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Recursos em Relés de Proteção para Garantir


Segurança Humana na Média e Baixa Tensão
Paulo Lima e Andrei Coelho

Resumo: Este guia tem como objetivo mostrar os recursos disponíveis nos relés de proteção utilizados em
média e baixa tensão, que possibilitam aumentar a segurança de operadores e mantenedores e reduzir danos
materiais em eventos envolvendo arco elétrico em cubículos e centros de controle de motores (CCMs) de
média e baixa tensão.

Palavras-chave: Segurança operacional, arco elétrico, relé de proteção, manutenção de equipamentos,


CCMs.

INTRODUÇÃO

Formação do Arco Elétrico


O arco elétrico é um fenômeno da eletricidade inerente dos sistemas elétricos. Quando associado
a falhas elétricas ou curtos-circuitos, a formação de arco é um fenômeno indesejável que libera
uma perigosa quantidade de calor.
Além do calor, libera partículas de metais ionizadas que podem conduzir correntes, provocar
deslocamento de ar com aparecimento de alta pressão, emitir raios ultravioletas e liberar gases
tóxicos como resultado da combustão dos materiais internos ao painel.
Os incidentes com arco elétrico são comuns nas áreas de transição entre tipos de condutores, mas
podem ser desenvolvidos a partir de qualquer um dos seguintes fatores:
 Quando a isolação é submetida a esforços além da capacidade dielétrica do material,
ocorre o flashover. Isso pode acontecer especialmente nas situações de falta à terra ou
sobretensão no cubículo;
 A existência de poeira ou impurezas tais como líquidos nas superfícies de isolação, pode
fornecer um caminho para a corrente. Fumaça ou vapor químico pode reduzir as
propriedades dielétricas do ar do ambiente, causando um arco;
 A corrosão causa aquecimento, que pode comprometer a isolação da fiação adjacente.
Faíscas também são causadas por corrosão severa entre os terminais;
 Disjuntores e contatores que recebem manutenção inadequada podem gerar arcos
elétricos quando um circuito é aberto.
Exemplos de locais com maior risco de ocorrência de arco elétrico são: as seções de entrada de
alimentação, onde a transição é feita do cabo para o barramento, pontos de conexão do disjuntor e
as transições das seções do barramento.
O objetivo da utilização das lógicas apresentadas neste guia, consiste em aumentar a segurança
dos trabalhadores, minimizar os danos de arcos aos equipamentos e principalmente, redução da
energia incidente do arco elétrico com eventual redução na categoria de risco e consequentemente
no EPI necessário durante a execução de serviços.

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IMPLEMENTAÇÃO DAS LÓGICAS


Este guia de aplicação irá abordar os seguintes mecanismos para redução de danos com eventos
envolvendo arco elétrico:
 Temporização de manobras comandadas localmente;
 Utilização de ajuste instantâneo dos elementos de sobrecorrente durante manutenção;
 Redução do tempo de coordenação através de seletividade lógica com comunicação relé-
relé;
 Elemento de detecção de arco baseado na detecção de luz com supervisão de
sobrecorrente;
 Sistema de detecção de arco elétrico em gavetas de CCMs.
As lógicas aqui implementadas são apenas uma sugestão, podendo ser alteradas de acordo com os
requisitos específicos de cada aplicação.
Após descrição detalhada de cada uma das soluções citadas anteriormente será apresentado um
quadro comparativo dos benefícios de cada uma delas e a abrangência de redução de danos.

