletar amostras de sangue( hematócrito, tipagem sanguínea, provas cruzadas);
 Providenciar material para entubação SN.

17 TRAUMA RAQUIMEDULAR (TRM)

Anatomia e Fisiologia
A coluna vertebral, que protege a medula, é formada por várias vértebras e dividida por um
disco que amortece os impactos nas costas.
É dividida em quatro partes:
 Cervical - região do pescoço.
 Torácica - do pescoço à cintura.
 Lombar - abaixo da cintura.
 Sacral - abaixo da lombar.

Medula Espinhal: É a parte do nosso sistema nervoso central que transporta as informações do
cérebro ao resto do corpo e do corpo para o cérebro. É como um sistema de comunicação de
rede com dados indo e vindo instantaneamente com informações da sensibilidade,
movimento, controle do intestino e da bexiga, etc. Tem a espessura de um dedo, o
comprimento da base da cabeça até o cóccix dentro de uma espécie de tubo dentro da coluna
vertebral.
Denomina-se de trauma medular todo traumatismo que atinge a medula espinhal. A
localização mais comum é na parte medular mais baixa, ou seja, entre a C4 e T1 e é
frequentemente acompanhada de TCE. A lesão cervical pode ser causada por trauma direto ou
por desaceleração. Comumente acontece traumatismo também entre T11 e L1.

Lesões do Esqueleto:
 Fraturas por compressão de uma vértebra;
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 Fraturas que produzem pequenos fragmentos de osso que se alojam no canal espinhal;
 Subluxação: deslocamento parcial de uma vértebra;
 Laceração de ligamentos e músculos.

Choques:
Choque neurogênico:danificação do sistema nervoso autônomo, particularmente o sistema
nervoso simpático. Ruborização da pele, bradicardia.
Choque medular: É a perda de todas as funções neurológicas abaixo do nível da lesão
medular, o que representa interrupção fisiológica, e não anatômica, da medula espinhal.
Caracteriza-se por paraplegia flácida e ausência de atividade reflexa. A duração não costuma
ser superior a 48 horas, mas pode persistir várias semanas. O retorno de atividades reflexas
indicam o fim do choque medular.

Etiologia: Normalmente tem origem em acidentes automobilísticos ou desportivos,


traumatismos por arma de fogo ou arma branca, ou ainda por quedas, mergulhos.

Sinais e Sintomas Lesão Coluna:


 Dor pescoço ou nas costas;
 Dor ao mexer pescoço ou nas costas;
 Dor à palpação na região posterior do pescoço ou da linha mediana das costas;
 Deformidade na coluna;
 Paralisia, paresia, amortecimento ou formigamento nas pernas ou braços;
 Sinais e sintomas de choque neurogênico;
 Priapismo (masculino).

Atendimento: Imobilização:
 Posição neutra (supina);
 Manter a imobilização contínua da vítima como um todo, usando um colar rígido, uma
prancha, esparadrapos e ataduras (tirantes).

Atuação assistencial de Enfermagem :


 Evitar lesões secundárias;
 ATLS: A, B, C, D e E;
 Tratar hipotensão desencadeada pela perda do tônus simpático (choque
neurogênico) / hipoventilação (lesão do nervo frênico);
 Tratar hipotermia;
 Passar sonda nasogástrica e vesical;
Evitar TVP com heparina;
 Uso de Corticosteróides: 30mg/Kg de metilprednisolona IV na 1ª hora seguida
de 5,4mg/Kg nas próximas 23h.
 Sinais vitais;
 Acesso venoso calibroso;
 Oxigenoterapia;
 Atenção queixas paciente;
 Examinar cuidadosamente a coluna;
 Imobilização coluna;
 Exames complementares.

Erros mais comuns: Imobilização inadequada; Imobilização com a cabeça hiperestendida.

Tratamento: Principal objetivo é a preservação da anatomia e função da medula espinhal,


restauração do alinhamento e prevenção de complicações.
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Estabilização e Cirurgia: Imobilização externa a fraturas instáveis. São colocados 5Kg +


2Kg por vértebra até o ponto de luxação.
Indicações atuais à neurocirurgia: compressão extrínseca; hérnia de disco ou fragmento ósseo
comprimindo a medula; trauma aberto por FAB ou FAF.
Prognóstico: depende da lesão, do paciente, da equipe médica.

18 EMERGÊNCIAS DO SISTEMA TEGUMENTAR

18.1 FERIMENTOS
Ferimentos ou feridas são lesões que ocorrem na maioria dos traumatismos, com perda
da integridade dos tecidos orgânicos, produzindo uma solução de continuidade na pele.
São sempre uma ameaça pelo risco de sangramento e infecção.

CAUSAS
Biológicos: Mordeduras de animais.
Mecânicos: Variadas formas de impacto (atrito, fricção,
penetração) transferidos do meio ambiente ao corpo, podem
provocar ferimentos.

TIPOS

I ESCORIAÇÕES OU FERIDAS ABRASIVAS

Abrasão da pele contra uma superfície dura e áspera, "queimaduras por fricção".
Sangramento pequeno, presença de partículas de corpos estranhos (se em grandes áreas a dor
pode ser intensa).

II FERIDAS INCISAS

Causadas por objetos cortantes, arma branca, lâminas, vidro ou metal afiado. Causam
lesões de vasos e tecidos, deixam feridas de bordas lisas e com sangramento livre. Dor aguda,
lesões de nervos e tendões, sangramento intenso. Nos ferimentos por arma branca em tórax e
abdome existe o risco de lesão de órgãos cavitários e hemorragia interna.

III FERIDAS LACERANTES

Causadas por instrumentos grosseiros como pedras, máquinas ou explosões. Sangramento


variável, de acordo com a profundidade. Partes de pele ou de outros tecidos podem estar
parcial ou completamente arrancadas, podem conter corpos estranhos e no caso de máquinas,
partes do corpo podem ser esmagadas.

IV AMPUTAÇÃO

Ocorre sempre que uma parte do corpo é completamente arrancada ou cortada (membros
ou partes de membros, orelhas e nariz). O sangramento é intenso e pode levar ao choque.

V FERIDAS PUNCTÓRIAS

Ocorre a perfuração da pele e de tecidos subjacentes, causadas por unhas e dentes de


animais, armas de fogo, pregos, agulhas ou outros objetos pontiagudos, afiados ou não. Tem
abertura pequena na pele, mas pode ser profunda e muito séria, o objeto penetrante pode se
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partir, ficando um fragmento encravado nos tecidos profundos e também partes da roupa. As
consequências destas feridas são infecções pela dificuldade de limpeza, em função da
pequena abertura externa, e lesões de órgãos internos nas feridas produzidas por armas ou
objetos de grandes dimensões.

VI FERIDAS CONTUSAS

Causadas por impacto de um objeto rombudo de encontro ao corpo. O sangramento pode


ocorrer no momento do acontecido e continuar por várias horas. O edema no local é imediato
e pode perdurar por até 48 horas, há formação de hematoma (sangue coletado sob o
ferimento) e equimose (sangue que se infiltra entre os tecidos na forma de manchas).

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

 Restaurar a integridade da pele;


 Conter sangramentos;
 Assepsia local;
 Debridar tecidos desvitalizados;
 Realizar curativos e sutura;
 Antibioticoterapia;
 Profilaxia tétano.

18.2 ENTORSES
Lesões das estruturas ligamentares da articulação, por trauma direto, por puxão ou torsão.
Ocorre a separação momentânea das superfícies articulares.

CAUSAS
Pode estar relacionada diretamente a traumatismos, por excesso de uso ou torsão.

SINTOMATOLOGIA

 Dor intensa
 Inchaço

 Equimose

 Perda movimentação

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

- Aplicar frio no local, imediatamente após a lesão, para reduzir o edema e aliviar a dor;
- Elevar a área afetada para reduzir o edema;
- Utilizar muletas para manter a estabilidade e aumentar o apoio da
área afetada;
- Preparar material para imobilização;
- Tratamento da dor.
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18.3 LUXAÇÃO
É o deslocamento repentino e duradouro, parcial ou completo de um ou mais ossos de uma
articulação. Sucede quando uma força atua diretamente ou indiretamente numa articulação,
empurrando o osso para uma posição anormal.

CAUSAS

CONGÊNITAS: Presença por ocasião do nascimento, decorrente de defeito no


desenvolvimento do feto. A mais comum é a luxação congênita de quadril.

EXPONTÂNEAS OU PATOLÓGICAS: Decorrem de enfermidades articulares ou de


estruturas periarticulares.
TRAUMÁTICAS: Por acidentes, podem ocorrer: em quadril, ombros, cotovelos, joelhos ou
tornozelos.

SINAIS E SINTOMAS
Dor, alteração no contorno articular, alteração no comprimento da extremidade do
membro, perda da movimentação normal, alteração no eixo dos ossos deslocados, edema
precoce e palidez.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

- Manter o membro imobilizado;


- Proporcionar conforto ao paciente;
- Preparar o paciente para a redução da luxação;
- Preparar material para imobilização gessada.

18.4 DISTENSÃO

a)CONTUSÃO
É uma lesão de tecidos moles produzida pela força de uma pancada (soco. batida, queda).
Apresenta dor, equimose e hematoma.

b) DISTENSÃO
É uma laceração (estiramento ou ruptura) parcial ou total do músculo, tendão, ou de
ambos. O principal sintoma é a dor e a limitação de movimento.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

- Aplicação de frio no local, imediatamente após o trauma;


- Promover o repouso da parte afetada;
- Elevar o membro atingido;
- Aplicar calor, após 6 horas, para facilitar a absorção do hematoma.

18.5 FRATURAS
Fratura é a solução da continuidade do osso, que pode ou não lesar estruturas anatômicas
vizinhas, como articulações, vasos sangüíneos, nervos e órgãos. A intimidade do osso no
ponto de fratura é denominada foco de fratura.

CAUSAS

a)TRAUMA DIRETO
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Uma força é aplicada diretamente sobre o osso, através dos tecidos moles que o recobrem,
rompendo-o. Por exemplo: fraturas por projétil, pancadas violentas.

b)TRAUMA INDIRETO
Uma força é transmitida a um osso fraturando-o longe do local traumatizado, onde a força
foi aplicada diretamente. Por exemplo: fratura do osso da perna ao se torcer o pé, fratura de
vértebras lombares em queda de grande altura.

c)DOENÇA ÓSSEA
Alterações patológicas no osso, que o tornam enfraquecido e menos resistente ao uso
normal, são denominadas fraturas patológicas. Por exemplo: tumores ósseos, osteoporose, etc
...

d)ESTRESSE PROLONGADO SOBRE UMA ÁREA DO OSSO


Uso excessivo ou esforço indevido poderá causar fratura no osso sem deslocá-lo, sendo
necessário uma avaliação pelo grau da dor, ao sustentar um peso, e pela hipersensibilidade
local, exemplo: fratura em atleta sem condicionamento físico e/ou em fase de recuperação de
fratura anterior.

CLASSIFICAÇÃO

1) QUANTO À EXTENSÃO DA FRATURA


*Incompleta: O osso está fraturado, mas seus fragmentos permanecem interconectados.

*Completa: Quando existe separação de fato entre os fragmentos ósseos.

