Você está na página 1de 5

PAULO HENRIQUE MACIEL VELASCO

GEOGRÁFIA CONCEITOS E TEMAS:

O Problema da Escala

De uso tão antigo como a própria geografia, o termo escala encontra-se de tal modo
incorporado ao vocabulário e ao imaginário geográfico que qualquer discussão a seu respeito
parece desprovida de sentido, ou mesmo de utilidade. Como recurso matemático fundamental
da cartografia a escala é e sempre foi, uma fração que indica a relação entre as medidas do
real e aquelas da representação gráfica. Porém, a conceituação de escala, como esta relação
apenas , é cada vez mais insatisfatória, tendo em vista as possibilidades de reflexão que o
termo pode adquirir, desde que liberto de uma perspectiva puramente matemática. Na
geografia , o raciocínio analógico entre escalar cartográficas e geográfica dificultou a
problematização do conceito, uma vez que a primeira satisfazia plenamente às necessidades
empíricas da segunda. Nas últimas décadas, porém, exigências teorias e conceituais
impuseram-se a todos os campos da geografia, e o problema da escala, embora ainda pouco
discutido, começa a ir além de uma medida de proporção da representação gráfica do
território, ganhando novos contornos para expressar a representação dos diferentes modos de
percepção e de concepção do real.

A abordagem geográfica do real enfrenta o problema básico do tamanho, que varia


do espaço local ao planetário. Esta variação de tamanhos e de problemas não é prerrogativa da
geografia. Os gregos já afirmavam que, quando o tamanho muda, as coisas mudam: a
arquitetura, a física, a biologia, a geomorfologia, a geologia, além de outras disciplinas,
enfrentam esta mesma situação. Recentemente, as descobertas de microfísica e da
microbiologia colocaram em evidência que na relação entre o fenômeno e tamanho não se
transferem leis de um tamanho a outro sem problemas, Istoé valido para qualquer disciplina.

A solução cartográfica, amplamente utilizada na geografia, está longe de esgotar as


possibilidades do conceito. Reduzir escala a tamanho é um truísmo que pressupõe o problema
imediato de representar, que pode ir, teoricamente, da escala 1:1 do conto de Jorge Luís
Borges até uma redução que permite colocar o mundo numa pequena ilustração de uma canto
de página.

A análise geográfica dos fenômenos requer objetivar os espaços na escala em que


eles são percebidos. Este pode ser um enunciado ou um ponto de partida para considerar, de
modo explícito ou subsumido, que é o fenômeno observado, articulado a uma determinada
escala, ganha um sentido particular. Esta consideração poderia ser absolutamente banal se a
prática geográfica não tratasse a escala a partir de um raciocínio analógico com a cartografia,
cuja representação de um real reduzido se faz a partir de um raciocínio matemático. Este, que
possibilita a operação, através da qual a escala dá visibilidade ao espaço mediante sua
representação, muitas vezes se impõe, substituindo o próprio fenômeno. É verdade que para
os geógrafos as perspectivas da grande e da pequena escala ainda se fazem por analogia
àquelas dos mapas, furto da confusão entre os raciocínios espacial e matemático, ou como
afirma BRUNET (1992), tomando mapa pelo território.

O problema do tamanho é, na realidade, intrínseco à análise espacial e os recortes


escolhidos são aqueles dos fenômenos que são privilegiados por ela. Na geografia humana os
recortes utilizados têm sido o lugar (e seus diversos desdobramentos – cidade, bairro, rua,
aldeia), a região, a nação e o mundo. Na geomorfologia, por ex, são aqueles das ordens de
grandeza espaço – temporal diferenciadas para os fenômenos a serem estudados, na
climatologia a escala pertinente é basicamente continental ou planetária. Portanto, tão
importante como saber que as coisas mudam com o tamanho, é saber exatamente o que muda
e como.

