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HCI®: NÍVEL II
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Manual de TRVP e Hipnoanálise®. Alberto Lopes, Copyright 2019
NÍVEL II: Manual de TRVP e Hipnoanálise: numa perspetiva clínica e transpessoal
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Índice
MENSAGEM DE BOAS-VINDAS AOS ALUNOS: NÍVEL II TRVP .................................................. 9
O que podemos aprender numa formação holística, humanizada e psicoespiritual? ........... 11
RECORDANDO OS CONCEITOS DA HIPNOSE CLÍNICA ........................................................... 13
TRVP E HIPNOANÁLISE: CONCEITOS DA TERAPIA DE REGRESSÃO ........................................ 17
TERAPIA REGRESSIVA: UMA PSICOTERAPIA DE TERCEIRA GERAÇÃO ................................... 21
O MIND SETTING DE REGRESSÃO ....................................................................................... 23
TERAPIA DE REGRESSÃO & TEORIA DO CAMPO QUÂNTICO ................................................. 27
INTRODUÇÃO À TERAPIA REGRESSIVA DE VIDAS PASSADAS ............................................... 35
PSICOTERAPIA DE REGRESSÃO: COMO TRABALHAR COM TVP ............................................ 37
as principais características de um mind setting de regressão ............................................. 39
introdução e aplicação da hipnoanálise em regressão......................................................... 41
FENÓMENOS EMERGENTES NA TERAPIA REGRESSIVA......................................................... 51
METODOLOGIAS AVANÇADAS A USAR DURANTE O TRANSE REGRESSIVO ........................... 55
PROTOCOLO TERAPÊUTICO NA TERAPIA DE REGRESSÃO E TRVP ......................................... 58
Os oito passos a seguir numa sessão de TVP .......................................................................... 58
Técnicas importantes a aplicar no Pós-Regressão .................................................................. 60
ANATOMIA DO PROTOCOLO DE TRVP E REGRESSÃO .......................................................... 61
PROTOCOLO DE ANAMNESE: 1ª SESSÃO EM TRVP ............................................................. 63
GUIÃO DE COMO FAZER UMA ANMNESE EM TRVP ............................................................. 67
Que perguntas deve fazer na sessão da anamnese de regressão? ........................................ 67
A ANAMNESE E A DESTRINÇA ENTRE SENTIMENTO e emoções ........................................... 69
COMO PODEMOS DESTRINÇAR OS «SENTIMENTOS» DAS «EMOÇÕES»? .............................. 69
FICHA I: Questionário de Anamnese e História Clínica ........................................................... 81
O USO DA PONTE EMOCIONAL NA SESSÃO DE ANAMNESE ................................................. 83
A ANAMNESE: TRABALHAR COM A TRÍADA EMOCIOANAL: S+E+S ....................................... 84
O QUE DEVE PERGUNTAR NA TRÍADA EMOCIOANAL: S+E+S................................................ 85
SEMEADURA E ESTRATÉGIAS PARA A SESSÃO DE REGRESSÃO............................................. 87
A importância de usar inicialmente o protocolo: Regressão Estruturada .............................. 87
INTERVENÇÕES PSICOTERAPÊUTICAS EM REGRESSÃO ........................................................ 91
DINÂMICAS DE LINGUAGEM E ESTRATÉGIAS A USAR EM TRVP ........................................... 93
ANATOMIA DO MIND SETTING EM TERAPIA REGRESSIVA ................................................... 95
GUIÕES E AS PARTES CONSTITUINTES DA REGRESSÃO EM TVP ......................................... 109
GUIÃO: SEMEADURA PARA A REGRESSÃO............................................................................ 109
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Espera-se que o formando tenha plena consciência de que está a lidar com o «tesouro»
mais precioso e extraordinário que alguém nos pode revelar, quer dizer, as verdades
insofismáveis da alma. Mesmo que considere a alma de outrem como algo de abstrato
e inatingível. Penso, todavia, que demonstramos merecer a confiança das pessoas que
não só nos revelam os seus preciosos tesouros espirituais, mas também, não raras vezes,
servem de canal mediúnico para nos transmitir os conselhos e informações
notavelmente reveladores que os guias espirituais presentes nos legam em cada sessão.
Mas, para o merecermos, devemos mostrar humildade, pois quem faz uma regressão
ao passado intui que raramente está sozinho nesta descoberta de ancestralidade do ser.
A prática responsável da metodologia catártica de recordar as experiências de vidas
passadas é, pois, sem dúvida, sinal de maturidade espiritual e uma grande vantagem
terapêutica. Sabemos que essa maturação psicoespiritual só se consegue com o
trabalho exigente de um terapeuta de regressão e será premiada com resultados
absolutamente maravilhosos.
Eu acredito que, toda a vida, por mais insignificante que seja, tem um sentido. Acredito
que cada um de nós nasce por determinada razão. E também acredito que grande parte
dos seus futuros pacientes adoece porque deixa de encontrar um sentido para a vida. E
sabemos que, segundos os manuais de Psicologia, o sofrimento sem sentido é
patológico, mas a maior dor do ser humano é a dor sem sentido. Isto porque, apesar de
tudo, sofrer com sentido custa menos, não é verdade? A terapia regressiva é uma fonte
de conhecimentos preciosos sobre o sentido da vida, e os métodos e processos de
pensamento de um pioneiro da descoberta espiritual serão a «pedra de toque» que fará
o paciente crescer, evoluir e ir ao encontro da sua felicidade. E quem sabe se, nesse
processo, o hipnoterapeuta não descobre também o seu sentido da sua própria vida.
Estudo, dedicação, responsabilidade e respeito pelas crenças e os valores de cada
paciente são os predicados necessários para um digno profissional de regressão. Procure
lembrar-se disto: receber estes conhecimentos ancestrais é uma honra e, sobretudo,
uma responsabilidade. O que fazer para ser um Curador de Almas?
Já deu o primeiro passo, ao querer tornar-se um Curador de Almas e utilizar o
maravilhoso processo de cura pelas palavras; com este conhecimento adquirido, sei que
pode fazer toda a diferença na vida de quem busca a cura nos poderosos processos de
autocura e sofre das tão famigeradas doenças modernas. O hipnoterapeuta de
regressão é mais do que um mero facilitador de hipnose — é uma espécie de
crononauta, que, de mãos dadas com o seu paciente, encetou uma demanda em busca
das relações cármicas pendentes e mal resolvidas do seu passado longínquo. O meu
desejo é que saibamos merecer a ajuda dos guias espirituais ao aceitar esta maravilhosa
missão. Saibamos todos tatuar merecidamente no coração o epíteto de «Curador de
Almas».
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A Terapia de Vidas Passadas é considerada uma terapia breve, que respeita a ecologia
do paciente, ajudando-o a crescer e autocurar-se. Tenho plena consciência de que cada
profissional de saúde tem as suas próprias ideias, os seus próprios talentos e a sua
própria experiência, no que se refere à prática da psicoterapia. Mas sou da opinião de
que a aplicação de diferentes abordagens no trabalho mental só pode expandir os
nossos conhecimentos e dotar-nos de uma perspetiva de vida não só plenamente
experimentada e integrada, mas também dotada de uma dimensão espiritual. Não
existem verdades absolutas, e é muito mais importante que o terapeuta não se atenha
rigidamente a um só caminho epistemológico do seu modelo clínico, pois sabemos que
uma técnica desadequada não está seguramente ao serviço do paciente. Assim, este
manual estimula-nos a refletir a respeito não só das maravilhas do ser fascinante que é
o Homem, mas, sobretudo, do nosso próprio papel no domínio da criação constante e
multidimensional em que todos nos inserimos. A nossa espécie já ultrapassou o
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impressionante número de quase sete mil milhões. Espantosamente, todos nós, os seres
humanos, somos diferentes, mas iguais. É óbvio que somos diferentes, multifacetados
e complexos, mas é essa complexidade que faz de cada homem, mulher e criança um
verdadeiro gigante de luz em evolução permanente e a caminho da perfeição. Somos
imperfeitos para podermos experienciar a perfeição; acredito que, como almas
abstratas e humanos encarnados, só podemos ser seres fazedores de eternidade.
Qualquer caminho se faz caminhando; logo, apesar de este manual ser concebido para
apresentar os principais fundamentos do estudo e da prática da minha experiência
profissional na área da hipnose de regressão, não é minha intenção que os futuros
hipnoterapeutas se restrinjam a uma sequência rígida de técnicas ou procedimentos
hipnóticos. O meu desiderato é que possam desenvolver e aprimorar a metodologia aqui
apresentada e que assenta na minha própria experiência pessoal. Na verdade, muito
deste material também pode ser útil para todos os profissionais das áreas da Psicologia
e da Psiquiatria que desejem empregar métodos alternativos para chegar ao âmago das
questões que os seus pacientes trazem à sessão e conseguir uma mudança terapêutica
notavelmente mais rápida. Penso que estará consciente da responsabilidade que se
exige de si, arauto da mudança. Passemos agora aos meandros absolutamente
fascinantes da TVP e da hipnose de regressão.
SUBA O PRIMEIRO DEGRAU COM FÉ, NÃO É NECESSÁRIO QUE VEJA TODA A ESCADARIA,
APENAS DÊ O PRIMEIRO PASSO.
- MARTIN LUTHER KING JR.
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Como sabemos, o termo hipnose é usado de muitas formas diferentes, portanto não é
um conceito unânime e a sua definição pode variar de acordo com a abordagem teórica.
Um estado de transe hipnótico é uma reação psicofisiológica complexa, de perceção
alterada, que abrange tanto os fenómenos psicológicos quanto os somáticos. É um
estado de «diminuição da consciência», de atenção e reação metabólicas. O transe
hipnótico parece ser um estado psicofisiológico que acontece espontaneamente ou que
pode ser provocado. Contudo, não é o estado de vigília nem de sono ou de sonho e,
embora pareça estar a dormir, a meditar ou catalético, o sujeito em hipnose conserva-
se consciente, mas num estado de consciência modificado.
Uma pessoa que entra num estado de transe hipnótico deixa de prestar atenção à
consciência periférica e focaliza a atenção dentro de si mesmo. O paciente é induzido a
ser recetivo a experiências interiores, sobretudo aos poderosos processos
psicodinâmicos e inconscientes do comportamento e do seu estado psicofisiológico,
fomentando a mudança. Para o leitor que possivelmente nunca experimentou a
sensação de um transe induzido, gosto de afirmar que estar em transe hipnótico é uma
combinação perfeita de relaxamento físico e perspicácia mental que vale sempre a pena
experimentar.
Considerado o pai da hipnose moderna, Milton Erickson acreditava que a hipnose era
um estado livre de sugestibilidade ampliada (Erickson M. et Rossi E., 1978). E esse estado
especial possibilita a emergência de recursos inatos e soluções internas que podem ser
utilizados para ajudar a ultrapassar as nossas limitações e a resolver os nossos
problemas. Erickson (citado in Neuber, 2004), ao considerar a hipnose um estado livre e
expansivo de consciência e como uma forma de transmitir ideias, entendia que a relação
entre o terapeuta e o cliente poderia constituir-se como um poderoso instrumento de
mudança, capaz de auxiliar na reconfiguração da experiência dolorosa do problema
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deste último. Para ele, a reconstrução de sentidos proposta pela terapia não estaria
limitada a um insight intelectual, mas a uma mudança efetiva na vivência da patologia e
nas próprias perceções corporais da pessoa (Gonzalez Rey, 2007; Neubern, 2004).
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Além da sua eficácia no controlo da dor, a hipnose ajuda o paciente a não ter tanto
receio dos tratamentos oncológicos e a enfrentar eficazmente as perturbações
psicológicas que deles decorrem. A hipnose ajuda ainda não só a controlar medos e
fobias, mas também a tratar a tão famigerada depressão. Por outro lado, é utilizada com
eficácia para diminuir o sofrimento de pacientes com neoplasias, doenças
neurodegenerativas e psicossomáticas. A hipnose tem contribuído com ótimos
resultados nas seguintes áreas, que passamos a citar. Na Psicologia e na Psiquiatria, trata
perturbações psicológicas, adições — como o alcoolismo e a toxicodependência — e
distúrbios alimentares — como a anorexia e a bulimia, entre outros. Na Anestesiologia,
controla a ansiedade pré e pós-operatória e anestesia o paciente durante operações
cirúrgicas. Na Dermatologia, trata o eczema, a psoríase, a urticária, as verrugas, o
prurido e todas as afeções psicossomáticas. Na Sexologia, controla as disfunções
sexuais, as parafilias e outras afeções. Na Angiologia, trata a hipertensão, a
vasodilatação e a vasoconstrição. Na Pneumologia, controla a asma e as alergias. Nos
Queimados, sugere a sensação inicial do frio, controla as reações e os reflexos
associados e funciona como analgésico e estimulante. Na Gastrenterologia, auxilia no
tratamento do refluxo esofágico, da irritação do cólon, dos distúrbios somáticos, da
disfunção gastrointestinal, da colite ulcerosa e da doença de Crohn. Na Obstetrícia,
facilita a dilatação, alivia as dores de parto e controla o ritmo das contrações uterinas.
Na Estomatologia/Oncologia, controla a dor, a hemorragia, a salivação e os reflexos de
deglutição. Na Reumatologia/Traumatologia, alivia a dor, promove a mobilidade e
acelera a recuperação óssea. Na Neurologia, controla as enxaquecas, as insónias, o
stress, a ansiedade, os medos, as fobias, a agressividade e a dor crónica. (Fonte:
American Journal of Clinical Hypnosis, 2003.)
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A hipnoanálise é uma forma muito interessante de fazer terapia, já que a hipnose facilita
os processos de mudança em psicoterapia, pois permite aceder às reais emoções e
dimensões psíquicas na sua origem e que estão na base dos problemas que a pessoa
traz à consulta.
Este método procura tratar os pacientes com o transe e envolve o uso de um estado
hipnótico catártico, que promove a redução das inibições e repressões e a libertação do
bloqueio emocional associado a um trauma antigo. Esta terapia é hipnoanalítica e
procura libertar a as emoções emparelhadas a memórias esquecidas ou recalcamentos
traumáticos do passado. Sendo um método de libertação catártica, permite que o
paciente viva as emoções em transe, na segurança do consultório, de forma intensa mas
inquestionavelmente libertadora por forma a ressignificar as memórias
emocionalmente traumáticas e vividas no presente em forma de drama.
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podem intuir, de forma mais coerente e ampla, o que necessitavam de fazer para que
as coisas sigam o seu curso correto, quer dizer, para atingirem o equilíbrio emocional e
pessoal. Tenho para mim que não faz sentido supor que a psicoterapia no estado de
vigília, que se dirige essencialmente à racionalização consciente, seja mais eficaz do que
a hipnoanálise, que se dirige diretamente ao subconsciente e inconsciente, onde reside
a causa do mal.
Concluindo, esta abordagem hipnótica e hipnoanalítica é a base de quase todos os
tratamentos hipnoterapêuticos e o cerne da nossa formação em hipnose clínica e
hipnoanálise.
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QUALQUER PESSOA QUE OLHA PARA A DOENÇA COMO UMA EXPRESSÃO VITAL DO
ORGANISMO PARA ATINGIR O EQUILÍBRIO DEIXA -A DE A VER COMO UM INIMIGO
OLIVER SACHS
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Duas variáveis a ter em conta num processo de terapia, através da regressão: parte-se
da premissa de que, no corpo físico, residem todas as memórias e informações de
traumas, conflitos existenciais ou bloqueios inconscientes, derivantes de
acontecimentos passados na nossa vida atual e, até, existentes a níveis pré-primários da
própria organização mental. No corpo etéreo/psíquico, residem registos quânticos de
experiências passadas, escórias energéticas e cruzamentos cármicos à espera de ser
compreendidos e libertados. Quando não queremos prestar atenção aos sinais do corpo,
ele chama-nos a atenção, às vezes, agressivamente, em crescendo, fazendo-nos adoecer
(com doenças de pele, doenças imunitárias, doenças terminais e outras).
Efetivamente, reconhece-se a relevância clínica da hipnose regressiva e hipnoanálise,
que tanto têm contribuído para áreas tão importantes, como as síndromes autoimunes,
entre elas, doenças reumáticas e dermatológicas, cancro, fibromialgia e outras
perturbações de índole psicossomática. A hipnose é uma abordagem natural, inócua e
não-invasiva que, segundo os estudos mais recentes, tem um impacto positivo a de
longo prazo na melhoria da qualidade de vida e na redução dos custos de saúde. Esta
metodologia terapêutica tem suscitado um interesse crescente, não só em profissionais
da saúde mental, mas também em profissionais de diferentes áreas da saúde humana,
como enfermeiros e médicos de diversas especialidades, como obstetras,
anestesiologistas, dentistas, nutricionistas, entre outros.
Compreende-se a necessidade urgente de uma abordagem mais humanizada do
doente, o que impõe a todos os profissionais envolvidos na prestação de cuidados de
saúde a necessária atualização de novas metodologias e abordagens psicoterapêuticas.
Quer dizer, um terapeuta regressivo não só deve aceitar que a psique humana é
multidimensional, mas também postular que os sofrimentos da psique, da consciência
ou da Alma existem numa variedade de formas subtis que não se restringem ao corpo
físico nem às fronteiras do tempo e do espaço. Em suma, a tomada de consciência dessas
realidades ocultas leva o consulente a aprofundar e elevar a sua compreensão a níveis
surpreendentes na sua psique, o que se pode traduzir numa profunda compreensão
psicoespiritual e, por conseguinte, na cura — tal como preconizam as grandes disciplinas
psicoespirituais do Oriente.
Esta proposta de trabalho nada mais faz do que procurar sempre a origem do trauma
que o nosso consulente pode estar a viver no presente, em estado de drama. Esta
ressonância energética pode ser escutada, compreendida e libertada com compreensão
psicoterapêutica. Trata-se de uma abordagem muito poderosa, pois permite a liberação
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«Acordar para quem você é requer desapego de quem você imagina ser», refere Alan
Watts. Para concluir esta breve síntese da abordagem da hipnose de regressão no
tratamento de doenças autoimunes, gostaria de lhe pedir que pense comigo, por
exemplo, numa síndrome ou doença autoimune, com o estigma de morte anunciada,
como por exemplo, o cancro. A primeira pergunta que inegavelmente fazemos é:
«Porquê a mim?» Mas a pergunta está errada, pois devemos substituir o «porquê» por
«o que é que». «O que é que fez surgir a doença?» «O que é que a doença nos quer
mostrar ou dizer?» Já alguma vez pensou nisto?
Em se tratando de uma doença desta magnitude, o mais lógico seria pensar: «Se não
vencemos a doença porque é que lhe resistimos?» Quando nos deslocamos da
resistência para a aceitação, mudamos do controlo para a influência, na dinâmica da
doença. Ora veja se está de acordo comigo nesta máxima: «Não podemos controlar os
outros, mas podemos influenciá-los.» Não concorda? E a aceitação é apenas o primeiro
passo no processo de influenciar o outro, mesmo que se trate de uma doença
aparentemente incurável.
Mas, como influenciar os outros de forma eficaz? A psicologia diz-nos que somos
seres de relação e que este é o grande desafio da criatividade, no contexto dos nossos
relacionamentos. No que diz respeito ao contexto de uma doença, tenho para mim que
não podemos criar uma «resposta influente» (neste caso, uma resposta de cura) se o
nosso pensamento estiver em negação ou se a nossa a energia estiver retida num estado
de resistência ao fenómeno que se está a passar no nosso corpo.
Pare, ouça e sinta, é isso que nos pede a doença. Quando deslocamos a energia da
resistência para a aceitação, damos início ao processo de resolução de conflitos
internos. Esta mudança permite-nos, acima de tudo, escutar as dinâmicas do nosso
corpo e abrirmo-nos ao outro ou à situação que está latente, para podermos
naturalmente relaxar. Condição sine qua non para que o organismo inicie o processo
natural de cura.
A proposta de trabalho com a Terapia Regressiva parte do pressuposto que dentro
de nós não existem inimigos, mas partes ou facetas nossas que não estão a ser
reconhecidas ou acolhidas na sua essência. E é nesse encontro entre facetas
aparentemente díspares que a hipnose de regressão vai mediar e facilitar a mudança
por meio do suporte natural do nosso corpo, que tende habitualmente para o equilíbrio.
Com a comunicação inconsciente estabelecida, começa-se a abrir uma porta ao Curador
Interno (tipo Propriedades Emergentes), que nos permite não só reaprender a confiar
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na nossa sabedoria interior e dar-lhe espaço, mas também acolher as coisas que surgem
no nosso corpo, sem querer prevê-las, controlá-las ou coisificá-las.
A facilitação natural da compreensão positiva da síndrome/do problema e do
respetivo processo de mudança ajuda a pessoa a confiar no processo terapêutico, já que
revela uma dinâmica interna que se quer fazer ouvir e a vida psíquica que lhe é inerente.
NADA TE DEIXA CEGO, EXCETO OS TEUS PENSAMENTOS. NADA TE LIMITA, EXCETO OS TEUS
MEDOS; E NADA TE CONTROLA, EXCETO AS TUAS CRENÇAS.
MARIANNE WILLIAMSON
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De que matéria é feita a consciência? De que substância é feita a vida? Por outras
palavras, o que é, na verdade, a vida? Já alguma vez pensou nisso? Teoricamente, somos
feitos da mesma substância básica que compõe a flor mais bela, o cérebro mais
inteligente ou um simples calhau — quer dizer, os átomos são os tijolos básicos da
matéria e tudo é feito de átomos. Mas, reflita comigo, onde é que está a vida, no calhau?
E a flor, será que ela tem consciência de existir? Estas e outras questões sempre me
intrigaram e desde cedo que procuro respostas. A minha busca levou-me à religião, à
metafísica, à filosofia, às neurociências e ao regresso a mim mesmo. Ao encontrar-me
com a hipnose, fiz a descoberta mais importante da minha vida. Foi nos misteriosos e
simples sentimentos que se desenrolam na nossa mente que encontrei a essência da
vida. Tenho para mim que a consciência de existirmos assenta em sentimentos e
emoções que dão significado à nossa vida. Considero o nosso cérebro o mecanismo mais
complexo da humanidade, mas sabemos que o cérebro por si só não fala, não ouve, não
tem a capacidade de discernir o que é uma flor, uma casa ou uma montanha.
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matéria, a forma como o Universo começou, as leis da física e daí por diante, mas
continuamos a ignorar o que se passa verdadeiramente no nosso cérebro. O cérebro
humano é o objeto mais complexo que alguma vez encontrámos no Universo e o último
grande enigma da Ciência. Ou seja, unido por uma estrutura de superfície chamada
córtex, numa amálgama gelatinosa que pesa apenas um quilo e meio, o cérebro divide-
se em dois hemisférios e quatro sectores, contendo milhares de milhões de neurónios e
que processa triliões de sinapses por minuto. Vale a pena perguntar, como poderão
estas células cerebrais, os neurónios, cada uma delas isoladamente incapaz de gerar um
pensamento, produzir coisas tão fantásticas, como a imaginação, os sonhos, os
sentimentos de amor e amizade, os ideais de beleza, justiça e liberdade e a noção do eu
interior? Como poderá ser isso possível? Tenho para mim que tem de existir um espírito
ou consciência que os liga a algo mais complexo e maior do que qualquer outra coisa
com que alguém possa alguma vez ter sonhado.
Como aprendemos na escola, o determinismo da Física clássica lida com o mundo real e
o macrocosmo; simplificando, tenta explicar o funcionamento do mundo maior ou real.
A mecânica de Newton e as teorias da relatividade de Einstein, por exemplo, tentam
determinar o funcionamento mecânico do que nos rodeia. Isto é, conhecendo as leis da
Física clássica e sabendo qual é a posição e a velocidade de um asteroide, podemos
determinar onde ele estará daqui a cem anos ou onde esteve há duzentos anos. Um
asteroide não vira à esquerda ou à direita porque lhe apetece, mas por necessidade. As
leis da Física clássica a isso obrigam. Ou seja, o comportamento de todos os objetos no
macrocosmo é determinista. Mas o que é que acontece no mundo micro, ou seja, no
microcosmo? Será que nos podemos reger pelas mesmas leis? Parece que não.
Descobriu-se que o mundo microscópico da mecânica quântica, onde se encontram os
átomos e outras partículas subatómicas, se comporta de maneira totalmente diferente.
Por exemplo, os eletrões podem saltar de um estado para o outro e de uma orbital mais
elevada para outra mais baixa, sem que nada os obrigue a isso e sem terem de passar
por um estado ou uma orbital intermédia. Mais do que isso, estão em todos os sítios ao
mesmo tempo e, quando se deslocam do ponto A para o ponto B, percorrem todas as
rotas simultaneamente. Mais incrível ainda, há físicos que admitem, com base em
cálculos e em experiências já efetuadas, que um observador, hoje, pode influenciar o
comportamento de um eletrão ou de um fotão, ontem, o que significa que não só
existem vários futuros possíveis como, até, vários passados possíveis. Ainda mais
estranho é o facto de a matéria não existir como a conhecemos se não for observada,
tendo uma existência meramente potencial, em forma de onda, descrita pela chamada
função de onda que o psi simboliza na equação de Schrodinger. O cúmulo é que a
realidade não só depende da observação, mas também, em última instância, da própria
consciência.
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A experiência da dupla fenda foi concebida no século XIX, por Thomas Young, e
aperfeiçoada ao longo dos anos. Esta simples experiência pretendia responder a uma
questão que intrigava os pensadores e cientista do passado. Ou seja, durante muitos
anos desconheceu-se a verdadeira natureza da luz. E a pergunta era: em que consistia
exatamente essa radiação eletromagnética? «Seriam partículas?», indagava Isaac
Newton — mais tarde, os fotões. Mas Christiaan Huygens (1629-1695) físico notável,
matemático, astrónomo e horologista holandês, defendia que se tratava de ondas, de
certo modo semelhantes às ondas do mar.
O debate prolongou-se por alguns anos, até que, em 1801, o britânico Thomas Young
concebeu a experiência da dupla fenda e obteve a resposta que outros procuravam. Ou,
pelo menos, uma resposta aceitável para a época. Como decorreu a experiência da
dupla fenda e o que é que ele descobriu? Primeiro, ligou uma fonte de luz diante de um
ecrã branco de deteção por inteiro. Seguidamente, colocou uma cartolina com as duas
fendas (dupla fenda) diante do feixe, de modo que a luz apenas passasse pelas duas
ranhuras, e o padrão no ecrã alterou-se. E, voilá, em vez de o feixe de luz o preencher o
ecrã por inteiro, apareceu em faixas sucessivas, umas de luz, outras de sombra. O padrão
demonstrava que a luz se propagava como ondas, pois, se fosse constituída por
partículas, como defendia Newton, só apareceriam duas faixas no ecrã (duas fendas),
uma que passava por uma fenda e outra que passava pela outra fenda. Mas não era isso
que se verificava na experiência. Young comprovou que não se produziam duas faixas
de luz, uma por cada ranhura, mas cinco. Por que razão é que isso acontecia?
A conclusão parecia óbvia: porque a luz não é constituída por partículas, mas por
ondas. A luz é como a água; se atirarmos uma pedra para dentro de um lago, o impacto
formará uma série de ondas encadeadas, a formar um círculo, certo? Mas, se atirarmos
duas pedras, as ondas desencadeadas interferirão umas nas outras, de tal modo, que
chegarão à margem em faixas sucessivas. O mesmo se passou naquela experiência. Ao
passar pelas duas fendas, a luz forma dois feixes independentes que interferem um no
outro e formam um padrão de faixas sucessivas no ecrã, como as ondas de um lago. Por
outras palavras, se assinalássemos uma fenda como FI e a outra como F2, a luz do
projetor parte do ponto A e atinge a cartolina, mas só passa através das duas fendas,
assinaladas como FI e F2. A partir daí, as ondas da luz que passa por FI interferem com
as ondas da luz que passa por F2, de tal modo que a luz atinge o ecrã com maior
intensidade, não em dois pontos, como aconteceria se estivéssemos a lidar com
partículas, mas em cinco. Ou seja, a luz comporta-se como uma onda.
