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Questão 42: Da igualdade e da semelhança QUAESTIO 42

das Pessoas divinas entre si.


Em seguida devemos tratar da relação das Deinde considerandum est de comparatione
Pessoas entre si. E primeiramente, da igualdade personarum ad invicem. Et primo, quantum ad
e da semelhança; segundo, da missão. aequalitatem et similitudinem; secundo, quantum
Na primeira questão discutem-se seis artigos: ad missionem. Circa primum quaeruntur sex.
Art. 1 – Se a igualdade convém às Pessoas Primo, utrum aequalitas locum habeat in divinis
divinas. personis.
Art. 2 – Se a Pessoa procedente é coeterna com Secundo, utrum persona procedens sit aequalis ei
o seu princípio, como o Filho com o Pai. a qua procedit, secundum aeternitatem.
Art. 3 – Se nas Pessoas divinas há a ordem da Tertio, utrum sit aliquis ordo in divinis personis.
natureza. Quarto utrum personae divinae sint aequales
Art. 4 – Se o Filho é igual ao Pai em grandeza. secundum magnitudinem.
Art. 5 – Se o Filho está no Pai e inversamente. Quinto, utrum una earum sit in alia.
Art. 6 – Se o Filho é igual ao Pai pelo poder. Sexto, utrum sint aequales secundum potentiam.

Art. 1 – Se a igualdade convém às Pessoas ARTICULUS 1


divinas. (I Sent., dist. XIX, q. 1. a. 1).
Ad primum sic proceditur. Videtur quod
O primeiro discute-se assim. – Parece que a aequalitas non competat divinis personis.
igualdade não convém às pessoas divinas.
1. – Pois, a igualdade supõe a unidade Aequalitas enim attenditur secundum unum in
quantitativa, como está claro no Filósofo1(Metaphys., quantitate, ut patet per philosophum, V
c. 15.). Ora, em Deus não há nem a quantidade Metaphys. In divinis autem personis non
contínua intrínseca, chamada grandeza; nem a invenitur neque quantitas continua intrinseca,
quantidade contínua extrínseca chamada lugar e quae dicitur magnitudo; neque quantitas continua
tempo; nem a igualdade fundada na quantidade extrinseca, quae dicitur locus et tempus; neque
discreta, pois duas pessoas são mais que uma. secundum quantitatem discretam invenitur in eis
Logo, às pessoas divinas não convém à aequalitas, quia duae personae sunt plures quam
igualdade. una. Ergo divinis personis non convenit
aequalitas.
2. Demais. – As pessoas divinas têm a mesma
essência, como se disse2(Q. 39, a. 2.). Ora, a essência Praeterea, divinae personae sunt unius essentiae,
é expressa como forma. Ora, a conveniência pela ut supra dictum est. Essentia autem significatur
forma não produz a igualdade, mas, a per modum formae. Convenientia autem in
semelhança. Logo, às pessoas divinas devemos forma non facit aequalitatem, sed similitudinem.
atribuir a semelhança e não a igualdade. Ergo in divinis personis est dicenda similitudo, et
non aequalitas.
3. Demais. – Quaisquer seres iguais o são entre
si, pois, chamamos igual ao igual ao igual. Ora, Praeterea, in quibuscumque invenitur aequalitas,
as pessoas divinas não podem se considerar illa sunt sibi invicem aequalia, quia aequale
iguais entre si. Porque, como diz Agostinho, a dicitur aequali aequale. Sed divinae personae non
imagem, que perfeitamente reproduz o ser de possunt sibi invicem dici aequales. Quia, ut
que é imagem, deve-lhe ser igual a ele, e não, ele Augustinus dicit, VI de Trin., imago, si perfecte
a ela3(VI de Trin., c. 10.). Ora, imagem do Pai é o Filho, e implet illud cuius est imago, ipsa coaequatur ei,
portanto não é o Pai igual ao Filho. Logo, nas non illud imagini suae. Imago autem patris est
pessoas divinas não há igualdade. filius, et sic pater non est aequalis filio. Non ergo
in divinis personis invenitur aequalitas.