2) QUANTO À EXPOSIÇÃO DO FOCO DE FRATURA


*Fechada: O foco da fratura acha-se recoberto pelos tecidos adjacentes e a pele se encontra
íntegra.

*Aberta ou Exposta: A pele e os tecidos das partes moles perderam a integridade, e o foco de
fratura tem uma via de contato com o ambiente, o que aumenta o risco de complicações,
resultando em maior perda sangüínea, diminuição da taxa de cicatrização e aumento do risco
de infecção.
Enquanto que todas as fraturas se constituem em uma situação de urgência, a fratura
exposta configura uma situação de emergência.

MANIFESTAÇÕES CLINICAS

- Dor: contínua, aumenta com a mobilização dos fragmentos;


- Deformidade: pelo deslocamento de fragmentos ósseos;
- Encurtamento da Extremidade: por causa da contração dos músculos que são fixados acima
e abaixo do local da fratura. Os fragmentos ósseos podem provocar o encurtamento de 2,5
a 5 cm do membro fraturado;
- Crepitação: som provocado por atrito dos fragmentos ósseos (barulho de fogo crepitando);
- Edema: no local, provocado por hemorragia e pelo trauma;
- Descoloração da Pele: ocorre como resultado do trauma e hemorragia, que podem se
desenvolver por várias horas ou dias após a lesão.
Muitos destes sinais e sintomas podem não estar presentes, podendo ser encontrados somente
através de RX.
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TRATAMENTO

Metas do Tratamento da Fratura

-Restaurar os fragmentos da fratura para sua posição anatômica normal (redução);


-Manter a redução no lugar até que ocorra a cicatrização : mobilização);
-Promover a recuperação da função e força normal da parte afetada (reabilitação).

 Redução;
 Tração;
 Analgesia;
 Antibioticoterapia;
 Anticoagulante;
 Imobilização tala ou gesso;
 Controle perfusão membro afetado.

Métodos para alcançar a redução da fratura

A) Redução Fechada:
Redução fechada (incruenta) é feita através da manipulação e tração manual. O paciente é
anestesiado para alívio da dor e relaxamento muscular, é imobilizado com aparelho gessado .

B) Redução Aberta:
É feita através de abordagem cirúrgica, os fragmentos são aproximados e podem ser fixados
por pinos, fios, parafusos, pregos e hastes metálicas e imobilizados com aparelho gessado.

C) Tração:
Aplicação de uma força manual na extremidade do osso para redução, alinhamento e
imobilização da fratura.
Tipos de Tração:
-Tração Cutânea: aplicada à pele e as partes moles, portanto na indiretamente ao sistema
esquelético;

-Tração Esquelética: aplicada diretamente no esqueleto ósseo, feito através de um pino de


Steimann, fios de Kirschner e pesos. Deve se ter cuidado com o pino que deve ser enrolado
com gaze estéril e suas extremidades protegidas com rolha de cortiça, para proteger o
paciente e as pessoas que cuidam dele.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

PACIENTE COM TRAÇÃO

- A tração restringe a mobilidade e a independência da pessoa. O equipamento, com freqüência


aparece ameaçador e sua aplicação pode ser temida;
- O paciente pode se apresentar confuso, desorientado e ansioso, cabe a equipe de enfermagem
proporcionar-lhe conforto, orientação e apoio psicológico;
- Conversar com ele para reduzir a ansiedade, estimulá-lo ao auto cuidado e explicar a
importância da tração;
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- Visitas são importantes para reduzir o sentimento de isolamento, conversar com a família e os
amigos para que o visitem com mais freqüência;
- Proporcionar entretenimento dentro dos limites da tração;
- Manter a posição correta do paciente no leito, colchão confortável e higiene bem feita;
- Manter os lençóis secos e sem vincos;
- Toda queixa do paciente em tração deve ser investigada;
- Encorajar exercícios ativos de extremidades;
- Observar a pele que deve ser mantida íntegra e seca;
- Avaliar o paciente para sinais e sintomas de complicações.

PACIENTE PÓS-CIRURGIA ORTOPÉDICA


- Administrar medicamentos prescritos;
- Controlar sinais vitais, nível de consciência;
- Observar a circulação do membro afetado através do controle da perfusão tecidual,
temperatura local, dor, edema, coloração e mobilidade;
- Cuidados com a ferida operatória, mantendo a incisão limpa e seca;
- Trocar curativo sempre que necessário;
- Manter controle de ingestão e eliminações;
- Manter uma dieta balanceada, com proteínas adequadas e vitaminas, é necessário para
o tecido tornar-se saudável e para a cicatrização da ferida.

19 EMERGÊNCIAS NEUROLÓGICAS

19.1 CRISE CONVULSIVA


Contrações múltiplas, involuntárias e descoordenadas da musculatura, acompanhada, na
maioria das vezes, de perda da consciência.

Causas da convulsão: Epilepsia; Trauma; Tumores cerebrais; Febre elevada (crianças menores
de 6 anos); Doenças infecciosas; Outras.

Sintomatologia
Além das contrações, a vítima apresenta respiração ruidosa e forçada, dentes fortemente
cerrados e perda de saliva em forma de espuma.
Há relaxamento dos esfíncteres anal e uretral. Se a bexiga estiver repleta de urina ou o reto com
fezes, poderá ocorrer eliminação involuntária dessas secreções.

ATENÇÃO

 Evitar traumatismos associados; Desviar objetos; Proteger extremidades e Crânio.


 Tratamento
 Acesso venoso; Diazepam 10mg EV ou IM; Anticonvulsionantes EV ou IM; repetir se
necessário 1 ou2 vezes (estar atento para necessidade de assegurar a via aérea em caso
de depressão respiratória);
 Assegurar Oxigenação O2 por máscara ou cânula nasal, se consciente;
 Intubação traqueal se E.C. Glasgow ≤ 8 persistentemente;
 Evitar recorrência da convulsão;
 Avaliar e corrigir glicemia; Verificar e combater hipertermia; Observação detalhada
excluindo lesões associadas.

19.2 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC)


Existem dois mecanismos principais, responsáveis pelos AVCs:

Oclusão dos vasos sanguíneos, que conduz a isquémia neuronal e morte (85% dos casos)
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Rotura dos vasos sanguíneos, que conduz a hemorragia, trauma direto das células, efeito de
massa, aumento da pressão intracraniana e libertação de toxinas bioquímicas (15% dos casos).

Acidentes isquêmicos
São normalmente consequência de trombose dos grandes vasos, embora também possam ser
provocados por embolismo. As causas de trombose incluem a doença arterioesclerótica, as
vasculites, a dissecção, os estados de hipercoaguabilidade e as doenças infecciosas (sífilis). As
fontes mais comuns de êmbolos, nos acidentes por embolia, são o coração (vegetações
valvulares, trombos murais, êmbolos paradoxais, tumor cardíaco) e os grandes vasos.

Acidentes hemorrágicos
Têm uma mortalidade nos primeiros 30 dias de 30 a 50%, ocorrem numa população mais
jovem que os acidentes isquémicos e estão divididos em hemorragias intracerebrais (HIC) e
subaracnóides (HSA). Os fatores de risco para as HIC incluem hipertensão, idade avançada e
história de AVC prévia. Além disso, malformações vasculares e o uso de cocaína também
podem provocar HIC.

Tratamento Emergencial

VÍTIMA INCONSCIENTE
- Avaliação Primária;
- A vítima respira e tem pulso (ou sinais de circulação);
- Certifique-se de que não há trauma;
- Faça a Avaliação Secundária;
- Verifique a simetria na posição e contratura muscular dos braços, mãos, pernas e pés
comparando direitos com esquerdos (assimetria é forte indício de AVC);
- Oxigenoterapia;
- Fluidoterapia;
- HGT;
- Sinais vitais e monitorização;
- TC Crânio.

VÍTIMA CONSCIENTE
Pessoa queixa-se de:
- Repentina alteração da sensibilidade ou fraqueza na face, braços ou pernas, especialmente se
for só de um dos lados do corpo;
- Repentina confusão mental ou problemas para falar ou entender;
- Repentino problema da visão num ou ambos os olhos;
- Repentino problema para caminhar, vertigem, perda do equilíbrio ou da coordenação motora;
- Repentina dor de cabeça de causa desconhecida;
- Oxigenoterapia;
- Fluidoterapia.
- Sinais vitais e monitorização;
- TC crânio.

20 EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS
São quaisquer alterações nos pensamentos, sentimentos ou comportamentos para as quais se
faz necessário atendimento rápido por representar risco significativo para pacientes ou para
outras pessoas. O paciente pode estar em crise devido alguma doença física (como por exemplo,
hemorragia cerebral), secundária à substâncias (por exemplo álcool, cocaína), ou decorrente de
doença mental (mania, esquizofrenia).
Causas
o Abuso de álcool e abuso de drogas
o Abstinência (síndrome da falta) de álcool e de drogas
o Doenças psiquiátricas como mania e esquizofrenia
41
o Transtornos neurológicos (problemas em certas áreas do cérebro)
o Efeitos colaterais de alguma medicação
o Problemas clínicos (doenças físicas) tais como infecções, falta de oxigenação do
sangue, tumores, derrame, problemas nos rins e no fígado, deficiência de
vitaminas, traumatismos (lesões decorrentes de acidentes em geral),convulsões
ou efeitos cerebrais pós-cirurgias.

PROTEÇÃO EQUIPE SAÚDE FRENTE À UM PACIENTE PSIQUIÁTRICO:

- Tenha em mente que a violência é sempre um possibilidade;


- Tenha sempre portas abertas ao entrevistar o paciente;
- Fique dentro do campo de visão de demais colegas;
- Nunca chegue próximo demais ao paciente paranóico;
- Não faça cara ameaçadora para o paciente;
- Não desafie o paciente;
- Jamais lhe dê as costas;
- Não deixe a vista objetos que possam servir de arma ao apaciente.

PRINCIPAIS EMERGÊNCIAS

20.1 AGITAÇÃO DELIRANTE

- Ansiedade e agitação grave,


- Delírios de conteúdo megalomaníaco, que às vezes se acompanham de vivência alucinatória,
geralmente auditivas;
- Paciente está assustado;
- Angústia.

20.2 AGITAÇÃO MANÍACA


O quadro faz parte da Doença Afetiva Bipolar ( Psicose Maníaco Depressiva ).
-Humor eufórico, desinibido;
- Período de sono está bastante reduzido, com várias noites sem dormir ou dormindo poucas
horas por dia sem sinais aparentes de cansaço;
- Perda das inibições no campo da sexualidade e também projetos grandiosos com caráter
megalomaníaco e gastos econômicos excessivos, ou grande irritabilidade.

20.3 DEPRESSÃO MAIOR


- O humor está deprimido, freqüentemente o discurso é lento e não se conclui;
- Choro imotivado;
- Sentimentos de culpa;
- Anorexia, tendência a isolamento;
- Abandono das atividades diárias, inclusive dos cuidados de higiene. É freqüente ideação
deliróide de ruína, acompanhada de pensamentos de morte.