Na época, a experiência de Young constituiu a demonstração de que Huygens tinha
razão e convenceu a comunidade científica de que estávamos perante ondas, na
constituição da luz. O debate pareceu ficar encerrado.
Acontece que, para explicar as estranhas propriedades da radiação dos corpos
negros, que contrariavam o comportamento previsto na física clássica, em 1900, o físico
alemão Max Planck sugeriu que a energia eletromagnética não era emitida ou absorvida
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Por mais estranho que possa parecer, inúmeros estudos feitos ao longo do tempo
comprovam que a decisão consciente de observar o mundo micro altera a realidade
desse microcosmo. Se decidirmos observar indiretamente um eletrão ou um fotão, por
exemplo, através de um vídeo, a realidade existe como uma onda que se espalha pelo
espaço. Porém, se decidirmos observá-lo de outra maneira direta, quer dizer, in loco, a
função de onda quebra-se e, nesse mesmo instante, o eletrão ou fotão torna-se
partícula num único ponto do espaço. E não pensem que a partícula subatómica é onda
e partícula ao mesmo tempo, porque não é isso. A bizarria quântica demonstra
inequivocamente que, quando é onda, ela é apenas onda e, quando é observada
diretamente, ela torna-se partícula e é apenas partícula. A forma que o eletrão vai
realmente assumir depende do tipo de observação que decidimos conscientemente
fazer. Recapitulando, no mundo subatómico tudo o que existe propaga-se como uma
onda, e o colapso dessa onda acontece quando é observado por alguém. Isto quer dizer
que a realidade não existe, até ser observada, e que que a decisão consciente de
observar de uma ou outra maneira altera a natureza intrínseca da realidade.
Neste momento deve estar a pensar que tudo isto parece ficção científica, não é
verdade? Todavia, tudo isto que acabei de referir já foi demonstrado milhares de vezes
em experiências sucessivas, designadamente, a experiência da dupla fenda e respetivas
variantes. Por outras palavras, e por mais bizarro que pareça, é esta a natureza mais
profunda da realidade. O Universo não existe na forma que conhecemos, até ser
observado, e a observação, que remete para a consciência, cria, em parte, a realidade.
Sobre os resultados das experiências não há hoje em dia grandes dúvidas na
comunidade científica. Os cientistas apenas se dividem na avaliação do significado
destes dados, uma vez que muitos se recusam a aceitar que a observação cria
parcialmente a realidade — apenas por razões filosóficas, uma vez que tudo já foi
matematicamente comprovado inúmeras vezes.
Determinista por natureza, Alberto Einstein começou por pensar que a Física
Quântica tinha aspetos absurdos que mostravam a sua incoerência. Mais tarde,
confrontado com os resultados das experiências que apontavam no sentido de a
realidade somente existir após ser observada, acabou por ceder. Apesar disso, porém,
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continuou a acreditar que ainda faltava descobrir mais qualquer coisa que explicasse
deterministicamente este comportamento bizarro do microcosmo, pois não aceitava
que a observação fosse capaz de criar parcialmente a realidade e que o real fosse
intrinsecamente probabilístico. O argumento dele era, de facto, poderoso: «O Universo
não pode ser regido por leis diferentes a nível macroscópico e microscópico. A realidade
ou é determinista ou é probabilística; ou existe independentemente da observação ou
é parcialmente criada pela observação. Não pode é ser uma coisa no macrocosmo e
outra diferente no microcosmo.»
Já agora, seguindo o raciocínio de Einstein, e como refere a física quântica, se um átomo
pode estar em todos os sítios ao mesmo tempo e se cada um de nós é constituído por
átomos que têm esse comportamento, como se explica que não estejamos em todos os
sítios ao mesmo tempo? Como se explica que obedeçamos a leis da Física diferentes das
que regulam os próprios átomos de que somos feitos? Isso não faz sentido! Era essa
precisamente a perplexidade de Einstein e de muitos cientistas da época. Para resolver
o paradoxo, era preciso criar uma teoria de tudo que conciliasse as bizarrias quânticas,
que comprovadamente existem no universo microscópico, com o mundo normal que
vemos ao nosso redor à escala macroscópica.
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I. FIXAÇÃO — Fascínio por um objeto ou pensamento, uma ideia, uma imagem ou uma
sensação, por exemplo, a própria respiração;
III. DISTORÇÃO DO TEMPO — Perde-se o contacto com o tempo. Uma hora de transe
pode corresponder a cinco minutos na mente consciente ou vice-versa;
IV. LEVEZA — Sensação de leveza no corpo ou de peso. Podem surgir ideias e imagens,
que aparecem e desaparecem sem se fazer qualquer tipo de esforço;
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VII. AMNÉSIA PARCIAL — É muito provável que a pessoa não se lembre de tudo o que
aconteceu durante o transe (amnésia parcial). Logo após o despertar muitas coisas
podem surgir obscuras, desordenadas e sem muitos detalhes. Contudo o transe
deixa um «efeito residual», a mente continua a processar informação a vários níveis,
e a reevocação e interpretação dos conteúdos oníricos será feita gradualmente,
com o passar do tempo e, até, em sonhos.
VIII. HIPERAMNÉSIA – É muito comum a pessoa passar em transe por uma experiência
de hiperamnésica, isto é, a recordação de memórias da infância, da vida intrauterina
e até a lembrança de sensações de níveis pré-primários da própria organização
mental.
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É certo que cada novo terapeuta de regressão encontra o seu estilo próprio da hipnose,
e isso deve ser encorajado. Como alguém disse: «Não precisamos de inventar a roda,
mas de a reinventar continuamente.» O formando poderá aprender, no respetivo
estágio incorporado nesta formação, o que melhor funciona no seu caso, para efetuar
uma transição suave da mente consciente, para a mente profunda/inconsciente e,
depois, para o lar espiritual do supraconsciente. O objetivo será chegar às lembranças
imortais de cada ser intemporal: a alma. O modo como pode incorporar os seus novos
conhecimentos de TRVP na sua prática clínica é algo que toda a gente deve ensaiar por
si próprio, recorrendo, sempre que possível, a novas formações ou grupos de estudo.
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vezes, há pacientes que relatam que a chama dourada, numa sala escura, representa
para eles um guia para o mundo do espírito. Encorajo essa perceção, enquanto damos
as instruções hipnóticas e traçamos o protocolo de TVP e dos efeitos dos exercícios de
descontração gradual do corpo. É nesta fase que o paciente se acostumará ao tom e à
cadência da nossa voz (rapport de voz), de que falaremos mais à frente.
Não há duas sessões exatamente iguais, porque cada paciente possui um padrão
energético específico de recuperação das lembranças passadas armazenadas e da sua
história de existência no presente. Além disso, cada consulente possui uma
personalidade própria e idiossincrática, com características singulares e únicas — daí a
importância de uma boa anamnese logo na primeira sessão. Também compete ao
terapeuta assumir uma postura de escuta ativa.
Entendo que chave para se ser um bom terapeuta é saber ouvir. E ouvir é encorajar
o paciente a expressar-se sem constrangimentos e sem sentir, em momento algum,
julgado pelo seu comportamento. Lembre-se de que, muitas vezes, o paciente pode
sentir-se agredido por uma interpretação terapêutica. E, nesse caso, não elabora a
explicação dada, quer dizer, passa a ter um comportamento evitativo, como possível
saída para o seu problema. Logo, podemos utilizar estratégias de comunicação indireta:
fazendo citações, contando metáforas e provérbios, entre outros. Antes de deixarmos o
paciente enredar-se nas suas próprias interpretações, devemos, com base no que
experimentamos em cada sessão, usar as metáforas e sugestões apropriadas. Gosto de
dizer que devemos utilizar metáforas com «a cara do paciente», se possível,
incorporando características subtis da história dele. Muito mais do que técnica, a
anamnese é uma arte, e a escuta ativa é muito útil para criar uma relação empática. Há
um equilíbrio delicado entre ouvir e questionar. Não é fácil ensinar aos alunos a
perceberem quando devem falar e quando devem ouvir, mas isso é de suma importância
na terapia.
No final de uma sessão de regressão, importa fazer o enraizamento de soluções de
mudança. Para isso, devemos aprender a saber ajudar suavemente o paciente a
compreender uma visualização em transe, depois de ele ter passado algum tempo a
analisar aquilo por que passou ou que experienciou. É certo que isso vem com o treino
e com a prática e, no percurso da sua carreira como hipnoterapeuta, este exercício e a
sua criatividade podem fazer com que se torne mais intuitivo.
Não adianta fugir a esta questão. Haverá sempre pacientes que, durante ou após a
sessão de regressão, perguntam: «Eu não estive a inventar coisas durante a sessão de
hipnose?» Começamos por lhe dizer que é uma possibilidade e devolvemos a pergunta,
dizendo: «O que é que você acha? Acredita que esteve mesmo a inventar tudo para
mim?» Com isso o paciente fica confuso e meditativo, e nós explicamos que construir
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uma fantasia sobre o mundo espiritual, em hipnose profunda seria possível, uma vez
que os indivíduos submetidos a um estado de transe profundo são muito criativos, mas
o mais importante é que procuramos a verdade emocional e não a factual, e o mais
importante é que os relatos sejam expressos sem constrangimentos, de forma livre
sobre o que veem e sentem. Seguidamente, convém apelar ao lado mais pragmático do
paciente: «Que objetivo poderia você ter, a inventar histórias a seu respeito? E,
sobretudo, por que havia de me consultar e pagar uma consulta se só pretendia
inventar? Pode, até, enganar-me, mas, se o fizer, na realidade, só estará a enganar-se
a si mesmo.» Ao responder normalmente, desta forma, deixa-o sem argumentos.
Finalmente, reforçamos a ideia de que a verdade emanada de recordações armazenadas
na mente inconsciente é sempre apoiada pela capacidade de discernir e pensar de uma
mente consciente que continua ativa, como observadora. As constantes questões postas
durante o transe e a condução de um hipnoterapeuta estimula o poder de raciocinar do
paciente, porque as duas mentes, consciente e inconsciente, se encontram envolvidas.
Há pacientes que podem sentir-se sobrepujados pelas informações respeitantes à sua
vida espiritual, que lhes chegam a partir do estado supraconsciente, e que estranham
tanto os conteúdos que estão a viver que se recusam a aceitar o que evocam em transe.
Em plena sessão, haverá pacientes que dizem: «Não pode ser. Não acha que estou a
inventar isto tudo?» Existem muitas maneiras de responder a esta pergunta. Eu
pergunto primeiro: «O que é que você acha que está a acontecer?» Depois prossigo,
geralmente, com esta interrogação: «Confia na sua sabedoria interna, permite-se deixar
fluir e ser totalmente aberto comigo, quanto às cenas que vai presenciar e viver,
sabendo que isso será para seu benefício e para o seu mais alto bem?»
Alguns dos pacientes que recorrem a uma terapia de regressão, por vezes, dir-lhe-ão
que já foram a psíquicos, astrólogos, curadores, médiuns e outros praticantes
metafísicos que lhes falaram sobre o seu estado evolutivo. Não é incomum alguns
profissionais menos éticos que trabalham nessas áreas ou talvez para agradar os seus
consulentes, incutirem conceitos grandiosos, desfasados de lógica e de elaboração
terapêutica. Por vezes, fazem-no sem qualquer preocupação pelo tratamento
psicológico do paciente e mais com o propósito da insuflação narcísica do seu próprio
ego do que outra coisa. Então, sugerem aos seus consulentes que são guias espirituais,
anjos evoluídos e almas gémeas — entre as muitas coisas de cariz espiritual que
afirmam, dizem aos seus clientes que eles estão a viver a sua última reencarnação e que,
por isso, são seres súper evoluídos.
Penso que é importante nunca denegrir fontes de conhecimento exteriores à nossa
área de proficiência. Mais uma vez relembro que não há verdades absolutas, não é
verdade? No entanto, deparo-me muitas vezes com pacientes que foram influenciados
por informações pouco fidedignas que lhes deram sobre eles próprios e que se vêm a
revelar imprecisas ou contrárias às suas expetativas. Em resultado, às vezes, a terapia
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fica obstruída pela resistência do paciente, que teima em encontrar na terapia o seu
famoso alter-ego. Tal como acontece em todas as áreas, incluindo a hipnose, alguns
praticantes espiritualistas são muito bons, ao passo que outros nem tanto. Há casos em
que as recordações em regressão deixam o paciente triste, porque o fazem perceber
que, afinal, não é a alma evoluída a viver a sua última reencarnação, como lhe tinham
anteriormente sugerido algum profissional mais prolífico, quiçá para insuflação narcísica
do ego.
Em contrapartida, porém, ficará a saber a diferença quando vir o mundo espiritual
com a sua própria mente e descobrirá que pode crescer numa vida singela e humilde.
Sou da opinião de que temos de tratar estas situações com o devido respeito e ajudar o
paciente a lidar com a tristeza e a frustração que advêm da descoberta de outra
realidade evolutiva. Francamente, acho que estas declarações são apenas a expressão
de um desejo inconsciente de pacientes a quem falta uma boa dose de humildade.
Obviamente, não devemos alimentar estas fantasias, contudo, repito, evite chamar
assertivamente o paciente à razão. Devemos ser condescendentes no desiderato de
cada paciente e ajudá-lo a compreender que talvez a experiência de uma vida humilde
e altruísta, vivida no passado, seja o culminar de uma ascensão mais rápida a caminho
da luz. E isso é normalmente conseguido sem perder a relação empática com ele.
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pequena minoria, que nos procura para que as ajudemos a ter acesso às lembranças da
sua alma e à sua vida entre vidas, pode viver um conflito com as suas crenças e
ensinamentos religiosos, pois os mecanismos da hipnose podem chocar com os dogmas
que professam. Outros, talvez possam evidenciar algum ceticismo no que toca a
confiarem-se ao terapeuta para orientar a sua entrada mental no mundo do espírito.
Como podemos desanuviar estas dúvidas?
Nas minhas sessões começo por explicar ao potencial paciente que será benéfico
para ele entrar na sua regressão hipnótica com a mente aberta. Posso até dizer-lhe que,
a despeito daquilo em que acreditam, as suas memórias inconscientes irão,
provavelmente, revelar um lar no mundo espiritual que será consistente com as suas
crenças. Já que o ensinamento básico de qualquer religião é o amor, os relatos de todas
as pessoas que se têm submetido à regressão espiritual são consentâneos com um
deslumbrante mundo de amor puro e absoluto. Logicamente, se, em essência, somos
amor puro, encontrar a fonte ou o lar desse amor puro, só pode ser apanágio de uma
profunda religiosidade. Em última análise, se for mais conveniente para os valores e
crenças do paciente, pode sempre sugerir que os relatos que ele evocou em regressão
poderão ser considerados uma espécie de metáfora terapêutica que apenas tem a
função de apresentar novas soluções e dar as respostas de que ele precisa para poder
aceder a melhores processos de cura.
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expor a visão interior que o paciente tem da vida da sua alma, é vital que ele a
compreenda e aceda à sua própria a energia positiva de cura. Não raras vezes, a raça, o
povo ou a religião que escarnecemos no presente têm raízes cármicas connosco em
vidas passadas. Encaminhar o paciente para a descoberta das diferentes vidas, sem o
julgar, para que ele perceba porque é que não gosta de determinadas culturas, torna-se
uma alavanca de mudança. Desta forma também facilitamos o alinhamento da energia
vibratória da alma do paciente com os ritmos de crenças e valores que o guiaram até
aqui, no presente.
Tento explicar aos meus pacientes não só que, em vidas pregressas, talvez tenham
representado muitas culturas e diferentes sistemas filosóficos de crenças, mas também
que vivemos num mundo imperfeito para podermos apreciar a perfeição. Compete-nos
esforçar-nos por melhorar, através da escolha e do livre-arbítrio, e fazer a mudança para
um mundo mais tolerante.
Existem duas partes da mente que trabalhamos em hipnose: a mente consciente, que é
mais lógica e racional e que vive no agora; a mente inconsciente, que é muito mais
criadora e intuitiva e que é intemporal; e, ainda, a mente supraconsciente, que abarca
toda a nossa existência e os nossos conhecimentos passados como seres fazedores de
espiritualidade. É o nosso «eu real».
O transe hipnótico Theta, o mais usual para a TVP, é um processo que pretende
acalmar a mente mais racional, não eliminá-la, pois a mente consciente mantém-se
sempre na posição de observadora para aprender. E esse processo pode ser feito através
de estados de consciência livres e expansivos. Pela minha experiência, os pacientes em
estado de alma supraconsciente estão mentalmente a observar e, ao mesmo tempo, a
participar— daí ser preciso ter um certo cuidado para não o deixar interferir
racionalmente no processo.
Essencialmente, temos de entender a interação simultânea da alma imortal de um
paciente com os desejos inconscientes e os processos mentais do seu cérebro humano
condicionado pela sua cultura atual. Estes dois egos podem entrar em conflito pela
integração interrompida. Um terapeuta de TVP pode lidar com esta dualidade da mente
do paciente, usando técnicas específicas, enquanto depura e ajusta fases longas de
imagens mentais para apoiar uma passagem confortável. Para o fazer, o terapeuta deve
seguir permanentemente a pista da viagem mental pela geografia do mundo pregresso
em cada nova sessão.
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O senso comum diz que a prática faz a excelência. A prática da Terapia de Vidas Passadas
aumentará muito a sua perícia em regressão às vidas passadas. Efetivamente, após a
primeira experiência em que o paciente entra no «Espaço Entre Vidas», torna-se mais
fácil viajar a outras vidas. Quanto mais o paciente viaja de uma vida para outra, servindo-
se do mundo espiritual como ponte, mais nós o podemos fazer recuar a tempos
imemoriais — até, aos primórdios da Humanidade.
Pode ter de recorrer a técnicas pós-regressivas de descoberta e a técnicas mais
transformadoras, enquanto se movimenta para trás e para diante, entre as vidas
passadas, para dissecar e contextualizar as experiências da alma na vida atual do
paciente e, assim, criar o insight terapêutico. Dessa forma, o paciente resolve o carma e
compreendendo o seu Dharma. Por vezes, tudo depende da recetividade e da evolução
da alma do paciente, que pode variar entre o cenário da vida anterior e cenários do
mundo espiritual.
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Nem tudo o que enfrenta pode ser modificado, mas nada pode ser
modificado até que seja enfrentado. - Anónimo
Olhemos para além destas simples palavras e saibamos merecê-las. Acredito que
toda a vida — qualquer e por mais insignificante que seja — tem sempre um sentido
maior. Acredito que nascemos por alguma razão especial, que todos somos especiais e
que não ninguém é mais especial do que os outros, porque o Universo não comete erros.
Não somos negros, brancos, amarelos ou vermelhos. Se calhar, somos seres de luz
condensados em formas humanas para poder experienciar a eternidade.
Como futuro psicoterapeuta de regressão a vidas passadas, que utiliza o poder de
uma técnica chamada hipnose de regressão, é agora abençoado com um novo e
poderoso meio de intervenção terapêutica. Se for capaz de ajudar as pessoas a verem a
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1) Falar como paciente sobre a relação afetiva que está a surgir. Quer dizer, é
fundamental que este aspeto (o efeito de transferência) seja trazido à terapia,
para ser trabalhado entre paciente e hipnoterapeuta, como um processo
cognitivo. Tendo em conta princípios éticos, maturidade, honestidade e
intelectualidade terapêutica;
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filogeneticamente acreditamos em Deus, seja qual for a forma como cada qual O
conceba. Mas, também acredito que a necessidade de acreditar em algo espiritual e
místico é uma procura pessoal e transcendente de ligação ao sagrado.
Quem tem o dever de crescer espiritualmente e ajudar a crescer não deve apelar ao
caráter mágico ou supersticioso do processo presente na regressão. Numa área tão
profunda e de matriz espiritual, como a da terapia de regressão, como podemos
destrinçar o desabrochar espiritual genuíno da perturbação delirante? O que é o mais
razoável, tendo em conta que muitas coisas são culturais?
Algumas pistas que nos podem orientar na análise dos delírios do consulente:
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I. A IMPORTÂNCIA DA RESPIRAÇÃO
Como hipnoterapeuta, aprendemos que o rapport mais forte que se estabelece com o
paciente é o da respiração. Como terapeuta em regressão espiritual, aprendemos a
abrandar ou acelerar o nosso ritmo respiratório, em linha com o ritmo do próprio
paciente. Por vezes, manipulo a minha respiração durante a sessão, numa tentativa de
expandir a mente a um estado de consciência mais expansivo e intuitivo. É normal, e
prática comum, entre muitos terapeutas, entrar num ligeiro estado de transe induzido,
para estar mais aberto e intuitivo não só às pequenas nuances que possam surgir no
transe do paciente, mas também às forças espirituais que possam estar à nossa volta.
É de suma importância fazer coincidir a ressonância vibratória da nossa voz com o tom
de voz do paciente, que reflete o seu estado emocional, para nos ligarmos a ele e o
podemos ajudar a entrar no estado de transe apropriado. Como sabemos, um eficiente
facilitador de hipnose modela o tom, o ritmo e a cadência da voz, tendo em conta o
rapport do seu consulente. Habitualmente, o facilitador de hipnose usa mais do que um
tom de voz — um para o estado vígil e outro para o estado hipnótico —, mas, na
regressão, o ideal é usar nuances de voz diferenciadas. Devemos, pois, utilizar a voz
como poderoso instrumento de som, começando a modelar o ritmo e a cadência na
indução e variando uma e outra coisa, ao longo de toda a sessão de regressão. A voz
pode ser modulada durante a sessão de regressão, para ser mais adulta, infantil,
maternal ou paternal, dar diretrizes, aliciar estágios psicológicos e, ao mesmo tempo,
proporcionar ao paciente o ritmo e a intensidade adequados à sua viagem mental no
tempo, pelas brumas das suas memórias.
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Importa perceber que o verbo no presente do indicativo funciona como uma poderosa
âncora. Assim sendo, quando o seu paciente estiver a reviver um momento passado,
fale sempre no presente do indicativo, pois isso ajuda a confirmar a realidade da
regressão.
É essencial que o paciente não seja influenciado em plena regressão. Assim sendo, todas
as perguntas feitas durante uma regressão devem ser do tipo abertas, para evitar que o
hipnoterapeuta contamine a informação. Assegure-se de que as suas perguntas não vão
levar o paciente a construir ou a confabular memórias falsas, de outra forma, pode estar
a influenciá-lo. Veja os exemplos:
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Muito bem… agora, você tem cinco anos [por exemplo]… e quero que esse(a) menino(a)
de cinco anos olhe à sua volta… e que veja onde é que está agora e me diga o que é que
vê… o que é que percebe agora?
2) Perguntas abertas
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Dissecar o problema: Faça o seu paciente reviver o problema nos momentos mais
fortes, com maior intensidade, de forma a drenar a energia «cristalizada» naquela
memória antiga. A catarse é a melhor forma de resolver a somatização na segurança do
consultório, drenando a energia associada ao trauma antigo. Assim se consegue fazer
uma eficiente depuração, ajudando o paciente a reviver a morte, a tomar consciência
da sua vida passada e, por fim, a libertar-se do trauma, nomeadamente, dos
sentimentos que levou com ele, ao partir.
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essa memória já passada, de cima, estimulando a sua elevação no Túnel de Luz, para
outro nível mental e/ou nível espiritual, de modo a poder aí fazer uma retrospetiva
dessa(s) vida(s) anterior(es) ou dessa infância. Deve-se fazer o insight de todo o
processo e procurar detetar relações Cármicas.
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INFORMAÇÕES RELEVANTES
PRESENTES NUM MIND SETTING DE TRVP
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a. Alertar que, numa terapia regressiva, nem sempre se vai a vidas passadas,
sobretudo nas primeiras sessões. É compreensível, a ânsia do paciente em
perceber as razões cármicas das suas maleitas, mas compete ao hipnoterapeuta
reduzir essas expetativas e preparar um discurso coerente de forma a explicar
que a «alma tem uma agenda própria». Explicar, por exemplo, de que a hipnose
de regressão é um processo contínuo e que, por vezes, nas primeiras sessões, é
necessário reforçar o ego fragilizado, ultrapassar resistências e mecanismos de
defesas mentais, para finalmente evocar os fragmentos do passado em
segurança, talvez um pouco mais tarde.
b. Desmistificação das ideias pré-concebidas no que toca ao fenómeno de transe
regressivo, logo na primeira sessão, e ao longo de toda a terapia, o
hipnoterapeuta deve proceder à desmistificação das ideias pré-concebidas do seu
consulente. Sendo assim, começamos por esclarecer devidamente, numa
linguagem entendível, o carácter extraordinário do fenómeno hipnótico. Por
exemplo, dizer que ele não irá ficar inconsciente e que, apesar de estar em transe
hipnótico, se poderá lembrar de tudo o que se passar na sessão.
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Os ganhos secundários que a doença/o problema pode trazer não são logo evidentes,
pelo que deve prestar especial atenção. Por exemplo, para apurar os potenciais
benefícios de o paciente estar pseudodoente, o psicoterapeuta deve perguntar:
«Imagine que conseguia ultrapassar esse problema hoje. Como é que a sua vida
mudaria? O que é que conseguiria fazer que não consegue fazer agora?»
Pergunte sempre
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Sentir uma emoção é uma coisa complexa e dinâmica e de forma simples consiste em
perceber na mente a avalanche de sensações provenientes do corpo atribuindo-lhes
uma expressão simbólica. Porém saber que temos um sentimento só ocorre depois de
termos construído umas representações de segunda ordem necessárias à consciência
(consciências das sensações que sentiu), mas importa perceber que ambos têm
dinâmicas diferentes para o psiquismo e comportamento humano.
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(A visão de: António Damásio - Sentimento de si, (2003); Joseph Le Deux - O Cérebro Emocional (1998);
Recordemos estas frase de Freud “As emoções não expressas nunca morrem, elas
temporariamente vão embora, mas voltam mais tarde em forma de doença. – Sigmund
Freud. Isto é, as experiências passadas, PODERÃO RESULTAR NUMA RESPOSTA
EMOCIONAL, OU UMA REPRESENTAÇÃO PSICÓLOGICA DO SUCEDIDO, E A ISSO
CHAMAMOS DE «SENTIMENTO».
Retenha esta frase de Damásio: «as emoções estão ligadas ao corpo enquanto os
sentimentos fazem parte da mente», ou seja, é uma representação psicológica do
sucedido. Mas é realmente importante fazer a destrinça entre o que são EMOÇÕES e
SENTIMENTOS.
1. FALANDO DAS EMOÇÔES: António Damásio, refere que, as emoções são
expressões inconscientes do organismo e são quantificáveis (em as respostas
químicas e neurais) e observáveis", por uma terceira pessoa, por exemplo, na
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Na hipnose, a área cerebral mais ativada com as PALAVRAS é o Giro do Cíngulo, ele está
ligado especificamente aos processos imagéticos que acontecem com mais acuidade em
hipnose; Sabemos agora que o cérebro possui entre 15 e 18 áreas ligadas a imaginação,
e a representação imagética; existe também um incremento da neuroplasticidade
cerebral, pois em hipnose a capacidade de recuperação do cérebro, e a capacidade de
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Sabia que cerca de 50% dos recursos do cérebro é a processar imagens? É verdade e
como diz Richard Bandler: “A maioria dos nossos problemas são imaginários, logo só
temos de criar soluções imaginárias.” – Richard Bandler, co-autor PNL
Pense comigo, não evoluímos para palavras, evoluímos sobretudo para imagens. Por
isso a nossa linguagem é predominantemente simbólica; Embora, sejamos
principalmente animais pensantes, no passado era realmente importante observar os
arredores do terreno para sobreviver, embora os outros sentidos também sejam
importantes, principalmente quando combinados com a visão;
Os nossos cérebros processam imagens muito mais rápido do que texto escrito -
levamos apenas 150ms (milisegundos) para processar uma imagem e, em seguida, mais
100ms para que possamos atribuir um significado; Por outro lado as recordações são
visuais, se neste momento tentar lembrar alguma coisa, com muita probabilidade surge
uma imagem na sua mente, é a forma como funciona a mente – através de expressões
simbólicas; Em condições normais, se ouvir uma informação, alguns dias depois
recordará apenas 10% (média); mas se adicionar alguma imagem a essa informação, a
taxa de lembrança sextuplica e pode chegar até 65%;
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Por exemplo, uma pessoa que sofre de claustrofobia e com medo de elevadores,
porque lhe disseram que ficou fechado num armário quando era criança, mais tarde e
já adulto responde ao perigo percebido mesmo se a mente lógica souber que está no
quarto ou numa sala que é seguro. O paradoxo é que a pessoa sendo adulta sabe que
racionalmente não devia ter medo, pois ela já não está no armário. Contudo as
sensações de medo, pânico seguidos por taquicardia, terror sudorese são evocados de
imediato.