4. Demais. – A igualdade é uma determinada
relação. Ora, nenhuma relação é comum a todas Praeterea, aequalitas relatio quaedam est. Sed
as pessoas; pois, pelas relações é que as pessoas nulla relatio est communis omnibus personis,
se distinguem umas das outras. Logo, a cum secundum relationes personae ab invicem
igualdade não convém às pessoas divinas. distinguantur. Non ergo aequalitas divinis
personis convenit.
Mas, em contrário, diz Atanásio, que as três Sed contra est quod Athanasius dicit, quod tres
pessoas são entre si coeternas e coiguais4(In Symbolo.). personae coaeternae sibi sunt et coaequales.

SOLUÇÃO – É forçoso admitirmos a igualdade Respondeo dicendum quod necesse est ponere
das pessoas divinas. Pois, segundo o Filósofo, o aequalitatem in divinis personis. Quia secundum
igual é uma quase negação do menor e do philosophum, in X Metaphys., aequale dicitur
maior5(X Metaphys., c. 5.). Ora, não podemos, nas quasi per negationem minoris et maioris. Non
pessoas divinas, introduzir o conceito de maior autem possumus in divinis personis ponere
nem de menor; porque, como diz Boécio, a aliquid maius et minus, quia, ut Boetius dicit, in
diferença de divindade resulta da opinião dos libro de Trin., eos differentia, scilicet deitatis,
que a aumentam ou a diminuem, como os comitatur, qui vel augent vel minuunt, ut Ariani,
Arianos que, fazendo variar a Trindade pelos qui gradibus meritorum Trinitatem variantes
graus dos méritos, a destroem e introduzem nela distrahunt, atque in pluralitatem deducunt. Cuius
a pluralidade6(De Trin., c. 1.). E a razão disso está em ratio est, quia inaequalium non potest esse una
não poderem seres desiguais ter a mesma quantitas numero. Quantitas autem in divinis non
quantidade numérica. Ora, a quantidade em est aliud quam eius essentia. Unde relinquitur
Deus não é senão a sua essência mesma. Donde quod, si esset aliqua inaequalitas in divinis
resulta, que se existisse qualquer desigualdade personis, quod non esset in eis una essentia, et
nas pessoas divinas, elas não teriam a mesma sic non essent tres personae unus Deus, quod est
essência e, portanto, não constituiriam um só impossibile. Oportet igitur aequalitatem ponere
Deus, o que é impossível. Logo, devemos in divinis personis.
admitir a igualdade das pessoas divinas.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA Ad primum ergo dicendum quod duplex est


OBJEÇÃO. – Há duas sortes de quantidade. quantitas. Una scilicet quae dicitur quantitas
Uma a chamada de massa ou dimensiva, só molis, vel quantitas dimensiva, quae in solis
existente na matéria, e, portanto não nas pessoas rebus corporalibus est, unde in divinis personis
divinas. Outra é a quantidade de virtude, assim locum non habet. Sed alia est quantitas virtutis,
chamada por se fundar na perfeição de uma quae attenditur secundum perfectionem alicuius
natureza ou forma. E essa nós a designamos naturae vel formae, quae quidem quantitas
quando dizemos que um corpo é mais ou menos designatur secundum quod dicitur aliquid magis
cálido segundo tiver o calor mais ou menos vel minus calidum, inquantum est perfectius vel
perfeitamente. Ora, esta quantidade virtual é minus perfectum in caliditate. Huiusmodi autem
considerada, primeiro, radicalmente, isto é, quantitas virtualis attenditur primo quidem in
quanto à perfeição mesma da forma ou da radice, idest in ipsa perfectione formae vel
natureza; e nesse sentido falamos em grandeza naturae, et sic dicitur magnitudo spiritualis, sicut
espiritual, como chamamos grande ao calor que dicitur magnus calor propter suam intensionem
o é pela sua intensidade e perfeição. Por isso, diz et perfectionem. Et ideo dicit Augustinus, VI de
Agostinho, que, em coisas que não são grandes Trin., quod in his quae non mole magna sunt,
pela massa, ser maior é o ser melhor7(VI de Trin., c. hoc est maius esse, quod est melius esse, nam
8.);pois, melhor se diz o que é mais perfeito.  melius dicitur quod perfectius est. 
