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06/12/2019 'A impressão digital dos dedinhos' - 17/04/2014 - Pasquale - Ex-Colunistas - Folha de S.

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Professor de português desde


pasquale cipro neto 1975, é colaborador da Folha
desde 1989. É o idealizador do
Escreveu até dezembro de 2016
programa "Nossa Língua
Portuguesa" e autor de obras

'A impressão digital dos dedinhos' inculta@uol.com.br

EM COLUNISTAS
17/04/2014 03h00
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Mais Mônica Bergamo: Justiça
opções 1 suspende reforma da
Previdência de Doria em SP
Num telejornal, fala-se da estúpida legislação do Paquistão, que leva às barras
da Justiça uma criança de 9 meses, acusada de tentativa de homicídio. Reinaldo Azevedo: Mataram
2 o sono de Bolsonaro
Macbeth
Se você acha o Brasil um horror, console-se: há coisas (muito) piores mundo
afora. Pois bem. Ao relatar o suplício a que o pequeno Mussa foi submetido, a Mônica Bergamo: Deputado
repórter disse que o menino "chorou ao ter que deixar a impressão digital dos 3 do PT vai à Justiça para
suspender Previdência
dedinhos". estadual de SP
Tati Bernardi: O chato
É claro que houve um cochilo da jornalista, que (provavelmente não por 4 apaixonado
ignorância, mas por distração) cunhou a redundante construção "impressão
digital dos dedinhos". Hélio Schwartsman:
5 Revolução judicial
De origem latina, o adjetivo "digital" se refere a "dedo", por isso a impressão
digital só pode ser a impressão dos dedos. Bastaria ter dito "chorou ao ter que
deixar a impressão dos dedinhos" ou "...ter que deixar as digitais".

Não sei se o texto foi dito de improviso ou se foi lido, caso em que o cochilo se
torna mais grave, já que a escrita impõe concentração, releitura etc.

O fato é que, por cochilo, por ignorância ou por perda da noção da história de
determinadas palavras, ninguém está livre de um pleonasmozinho. Quer um
belo exemplo? O caro leitor certamente já ouviu ou leu algo como "O técnico
decidiu manter o mesmo time que enfrentou o...".

Ao pé da letra, se o técnico vai manter o time, a equipe escalada só pode ser a


mesma que entrou em campo na partida anterior ou no primeiro tempo
daquele jogo, por exemplo, mas... Mas será que não é um tanto exagerado
analisar tão radicalmente esse tipo de construção?

Será que, quando se diz "o técnico vai manter o mesmo time que enfrentou
o...", não se usa a palavra "mesmo" porque não se sente mais na palavra
"manter" a força semântica necessária para que se dispense o uso de
"mesmo"?

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/pasquale/2014/04/1441875-a-impressao-digital-dos-dedinhos.shtml 1/3
06/12/2019 'A impressão digital dos dedinhos' - 17/04/2014 - Pasquale - Ex-Colunistas - Folha de S.Paulo
Um caso que volta e meia se vê é parecido com este: "Fulano fez uma
solicitação pedindo o equipamento X para o dia Y". Ora, quem faz uma
solicitação pede, não? Bastaria dizer "Fulano solicitou o equipamento X..." ou
"Fulano pediu o equipamento X..." ou ainda "Fulano fez a solicitação/o
pedido do equipamento X...".

Cabe aqui uma reflexão sobre a fala e a escrita. Na fala é razoavelmente


justificável o emprego de certos termos que reforçam ou "ressuscitam" o
sentido literal de algumas palavras, o que talvez não ocorra na escrita, mais
calculada, mais "racional".

Na escrita, com tempo para uma releitura, percebe-se que as frases


sobrevivem sem os termos pleonásticos ("O técnico decidiu manter o time
que...").

Convém lembrar também os "pleonasmos consagrados", quase sempre


resultantes da perda da noção literal do significado de uma palavra. Quer um
belo exemplo?

Quem é que nunca disse que Fulano está "num abismo sem fundo"? Pois o
caro leitor sabe qual é o significado literal de "abismo", que foi do grego para
o latim?

Prepare-se: "sem fundo". Sim, ao pé da letra, "abismo" significa "sem fundo",


portanto "abismo sem fundo" é expressão pleonástica, mas é claro que
ninguém deve analisar com tamanho rigor esse caso e outros análogos.

Será que o caso de "impressão digital dos dedinhos" se assemelha a algum dos
citados neste texto? Parece que não. Independentemente da razão que levou a
jornalista a emitir a construção pleonástica, convém evitá-la em textos mais
elaborados.

Esse caso, de emprego de termo específico, técnico, que também se vê em


"erário público" ou "quorum mínimo", não frequenta os textos formais da
língua. Basta dizer "impressão digital", "erário" e "quorum". É isso.

inculta@uol.com.br

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CAL 17/04/2014 17h41 0 0 Denunciar COMPARTILHAR

Existe um certo apresentador da mais vista e ouvida emissora de


televisão que constantemente diz: "...bem-vindo de volta" e sempre me
pergunto: será que existe bem-vindo de ida?
O comentário não representa a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor

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Alberto 17/04/2014 15h51 0 0 Denunciar COMPARTILHAR

Deixem tudo para lá e vamos subir para cima pessoal!

O comentário não representa a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor

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https://www1.folha.uol.com.br/colunas/pasquale/2014/04/1441875-a-impressao-digital-dos-dedinhos.shtml 2/3
06/12/2019 'A impressão digital dos dedinhos' - 17/04/2014 - Pasquale - Ex-Colunistas - Folha de S.Paulo

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Nando 17/04/2014 13h19 0 0 Denunciar COMPARTILHAR

A pior redundância de todas essas elencadas, ainda é o "encarar de


frente!
O comentário não representa a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor

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