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Por outras palavras, sabe-se agora que há mais que uma maneira de armazenar a
memória. Não estamos a falar de uma memória de diferentes acontecimentos, mas de
múltiplas memórias do mesmo evento, isto é, memórias que operam em paralelo e
independentes — como se dois jornalistas com diferentes personalidades estivessem a
tirar notas acerca de uma única história em curso.
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A pergunta que devemos fazer é esta: porque é que esses pacientes tendem a
expressar desesperança em relação a mudança?
Os pacientes, por vezes, são fontes não confiáveis. O isolamento social que faz parte do
comportamento da maioria (nomeadamente nos estados depressivos) trata-se do
exemplo de um esquema que costuma se desenvolver posteriormente na infância ou na
adolescência e que pode não refletir as dinâmicas da família nuclear. O hipnoterapeuta
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deve-se aliar aos pacientes com uma relação empática e afetiva, para lutar contra os
esquemas disfuncionais, usando estratégias cognitivas, afetivas, interpessoais e usando
técnicas de reforço e libertação do ego. Quando os pacientes repetem padrões
disfuncionais baseados em seus esquemas disfuncionais, o terapeuta deve-os
confrontar, empaticamente, com as razões para a mudança.
Segundo o pai da Terapia dos Esquemas Young, Klosko, observamos quatro tipos de
experiências no início da vida que estimulam a aquisição de esquemas disfuncionais.
Vejamos quais são estas experiências:
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4. Como é que as coisas poderiam melhorar para si, neste momento? (Medicação e
situações sociais.)
R:__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
5. Como é que as coisas poderiam piorar para si, neste momento?
R:__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
6. Se você ficasse curado, o que é que passaria a ser capaz de fazer? [Como é que você
gosta que os seus amigos o chamem? Posso chamá-lo assim?]
R:__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
7. [Caro……………….... (nome)], em toda a sua vida [pausa]… Qual foi a pior coisa que
já lhe aconteceu? (Desamparo, abandono, humilhação, outro?)
R:__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
8. [Caro……………....... (nome)], em toda a sua vida [pausa]… Qual foi a pior coisa que
você já fez? (Culpa, revolta…)
R:__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
9. [Caro…………………. (nome)], em toda a sua vida [pausa]… Qual foi o maior medo que
você já teve?
R:__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
10. [Caro…………………. (nome)], em toda a sua vida [pausa]… Que situação é que o fez
sentir mais raiva? (Transdução de medo ou de terror?)
R:__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
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11. [Caro…………………. (nome)], em toda a sua vida [pausa]… Em que situação é que se
sentiu mais envergonhado? (Vergonha ou embaraço, em vez de culpa.)
R:__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
12. [Caro…………………. (nome)], já conheceu alguém com o mesmo problema ou com
um problema semelhante ao seu? (Possível modelagem de figuras vinculação.)
R:__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
13. [Caro…………………. (nome)], qual foi a coisa melhor que já lhe aconteceu na vida?
(Recursos.)
R:__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
14. Pense nisto, se eu tivesse uma varinha mágica e pudesse fazer com que um desejo
seu se tornasse realidade, o que é que você mais desejava neste momento? (máximo
3 desejos). Quantos desejos é que eu teria de lhe satisfazer para você ficar bem?
R:__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
15. Muito bem, quero fazer-lhe uma pergunta muito importante. Há mais alguma coisa que
você ache que devia saber?
R:__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
Questionário baseado no Clinical Guide, Roy Hunter e Bruce Eimer (2012)
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Levar o seu consulente a regredir às origens de uma situação pode ser tão simples
como realizar uma indução hipnótica. Para isso, basta pedir-lhe que se concentre
num sentimento e regresse ao momento em que o sentiu pela primeira vez. Mas,
primeiro, devemos perscrutar na história clínica, como ele vive determinado
problema no presente e envolvente psicossocial.
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S E
S = SENTIMENTO
E= EMOÇÃO
S= SOMATIZAÇÃO
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II. E= Emoção: perguntar, como isso a faz sentir-se? Quais as sensações que sente no
seu corpo?
«Tenho medo de ser abandonado e começo a tremer, por vezes, com vontade de
chorar.»
III. S= Somatização da Emoção: Lembre-se que a usa o corpo como teatro, assim,
perguntar: Como sente fisicamente essa sensação de abandono e vontade de
chorar? Como é que o seu corpo reage a essas emoções?
«Sinto um sufoco, um aperto no peito e uma e falta de ar.»
IV. Como se…= aqui é os itens anteriores expresso numa metáfora. Perguntar: diga-me
essa falta de ar, aperto no peito e sensação de sufoco isso tudo é como se…»
Por exemplo, o paciente responde: «Não sei bem, mas é como se me tivessem
abandonado e preso dentro de um poço. É isso, parece que me imagino num sítio
apertado como um colete de forças. Aliás, quando penso nisso, até sinto um
aperto no peito e falta-me o ar.»
VI. A última vez em que sentiu essas emoções e sentimentos: Finalmente, pedimos ao
paciente para se concentrar bem nos seus sentimentos e emoções do momento
presente, prestando especial atenção às sensações que espoleta no seu corpo.
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Nesta altura, iniciamos uma contagem de um a três. Atenção: esteja preparado com
algumas técnicas de recurso, porque o paciente pode voltar atrás, no tempo, tanto a um
momento da infância ou à vida intrauterina como a um momento significativo numa
vida passada.
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A Chave da Alma
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A mente inconsciente é uma espécie de terreno fértil, onde tudo o que semeamos vai
com certeza germinar. Assim, é absolutamente fascinante poder colaborar com ela no
reencontro com recursos, soluções e possibilidades ilimitadas. Sabemos que o
inconsciente funciona pelo princípio do prazer (Princípio do Condicionamento
Operante), o que significa que procura evitar a dor e experiências desagradáveis,
nomeadamente, reprimindo e disfarçando as lembranças dolorosas e inaceitáveis.
Desse modo, as experiências desagradáveis tendem a surgir na consciência de maneira
protegida, ou seja, simbolizada, como sintomas somatoformes, polaridades e conflitos.
Utilizando, mais uma vez, como referência, a terminologia operante, pelo princípio de
economia, as totalidades conflituantes podem ser representadas por uma parte
simbólica — o que explica o signo-sinal. Percebendo o signo-sinal, simbolicamente
representado pela mente inconsciente, ao falar na sua linguagem simbólica, a pessoa
entrará num estado hipnótico de resposta automática — decerto o seu único recurso
para não sofrer aquela perturbação indesejada.
O uso de linguagem simbólica (analogias, metáforas, etc.) é muito importante, na
medida em que possibilita a utilização do princípio de economia do inconsciente, para
chegar à causa do problema e espoletar os poderosos processos de cura. Na realidade,
tudo vai ocorrer no âmbito do transe hipnótico o que, obviamente, facilita o
processamento de novos recursos e acelera as mudanças.
Sem uma direção certa, nunca se sabe onde a mente profunda nos poderá levar.
Lembre-se de que a mente inconsciente é muito literal, por isso, tenha cuidado com a
sua linguagem, à medida que orienta e dirige o seu paciente de volta, no tempo. Não
precisa de saber quando ocorreu o evento, mas deve ser o mais específico possível
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Use uma indução que sirva o seu cliente e esteja de acordo com ele. Não se esqueça de
envolver o maior número de sentidos e sensações possível (ancoragem de sistemas
representacionais), na elaboração hipnótica. Quando trabalhar com um paciente que
seja predominantemente analítico, faça algo de modo a extrair essas coisas da sua
cabeça. Incentive-o a focalizar a sua atenção nas sensações físicas do corpo e nas
emoções; utilize as técnicas da Confusão Mental, da Respiração e outras. O melhor para
a maior parte da terapia de regressão é um estado médio/profundo de hipnose; o
constante aprofundamento da hipnose, através da sessão, é altamente benéfico.
✓ A importância da Respiração
Como hipnoterapeuta, aprendeu que o rapport mais forte que se estabelece com
o paciente é o da respiração. Como terapeuta em hipnose de regressão, deve
abrandar ou acelerar o seu ritmo respiratório, de acordo com o ritmo da
respiração do paciente. Por vezes, manipulo a minha respiração durante a
sessão, numa tentativa de expandir a mente do paciente a um estado de
consciência mais intuitivo. Tal como referem muitos terapeutas, é normal entrar
num ligeiro estado de transe induzido, para estar mais aberto e intuitivo não só
às pequenas nuances que possam acontecer no transe do paciente, mas também
às forças espirituais que poderão estar à nossa volta.
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Muito bem… agora você tem ____anos… e quero que esse(a) menino(a) de ____
anos … olhe à sua volta … veja onde é que está … e diga-me o que é que vê?.
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Na maioria das regressões, deve sugerir ao seu paciente que se coloque na posição de
observador objetivo. Através da Visão de Pássaro, ele pode pairar sobre a cena, ver os
acontecimentos como observador objetivo ou, mesmo, como que flutuar numa nuvem
sobre a cena evocada. Ver a cena traumática sentindo-se distanciado ou de um ponto
de vista mais objetivo tem grande valor curativo e também ajuda a prevenir ab-reações
desnecessárias. Há momentos em que é importante lembrar os sentimentos provocados
por um acontecimento passado numa perspetiva mais positiva. Nesses casos, e após
reforço do ego da paciente, pode mesmo deixar o paciente entrar na cena para a reviver
plenamente a experiência de forma positiva.
Mais uma vez, seja na aplicação de uma técnica ou para direcionar o objetivo de
determinada sessão, não se esqueça de definir a intenção da sessão de regressão,
usando a técnica de Semeadura, veja um guião tipo de semeadura:
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Agora, antes de continuarmos, irei pedir-lhe que visualize uma luz branca ou
dourada… e talvez possa imaginar à sua volta essa bolha de luz protetora… desde
o alto da sua cabeça até aos dedos dos pés, que o protege de forças externas e
lhe confere calor moderado, fulgor, luz e energia. E pode perceber essa
luminosidade um poderoso escudo diáfano de luz dourada à sua volta, da cabeça
aos dedos dos pés, para o proteger de forças externas… O escudo confere-lhe
calor moderado, fulgor, luz e energia. Se lhe chegar alguma lembrança negativa
do passado, ela cederá desvanecendo-se, sem consequências, face ao seu escudo
de luz protetora.
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Durante o trabalho de regressão, por norma, o seu paciente só irá relatar uma pequena
parte de tudo que ele está a experienciar. Isto acontece, apenas, porque a comunicação
verbal requer um enorme esforço da parte da pessoa em transe, quando ela se encontra
num estado de profundo relaxamento. Consciencialize-se de que só irá ouvir dez ou
vinte porcento de tudo o que se estará a passar. Apenas alcançará a ponta do problema,
mas a mente profunda sabe o que fazer.
É fundamental que aprenda a observar cuidadosamente os vários sinais provenientes
do paciente. Algumas das coisas mais importantes a ter em conta são mesmo as
mudanças mais ténues na fisionomia do seu paciente. Entre os sinais mais evidentes
temos:
• Respiração
• Movimento dos olhos
• Expressão facial
• Tom da pele;
• Tónus muscular
• Movimentos do corpo: dedos, mãos, braços e pernas
• Tensão corporal
• Tom de voz
É importante dar tempo suficiente para explorar cada acontecimento significativo, mas
há alturas em que deverá agilizar ou acionar a regressão, para que o processo de cura
possa continuar. Pode levar o cliente a avançar ou recuar no tempo, alterar a distância
(focal), parar ou fazer uma pausa, consoante as necessidades, usando as seguintes
sugestões:
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Atenção: Por vezes, a catarse de uma ab-reação pode ser muito intensa, pelo que o
hipnoterapeuta deve estar preparado e dominar as técnicas adequadas de dissociação
(Visão de Pássaro, Proteção da Bolha de Luz), e/ou estar munido de vocabulário ou um
texto que permita ao consulente compreender e ultrapassar os bloqueios emocionais que
sempre caracterizam uma ab-reação.
Para um leigo que esteja a ver uma sessão de regressão a vidas passadas pela primeira
vez, o momento de catarse no momento da morte na vida pregressa pode parecer algo
violento e bruto. Mas não é — bem pelo contrário, é extremamente libertador para o
paciente, pois permite-lhe libertar a pressão dos traumas de vidas passadas. A catarse é
a forma que o corpo tem de drenar a energia, emoção e da dor associadas a momentos
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dramáticos de vidas anteriores. Podemos ilustrar essa energia como uma panela de
pressão, que, ao longo do tempo e com o acumular de recalcamentos, vai aumentando
a pressão interior, até ficar prestes a explodir. Em regressão, perante a ferida psicológica
emocionalmente traumática, libertamos essa enorme pressão e, em resultado,
dessomatizamos um engrama traumático. Finalmente, o paciente sente um alívio no
final da sessão e avançar para novas descobertas, insights e reflexões
Independente da definição que se possa dar ao termo, o insight será a perceção que as
pessoas adquirem, ao estabelecerem uma relação entre os seus comportamentos e a
compreensão da questão emocional que os fundamenta. Ou seja, é esta relação que a
pessoa vai estabelecer em terapia entre a sua forma de pensar, sentir e agir — no seu
comportamento quotidiano — e as suas representações internas emocionais e
psicológicas.
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Sabemos que grande parte do objetivo da terapia regressiva é libertar a mágoa que o
paciente traz do passado. Ou seja, agradecer mais e reclamar menos, já que experiências
boas trouxeram felicidade e situações difíceis trouxeram nova experiência. Assim, peça
ao seu paciente para encarar diretamente a pessoa com a qual tem um problema de
mágoa, usando a Técnica dos Estados de Ego procurar dar um novo significado à
experiência onde reside a mágoa. Fazendo uso de metáforas, e técnicas de
desvinculação dos outros significativos, peça-lhe para perdoar e ser perdoado por
qualquer dano causado, consciente e inconscientemente. Às vezes, é mais fácil perdoar
a pessoa do que o ato que ela cometeu. Se o perdão é uma parte importante da
resolução dos eventos do passado, mas mais importante ainda é o autoperdão. Muitas
vezes, perdoar-se a si mesmo é a parte mais difícil da resolução dos eventos do passado.
X. A ABORDAGEM GESTALT
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O sucesso sucedido é possível para a mente inconsciente. Porquê? Por que para a mente
inconsciente, a realidade é atemporal e o futuro já faz parte da sua própria vivência
interna, que está sempre no presente. Com esta técnica, sugerimos que as mudanças
ocorram num futuro próximo, de modo a serem realizadas internamente, uma vez que
se vão ativar a mesmas áreas neuronais que seriam ativadas se o paciente já estivesse a
implementá-las. Acompanhe-me nesta linha de pensamento, após os momentos de
stress inoculados e para que a terapia funcione, é importante que se estabeleça a
antecipação e a expetativa da mudança desejada no futuro. Na técnica da Ponte para o
Futuro, pedimos ao paciente para imaginar o mais vividamente possível os cenários,
coisas ou os acontecimentos, como ele desejaria que fossem num futuro próximo e a
mente inconsciente irá evocar os recursos necessários para lá chegar.
Finalmente, sugerimos que, entre as múltiplas alternativas e caminhos para chegar
ao futuro, se experimentem diferentes vias, para escolher a que melhor se adeque ao
paciente.
Muito bem, agora poderá recordar tudo que viu, ou poderá esquecer-se de se lembrar
o que sentiu e experienciou, se a sua mente profunda entender ser o melhor… Assim,
agora, prepare-se para regressar mentalmente ao aqui e ao agora. Prepare-se para
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começar a regressar ao tempo do presente… neste lugar… neste dia… e nesta data…
Automaticamente irá sentir-se melhor do que antes e com sensações maravilhosas que
não estavam antes em si… Muito bem. Traga consigo esta nova consciência e
compreensão. Traga consigo os dons, talentos e habilidades que melhor lhe sirvam.
Regresse livre do que quer que já não precise. A meu pedido concentre-se na minha voz
e regresse completamente, totalmente a este consultório. Regresse e tome consciência
do seu corpo. Regresse e tome consciência desta sala e da nova energia que a preenche.
Isso mesmo, regresse completamente, enraizando-se e ligando-se bem ao momento
presente.
Sabendo que, hoje, um pouco mais tarde, ou, até, nos seus sonhos e meditações dos
próximos dias, poderá receber ainda mais mensagens sobre o que acabou de ver, sentir
e experienciar. Relembre tudo o que viu, sentiu e experienciou… Agora, regresse
completamente… 1, a regressar completamente… 2… 3… 4, a sentir completamente o
corpo… 5… 6, a mover o corpo e respiração a voltar ao normal… Isso… 7… 8… a mover o
corpo e a respirar mais profundamente… 9… e 10… a despertar completamente…
poderá AGORA abrir os olhos para se sentir preparado… e poderá regressar
completamente e maravilhosamente ao presente… Muito bem, abra os olhos AGORA
para sentir uma paz maravilhosa… uma energia incrível… sentindo-se um ser humano
adorável e maravilhoso.
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PORQUE É TÃO IMPORTANTE TERMINAR A SESSÃO COM UMA PERGUNTA FINAL DE POSSIBILIDADE ?
Kurt Lewi, pai da Psicologia Social, corroborava que, na teoria das Tarefas Inacabadas, a
mente profunda não «desliga», já que continua a procurar soluções e novos recursos
para completar a tarefa numa gestalt percetiva, quando são dadas sugestões de
possibilidades no final de um processo que não esteja de todo concluído. Atente-se, por
exemplo, como o «Zeigarnik effect», e a respetiva tensão provocada por esse fenómeno
cognitivo é explorada pelas séries americanas. Como é que isso acontece?
Normalmente, em cada episódio, o enredo da história acaba no momento mais intenso
ou dramático, como motivo propositado para espoletar a «tensão» no telespectador;
outro exemplo da aplicação desta teoria é o efeito do Candy Crush Saga. Este conhecido
jogo produz uma sensação de tarefa incompleta, que gera um tensão cognitiva e que
induz a uma rotina até o vício se instalar. Cada vez que tentamos completar a tarefa,
recebemos uma dose de dopamina, o que torna esse efeito muito viciante.
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Vamos concluir este protocolo de terapia regressiva com uma questão pertinente. Como
profissional responsável na área psi, se entender que aquela regressão não tiver sido
bem-sucedida, não deve deixar o paciente sair do seu consultório com a sensação
estranha de que é diferente de toda a gente e que, por isso, a terapia regressiva falhou
com ele. Lembre-se de que cada caso é um caso e que, muitas vezes, uma sessão que
parece inicialmente pouco promissora, acaba por se revelar um mundo maravilhoso de
descobertas. Com rapport, assegure-se de que reduz um pouco as expetativas do seu
paciente e o informa de que o processo da terapia é como uma escadaria que temos de
subir um degrau de cada vez. Identifique com o paciente aquilo que é necessário para o
conduzir a uma experiência de regressão bem-sucedida. Se o fizer, ele ficará
seguramente comprometido com a terapia, e os resultados aparecerão mais tarde.
Gosto de referir que a mente inconsciente tem a sua própria agenda. Atente-se que,
sejam quais forem as nossas intenções e sejam quais forem os desejos do paciente, as
sessões têm «vida» própria. Durante a regressão, vários assuntos, situações e emoções
mal resolvidos, podem surgir e mudar significativamente a agenda prevista. Sem
esquecer a idealização que o próprio paciente tem do que é a regressão e que, por vezes,
funciona como resistência. Há dois aspetos importantes a considerar: se considera
necessário mudar a técnica e/ou a orientação da sessão, deve falar abertamente com o
seu paciente e pedir autorização para, nas sessões iniciais, utilizar técnicas terapêuticas
de reprogramação mental e que irão preparar a mente para viajar melhor no tempo e
no espaço. Use técnicas de PNL, Reprogramação Mental e aplique a heterohipnose,
ensine visualização guiada, estimule a auto-hipnose e provoque pequenas mudanças
positivas, preparando o terreno de modo a torná-lo fértil e propício à regressão a vidas
pregressas.
Outro aspeto a ter em conta, é que deve informar o seu paciente, na conversa prévia
antes da regressão, de que podem surgir outros assuntos que também necessitam de
ser abordados. Assim, quando estiver a orientar uma regressão ao passado, explique
que há diferentes formas de regressão, que podem ser experienciadas em transe. Fale-
lhe da regressão da vida singular e das regressões da vida múltipla, assim como da
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regressão da vida intermédia (regressão no espaço entre vidas), para que ele as possa
reconhecer e estar preparado quando qualquer uma delas ocorrer.
Observação: Reitero que, mesmo que a primeira regressão não seja bem-sucedida,
nunca deve deixar o seu paciente partir sem entender que a terapia é um processo, um
caminho passo-a-passo e para o qual o irá preparar, não um fim em si mesmo. Nenhum
paciente deverá ficar com a sensação de que a terapia falhou com ele.
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Muito bem… preste atenção ao que lhe vou dizer pois isso é da máxima
importância de que entenda… eu gostaria que você percebesse… Desde o dia em
que nasceu, que passou naturalmente por muitas experiências… umas boas e
outras menos boas… eu tenho para mim de que experiências boas trazem
felicidade e situações más trazem conhecimento, não é verdade? Por isso há
quem diga que não existe boas ou más experiências, mas oportunidades de
crescimento… ora, em cada uma das suas experiências aprendeu coisas… em
cada momento da sua vida… Todas essas experiências ficaram guardadas dentro
de si… lá bem no fundo da sua mente profunda sábia e amiga… Sensações e
emoções, tudo informação sensorial na forma de imagens mentais… Os
chamados engramas… Cada minuto dia da sua vida, está algures gravado nas
células do seu cérebro… Como a informação num computador… só que com uma
capacidade muito superior…
Gostava que soubesse, que existe uma parte de si… uma parte realmente única
de si… a sua mente interior sábia e amiga… o seu inconsciente profundo… que
tem acesso a todas essas recordações e imagens mentais… E dentro de
momentos… vou sugerir-lhe que, mentalmente, se permita regredir ao passado,
seguindo a minha voz… pois a minha voz irá consigo para toda a parte, porque
eu sou alguém que conhece e confia… Assim, vou contando os números
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Muito bem… permita-se fechar os seus olhos de fora e abrir os seus olhos de
dentro… da sua imaginação… porque entrar em transe hipnótico é tão fácil que
a maioria das pessoas preferem fazê-lo de olhos fechados AGORA… está certo…
Agora que se permitiu fechar os olhos deixe que todos os músculos do seu corpo
se descontraiam a cada número que eu disser… e durante a minha contagem
perceba instalar-se em si uma agradável sensação de conforto e paz… sentindo
ao mesmo tempo uma temperatura morna… que se espalhe pelo peito… nos
ombros… e todo o seu corpo se descontrai amolecendo cada vez mais… E, à
medida que eu for contando de 10 até 0 o que eu gostaria que fizesse é que
deixasse essa sensação maravilhosa de conforto… espalhar-se por todo o corpo…
até às pontas dos dedos das mãos… até às pontas dos dedos dos pés… porque o
seu corpo também tem o direito de descansar, está certo? Vamos então iniciar
a contagem… 10… imagine no topo de um belo lace de escadas… 9… e na medida
que começa a descer o seu relaxamento fica cada vez mais profundo… 8… 7… e
quanto mais desce, mais calma e descontraído fica… 6… 5… e a certa altura pode
até nem sentir os degraus simplesmente flutua sobre essa escadaria e isso ainda
o torna mais profundamente descansado… 4… 3… e, enquanto flutua descendo
mentalmente uma escada imaginária… você pode gradualmente sentir a
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Muito bom… agora poderá sentir uma profunda e maravilhosa sensação de paz
e descanso hipnótico… E eu quero que saiba algo que realmente vai ser muito
bom para si… uma das coisas boas da hipnose… é que, neste estado de transe…
você pode fazer o que quiser… como num sonho bom… Pode ir onde quiser… a
flutuar… viajar para qualquer sítio… estar em qualquer situação que queira…
Pode, até, RECUAR NO TEMPO… até a uma memória agradável… Algo que há
muito não recordava… para que, mais uma vez… possa REVIVER ESSA
EXPERIÊNCIA EM SEGURANÇA… com todos os sentimentos de então… sabendo
que está seguro e em boas mãos.
Muito bem… a meu pedido, vamos agora recuar no tempo… ano a ano… até à
sua infância… para só ver lembranças felizes [ou, se sugerido, libertar momentos
traumáticos e que fazem sofrer]. E eu quero lembrar que a sua mente retém as
lembranças positivas de tudo o que viveu… na idade em que a lembrança foi
registada… e, apesar da distância, traz agora consigo todas essas lembranças…
na sua mente de adulto… mais experiente e compreensiva… E, à medida que
formos viajando no tempo e no espaço… vamos recuar ao tempo… recuar à sua
infância… e você irá mergulhando cada vez mais fundo dentro de si mesmo…
aproximando-se das memórias antigas e esquecidas… e isso será como se
estivesse a virar as páginas de um velho álbum de fotografias… e poderá recordar
com muita facilidade momentos em que se vê a ficar mais jovem… cada vez mais
jovem… e, depois, mais pequeno… cada vez mais pequeno… e ao recuar no
tempo a meu pedido… naturalmente vai mergulhando cada vez mais
profundamente dentro de si mesmo… pois a sua mente está cada vez mais
profunda… mais e mais penetrante… e sempre que eu pedir para parar numa
idade qualquer… você estará na idade que tinha então… a ver e a ouvir cada cena
com um notável nível de pormenor… e o mesmo tempo pode falar comigo
facilmente… mantendo esse estado de profunda paz e segurança…
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que visualizem um aposento que lhes seja familiar, como, por exemplo, o quarto deles.
Depois, fazemos perguntas para saber onde se situam os móveis, como a cama e o
guarda-fatos, em relação à porta de entrada. Abrimos o guarda-roupa e perguntamos
quais são as suas roupas preferidas para ir à escola ou para brincar. Transportando-os
de volta à escada, para chegarem aos sete anos, flutuamos para diante, de volta à casa
onde eles viviam com essa idade (muitas vezes, é outra casa) e onde podemos fazer
perguntas sobre os animais domésticos e os brinquedos prediletos.
Observação. Se sentir que o paciente não está a ir tão fundo no transe como deveria,
nesta indução hipnótica, iremos aprender a usar o dedo ideiomotor da mente
(movimento ideiosensor) para determinar os pontos e idades de intervenção. Veremos
um pouco mais à frente como instalar a Resposta Ideiomotora, para o uso da técnica
Regressão Estruturada!