 Em segundo lugar, a quantidade é  Secundo autem attenditur quantitas virtualis
considerada virtual, pelos efeitos da forma. Ora, in effectibus formae. Primus autem effectus
o primeiro efeito da forma é o ser, pois, cada formae est esse, nam omnis res habet esse
coisa tem o ser pela sua forma. E o segundo secundum suam formam. Secundus autem
efeito é a ação, pois todo agente age pela sua effectus est operatio, nam omne agens agit per
forma. Por onde, a quantidade virtual se funda suam formam. Attenditur igitur quantitas
no ser e na ação. No ser, porque as coisas de virtualis et secundum esse, et secundum
natureza mais perfeita são de maior duração. E operationem, secundum esse quidem, inquantum
na ação, porque as coisas de natureza mais ea quae sunt perfectioris naturae, sunt maioris
perfeita têm maior poder de agir. E assim, como durationis; secundum operationem vero,
diz Agostinho8(Fulgentius.), entende-se que há inquantum ea quae sunt perfectioris naturae, sunt
igualdade no Pai, no Filho e no Espírito santo, magis potentia ad agendum. Sic igitur, ut
porque nenhum deles precede pela eternidade, Augustinus dicit, in libro de fide ad Petrum,
excede pela grandeza ou supera pelo poder9 (De Fide aequalitas intelligitur in patre et filio et spiritu
ad Petrum, c. 1.). sancto, inquantum nullus horum aut praecedit
aeternitate, aut excedit magnitudine, aut superat
potestate.
RESPOSTA À SEGUNDA. – Considerada Ad secundum dicendum quod ubi attenditur
relativamente à quantidade virtual, a igualdade aequalitas secundum quantitatem virtualem,
inclui em si a semelhança e ainda mais, porque aequalitas includit in se similitudinem, et aliquid
exclui o excesso. Pois, todos os seres que plus, quia excludit excessum. Quaecumque enim
comunicam pela mesma forma, podem ser communicant in una forma, possunt dici similia,
chamados semelhantes, mesmo se participarem etiamsi inaequaliter illam formam participant,
desigualmente dessa forma; como se se disser sicut si dicatur aer esse similis igni in calore, sed
que o ar é semelhante ao fogo, pelo calor. Mas non possunt dici aequalia, si unum altero
não se podem chamar iguais se um participar da perfectius formam illam participet. Et quia non
forma mais perfeitamente que os outros. Ora, solum una est natura patris et filii, sed etiam
como não somente é a mesma a natureza do Pai aeque perfecte est in utroque, ideo non solum
e do Filho, mas também em ambos há igualdade dicimus filium esse similem patri, ut excludatur
perfeita, podemos dizer que o Filho é error Eunomii; sed etiam dicimus aequalem, ut
semelhante ao Pai, para excluirmos o erro de excludatur error Arii.
Eunômio; mas também podemos dizer que é
igual, para excluirmos o erro de Ario.