20.4 AGITAÇÃO PSICOMOTORA NÃO ESPECÍFICA


São os quadros mais variáveis, podem ser reacionais, determinados por circunstâncias
familiares, conjugais ou da vida profissional.
- Pensamentos e desejos inconscientes recalcados surgem na forma de sintomas, às vezes como
conversão motora, dissociação da consciência na forma de "desmaios" ou "síncopes“;
- Geralmente os sintomas surgem de forma teatral e exagerada ( não devem ser entendidos
como pura simulação ), outras vezes se manifestam como angústia difusa com reações
somáticas de taquicardia, dispnéia, mãos frias, tremores, insônia, tonteiras.

20.5 ESTUPOR CATATÔNICO


O quadro se caracteriza por intensa inibição motora. Freqüentemente a fala está
completamente bloqueada, o corpo pode estar rígido, indiferença ao ambiente é uma marca
42
típica do quadro.
Muitas vezes o paciente permite ser conduzido passivamente ou até com obediência
automática aos comandos. Mesmo não havendo exteriorização é um momento de intenso
sofrimento psíquico que se acompanha de vivências alucinatórias e delirantes intensas. A
expressão é de um olhar vazio no infinito.

20.6 PSICOSES ALCÓOLICAS


São intercorrências freqüentes nos alcoólatras crônicos.
- Rebaixamento de consciência;
- Pesadelos de terror, sendo comum ilusões visuais, tremores de extremidades, humor ansioso
com agitação por vezes grave, o paciente se torna assustado, com ideação persecutória;
- Crises convulsivas associadas;
Nas alucinoses alcoólicas as alucinações são auditivas;
- No Delírio de Ciúmes predominam os pensamentos de infidelidade em relação ao cônjuge,
sendo estes claramente infundados e não sendo possível perceber de onde saem as evidências.

MANEJO FARMACOLÓGICO

Antipsicóticos:clorpromazina (Amplictil), haloperidol (Haldol);


Benzodiazepínicos: Diazepan (Valium).

20.7 SUICÍDA
Causas: O comportamento suicida geralmente é decorrente da interação de vários fatores:
• Distúrbios mentais – principalmente a depressão e o consumo de drogas
• Fatores sociais – decepções, sentimento de perda e falta de apoio social
• Distúrbios da personalidade – impulsividade e agressividade
• Doença física incurável.

21 EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES

21.1 EQUIPAMENTOS E EXAMES:

Eletrocardiograma (ECG): Feito o registro da variação dos potenciais elétricos gerados pela
atividade elétrica do coração. O aparelho registra as alterações de potencial elétrico do corpo.
Estes potenciais são gerados a partir da despolarização (contração) e repolarização
(relaxamento) das células cardíacas. Estas ondas seguem um padrão rítmico.
Onda P: Corresponde a despolarização dos átrios.
Complexo QRS: Corresponde a despolarização ventricular. É maior que a onda P pois a massa
muscular dos ventrículos é maior que a dos átrios.
Onda T: Corresponde a repolarização ventricular. Normalmente é perpendicular e arredondada.

Cardioversor/Desfibrilador: Aparelho usado para tratar arritmias cardíacas , através de choques


elétricos aplicados na parede anterior do tórax (desfibrilação ou cardioversão elétrica). O
desfibrilador é constituído de duas pás, ligadas através de cabos , a um equipamento
que transforma a energia elétrica em choques , com intensidade regulável. A intensidade dos
choques é medida em Joules ( 100 J , 200 J ou 300 J ). As duas pás é que descarregam os
choques na parede anterior do tórax .
Cardioversão: aplicação de corrente elétrica para deter arritmias que tem no complexo QRS.
Voltagem varia de 25 a 400 J. Tecla sincronismo ligada. Pás com gel ou gaze soro. Pode ser
eletiva. Medidas de segurança.
Desfibrilação: Situação emergencial. Pás com gel ou gaze soro.Medidas de segurança. Iniciar
200J ou 300J. Desligar sincronismo.
43

DEA: Utilizado em parada cardiorrespiratória, tem como função identificar o ritmo cardíaco.
Efetua a leitura automática do ritmo cardíaco através de pás adesivas no tórax.
Tem o propósito de ser utilizado por público leigo, com recomendação que o operdor faça curso
de Suporte Básico em parada cardíaca. Descarga: 200 J e 360 J em adultos. Crianças, acima de
8 anos - 100 J.

LUCAS (compressor torácico): É um compressor mecânico que, acoplado ao tórax do paciente,


executa compressões ininterruptas. Este equipamento consiste em um pistão pneumático, com
uma ventosa em sua ponta, que comprime o peito do paciente contra uma bandeja, essa é
posicionada na parte posterior do paciente.

Enzimas: CPK: A creatinoquinase (CK), também conhecida como creatinofosfoquinase (CPK)


tem um papel chave no transporte de energia nas células musculares. Encontra-se em altas
quantidades nos músculos esqueléticos, no músculo cardíaco e cérebro. Quantidades mínimas
estão presentes no intestino e nos pulmões, porém não se encontra presente no fígado.
Valores normais: até 130 UI / ml em homens e até 110 UI / ml nas mulheres.
Valores aumentados: No infarto agudo do miocárdio, a CPK aumenta nas primeiras 2 a 6 horas,
após o início do episodio, e alcança valores máximos nas 18 a 24 horas subseqüentes.
CK-MB: É uma isoenzima da creatina fosfoquinase (CPK) que corresponde a enzima liberada
pelo músculo cardíaco. Esta enzima eleva-se quando ocorre isquemia em um determinada
região do músculo cardíaco.
O valor normal é até 15 Ul. Esse aumento de CKMB atinge o auge entre 12 e 24 horas, depois
regressa ao normal dentro de 48 a 72 horas.

21.2 DOR TORÁCICA (ANGINOSA): Dor, opressão, pressão ou desconforto no peito. Quando
se sente uma dor repentina no peito deve-se procurar socorro logo. Embora a dor no peito possa
ter muitas causas não relacionadas ao coração, qualquer desconforto novo ou não usual deve ser
avaliado por um médico. É uma dor repentina, que dura alguns poucos segundos, é comum em
pessoas saudáveis e não traz motivo para preocupação. A sensação de ter a respiração presa,
depois de uma inspiração profunda, também não é clinicamente importante e não necessita de
atenção. Importante observar outros fatores associados à dor no peito (localização exata, tipo de
dor, etc).

Causas comuns: angina; IM agudo (ataque cardíaco); hiperventilação; úlcera gástrica;


colecistite; ansiedade; pneumonia; tosse (principalmente se for a longo prazo); herpes zoster;
indigestão (azia, doença do refluxo gastroesofágico); Prolapso válvula mitral; trauma com lesão
torácica; asma.

Local sede da dor: Deve se precisar o local da dor mandando o paciente apontar o local. O
localdeterminado através de uma polpa digital, bem limitado a um único ponto é pouco
provável de se relacionar com cardiopatia, sendo mais provável uma origem osteo-muscular. A
dor cardíaca é geralmente indicada com a mão esfregando o peito, ou com o punho cerrado,
indicando uma região grande e imprecisa.

Início e duração: A dor típica da doença coronariana crônica é de inicio relacionado com
esforço, piorando de forma progressiva, durando cerca de 5 a 10 minutos. A dor prolongada,
maior que 30 minutos se for de origem cardíaca se relaciona com Infarto do Miocárdio. Dor
com horas de duração não é provável que seja de fato uma dor anginosa caso não se comprove
o IAM.

Fatores que acompanham: Sudorese; Extremidades frias; Palidez; Náuseas; Dispnéia.

Tratamento/Assistência Enfermagem: Depende agente etiológico.Sinais vitais; Monitorização;


ECG; Exames laboratoriais.
44
Tratamento Medicamentoso: Nitroglicerina:vasoativo. Reduz consumo moicárdico de oxigênio,
o que diminui a isquemia e alivia a dor. SL, alivia em 3 minutos.
Bloqueadores beta-adrenergicos: propanolol.
Antagonistas/Bloqueadores cálcio: nifedipina, verapamil, diltiazen.

21.3 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS): Pressão arterial é a força com a qual o
coração bombeia o sangue através dos vasos. É determinada pelo volume de sangue que sai do
coração e a resistência que ele encontra para circular no corpo. Ela pode ser modificada pela
variação do volume de sangue ou viscosidade (espessura) do sangue, da freqüência cardíaca
(batimentos cardíacos por minuto) e da elasticidade dos vasos. Os estímulos hormonais e
nervosos que regulam a resistência sangüínea sofrem a influência pessoal e ambiental.
Hipertensão arterial é a pressão arterial acima de 140x90 mmHg, em adultos com mais de 18
anos, medida em repouso de quinze minutos e confirmada em três vezes
consecutivas.Elevações ocasionais da pressão podem ocorrer com exercícios físicos,
nervosismo, preocupações, drogas, alimentos, fumo, álcool e café. A hipertensão arterial
sistêmica é uma doença crônica que, quando não tratada e controlada adequadamente, pode
levar a complicações que podem atingir outros órgãos e sistemas.
No sistema nervoso central podem ocorrer infartos, hemorragia e encefalopatia hipertensiva.
No coração, pode ocorrer cardiopatia isquêmica (angina), insuficiência cardíaca, aumento do
coração e, em alguns casos, morte súbita.
No sistema vascular, pode ocorrer entupimentos e obstruções das artérias carótidas,
aneurisma de aorta e doença vascular periférica dos membros inferiores.
No sistema visual, há retinopatia que reduz muito a visão dos pacientes.

Sintomatologia: Sensação de mal-estar; Ansiedade; Agitação; Cefaléia severa; Tontura;


Borramento da visão; Dor no peito; Tosse e Dispnéia.

Tratamento/Assistência enfermagem: Anti-hipertensivos; Diuréticos; Sinais Vitais; Atenção


hidratação venosa; Monitorização.

21.4 ARRITMIAS: Uma arritmia cardíaca caracteriza-se por qualquer anormalidade da


freqüência ou do ritmo do coração. Em geral, as arritmias cardíacas são classificadas de acordo
com sua origem como arritmias ventriculares (originárias nos ventrículos) ou arritmias
supraventriculares (originárias nas áreas do coração acima dos ventrículos, tipicamente nos
átrios). Elas também podem ser classificadas de acordo com seu efeito na freqüência do
coração, como a bradicardia que indica uma freqüência cardíaca de menos de 60 batidas por
minuto e taquicardia que indica uma freqüência cardíaca de mais de 100 batidas por minuto.

Tipos Arritmias: Bradicardia Sinusal: 40-60 bpm; Taquicardia Sinusal: 100-180 bpm; Flutter
atrial: 250-400 bpm; Fibrilação atrial: 350-600 pbm; Bloqueio atrio ventricular.

Tratamento: Cardioversão; Desfibrilação;Marcapasso; Drogas medicamentosas: propanolol;


atropina, adrenalina.

21.5 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: É um processo que pode levar à morte (necrose)
de parte do músculo cardíaco por falta de aporte adequado de nutrientes e oxigênio.
É causado pela redução do fluxo sangüíneo coronariano de magnitude e duração suficiente para
não ser compensado pelas reservas orgânicas.