Muito bem… e quero sugerir que confie na sua capacidade para vislumbrar as
imagens que lhe vão surgir de si próprio… em diferentes épocas e lugares…
identifique as emoções associadas a essas cenas e relate-me o que vai vendo,
percebendo, sentindo… e experienciando… E é possível ver tudo o que surgir…
com todos os detalhes… a ouvir… a observar… e a sentir a fundo… pode relatar
o que quiser… sem censura… porque eu sou uma pessoa que você conhece… e
em quem confia… está certo… E, enquanto eu o guiar nas nossas viagens em
conjunto, é possível que outras pessoas que conheceu e amou venham juntar-se
a nós… noutros corpos… de outras classes sociais… Nessas viagens ao passado,
por vezes pode surgir um ser espiritual ou o seu guia pessoal, e poderá ajudar-
me a ajudá-lo… e dar-lhe alento… conforto… e força… para compreender o que
precisa ser compreendido… para entender as pequenas coisas que precisam ser
entendidas… e a curar o que precisa de ser curado… para o seu equilíbrio, bem-
estar e mais alto bem. Muito bem… pode-me dizer o que está a ver ou sentir
agora?... Onde está, neste momento?... Está sozinho ou acompanhado?...
Rodeado de amigos ou inimigos?... Vejo do Alto como um pássaro se for mais
confortável para si… [momento de explorar as respostas]
Perfeito… comece por só olhar para as cenas, dizendo-me o que puder… com
total confiança. À medida que formos avançando na descoberta dessas
memórias ancestrais, a sua memória ficará cada vez confortável e vai recordar
isso com alguma facilidade… lembre-se que a cada lembrança ela estará cada vez
mais profunda e penetrante e automaticamente verá automaticamente mais…
ouvira com mais facilidade… aceitará saudavelmente mais… e compreenderá
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Há sempre pacientes que criam uma certa resistência ao processo de visualização, e uma
boa forma de ultrapassar essas resistências naturais é utilizando a técnica da resposta
ideiomotora da mente inconsciente. Mais à frente, irei explicar como se faz uma indução
estruturada (técnica de Regressão Estruturada) com a técnica da resposta ideiomotora,
mas, por agora, observe como podemos ultrapassar uma resistência com esta poderosa
técnica de resposta da mente inconsciente. Após sugerir ao paciente que imagine um
belo lanço de escadas a seu gosto, mas que tenha o número de escadas que corresponde
exatamente à sua idade atual e surgira que esse lanço de escadas tem a idade do
consulente para ele se imaginar a descer a escada da sua vida. A cada degrau que desce
mentalmente corresponde a uma determinada idade e que ele naturalmente irá sentir-
se cada vez mais jovem em cada degrau, e as respetivas memórias do passado podem
ser afloradas mais facilmente. Em seguida, sugira-lhe que deixe a mente sábia e
profunda fazer aquele movimento por ele, para, assim, obter uma resposta positiva do
sinal ideiomotor. Veja o exemplo:
Muito bem… veja… imagine… ou sinta que está no alto de uma bela escadaria
que tem exatamente o numero de degraus que correspondem à sua idade
atual… levante os dedos da mão direita quando se sentir no topo dessa enorme
escadaria… muito bem… se for confortável para sai, coloque a sua mão no
corrimão… e pronto… mentalmente poderá descer cada degrau em segurança e
iniciar a sua descida comigo, a minha voz estará sempre consigo enquanto desce
cada degrau e se permite recuar no tempo e no espaço….
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Enquanto eu conto regressivamente cada degrau a sua mente está cada vez
mais penetrante e profunda… e no cima desta escada longa você pode perceber
que na medida que vai descendo, mais jovem se vai sentir… e enquanto você
se vai desligando-se cada vez mais do seu corpo… automaticamente as
memórias ficam mais vivas e nítidas… Pronto? Começamos a descer agora…
30… (por, exemplo) deixe-se ir em cada degrau… 29… sente-se seguro e começa
a perceber o seu corpo mais jovem e as memórias da idade correspondente…
28… começa agora a flutuar… descendo a flutuar… em direção ao degrau mais
abaixo… 27… sinta a luminosidade… enquanto desliza e flutua… está a flutuar
livremente… agora… muito perto de determinada idade onde sabe deve
aprender alguma coisa… Muito bem… Isso mesmo. [continue a dar sugestões
de recuo na idade, na exata medida que vai descendo o lanço de escadas]
Enquanto desce a escada e recua mentalmente no tempo, também pode sugerir para
ele saltar alguns números e dar rapidamente sugestões para o fazer regressar aos 20, 10
ou 5 anos de idade. Contudo, na infância sugira que abrande consideravelmente a
descida, pois as primeiras experiências de vida são preponderantes na formação das
emoções e sentimentos que sabemos, moldam a personalidade do adulto. Nesta fase
aconselhamos que recorde a meninice ao pormenor, por exemplo, quando tinha 3 anos
onde estava ou quando foi para a pré-escola como se sentiu. Finalmente, podemos
sugerir que continue a flutuar, na escada, para a altura do nascimento e até à vida
intrauterina.
Se tudo estiver a correr bem, fazemos o paciente regredir à sua primeira recordação de
criança e, finalmente, ao útero da mãe, imediatamente antes de nascer. Tranquilizamo-
lo, dizendo-lhe que a transição é fácil, porque ele agora é muito novo (dois ou três anos
de idade). Quando fazemos essa descida mental às sensações e recordações do útero
materno, utilizamos o seguinte tipo de sugestões:
Muito bem… Isso… Agora, pode voltar mais atrás… peço que volte a um
momento específico entre a conceção e o nascimento… Os seus braços e pernas
estão pequeninos… muito pequeninos… E, agora, você pode voltar à sua
primeira casa… onde foi convidado a nascer… uma casa muito especial… Essa
casa é o ventre da sua mãe… E isso é muito fácil… é um momento muito especial
para si… Deixe que a sua mente profunda o leve ao momento entre a conceção
e o nascimento… Não sei como, mas a sua mente profunda saberá levá-lo lá…
àquele momento especial… em que se sentia quentinho… no útero materno…
volte a um momento entre a conceção e o seu nascimento…
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Há pacientes que só têm vagas reminiscências de serem bebés dentro do útero materno;
outros, pelo contrário, fazem relatos muito emocionantes sobre a vida intrauterina e
recordam até conversas entre os progenitores e que lhe dizem respeito. Recordar e
viver, na segurança do consultório esse período de tempo, é uma realidade que todos
os pacientes consideram muito significativa muito importante para compreensão da
escolha daqueles pais. Voltar ao ventre materno, mas sobretudo perceber se era
desejado e amado nessa altura traz respostas muito significativas para qualquer um de
nós. Se o paciente demonstra estar a reviver memórias no útero materno, nesse
momento devemos perguntar se os seus braços, pernas e cabeça estão razoavelmente
confortáveis e o que ouve e sente. Por exemplo:
Consegue ouvir o coração da sua mãe a bater? Concentre-se, pois você será os
olhos e ouvidos da sua mãe. Em que é que ela está a pensar? Qual o pensamento
que ele envia para si? E o seu pai consegue percebê-lo? Considera que é desejado
por eles?
O feedback a partir do útero pode ser considerado o contacto inicial com a alma de um
paciente e a primeira insinuação que temos acerca do grau de desenvolvimento
específico dessa alma recentemente reencarnada. Na realidade, sabemos que existe
sempre uma grande diferença na evolução de uma alma, entre uma pessoa que explica
que está a tentar tranquilizar uma mãe ansiosa, ou que diz o que pensa sobre os desafios
que a esperam na vida, e outra que só diz encontrar-se numa espécie de limbo escuro,
sem dar grandes pormenores sobre o que sente e o que faz, antes de nascer. Se o
paciente for incapaz de responder exaustivamente no estado fetal, não o forçamos a
nada e avançamos para o passo seguinte.
Quando o paciente relata o que está a sentir no útero materno, podemos pedir-lhe que
avance para o momento do nascimento, para perceber se foi bem recebido ao nascer,
ou dar-lhe sugestões para o fazer recuar a uma vida passada. Começamos por sugerir
que visualize uma espécie de túnel comprido que o vai transportar para uma vida
significativa e que tem que ver com o seu problema atual. Também podemos sugerir
que se projete no tempo e no espaço, para uma vida com maior significado, onde poderá
encontrar a resposta de que precisa no presente. O importante é transmitir a ideia de
que ele vai ser transportado, da escuridão do útero materno, para a escuridão de um
túnel do tempo. Atente-se nas instruções:
Muito bem… gostaria que imaginasse que estamos agora a entrar num túnel
comprido, que o levará à sua vida imediatamente anterior… é uma espécie de
túnel do tempo… Esse túnel do tempo parece-se com um túnel ferroviário, mas
é muito mais delicado, limpo e feito de energia pura… e talvez possa visualizar
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Se estiver a lidar com um paciente muito racional, que não produza bem imagens visuais,
peça-lhe que se concentre nas sensações físicas, como o tato, nos sentimentos e nas
emoções associados à passagem por um túnel escuro. Se, mesmo assim, o seu paciente
disser algo, como «não vejo e não consigo imaginar!», faça-lhe uma série de perguntas
dicotómicas e diga-lhe:
Não veja; sinta. Está certo? Assim, diga-me: está num sítio claro ou escuro?
Amplo ou apertado? Frio ou quente? Cheira a ar livre, a mofo ou a bolor?
Consegue perceber algum som ou ruído? Sinta o frio e o calor; em que parte do
corpo é que sente esse calor ou frio? Existem sons? Esses sons o que lhe fazem
lembrar?
Muito bem… Por favor, levante um dedo da mão direita, se estiver pronto para
me acompanhar na travessia do túnel do tempo… levante um dedo da mão
esquerda se quiser esperar eu começar a contar, para darmos início a esta
experiência fascinante. [Como vou iniciar imediatamente a contagem, estas duas
opções estreitas dão-lhe pouco tempo para oferecer resistência. Observe as
últimas instruções que devemos dar quanto ao túnel:] Muito bem… Dez… Sai
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Para os fins desta formação, é importante perceber que a metodologia do espaço entre
vidas e das vidas passadas exige não só uma grande flexibilidade, mas também um
profundo conhecimento de várias técnicas e modelos por parte do terapeuta. Devemos
conhecer todos os métodos e técnicas, para nos podermos dar ao luxo de as esquecer
conscientemente, mas em terapia elas passem a fluir automaticamente na nossa mente
profunda naquela parte sábia e amiga. Como disse um dia Carl Jung: «Conheça todas as
teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar numa alma humana, seja apenas outra
alma humana.» Faremos agora uma breve alusão a uma série de perguntas
importantes, que podemos sugerir para situar mentalmente o paciente na sua vida
passada.
Seguindo as instruções dadas em transe, a maioria dos pacientes levá-lo-á a uma cena
significativa de uma vida passada. O terapeuta deve estar preparado para as reações
emotivas dos pacientes, em determinados momentos específicos do passado. Por
exemplo, a vivência da morte pregressa pode ser muito intensa e avassaladora, por isso
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Na primeira cena da vida passada (a menos que se trate de uma cena de morte),
podemos fazer o paciente avançar a intervalos de cinco ou dez anos. Esse hiato de
tempo é necessário para atualizar e tomar conhecimento dos acontecimentos mais
importantes dessa vida pregressa. Quando chegar o momento apropriado, para
perceber como o paciente morreu nessa vida, diremos:
Muito bem, agora, quero que se projete para o último dia da sua vida, para o
momento anterior à sua morte. Quero saber se está sozinho ou acompanhado,
se se encontra rodeado de amigos ou inimigos e se morreu de acidente, doença
ou por ação de alguém. Muito bem, quando eu contar até três: um, dois, três!
Descreva agora o que está a acontecer.
Se o seu paciente estiver a morrer de velho, importa perguntar sobre o que o rodeia, se
tem alguém a prestar-lhes assistência e como se sente. Em caso de cenas de morte mais
traumáticas, sugiro que o faça passar muito rapidamente por elas, fazer flutuar por cima
do corpo pregresso e fazer uma perspetiva de como morreu e o que acontece de
seguida. O facto de o paciente ver a morte de uma posição elevada, e visualizar a cena
da sua morte do alto, com Visão de Pássaro, dissocia-o emocionalmente do momento
traumático do passado e dá-lhe uma perspetiva e um ponto de vista diferente do que
realmente aconteceu podendo tirar importantes ilações e reflexões terapêuticas.
Voltaremos um pouco mais à frente a este tema.
Sou da opinião de que não devemos acelerar demasiado a passagem da morte na vida
passada. Na verdade, não é minha intenção aligeirar excessivamente o drama real de
ora estar num corpo ora estar fora dele, porque quero que os pacientes experimentem
sensações vívidas na primeira cena, em que se veem a flutuar num estado de alma livre.
Assim, após a morte e a libertação da consciência, digo:
Você acaba de morrer e pode agora flutuar como se fosse um pássaro… Esse
corpo já não tem mais nada para lhe oferecer… E você já passou por essa
experiência muitas vezes… quero que se afaste do seu corpo… sentindo-se livre…
sem qualquer dor ou desconforto… E, neste momento, é possível sentir-se a
flutuar… sem peso e sem limites… Quando quiser, olhe para cima… para o alto…
pois sabemos que algo de maravilhoso o espera… está pronto para subir?
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Depois, fazemos uma retrospetiva mais abrangente da vida que acaba de findar;
pedimos-lhe que nos descreva as pessoas relevantes nessa sua vida. Se o paciente
estiver a responder bem, com muitas descrições e um alto grau de envolvimento,
também podemos perguntar que personagens da sua vida passada se encontram na sua
vida atual. Neste caso, o sucesso das respostas não depende da evolução da alma, mas
antes do nível hipnótico de ligação.
Assim, com alguns pacientes, só devemos fazer esta pergunta quando eles se
encontrarem no espaço entre vidas ou no mundo espiritual. Procure não passar mais de
trinta minutos nessa vida passada, porque pode sempre levá-lo para a experiência de
morte e recolher as informações em falta retrospetivamente.
Segue-se uma série de perguntas abertas que constituem bons exemplos do que
devemos perguntar ao paciente, quando ele se encontra a flutuar acima da cena da sua
própria morte:
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Imediatamente após a morte numa vida anterior, sugerimos ao paciente que se eleve e
vá para um espaço entre vidas, para fazer uma retrospetiva da vida que terminou. Nessa
altura, devemos recolher os elementos necessários para fazer a ponte entre a vida
passada e a vida atual. O paciente deve, então, comparar algumas características da sua
personalidade da vida atual com as características da sua personalidade nessa vida
pregressa.
Ambas as vidas implicam corpos físicos, que, embora diferentes, apresentam
determinadas características que se repetem, formando padrões, e podem ser
identificadas. A tomada de consciência súbita dessas diferenças e semelhanças pode
catapultar o paciente para ultrapassar quaisquer barreiras de identidade que originem
confusão, entre os seus corpos na vida passada e na vida atual e a sua alma.
Por vezes, no decurso de uma cena de morte ou quando o paciente explica que acabou
de morrer numa vida passada, para o tranquilizar um pouco, colocamos um campo de
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energia de luz dourada protetora à sua volta. Ao mesmo tempo, anunciamos que o
espírito do seu guia pessoal sabe perfeitamente que ele morreu e se encontra por perto,
para o ajudar na transição. Podemos dizer:
Agora, percebe que a finitude não é o fim da vida… Acaba de morrer fisicamente,
mas vive espiritualmente… E, enquanto sai do corpo, será capaz de continuar a
falar comigo e responder às minhas perguntas… porque, agora, está em contacto
com o seu «eu» real… o seu eu mais profundo… ou, como alguns lhe chamam, a
sua alma… Sinta a mente expandir-se até aos níveis mais elevados do seu ser…
Olhando para o seu corpo, lá em baixo, poderá sentir-se momentaneamente
invadido de tristeza… mas o seu espírito já passou por esta experiência… E,
agora, você já pode voltar para casa… a sua casa cósmica… basta-lhe afastar-se
a flutuar… Quando estiver preparado, pode entrar na luz mais intensa que já
alguma viu… deixando para trás qualquer dor e desconforto físico.
Neste momento, devemos abrandar o ritmo do discurso, suavizar o tom de voz e reduzir
as perguntas; devemos dar tempo para que o paciente se possa deslumbrar no meio da
luz. Na verdade, o paciente acaba de se encontrar face a face com a sua alma imortal e
precisa de algum tempo para se adaptar à circunstância de estar num estado incorpóreo.
Esta primeira pergunta é significativa, porque o paciente pode não estar pronto para
deixar a Terra. Talvez ainda tenha lições a aprender ou preocupações em relação aos
familiares que ficaram para trás. Na verdade, a escolha entre ir ou ficar compromete
imediatamente o paciente, impedindo-o se se concentrar numa ação que deve
empreender. Por mais que a alma possa querer despedir-se mentalmente de um ente
querido que deixou para trás, a verdade é que a maioria dos pacientes opta por partir
imediatamente, dizendo: «Só quero ir-me embora.» Uma alma mais antiga e experiente
poderá observar: «Oh, é tão bom estar novamente livre! É tão bom estar novamente
a caminho de casa.»
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Mesmo nesta fase inicial de desprendimento, algumas almas sabem que possuem a
capacidade de contactar mentalmente com os entes queridos, em qualquer altura. Mas
também podemos sugerir isso, se for necessário. Se o paciente optar por ficar para se
despedir de alguém, o hipnoterapeuta deve incentivá-lo a fazê-lo e tentar descobrir o
impacto mental que essa despedida tem nele. Essencialmente, a razão para esse
contacto é tentar tranquilizar o ente querido, fazendo-o saber que o espírito que partiu
continua vivo. Em quinze anos de terapia de vidas passadas, compreendi que maioria
das almas não sente a mesma tristeza esmagadora pela morte física, que aqueles que
são deixados para trás, mas muitas sentem ser seu dever confortá-los.
Quando o paciente diz que está pronto para partir para a luz, o terapeuta deve fazer
as seguintes perguntas de acompanhamento:
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pessoal permaneçam pelo resto das suas vidas. Será uma lufada de luz nas suas almas
agrilhoadas pela dor cármica.
Isso MESMO… continue a afastar-se do seu corpo mais denso, pois ele já não tem
mais nada para lhe dar… Agora está a regressar a casa… à sua Casa Cósmica…
muito bem… dirigimo-nos agora para um lugar de consciência expandida…
enquanto você se desloca para cima… para o reino amoroso de um poder
espiritual omnisciente… Apesar de se encontrar apenas no portal de acesso a
esse reino maravilhoso, a sua alma é capaz de sentir a alegria de estar a ser
libertada… Tudo se irá tornando muito familiar para si, à medida que formos
progredindo… porque esse reino tranquilo personifica uma aceitação
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Se o paciente referir uma luz ou seres feitos de luz branca ou dourada amorosa e
brilhante, isso indica que se trata de uma energia vibratória pura e denota clareza de
pensamento e intenções.
Sinta essa luz que o recebe e sinta-a dentro de si. Tem alguma ideia, acerca desta
entidade que veio ter consigo, que não tenhamos discutido?
Tem a sensação de que o ser à sua frente tem uma polaridade masculina ou
feminina?
Os pacientes que só veem uma massa de luz pulsante, sem polaridade definida, não
precisam do conforto de ver uma figura humana. Se a luz for uma alma companheira,
normalmente, proporciona um reconhecimento instantâneo, revelando um corpo físico
de uma vida anterior ou, até, alguém da vida atual do paciente. Sempre que o paciente
vir uma forma humana, quer seja um Guia ou uma alma gémea, faça perguntas do tipo
das que se seguem:
I. No meio dessa luz intensa que está ao seu lado, consegue ver traços de um
rosto?
II. Distingue a cor, a luminosidade e o comprimento do cabelo? A cor dos olhos?
III. Os contornos do corpo inteiro desse ser fazem-no parecer alguém como você?
IV. Compreendo que, nesse lugar, a comunicação se faça numa linguagem
inaudível, mas você está a receber alguma comunicação telepática sobre a qual
me possa falar, através de palavras ou imagens introduzidas na sua mente?
Muito mais se poderia extrapolar, sobre este mundo absolutamente fantástico, mas
sinto que estamos no limiar de um conhecimento fantástico. Permita-me dizer que,
independentemente das suas crenças ou dos seus valores espirituais, deve procurar
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NÍVEL II: Manual de TRVP e Hipnoanálise: numa perspetiva clínica e transpessoal
lidar com estas experiências com respeito e sabedoria espiritual. Vai ver que sairá
sempre a ganhar, ao ser inspirado para pensar em boas soluções e fazer notáveis curas
terapêuticas — que inegavelmente vêm em nosso auxílio quando estabelecemos uma
contato espiritual.
Ótimo… muito bem… E é bom saber que nenhuma parte de si fica no passado…
e naturalmente pode compreender e libertar todas as dores do passado…
simultaneamente permite-lhe compreender melhor o seu presente e as
experiências que tem atraído para si… e assim, com esse conhecimento ancestral
adquirido… naturalmente, pode voltar para aqui, para junto de mim, no
presente… Eu irei fazer uma contagem (por exemplo de 1 a 10) e cada número o
seu sono está cada vez mais leve… e a sua respiração volta ao normal… O seu
ritmo cardíaco volta ao normal… E a sua consciência também volta ao normal…
Sabe que todas as partes de si estão saudavelmente integradas… Que está de
volta… está aqui comigo… no aqui e agora… Volta calmamente a este consultório
onde iniciou este trabalho de descoberta e crescimento… sentindo-se mais
forte… calmo… saudavelmente descontraído… totalmente desperto… e alerta…?
[iniciar a contagem e, finalmente, dizer]
Muito bem… ACORDE… e para sua agradável surpresa sente-se um ser humano
adorável e maravilhoso… E melhor ainda se irá sentir nos próximos dias.
Observação: Após o paciente ter despertado, pergunte-lhe como se sente. Por norma,
é conveniente não fazer muitas perguntas no fim da sessão de terapia regressiva, e
muito menos sobre o que se passou em regressão. Faça apenas algumas perguntas finais
de possibilidade e deixe que o efeito residual da hipnose continue a operar os seus
poderosos efeitos. E, a menos que o seu paciente lhe pareça confuso, perturbado ou
assustado deve o profissional conversar um pouco com ele para libertar a angústia
associada dando espaço para que fale sobre o que se passou naquela sessão.
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Começamos por fazer uma «Semeadura» dizendo ao paciente que não sabemos onde e
quando aconteceu o evento traumático relacionado com o sintoma, mas que pode ter a
certeza de que a sua própria mente inconsciente, sábia e profunda, o saberá.
Seguidamente, pedimos para pousar as mãos nas coxas, no braço da cadeira ou no
tampo da secretária. Após um pequeno transe conversacional e depois de criar o Lugar
Seguro, conforme seja mais confortável para o consulente, esperamos a resposta
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Muito bem… Dentro de momentos… vou contar para trás… desde a sua idade atual de
[referir a idade do paciente]… E, a cada número que eu contar… a começar no [citar
idade do paciente]… o seu inconsciente pode facilmente assinalar coisas de que se
esqueceu de se lembrar há muito tempo… E porque é verdade, sei que há coisas que
você sabe… E sei que também há coisas que você não sabe… Mas, sobretudo, sei que há
coisas que você não sabe que sabe… E, em cada número que vou regressivamente
contar… preste atenção… pois se, nalguma idade do passado lhe aconteceu algo…
relacionado com o problema que o trouxe à consulta no [referir o problema do
paciente]… a sua mente inconsciente que tudo sabe… vai sinalizá-lo… fazendo-o
levantar o seu dedo indicador direito/esquerdo… de forma honesta e inconsciente…
desta forma… [assinalar isso, levantando o respetivo dedo do paciente] E, por mais
estranho que isso lhe possa parecer… irá perceber que não há realmente nenhuma
necessidade… que a sua mente consciente… a sua mente do agora… se lembre dessa
situação… pois a sua mente sábia e amiga pode fazer isso por si… está bem?… Muito
bem… se estiver pronto, iremos começar… AGORA!.. Está bem?
Observação: Para alguns autores, a Técnica da Regressão Estruturada pode ser feita com
o consulente desperto, utilizando apenas um transe conversacional, ou após a indução
e criação do Lugar Seguro. Preferencialmente, e tendo em conta a minha experiência
pessoal, obtém-se melhores resultados com o paciente devidamente hipnotizado e já
comodamente instalado no seu Lugar Seguro, pois este holograma mental é o ponto de
partida para qualquer intervenção em hipnose.
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ORIGEM NO ÚTERO MATERNO: sim não | ORIGEM EM VIDAS PASSADAS: sim não
OBSERVAÇÕES:
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Isso … muito bem… gostaria que você percebesse… que, desde o dia em que nasceu…
passou naturalmente por muitas experiências… aprendeu muitas coisas… em cada
momento da sua vida… E todas essas experiências… ficaram guardadas dentro de si… lá
bem no fundo da sua mente… profunda, sábia e amiga… como informação sensorial na
forma de imagens mentais… os chamados engramas… cada minuto… cada dia da sua
vida… está algures gravado nas células do seu cérebro… como a informação num
computador… só que com uma capacidade muito superior… e eu gostava que
soubesse… que existe uma parte de si… uma parte realmente única de si… a sua mente
interior… o seu inconsciente profundo… que tem acesso a todas essas imagens
mentais… De facto, dentro de momentos… vou sugerir-lhe que conte mentalmente… de
X a Y… o que corresponde aos anos que tem no presente… E, a cada número da minha
contagem decrescente… entre X e Y… pode perceber-se cada vez mais calmo e
naturalmente descontraído… e não precisa fazer força nenhuma, nem sequer força para
não fazer força, sabendo à partida que a sua mente profunda pode fazer isso por si… e
ela sabe fazer sempre as melhores escolhas… E, se enquanto eu estiver a contar… a sua
mente entender que essa idade específica tem alguma coisa ou situação relacionada
com o seu problema… então ela irá assinalar isso para si, e o seu dedo vai
automaticamente levantar-se… em movimentos honestos e inconscientes… e você pode
naturalmente experimentar uma sensação física… agradável… leve… como se estivesse
a flutuar… a flutuar para o seu mundo interior… para aquela parte de si… que se lembra
de tudo o que experimentou ao longo da sua vida… E, à medida que fica mais e mais
atento… e a tentar adivinhar qual dos dedos se irá mexer em resposta à sua realidade
interior… vai ficar saudavelmente mais e mais e mais relaxado… sabendo que a sua
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Isso… muito bem… dentro de momentos… vou pedir à sua mente profunda para recuar
no tempo… e no espaço… e recordar o que aconteceu naquela idade assinalada
anteriormente com o seu dedo… através da sabedoria interior… está bem? E na medida
que vou contando regressivamente essa forma de comunicar especial penetra cada vez
mais fundo… na sua memória… e aquelas recordações há muito esquecidas começam a
vir à superfície… a flutuar na sua mente… pois a sua mente profunda sabe o que fazer
para as alcançar… E, quando chegar aos «X» anos… poderá recordar naturalmente… e
observar ao pormenor esse momento do passado… Assim, poderá sentir o que sentia
na idade com «X» anos… Vai pensar como pensava aos «X» anos… E poderá ver… ouvir…
e sentir… cada cena… pormenorizadamente… como se estivesse a vivê-la neste
momento… Isso… E, entretanto… poderá falar comigo… mas mantendo esse estado de
profundo transe… com a mente ampliada… podendo aprender coisas novas… de grande
significado para si… sabendo que está seguro… e em boas mãos… Muito bem… Vamos
começar?