RESPOSTA À TERCEIRA. – A igualdade ou a Ad tertium dicendum quod aequalitas vel
semelhança em Deus podem ser expressas de similitudo dupliciter potest significari in divinis,
dois modos: por nomes e por verbos. Quando scilicet per nomina et per verba. Secundum
expressa por nomes, dizemos que há nas pessoas quidem quod significatur per nomina, mutua
divinas mútua igualdade e semelhança; porque o aequalitas dicitur in divinis personis et
Filho é igual e semelhante ao Pai, e similitudo, filius enim est aequalis et similis
inversamente. E isto por não ser a essência patri, et e converso. Et hoc ideo, quia essentia
divina mais do Pai do que do Filho. Por onde, divina non magis est patris quam filii, unde, sicut
assim como o Filho tem a grandeza do Pai, que filius habet magnitudinem patris, quod est esse
o torna igual a este, assim o Pai tem a do Filho, eum aequalem patri, ita pater habet
que também o torna igual a ele. Mas nas magnitudinem filii, quod est esse eum aequalem
criaturas, como diz Dionísio, não há conversão filio. Sed quantum ad creaturas, ut Dionysius
da igualdade em semelhança10(9 cap., de div. nom.). Pois, dicit, IX cap. de Div. Nom., non recipitur
as coisas causadas se dizem semelhantes às conversio aequalitatis et similitudinis. Dicuntur
causas por terem as formas destas; não, porém, enim causata similia causis, inquantum habent
inversamente, porque a forma está formam causarum, sed non e converso, quia
principalmente na causa e secundariamente, no forma principaliter est in causa, et secundario in
causado.  causato. 
 Os verbos, porém, significam a igualdade  Sed verba significant aequalitatem cum motu.
com movimento. E embora não haja movimento Et licet motus non sit in divinis, est tamen ibi
em Deus, pode ele todavia receber. Pois, pelo accipere. Quia igitur filius accipit a patre unde
Filho receber do Pai o que o torna igual ao Pai, e est aequalis ei, et non e converso, propter hoc
não, inversamente, por isso dizemos que o Filho dicimus quod filius coaequatur patri, et non e
é o igual ao Pai, e não inversamente. converso.
RESPOSTA À QUARTA. – Nas pessoas divinas Ad quartum dicendum quod in divinis personis
não devemos considerar senão a essência em que nihil est considerare nisi essentiam, in qua
comunicam, e as relações pelas quais se communicant, et relationes, in quibus
distinguem. Mas a igualdade supõe uma e outra distinguuntur. Aequalitas autem utrumque
coisa: a distinção das pessoas, porque nada é importat, scilicet distinctionem personarum, quia
igual a si mesmo; e a unidade de essência, pois nihil sibi ipsi dicitur aequale; et unitatem
as pessoas são iguais entre si por terem a mesma essentiae, quia ex hoc personae sunt sibi invicem
grandeza e a mesma essência. É, porém, aequales, quod sunt unius magnitudinis et
manifesto que uma coisa não se refere a si essentiae. Manifestum est autem quod idem ad
mesma por nenhuma relação real. E também seipsum non refertur aliqua relatione reali. Nec
nenhuma relação se refere a outra por qualquer iterum una relatio refertur ad aliam per aliquam
terceira relação. Quando, pois, dizemos que a aliam relationem, cum enim dicimus quod
paternidade se opõe à filiação, essa oposição não paternitas opponitur filiationi, oppositio non est
é uma relação média entre a paternidade e a relatio media inter paternitatem et filiationem.
filiação, porque de um e outro modo a relação se Quia utroque modo relatio multiplicaretur in
multiplicaria ao infinito. Por onde, a igualdade e infinitum. Et ideo aequalitas et similitudo in
a semelhança, nas pessoas divinas, não é divinis personis non est aliqua realis relatio
nenhuma relação distinta das relações pessoais, distincta a relationibus personalibus, sed in suo
mas no seu conceito incluem tanto as relações intellectu includit et relationes distinguentes
distintivas das pessoas como a unidade de personas, et essentiae unitatem. Et propterea
essência. Por isso o Mestre das Sentenças diz, Magister dicit, in XXXI dist. I Sent., quod in his
que em Deus a apelação é somente relativa11 (31 appellatio tantum est relativa.
dist., I Sent.).

1.Metaphys., c. 15.; 2.Q. 39, a. 2.; 3.VI de Trin., c. 10.; 4.In Symbolo.; 5.X Metaphys., c. 5.; 6.De
Trin., c. 1.; 7.VI de Trin., c. 8.; 8.Fulgentius.; 9.De Fide ad Petrum, c. 1.; 10.9 cap., de div. nom.;
11.31 dist., I Sent.

Art. 2 – Se a Pessoa procedente é coeterna ARTICULUS 2


com o seu princípio, como o Filho com o Pai.