Sintomas: Dor ou desconforto intenso retroesternal (atrás do osso esterno) que é muitas vezes
referida como aperto, opressão, peso ou queimação, podendo irradiar-se para pescoço,
mandíbula, membros superiores e dorso.Freqüentemente esses sintomas são acompanhados por
náuseas, vômitos, sudorese, palidez e sensação de morte iminente. A duração é
caracteristicamente superior a 20 minutos. Dor com as caraterísticas típicas, mas com duração
inferior a 20 minutos sugere angina do peito, onde ainda não ocorreu a morte do músculo
cardíaco.
45

Diagnóstico: Clínica; Eletrocardiográfica; Bioquímica (enzimas).

Tratamento: Obtenção dos sinais vitais;Oxigenação por cateter ou máscara,Obtenção de acesso


venoso,Monitorização do risco cardíaco e saturação de O2, Obtenção de ECG,
Tratamento medicamentoso: Vasodilatadores: nitroglicerina; Anticoagulantes: heparina;
Trombolíticos: estreptoquinase; Analgesia: morfina.

21.6 EDEMA AGUDO DE PULMÃO: É o acúmulo anormal de líquido nos tecidos dos
pulmões.

Causas: Infarto do miocárdio - é a causa mais comum ; Disfunção do músculo cardíaco;


Doenças das válvulas, aórtica ou pulmonar; Administração exagerada de líquidos, comum em
crianças ou pacientes que recebem líquidos (soros) em excesso pelas veias.

Sintomatologia: Dispnéia intensa; Sensação de asfixia; Sensação de morte iminente; Pele fria e
pegajosa; Cianose; Pulso fraco e rápido; Distensão julgular; Respiração ruidosa; Escarro
espumoso e sanguinolento.

Tratamento: Oxigenação; Morfina; Diuréticos (furosemida); Digitálicos; Aminofilina; Posição


elevada.

21.7 PARADA CARDIORESPIRATÓRIA (PCR): PCR é a interrupção da circulação


sangüínea que ocorre em conseqüência da interrupção súbita e inesperada dos batimentos
cardíacos ou da presença de batimentos cardíacos ineficazes. Após uma PCR o indivíduo perde
a consciência em cerca de 10 a 15 segundos devido à parada de circulação sangüínea
cerebral.Caso não haja retorno à circulação espontânea e o paciente não seja submetido a
ressuscitação cardiopulmonar, a lesão cerebral começa a ocorrer em cerca de 3 minutos e após
10 minutos de ausência de circulação as chances de ressuscitação são próximas a zero.

Tratamento para SAVC

A:bertura de via aérea: manter a patência da via aérea em pacientes inconscientes através da
manobra de inclinação da cabeça-elevação do queixo, da cânula orofaríngea ou da cânula
nasofaríngea.
Usar uma via aérea avançada, se necessário (tubo, combitube ou ML).

B:oa respiração: aplicar ventilações com bolsa-válva-mascara a cada 5 a 6 segundos – cerca de


10 a 12 ventilações por minuto (ventilações de resgate sem compressões torácicas).
Se um dispositivo de via aérea avançada for utilizado:
 Confirme o posicionamento do dispositivo através de um exame físico e de um
dispositivo de confirmação (oximetria, detector esofágico).
 Mantenha o dispositivo fixo para evitar seu deslocamento.

C:irculação: obter um acesso IV ou IO


 Fixar as derivações do ECG;
 Identificar e monitorizar arritmias;
 Administrar fluidos.

D:iagnóstico Diferencial: procure, encontre e trate as causas reversíveis e os fatores


contribuintes.

Conceitos Críticos
 No SAVC as compressões torácicas são contínuas, sem interrupções, salvo quando o
paciente retorna da PCR ou o médico responsável decide constatar o óbto.
46
 Ventilar o paciente uma vez a cada 5 ou 6 segundos ou 10 a 12 vezes por minuto.
Cuidado para não aplicar ventilação excessiva. A hiperventilação pode ser prejudicial,
pois aumenta a pressão intratorácica, reduz retorno venoso para o coração e diminui
débito cardíaco. Também pode aumentara insuflação gástrica e predispor o paciente a
vômitos e aspiração do conteúdo gástrico.

Complicações
As complicações mais freqüentes das massagens cardíacas, especialmente nos idosos, são:
- fraturas de costelas
- afundamento de tórax
- pneumotórax, hemotórax
- contusã cardíaca

22 EMERGÊENCIAS RESPIRATÓRIAS

22.1 INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA ( IRPA ): trata-se de síndrome caracterizada


na incapacidade do sistema respiratória efetuar adequada trocas gasosas, ou seja, captar
oxigênio e eliminar CO2 da corrente sanguínea.A insuficiência respiratória aguda é uma das
principais causas de internamento em unidade de terapia intensiva, sendo também responsável
pelo elevado período de internamento, apresentando mortalidade elevada.

CAUSAS NÃO-PULMONARES DE INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA


Depressão do sistema nervoso central:
por drogas ( opiáceos, barbitúricos, diazepínicos, etc );
acidentes vasculares cerebrais ( hemorragia e infarto );
traumatismo cranioencefálico;
tumores intracraneanos;
Doenças neuromusculares:
distrofias musculares;
esclerose múltiplas;
uso de drogas ( aminoglicosídios, curare, etc );
poliomielite;
Anomalias da parede torácica:
cifoscoliose;
instabilidade torácica pós traumática.
Doenças cardiovasculares agudas:
insuficiência ventricular esquerda;
shunts intracardíacos direita-esquerda;
embolia pulmonar.
Traumatismo:
edema pulmonar não-cardiogênico;
pulmão pós-traumático.
Septicemias.

DOENÇAS PRIMÁRIAS PULMONARES: que podem levar a insuficiência respiratória aguda:


Enfisema pulmonar; Asma brônquica; Fibroses intersticiais difusas. Grandes pneumotórax;
Derrames pleurais maciços; Pneumonias graves.

DIAGNÓSTICO: Como se trata de uma quadro extremamente grave e que esta pondo em risco
a vida do paciente o diagnóstico deve ser rápido, preciso e as medidas terapêuticas
normalmente requerem condutas rápidas e agressivas.
Sua expressão clínica mais importante é a dispnéia cujo surgimento, intensidade, rapidez e
evolução fornece dados valiosos para o diagnóstico e tratamento. Outros sinais e sintomas
devem ser levados em consideração, como por exemplo a cianose que é considerada importante
sinal de comprometimento respiratório. Diante de uma suspeita de IRpA devemos lançar mão
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de: história, exame físico, Rx de tórax e confirmar o diagnóstico através de uma gasometria
arterial (esclarece o diagnóstico assim como define o seu grau de insuficiência).

Sinais e sintomas mais freqüentemente observados:


SNC: Agitação, cefaléia, convulsões, tremores.
Respiração: Alterações de amplitude, ritmo, freqüência, padrão, apnéia, dispnéia.
Inspeção: Sudorese, cianose, uso de musculatura acessória.
Ausculta: Roncos, sibilos, estertores, ausência de murmúrio vesicular.
Hemodinâmica: Taquicardia, bradicardia, arritmias, hipertensão, hipotensão, parada cardíaca.

TRATAMENTO: As prioridades do tratamento são para a doença que ocasionou a insuficiência


respiratória aguda.
Em todos os casos, os elementos principais da terapêutica são: oxigenação adequada, vias
aéreas patentes, reposição hidroeletrolítica.

OXIGENAÇÃO ADEQUADA: Suplementação de oxigênio através de catéteres nasais,


máscaras ou aparelhos de ventilação por pressão positiva.

VIA AÉREA PATENTE: Intubação endotraqueal: pode ser necessária para a facilitação da
aspiração de secreções e permitir ventilação e oxigenação adequadas.
O tubo pode ser deixado cerca de 7 dias.

REPOSIÇÃO HIDRELETROLÍTICA: Feita quando a insuficiência respiratória aguda não é


causada por excesso de líquido nos pulmões.

ELIMINAÇÃO DO BRONCOSPASMO:
Aminofilina intravenosa – dose de ataque: 5,6 mg/kg lentamente, seguida de dose de
manutenção ( 0,9 mg/kg/h ).
Broncodilatadores aerossolizados – Salbutamol – fenoterol – terbutalina.
Corticosteróides: reservados para os pacientes com história de broncospasmo intermitente –
prednisona 1 mg/kg/dia VO ou – metilprednisona 20 a 10 mg EV a cada 6 ou 8 horas.

MOBILIZAÇÃO DE SECREÇÕES
Feita após a obtenção de via aérea prévia, utilizando-se nebulizações, estímulo da tosse e
agentes mucolíticos.

TRATAMENTO DA DOENÇA SUBJACENTE


Pretende corrigir as causas da insuficiência respiratória aguda.
Antibioticoterapia: utilizada em casos de pneumonia, bronquite crônica e na septicemia.
Estabilização da parede torácica após traumatismo.
Eliminação do depressor respiratório causador de insuficiência respiratória aguda na
intoxicação exógena.
Utilização de diuréticos , por vezes associados a agente osmótico, como a albumina, nos casos
de excesso de líquidos nos pulmões.
Drenagem do tórax nos casos de derrames pleurais extensos e de pneumotórax.

22.2 EMBOLIA PULMONAR: é a obstrução súbita de uma artéria pulmonar, geralmente


devido a um coágulo sanguíneo que viajou de uma veia da perna até o pulmão. Um coágulo
que se forma em uma parte do corpo e viaja pela corrente sangüínea até outra parte é chamado
de êmbolo.
É uma condição grave, que pode causar:
* Dano permanente ao pulmão devido à falta de fluxo sangüíneo no tecido pulmonar.
* Baixos níveis de oxigênio no sangue.
* Danos a outros órgãos do corpo por falta de oxigênio.
* Se o coágulo for muito grande, ou se houver vários coágulos, embolia pulmonar pode causar
morte.
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Sinais e sintomas da embolia pulmonar: incluem perda de fôlego sem explicação, dificuldade de
respirar, angina, tosse seca ou tosse com sangue, arritmias.
Em alguns casos, os únicos sinais e sintomas são aqueles relacionados à trombose venosa
profunda, os quais incluem: inchaço da perna ou ao longo da veia na perna, dor ou sensibilidade
na perna, sensação de calor na área da perna com inchaço ou sensibilidade, e pele vermelha ou
descolorada na perna afetada. Também é possível ter embolia pulmonar sem apresentar nenhum
sinal ou sintoma.

Tratamento da embolia pulmonar: Os objetivos principais do tratamento da embolia pulmonar


são:Impedir que o coágulo sanguíneo cresça; Impedir a formação de novos coágulos.
O tratamento da embolia pulmonar é iniciado com a administração de oxigênio e, quando
necessário, de analgésicos. Anticoagulantes como a heparina são prescritos com o objetivo de
evitar o aumento dos coágulos existentes ou a formação de novos coágulos. A heparina,
administrada pela via intravenosa para a obtenção de um efeito rápido, deve ter a sua dosagem
cuidadosamente regulada. Em seguida, é iniciada a administração da warfarina, que também
inibe a coagulação, mas demora mais para começar a atuar. Como ela pode ser administrada
pela via oral, a warfarina é adequada para o tratamento prolongado.
A heparina e a warfarina são administradas conjuntamente de cinco a sete dias, até os
exames de sangue demonstrarem que a warfarina já previne a formação de coágulos de modo
eficaz. A duração do tratamento anticoagulante depende do quadro do paciente. Se a embolia
pulmonar for causada por um fator predisponente temporário, como uma cirurgia, o tratamento
durará de dois a três meses. Se a causa for um problema de longa duração, o tratamento
normalmente dura de três a seis meses e, em alguns casos, ele deve ser prosseguido por um
período indeterminado. Enquanto estiver utilizando a warfarina, o paciente deve realizar
periodicamente um exame de sangue para determinar se a dose deve ser modificada. Os
indivíduos com risco de morte devido a uma embolia pulmonar podem ser beneficiados por
outras duas formas de tratamento: a terapia trombolítica e a cirurgia.
Os trombolíticos (drogas que dissolvem os coágulos), como a estreptocinase, a urocinase ou
o ativador do plasminogênio tissular, podem ser úteis.