Isso… Muito bem… onde quer que esteja… a minha voz vai acompanhá-lo… por toda a
parte… podendo, até, alterar-se… tornar-se a voz dos seus pais… dos seus amigos… dos
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seus colegas… ou dos seus professores… Vai ouvir sempre a minha voz… Vai ouvir-me…
sabendo que a minha voz estará sempre consigo… Isso… Agora, gostaria que deixasse a
sua sabedoria interior… simplesmente fluir… pois a sua mente está a mergulhar cada
vez mais fundo… E você pode experimentar realmente tudo… ver e ouvir cada cena…
quando chegar a essa idade especifica… E, quando tiver «X» anos… para sua agradável
surpresa… poderá falar facilmente comigo… poderá transmitir-me tudo o que está a
acontecer nessa idade que recorda… porque você está realmente lá… Enquanto uma
parte da sua mente está relaxada… e o seu corpo descansa aqui… outra parte da sua
mente viaja no tempo… e no espaço… a recordações de que você se esqueceu de se
lembrar… há muito tempo… Muito bem… A sua mente sabe o que fazer… Os seus
músculos sabem o que fazer… A sua respiração sabe o que fazer… para viajar no tempo…
e no espaço… enquanto você se mantém num estado apropriado de transe… muito
bem… Agora, vamos começar a sua viagem ao passado… Pronto? Concentre-se na
minha voz… Vou começar a contar regressivamente… para o fazer viajar até àquela
memória assinalada… Um… Dois… Três…
Neste momento, sugira que, através da memória, a mente inconsciente pode viajar no
tempo e no espaço, da idade atual até à idade específica do paciente, assinalada pelo
dedo ideiomotor.
Muito bem… À medida que se permite recuar ao passado… até aos «X» anos… poderá
perceber que está a ficar cada vez mais novo… a ficar cada vez mais pequeno… que os
seus braços… que as suas pernas… estão cada vez mais pequenos… A sua memória vai
aumentando… a cada número… Fica cada vez mais penetrante… cada vez mais
profunda…
✓ Mais uma vez, importa perceber que o verbo no presente do indicativo funciona
como uma poderosa âncora. Assim sendo, quando o seu paciente estiver a reviver
um momento passado, fale sempre no presente do indicativo, pois isso ajuda a
confirmar a realidade da regressão.
✓ Recordo que é essencial não conduzir o paciente; faça perguntas abertas,
assegurando-se de não leva o paciente a construir ou a confabular memórias falsas.
Veja os exemplos:
Muito bem… A sua mente recuou até à idade assinalada anteriormente… Aos poucos…
começa a perceber tudo o que se passa nessa idade… Perfeito… Agora, diga-me… Que
idade aparenta ter? [Esperar pela resposta] Muito bem… Agora, vou fazer um pedido…
Peço que esse(a) menino(a) de «X» anos olhe à sua volta… veja onde está… e me diga…
O que vê? O que é que tem vestido? Olhe para os seus pés… O que é que tem calçado?
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Mais uma vez evite dialogar muito sobre o sucedido, se o paciente quiser falar um pouco
sobre os conteúdos, ouça-o e tome notas sobre as suas opiniões referindo que irão
refletir sobre isso nas próximas sessões. Termine a sessão com uma pergunta final de
possibilidade e, depois, diga algo do género:
Muito bem… Foi muito bom fazer pequenas mudanças… ter a oportunidade de
expressar os seus sentimentos mais profundos… na segurança do consultório… Isso é
muito libertador… não é verdade? Até que ponto se surpreenderia… se a sua mente
sábia e amiga… fizesse aquelas pequenas mudanças… que podem fazer uma grande
diferença… na solução do problema que o trouxe aqui?
Se o paciente disser que ficaria surpreendido ou acenar que sim com a cabeça, diga
enfaticamente: «Então surpreenda-se com as mudanças que irão acontecer nos
próximos dias!» (Despeça-se do seu paciente, sem mais delongas, aplicando uma
pergunta final de possibilidade.)
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Esta metodologia é muito poderosa e pode ser utilizada para encontrar e aliviar a origem
de inúmeras emoções ou sintomas físicos, nomeadamente psicossomáticos. Não se
esqueça de que se chamamos «sentimentos» às emoções é porque as sentimos no
corpo e não raras vezes as somatizamos, sobretudo em problemas dermatológicos
(fibromialgia, psoríase, urticária nervosa, lúpus e outras) e em frequentes dores de
cabeça e de estômago.
Levar o consulente a regredir às origens de uma situação pode ser tão simples como
realizar uma indução hipnótica, pedindo ao consulente para se concentrar num
sentimento e regressar à primeira vez que o sentiu. É a isso que chamamos a Ponte
Emocional. Mas, primeiro, devemos averiguar, na história clínica do paciente, como é
que ele vive determinado problema no presente. De seguida, aplique a Técnica da
Tríade, como aprendeu anteriormente.
S E
- COMO SE…
- ÚLTIMO ACONTECIMENTO…
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II. A Emoção
Pergunta: Como é que isso o faz sentir, como sente o seu corpo a reagir?
Resposta: Abandonado, começo a tremer numa sensação de impotência, as mãos
ficam paralisadas e com vontade de chorar.
III. A Somatização
Pergunta: Muito bem, isso que sente é como se? Ao sentir essa impotência, solidão
e vontade de chorar é como se estivesse amarrado num local apertado tipo colete de
forças?
Por vezes, quando o paciente relata a última cena que recorda com muita emoção,
podemos aproveitar para sugerir que feche os olhos, pois, ao evocar aqueles
sentimentos, ele pode entrar naturalmente em catarse. Assim, pedimos ao paciente
para se concentrar bem nos seus sentimentos e emoções do momento presente e
prestar muita atenção às sensações que espoleta no seu corpo. Fazemos uma
ancoragem através dos sistemas representacionais e, em seguida, sugerimos que se
recorde pormenorizadamente do que aconteceu; podemos fazê-lo recuar mentalmente
a um passado recente onde tenha experienciado os referidos sentimentos de uma forma
intensa. Quando ele estiver a reviver emocionalmente a cena, peça-lhe que descreva o
que está a acontecer e o que ele está a sentir. Neste momento, com autorização prévia
do paciente, podemos usar o toque terapêutico. Quer dizer, imagine que o paciente lhe
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tinha referido que sentia uma sensação de aperto na garganta, como se alguém o
quisesse sufocar. Nesse caso, podemos colocar a nossa mão ou a própria mão dele no
seu pescoço e pressionar ligeiramente para ancorar e provocar a respetiva catarse.
Emparelhado com o rapport da respiração acelerada do próprio terapeuta, este método
provoca uma ancoragem muito intensa.
Na primeira recordação, se for uma situação recente, o paciente pode estar apenas
a recordar, sem sentir ou somatizar o que referiu. Intervenha e ancore, se considerar
apropriado, fazendo-o regredir a uma outra época em que ele tenha tido os mesmos
sentimentos ou ao primeiro momento em que os experienciou. Prepare-se para uma
reação intensa do seu paciente — prepare-se, sobretudo, para uma ab-reação.
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De certa forma, o modelo de regressão da Ponte Emocional pode ser considerado uma
regressão aberta; a diferença é a variante e o emparelhamento dos sentimentos,
emoções e somatizações. É isso que o faz ser, por norma, considerado mais rápido e
intenso do que os outros modelos. Na realidade, quando não sabemos como e onde se
originou um determinado problema, poderemos sempre fazer uma regressão aberta.
A técnica consiste em levar simplesmente o paciente de volta ao lugar onde
experienciou o sentimento pela primeira vez, sugerindo-lhe que relate
pormenorizadamente a situação que o suscitou.
Tipo de sugestão utilizada:
Muito bem… Está a recordar essas emoções muito bem… Agora, irei pedir-lhe para voltar atrás
no tempo… às origens da sua solidão… ao momento em que essa sensação de aperto no
pescoço começou… em que ela é mais intensa… mais forte… Vou contar de 1 a 3 e a sua mente
saberá quando tudo isso aconteceu… e irá voltar à primeira vez em que se sentiu assim. [Nesta
altura, iniciamos uma contagem de um a três.]
Atenção: esteja preparado com algumas técnicas de recurso, porque o paciente pode
voltar atrás no tempo, tanto a um momento da infância ou na vida intrauterina como a
um momento significativo de uma vida passada.
Devido à natureza literal da mente subconsciente, ao indicarmos ao paciente a que
momento específico deve regressar, normalmente, a mente profunda irá regressar a um
momento que esteja relacionado com o problema que o paciente trouxe à sessão. E fá-
lo-á, dando saltos entre longos hiatos de tempo. Se a causa do problema estiver na
infância, no útero materno, numa vida passada, em múltiplas vidas ou nalguma
combinação de todos esses momentos, poderá encontrá-la e curá-la com uma
Regressão Aberta.
Por vezes, alguns consulentes têm dificuldade em evocar e voltar atrás, às memórias da
infância. Normalmente, isso acontece, porque muitas pessoas tentam lembrar-se do
que aconteceu e, depois, querem ver isso como se fosse um sonho, mas o transe
hipnótico não é sono. Ao fazerem isto, criam stress, racionalizam as imagens que fluem
na mente, invocam a mente consciente e ficam inibidas de atingir a profundidade
necessária para a realização de uma regressão adequada.
É importante encorajar o seu paciente a deixar simplesmente as coisas acontecerem,
sem fazer qualquer esforço, como se estivesse só a ver um filme ou a assistir a uma peça
de teatro — mesmo que tudo isso lhe pareça ser apenas fruto da sua imaginação.
Durante a regressão utilize sugestões, como:
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O que fazer, para viver mais e com melhor qualidade de vida? Por que não fazer essa
pergunta ao próprio corpo; já alguma vez pensou nisso? Todos possuímos uma
sabedoria interna que tende para a cura, «o curador interno», mas, aparentemente, se
nos recusarmos a ouvir o nosso corpo, as memórias do passado continuarão
cristalizadas, a produzir os seus poderosos efeitos no futuro. Agora, se levarmos essa
mensagem ao momento de sensibilização inicial (trauma inicial), a emoção que estava
cristalizada no passado «amolecerá» e responderá que é necessário parar um pouco e
escutar as suas necessidades pessoais (emocionais e fisiológicas); neste caso, ajuda
muito saber usar devidamente a técnica de hipnose de regressão.
E não estamos sozinhos, quando afirmamos que as emoções não-expressas se
transformam em doenças, no futuro. Com o advento das neurociências e o uso da
imagiologia para observar as emoções, começa-se a perceber porque é que as
terapêuticas que criam emoções são tão eficazes.
As últimas investigações numa nova área das neurociências — a «Neuroeducação»,
que estuda a forma como o cérebro pode aprender— está a questionar as metodologias
tradicionais de ensino. Porquê? Porque os investigadores afirmam que «o cérebro
humano precisa de se emocionar para aprender […]» (Francisco Mora, 2013). De facto,
não «existe ideia mais inovadora e válida que não contenha esse princípio», afirma uma
das maiores referências do mundo em Neuroeducação, o doutor em Medicina, Francisco
Mora. Este investigador doutorado em Neurociência pela Universidade de Oxford e
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autor do interessante livro Neuroeducación: Solo Se Puede Aprender Aquello Que Se Ama
(2013), chegou à conclusão de que a melhor forma de o cérebro aprender e criar
sinapses é através de estados emocionais. Ora, a psicoterapia com a hipnose de
regressão cria as condições exatas — de emoções, libertação e ressignificação —, para
que o cérebro possa sentir emoções, aprender e, finalmente, libertar-se dos dramas
passados. Descobrir como o corpo se sente antes da tomada de decisões é um dos
segredos mais poderosos para libertar dramas passados. Simultaneamente, permite
perceber a mensagem da doença, facilitando a adoção de hábitos saudáveis e o alcance
de um estado de perfeita saúde. É aí que a hipnose pode realmente ajudar na tomada
de decisões mais funcionais.
Hoje em dia, a própria Medicina sabe o peso que as emoções têm no binómio saúde-
doença. Mas, de alguma maneira, a maioria de nós não consegue ter uma vida sem
stress. É caso para perguntar onde é que estamos a falhar? Efetivamente, sabemos que
a saúde é o espelho da nossa consciência, do que pensamos e sentimos. Atualmente,
estudos comprovam que os pensamentos geram respostas fisiológicas
correspondentes, que podem ser positivas ou negativas. Cada estado de humor fica
impresso nas células como uma impressão digital, que pode gerar stress, com os efeitos
nefastos dos seus mediadores químicos, como o cortisol e a adrenalina, ou bem-estar,
com os respetivos mediadores químicos, como as beta-endorfinas.
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Desse modo, defendo que a maior prisão não é feita de grades, mas de pensamentos
e emoções negativos, que aprisionam a pessoas aos dramas do passado e que precisam
de ser compreendidos e libertados. É fácil perceber que as emoções mal resolvidas
podem transformar-se em doenças terríficas. Veja-se a depressão e a perturbação de
pânico que se proliferam cada vez mais nas sociedades. Entendo, pois, que a hipnose de
regressão é realmente a terapia ideal para contextualizar e libertar esses dramas
passados, já que permite compreender essas memórias mal resolvidas e, finalmente,
libertá-las. Com a mente devidamente hipnotizada, tendo por base a hipnose clínica de
regressão, é possível deixar a consciência adquirir a dimensão adequada e viajar
mentalmente até ao local onde se manifestam os sintomas da doença, em geral, através
de emoções.
Não existe um botão para desligar as emoções. As nossas emoções não pertencem ao
domínio da razão e, se a hipnose é tão eficaz, é por nos dar acesso à sabedoria do nosso
corpo, para que ela nos oriente nos processos de tratamento e busca de cura. Em
hipnose de regressão, é possível viajar no tempo, até à origem, onde se implantou o
sintoma, e para descobrir o que ele nos quer mostrar ou dizer e as melhores técnicas a
usar para encetar um processo de cura. O estado de transe facilita o encontro com a
sabedoria do corpo e ajuda a fomentar os poderosos processos de autocura e do pleno
funcionamento biológico do corpo. Com o transe hipnótico, é relativamente simples e
eficaz fazer um mergulho introspetivo nas trajetórias do mundo interior. A hipnose de
regressão é a única coisa em que se investe que nos pode tornar realmente livres.
Algo está errado na forma como temos gerido, até agora, as nossas emoções. Vale a
pena perguntar, porque é que nas sociedades ditas de abundância, a depressão e a
ansiedade grassam e são as principais causas de infelicidade nas populações? Porque é
que a maioria das intervenções psicopatológicas, nomeadamente, a psicofarmacologia,
não conseguem superar o flagelo da depressão e ansiedade, já que se estima que os
consumos dos psicofármacos não param de aumentar? Tenho para mim que estas
abordagens psicoterapêuticas não abordam o essencial. Procuram antes camuflar ou
esquecer teimosamente as emoções reprimidas ou não-expressas do passado. Vale a
pena perguntar para onde é que vão as emoções, quando não conseguimos expressar
as nossas dores? Eu digo-lhe que aquilo que a mente não consegue resolver, o corpo
encarrega-se de transformar em doença. E creio que não estou sozinho, quando digo
que esta é base de todos os problemas e sintomas que afligem o ser humano. Então, de
que forma pode a hipnose de regressão fazer a diferença?
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A forma como fazemos terapia parte deste princípio, ou seja, as emoções são expressas
na segurança do consultório, de forma que o cérebro possa «emocionar-se para
aprender». E, na segurança do consultório, permite evocar recursos, encontrar soluções
novas e sarar a ferida aberta com sabedoria psicoespiritual. É certo que não podemos
voltar atrás, no tempo, e apagar o que foi feito, mas podemos sempre adotar novas
perspetivas e aprender coisas novas de grande significado para começar a fazer as coisas
de outro modo, no presente.
Efetivamente, a hipnose de regressão cria as condições ideais para evocar as
experiências mal resolvidas e permite olhar para o passado sob uma perspetiva mais
construtiva. Desse modo, o cérebro emociona-se e aprende comportamentos mais
funcionais. Mas estas viagens mentais não são mera fantasia, são caminhos de cura,
através do poder do amor e do reencontro com a sabedoria ancestral da nossa dinâmica
interna. Para além de outras vantagens, a hipnose de regressão deixa um efeito residual
de cura que permanece ao longo do tempo, levando a insights e reflexões profundas
que transformam por completo a nossa vida.
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A TEORIA DE JAMES-LANGE
1. Evento
2. Reação
3. Interpretação
4. Emoção
A TEORIA DE CANNON-BARD
Desenvolvida na década de 1930, por Walter Cannon e Philip Bard, como argumentação
contra a teoria de James-Lange, a teoria de Cannon-Bard afirma que as emoções e as
reações fisiológicas são experimentadas em simultâneo. De acordo com esta teoria, as
emoções podem ocorrer quanto o tálamo — a parte do cérebro responsável pelo
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1. Reação + Evento
2. Emoção
Eventos que espoletam a reação e a emoção
1. Evento
2. Reação
3. Raciocínio
4. Sentimento
A TEORIA DE LAZARUS
Desenvolvida na década de 1990, por Richard Lazarus, esta teoria acerca das emoções
afirma que qualquer emoção ou reação fisiológica tem de ser precedida de um
pensamento. Isto significa, essencialmente, que só começamos a sentir uma emoção,
depois de considerarmos a situação em que nos encontramos.
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Tomemos o exemplo da mulher a percorrer uma rua deserta, à noite. Quando ouve
passos atrás dela, primeiro, pensa que está em perigo: por exemplo, pensa que pode ter
um assaltante atrás de si. É esse pensamento que gera a aceleração do ritmo cardíaco,
os tremores e o sentimento de medo.
Tal como a teoria de Cannon-Bard, a teoria de Lazarus envolve uma reação emocional
e uma reação física que acontecem ao mesmo tempo:
1. Evento + Pensamento
2. Sentimento + Reações
1. Evento
2. Alterações faciais
3. Sentimento
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Os estímulos que Landis utilizou incluíam fazer os participantes cheirar amoníaco, ver
pornografia e colocar as mãos num balde cheio de sapos. A parte final do teste foi a mais
perturbadora, pois Landis apresentava uma ratazana viva aos participantes e pedia-lhes
que a decapitassem. Apesar de todos os participantes se mostrarem enojados com a
ideia, dois terços acabaram por executar a tarefa e os restantes observaram Landis a
decapitar a ratazana por eles.
Apesar de ter tido pouco impacto na demonstração do caráter universal das
expressões faciais e da sua relação com as emoções, experiência das expressões faciais
de Landis antecipou os resultados que Stanley Milgram viria a obter nos seus estudos
sobre a obediência, 40 anos mais tarde. Landis estava demasiado centrado no seu
trabalho sobre as expressões faciais para se dar conta de que o seu estudo evidenciava
um aspeto muito interessante: a submissão dos participantes.
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Foi o cientista húngaro, Hans Selye, quem primeiro descreveu, em 1936, os efeitos que
o stress pode ter sobre o corpo. Selye defendia que o stress crónico cria alterações
químicas de longo prazo no corpo e pode, por isso, ser uma importante fonte de
doenças. Na verdade, o cientista chegou a esta conclusão por acaso, quando era
assistente do departamento de bioquímica da Universidade McGill e trabalhava com
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A SINTOMATOLOGIA DEPRESSIVA
Com vestígios da sua ocorrência desde a Antiguidade, a depressão representa uma das
doenças mais comuns das sociedades modernas. Efetivamente, a Organização Mundial
de Saúde estima que a depressão atinja atualmente cerca de 121 milhões de pessoas
em todo mundo. Nas sociedades ocidentais, é uma das principais causas de
incapacitação. As previsões da OMS apontam para que em 2020 a depressão passe a ser
a segunda maior causa de incapacidade laboral e perda de qualidade de vida (OMS,
2009).
Segundo o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM IV-TR), a
depressão é uma síndrome caracterizada por uma redução da disposição para realizar
as atividades quotidianas, perda de interesse ou prazer, sentimentos de ruína, culpa
e/ou de baixa autoestima, perturbações do sono e do apetite e falta de concentração. A
pessoa deprimida fica angustiada, desanimada, sem energia e invadida de uma tristeza
profunda. Os sentimentos predominantes são de infelicidade, inutilidade, culpabilidade,
vazio e um estado de humor deprimido. Por norma, a pessoa deprimida passa a encarar
até as tarefas mais simples como tarefas que exigem um grande esforço.
A perturbação depressiva pode ocorrer tanto em homens como em mulheres, de todas
as idades e estratos sociais. Contudo, os estudos demonstram que a sua incidência é
substancialmente maior nas mulheres do que nos homens, numa proporção aproximada
de duas mulheres por cada homem.
Até ao momento, não existe uma explicação científica suficientemente coerente, para
justificar esta propensão superior do género feminino para a depressão. De entre as
várias teorias, destaca-se a que correlaciona os sintomas depressivos com as hormonas
femininas. Ou seja, o constante desequilíbrio hormonal parece estar associado a uma
maior incidência de sintomas de depressão, mas importa referir que ainda persistem
dúvidas, relativamente à sua origem. Atualmente, a depressão é vista como uma doença
multifatorial, para que contribuem fatores genéticos, biológicos, psicodinâmicos e
psicossociais.
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crescer — aliás, entendo que não há coisas boas ou más na vida, mas oportunidades de
crescimento.
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TABELA 1:
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Com um pensamento científico avançado para o seu tempo, Freud deu por si a ter uma
atenção não desejada quando, em 1933, o regime nazi subiu ao poder na Alemanha e
começou a queimar os seus livros. Em 1938, os Nazis ocuparam a Áustria e confiscaram
o passaporte de Freud. Foi apenas devido à sua fama internacional e à influência de
personalidades estrangeiras que Freud obteve a autorização para ir para Inglaterra,
onde residiu até à sua morte, em 1939.
AS INSTÂNCIAS DA PERSONALIDADE
• O ID: Todas as pessoas nascem com um id, que é o responsável por o recém-nascido
conseguir satisfazer as suas necessidades básicas. Freud alega que o id se baseia no
que conhecemos por «princípio do prazer», o que essencialmente significa que
procura o que dá prazer no momento presente e não toma outras opções em
consideração — nem as outras variantes da situação nem as pessoas envolvidas. Por
exemplo, quando um bebé se magoa, quer comer, precisa de ser mudado ou
simplesmente quer a atenção dos outros, o id leva-o a chorar, até que lhe satisfaçam
as suas necessidades.
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Anna Freud nasceu a 3 de dezembro de 1895, em Viena, na Áustria, e era a mais nova
dos seis filhos de Freud. Apesar de se sentir distante dos irmãos e da mãe, Anna era
muito próxima do pai. Afirmou que enquanto estudava numa escola privada, aprendeu
muito pouco nas aulas e que muita da sua educação adveio da proximidade com os
amigos e os colegas do pai. Após o liceu, Anna começou a traduzir os livros do pai para
alemão e a trabalhar como professora numa escola primária, onde surgiu o seu interesse
pela terapia infantil. Em 1918, contraiu tuberculose e teve de deixar o cargo de
professora. Durante este difícil período, começou a relatar os seus sonhos ao pai. E, à
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medida que ele a analisava, Anna ia-se interessando pela profissão do pai, acabando por
decidir estudar psicanálise por conta própria.
Embora Anna Freud tenha defendido muitas das ideias básicas do pai, estava menos
interessada na estrutura do subconsciente e mais interessada no ego e nas dinâmicas,
ou motivações, da psique humana. Este interesse levou à publicação, em 1936, da obra
inovadora Das Ich und die Abwehrmechanismen1.
Anna Freud talvez seja mais conhecida por ter aberto o caminho à Psicanálise Infantil,
o que contribuiu para aumentar o conhecimento da Psicologia Infantil, mas também é
conhecida por ter desenvolvido diferentes métodos de tratar crianças. Em 1923, sem
sequer ter um grau académico, começou a sua prática de Psicanálise Infantil, em Viena,
e foi nomeada presidente da Sociedade Psicanalítica de Viena. Em 1938, Anna Freud e a
sua família fugiram do país para Inglaterra, por causa da invasão nazi. Em 1941, com
Dorothy Burlingham e Helen Ross, fundou em Londres a instituição Hampstead War
Nursery, que servia de casa de acolhimento e centro de psicanálise para crianças sem-
abrigo. Do seu trabalho com crianças, surgiram três livros: Young Children in War-time2,
em 1942, e Infants Without Families3 e War and Children4, em 1943.
Em 1945, o infantário fechou e Anna Freud criou o Curso e a Clínica de Terapia de
Crianças de Hampstead, onde exerceu o cargo de diretora até à sua morte. Quando
faleceu, em 1982, deixou um legado profundo e duradouro no campo da Psicanálise,
que foi apenas possivelmente ofuscado pelo impacto monumental do seu pai e de
alguns outros psicólogos.
1
Tradução em português do Brasil: O Ego e os Mecanismos de Defesa.
2
Tradução em português do Brasil: Crianças em Tempos de Guerra.
3
Tradução em português do Brasil: Crianças Sem Famílias.
4
Tradução em português do Brasil: Guerra e Crianças.
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1. Ansiedade real: medo das ocorrências do mundo real. Por exemplo, uma pessoa
depara-se com um cão enraivecido e tem medo que ele lhe morda. A forma mais fácil
de reduzir a tensão da ansiedade real é evitar a situação.
2. Ansiedade neurótica: o inconsciente teme ser punido por se deixar dominar pelas
pulsões do id e perder o controlo.
3. Ansiedade moral: medo de infringir os nossos valores e princípios morais, que nos
faz sentir vergonha ou culpa. Este tipo de ansiedade advém do superego.
A fim de criar uma terapia de sucesso para crianças, Anna Freud planeou inicialmente
partir do trabalho do pai para elaborar um cronograma e um mapa do ritmo normal de
crescimento e desenvolvimento das crianças. Uma falha em certas fases de
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Numa segunda fase, Harlow separou os macacos em dois grupos: um grupo passava
apenas tempo com a mãe de tecido felpudo e o outro passava apenas tempo com a mãe
de arame. Em ambos os grupos, os macacos tiveram a mesma alimentação e cresceram
ao mesmo ritmo; no entanto, verificaram-se duas diferenças significativas quanto ao
comportamento dos dois grupos, que Harlow defendia resultarem do vínculo emocional
desenvolvido com a mãe de tecido felpudo — vínculo esse que os macacos não
desenvolveram com a mãe de arame. Quando se assustavam com qualquer coisa, os
macacos que estavam com a mãe de tecido felpudo corriam para ela, à procura de
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segurança e ficavam em contacto com ela até acalmarem. Já os macacos que estavam
com a mãe de arame, quando se assustavam, atiravam-se para o chão, corriam para a
frente e para trás, agarravam-se uns aos outros e gritavam. Harlow notou que estes
comportamentos eram semelhantes aos das crianças com autismo e espelhavam ações
de adultos que tinham sido confinados a instituições de saúde mental.
Harlow continuou a fazer este tipo de experiências com uma prática ainda mais
desumana. Para testar a teoria do «mais vale tarde do que nunca», Harlow pôs macacos
bebés Rhesus em completo isolamento, durante os seus primeiros oito meses de vida.
Isso implicava a ausência de contacto com outros macacos ou com qualquer tipo de
mãe, real ou artificial. Estes testes provocaram traumas emocionais significativos nos
macacos. Depois de testar macacos que tinham passado vários períodos de tempo sem
mãe, Harlow concluiu que a privação materna podia ser revertida, mas só se tivesse
durado menos de 90 dias para os macacos ou seis meses para os humanos.
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inferioridade, que tentará compensar de outra forma. Essa constatação iria ter um
enorme impacto nalgumas das suas investigações mais importantes em Psicologia.
Com o passar do tempo, Adler começou a afastar-se da Oftalmologia e a centrar-se na
Psicologia. Em 1907, foi convidado para se juntar a grupos de discussão liderados por
Sigmund Freud cujas reuniões viriam a dar origem à Sociedade Psicanalítica de Viena.
Mais tarde, Sigmund Freud nomearia Adler presidente e coeditor das publicações da
organização.
Adler, no entanto, discordava abertamente de muitas das teorias de Freud, tendo
mesmo surgido um debate entre os apoiantes de Freud e os seus apoiantes. Desse
modo, juntamente com outros nove membros, Adler acabaria por se demitir da
Sociedade Psicanalítica de Viena, para formar a Sociedade de Psicanálise Livre, em 1911,
a qual, uns anos mais tarde, daria origem à Sociedade de Psicologia Individual.
Apesar de ter desempenhado um papel de suma importância no desenvolvimento da
psicanálise com Freud, Adler foi um dos primeiros a abandonar essa escola de
pensamento e a criar a sua própria, a que chamou Psicologia Individual.
