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Conceito de pigmentação patológica e classificação.

 Apresentação

Pigmentações  Pigmentação exógena


 Pigmentação endógena 

patológicas
APRESENTAÇÃO
 
"Alteração no grau de pigmentação do interior das
células."

acúmulo anormal de pigmentos


ou a sua diminuição também são
indicativos de que a célula sofreu
agressões. Uma pigmentação anormal é
mais um sinal de perda da homeostase e
da morfostase celular, portanto, é
O espectro de cores das pigmentações patológicas patológica.
geralmente abrange os tons retratados nesta figura,
principalmente com relação aos pigmentos endógenos.
 

A pigmentação patológica pode ser


exógena, cujos pigmentos são de origem
externa ao organismo, ou endógena,
formada a partir de pigmentos naturais
do corpo.

Vemos aqui alguns exemplos de pigmentos: em A e B,


 
visualizamos pigmentos exógenos e em C e D, endógenos.
 

PIGMENTAÇÃO EXÓGENA
 
"Pigmentação por pigmentos
de origem
 externa ao corpo."

pigmentação exógena pode ser dividida nos seguintes tipos:

ANTRACOSE: pigmentação por sais de


carbono. Comum sua passagem pelas
vias aéreas, chegando aos alvéolos
pulmonares e ao linfonodos regionais por
intermédio da fagocitose do pigmento. A
antracose em si não gera grandes
problemas, mas sua evolução pode
originar disfunções pulmonares graves,
principalmente em profissionais que
constantemente entram em contato com
a poeira de carvão. Cor: varia do
amarelo-escuro ao negro.

SIDEROSE: pigmentação por óxido de


ferro. Cor: ferrugem.

ARGIRIA: pigmentação por sais de


prata. Geralmente é oriunda por
contaminação sistêmica por medicação,
manifestando-se principalmente na pele
Pulmão com antracose. Observe a coloração enegrecida e na mucosa bucal. Cor: acinzentada a
que o órgão apresenta decorrente do acúmulo de carvão.
Clique sobre a foto para observar a presença do pigmento azul-escuro e enegrecida se a prata
no interior e por entre as células (HE, 100X). sofrer redução.

BISMUTO: Atualmente é rara de ser


vista, sendo comum na terapia para
sífilis. Cor: enegrecida.

 
TATUAGEM: feita por sais de enxofre,
mercúrio, ferro e outros corantes. A
fagocitose, feita por macrófagos, desses
pigmentos pode provocar a transferência
destes para linfonodos regionais. Cor:
varia conforme o tipo de pigmento
presente.

SATURNISMO: contaminação por sais


de chumbo. Cor: azulada ou negra,
dependendo da profundidade do tecido
onde se encontra. Na gengiva, a
contaminação por sais de chumbo ou
bismuto produz uma coloração negra
denominada de LINHA DE BURTON.

TATUAGEM POR AMÁLGAMA: áreas


de coloração azulada na mucosa bucal
Tatuagem por amálgama (seta) na gengiva de rebordo decorrente da introdução de partículas
alveolar. Note a pigmentação azulada que cora a mucosa de amálgama na mucosa; essa
bem próxima de um dente que contém restaurações de
amálgama. Clique sobre a foto para observar o histológico introdução pode ser devida a lesão na
da tatuagem, em que se observa o pigmento acastanhado mucosa no local da restauração no
sobre as fibras colágenas e a parede dos vasos momento de inclusão do amálgama na
sangüíneos (seta) (HE, 400X)
cavidade.

É importante ressaltar que a patologia das pigmentações


centra-se no fato de que estão presentes não somente
cores diferentes no local, mas também, e principalmente,
substâncias estranhas aos tecidos, provocando as
chamadas reações inflamatórias. Os agentes
pigmentadores exógenos, assim, constituem, antes de mais
nada, fatores de agressão, ao contrário dos agentes
pigmentadores endógenos, naturais no organismo, cuja
presença indica que o tecido está sofrendo algum tipo de
agressão não necessariamente provocado pelo pigmento.

PIGMENTAÇÃO ENDÓGENA
 
"Pigmentação por pigmentos
produzidos dentro do corpo".

pigmentação endógena pode ser dividida em dois grupos: grupo dos pigmentos hemáticos
ou hemoglobinógenos, oriundos da lise da hemoglobina, e grupo dos pigmentos melânicos,
originados da melanina.