23 TRAUMA TORÁCICO

 Principal causa de mortes;


 90% trauma fechados;
 70 a 80% trauma aberto.
 Avaliação despercebida:
- Hipóxia tecidual (- O2 sangue);
- Hipercarbia (+ Co2 sangue);
- Acidose (acúmulo acidos e – PH sangue).

 Tórax: contém órgãos nobres (coração, pulmões, grandes vasos.)


 Lesões potencialmente graves com comprometimento das funções vitais.
 Necessita de identificação rápida das lesões para tratamento adequado.

Avaliação Inicial
 Inspeção: 30”.Pescoço e tórax. Escoriações, laceração, distensão de veias
pescoço,enfisema subcutâneo, ferimentos abertos, assimetria/expansão tórax, cianose.

 Palpação: presença de pontos dolorosos, crepitação óssea, enfisema subcutâneo.

 Ausculta: presença ou ausência de murmuros vesiculares, volume inspirado e expirado,


assimetria fluxo de ar.

 Estudo de imagem e exames laboratoriais.


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23.1 FRATURAS MÚLTIPLAS DE COSTELAS


Também chamado de afundamento torácico. Estão associadas aos traumatismos mais graves
do tórax. Define-se como fraturas múltiplas a fratura de dois ou mais arcos costais em mais de
um local diferente.

 1 à 2 costela: mais grossas, largas e curtas. Estão protegidas pela escápula, clavícula e
musculatura. Laceração artéria ou veia.
 3 à 8 costela: mais fraturadas.
 9 à 12 costela: causam laceração em baço, fígado ou rim.

Clínica
 Depressão da região fraturada à inspiração e abaulamento à expiração;
 Crepitação nos arcos costais à respiração;
 Intensa dor.

Tratamento
 Alivio da dor;
 Imobilização braço contra costelas com tipóia;
 Oxigenoterapia se necessário.

ATENÇÃO: não usar ataduras, cintos, e fixação pois impedem o movimento torácico, limitam a
ventilação e levam o paciente à pneumonia e atelectasia.

23.2 TÓRAX INSTÁVEL


Geralmente causado por um impacto no esterno ou na parede lateral do tórax. Quando 2 ou
mais costelas são fraturadas em pelo menos 2 lugares diferentes. A costela fica instável pois o
osso perde seu suportee fixação à caixa torácica.

Clínica/ Tratamento
 Insuficiência respiratória;
 Aumento trabalho respiratório;
 Dor intensa;
 Hipóxia.

Tratamento: oxigenoterapia.

23.3 CONTUSÃO PULMONAR


É uma área do pulmão que foi traumatizada a ponto de ocorrer sangramento intersticial e
alveolar. Pode resultar de trauma fechado, aberto ou ambos.
Pode ser leve, moderado e grave.

Clínica/ Tratamento
Varia de acordo com a extensão da lesão.

23.4 INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA GRAVE


Quadro grave em que o paciente apresenta taquipnéia, taquicardia, hipoxemia, secreção
sanguinolenta.

Tratamento: oxigenoterapia, aspiração, diuréticos.

23.5 PNEUMOTÓRAX
Tipos
 Pneumotóráx Simples (ar espaço pleural);
 Pneumotórax Aberto ( ferimentos penetrantes produzem lesões abertas parede tórax);
 Pneumotórax Hipertensivo (ar entra e não consegue sair de dentro do espaço pleural).
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Clínica/ Tratamento

A) Pneumotórax Simples:
 Dor torácica;
 Diminuição ou ausência de murmuros vesiculares lado afetado tórax.

Tratamento: drenagem torácica.

B) Pneumotórax Aberto:
 Dor;
 Dispnéia;
 Ruído ou borbilhamento na ausculta.

Tratamento: curativo 3 pontas, drenagem torácica.

C) Pneumotórax Hipertensivo:
 Ansiedade extrema;
 Cianose;
 Taquipnéia;
 Diminuição ou ausencia murmuros lado afetado;
 Distenção julgular;
 Taquicardia, diminuição PA, enfisema subcutâneo.

Tratamento: drenagem torácica.

23.6 HEMOTÓRAX
É o acúmulo de sangue na cavidade pleural, é um problema relativamente comum e, na
maioria dos casos, está relacionado a traumas torácicos.

Clínica/ Tratamento
Hipovolêmia,
Ausência de sons.

Tratamento: reposição volêmica, drenagem de tórax e toracotomia.

23.7 CONTUSÃO CARDÍACA


Lesão cardíaca associada a trauma.

23.8 RUPTURA DE AORTA


Resulta de lesão por cisalhamento.

23.9 RUPTURA DE DIAFRAGMA


Com a compressão do abdome com muita força, o aumento da pressão intra-abdominal pode
ser suficiente para romper o diafragma e permitir que o conteúdo abdominal entre na cavidade
torácica.

Tratamento Emergencial
 Avaliação primária;
 Analgesia;
 Monitorização contínua;
 Oxigenoterapia;
 Fechamento de feridas;
 Toracocentese;
51
 Toracotomia;
 Drenagem pleural.

Toracotomia
É uma intervenção que consiste na abertura da parede torácica para observar os órgãos
internos, obter amostras de tecido para a sua análise e para o tratamento das doenças dos
pulmões, do coração ou das artérias principais.

Toracocentese
Punção pleural ou punção torácica é realizada para determinar a causa do acúmulo de
líquido, ou para aliviar os sintomas associados ao acúmulo de líquido.

Drenagem Torácica
É uma técnica cirúrgica na qual se insere um dreno na cavidade pleural ou mediastínica, o
qual é conectado a um sistema de drenagem. Serve para drenar líquido ou ar do espaço pleural,
mediastínico e cavidade torácica.

24 TRAUMA ABDOMINAL
Anatomia
O abdome é a região do corpo onde é mais difícil fazer um diagnóstico correto de lesões
traumáticas que necessitem de correção cirúrgica.
Contém os principais órgãos do sistema digestivo, endócrino, urogenital e os principais
vasos do sistema circulatório.

Trauma abdominal
 Desafio na avaliação inicial
 Circulação: pesquisa de fontes ocultas de sangramento (trauma contuso).
 Feridas penetrantes entre o mamilo e o períneo
 Sempre investigar:
 Mecanismo do trauma
 Força de lesão
 Localização
 Estado hemodinâmico

Anamnese
Acidentes automobilísticos:
 Velocidade do veículo
 Tipo de colisão
 Tipo de dispositivo de restrição
 Assento ocupado pela vítima

 Traumatismos penetrantes:
 Momento que ocorreu a agressão
 Tipo de arma
 Distância entre vítima e agressor
 Nº de golpes e sangue perdido na cena

Avaliação
 Deve ser baseado no mecanismo do trauma e nos achados de exame físico.
 Suspeitar de hemorragia interna quando: haver escoriações externas ou distenção
abdominal;
sinais e sintomas de choque hipovolêmico.
52
Realizar: inspeção, palpação e ausculta.

Atenção
 Avaliação de ferimentos penetrantes;
 Exploração local de ferimentos arma branca;
 Avaliação estabilidade pélvica;
 Exame do pênis, períneo e reto;
 Exame de vagina;
 Exame região glútea.
Inspeção
 O abdome deve ser exposto e examinado, deve-se proceder a inspeção tanto do abdome
anterior como do posterior, assim como períneo, procurando distensão, contusões (cinto de
segurança), abrasões, ferimentos penetrantes, eviscerações, empalamentos, sangramentos.

Palpação
 Pode mostrar defeitos na parede abdominal ou provocar dor na área palpada.Deve-se
evitar a palpação em áreas evidentes de lesão pois podem aumentar a hemorragia.

Ausculta
 Uzada para confirmar a presença ou ausência de ruidos hidroaéreos. A presença de
hemoperitônio ou de conteúdo gastrointestinal na cavidade pode produzir íleo paralítico.

Tipos de Trauma

24.1 TRAUMA ABERTO: É aquele no qual houve penetração do agente agressor na cavidade
peritoneal do paciente, e este agente exerce seus efeitos diretamente sobre as vísceras.
Tem solução de continuidade da pele , secundários a arma de fogo ou arma branca.

 Objetos encravados (empalamento);


 Evisceração.

24.2 TRAUMA FECHADO: É aquele no qual não há penetração do agente agressor na


cavidade peritoneal. Os efeitos do agente agressor são transmitidos pela parede abdominal,
ou se dão por contragolpe ou desaceleração.
Choque ou compressão contra anteparos: painel de carro,cinto de segurança
abdominal,volante de veículos,trauma em atividades desportivas,quedas de telhados.
Em crianças,comum em equipamentos de recreação(parques) e com bicicletas.

Sondagens
Sonda naso-gástrica: objetivo é aliviar uma possível dilatação do estômago, descomprimindo-
o antes do lavado peritonial.

 Cuidado: Na presença de fraturas graves da face e sempre que haja suspeita de fratura
de base de crânio, a sonde gástrica deve ser introduzida pela boca para evitar que
atravesse a placa crivosa e penetre no crânio.

Cateterismo vesical
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 Aliviar retenção de urina
 Descomprimir bexiga
 Avaliar perfusão tecidual

 Cuidado: fratura do anel pélvico, sangue no meato uretral, hematoma escrotal e


deslocamento prostático. Realizar uretrografia para confirmar integridade uretral

Exames Complementares
 Coleta sangue e urina;
 Exames radiológicos;
 Exames específicos ( uretrografia, cistografia, urografia excretora, exames
gastrointestinais);
 Ultra-som;
 Tomografia.
 Lavado Peritonial Diagnóstico (LPD);
 Laparotomia.
Tratamento Emergencial
 Reestabelecer as funções vitais;
 Delinear o mecanismo do trauma;
 Proceder exame clínico inicial meticuloso;
 Exames de diagnóstico;
 Encaminhar cirurgia.

25 EMERGÊNCIAS GASTROINTENSTINAIS

25.1 DOR ABDOMINAL AGUDA: Queixa comum no serviço de emergência.É um sintoma de


várias doenças.Sintomas associados mais comuns são: febre, vomito, diarréia, disúria e
sangramentos.
Localização Dor
Pode ocorrer em qualquer parte do abdome, que é a região do corpo limitada, superiormente,
pelo tórax (região dos pulmões e coração) e inferiormente pela pelve (região contida pelos
ossos da bacia).
Grande número de órgãos e estruturas que podem sediar a dor. São eles: estômago, intestino
delgado, intestino grosso (cólon), fígado, pâncreas, vesícula biliar, baço, rins, músculos e
ligamentos. Além destes, as dores sentidas como na barriga, podem ter origem na bexiga,
órgãos genitais e sistema circulatório (principalmente artérias).