Uma das ideias de maior influência que surgiu desta escola de pensamento foi a noção
de complexo de inferioridade, segundo a qual a personalidade e o comportamento
resultam do esforço que as pessoas fazem para ultrapassar sentimentos inerentes de
inferioridade.
Quando a Primeira Guerra Mundial eclodiu, Adler trabalhou como médico na frente
russa e, mais tarde, num hospital pediátrico. Durante a Segunda Guerra Mundial, e
apesar de Adler se ter convertido ao cristianismo, os nazis fecharam a sua clínica, devido
à sua ascendência judaica. Adler foi para os Estados Unidos, onde foi aceite como
professor na Faculdade de Medicina de Long Island. A 28 de maio de 1937, durante uma
visita de estudo, Alfred Adler sofreu um ataque cardíaco e morreu. O seu contributo
para o campo da Psicologia perdurou muito para além da sua morte repentina e moldou
grande parte do debate acerca do pensamento psicológico do meio século seguinte.
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Adler apresentou ao mundo ideias drasticamente diferentes das de Sigmund Freud, pois
centrava na singularidade do indivíduo, em vez de simplesmente se concentrar num
conjunto de fatores biológicos universais como fazia Freud. Ao diferenciar-se de Freud
e dos seus contemporâneos, ofereceu uma visão alternativa do desenvolvimento
psicológico, especialmente das crianças, e estabeleceu princípios que ainda hoje são
considerados basilares para as interpretações modernas da Psicologia.
Carl Gustav Jung nasceu a 26 de julho de 1875 em Kesswil, na Suíça. Filho de um pastor
religioso, foi o único sobrevivente de quatro filhos. A mãe lutava contra a depressão e
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estava frequentemente ausente de casa, até a família se mudar para Basel, quando Jung
tinha quatro anos. Em criança, preferia estar isolado e sentia-se mais feliz sozinho.
Em 1887, aos doze anos, Jung foi atirado ao chão por um colega e ficou inconsciente.
Como consequência deste incidente, começou a sofrer de convulsões e desmaios
neuróticos. Embora se tenha rapidamente apercebido de que o facto de desmaiar lhe
permitia faltar às aulas, estes episódios de desmaios não eram falsos, mas sim resultado
de uma neurose. Durante seis meses, Jung ficou em casa e os médicos recearam que ele
sofresse de epilepsia. Um dia, ouviu o seu pai a falar com alguém acerca do medo que
tinha de Carl nunca se vir a sustentar a si próprio. A partir daquele dia, decidiu dedicar
a sua atenção aos estudos. Antes de regressar aos estudos, continuou a sofrer de
desmaios, mas conseguiu superar o problema e voltar à escola. Nunca mais teve
desmaios. Mais tarde na vida, recordou que esta fora a primeira vez com que se
deparara com a neurose.
Em 1895, Carl Jung formou-se em Medicina na Universidade de Basel. Mais tarde,
descobriu um livro acerca de fenómenos espíritas que o fascinou. Esse interesse
contribuiu para que, nos últimos meses dos seus estudos, desviasse a sua atenção, da
Medicina para a Psiquiatria. Para ele, a Psiquiatria era a combinação perfeita da
Medicina com a espiritualidade. Em 1902, acabou a sua tese de doutoramento sobre a
Psicologia e a Patologia dos Chamados Fenómenos Ocultos e formou-se em Medicina.
Em 1903, já casado com Emma Rauschenbach, começou a trabalhar no Hospital
Psiquiátrico de Burgholzli. Apesar de ele e a sua mulher se manterem casados até à
morte dela, em 1955, Jung teve casos com outras mulheres, incluindo com a sua
primeira paciente do Hospital Psiquiátrico de Burgholzli, durante vários anos.
Em 1906, Jung começou a corresponder-se com Sigmund Freud, a quem enviou uma
compilação do seu trabalho, intitulada «Estudos sobre a Associação de Palavras», e os
dois rapidamente se tornaram bons amigos. A amizade de Jung com Freud teve um
impacto profundo no seu trabalho, especialmente no seu interesse pelo inconsciente.
No entanto, no início de 1909, Carl Jung começou a discordar de algumas das ideias de
Freud. Enquanto Freud colocava a ênfase no sexo como sendo a motivação subjacente
ao comportamento, Jung interessava-se mais pelos símbolos, os sonhos e a autoanálise.
Em 1912, terminou a amizade entre Jung e Freud. Dado que Jung rejeitou a teoria
sexual de Freud, a comunidade psicanalítica virou-se contra ele, pelo que foi rejeitado
por vários colegas e amigos. Foi durante este período que dedicou o seu tempo a
explorar o subconsciente e a criar a Psicologia Analítica. Jung defendia que o propósito
de cada pessoa na vida consistia em integrar totalmente o seu consciente e o seu
inconsciente, de forma a criar o «verdadeiro self», num processo a que chamava
«individuação». Carl Jung também se interessou pelo que referiu como a «psicologia
primitiva», estudando diferentes culturas na Índia, na África Oriental e os povos
indígenas do Novo México.
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OS ARQUÉTIPOS DE JUNG
Tal como Freud, Carl Jung defendia que a psique humana se encontrava dividida em três
partes, ainda que a sua conceção fosse ligeiramente diferente da de Freud. Jung
afirmava que os arquétipos, ou as imagens primordiais que refletiam padrões universais,
existiam no inconsciente coletivo e ajudavam a organizar a forma como uma pessoa vivia
experiências singulares. Os arquétipos não são aprendidos, mas sim herdados,
universais e inatos. Os arquétipos podem combinar-se e sobrepor-se e, ainda que não
haja limite a quantos arquétipos poderão existir, Jung reconheceu quatro de
importância primordial:
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Carl Rogers nasceu a 8 de janeiro de 1902, em Oak Park, no Illinois, no seio de uma
austera família protestante. Na adolescência, ele e a sua família mudaram-se para Glen
Ellen, no Illinois, onde Rogers se interessou por agricultura.
Em 1919, Rogers começou a frequentar a Universidade de Wisconsin, onde decidiu
licenciar-se em Agricultura. Mais tarde, mudou de área principal de estudos, para
História, e depois, outra vez, para Religião. Durante o seu primeiro ano na Universidade
de Wisconsin, juntou-se a outros colegas e participou num seminário internacional de
juventude cristã na China, durante seis meses. Nessa Viagem, começou a questionar a
sua escolha profissional. Após terminar a licenciatura em 1924, frequentou o Seminário
de Teologia da União, mas pediu transferência para o Teachers College, na Universidade
de Columbia, em 1926.
Foi durante a frequência do Teachers College, na Universidade de Columbia, que
Rogers fez os seus primeiros cursos de Psicologia. Após obter o doutoramento em
Psicologia, trabalhou na Universidade do Estado de Ohio, na Universidade de Chicago e
na Universidade de Wisconsin. Enquanto trabalhava na Universidade de Wisconsin,
desenvolveu uma das contribuições mais significativas para o mundo da Psicologia: a
terapia centrada no cliente. Ao defender que o cliente, ou paciente, é responsável pela
sua felicidade, Rogers altera o papel do terapeuta, fazendo-o passar de mero técnico a
alguém capaz de orientar o cliente rumo à felicidade. O terapeuta deve personificar
empatia, congruência e consideração positiva. Além disso, Rogers criou a sua própria
teoria do self, a qual descreve como um cliente se vê a si próprio e como a terapia pode
ajudar a mudar essa visão.
• Autorrealização: quando uma pessoa realiza o seu potencial e funciona num estado
de plenitude, alcançando o nível mais elevado de bem-estar humano. Na sua forma
mais básica, a também chamada autoatualização pode ser compreendida através da
metáfora de uma flor, que está limitada ao seu meio ambiente e só pode crescer e
alcançar o seu máximo potencial se tiver as devidas condições. Claro que os seres
humanos são muito mais complexos do que as flores e desenvolvem-se de acordo
com as suas próprias personalidades.
• Self Ideal: é o que a pessoa gostaria de ser. Com objetivos e ambições, o Self
encontra-se em permanente mudança.
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Se for semelhante à nossa experiência real ou coerente com ela, o nosso self ideal
experimenta um estado de «congruência». O estado derivante da discrepância entre o
self ideal da pessoa e a sua experiência real é conhecido por «incongruência». É muito
raro uma pessoa experimentar um estado de plena congruência. No entanto, Rogers
defende que, quando tem um nível elevado de autoestima e se encontra num estado de
maior congruência em relação à sua autoimagem (o modo como se vê a si própria), a
pessoa aproxima-se do self ideal, que se esforça por alcançar. Dado que queremos que
a nossa imagem seja compatível com a nossa autoimagem, podemos começar a usar
mecanismos de defesa, tais como o recalcamento ou a negação, para nos sentirmos
menos ameaçados por sentimentos que podemos considerar indesejáveis.
Rogers enfatiza também a importância das outras pessoas nas nossas vidas,
defendendo que todos temos necessidade de nos sentirmos alvo de consideração
positiva por parte dos outros, pois todos temos o desejo intrínseco de sermos
respeitados, valorizados, amados e tratados com afeto. Rogers subdividiu o conceito de
consideração positiva em dois tipos:
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O mais velho de sete filhos de imigrantes judeus russos, Abraham Maslow nasceu a 1 de
abril de 1908, em Brooklyn, Nova Iorque. Mais tarde, descrever-se-ia como uma criança
tímida, solitária e infeliz, que passara grande parte da sua juventude na biblioteca,
imerso nos estudos.
Maslow começou por estudar direito no City College de Nova Iorque, mas depressa se
mudou para a Universidade do Wisconsin, onde concluiu os seus três graus académicos
em Psicologia: o bacharelato, em 1930; o mestrado, em 1931; e o doutoramento, em
1934. Foi nessa altura que tomou Harry Harlow, famoso pelas suas experiências com os
macacos Rhesus, como mentor e orientador de doutoramento.
Maslow continuou depois os estudos de Psicologia na Universidade da Columbia, onde
teve como mestre Alfred Adler, autor do complexo de inferioridade. Em 1937, assumiu
o cargo de professor no Brooklyn College (onde lecionou até 1951), onde conheceu
outros dois mentores: Max Wertheimer, psicólogo Gestalt, e Ruth Benedict,
antropóloga. Maslow admirava tanto estas duas pessoas, a nível pessoal e profissional,
que começou a estudar o comportamento delas.
O permanente interesse de Maslow pelo potencial humano e pela saúde mental
fundamentaria os seus contributos mais importantes para a Psicologia. Na década de
1950, fundou e liderou a Psicologia Humanista que, em vez de se centrar na doença ou
na anormalidade, se centrava nos aspetos positivos da saúde mental.
A Psicologia Humanista levou à criação de tipos diferentes de terapia, baseados no
conceito de que as pessoas têm o potencial de se curar a si próprias, através da terapia.
O terapeuta age como guia, ajudando o paciente a remover os obstáculos que o
impedem de alcançar o seu potencial.
Abraham Maslow talvez seja mais conhecido pela sua hierarquia das necessidades,
uma das ideias basilares do pensamento e do ensino da Psicologia moderna, segundo a
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qual as pessoas são motivadas para satisfazer uma série de necessidades que
constituem o ponto de partida fundamental para agir e progredir.
De 1951 a 1969, Maslow lecionou na Universidade de Brandeis e, em 1969, mudou-se
para a Califórnia, para trabalhar no Laughlin Institute. A 8 de junho de 1970, aos 62 anos,
Abraham Maslow sofreu um ataque cardíaco e morreu.
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Lewin inspirou-se na Psicologia Gestalt, bem na teoria do campo de Albert Einstein, que
afirmava que os objetos estão em contínua interação com a gravidade e o
eletromagnetismo. Aliás, tentou aplicar o conceito de Einstein à Psicologia, postulando
que o comportamento resultava da constante interação do indivíduo com o meio
ambiente.
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Para o estudo sobre a liderança, as crianças de uma escola foram divididas em três
grupos, cada um com um líder correspondente a um dos três estilos de liderança. Lewin
e o seu grupo de investigadores estudaram as respostas das crianças, enquanto o líder
as dirigia num projeto de artes e ofícios.
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autoritário, mas que as suas contribuições tinham uma qualidade mais elevada.
Embora os líderes democráticos não deixem de ter a última palavra nos processos de
tomada de decisão, os outros membros do grupo são encorajados a participar, o que
os faz sentir-se mais envolvidos e motivados no processo e ser mais criativos.
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Bowlby iniciou a sua carreira ligada à Psicanálise, que visava transformar numa ciência
natural com rigor métrico. Assim, desenvolveu uma teoria designada de Teoria dos
Instintos, já que estudava e operacionalizava os instintos do nascimento. Para o autor,
o bebé já nasce «equipado» com um dado número de sistemas comportamentais, que
fornecem as bases para o desenvolvimento ulterior do comportamento de apego ou
vinculação (Bowlby, 1978, p. 107).
Teoriza o autor que os sistemas comportamentais no início da vida são sistemas
mediadores primitivos ou respostas instintivas componentes. Na sua opinião, estes são
constituídas por cinco respostas instintivas componentes ou parciais:
Bowlby defendeu que o bebé é, desde logo, um ser ativo e participante na relação de
vinculação, sendo afetado por ela. No primeiro ano de vida, estabelece-se o
comportamento de vinculação, tendo nas suas bases as respostas instintivas
componentes e um processo de interação crescente de sentido e significado, que se
reforça no processo de socialização.
O comportamento de vinculação desenvolve-se na relação que se estabelece com o
outro — a figura de vinculação —, sendo uma relação de proximidade que perdura no
tempo. Isto quer dizer que existe uma predisposição forte para procurar a proximidade
e o contacto com a figura significativa de vinculação, principalmente, nas situações
ameaçadoras (por exemplo, em situações de medo, cansaço e fragilidade).
Este comportamento de efetivação ativa sistemas de comportamentos e estratégias
para manter o contacto com essa figura de vinculação. É no contexto das relações com
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Tradução em português do Brasil: Apego e Perda: Separação e Apego e Perda.
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a mãe e, posteriormente, com outras figuras significativas, que a criança vai construindo
expetativas e modelos do mundo, das relações, das pessoas e de si própria.
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• Estruturas tácitas;
• Padrões disfuncionais de vinculação;
• Sentimento do self;
• Temas dominantes;
• Estratégias para lidar com as situações.
I. PADRÃO DEPRESSIVO
A nível tácito: caracteriza-se por um self destinado à solidão, que tem uma visão
negativa de si próprio, do mundo e do futuro e é marcado por perdas reais e simbólicas.
Estratégias do indivíduo para lidar com as situações problemáticas: são marcadas por
uma autoconfiança compulsiva. O mundo é percecionado como hostil. Vive dominado
pela tristeza e ira, com sentimentos de revolta, angústia e culpabilidade em relação à
perda. Predominam atribuições causais internas de autoculpabilização; a realidade
exterior é cruel e responsável pela solidão. As autodescrições são globais, marcadas por
uma gramática do «tenho» e «devo», levando a uma incapacidade para se autoperdoar
e perdoar os outros.
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Estratégias do indivíduo para lidar com as situações problemáticas: são marcadas por
uma procura ambivalente de uma figura de intimidade que lhe permita um equilíbrio,
mas simultaneamente, pela evitação da intimidade que lhe pode produzir desilusão.
Evita expor-se em relação aos outros, porque desconfia desde logo que a intimidade lhe
vai trazer desilusão. A identidade reduz-se a um ideal de perfeição pela mediação da
imagem corporal.
A nível tácito: caracteriza-se por um self assimétrico; o self e os outros são percebidos
dicotomicamente como bons e maus.
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origem a uma representação dicotómica das figuras de vinculação: são boas, porque se
preocupam; e são simultaneamente más, porque são exigentes e não dão muito apoio.
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Da pior forma, Frechet descobriu que a teia dos legados geracionais invisíveis dos nossos
antepassados, com aspetos negativos e de enfermidades, como: acidentes, episódios
psicóticos, tarefas inacabadas e outros, continuam a perpetuar-se nas gerações futuras
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clamando a sua concretização. A isso ele deu o nome de: Ciclos Biológicos Celulares
Memorizados. Fruto da sua experiência pessoal e do seu trabalho desenvolvido
posteriormente o autor percebeu que a maioria das pessoas reproduz, muito
simplesmente, os esquemas e processos mentais disfuncionais das gerações que a
precedeu, como forma de legado geracional e que precisa de ser resgatado pelos
vindouros. Teoriza também o autor que os eventos importantes das nossas vidas, tanto
os afortunados quanto os desafortunados, estão registados na nossa memória celular e
serão reproduzidos dentro de um esquema rígido de crenças e comportamentos que
podemos prever e «descodificar biologicamente». Postula o autor que este enredo
emocional é tão decisivo quanto intransigente e impositor, na conduta e
comportamentos repetitivos dos vindouros, já que são os descendentes que,
implicitamente, têm de romper energeticamente com as emoções retorcidas dos
antecessores.
Quando fazemos um mind setting de regressão procuramos saber o tipo de família (se
é rígida e castradora ou benevolente) e sobre os tramas do enredo da história familiar
do nosso paciente. Há quem defenda que quando nasce um ser ele surge como uma
«tábua rasa» e começa a escrever uma história de vida com suas ações e
comportamentos no seio da família nuclear. Se observarmos as histórias de cada
membro de uma família, naturalmente encontraremos semelhanças essenciais e
objetivos comuns. Contudo, Carl Jung, defendeu que existia o «consciente pessoal e
coletivo». Ora, para Frechet, da mesma forma que existe um «inconsciente coletivo»,
também existe um «inconsciente familiar». Nesse inconsciente familiar estão guardadas
todas as experiências silenciadas, que foram escondidas porque são um tabu falar sobre
elas: suicídios, abortos, doenças mentais, homicídios, perdas, abusos sexuais e físicos.
Quando não expressados e rompida o enrede negativo o trauma tende a se repetir na
próxima geração, até encontrar uma maneira de tornar-se consciente e poder ser
resolvido.
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Já Sigmund Freud alertava de que «As emoções não expressas nunca morrem, elas
momentaneamente vão embora, mas tendem a voltar mais tarde em forma de doença.»
Ou seja, tudo que reprimimos na psique manifesta-se de uma outra forma no corpo.
Pense desta forma, o exemplo de uma avó que foi abusada sexualmente no passado e
transmite os efeitos do seu trauma, mas não foi capaz de verbalizar o seu conteúdo. O
mais certo é que talvez mais tarde os seus filhos, netos e bisnetos podem sentir uma
certa intolerância em relação à sexualidade, ou uma desconfiança visceral das pessoas
do sexo oposto, ou uma sensação de desesperança que não conseguem explicar. Essa
herança emocional também se pode manifestar como uma disfuncionalidade da líbido
ou uma doença de cariz sexual. Outro exemplo, uma família que tenha vivenciado o
suicídio de um dos seus membros, provavelmente vai experimentá-lo novamente com
outra pessoa de uma nova geração. E se a situação não foi abordada e resolvida
adequadamente, ficará a flutuar como um «fantasma» que voltará a se manifestar mais
cedo ou mais tarde nos vindouros. O mesmo princípio também se aplica a todos os tipos
de trauma. Em terapia regressiva é bem mais seguro quando se volta no tempo através
da regressão ao momento da conceção e nascimento, de forma a que o paciente possa
expressar na segurança do consultório este legado geracional negativo. Creio que cada
um de nós tem muito a aprender com os nossos antepassados. A herança que
recebemos é muito mais ampla do que supomos e nela poderemos encontrar a causa
de muitos de nossos sofrimentos e desgraças. Em terapia regressiva ao descobrir o
«Mandato Geracional», seguramente nos irá ajuda a dar um passo importante para
chegar a uma compreensão mais profunda de qual é o verdadeiro papel e propósito na
vida daquele ser no mundo.
Um profissional de terapia regressiva deve ter o cuidado de fazer regredir o seu paciente
não só à infância, mas também ao nascimento e ao momento das primeiras memórias
entre a conceção e o nascimento. De facto, saber: qual a herança positiva e negativa dos
antepassados do paciente? Se positiva devemos perpetuar, resgatar e salvar? Se
negativa, porque estão a negar e encobrir as feridas destes eventos transformados em
segredos? Descobrir as causas entender os motivos e consequências da altura, o que
fazer com a herança geracional? Como resgatar, aprender e transcender? Segundo a
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O «mandato geracional» dos nossos pais ou avós pode ser negativo ou positivos e,
normalmente, traduz a forma como somos acolhidos na conceção e, sobretudo, a forma
como somos recebidos ao nascer e o que os nossos progenitores esperam de nós. É de
suma importância perceber em TRVP esse «mandato geracional», que o paciente de
forma inconsciente tende a honrar - mas que, normalmente, está a ser vivido no
presente em estado de drama — para desativar o traço de personalidade disfuncional.
Num trabalho de pesquisa transderivacional completo é de suma importância trabalhar
estas dimensões e as informações que pudermos recolher sobre os pais e antepassados
do nosso paciente. Estas dimensões psíquicas poderão ser a «pedra de toque» que fará
a terapia evoluir e o melhor legado que ele poderá ter e deixar para os seus
descendentes. Saber de onde viemos, quem são as pessoas que não conhecemos, mas
que estão na raiz de quem somos, é um caminho fascinante que só trará benefícios e
desbloqueia na maioria das vezes uma doença ou comportamento disfuncional grave.
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O NOSSO MAIOR PODER PESSOAL É A NOSSA LIBERDADE DE ESCOLHER UMA RESPOSTA. NÃO É O
QUE NOS ACONTECE QUE MAGOA, MAS A FORMA COMO RESPONDEMOS A ISSO.
VIKTOR FRANKL
O resgate da criança interior é uma técnica que pode ser aplicada juntamente com a
regressão de idade e a regressão à criança interior. O resgate da criança interior pode
ser feito com os recursos de pessoa adulta e completa, que é representada no presente
pelo nosso consulente, mas utilizando a sabedoria, a força e os recursos que, entretanto,
adquiriu para auxiliar a criança que era quando o trauma ocorreu.
Inicialmente, pede-se à parte adulta do consulente para se apresentar à criança
interna. Seguidamente, pergunta-se à criança o que ela quer mostrar ou dizer. Pede-se
ainda que revele o que ela mais necessita e o que lhe falta para conseguir descansar. Se
necessário, pede-se ao consulente que se imagine a fazer tudo aquilo que a criança lhe
pediu.
As sessões deste tipo são muito emotivas e reorientadas para a cura. Assim sendo,
durante uma sessão de regressão, pode pedir ao consulente em transe para imaginar a
sua parte adulta a regressar ao passado e a resgatar a sua parte perdida, para a trazer
ao presente em segurança, ou a imaginar outra pessoa a interceder por ele e a fazer o
que deveria ter sido feito quando o evento doloroso ocorreu (a parte adulta ou um
mentor).
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Enquanto ouve a minha voz, talvez possa sonhar que é você mesma/o, quando era
pequena/o… muito pequenina/o… frágil… e indefesa/o… esquecida/o no passado das
suas memórias… E sabe como é, não é? Aquelas memórias que nos forçaram a
esquecer… Isso… Está certo, o que está a recordar… E, se quiser, também pode imaginar
aquela criança ou uma parte sua do passado que precisa de ajuda… Isso.
Imagine-se, veja-se ou, até, sinta-se uma criança… Aquela criança que há muito não se
lembra de visitar… Uma criança que foi tantas vezes ignorada… mas que precisa de si…
Uma criança de quem gosta e que está simplesmente escondida de si… algures no seu
passado longínquo… Isso… E talvez possa sentir uma emoção… um aperto no coração…
ao perceber quem ela realmente é… É você mesma/o… pequenina/o… frágil…
indefeso… É normal emocionar-se, não é? Peça, então, ao coração que agora pode
sentir… que pode baixar a guarda… baixar as defesas… Apenas peça ao coração que seja
ele próprio… no seu elemento natural… E só nós sabemos como o coração é sensível à
gratidão… ao amor, não é verdade? Diga-me que sim, com a cabeça, quando encontrar
a sua criança do passado!
[Dar um tempo de pesquisa ao consulente]
Muito bem… Já se deu conta da sua criança interior? Aproxime-se dela… Observe-a no
seu ambiente natural… e permita-se agora perguntar à Criança Interior o que é que ela
tem para lhe mostrar ou dizer? Isso… Por vezes… para sobrevivermos ao abandono… à
injustiça… à solidão… damos uma corrida para a frente… Obrigam-nos a crescer… sem
nos darem tempo de ser crianças… Então, permita-se ter tempo agora… e observe
calmamente… Olhe e sinta a sua criança interior… com gratidão… protegidamente… E,
se ela lhe falar, ouça-a… Isso… E talvez ela lhe queira dar a mão… e mostrar-lhe algo que
nunca tinha revelado a ninguém… Acompanhe-a neste momento… Não a abandone…
Não lhe vire as costas… Ela espera por si há tanto tempo… Ela precisa de si…. Já se deu
conta de como ela precisa de si? Muito bem…
[Aproveitar e descobrir o que a criança interior precisa; fazer desvinculação se deparar
com figuras de vinculação austeras e/ou inseguras ou outras.]
Às vezes, basta observar… Nem precisa de dizer ou fazer nada… O processo é tão intenso
que se desenrola por si mesmo… Observe simplesmente… como se fosse o pai ou a mãe
que ela não teve no passado… um pai ou uma mãe amoroso/a e complacente… de que
ela precisa… Não a assuste… Observe-a… E talvez possa ver a sua criança interior a
movimentar-se simplesmente à maneira dela… A continuar a dar-lhe um ar suave e
terno, com a sua respiração… Enquanto o seu coração pode finalmente emocionar-se e
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tranquilizar-se… nesse calor manso que acalma e flui no seu ambiente natural…
Simplesmente a boiar nesse calor morno… que aquece o coração… Isso.
[Aproveite e procure fazer a desvinculação com os progenitores (se intuir um vinculação
insegura); se necessário, crie um ego auxiliar (um mentor), para reforçar a criança
interior.]
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II. Segunda parte: serve para descobrir e reforçar os egos fragilizados, fazer a
desvinculação com figuras parentais e fazer uso de Egos auxiliares.
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flutuar… Olhe à sua volta… e aprecie a pureza do ar… e sinta uma lufada de ar fresco…
Olhe para baixo… e contemple a superfície dourada da praia… Repare num pequeno
caminho que desemboca nessa praia maravilhosa… e comece a percorrê-lo… o caminho
não é difícil… à medida que o percorre… vai sentindo um agradável aroma a maresia…
Chega ao areal e para… a admirar essa maravilhosa praia onde pode caminhar… veja-se
descalço… e sinta… sinta realmente… os pés em contacto com a areia dourada e macia
dessa praia… Agora lance o olhar para o mar… para o horizonte… para lá do oceano…
Repare nas ondas… a suceder-se… umas atrás das outras… a rolarem… vindas do
horizonte…. Em direção à praia… Cada onde tem a sua forma única… uma curvatura
diferente… uma cor particular… ao embater na areia da praia… ao desfazer-se em
salpicos de espuma branca… Enquanto contempla as ondas… o movimento do mar…
aperceba-se do vento à sua volta… a soprar a crista das ondas… a aspergir o ar de água
salgada… enquanto a onda se espalha e desfaz na areia… Observe o vento a fustigar a
crista das ondas… Sinta a humidade no ar… e o agradável aroma a maresia… inspire
fundo… isso…. Sinta a brisa marítima acariciar-lhe as faces… e permita-se começar a
andar… dês uns passos… e entre na água… sinta-a a envolver os pés… e os tornozelos…
Imagino que possa realmente apreciar essa sensação…
Continue a sentir-se bem…. Olhe à sua frente… e vislumbre uma ilhota… não muito
longe da costa… talvez, até, bem perto da praia… é uma ilha linda… uma ilha coberta de
uma vegetação luxuriante… parece uma ilha mágica… de repente, você sente
necessidade de ir a essa ilha… sente-a chamar por si… sente um apelo vindo do seu
âmago… sente uma necessidade imperiosa de viajar até a essa ilha que avista no mar…
bem à sua frente… e isso deixa-o intrigado… curioso sobre o que tem a aprender nessa
ilha… Comece a avançar, por entre o vai e vem de ondas… sinta o mar beijar-lhe os pés…
Sinta a agradável sensação do sol cálido a acariciar-lhe o rosto e o corpo…. A carta altura,
avista uma silhueta… Ali, junto à praia… Parece um barco… um pequeno barco… Apresse
o passo e aproxime-se dele… É realmente um pequeno barco a remos… Repare na cor…
De que cor é esse barco?
