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O Pecado e o Medo Cap 1
O Pecado e o Medo Cap 1
Doutrina do desprezo do mundo deriva de uma cosmologia antiga que deprecia a terra
de duas formas: (1) mundo sublunar opõe-se à parte sideral do universo. Terra ocupa a
parte inferior e mais vulgar do mundo porque é feita de um elemento inferior. (2)
depreciação do tempo. As coisas terrestres são vãs porque são fugazes. (pág. 20-21)
Tema da morte niveladora dos maiores destinos encontra transcrição iconográfica nas
danças macabras (pág 27).
Vínculo entre caráter transitório e tristeza da vida, algo constante no discurso sobre o
desprezo do mundo. Vários exemplos de religiosos que mostram isso. (pág 28 – 31).
Pierre Damien – representa uma corrente de pensamento monástica que tem na oposição
radical entre corpo e alma e a condenação da vida secular como corrompida as
principais características. Vida no mundo extremamente desprezada e prazeres humanos
extremamente repudiados (pág 31-32).
Fala da ideia da sexualidade como irracional, casamento como sujo e castidade como a
virtude preferível. Autores de livros de confissão formados nestas formas de pensar. Por
isso lançam sobre a sexualidade e casamento um olhar de extrema suspeição (pág 32 -
33).
Nos mosteiros e conventos que surge a “consciência infeliz” que logo seria imposta a
toda uma civilização. Seus três componentes principais: ódio ao corpo e ao mundo,
evidência do pecado e sentimento agudo de fuga do tempo (pág 34).
Descrição anterior inspirada em Robert Bulot. Críticos dizem que Bulot denegriu a
hostilidade ao mundo por parte das Ordens contemplativas medievais. O contemptos
Frei Luis de Leon – Sombrio comentário ao livro de Jó. Questão da vida como um
caminho para a morte presente em sua obra. Topos que vinha da IM e seque no início da
Im. Fala do desprezo do mundo, coisas boas da vida como ilusões Paradoxo do perigo
maior quanto mais tranquila for a vida. Ideia de guerra invisível. Inspiração agostiniana.
(p. 40 – 43).
Tido como trampolim para a ascensão a Deus de almas excepcionais, no início da
modernidade o desprezo ao mundo ultrapassa esse círculo restrito. Leigos escrevendo
sobre o De contempto mundi (p. 43 – 44). Segue falando de como o tema atinge novos
meios.
Imitação de cristo – discurso sobre o desprezo do mundo atinge o grande público (p. 46
47) e outras obras sobre o desprezo do mundo e o reconhecimento dos males do mundo
como forma de ascensão com grande difusão (até p. 51).
Neste último ponto, é explorada a obra de Santo Inácio de Loyola (p. 49 – 50).
Justificação pela fé mais sombria que o casuísmo católico. Na teologia protestante que a
depreciação do homem e do mundo atingem sua maior violência no ocidente (p. 54 –
55). Zuínglio tem um pensamento exageradamente pessimista sobre o ser humano (p. 56
– 57). Calvino – só se pode chegar a Deus pelo caminho do desespero (p. 57). Desprezo
de si como única rota para se chegar a Deus (p. 58).
O contemptos mundi no mundo protestante não levava à fuga mundi, mas à margem do
protestantismo ela ressurgiu na forma de seitas. Ele faz uma diferenciação entre seita e
igreja seguindo o estudo de Ernst Troeltsch e mostra como as seitas costumam ser
reações ao fato de que as igrejas se misturam ao século, repudiando e se opondo à
sociedade (p. 62 – 63).