Temporização de manobras comandadas localmente


Para o comando de fechamento feito localmente pelo pushbutton frontal do equipamento são
indicados dois tipos de controle: a verificação da permissão para comando local e a temporização
da execução do comando após o acionamento do pushbutton. A implementação será baseada nos
recursos de lógica dos relés SEL-7xx.
Para o controle da permissão para comandos locais, faz-se necessário ter uma chave que bloqueie
e desbloqueie o controle local. Essa chave será implementada através da utilização do pushbutton
2 (PB02), do latch bit LT02 e da variável temporizada SV02T. Para bloquear ou desbloquear o
comando local, o usuário terá que pressionar o pushbutton PB02 por 3 segundos. Haverá a
indicação do posicionamento desta chave nos LEDs do PB02.
Para temporizar a execução do comando de fechamento, serão utilizados o pushbutton 3 (PB03),
o latch bit LT03 e a variável temporizada SV03T. Ao pressionar o PB03, inicia-se a contagem do
tempo para a ativação da variável SV03T, inicialmente ajustado em 10 segundos. A variável
SV03T será colocada na equação de fechamento do disjuntor (CL). LEDs serão utilizados para
indicar comando de fechamento do disjuntor, bem como para indicação do status do mesmo. A
Tabela 1 mostra as variáveis utilizadas.

Tabela 1 – Lista de Variáveis: Temporização de Manobras Comandadas Localmente


Variável Tipo Descrição

PB02 Pushbutton Controle comando Local/Remoto

PB03 Pushbutton Comando de fechamento

PB04 Pushbutton Comando de abertura e cancelar fechamento

SV02 Temporizador Alteração da chave de bloqueio

SV02PU Temporizador/Ajuste Delay para comutação do bloqueio (3 segundos)

SV03 Temporizador Aciona comando de fechamento

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SV03PU Temporizador/Ajuste Delay para comando de fechamento (10 segundos)

SV05 Temporizador Controle piscar dos LEDs

SV05PU Temporizador/Ajuste Delay para piscar LED (0.25 segundos)

SV05DO Temporizador/Ajuste Delay para piscar LED (0.25 segundos)

LT02 Latch Bit Indicação comando localhabilitado/bloqueado 1/0)

LT03 Latch Bit Habilita/Desabilita fechamento

PB2A_LED LED Indicação Indica bloqueio de comando local habilitado

PB2B_LED LED Indicação Indica bloqueio de comando local desabilitado

PB3B_LED LED Indicação Indica disjuntor fechado

CL Equação lógica Comando de fechamento

As Figuras abaixo mostram os diagramas lógicos configurados utilizando as variáveis descritas na


Tabela 1.

Figura 1. Lógica para bloqueio e desbloqueio do controle local

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Figura 2. Lógica para temporização do fechamento

Figura 3. Lógica para o sinalização dos LEDs frontais

Figura 4. Lógicas auxiliares

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Utilização de ajuste instantâneo dos elementos de sobrecorrente durante


manutenção
O objetivo é habilitar o elemento de sobrecorrente instantâneo apenas no momento da
manutenção, através do pushbutton 1 (PB01) no frontal do relé, para deixar a proteção mais
rápida e sensível. Para isso, serão utilizados o pushbutton 1 (PB01), a variável temporizada SV01,
o latch bit LT01 e um elemento de sobrecorrente instantâneo 50P2.
Deve-se manter o PB01 pressionado por três segundos para habilitar/desabilitar o elemento
instantâneo. Além disso, este elemento é automaticamente desabilitado após passado um
determinado tempo, contado a partir do fechamento da porta do painel. Para o exemplo a seguir,
foi adotado o valor de 120 segundos.
Pode-se manter o ajuste de pickup do elemento de sobrecorrente temporizado, ou ainda diminuir
este valor para o mínimo possível, garantindo a segurança em relação à máxima corrente
admissível de carga. Uma redução no pickup pode significar um tempo menor de atuação. A
habilitação deste elemento se dará através da equação de torque do mesmo.
A Tabela 2 resume as variáveis necessárias para a configuração da proposição exposta.