[Aguarde a confirmação do paciente.]
Toque no barco e sinta como ele é seguro e robusto… e lance novamente o olhar para
aquela ilha maravilhosa… Talvez necessite de lá ir, não é?… Realmente, esta é a sua
oportunidade de o fazer… e decide entrar no barco da cor que você escolheu… decidido
a remar até à sua ilha mágica… Empurre o seu barco lindo para a água… salte lá para
dentro… pegue nos remos… e comece a remar… Enquanto vai rema, sinta a agradável
sensação do barco a balouçar com as ondas… Ouça o piar calmo e tranquilo das
gaivotas… Veja uma gaivota a pousar na borda do seu barco… e admire-a… veja-a
balouçar em sintonia com o barco… Você vai remando… remando… mas há algo de
errado no seu barco… Sente-o muito pesado… Faz um enorme esforço para o fazer
avançar… mas, por mais que faça… o casco do seu barco só se afunda na água… de
repente, apercebe-se de que, no fundo da quilha do seu barco, estão uns sacos…. Sacos
velhos… que estavam no fundo do seu barco… são feitos de um tecido grosseiro… Há
quanto tempo é que carrega consigo esses sacos? Há quanto tempo é que os tem na sua
vida? De repente, lembra-se de que já carrega esse peso há muito… Esses sacos já vêm
de longe… Já existem há muito tempo, dentro de si… e sabemos que, em determinadas
alturas, se tentou livrar deles… mas não conseguiu… outras vezes, tentou ignorá-los…
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mas sempre lhes sentiu a presença… a pesar-lhe no coração… são como espinhos
cravados no seu corpo… Decida-se agora e deite esses sacos fora… liberte-se desses
sacos que carrega consigo há tanto tempo… E talvez se possa lembrar de há quanto
tempo os carrega dentro de si… Entenda agora o que significam… Sacuda o pó de um
dos sacos… Nesse saco está escrito [Exemplo: MEDO]… Sacuda o pó de outro… Nesse
está escrito [Exemplo: REVOLTA]… Sacuda o pós de todos os sacos… Noutro está escrito
[Exemplo: SOLIDÃO?]… E veja e sinta o que cada saco representa… sem ter de os abrir…
para ver que contêm… E recorde vagamente todos esses momentos… todas essas
experiências emocionais… que foram enchendo cada vez mais… esses casos… tornando-
os cada vez mais pesados… Pense nisso… no que cada saco contém… E perceba que já
pode… finalmente… libertar-se desse peso… desse fardo que carrega no seu interior…
há muito, muito tempo… Agora, gostaria de lhe fazer umas perguntinhas… Qual dos
sacos é o mais pesado? Qual dos sacos é o mais antigo? Verifique se não lhe escapou
nenhum saco… Compare os sacos e diga-me qual deles é o maior…
Muito bem… Agora, agarre no saco mais pesado… Isso… Força… Veja como esse
sentimento pesava na sua vida… Lance-o para bem longe de si… Observe como esse saco
do [Exemplo: MEDO] o prejudicava… Liberte-se desses sentimentos, antes de chegar à
sua ilha mágica… Veja o saco a afundar-se rápida ou lentamente no mar… E, quando o
saco desaparecer totalmente, diga-me… [Aguarde a resposta; por vezes, temos de
auxiliar o paciente a levantar o respetivo saco, tal é o peso que esse sentimento
representa para ele.]
NOTA: Se, porventura, o saco não afundar ou não desaparecer, isso pode significar que
o paciente ainda não está pronto para se libertar desse sentimento — ou seja, que ainda
tem algo a aprender ou a libertar, relacionado com o sentimento em causa. Nesse caso,
o terapeuta não deve forçar o consulente a ver desaparecer o saco. O melhor será que
ele fique a boiar na água, pois na cabana ainda vamos trabalhar com o respetivo ego
que é representado nesse saco, enquanto isso o terapeuta passa a trabalhar os outros
sentimentos.
Muito bem… Pegue no outro saco com o sentimento de [Exemplo: REVOLTA] e atire-o
pela borda fora também… e faça isso a cada saco de sentimentos que estiverem dentro
do seu barco… Excelente.
Lançar todos os sacos, um a um, para a água, para ver cada sentimento afundar-se no
oceano. Sempre que considerar adequado, o terapeuta deve ajudar o paciente a lançar
o saco pela borda fora. Se o saco teimar em não se afundar de imediato, isso pode ser
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uma indicação de que a mente inconsciente ainda não está preparada para se libertar
desses sentimentos. Se isso acontecer, deixe os sacos a boiar no oceano e continue com
a indução da técnica. Lembre-se que de alguma forma essa é uma representação
simbólica das dimensões psíquicas do paciente, por isso não devemos forçar o seu
desaparecimento, mas esclarecer e auxiliar a compreender a sua mensagem.
Recordemos de que ainda vai trabalhar com os Egos de Idade, os Egos Auxiliares e as
Figuras de Vinculação, cada dos quais pode ter respostas para ajudar a libertar os sacos
que não foram ao fundo.
Muito bem… Agora que removeu da sua vida todos esses pesados fardos que tanto o
incomodavam… pegue novamente nos remos… Sinta o barco mais leve… mais veloz…
Sinta-o navegar sem esforço… Veja-se aproximar-se rapidamente da sua ilha…
Vislumbre um lindo arco-íris sobre o mar, à sua frente… Atravesse esse maravilhosos
arco-íris… como se atravessasse um enorme portão… E deixe o seu barco bater
suavemente na areia macia… Na areal dourada dessa pequena enseada… Salte para fora
do barco e comece a puxá-lo… Puxe o seu barco para a praia… para evitar que as ondas
o levem…. Observe as águas azul-turquesa… Contemple os magníficos corais… os peixes
multicolores… Veja diante de si uma pequena praia de areia dourada… com uma linha
de coqueiros mesmo junto ao mar… Há imensas árvores e pássaros multicolores…
Respire fundo… sentindo muita paz… muita tranquilidade… Comece a caminhar para
explorar a sua ilha… De repente, mesmo à sua frente, avista uma pequena cabana… uma
cabana de madeira… Aproxime-se um pouco… constate que se trata realmente de uma
cabana de madeira… assente em estacas… e coberta de colmo… Tem uns degraus acima
dos quais avista nitidamente uma porta… Olhe para a porta… Vê-a aberta ou fechada?
[Aguarde a resposta.]
Suba os degraus… empurre a porta… e entre… Atravesse uma pequena cozinha arejada
e confortável… Entre numa sala… uma sala ampla… Veja duas janelas… uma virada para
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o mar… e outra para a floresta… Dirija-se para uma das janelas e respire fundo… Isso…
Agora, observe a sala da sua cabana… Arrume-a ao seu estilo… Veja uma mesa…
Estantes com livros… e, encostado à parede, um sofá confortável… Veja uma lareira de
tijolo… Ao olhar pela janela, verifica que a noite começa a chegar… Já começa a
escurecer… E as noites na sua ilha costumam ser frias… Aproxime-se da lareira e pegue
fogo aos gravetos que ela contém… Junte-lhes lenha… e sinta o crepitar agradável do
lume… Sinta um agradável calor nas faces… Sinta-se muito mais aconchegado… Sente-
se no sofá… e observe calmamente a sombra da sua cabeça na parede… a ondular… a
dançar ao ritmo das chamas na lareira… Enquanto está aí confortavelmente sentado…
sonolento… enquanto se descontrai… todas aquelas dúvidas antigas sobre si mesmo
começam a emergir na sua mente… todas as dores… todos os traumas não
ultrapassados… sentimentos de medo… ou sentimentos de revolta, começam a aflorar
à sua mente… Tem consciência daquilo que lhe fizeram… das dores a que o
submeteram… das humilhações por que o fizeram passar… até das suas falhas… das
coisas que gostaria de não ter feito… e das coisas que desejaria ter feito no passado…
de repente, uma parte de si… a criança que há em si e que sofreu… que foi maltratada…
ou que tem medo… se lhe permitir… ela vai bater à porta da sua sala… pois essa sala é
especial… É a sala das suas memórias… [Os primeiros Egos a sugerir serão os egos a
representar cada um dos sentimentos encontrados em cada saco.]… Isso… Deixe essa
parte sua [por exemplo, a REVOLTA] surgir… Permita-lhe vir finalmente ter consigo…
Permita-lhe falar consigo… Esta é a sala das suas memórias… Deixe-a vir… Deixe-a vir
transmitir-lhe tudo o que lhe fizeram no passado… Já se deu conta de que a parte sua
que representa a REVOLTA quer falar consigo? Isso… Olhe para a porta… Quando
alguém bater à porta, diga-me que sim com a cabeça, para eu saber a sua resposta…
Está pronto? Muito bem… Levante-se e dirija-se para a porta…
[O terapeuta espera o tempo que for necessário para que o paciente lhe responda que
alguém bateu à porta. Logo que o paciente confirme que alguém chegou — que chegou
o Ego de Idade — continue.]
Abra a porta à sua parte do passado… Deixe entrar aquela parte que está associada ao
seu problema [Exemplo: o MEDO, a SOLIDÃO, a TRISTEZA, etc.] e obtenha uma primeira
impressão dessa parte… É uma parte sua adulta ou criança? Que idade é que aparenta
ter? Está triste ou contente? O que é que lhe fizeram?
Iniciar então a comunicação interior com o Ego de Idade — neste caso, tomamos o
exemplo de uma parte criança. Depois das primeiras impressões, peça ao paciente em
transe que traga a criança para dentro da cabana e que a faça sentar-se no sofá, para se
dar início à comunicação de forma a ressignificar a sua dor.
Pergunte-lhe se ela tem alguma coisa a mostrar ou a dizer. O que é que lhe fizeram?
Porquê? Quem? O que é que essa criança sentiu? [Importa ouvir com atenção as
respostas e, se necessário, acompanhar a criança até ao momento traumático do passado.
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Prossiga.] Acarinhe agora essa criança, junto a si… Aperte-a carinhosamente nos braços
e prometa-lhe que a vai proteger… Que agora você vai ser o pai, o irmão, o amigo dela…
Que agora vai ser quem ela precisava de ter e não teve no passado… Faça finalmente a
sua criança interior sentir-se segura e protegida… Em troca, ela poderá dar-lhe paz,
felicidade e autoestima…
Este é o momento-chave para pedir ao paciente que, todos os dias logo pela manhã,
coloque a mão no peito, junto ao coração, e prometa a todas as suas partes que as ama
incondicionalmente, que as deseja e as protege. Prometa-lhes que elas já estão bem.
Naturalmente que este é um momento muito intenso e cheio de boas emoções, em que
o paciente experimenta uma agradável sensação de paz interior e equilíbrio. Este é o
momento ideal para lhe dar sugestões para dormir e sonhar, explicando que as
mudanças de que precisa irão continuar a operar-se automaticamente durantes os
sonhos. Utilize as «palavras mágicas da mente»: protegidamente, automaticamente,
saudavelmente, a aprender e a desfrutar. Nesta altura, poderá ser oportuno contar
uma metáfora transformacional e/ou fazer uma Ponte para o Futuro.
Muito bem… Agora, que fez as pazes com o seu passado, irá sentir que, a partir de hoje,
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se sentirá mais forte, seguro e feliz… Já nada nem ninguém lhe poderá fazer mal… Agora
está extremamente forte e feliz… Pois sabemos que, com este conhecimento adquirido,
não irá permitir que mais ninguém faça mal à sua criança interior, não é? E, agora,
aquiete-se um pouco… pois deve estar a sentir-se tão bem… e tão em paz… que
simplesmente vai dormir… Dormir calma e tranquilamente… Enquanto dorme
placidamente… a sua mente começa a sonhar… Nesse sonho, está no futuro… Não sei
se é daqui a um dia… uma semana… ou um mês… Mas está totalmente feliz… e está a
enfrentar naturalmente o seu problema… E apesar de antes se sentir [explicitar o que o
paciente sentia], agora sente-se maravilhosamente bem… automaticamente seguro…
naturalmente protegido… saudavelmente a aprender e a desfrutar de um nono ser… Já
se deu conta de que está a aprender a ser diferente? E sente-se automaticamente cada
vez melhor… mais bem-disposto… e mais forte… A cada dia que passa… sentir-se-á cada
vez melhor…
Permita que o paciente reviva alguns momentos felizes no futuro, durante uns minutos,
para poder enfrentar o seu problema de uma forma mais segura, confiante e plena, mas
também com novos recursos criados. Em seguida, continue.
Agora, vai sair desse sonho maravilhoso… pois o dia já nasceu de novo… Ouça outra vez
o agradável som das ondas do mar…. Respire fundo… Espreguice-se… Isso… vá até à
janela… Observe as ondas do mar… a ondular tranquilamente… Repare no seu pequeno
barco… Aviste-o na praia… à sua espera… Sinta-se o ar fresco do mar a bater-lhe nas
faces… e prepare-se para sair… Saia pela porta da sua cabana… e, ao olhar para trás,
observe mais uma vez a sua magnífica sala… Lembre-se… É a sua sala… o seu local
seguro… e tranquilo… para onde pode voltar… sempre que precise de fazer alguma
correção física… ou mental… Estará sempre aí… num lugar que pode sempre voltar…
Desça as escadas… sinta a frescura da areia nos pés… e a frescura da brisa do mar na
pele… aproxime-se do seu barco… e empurre-o para a água… para fazer a sua viagem
de regresso… mas repare… Já se deu conta de que se sente muito leve? Sente-se tão
livre… que nem sequer entra logo no seu barco… Empurra-o simplesmente… sentindo-
se leve… livre… como se fosse capaz de voltar a caminhar sobre a água do mar… tal é a
paz… tal é a leveza… e tal é a confiança… que encerra em si neste momento… Quando
entra no barco, sente-se muito mais reconfortado… muito mais preparado para
enfrentar os seus problemas… Sente-se realmente diferente… Algo mudou dentro de
si… Agora, sente-se muito mais forte… muito mais confiante… muito mais feliz… como
nunca se sentiu…
Se, durante a travessia de volta, o consulente ainda assim encontrar algum dos sacos
com sentimentos a boiar, sugira-lhe que não há problema, pois a mente sábia e amiga
continuará a trabalhar aquele sentimento durante os sonhos e, na sessão seguinte, irão
abordar novamente esse saco/sentimento. Entretanto, faça uma Pergunta de
Possibilidade, para aproveitar o Zeigarnik effect.
Não é interessante, como podemos deixar alguma coisa assim, de lado, para continuar
a aprender no futuro? [Prossiga com a técnica, gravando uma mensagem de cura.]
Muito bem… Sente-se naturalmente diferente… seguro e confiante… Atravessa
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NÍVEL II: Manual de TRVP e Hipnoanálise: numa perspetiva clínica e transpessoal
rapidamente esse pedaço de mar… Muito bem… Deixe o seu barco no local onde o
encontrou… E, agora, com a ponta do dedo, escreva na areia húmida uma frase que
possa demonstrar o que sente agora. Perceba como se sente agora e escreva uma frase
a respeito, e a frase é: «Eu, [nome do consulente], sou… (livre?) EU [nome do
consulente], estou curado de [Deixar uma mensagem de Cura na areia molhada]»... Isso…
deixe essa mensagem escrita para toda a gente ver… Deixe essa frase escrita para o
Universo ler… E repare que o movimento vai e vem das ondas não apagam as palavras
que escreveu na areia húmida da praia… Agora compreende que é como se o Universo
confirmasse e abençoasse a sua cura… a sua nova pessoa… o seu novo brilho… o seu
novo ser… Como se, finalmente, o Universo sorrisse para si… E é tão bom sentir-se
pleno… vivo… e curado… capaz de dançar a dança da vida… Pois, acima de tudo e apesar
de tudo, ainda temos o direito de ser seres imperfeitamente perfeitos a viver uma
epopeia terrena, verdade, não é?
Regresse ao aqui e agora com muito mais paz… com muita calma… a sentir-se
rejuvenescido e muito melhor do que antes…Volte… volte para o aqui e agora… Volte
ao seu ritmo… à sua maneira… a sentir-se forte… revigorado… e muito mais preparado
para enfrentar as suas experiências terrenas… [Se necessário efetue a contagem para o
despertar, e depois desperte-o], Acorde agora… Abra os olhos… respire fundo… e sorria
para a vida… Sinta-se feliz, bem-disposto e em perfeito equilíbrio com a Natureza…
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O corpo etéreo, também conhecido como Aura, é um campo energético que rodeia
todos os seres humanos. Alguns especialistas defendem que a sua principal função é
proteger-nos de agressões e roubos energéticos de outros seres. Todavia, esse campo
energético pode carregar lesões, rasgos ou escórias energéticas com origem em vidas
traumatizantes do passado (em que morreram torturados, enforcados, queimados ou
feridos por armas, sofreram amputações, etc.) e que fazem com que a paciente perca
imensa energia vital.
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Esta técnica também é muito útil para remover escórias energéticas de situações vividas
em vidas pregressas. Normalmente, quando se explora a aura com esta técnica, acede-
se às cargas, aos cortes, às manchas, às amputações ou outros incidentes que se
acumularam no corpo extrassensorial ou nos chacras do paciente.
Esta interessante técnica de exploração deve ser usada principalmente depois da
regressão e do insight já realizados em sessões anteriores. Além disso, é muito
importante, já que permite identificar Fragmentos de Vidas Passadas que porventura
ainda não tenham sido identificadas nas anteriores regressões.
Lembre-se de que a Cirurgia Psíquica nem sempre permite ao paciente compreender
o seu carma, como acontece com a regressão ao passado, e daí ser importante aplicá-la
sempre como técnica pós-regressiva de inspiração analítica.
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II. ESCÓRIAS ENERGÉTICAS PESSOAS: podem surgir personagens históricas, talvez figuras de
vinculação (pais ou familiares diretos), ou pessoas conhecidas e/ou estranhas;
III. ESCÓRIAS ENERGÉTICAS ANIMAIS: pode ser um animal doméstico (cão, gato ou ave de
capoeira); se for uma animal selvagem e feroz, este poderá ter sido causa de morte,
numa vida ancestral. Por vezes, aparecem mandíbulas, bicos ou garras em
determinadas partes do corpo; nesse caso, deve-se averiguar a que animal
pertencem e quando surgiram ou foram fixos no corpo energético;
Coloque-se numa posição confortável… Sinta os pés em contacto com o chão e pouse as
suas mãos nas coxas ou nos braços da poltrona… Deixe a cabeça cair lentamente para a
frente… Descontraia-se… Isso… Agora, deixe-se descontrair ainda mais… e deixe os
olhos fecharem-se sem forçar…. Com os olhos fechados, evita que se distraia com que
o rodeia… Agora, relaxe completamente…. E pense na palavra RELAXAMENTO como
nunca pensou antes… porque, agora, essa palavra… esse estado, vai proporcionar-lhe…
neste momento… um relaxamento… uma descontração muito pacífica… um
relaxamento que vai envolver todo o seu corpo… desde a ponta dos dedos dos pés… até
ao topo da cabeça… uma descontração que o vai aliviar… e o vai disponibilizar para as
suas próprias maravilhas interiores… Por isso, deixe-se agora descontrair…. Relaxe
completamente… Deixe-se ficar absolutamente descontraído… Agora, vou pedir-lhe
que se concentre na respiração… Simplesmente… Inspire e expire… Inspire e expire…
Inspire relaxamento…. Expire tensão… Inspire e expire… e deixe os músculos do rosto
amolecer e descontrair… Inspire e expire… e sinta os músculos dos ombros… soltar-se e
a descontrair… Inspire e expire… Sinta o relaxamento alastrar-se pelo pescoço… e pelos
ombros… Inspire e expire… Sinta este maravilhoso relaxamento penetrar nos músculos
dos braços e libertar todas as tensões… Sinta os músculos soltos e descontraídos…
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Inspire e expire… Inspire e expire… Sinta os músculos das costas soltar-se e descontrair…
Sinta o conforto dos músculos das costas sem tensões… Inspire e expire… e deixe os
músculos do peito descontrair… Sabe tão bem relaxar… É tão suave, este seu
relaxamento… Inspire e expire… e sinta este relaxamento alastrar-se aos abdominais e
às coxas… Inspire e expire… Sinta esse relaxamento alastrar-se à barriga das pernas…
aos pés… Sinta o conforto desses músculos sem tensões… Inspire e expire… e sinta um
enorme bem-estar em cada músculo… cada tendão… e cada nervo do seu corpo… Sinta
muito descontraído… muito confortável… Inspire e expire… e sinta o seu sistema
nervoso muito calmo… Sinta-o a enviar sensações de bem-estar e relaxamento… para
cada uma e todas as partes do seu corpo… Sinta-se a descontrair… calmamente…
profundamente… Agora, vou contar regressivamente de dez a um… A cada número, o
seu relaxamento será cada vez mais profundo… Quando eu disser dez… você está
confortavelmente sentado na sua cadeira… Simplesmente descansado… relaxado… e
descontraído… ouvirá a minha voz sempre a falar consigo… mas isso não o perturbará…
Sentado, descobrirá que a sua mente está a ficar mais sonolenta… está adormecida…
Está sonolenta… e adormecida… tentará não pensar no que lhe estou a dizer… mas
ouvirá tudo o que eu digo… todos os ruídos que possam surgir parecerão muito
distantes… não terão qualquer importância para si… porque você só ouve a minha voz…
Concentre-se agora nos pés… Deixe-os descontrair… Sinta um calor agradável a invadi-
los… e a espalhar-se aos tornozelos… Essa sensação cálida e relaxante está a alastrar-se
a todos os músculos do seu corpo… Essa maravilhosa sensação de calor desloca-se
lentamente… e progressivamente… dos seus pés para a barriga das pernas… e da barriga
das pernas para a coxas… à sua passagem, todos os nervos… todos os tendões… e todos
os músculos… vão amolecendo… e soltando-se… Nove… enquanto eu falo consigo, sente
as suas pernas ficarem cada vez mais pesadas… a cada respiração… Sente-se lentamente
a afundar… está sonolento… e cada vez mais adormecido…. Uma parte da sua mente já
está adormecida… e, no entanto, continua a ouvir tudo o que eu digo… é tão bom
descontrair… Oito… sente-se muito melhor… agora que os músculos do abdómen estão
a responder a essa sensação de calor e relaxamento… Sente os seus órgãos internos
invadidos de uma cálida sensação de alívio… é tão agradável… Sete… o relaxamento
espalha-se agora pelos músculos do peito… e das costas… Sinta-os a relaxar-se ainda
mais profundamente… A sua respiração é tão calma… sem nenhum esforço… Seis… a
sua mente está em perfeito descanso… Você está a descansar calmamente… e
pacificamente… Nada o preocupa… e nada o perturba… Está muito, muito
descontraído… Cinco…continua a afundar-se nessa maravilhosa sensação de paz e
relaxamento profundo… Quatro… Agora, sinta também as pontas dos dedos a
responder à sua ordem de paz e descontração… Sinta essas sensações suavizantes a
espalhar-se pelas mãos… pelos antebraços… pelos braços… é tão agradável relaxar
dessa forma tão calma e profunda… Três… nada lhe interessa, neste momento… a não
ser essa maravilhosa sensação de paz e relaxamento… e o que ela pode fazer por si…
está cada vez mais sonolento e descontraído… a afundar-se cada vez mais dentro de si
mesmo… O seu pescoço está mole e solto… Sente todos os nervos… todos os músculos…
e todos os tendões… soltos e descontraídos… Dois… esse relaxamento está agora a
envolver os maxilares… a fazê-los descontrair… ficar frouxos e confortáveis… todos os
músculos faciais se soltam e relaxam… as pálpebras estão agora tão confortáveis… tão
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confortáveis… Um… tem uma sensação tão boa na cabeça… sinta toda a restante tensão
a sair pelo topo da cabeça… todas as tensões e preocupações a sair… todos os
aborrecimentos do dia são postos de lado e simplesmente esquecidos… está a começar
a aprender a não oferecer resistência à paz e ao relaxamento… Afunda-se cada vez mais
num profundo estado de relaxamento e paz… Sente-se tão confortável… tão cansado
para se preocupar com o que quer que seja… exceto aquilo que pode conseguir através
deste estado maravilhoso de torpor e relaxamento… Sente-se afundar… afundar… mais
longe… mais longe… mais longe… num profundo estado de relaxamento e paz
profunda…
[Pausa.]
Agora vou falar consigo…. e, enquanto falo consigo, você irá descontrair-se ainda mais
profundamente… Vou pedir-lhe que imagine ou veja determinadas cenas ou situações…
estas cenas ainda o vão descontrair mais profundamente… mais e mais
profundamente… Isso vai fazê-lo sentir-se tão bem… em todos os aspetos… Descobrirá
que fica mais sonolento… e mais adormecido… mais e mais relaxado… será capaz de ver
e observar todas as situações de uma forma emotiva mas desprendida… até mesmo
enquanto as experimenta… Imagine, veja e sinta-se num local onde se sinta totalmente
bem… num local onde se sinta totalmente em casa… Pode ser no seu quarto… na sua
sala… ou, até, se quiser, num local onde você gostava de estar em criança… no quarto
da avó… ou outro local…. Imagine-se deitado nalgum lugar onde se sente totalmente
bem… totalmente em casa… na sua cama… no sofá, descontraído… Imagine esse lugar,
onde está… Você está deitado lá, da mesma forma que está deitado aqui… Imagine que
está sozinho… É fim da tarde… começa a anoitecer… e você está deitado… relaxado… da
mesma forma que está aqui, agora… Se consegue imaginar isso, diga que sim com a
cabeça para eu saber…
[Esperar pela resposta.]
Você sente-se calmo… relaxado… tranquilo…. Não tem pressa de se levantar… O
crepúsculo vai desaparecendo… e você vai ficando mais calmo… e mais lento… Você
percebe que está a escurecer… a noite começa a chegar… está a ficar cada vez mais
escuro… até você deixar de ver o que seja… se consegue visualizar isso, confirme…
[Esperar pela resposta.]
Agora, você está a adormecer… A próxima coisa que percebe é que, de alguma forma,
você está no quarto… fora do seu corpo… Veja vagamente o seu corpo deitado na
escuridão… Se consegue visualizar isso, diga que sim…
[Esperar pela resposta.]
Nessa escuridão, veja uma luz a entrar pela janela ou pela porta… É uma luz suave e
brilhante… que começa envolver o seu corpo… Se consegue visualizar isso, diga-me de
que cor é essa luz…
[Esperar pela resposta. Pode surgir uma cor branca-amarelada, por exemplo.]
Excelente… Veja uma luz amarelada em torno do seu corpo deitado… Agora, veja-a
intensificar-se… veja o seu corpo envolto em milhares de brilhantes partículas de luz…
Observe tudo do alto… onde está a flutuar… mas a ver o seu corpo deitado… lá em
baixo… Veja o seu corpo deitado, lá em baixo… totalmente iluminado… envolto nessa
luz… Agora, centre-se especialmente num ponto…
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Atenção: O paciente pode ver diversas Escórias Energéticas, tais como, pontos escuros,
buracos, feridas, cores desviadas, símbolos, pedras, objetos de metal, pessoas, animais,
etc., embora o mais comum seja ver manchas escuras nos locais assinalados pela
somatização. Nessa altura, deve fazer perguntas-padrão, como as que se seguem.