A queimação, a ardência e a dor tipo “sensação de fome” localizadas na boca do estômago,


com ou sem azia, estão muito associadas a doenças do esôfago, do estômago ou do duodeno,
como: Esofagite de Refluxo, Gastrite Aguda e Úlcera Péptica, entre outras.
Doenças do coração: angina do peito e infarto do miocárdio, com alguma freqüência, podem
manifestar-se por dor na área superior e central do abdome.

Dores localizadas no quadrante superior direito e logo abaixo das últimas costelas deste lado
relacionam-se, muitas vezes, ao fígado ou à vesícula biliar.
Dores do tipo cólica, que aumentam rapidamente de intensidade, seguidas de alívio progressivo
até que outro episódio ocorra, podem estar relacionadas a cálculos na vesícula ou nos canais
biliares.
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Dor moderada, mas duradoura, nesta mesma zona, associada à falta de vontade de comer,
náusea, icterícia, forte escurecimento da urina e branqueamento das fezes são, muitas vezes,
causadas por hepatites.
Pneumonias que atingem a parte inferior do pulmão direito podem ser responsáveis por dor
nessa região.

Dor em cólica, no meio da barriga, associada à diarréia, com ou sem vômitos, muitas vezes,
é causada por gastrenterites, sejam alimentares (intoxicações) ou infecciosas.
Episódios de dor abdominal, não bem localizada, intensa, num período seguinte e próximo às
refeições, particularmente em idosos ou pessoas com doença circulatória, podem ser causados
por deficiente irrigação sanguínea (isquemia) intestinal, necessitando de avaliação médica
urgente.

Dor localizada na porção inferior direita do abdome que piora com o tempo, tornando-se,
muitas vezes, intensa e associada à febre é característica da Apendicite Aguda.
Em mulheres, é necessário diferenciar essa dor daquela causada por doenças ginecológicas,
como gravidez ectópica ou torção de ovário direito.

A diverticulite freqüentemente com febre: dor na parte inferior esquerda do abdome, pois ali
passa o cólon sigmóide (porção do intestino grosso antes do reto), local onde há maior
ocorrência dos divertículos. Nessa mesma região, algumas pessoas com constipação (intestino
trancado ou preguiçoso), queixam-se de dor.
As doenças dos órgãos ginecológicos esquerdos também causam dor nesta região.

Dores na porção superior do abdome com irradiação para as costas, podem ser relacionadas
a pancreatites agudas. História de consumo freqüente ou excessivo de bebida alcoólica, de
cálculos na vesícula biliar ou de episódios dolorosos semelhantes, tornam essas hipóteses
diagnósticas bastante prováveis.

Na porção média e posterior do abdome, situam-se os rins. Dor na região lombar, em geral,
de um lado só, e que se irradia para frente, associada à ardência para urinar, sugere o
diagnóstico de cálculo das vias urinárias associada ou não à infecção urinária, que pode
alcançar o rim.

A dor localizada ou difusa e a distensão abdominal associada a um aumento da freqüência de


evacuações e alteração na consistência das fezes (diarréia ou constipação) podem ser
manifestações da Síndrome do Intestino Irritável.

Exame Físico: Intensidade; Localização; Freqüência; Irradiação; Duração e tipo; Sinais e


sintomas associados; Fatores de exacerbação ou de melhora.

Exame Físico do abdome


Inspeção:Assimetria; Pele; Percussão.
Palpação: Superficial e Profunda: Tumoraçõese Órgãos:
Forma
Consistência
Sensibilidade
Pulsatilidade

Exame Físico: Sinal de Blumberg; Sinal de Giordano.

Exames Complementares: Exames Laboratoriais; Exames radiológicos e endoscópicos

Diagnóstico: História Clinica; Exame Físico; Avaliação Laboratorial; Exame Radiológicos


Endoscopia.
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25.2 HEMORRAGIA GASTROINTESTINAL: A hemorragia pode ocorrer em qualquer ponto


do trato digestivo (gastrointestinal), da boca ao ânus. Ela pode manifestar-se como a presença
de sangue nas fezes ou no vômito, ou pode ser oculta, apenas detectada por meio de exames. A
hemorragia em qualquer parte do trato digestivo pode ser agravada se o indivíduo apresentar
também um distúrbio da coagulação.

Sintomatologia: Hematêmese (vômito de sangue), Melena (fezes pretas negras, semelhantes ao


alcatrão). A melena comumente é devida a uma hemorragia digestiva alta (p. Ex., do estômago
ou do duodeno). A coloração escura do vômito é devida à exposição do sangue ao suco gástrico
e à digestão bacteriana por várias horas antes de ele ser eliminado do organismo.
Aproximadamente 60 ml de sangue podem produzir melena. Hematoquezia (eliminação de
sangue visível através do reto).

Diagnóstico: Clínica; Hematócrito: diminuído; A causa do sangramento é determinada, na


grande maioria das vezes, por endoscopia, seja a do trato digestivo alto (da boca ao jejuno) ou
baixo (ânus e intestino grosso).
Outros exames, como a angiografia (radiografia com artérias contrastadas) e a cintilografia
(registrando o trajeto de glóbulos vermelhos marcados com substância radioativa), são
utilizados na tentativa de descobrir um local de sangramento visualizável nas endoscopias.

Tratamento: Sangramentos pequenos, sem outros sintomas, podem ser vistos


ambulatorialmente, com consulta marcada. Já hemorragias maiores necessitam atendimento
médico de urgência, pois, além de causarem muito mal-estar, podem representar grave risco de
vida. Casos graves necessitam reposição endovenosa de líquidos e de sangue. Muitas vezes, é
necessária a endoscopia de urgência para tentar interromper o sangramento, o que pode ser
alcançado pela esclerose ou ligadura do vaso sangrante.

Condutas Emergenciais: Acesso Venoso; Fluidoterapia e Sangue; Sondagem Nasogástrica;


Sondagem vesical.

25.3 ENVENENAMENTO: Medicamentos, plantas, produtos químicos e substâncias


corrosivas são os principais causadores de envenenamentos ou intoxicações.

Suspeita de Envenenamento: Vestígios de substâncias tóxicas, químicas ou naturais na boca ou


na pele da vítima, indicando que ela tenha mastigado, engolido, aspirado ou entrado em contato
com tais substâncias; Hálito diferente; Coloração dos lábios e do interior da boca alteradas;
Respiração fraca; Temperatura baixa; Dor ou queimação na boca, garganta ou estômago;
Confusão mental, sonolência ou mesmo inconsciência; Estado de coma, alucinações e delírios;
Diminuição ou retenção do fluxo urinário; Hemorragias; Lesões na pele, vermelhidão ou
queimaduras; Enjôos, vômitos, muito suor, salivação e convulsões.

Tipos de Envenenamento: Ingeridos, aspirados e absorvidos pela pele.

A) Ingeridos: Os causadores mais comuns são os medicamentos, produtos tóxicos (material de


limpeza, gasolina, tinta, soda...), produtos alimentares.
Clínica: Vômitos, diarréia, dores abdominais, dificuldade de respirar,
suor e até perda de consciência. É comum encontrar queimaduras em volta de boca ou na
língua. Sempre se encontra a embalagem do produto próxima da vítima.

B) Venenos Aspirados: É a aspiração. Ex. gás de cozinha. Além dele, outros produtos
domésticos, vapores químicos, fumaças e gases industriais.
Os sintomas mais comuns são: tontura, dificuldade de respirar, dor de cabeça, palidez ou
cianose e até perda de consciência. Podem ocorrer também vômito e diarréia.
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C) Venenos Absorvidos pela Pele: Muitos venenos podem ser absorvidos pela pele, por isso a
necessidade de equipamentos de segurança quando trabalhar com agrotóxicos.

Tratamento das intoxicações: Em primeiro lugar, a preocupação deve ser com a


MANUTENÇÃO DAS FUNÇÕES VITAIS, proceder as técnicas do Suporte Avançado de Vida,
tendo em vista a estabilização do paciente:
- Desobstrução de vias aéreas, aspiração de secreções, retirada de corpos estranhose outras
medidas se necessárias.
- Manutenção da respiração, ventilação e entubação (se necessário)
- Manutenção da circulação, promovendo a estabilização hemodinâmica, obter acessos venosos,
coletando sangue para exames laboratoriais de rotina e específicos.
- Monitorização.
É de fundamental importância a OBTENÇÃO DA HISTÓRIA CLÍNICA, a idade e sexo, o
conhecimento da substância causadora da intoxicação (embalagens e vidros vazios próximos,
substâncias, medicações no local, atividade profissional, uso de drogas), quantidade, há quanto
tempo, via de exposição, avaliação do estado geral (estado neurológico especialmente)
condição física e psíquica, primeiras medidas que foram tomadas.
Em seguida, a DESCONTAMINAÇÃO, com o objetivo de diminuir a absorção, aumentar a
eliminação. A emese pode ser realizada no local, ser utilizada para remoção de grandes
partículas.Está CONTRA-INDICADA na ingestão de produtos corrosivos (ácidos, amoníaco,
soda cáustica), quando o paciente estiver comatoso, pelo risco de broncoaspiração de conteúdo
gástrico. Também não deve ser estimulada quando da ingestão de estimuladores do sistema
nervoso central, podendo precipitar convulsões. Os destilados de petróleo, podem causar
pneumonite química se aspirado, podem haver grandes complicações se induzida em crianças
menores de 1 ano de idade.

Lavagem gástrica: A lavagem gástrica é realizada através da inserção de uma sonda naso-
gástrica calibrosa e introdução de solução (soro fisiológico 0,9%) até retorno límpido. Pode-se
enviar o conteúdo gástrico para análise. É largamente utilizado a adsorção química, através do
carvão ativado que interrompe a circulação êntero-hepática das drogas e intensifica a
velocidade de difusão da substância química do corpo para o trato gastro-intestinal. Pode causar
uma redução da motilidade intestinal. Logo após utiliza-se um catártico osmótico (sulfato de
sódio, sorbitol) que minimiza a absorção acelerando a passagem do tóxico pelo organismo.

25.4 OBSTRUÇÃO INTESTINAL: É um bloqueio parcial ou completo que resulta na


impossibilidade da passagem do bolo fecal pelo intestino.

Causas: Obstrução Mecânica: Ocorre devido ao bloqueio físico do movimento de material


através do intestino. Podem incluir: hérnias; aderências pós-operatórias ou tecido cicatricial;
fezes compactadas, cálculos; tumor; processos granulomatosos (crescimento anormal do
tecido); corpos estranhos.
Funcional: Quando a musculatura do intestino é incapaz de impulsionar o conteúdo ao longo do
intestino.Distrofia muscular, disfunções endócrinas, disfunções neurológicas.
Pode ser também temporário como a manipulação durante cirurgia.