Tabela 2 – Lista de Variáveis: Habilitação de Ajustes Instantâneos Para Manutenção


Variável Tipo Descrição
PB01 Pushbutton Ativa e desativa o uso de ajustes instantâneos
SV01 Temporizador Alteração dos ajustes instantâneos
SV01PU Temporizador/Ajuste Tempo de espera para alteração de ajustes (3 segundos)
LT01 Latch Bit Indicação de ajustes instantâneos habilitados/desabilitados (1/0)
IN408 Entrada digital Indicação de que a porta do painel está fechada
SV06 Temporizador Indicação que a porta do painel está fechada por tempo suficiente
SV06PU Temporizador/Ajuste Delay para desabilitar a lógica caso a porta feche (120 segundos)
PB1A_LED LED Indicação Ajustes instantâneos desabilitados
PB2A_LED LED Indicação Ajustes instantâneos habilitados
50P2P Ajuste Pickup do elemento de sobrecorrente instantâneo
50P2TC Equação Lógica Equação lógica para controle de habilitação do elemento

A lógica implementada é resumida na Figura 5 e tem como base as variáveis anteriormente


descritas, acrescentando o controle de torque do elemento de sobrecorrente instantâneo.

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Figura 5. Lógica para ativação do elemento de sobrecorrente instantâneo


Para complementar a utilização desta proteção, pode-se colocar um aviso no display frontal,
informando a ativação dos ajustes instantâneos. Esta configuração é feita no item “Front Panel”,
em “Display Points”.

Figura 6. Configuração do Display Point

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Redução do tempo de coordenação através de seletividade lógica com


comunicação relé-relé
Suponha uma instalação simplificada, como a mostrada na Figura 7. Para realizar a coordenação
temporal entre os relés A e B, pode-se adotar as curvas da função de sobrecorrente de tempo
inverso como mostrado na Figura 8.

52 Carga
Disjuntor de
Entrada
F2
52 52 Carga

F1

Relé A 52 Carga

Relé B

Envio do Sinal de Bloqueio

Figura 7. Coordenação e seletividade entre relés de sobrecorrente

Relé A

Relé B
Tempo

t ≅ 0 ms
Corrente
Figura 8. Curvas de coordenação
Para uma falta em F1, inicia-se a contagem de tempo de ambos os relés, A e B. Para manter-se a
seletividade, o tempo de espera do relé B deve ser inferior ao tempo do relé A. Para uma falta em
F2, a responsabilidade de interrupção do circuito é do relé A. Como este não tem a informação
que a falta está a montante do relé B, é necessário aguardar o tempo de coordenação para envio
do sinal de abertura para o disjuntor. Em casos onde há um grande escalonamento de relés, este
tempo de coordenação pode chegar a valores muito elevados, o que implica em uma energia
incidente também muito elevada nos casos de eventos com arco elétrico.

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Utilizando-se protocolos de comunicação rápidos relé-relé, é possível reduzir de maneira


significativa o tempo de coordenação. Os protocolos de comunicação IEC 61850 GOOSE e SEL
Mirrored Bits permitem a troca de informações entre IEDs em tempos da ordem de
milissegundos, satisfazendo as necessidades de tempo para este tipo de aplicação. A coordenação
temporal deve continuar habilitada para atuar como backup nos casos de falha do canal de
comunicação.
Para o relé B, mais próximo da carga, configura-se um elemento instantâneo que terá duas
utilidades: atuação em tempo reduzido e envio de bloqueio para o relé à montante, no caso de
uma falta em F1. No relé A configura-se um elemento de sobrecorrente instantâneo que será
bloqueado no caso de recebimento do sinal do relé B ou de falha no canal de comunicação.
Mesmo assim, é necessário adicionar uma temporização na atuação do relé A para garantir que
este não atue antes da chegada do sinal de bloqueio. Esta temporização deve levar em conta o
tempo necessário para que o elemento de sobrecorrente do relé B atue, mais o tempo de
transmissão da mensagem através do canal de comunicação entre os relés.
Para uma falta em F2, o relé B não é sensibilizado pela corrente de falta, portanto este não envia o
bloqueio ao relé A. Uma vez que o sinal de bloqueio não chega ao relé A, este envia o comando
de abertura após um tempo de 100 [ms] (tempo típico), muito inferior ao tempo da coordenação
convencional.
Na Figura 9 tem-se um exemplo de como pode ser implementada a seletividade lógica através de
troca de mensagens IEC 61850 GOOSE entre os relés, conforme descrito anteriormente.