Esse símbolo ou objeto pertence-lhe? Há quanto tempo é que ele está no seu corpo, foi
colocada antes ou depois de nascer? Como é que o faz sentir-se? O que é que esse
símbolo lhe quer mostrar ou dizer?
Nesta altura, importa perceber que as escórias energéticas devem ser enquadradas em
quatro áreas distintas e que cada enquadramento sugere uma origem temporal e
emocional. Assim, cada tipo de escória energética sugere uma abordagem terapêutica
diferente, a saber:
A quem pertence esse objeto/símbolo? Há quanto tempo é que o tem em si? Foi
colocado no corpo antes ou depois de nascer?
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✓ Nalguns casos, se o paciente encontrar algum objeto, nesse local, por exemplo,
um punhal, ao responder às perguntas anteriores, ele entrará em regressão
naturalmente indo para a infância ou vidas pregressas. Para isso, damos uma
sugestão do género, «volte ao momento em que esse punhal apareceu no seu
corpo e o fez sentir-se assim…»
II. ESCÓRIAS ENERGÉTICAS PESSOAS: podem surgir personagens históricas, talvez figuras de
vinculação (pais ou familiares diretos), ou pessoas conhecidas e/ou estranhas.
Há quanto tempo é que tem essas pessoas na sua vida? Pertencem a esta ou a outra
vida? O que é que elas lhe querem mostrar ou dizer?
✓ Mais uma vez, pode ser preciso fazer uma regressão à infância, ao ventre
materno ou a uma vida passada; pode ser necessário fazer um Resgate da Criança
Interior, uma Terapia das Partes (Estados do Ego), uma Limpeza da Aura ou outras
técnicas.
III. ESCÓRIAS ENERGÉTICAS ANIMAIS: pode ser um animal doméstico (cão, gato ou ave de
capoeira); se for uma animal selvagem e feroz, este poderá ter sido causa de morte,
numa vida ancestral. Por vezes, aparecem mandíbulas, bicos ou garras em
determinadas partes do corpo; nesse caso, deve-se averiguar a que animal
pertencem e quando surgiram ou foram fixos no corpo energético.
Nota: Muito cuidado, se a escória energética for constituída por vermes, trata-se de uma
escória parasítica que se alimenta da energia do consulente, desgastando-o e levando-
o a cansar-se facilmente. Deve dar especial atenção a este tipo de escórias, que são de
difícil remoção. Se não forem removidas de forma adequada, podem degenerar em
doenças graves, de pele e autoimunes, nomeadamente, Psoríase, Lúpus, Urticária, entre
outras.
Há quanto tempo é que esse animal, essa garra ou mandíbula existem na sua vida?
Pertencem a esta ou a outra vida? O que é que lhe querem mostrar ou dizer? Como é
que o fazem sentir-se (Tríade Emocional)?
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IV.ESCÓRIAS ENERGÉTICAS ENERGIA ESCURA, COR DESVIADA OU ALCATRÃO: pode ser uma cor
desviada ou uma mancha tipo de alcatrão, mas o mais usual é ser uma energia escura
(preta ou castanha).
Há quanto tempo é que tem essa energia escura em si? Pertence a esta ou a outra vida?
O que é que lhe quer mostrar ou dizer? Como é que o faz sentir-se (Tríade Emocional)?
Se, por cima ou dentro do corpo do paciente, existir alguma cor ou energia que pareça
pegajosa, suja ou perigosa — especialmente quando os pacientes veem uma espécie de
alcatrão ou energia pegajosa — leve-o a imaginar uma luz branca a irradiar das suas
mãos. Da mão direita, a luz forma uma espécie de luva de energia tipo metálica, branca-
prateada, que protege toda a mão e o antebraço. Da mão esquerda, através do dedo
indicador, essa luz forma um raio de luz fino, que pode iluminar o orifício. É um bisturi
de laser, tão poderoso como um bisturi clínico, capaz de limpar tecidos, fazer
movimentar coisas paralisadas e extrair tudo que não pertence ao corpo.
Se existirem buracos, leve o paciente a iluminá-lo com seu feixe de luz. Se detetar algum
objeto no fundo, pode levar o paciente a soltá-lo, lavá-lo ou forçá-lo a sair com a sua luz.
Se o fundo não aparecer, deve pedir ao paciente para vos imaginar aos dois muito
pequenos, a entrar no espaço escuro, levando convosco a luz curadora e protetora. Em
geral, quando se chega ao fundo do buraco, encontra-se a situação traumática original.
Libertar e remover o que encontrar, exceto quaisquer símbolos positivos que encontre
— esses podem e devem ser guardados.
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Lembre-se de que estamos a trabalhar a nível simbólico e que tudo é possível, a nível dos
arquétipos; assim, deve aceitar qualquer objeto/símbolo, por mais estranho que seja, que
possa esconder sentimentos, experiências ou situações mal resolvidas do passado. Procure
ter a mente aberta, pois, neste tipo de técnica, é frequente acontecerem coisas muito
inusitadas.
Agora, calmamente… veja pela última vez o seu corpo iluminado lá em baixo… Observe-se
bem… desde o alto da cabeça… até à base dos seus pés… verifique se está totalmente limpo
e purificado… [Esperar pela resposta.] Agora, sinta a qualidade do seu corpo… Sinta-o
totalmente limpo… purificado… regenerado… e protegido de qualquer agressão exterior…
Comece a sentir uma vontade irresistível de voltar para o seu corpo… E, calmamente…
comece a descer em direção ao seu corpo iluminado… Vá descendo… até se encaixar
totalmente no seu corpo… Sinta como se tivesse uma bolha protetora… que, a partir de
agora, o protegerá de toda e qualquer agressão física ou psíquica… Volte à sua vida no
mundo… muito mais luminoso… muito mais claro… sentindo-se mais forte… revigorado…vai
regressar muito mais leve e relaxado… Volte ao aqui e agora… ao seu tempo… à sua
maneira… sentindo-se forte e revigorado… muito mais preparado para enfrentar as suas
experiências terrenas… [Se necessário efetue a contagem para o acordar e depois desperte-
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o], Abra os olhos… respire fundo… e sorria para a vida… sentindo-se feliz… bem-disposto… e
em perfeito equilíbrio com a Natureza.
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Intervenção e tratamento
Intervenção e tratamento
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Vou-lhe pedir que se acalme… que procure relaxar um pouco… enquanto ouve a minha
voz… Procure respirar fundo… e libertar todas as tensões… Agora, acomode-se
confortavelmente na sua cadeira… Respire calma e pausadamente… tranquilamente…
Pode fechar os olhos… se isso for confortável, para si… Deixe que a paz se instale… e se
espalhe por todo o seu corpo… Muito bem… Agora, quero que preste atenção às minhas
palavras… Sinta o corpo… com os olhos fechados… sinta o corpo… Sinta os braços e
pernas leves… muito leves… Deixe que a paz se instale… e se espalhe por todo o corpo….
Descontraia os músculos… Acalme os pensamentos… Sinta-se completamente calmo…
completamente relaxado… como se nada o pudesse distrair… Está completamente
tranquilo… completamente relaxado… mas sempre atento à minha voz…
[Pausa.]
Agora, deixe-se envolver… Respire lentamente… regularmente… Sinta-se totalmente
bem… invadido de uma agradável sensação de calma…
[Pausa.]
Agora, concentre-se nas pernas… Sinta-se completamente calmo… Nesse estado, sinta
as pernas ficarem pesadas… cada vez mais pesadas… mais e mais pesadas… de tal modo
que já pesam como chumbo… Sinta os braços ficarem pesados… cada vez mais
pesados… como se tivessem um peso a puxá-los para baixo… Sinta esse peso invadir
cada vez mais os braços… cada vez mais… de tal modo que já pesam como chumbo…
Sinta as pálpebras pesadas… muito pesadas… cada vez mais pesadas… tem os olhos
completamente fechados… hermeticamente colados… já não tem vontade de abri-los…
já não quer abri-los…. Deixe-se envolver cada vez mais por essa maravilhosa sensação
de torpor e peso… nada o pode distrair… está a ouvir a minha voz… a minha voz calma…
relaxada… e tranquila… nada o pode distrair… afunda-se cada vez mais num profundo
estado de relaxamento… e paz… sente-se tão confortável… tão cansado para se
preocupar com o que quer que seja… exceto aquilo que pode conseguir… através deste
maravilhoso estado de torpor… e relaxamento… sente-se afundar… mais e mais… cada
vez mais longe… mais e mais longe… cada vez mais longe… num profundo estado de
relaxamento e paz profunda…
[Pausa.]
Agora, vou falar consigo… Enquanto falo consigo, sinta-se a descontrair-se ainda mais
profundamente… Vou-lhe pedir para imaginar ou ver determinadas cenas ou
situações… Essas cenas ainda o fazem sentir-se mais descontraído… mais e mais
profundamente… e sentir um tremendo bem-estar… em todos os aspetos… Descubra
agora que se sente mais sonolento… e mais adormecido… que se sente mais relaxado…
profundamente relaxado… É capaz de ver e observar todas as situações de uma forma
emotiva mas desprendida… até mesmo enquanto as experimenta… A sua mente é livre,
agora… livre de viajar no tempo e no espaço… Imagine-se diante de um seguro e
tranquilo elevador… Muito bem… Imagine-se a carregar no botão para chamar o
elevador… Isso… Assim… Veja e sinta a porta abrir-se calmamente… tranquilamente…
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À medida que o elevador vai descendo… o seu sono vai-se tornando cada vez mais
profundo… cada vez mais… O elevador vai descendo… e o seu sono vai aprofundando-
se cada vez mais… o elevador vai descendo… descendo… e o seu sono vai ficando cada
vez mais profundo… cada vez mais profundo… cada vez mais… Está a chegar ao seu
destino… e o seu sono já está muito profundo… Acaba de chegar… Sinta o elevador
chegar ao sono profundo… Carregue no botão para abrir a porta do elevador… Veja a
porta do elevador abrir-se… e sinta uma lufada de ar fresco… um lindo raio de sol acaba
de entrar no elevador… Saia do elevador… Constate que o elevador é uma casa de
campo… Diante de si, estende-se um magnifico vale… sinta no ar um aroma fresco a
feno … sinta o ar límpido que a brisa faz roçar na sua pele… sinta o sol radioso da tarde
a brilhar sobre si… está num sítio cheio de paz e segurança… calma… e serenidade…
Está num pequeno vale… Nesse vale está a sua casa (o Lugar Seguro)… É uma casa
agradável… bem localizada… onde se sente à vontade… Olhe à sua volta e veja a sua
casa rodeada pela natureza… Veja uma cerca… um quintal grande… um jardim… uma
pequena floresta… água… campos… e arbustos… Contemple a paisagem… É um
pequeno vale… há algum campo… alguma floresta… arbustos… água… um braço de rio…
ou, talvez, algum rochedo… O mais vê? É um vale bonito e interessante… e uma casa
interessante… Está um bonito sol… o céu está azul… De um azul muito calmo… Está a
olhar para o céu e avista uma nuvem ténue… ligeira… Tudo é calmo e repousante… e o
seu espírito também está muito calmo… Está a sentir o aroma agradável dos pinheiros…
e nota que… lá ao fundo… existe um lago… O seu espírito fica tão sereno como a água
desse lago… Agora, caminhe tranquilamente para junto desse lago… Veja um cisne… um
pequeno grupo de patos bravos… a nadar preguiçosamente nesse lago… De repente, à
sua esquerda… junto ao lago… entre as árvores… repare numa cabana… É uma pequena
cabana feita de troncos de árvores… tem o telhado coberto de feno… Aproxime-se
lentamente dessa cabana de madeira… Veja nitidamente uns degraus… Veja a porta…
está aberta ou fechada?
Agora, está de pé… em cima dos degraus… diante da porta da frente da sua cabana… à
beira do lago… Tem as chaves na mão… Sente-se dono dessa casa… Introduza a chave
na fechadura e abra a porta… Entre no vestíbulo… veja à sua frente a sala cuja está
semiaberta… O lugar é claro… Feche a porta… atravesse o vestíbulo… e entre na sala…
Veja como é… Esta é a sala da sua cabana… Veja algumas estantes repletas de livros…
muitos livros com conhecimentos interessantes… Pode estudar aí, se quiser… e também
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Muito bem… Agora gostaria que fechasse os olhos… e que dirigisse a atenção para o seu
corpo… Sinta essa bola de luz a envolver todo o seu corpo… desde a cabeça… até aos
pés… Sinta o seu corpo como um todo… como se essa luz estivesse a preencher todo o
seu corpo… a preencher o seu corpo o mais uniformemente possível… Preste atenção…
Sinta todas as partes do seu corpo fortes ou fracas… Nenhuma parte é mais forte do que
a outra… nenhuma parte domina… Veja essa luz como uma névoa cintilante… como
gotas de partículas de luz… como pérolas que preenchem todo o seu corpo… Veja-se
completamente impregnado desse brilho de luz cor de pérola… Sinta como isso o
tranquiliza… Sinta-se uma névoa cintilante… calma…
Agora, veja essa névoa tornar-se mais cintilante… como se o sol brilhasse através dela…
Observe essa bola de luz intensa a percorrer o seu corpo… desde a cabeça… até aos
pés… como se fosse um scanner… um scanner muito potente… um scanner luminoso…
um scanner que tudo deteta e remove… Muito bem… Veja esse brilho… muito leve e
puro… descer até aos pés… e percorrer o caminho contrário… elevando-se pelo seu
corpo… lentamente… Luminoso e curador… esse scanner vai subindo… até chegar à sua
cabeça… Isso… Veja essa luz subir um pouco mais… veja essa bola maravilhosa de luz
brilhante novamente sobre a sua cabeça…
Já se deu conta de como o scanner chegou ao topo da sua cabeça? [Aguardar pela
resposta.] Agora, daí do alto, olhe para o seu corpo… Sinta que alguma coisa nele ficou
de lado… foi revelado pelo scanner de luz… repare numa energia estranha… observe…
veja se alguma coisa estranha é revelada… alguma coisa que não devia estar no seu
corpo branco cintilante… algo que não se pode misturar com a luz…. [Aguardar pela
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resposta; se for um sim, prosseguir:] Agora, repare em algo escuro e cinzento, no seu
corpo… uma figura escura… Veja-se de fora… como se estivesse acima do seu corpo…
Veja o seu corpo todo transparente e feito de luz… repare numa figura escura dentro
dele… Veja essa figura emergir do seu corpo e observe-a… Procure observar o seu
tamanho… a sua forma… já se deu conta de como é essa energia estranha?
Observe… essa figura é maior ou menor do que o seu corpo? Que forma tem? [Aguardar
pela resposta; pode ser um símbolo, uma massa escura ou um objeto, mas preste atenção.
Se tiver a forma de uma figura humana, um ser andrógeno ou mitológico, isso pode indicar
que estamos na presença de uma energia parasítica.] Muito bem… Agora, já sabe bem
que tipo de imagem é… É uma figura cinzenta e escura… como se toda a escuridão onde
você tem vivido grande parte da sua vida estivesse contida nessa figura… [Utilizar a
linguagem e os adjetivos utilizados pelo paciente, para classificar a energia.] Olhe
calmamente para ela… sabendo que está protegido num plano mais elevado… deixe-a
de fora… mesmo ao lado do seu campo energético…
Muito bem… Excelente… Agora, sinta-se você próprio… sem reagir… e, mentalmente,
entre de novo no seu corpo… Sinta mais uma vez essa bola de luz branca radiante… Veja
um scanner de luz novamente posicionado acima da sua cabeça… por um momento…
Mais uma vez, mentalmente, envie-a como se fosse um scanner, para os seus pés…
lentamente… a iluminar… a descobrir… a revelar… Isso… E, quando chegar aos seus
pés… essa luz retorna para cima… a percorrer lentamente todas as partes do seu corpo…
a subir lentamente e a revelar tudo aquilo que está escondido em si… e não lhe
pertence… Isso… a subir até ao alto da sua cabeça… Muito bem… E, enquanto manda o
scanner, na forma de bola de luz, para cima… aparece uma outra figura… uma figura
pesada… Toda a sua parte pesada está nessa figura… aqueles pesos que sentia no
corpo… nos braços… nas pernas… lembra-se? [Mais uma vez, utilizar a linguagem e os
adjetivos que o paciente utilizou para classificar a energia.]
Já se deu conta da presença dessa energia pesada no seu corpo energético leve? Veja
essa figura pesada sair agora do seu corpo… É tão pesada… tão pesada… que cai para
fora do seu corpo… Não suporta a leveza do seu corpo energético… e salta para fora
dessa luz… Ela sabe que foi descoberta… e você está nesse plano elevado… leve e
transparente… a observar… observe… Veja essa figura lá em baixo… Sinta o tipo de
imagem que ela é… Na verdade, parece que contém todo o peso do mundo… e percebe
que não quer essa figura pesada dentro de si… pois não?
Mais uma vez, aguarde a confirmação da presença da figura energética, tendo em conta
que, em cada passagem do scanner de luz, se o paciente identificar pelo menos duas
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Observe… essa figura é maior ou menor do que o seu corpo? Que forma tem? [Aguardar
pela resposta; pode ser um símbolo, uma massa escura ou um objeto, mas preste atenção.
Se tiver a forma de uma figura humana, um ser andrógeno ou mitológico, isso pode indicar
que estamos na presença de uma energia parasítica.] Muito bem… Agora, já sabe bem
que tipo de imagem é… É uma figura pesada… como se todo o peso que sentiu ao longo
da sua vida estivesse contido nessa figura… [Utilizar a linguagem e os adjetivos que o
paciente utilizou para classificar a energia.] Olhe calmamente para ela… sabendo que
está protegido num plano mais elevado… deixe-a de fora… mesmo ao lado do seu
campo energético…
Isso… e, mais uma vez, deixa que o scanner feito bola de luz branca… posicionado acima
da sua cabeça… comece a descer e a penetrar no seu corpo energético… a cintilar… a
detetar… a descobrir… a iluminar todas as partes… os espaços vazios… a descer e a
iluminar lentamente o seu corpo energético… Isso… lentamente… até à ponta dos dedos
dos pés… e começa a recuar lentamente… na direção da sua cabeça… e, pela terceira
vez… veja uma coisa… uma figura… Veja uma coisa que não devia ali estar… Já se deu
conta? Uma figura que parece fraca e doente… Algo muito fraco e doente… É como se
toda a fraqueza e toda a doença que sentiu ao longo da sua vida estivessem contidas
nessa figura… e sabemos que não quer essa figura fraca e doente no seu campo
energético, pois não? Essa figura é tão fraca e doente que desliza do seu corpo…
Observe-a, daí de cima… do plano elevado em que está… Muito bem… Observe-a
deitada no chão… Agora, por fim, pode ter uma ideia dessa figura que vivia escondida
dentro de si… Já se deu conta da existência de uma figura fraca e doente… como se essa
figura contivesse todas as doenças do mundo… [Novamente, utilizar a linguagem e os
adjetivos que paciente utilizou para classificar a energia.]
Observe… essa figura é maior ou menor do que o seu corpo? Que forma tem? [Aguardar
pela resposta; pode ser um símbolo, uma massa escura ou um objeto, mas preste atenção.
Se tiver a forma de uma figura humana, um ser andrógeno ou mitológico, isso pode indicar
que estamos na presença de uma energia parasítica.] Muito bem… Agora, já sabe bem
que tipo de imagem é… É uma figura fraca e doente… como se todo o toda a fraqueza e
doença que sofreu ao longo da sua vida estivessem contidas nessa figura… [Utilizar a
linguagem e os adjetivos que o paciente utilizou para classificar a energia.] Agora é
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possível ver três figuras: uma escura, uma pesada e uma fraca e doente… Olhe
calmamente para elas… sabendo que está protegido num plano mais elevado… deixe-
as de fora… mesmo ao lado do seu campo energético…
Muito bem… agora permita mais uma vez que esse scanner feito bola de luz maravilhosa
desça pelo seu corpo… Mais uma vez, deixe passar essa luz branca pelo seu corpo…
desde o alto da cabeça… até às pontas dos dedos dos pés… e, mais uma vez, veja a bola
retirar-se muito devagar… até ao alto da sua cabeça… Observe… Já se deu conta de uma
figura negativa? Como se toda a negatividade e todo o pessimismo… que sentia
anteriormente… estivessem contidos nessa figura.
Veja agora essa figura… pessimista e negativa… Qual é a natureza principal da energia
negativa dessa figura? Que tipos de sentimentos carrega? Deixe que essa figura saia
também do seu corpo iluminado… Veja-a do alto… para poder sentir que tipo de pessoa
negativa é… Olhe calmamente para ela… sabendo que está protegido num plano mais
elevado… [Pela última vez, preste atenção se a figura referida tem uma forma humana,
de um ser andrógeno ou mitológico, pois isso pode indicar a presença de uma energia
parasítica.] Veja agora quatro figuras ao seu lado… uma escura… uma pesada… uma
fraca e doente… e uma negativa… Observe pela última vez essas quatro figuras e deixe-
as de lado.
Muito bem… pela última vez, sinta a luz branca percorrê-lo… desde o alto da cabeça…
até à base dos pés… a limpar automaticamente… a remover saudavelmente… a curar
protegidamente… Veja esse scanner de luz percorrer lentamente o seu corpo… a
iluminá-lo… a iluminar todas as partes… todos os espaços vazios… até o preencher
completamente de luz branca cintilante… Isso… Dê-se conta da qualidade da sua luz…
da paz que ela transmite… do brilho que o seu corpo irradia… Já se deu conta? Porque
o seu corpo já está livre dessas figuras que existiam dentro de si… a figura escura… a
figura pesada… a figura fraca e doente… a figura negativa… Já pensou no que quer fazer
a essas figuras?
Com foi referido, durante as passagens do scanner de luz, se aparecerem duas ou mais
figuras humanas, é muito provável que esteja na presença de energias parasíticas
obsessoras. Deve procurar estabelecer contato com elas, para as desafiar e efetuar uma
regressão à obsessão ou pseudo-obsessão. Finalmente, e embora possamos dar alguma
sugestão para a eliminação das «escórias energéticas» deixadas por energias
obsessoras, em geral, é o paciente que decide o que fazer com elas: podem ser
queimadas num forno de luz, enterradas, lançadas ao mar, dissolvidas pelo vento, etc.
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Observe esse campo energético que é a sua aura… Veja como ela é mágica… Veja como
está preenchida de paz… Veja-a irradiar a sua luz branca e cintilante… Muito bem… Sinta
vontade de regressar ao seu corpo… Lentamente… à sua maneira… sinta a frescura do
seu novo corpo… a qualidade da sua luz… como tivesse agora uma bolha de luz… um
escudo protetor a protegê-lo… Veja a luz diminuir lentamente… até ficar uma névoa
cintilante… que preenche todo o seu corpo por igual… todas as reentrâncias e espaços
vazios… Mergulhado nessa tranquilidade e repouso… pode voltar ao aqui e agora… à
sua maneira… ao seu ritmo… Isso.
Regresse ao aqui e agora… com mais paz… com muita calma… a sentir-se rejuvenescido
e muito melhor do que antes… Volte automaticamente ao seu ritmo… à sua maneira…
a sentir-se forte… revigorado… muito mais preparado para enfrentar as suas
experiências terrenas…[Se necessário efetue a contagem para o acordar e depois
desperte-o], E, quando for oportuno… abra os olhos… respire fundo… e sorria para a
vida… Sinta-se feliz… bem-disposto… e em perfeito equilíbrio com a Natureza…
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QUEM SOU EU? SOU UM CIDADÃO DO COSMO SEMPRE A VIAJAR PARA A LUZ.
ASSURAMAYA, 1987
Obrigado por fazer parte desta viagem com sabor a eternidade. Ser um hipnoterapeuta
exige responsabilidade, mas ser um Curador de Almas exige sobretudo humildade e
humanidade para conhecer a nossa cumplicidade espiritual. Creio que a humildade só
pode ser a veste mais importante no encontro que todos temos um dia com Deus. Ser
digno de conhecer os tesouros preciosos de uma alma humana só pode ser a maior
honra que alguém possa merecer. Lembre-se de que, quando olhamos para a luz, ela
também olha para nós e inspira-nos a fazer o bem. A inspiração de ser um Curador de
Almas serve muitas vezes como absolvição para os nossos erros cometidos no passado,
já que nos permite partir em busca de nós próprios, da nossa reminiscência ancestral e
da nossa ligação à fonte, ao Criador. O mais importante, e o que se espera de cada um
nós, é ser e estar presente, no aqui e agora. Importa também salientar que precisamos
de uma profunda capacidade de aceitação e vontade de mudar para caminhos de cura
mais saudáveis. Devemos saber dar a conhecer — e também escolher para nós próprios
— novos caminhos de grande significado. Só a sabedoria espiritual e a paixão no seu
novo projeto de vida lhe conferem a capacidade de aprender a aprender a ser um
verdadeiro Ser de Luz.
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ANEXOS
Este Manual, de TVP e Hipnoanálise: Nível II está protegido por Copyright®, registado no Instituto
Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), e faz parte integrante da formação em Hipnose
Clínica e Hipnoanálise de Alberto Lopes. Como tal, não pode ser reproduzido, seja em parte ou
na totalidade, sem a autorização expressa do autor.
(Aprovado pelo Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de março, e alterado pelas Leis n.º 45/85, de 17 de
setembro, e 114/91, de 3 de setembro, e os Decretos-Leis n.º 332/97 e 334/97, ambos de 27 de
novembro, pela Lei n.º 50/2004, de 24 de agosto, pela Lei n.º 24/2006 de 30 de junho e pela Lei
n.º 16/2008, de 1 de abril).
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Princípios fundamentais
Responsabilidade
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Exercício da profissão
Sigilo profissional
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Disposições finais
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Estando cientes de todas as cláusulas contratuais acima consignadas e de acordo com as mesmas, ambas
as partes assinam o presente contrato em duas vias de igual teor.
_________________________ , _____ de ____________________de ________________________
________________________________________________ _______________________________________
CONTRATADO CONTRATANTE
Terapeuta acreditado pela APHCH n.º_________ Cartão Cidadão n.º____________
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O ESTÁGIO CLÍNICO EM TVP E HIPNOANÁLISE
I. Exame Escrito
Realização de um teste escrito para demonstrar a aquisição do conteúdo teórico que
compõe a formação;
II. Avaliação Qualitativa/Diagnóstica
Certificação, pelo formador, da aquisição das competências necessárias para conduzir uma
adequada sessão hipnoterapêutica: a supervisão e o aconselhamento do formador serão
efetuados através do método interrogativo e role-play no decorrer da formação;
III. Avaliação Empírica do Contexto Clínico
A avaliação empírica será efetuada pelo formador durante o respetivo Estágio Clínico, em
ambiente clínico e de intervenção hipnoterapêutica. O formando fará a demonstração do
conhecimento adquirido, no uso e na aplicação das ferramentas hipnoterapêuticas e de
TVP, em consulentes que tenham dado o seu «consentimento informado». O formador
também irá avaliar os princípios éticos e morais subjacentes ao uso mais adequado das
técnicas de hipnoterapia em contextos de saúde;
IV. Avaliação Sumativa
Entrega de uma resenha sobre um tema presente na formação e/ou apresentação de um
Relatório final de Estágio. O formando só poderá receber o Certificado de Habilitações
Acreditado mediante a entrega deste trabalho final. Tanto as atitudes comportamentais e
profissionais, como o desempenho global do formando como hipnoterapeuta serão
avaliados e validados durante toda a formação.
Terão direito a um Certificado (Nível I), os formandos que tenham frequentado com assiduidade
o curso de Hipnose e Regressão, e a um Diploma (Nível II) os formandos com pelo menos 90%
de participação presencial na formação, que tenham demonstrado capacidade para proceder à
adequada aplicação das ferramentas, segundo os supracitados critérios de avaliação.
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