(III Sent., dist. XI, a. 1; De Pot., q. 3, a. 13; Compend, Theol., cap. XLIII; In Decretal. I; Ioan.,
cap. I. lect. I).

O segundo discute-se assim. – Parece que a Ad secundum sic proceditur. Videtur quod
pessoa procedente não é coeterna com o seu persona procedens non sit coaeterna suo
princípio, como o Filho, com o Pai. principio, ut filius patri.
1. – Pois Ario assinala doze modos de Arius enim duodecim modos generationis
geração1(Liber de generatione divina ad Marium Victorinum, n. 4.) . O assignat. Primus modus est iuxta fluxum lineae a
primeiro modo é o pelo qual a linha provém do puncto, ubi deest aequalitas simplicitatis.
ponto, no que falta a igualdade da simplicidade. Secundus modus est iuxta emissionem radiorum
O segundo, pelo qual a emissão dos raios a sole, ubi deest aequalitas naturae. Tertius
provém do sol, no que falta a igualdade de modus est iuxta characterem, seu impressionem a
natureza. O terceiro, pelo qual o caráter ou a sigillo, ubi deest consubstantialitas et potentiae
impressão provem do carimbo, no que falta a efficientia. Quartus modus est iuxta
consubstancialidade e a eficiência do poder. O immissionem bonae voluntatis a Deo, ubi etiam
quarto, pelo qual a imissão da boa vontade deest consubstantialitas. 
provém de Deus, no que também falta a
consubstancialidade. 
 O quinto, pelo qual provem o acidente da  Quintus modus est iuxta exitum accidentis a
substância; mas ao acidente falta a subsistência. substantia, sed accidenti deest subsistentia.
O sexto, pelo qual a abstração da espécie Sextus modus est iuxta abstractionem speciei a
provém da matéria, da mesma maneira que o materia, sicut sensus accipit speciem a re
sentido recebe a espécie, da coisa sensível; no sensibili, ubi deest aequalitas simplicitatis
que falta a igualdade de espiritualidade. O spiritualis. Septimus modus est iuxta
sétimo, pelo qual a excitação da vontade provém excitationem voluntatis a cogitatione, quae
do conhecimento, cuja excitação é temporal. O quidem excitatio temporalis est. Octavus modus
oitavo é pela transfiguração, da maneira pela est iuxta transfigurationem, ut ex aere fit imago,
qual do ar se faz a imagem; e esse é material. O quae materialis est. Nonus modus est motus a
nono, pelo qual o movimento provém do motor, movente, et hic etiam ponitur effectus et causa.
onde também há efeito e causa. O décimo, pelo Decimus modus est iuxta eductionem specierum
qual as espécies provém gênero, o que não a genere, qui non competit in divinis, quia pater
convém a Deus, pois, o Pai não é predicado do non praedicatur de filio sicut genus de specie.
Filho, como o gênero da espécie. O undécimo é Undecimus modus est iuxta ideationem, ut arca
o pela ideação, como a arca exterior procede da exterior ab ea quae est in mente. Duodecimus
que está na mente. O duodécimo, pelo qual os modus est iuxta nascentiam, ut homo est a patre,
seres que nascem, p. ex., um homem, procede de ubi est prius et posterius secundum tempus. Patet
um pai, no que há anterioridade e posterioridade ergo quod in omni modo quo aliquid est ex
no tempo. É, portanto, claro que, em todos os altero, aut deest aequalitas naturae, aut aequalitas
modos pelos quais uma coisa procede de outra, durationis. Si igitur filius est a patre, oportet
ou falta a igualdade de natureza ou a de duração. dicere vel eum esse minorem patre, aut
Se, pois, o Filho procede do Pai, é necessário posteriorem, aut utrumque.
dizer ou que ele é menor que o Pai, ou que é
posterior, ou uma e outra coisa.
2. Demais. – Tudo o que provém de outro tem Praeterea, omne quod est ex altero, habet
princípio. Logo, o Filho não é eterno e nem o principium. Sed nullum aeternum habet
Espírito Santo. principium. Ergo filius non est aeternus, neque
spiritus sanctus.