Figura 9. Seletividade Lógica implementada no Relé A


Independentemente do protocolo de comunicação aplicado, IEC 61850 GOOSE ou Mirrored Bits,
é importante sempre utilizar a variável de monitoramento do canal de comunicação. Esta
verificação evita a perda de coordenação em caso de falha no canal de comunicação. Neste
exemplo utilizou-se a variável virtual VB001 para o monitoramento do canal, que bloqueia a
atuação da sobrecorrente rápida caso ocorra a sua perda. Em situações como essa, a coordenação
volta a ser temporal.
O objetivo é habilitar o elemento de sobrecorrente instantâneo apenas no momento da
manutenção, através do pushbutton 1 (PB01) no frontal do relé, para deixar a proteção mais
rápida e sensível. Para isso, serão utilizados o pushbutton 1 (PB01), a variável temporizada SV01,
o latch bit LT01 e um elemento de sobrecorrente instantâneo 50P2.

Elemento de detecção de arco baseado na detecção de luz com supervisão de


sobrecorrente
A utilização de sensores luminosos tem se mostrado a técnica mais eficaz para detecção de arco
elétrico e mitigação da energia incidente, permitindo tempos de eliminação de faltas com arco
muito inferiores aos tempos de atuação das funções de proteção tradicionais, baseadas apenas em

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corrente. Para evitar atuações indevidas, onde existe a presença de luz mas não se trata de um
arco, é recomendável que se utilize uma supervisão de sobrecorrente em conjunto com estes
sensores. A seguir será descrito um elemento de detecção de arco baseado na percepção de luz,
com a supervisão do elemento de sobrecorrente ultrarrápido presente nos relés SEL-751A, SEL-
751 e SEL-710-5, garantindo segurança e velocidade de atuação.
Elemento de detecção de luz: estes relés possuem entradas para sensores de luz que podem ser
tanto do tipo pontual quanto regional (loop de fibra descoberta), que permite um loop em torno do
barramento. Cada entrada é associada a um elemento de medição da luminosidade do arco
elétrico, de tempo inverso. Esta característica é mostrada na Figura 10.

Figura 10. Elemento de medição da luminosidade do arco elétrico, de tempo inverso

Cada uma das entradas possui um ajuste de pickup individual, permitindo que o usuário
determine qual é o nível máximo de luminosidade permitido. Os Relays Word Bits TOL1, TOL2,
TOL3 e TOL4 são as variáveis de saída da lógica desta função de proteção, como pode ser notado
na Figura 11. O elemento utiliza uma taxa de amostragem de 32 amostras/ciclo e é processado no
intervalo de 1/16 ciclos, aproximadamente 1 [ms] em sistemas de 60 [Hz].

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Figura 11. Lógica do elemento de medição da luminosidade do arco elétrico, de tempo inverso

O relé realiza periodicamente um auto teste, através da injeção de um sinal luminoso para
verificar a integridade dos sensores. Caso algum dos sensores esteja rompido ou mal conectado, a
variável AFALARM é ativada. Além disso, é possível realizar a medição do nível de
luminosidade observado por cada um dos sensores e usar destes valores como referência para
determinar o ajuste do pickup.
Elemento de sobrecorrente de alta velocidade: este elemento utiliza amostras brutas de
corrente, ou seja, sem que o sinal tenha passado pelo filtro digital. Cada amostra individual é
comparada com o valor de pickup previamente ajustado. Para garantir segurança, pelo menos
duas amostras consecutivas devem estar acima do valor de pickup, como mostrado na Figura 12.