Sintomatologia: Distensão abdominal; Parada de eliminação de gases e fezes; Dor abdominal;


Náuseas e vômitos; Depleção do volume intravascular; Distúrbios eletrolíticos

Diagnóstico: Laboratório; Imagem; Rotina de abdome agudo; TC de abdome

Manejo das obstruções: Reposição volêmica; Correção dos distúrbios eletrolíticos; Cateter
nasogástrico; Antibioticoterapia; Cirurgia para correção.

26 EMERGÊNCIAS UROLÓGICAS
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26.1CÓLICA RENAL: É uma das urgências urológicas mais freqüentes.A cólica renal é
resultado de obstrução aguda do ureter em qualquer de suas porções, desde a junção uretero-
piélica até o meato ureteral. A obstrução à drenagem ureteral causa imediata elevação da
pressão intraluminar da pelve, com consequente dilatação aguda e dor.

Sintomatologia: Dor lombar em cólica, muito intensa, com irradiação ântero-inferior que pode
atingir o hipogástrio ou os genitais. Estas características, podem variar de acordo com a posição
da obstrução, sendo mais comuns naquelas do terço proximal do ureter.
Quando a interrupção ao fluxo urinário ocorre no terço distal, a cólica pode iniciar-se na
fossa ilíaca ipsilateral e irradiar-se no sentido ântero-inferior e/ou póstero-superior, e provocar
sintomas irritativos vesicais como disúria, polaciúria e sensação de resíduo pós-miccional. Uma
característica marcante da cólica ureteral é a grande intensidade da dor e a falta de fatores de
melhora ou piora. Apesar de intermitente, os ciclos de dor não respeitam um padrão de
aparecimento, sendo geralmente inesperados, deixando os pacientes agitados e irritados.
Náuseas e vômitos. Num grande número de pacientes também podem ser observados sintomas
de descarga adrenérgica como palidez cutânea, sudorese e taquicardia.

Diagnóstico: Exame físico; Ultrassonografia; Exame sangue; Tomografia.

Tratamento: Alívio imediato da dor. Desobstrução urinária, e remoção do agente causador.


A utilização de antiespasmódicos e analgésicos à base de hioscina e dipirona, por via
endovenosa.A associação de antiinflamatórios pela via intramuscular, pode colaborar no
controle da dor, e manter um efeito analgésico mais duradouro.

26.2 RETENÇÃO URINÁRIA: É um problema de esvaziamento da bexiga causado por


diferentes condições. Pode ser causada por obstrução do sistema urinário, por estresse, ou por
problemas neurológicos.

Sintomatologia/Tratamento
Produz dor e desconforto.
O tratamento da retenção urinária depende da causa. Numa situação de urgência há necessidade
de se a sondagem vesical para esvaziar a bexiga e aliviar a dor.

27 ACIDENTES OFÍDICOSOS

Animais peçonhentos podem queimar, picar ou injetar veneno. São as cobras, lagartas,
águas-vivas, abelhas, aranhas e os escorpiões. CIT/SC à sua disposição:(0800-643-5252).

SERPENTES PEÇONHENTAS
Características:

Olhos: pequenos;

Dentes: veneno localizado na região anterior do maxilar superior;

Fosseta loreal/lacrimal: possui.

Cabeça: triangular com escamas;

Parte superior do corpo recoberta escamas sem brilho (forma casca arroz);

No local da picada apresenta-se um ou dois ferimentos puntiformes;

Cauda: curta e afinada.

SERPENTES NÃO PEÇONHENTAS


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Tem hábitos diurnos, vivem em todos ambientes, principalmente perto de coleções líquidas;

Nas picadas apresentam vários ferimentos puntiformes, delicados e enfileirados;

Cabeça: arredondada;

Olhos: grandes;

Não apresenta fosseta;

Dentes: pequenos e + ou – iguais.

CLASSIFICAÇÃO

2.500 espécies de serpentes, destas 250 são conhecidas no Brasil.

Classificadas como:

2 grupos: crotalíneos (jararaca, surucucu e cascavel) e elapíneos (coral);

4 gêneros: bothrops, crotalus,lachesis e micrurus.

Ações dos Venenos das Cobras: Coagulante; Nefrotóxica; Neurotóxica; Hemorrágica;


Proteolítica; Hemolítica; Miotóxica; Necrosante.

Jararaca: Pode alcançar mais de 1 metro de comprimento.Vive em Campos, bosques e


sobretudo campos cultivados, onde existe grande número de roedores, que constituem sua
alimentação

Diagnóstico do Acidente Jararaca: Depende da quantidade de veneno inoculada, da precocidade


e da qualidade do atendimento médico. Dor progressiva no local da picada; Edema; Bolhas;
Sinais flogísticos.

Complicações: Abscesso no local da picada; Necrose ou Gangrena; Fenômenos Hemorrágicos;


Trombose Venosa Profunda (TVP). No acidente grave pode ocorrer coagulação intravascular
disseminada (CID): coagulopatia de consumo e fibrinólise secundária. O mecanismo
fisiopatológico da CID explica, assim, a presença de fenômenos paradoxais: coagulação e
hemorragia, nesse tipo de acidente botrópico.

Soroterapia

CASOS LEVES = 4 ampolas de Soro Antibotrópico EV;

CASOS MEDIANOS= 8 ampolas, EV;

CASOS GRAVES = 12 ampolas EV.

Os soros devem ser conservados em geladeira, na temperatura de 2 a 8ºC. Sua validade é de


3 anos.

Não existe dose pediátrica no tratamento de um picado por cobra. O que deve ser
neutralizado é a quantidade de veneno inoculada, independentemente do peso ou da idade do
paciente.
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A soroterapia tem que ser especifica. Soro anticrotálico não especifica tem nenhuma
validade no acidente botrópico, e vive-versa. Quando se usa o soro antiofídico (mistura de
antibotrópico com anticrotálico) a dose tem que ser dupla ou tripla.

CONDUTAS IMEDIATAS

Diagnóstico Etiológico

Soroterapia Específica

Hidratação Endovenosa ( Soro Glicosado ou Fisiológico)

Colher Sangue para Exames Complementares

Limpeza Rigorosa do Ferimento

No caso de ferimento contaminado, Antibióticos

Monitorar Sinais Vitais, Diurese, Controle da dor

Ter sempre às mãos Medicação Antialérgica Hidrocortisona + Adrenalina + Prometazina


(Solucortef ) (Fenergan)

ANTIBIÓTICOS NO ACIDENTE

1. Penicilina (Despacilina, Wycillin ) Oxacilina(Staficilin) Cefalosporina(Keflin)

Ampicilina (Binotal)

Cloranfenicol (Quemicetina)

Clidamicina (Dalacin)

2. Aminoglicosídeos:

Amicacina (Novamin)

Gentamicina (Garamicina )

28 EMERGÊNCIAS METABÓLICAS

28.1 CETOACIDOSE DIABÉTICA


É um grave distúrbio metabólico causado pela ausência ou por uma quantidade inadequada
de insulina. Essa carência determina uma menor utilização dos carboidratos e uma degradação
maior das gorduras e proteínas.

CAUSAS
É mais comum em diabéticos insulinos dependentes;
Não ingestão de insulina, insulina insuficiente, resistência à insulina;
Infecções (urinária, respiratória, cutânea ou digestiva);
Manifestação inicial de diabetes não diagnosticada ou não tratada;
Stress fisiológico (gravidez, choque, lesão, cirurgia) pode tornar a insulina menos eficaz.
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SINAIS E SINTOMAS
Para livrar o organismo do excesso de glicose os rins excretam glicose juntamente com água
e eletrólitos, levando o paciente à desidratação decorrente da excessiva eliminação de urina -
poliúria;
Ocorre a degradação de gorduras em ácidos graxos que serão convertidos em corpos
cetônicos que sendo ácidos, levarão o paciente à acidose metabólica;
A cetose e a acidose levam a sintomas gastrintestinais como: anorexia, náuseas, dor
abdominal, vômitos e polidipsia;
Paciente pode apresentar hálito de acetona (um odor de fruta);
Pode ocorrer visão turva, fraqueza, cefaléia;
Alterações do nível de consciência: torpor, letargia e coma;
Hiperventilação com respirações profundas e não trabalhadas Respiração de Kussmaul.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

- Visa a correção dos três problemas principais: desidratação, perda de eletrólitos e acidose;
-Puncionar acesso venoso;
-Providenciar reidratação rápida com soro fisiológico 0,9%;
-Administrar medicação prescrita: insulina EV, reposição de potássio;
-Observar alterações em sinais vitais e nível de consciência.

28.2 HIPOGLICEMIA
É o nível de glicose sangüínea normalmente baixo, que ocorre quando a glicemia cai abaixo
de 50mg/dl.

CAUSAS

Quantidade excessiva de insulina ou hipoglicemiantes orais;


Jejum ou ingestão de pouco alimento;
Atividade física excessiva.

SINAIS E SINTOMAS

A hipoglicemia pode ocorrer a qualquer hora do dia ou da noite. Em geral ocorre antes das
refeições, especialmente se as refeições forem retardadas ou os lanches omitidos.

HIPOGLlCEMIA BRANDA
Suor, tremor, taquicardia, nervosismo e fome.

HIPOGLlCEMIA MODERADA
A queda do nível de glicose priva as células do cérebro do combustível necessário para o seu
funcionamento. Os sinais podem incluir: incapacidade em se concentrar, dor de cabeça,
confusão, tontura, lapsos de memória, dormência da língua e dos lábios, fala confusa,
alterações emocionais, visão dupla e sonolência.

HIPOGLlCEMIA GRAVE
Comportamento desorientado, convulsões, perda da consciência e coma.
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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

-Realizar teste de glicemia (glucometer);


-Puncionar acesso venoso;
-Administração de medicação prescrita - glicose hipertônica ou soro glicosado;
-Administração de glucagon (hormônio produzido pelo pâncreas que estimula o fígado a liberar
glicose);
-Verificar sinais vitais.

29 EMERGÊNCIAS DE TEMPERATURAS

29.1 HIPOTERMIA: é uma emergência clínica e deve ser imediatamente tratada. Ocorre
quando a temperatura corporal cai abaixo de 35 graus centígrados, geralmente após exposição
ao frio, não necessariamente a temperaturas extremamente baixas. Se sua temperatura de corpo
é apenas alguns graus mais baixa do que esta, suas funções corporais retardam. Se sua
temperatura deixa cair demasiado baixo e permanece baixa para mais do que algumas horas, os
órgãos do corpo podem ser danificados e há um risco de morte.

Causas: CAUSAS TÓXICAS:Álcoois, Opióides, Sedativos, Alfa-bloqueadores, Agentes


hipoglicemiantes, Nafazolina, Fenotiazínicos.

CAUSAS NÃO TÓXICAS: Ambientais, Lesão de sistema nervoso, Sépse.

Sintomas: A hipotermia ocorre geralmente gradualmente. Os sintomas progridem como segue:


A queda na temperatura corporal leva a respostas compensatórias como vasoconstricção
cutânea (palidez), calafrios e, em temperaturas abaixo de 32 graus, rigidez muscular. Nessa
temperatura, ocorre diminuição da frequência cardíaca, da pressão arterial e a respiração torna-
se lenta e superficial. Em temperaturas ainda mais baixas, ocorre perda de consciência. Deve-se
cuidar para não confundir a hipotermia profunda com a morte, pois o paciente está frio, pálido,
inconsciente e com intensa rigidez muscular. Como complicações da hipotermia, podem ocorrer
arritmias cardíacas, edema de pulmão, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, parada
cardíaca e respiratória, dentre outras. A mortalidade é alta, principalmente com doenças
associadas como intoxicação alcoólica, distúrbios metabólicos (hipoglicemia, hipotireoidismo,
p. ex.), desnutrição, etc.