Discutindo escala como um problema crucial na geografia, LACOSTE (1976)


explicitou que diferenças de tamanho da superfície implicavam em diferenças quantitativas e
qualitativas dos fenômenos. Para ele, a complexidade das configuraçõesdo espaço terrestre
decorre das múltiplas interseções entre as configurações precisas destes diferentes fenômenos
e que a sua visibilidade depende da escala cartográfica de representação adequada. Pois “ a
realidade aparece diferente de acordo com a escala dos mapas, de acordo com os níveis de
análise” LACOSTE, 1976, p.61).

Algumas expressões importantes são introduzidas pelo autor em sua discussão:


conjuntos espaciais, “definidos por elementos e suas relações, mas também pelo traçado
preciso de seus contornos cartográficos particulares, (que) fornecem um conhecimento
extremamente parcial da realidade” ordem de grandeza que significa dimensão, tamanho;
nível de análise, que significa o recorte sob investigação; espaço de concepção, que seria o
recorte – nível de análise – No qual se define o problema a ser investigado, ou seja o nível de
concepção. Pag122

A escala é, na realidade, a medida que confere visibilidade ao fenômeno. Ela não


define, portanto, o nível de análise, nem pode ser confundida com ele, estas são noções
independentes conceitual e empiricamente. Em síntese, a só é um problema epistemológico
enquanto definidora de espaços de pertinência da medida dos fenômenos, porque enquanto
medida de proporção ela é um problema matemático. Ao definir a priori as ordens de
grandeza significativas para análise, Lacoste aprisionou o conceito de escala e transformou-o
numa fórmula prévia, aliás já bastante utilizada, para recortar o espaço geográfico. Sua
reflexão sobre a escala, apesar de oportuna e importante, introduziu um truísmo, ou seja, o
tamanho na relação entre o território e a sua representação cartográfica.

Buscando ir além da prisão da representação no conceito da escala, GRATALOUP


(1979)discute o que ele chama de “escala geográfica tradicional” e de “ escala conceitual”. Na
primeira ele ressalta o conteúdo empírico e as dificuldades de traçar os limites entre as
escalas, problema que a solução cartográfica não foi capaz de resolver, na segunda ele
explicita sua proposta para a questão. Seu objeto real de investigação é o espaço social, ou
seja, o modo de existência espacial das sociedades, que ele considera uma hierarquia de
níveis, cada um correspondendo a uma estrutura precisa no sistema do espaço social estudado.
Em sua análise só a lógica dos fenômenos estudados deve contar, trata-se aqui de uma “escala
lógica” que ele contrapõe à escala espacial, estabelecendo como questão-chave da geografia a
articulação entre ambas.

Em seu objetivo, não de definir toda escala do espaço social, mas de precisar os
preâmbulos teóricos necessários a esta elaboração, o autor aponta para a necessidade de não
querer ir além das reais possibilidades da escala cartográfica e para a ambiguidade das
palavras nível e escala. Ou seja, as contradições e paradoxos com os quais ele se defronta ao
longo de sua argumentação não são solucionados com seus supostos conceituais, mas têm o
mérito de sacudir o uso acumulado de determinados termos.

Autores como RACINE,RAFFESTIN E RUFFY (1983) destacam a inconveniência


da analogia entre as escalas cartográfica e geográfica. Para eles este problema existe porque a
geografia não dispõe de um conceito próprio de escala e adotou o conceito cartográfico,
embora não seja evidente que este lhe seja apropriado, pois a escala cartográfica exprime a
representação do espaço como forma geométrica. Os autores apontam algumas fontes de
ambiguidades importantes, ligadas à confusão entre escalas geográficas e cartográficas e à
falta de um conceito próprio de escala na geografia.