Figura 12. Elemento de sobrecorrente ultrarrápido

É recomendável que o pickup seja ajustado em duas vezes a máxima corrente de carga do
circuito, isso garante maior sensibilidade. É esperado que este elemento de sobrecorrente atue
para correntes de inrush na energização de transformadores, mas isso não gera desligamentos
indevidos, uma vez que existe a supervisão do elemento de medição da luminosidade do arco
elétrico.

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A Tabela 3 descreve os parâmetros necessários para a definição da proteção de arco elétrico,


enquanto a Figura 13 mostra como deve ser implementada a lógica do elemento de detecção de
arco com supervisão de sobrecorrente. O contato de saída utilizado, mostrado na figura como
OUT301, deve ser de alta velocidade, com tempo de atuação da ordem de microssegundos.

Tabela 3 – Lista de Variáveis: Parametrização da Proteção Contra Arco Elétrico


Variável Tipo Descrição
50PAFP Ajuste Nível de pickup para sobrecorrente de fase
50NAFP Ajuste Nível de pickup para sobrecorrente de neutro
AOUTSLOT Ajuste Seleção dos contatos que são processados 16 vezes por ciclo
AFSENSn Ajuste Seleção do tipo de sensor (NONE, POINT, FIBER)
TOLnP Ajuste Pickup do elemento de medição da luminosidade do arco do sensor n
TOLn Word bit Detecção de luz no elemento n
50PAF Word bit Sobrecorrente de fase detectada
50NAF Word bit Sobrecorrente de neutro detectada
OUT301 Equação Lógica Equação da saída que envia sinal de abertura ao disjuntor
TRIP Word bit Trip das demais funções de proteção

Figura 13. Configuração da Output para desligamento rápido do disjuntor

Sistema de detecção de arco elétrico em gavetas de CCMs


Em CCMs de média e baixa tensão normalmente são utilizados contatores, que são os
dispositivos de manobra para o acionamento dos motores, fusíveis ou disjuntores
termomagnéticos, que realizam a proteção contra curtos-circuitos e relés inteligentes multifunção
que atuam nos contatores em situações de sobrecarga térmica, partidas longas e demais condições
anormais de operação. A Figura 14 mostra um exemplo típico de uma gaveta de CCM onde a
proteção contra curto-circuito é realizada por fusível.
O relé inteligente SEL-849 possui um sensor de luminosidade incorporado e oferece proteção
contra arco elétrico dentro da gaveta do CCM, porém o relé não deve atuar no contator no caso de

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um evento com arco, uma vez que o contator não suportaria interromper a corrente de falta. Neste
tipo de aplicação, portanto, o relé SEL-849 deve detectar o arco no interior da gaveta, pela
presença de luz, e enviar esta informação ao relé de proteção do disjuntor de entrada do CCM,
que neste exemplo é o SEL-751A da Figura 14. A comunicação entre os relés das gavetas do
CCM e o relé de entrada é realizada através do protocolo IEC 61850 GOOSE.

Gaveta
Disjuntor de
Entrada Contator
Fusível
52 Arco
SEL-849 M
Elétrico

SEL-751A

Ethernet

GOOSE Envio da Detecção


Comunicação Relé-Relé Luminosa

Figura 14. Detecção de arco no interior da gaveta do CCM


Uma vez recebido o sinal de detecção de luz dos relés instalados no interior das gavetas, o relé
SEL-751A utiliza o elemento de sobrecorrente ultrarrápido para fazer a supervisão deste sinal de
luz, evitando aberturas indevidas no caso de eventos que não estejam associados com arco
elétrico.
Na Figura 15 os relés SEL-849 instalados no interior da gaveta estão interligados em rede
Ethernet com o relé SEL-751A através de um switch de comunicação gerenciável SEL-2730M. A
Figura 16 mostra a lógica implementada no relé de entrada do CCM. Neste caso, tanto os
sensores de luminosidade internos do 751A (TOL1, TOL2, TOL2 e TOL4) quanto os sinais
externos recebidos dos relés das gavetas do CCM (VB001, VB002 e VB003) são supervisionados
pelo elemento de sobrecorrente ultrarrápido existente no relé de entrada.
Os sensores do SEL-751A podem ser utilizados para detectar eventos com arco no exterior das
gavetas, como no barramento do CCM ou no disjuntor de entrada do mesmo.