PIGMENTOS HEMÁTICOS OU HEMOGLOBINÓGENOS


Esses pigmentos se originam da hemoglobina, proteína
composta por quatro cadeias polipeptídicas e quatro grupos
heme com ferro no estado ferroso (Fe++). Sua porção
protéica é chamada de globina, consistindo de duas
cadeias alfa e duas beta (as cadeias alfa têm forma
helicoidal). A lise dessa estrutura origina os pigmentos
denominados de hemossiderina e bilirrubina.

Hemossiderina: resultado da
polimerização do grupo heme da
hemoglobina, a hemossiderina é uma
espécie de armazenagem do íon ferro
cristalizado. Este se acumula nas
células, principalmente do retículo
endotelial. É originada da lise de
hemácias, de dieta rica em ferro ou da
hemocromatose idiopática (alteração da
concentração da hemoglobina nos
eritrócitos).Sua cor é amarelo-
acastanhado.

Porfirinas: pigmento originado


semelhantemente à hemossiderina,
sendo encontrado mais na urina em
pequena quantidade. Quando há grande
Hemossiderina observada em lesão em mucosa jugal. A produção deste, pode ocasionar doenças
grande concentração de hemácias lisadas promove o denominadas de "porfirias".
aparecimento desse pigmento no local (HE, 400X).

 
 

Bilirrubina: é o produto da lise do anel


pirrólico, sem a presença de ferro.
Conjugada ao ácido glucurônico pelo
hepatócito, a bilirrubina torna-se mais
difusível, não se concentrando nas
células que fagocitam hemáceas, o que
provoca um aumento generalizado desse
pigmento, denominado de icterícia. Tem
sua origem nos casos de lise hemática,
de doença hepatocítica ou de obstrução
das vias biliares. Acredita-se, hoje, que a
bilirrubina seja originada da hematoidina,
pigmento que se cristaliza próximo às
hemácias rompidas.

Hematoidina: pigmento de coloração


mais amarelada que a hemossiderina,
Hematoidina em cápsula fibrosa de baço. Observa-se um apresentando granulação sob a forma de
pigmento mais amarelado, originando cristais com um
núcleo central bem nítido, diferentemente da cristais bem nítidos. Também não possui
hemossiderina; compare com a foto anterior (HE, 200X). ferro, semelhantemente à bilirrubina.
Forma-se em locais com pouco oxigênio.

Esses pigmentos são naturalmente encontrados no organismo. Heterotopias ou heterometrias


envolvidas com a produção deles, entretanto, indicam que há alguma alteração no metabolismo das
hemácias ou dos hepatócitos, respectivamente para a hemossiderina e bilirrubina.

 
PIGMENTOS MELÂNICOS

Produzida por melanoblastos, a


melanina tem cor castanho-enegrecida,
sendo responsável pela coloração das
mucosas, pele, globo ocular, retina,
neurônios etc. O processo de síntese da
melanina é controlado por hormônios,
principalmente da hipófise e da supra-
renal, e pelos hormônios sexuais. Casos
de alterações nessas glândulas podem
acarretar em aumentos generalizados da
melanina. Exposições aos raios ultra-
violeta também provocam esses efeitos.
Fragmento de pele em que se nota a pigmentação melânica
normal (acastanhada) da camada basal do epitélio (HE,
 
250X)

  Os aumentos localizados da melanina


podem se manifestar sob as seguintes
formas:

Nevus celulares: localização


heterotópica dos melanoblastos (camada
basal da epiderme).Os nevus podem ser
planos (ditos juncionais) ou elevados
(dérmicos ou intradérmicos).

Melanomas: manchas escuras, de


natureza cancerosa. Há o aumento da
quantidade de melanócitos, os quais
encontram-se totalmente alterados,
originando esse tumor maligno. Em
geral, os melanomas são destituídos de
pigmentação melânica devido à natureza
Fragmento de pele em que nota a hiperpigmentação da pouco diferenciada do melanócito.
camada basal do epitélio (cabeça de seta) e pigmentos
melânicos presentes no tecido conjuntivo subjacente.
Esse quadro é compatível com efélide ou sarda (HE, 200X). Efélides ou Sardas: hiperpigmentação na
membrana basal causada por
melanoblastos. 

Mancha mongólica: mancha clara,


principalmente na região do dorso e
sacral.

Como diminuição localizada da pigmentação melânica tem-


se:

Vitiligo: comum nas mãos; causada pela diminuição da


quantidade de melanócitos produtores de pigmento na
epiderme, manifestando-se clinicamente como manchas
apigmentadas. 

Albinismo: forma recessiva e autossômica; localizada


principalmente na região do crânio; os melanócitos
encontram-se em número normal, mas não produzem
pigmento.

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