Diagnóstico: é baseado em onde a vítima estava e seus sintomas.

Tratamento: é o reaquecimento com cobertores ou banhos quentes. Os pacientes intensamente


hipotérmicos devem ser tratados com monitorização intensiva, oxigenioterapia, líquidos
aquecidos por via intravenosa para corrigir a hipovolemia (40 à 42 graus), controle do potássio
sérico e da acidose metabólica. Em casos graves, pode ser necessária a hemodiálise para
aquecer o sangue externamente ou diálise peritoneal. Doenças associadas devem ser
investigadas e imediatamente tratadas.

Duração: dependem de como os órgãos do corpo foram danificados. Em muitos casos


recuperará em 3 a 12 horas com o tratamento.

29.2 HIPERTERMIA: é uma temperatura do corpo elevada, relacionada à incapacidade do


corpo de promover a perda de calor ou reduzir a produção de calor. Este aumento pode ser
causado tanto por elementos externos, como exposição ao sol, exposição por longo tempo a
fornos ou locais de grande temperatura, como também, podem ser causados reação do
organismo, frente a alguma doença. A temperatura humana normal está próxima aos 36,5 °C. A
partir de 37,5ºC até 40ºC não há riscos graves. Mas, se a temperatura passar dos 41ºC (o que é
muito raro acontecer no ser humano) - sendo ativada como mecanismo de defesa contra
62
processos infecciosos, inflamatórios e de intoxicação - pode provocar convulsões. Se exceder
43ºC, pode levar o indivíduo à morte, devido à destruição parcial da estrutura das proteínas.

Sintomas: a transpiração cessa; a freqüência cardíaca aumenta; a respiração se intensifica;


ocorre confusão mental, tontura, náusea e dor de cabeça, perca a consciência e morte.

Tratamento: redução da temperatura corporal (tirando as roupas, usando umidificadores,


aplicando gelo, mergulhando a pessoa em água fria), reposição de líquidos, anticonvulcionantes
e antitérmicos.

30 QUEIMADURAS

É uma lesão tecidual decorrente de um trauma térmico, elétrico, químico ou radioativo. O


prognóstico de um paciente queimado depende da extensão da superfície corporal queimada, da
profundidade e localização da lesão, além da presença de doenças crônicas associadas e da
idade do paciente (mais grave em crianças e idosos).

Fisiopatologia: A lesão provocada pelo trauma térmico leva a alterações em todos os órgãos,
com extensão de duração das disfunções orgânicas proporcionais à extensão da lesão.

Alterações Hemodinâmicas: O efeito direto do calor e a liberação de substâncias vasoativas na


área de injúria pela microcirculação e células inflamatórias (histamina, tromboxane A2,
leucotrienos, e outros) alteram as forças trasnvasculares, levando à perda de líquido do espaço
intravascular para o extravascular. Minutos após o trauma, o débito cardíaco cai devido à
intensa vasoconstrição periférica. Algumas horas depois, o DC tende a cair mais
acentuadamente, decorrente da queda da volemia e aumento na viscosidade sangüínea. Com a
queda do DC, vários órgãos como o rim e o SNC são afetados, levando à oligúria, IRA e
confusão mental com agitação.

Alterações Pulmonares: Lesões no tórax podem levar a formação de escara constritiva, que,
associada ao edema, pode provocar insuficiência respiratória. Na 1o fase, devido à hipovolemia,
pode haver insuficiência respiratória aguda. Na 2a fase há aumento da FR decorrente do
aumento do metabolismo associado a uma leve hipóxia, principalmente na fase de absorção do
edema. A taquipnéia leva à alcalose respiratória, sendo este o principal distúrbio ácido-básico
do queimado. Lesões associadas de pulmão, com inalação de ar quente, pode levar a uma
hiperventilação mais acentuada.

Alterações Hematológicas: Isquemia de algumas regiões, levando a diminuição do nível de


plaquetas e fibrinogênio, além do aumento dos produtos de degradação da fibrina.

Alterações Gastrointestinais: No grande queimado há íleo paralítico, que tende a voltar ao


normal no 3o – 5o dia pós-trauma. Há isquemia gastroduodenal com diminuição na produção
da barreira mucosa, levando a formação de ulcerações. Outras alterações são a colecistite,
pancreatite e necrose intestinal por isquemia em pacientes muito graves.

Alterações Neurológicas: Alterações específicas são vistas no paciente com queimadura


elétrica, com lesões medulares focais, sendo as motoras mais comuns que as sensoriais.

Alterações Imunes: As alterações que ocorrem no sistema imune dos pacientes queimados,
associado à perda da pele como barreira protetora, se refletem no fato em que a maior causa de
óbito nesses pacientes é a infecção. Aproximadamente no 6o dia há esgotamento dos fatores
imunes, propiciando ao surgimento de sepse. As principais alterações são queda do número de
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linfócitos T, 48 horas após o trauma, com conseqüente diminuição da quimiotaxia, diapedese e
ativação de monócitos e liberação de substâncias imunossupressoras.

Alterações Metabólicas: A resposta metabólica varia de acordo com a extensão da lesão,


chegando ao dobro do normal em pacientes com mais de 75% de área queimada. O
hipermetabolismo se apresenta com aumento do consumo de O2, aumento do DC e FR,
aumento da temperatura corporal, perda de massa corporal e aumento na excreção urinária.

CLASSIFICAÇÃO: Agente causador, Profundidade ou grau, Extensão ou severidade,


Localização e Período evolutivo.

AGENTES CAUSADORES : Físicos: temperatura: vapor, objetos aquecidos, água quente,


chama, etc. Eletricidade : corrente elétrica, raio, etc. Radiação : sol, aparelhos de raios X, raios
ultra-violetas, nucleares, etc. Químicos: produtos químicos: ácidos, bases, álcool, gasolina, etc.
e Biológicos: animais: lagarta-de-fogo, água-viva, medusa, etc. e vegetais : o látex de certas
plantas, urtiga.

GRAU 1 GRAU 2 GRAU 3 GRAU

CAUSA
Exposição ao sol Exposição limitada Exposição
à líquidos, fogo ou prolongada ao
agentes químicos fogo, objetos
quentes ou
agentes
químicos.
Contato com alta
voltagem

COR Vermelho Rosa Branca

SUPERFÍCIE Seca Bolhas/descamação Seca, pela


trombose do
vasos
superficiais

SENSAÇÃO Dor Dor Insensível

CICATRIZAÇÃO 3-6 dias 10-21 dias Implante

EXTENSÃO: Regra dos 9: utilizada para avaliar a extensão de grandes queimaduras.

9% = rosto
9% = tórax
9% = abdômen
9% = perna direita
9% = perna esquerda
9% = os 2 braços
1% = órgãos genitais.
55%=Sub-total
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Agora, de costas :
9% = costas
9% = abdômen
9% = perna direita
9% = perna esquerda
9% = os 2 braços
45%=Sub-total
55%(frente) + 45%(costas) = 100% da área do corpo.

Internação Centro Queimados: Consideram- se casos de internação em centro de queimados


os seguintes tipos de queimadura: Queimadura de terceiro grau envolvendo mais de 5%;
Queimadura de segundo grau envolvendo mais de 20% em pacientes adultos; Queimadura de
segundo grau envolvendo mais de 10% em crianças menores de 10 anos e em adultos com mais
de 50 anos; Queimadura significativa envolvendo mãos, pés, genitália, grandes articulações,
períneo ou face; Queimadura química ou por corrente elétrica; Queimadura das vias aéreas;
Queimadura em pacientes com doenças clínicas preexistentes que poderiam complicar o
tratamento; Associação de traumatismos e queimaduras nos quais a queimadura apresente um
risco imediato maior de morbidade e mortalidade.

Tratamento Emergencial: A primeira regra no atendimento inicial do paciente que chega a um


centro de queimados ou a uma emergência é “esquecer a queimadura”. Deve -se seguir
o ABCDE clássico da avaliação primária. A atenção inicial deve se dirigias às vias aéreas. Na
presença de queimaduras por exposição a chamas em ambiente fechado, deve ser coletada uma
gasometria arterial, a administrado oxigênio suplementar através de máscara, pois o risco de o
paciente ter inalado fumaça é grande. Outros dados clínicos indicativos de inalação são:
queimaduras em face, vibrissas nasais chamuscadas, queimaduras na parte superior do tórax,
confinamento no local do incêndio e níveis de carboxihemoglobina> 10%. A intubação
endotraqueal deve ser realizada de imediato na presença de rebaixamento de consciência, em
queimaduras no pescoço e na presença de estridor. Após o controle das vias aéreas, pode-se
conseguir alívio sintomático com irrigação das áreas queimadas com água gelada, que apesar de
não reduzir a profundidade da lesão térmica, retarda a formação de edema, através da
diminuição na síntese de tromboxano A2. O gelo não deve ser utilizado. O paciente deve ser
envolvido em lençol ou cobertor e jóias e anéis devem ser retirados de imediato devido ao
edema tecidual que se instala rapidamente. Deve- se puncionar uma veia periférica de grosso
calibre e iniciar a reposição volêmica rápida com cristalóide – Ringer Lactato. Sondagem
vesical para avaliação da diurese. Controle da dor;

Tratamento Tópico: O tratamento de feridas pós-queimaduras pode ser realizado de várias


formas, todas com vantagens e desvantagens, variando de caso a caso, conforme a necessidade.
Podem ser utilizados: sulfadiazina de prata associada ou não ao nitrato de cério, hidrocolóides,
hidrogel, ácido linoléico (AGE), ácido ricinoléico (AGE), Aloe vera, elicina, papaína, albumina,
gazes não aderentes, alginato de cálcio e sódio. O período de troca do curativo dependerá do
produto escolhido.

Tratamento Cirúrgico: Debridamento; Escarotomia; Enxerto.

Infecções/Sépse: As infecções ocorrem mais comumente no paciente com mais de 30% da


superfície corporal total queimada. O queimado deve ser examinado por inteiro diariamente, na
busca de uma possível infecção. Os sinais mais comuns que denotam infecção são conversão da
queimadura fina para espessa com necrose e a aparência de áreas focais negras ou hemorrágicas
escuras, mas qualquer alteração no aspecto da lesão pode ser sugestivo de infecção. Deve-se
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lembrar que pequenos traumas locais ou até maceração pode provocar pequenas hemorragias
locais. Em caso de dúvida, a biópsia permite uma melhor avaliação. Outros locais de infecção
são o pulmão (pneumonia é a causa infecciosa mais comum no queimado, sendo o
Staphilococcus aureus o germe mais comum), tromboflebite supurativa, endocardite aguda
(pela necessidade de infusão intravenosa por longo período – mais comum é o Staphilococcus
aureus), sinusites (pelo intubação transnasal) e sepse.
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