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SEL-751A
GOOSE Ethernet
Comunicação
Relé-Relé 52

SEL-2730M

Envio de Detecção
Luminosa para o
Relé do SEL-849 SEL-849 SEL-849
Alimentador

M M M

Ethernet

Figura 15. Sistema de detecção de arco em CCMs

Figura 16. Lógica de detecção de arco programa do relé de entrada do CCM

CONCLUSÃO
A Tabela 4 mostra quais são os tempos máximos de atuação da proteção e os benefícios
relacionados com a redução de danos pessoais e materiais, para cada um dos métodos descritos
anteriormente.

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Tabela 4 – Análise Comparativa entre os Métodos Propostos


Tempo Máximo
Método Danos Pessoais Danos Materiais
de Atuação [ms]
Temporização de manobras comandadas Tempo da proteção
Reduz totalmente Não reduz os danos
localmente (1)
Utilização de ajuste instantâneo dos elementos
25(2) Reduz parcialmente Reduz parcialmente
de sobrecorrente durante manutenção
Redução do tempo de coordenação através de
125(3) Reduz parcialmente Reduz parcialmente
seletividade lógica com comunicação relé-relé
Elemento de detecção de arco baseado na
detecção de luz com supervisão de 2-5 Reduz totalmente Reduz totalmente
sobrecorrente
Sistema de detecção de arco elétrico em
20(4) Reduz totalmente* Reduz totalmente*
gavetas de CCMs

Observações:
(1) Deve ser considerado o tempo máximo da função de sobrecorrente + temporização adicional;
(2) Tempo máximo de atuação da função de sobrecorrente instantânea. Fora do período de
manutenção o tempo deve ser como em (1);
(3) Tempo máximo de atuação da função de sobrecorrente instantânea de 25 [ms] + tempo de
coordenação de 100 [ms];
(4) Tempo máximo de detecção do relé SEL-849 de 13 [ms] + tempo de comunicação de 3 [ms] +
tempo de processamento do relé SEL-751A de 4 [ms]. *Se a detecção do arco elétrico for através
dos sensores do próprio SEL-751A para uma falta no barramento do CCM este tempo pode ser
reduzido para até 5 [ms].
Independentemente do método empregado, os equipamentos de proteção individual (EPIs) devem
ser determinados de acordo com a energia incidente de cada caso específico.

REFERÊNCIAS
[1] L. K. Fischer, “The Dangers of Arc-Flash Incidents” Maintenance Technology, fevereiro de
2004. Disponível em: http://www.mt-online.com/article/0204arcflash.
[2] M. Zeller and G. Scheer, “Add Trip Security to Arc-Flash Detection for Safety and
Reliability” proceedings of the 35th Annual Western Protective Relay Conference,
Spokane, WA, outubro de 2008.
[3] J. Buff and K. Zimmerman, “Application of Existing Technologies to Reduce Arc-Flash
Hazards” proceedings of the 33rd Annual Western Protective Relay Conference, Spokane,
WA, outubro de 2006.
[4] G. Rocha, E. Zanirato, F. Ayello e R. Taninaga, “Sistema de Proteção Contra Arco Voltaico
em Painéis de Média e Baixa Tensão”, 2010.
[5] Manual de instruções do relé SEL-751, disponível em: https://www.selinc.com/SEL-751/
[6] Manual de instruções do relé SEL-849, disponível em: https://www.selinc.com/SEL-849/

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