3. Demais. – Tudo o que se corrompe deixa de Praeterea, omne quod corrumpitur, desinit esse.
existir. Logo, tudo o que é gerado começa a Ergo omne quod generatur, incipit esse, ad hoc
existir, pois, o gerado o é, para existir. Ora, o enim generatur, ut sit. Sed filius est genitus a
Filho foi gerado pelo Pai. Logo começa a existir patre. Ergo incipit esse, et non est coaeternus
e não é coeterno com o Pai patri.
4. Demais. – Se o Filho foi gerado pelo Pai, ou Praeterea, si filius genitus est a patre, aut semper
foi sempre ou devemos admitir um instante em generatur, aut est dare aliquod instans suae
que foi gerado. Se sempre foi gerado, como toda generationis. Si semper generatur; dum autem
coisa gerada é imperfeita, segundo claramente o aliquid est in generari, est imperfectum, sicut
mostram as sucessivas, como o tempo e o patet in successivis, quae sunt semper in fieri, ut
movimento, que estão sempre em vir a ser, tempus et motus, sequitur quod filius semper sit
resulta que o Filho é sempre imperfeito, o que é imperfectus; quod est inconveniens. Est ergo
inadmissível. Logo, devemos admitir de sorte dare aliquod instans generationis filii. Ante illud
que, antes desse momento, o Filho não existia. ergo instans filius non erat.
Mas, em contrário, diz Atanásio, no Símbolo Sed contra est quod Athanasius dicit, quod totae
que todas as três pessoas são coeternas entre tres personae coaeternae sibi sunt.
si2(In Symbolo, n. 39.).
SOLUÇÃO – Devemos admitir que o Filho é Respondeo dicendum quod necesse est dicere
coeterno com o Pai. Para evidenciá-lo é mister filium esse coaeternum patri. Ad cuius
notar que, o ser tudo o que existe, em virtude de evidentiam, considerandum est quod aliquid ex
um princípio, posterior ao seu princípio, pode principio existens posterius esse suo principio,
dar-se de dois modos: relativamente ao agente potest contingere ex duobus, uno modo, ex parte
ou relativamente à ação. – Relativamente ao agentis; alio modo, ex parte actionis. Ex parte
agente, devemos distinguir entre os agentes agentis quidem, aliter in agentibus voluntariis,
voluntários e os naturais. Nos voluntários, por aliter in agentibus naturalibus. In agentibus
causa da eleição no tempo; pois, assim como quidem voluntariis, propter electionem temporis,
está no poder de um agente voluntário escolher a sicut enim in agentis voluntarii potestate est
forma que vai conferir ao efeito, segundo eligere formam quam effectui conferat, ut supra
dissemos3(Q. 41, a. 2.), assim no poder do mesmo está dictum est, ita in eius potestate est eligere tempus
escolher o tempo em que produzirá esse efeito. in quo effectum producat. In agentibus autem
Com os agentes naturais, porém, tal se dá porque naturalibus hoc contingit, quia agens aliquod non
esses agentes não tem originariamente a a principio habet perfectionem virtutis naturaliter
perfeição da virtude natural para agir, mas a ad agendum, sed ei advenit post aliquod tempus;
recebem só depois de certo tempo; assim, o sicut homo non a principio generare potest. Ex
homem não pode gerar desde que começa a parte autem actionis, impeditur ne id quod est a
existir. – Relativamente à ação, é impossível o principio simul sit cum suo principio, propter
que provém de um princípio ser simultâneo com hoc quod actio est successiva. Unde, dato quod
este, porque a ação é sucessiva. Por onde, dado aliquod agens tali actione agere inciperet statim
que um agente viesse a agir, deste modo, cum est, non statim eodem instanti esset effectus,
imediatamente depois de ter começado a existir, sed in instanti ad quod terminatur actio.