Um problema crucial apontado refere-se à distribuição dos fenômenos, cuja natureza


se altera de acordo com as escalas de observação, tanto cartográfica como geográfica, sendo a
consequência mais importante a tendência ao crescimento da homogeneidade na razão inversa
da escala. Os autores apontam a questão de previsibilidade das modificações na natureza ou
nas medidas de dispersão quando se passa de uma escala a outra. Como resposta eles
ressaltam a tendência à homogeneidade dos fenômenos observados na pequena escala e a
heterogeneidade dos fenômenos observados na pequena escala e a heterogeneidade dos
fenômenos observados na frande escala, além da dificuldade analítica e conceitual dos
geógrafos quando não consideram esta diferença. Explicando, eles declaram que “cada um a
seu jeito, os geógrafos behavioristas e os marxistas baseiam seus estudos dos processos na
escolha de escalas geográficas diferentes, sem que infelizmente seja explicitada, pelo menos
na maioria dos casos, essa distinção fundamental entre escala cartográfica e geográfica.

A tradição dos estudos urbanos, seja através de redes urbanas, sistemas urbanos,
polarização, centralidade, tem fornecido uma rica massa de informações sobre esta forma,
cada vez mais ubíqua, de organização sócio-espacial. No entanto, a contribuição dos autores
acima para a problemática operacional da escala geográfica está na libertação de um ponto de
vista fortemente cartográfico e na observação da urbanização não apenas como uma forma de
organização do espaço, mas também como um fenômeno social complexo, cujas escalas de
observação/concepção apontam para mudanças de conteúdo e de sentido do próprio
fenômeno. Ou seja, como foi indicado no inicio, quando o tamanho muda, as coisas mudam, o
que não é pouco, pois e tão importante quanto saber que as coisas mudam com o tamanho, é
saber como elas mudam, quais os novos conteúdos nas novas dimensões.
RESENHA/ANÁLISE CRÍTICA

O que é escala? Atualmente com recursos tecnológicos no computador e no celular,


esta palavra não é estranha, quem nunca percebeu a alteração automática da escala quando
manuseava o “Google earth” ? ou mesmo o GPS/MAPS do celular ? Falando à grosso modo
escala nada mais é uma fração que indica a relação entre medidas do real para a representação
gráfica. O conceito de escala é bem antigo e nos primeiros mapas foi de muita importância
para o bom entendimento de localização. A escala ajuda a resolver os problemas básicos de
colocar grandes “áreas” em “pequenos pedaços de papel” obedecendo à proporção da escala.
Só que nem tudo é tão simples e muita confusão no decorrer do tempo aconteceu. Como já
diziam os gregos quando o tamanho muda as coisas mudam(fazendo relação com outras
ciências) com relação que enfrentam este mesmo problema de escala. O problema do tamanho
é diretamente ligado a análise e entedimento espacial que difere de pessoa para pessoa, com
isso é importante como saber como as coisas mudam com o tamanho e saber exatamente o
que muda e como muda. Discutindo escala como um problema crucial na geografia,
LACOSTE (1976) explicitou que diferenças de tamanho da superfície implicavam em
diferenças quantitativas e qualitativas dos fenômenos.

Durante o referido capítulo algumas expressões importantes são introduzidas pelo


autor em sua discussão: conjuntos espaciais, “definidos por elementos e suas relações, mas
também pelo traçado preciso de seus contornos cartográficos particulares, (que) fornecem um
conhecimento extremamente parcial da realidade”. Muitas vezes a escala é usada de forma a
beneficiar alguém, (pessoa, estado, governo), como fazer parecer que uma região é maior ou
menor em um mapa por exemplo.

Voltando a explicar escala a escala também pode ser representada da forma gráfica,
que é feita unidade por unidade, onde cada segmento mostra a relação entre a longitude da
representação e da área real. Por exemplo, observe a seguinte escala gráfica.

Podemos citar o exemplo de um mapa que apresenta a escala 1:70, significa que 1 cm no
mapa é equivalente a 70 cm na área real.

Se quisermos indicar que cada centímetro de um mapa representa 1 metro na área real,
utilizamos a escala 1:1000 ou ainda 1/1000. Repare que convertemos 1 metro para
centímetros (1000 centímetros), pois ambas as medidas precisam estar na mesma unidade.

Você também pode gostar