o efeito não existiria concomitantemente, no
mesmo instante, mas no instante em que
terminasse a ação. Manifestum est autem secundum praemissa,
Ora, é claro, pelo que demonstramos4(Ibid.), que o quod pater non generat filium voluntate, sed
Pai não gera o Filho pela vontade, mas pela natura. Et iterum, quod natura patris ab aeterno
natureza; e demais, que a natureza do Pai é perfecta fuit. Et iterum, quod actio qua pater
perfeita abeterno; e ainda que a ação pela qual o producit filium, non est successiva, quia sic filius
Pai produz o Filho não é sucessiva, porque então Dei successive generaretur, et esset eius
o Filho de Deus seria gerado sucessivamente, e a generatio materialis et cum motu, quod est
sua geração seria material e sujeita ao impossibile. Relinquitur ergo quod filius fuit,
movimento, o que é impossível. Donde se quandocumque fuit pater. Et sic filius est
conclui, que o Filho existiu desde que existiu o coaeternus patri, et similiter spiritus sanctus
Pai. E portanto é coeterno com o Pai. E, utrique.
semelhantemente, o Espírito Santo, com ambos.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA Ad primum ergo dicendum quod, sicut


OBJEÇÃO. – Como ensina Agostinho, nenhum Augustinus dicit, in libro de verbis domini,
modo de processão de qualquer criatura nullus modus processionis alicuius creaturae
representa perfeitamente a geração divina5(De Verbis perfecte repraesentat divinam generationem,
Domini, serm. Ad pop. 38 (al. De Verbis Evang. 117), c. 6.) . Por onde, é unde oportet ex multis modis colligere
necessário buscarmos a semelhança, de muitos similitudinem, ut quod deest ex uno, aliqualiter
modos de maneira a completar por uma o que a suppleatur ex altero. 
outra falta. 
 Por isso diz o Sínodo Efesino: Que o  Et propter hoc dicitur in synodo Ephesina,
Esplendor te mostre que o Filho coexiste sempre coexistere semper coaeternum patri filium,
coeterno com o Pai. Que o Verbo te mostre ser splendor tibi denuntiet, impassibilitatem
impassível a natividade. Que o nome de Filho te nativitatis ostendat verbum; consubstantialitatem
insinue a consubstancialidade6(Parte III, c. 10.). Mas, filii nomen insinuet. Inter omnia tamen
dentre todas as semelhanças, a processão do expressius repraesentat processio verbi ab
verbo, do intelecto, é a que mais expressamente intellectu, quod quidem non est posterius eo a
a representa; pois, o verbo não é posterior ao quo procedit; nisi sit talis intellectus qui exeat de
princípio donde procede, a menos que não seja o potentia in actum, quod in Deo dici non potest.
intelecto tal que passe da potência para o ato; o
que não se pode dizer de Deus.
RESPOSTA À SEGUNDA. – A eternidade exclui Ad secundum dicendum quod aeternitas excludit
o princípio de duração, mas não o de origem. principium durationis, sed non principium
originis.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Toda corrupção é Ad tertium dicendum quod omnis corruptio est
uma certa mutação; donde, tudo o que se mutatio quaedam, et ideo omne quod
corrompe começa a não ser e cessa de ser. Ora, a corrumpitur, incipit non esse, et desinit esse. Sed
geração divina não é uma transmutação, como se generatio divina non est transmutatio, ut dictum
disse7(Q. 27, a. 2.). Por isso, o Filho sempre é gerado e est supra. Unde filius semper generatur, et pater
o Pai sempre gera. semper generat.

RESPOSTA À QUARTA. – No tempo, uma coisa Ad quartum dicendum quod in tempore aliud est
é o seu elemento indivisível, que é o instante e quod est indivisibile, scilicet instans; et aliud est
outra, o persistente, que é o tempo. Mas na quod est durans, scilicet tempus. Sed in
eternidade, o próprio instante é indivisível e aeternitate ipsum nunc indivisibile est semper
sempre existente, como se disse8(Q. 10, a. 2, ad 1; a. 4, ad 2.). stans, ut supra dictum est. Generatio vero filii
Ora, a geração do Filho não é num instante do non est in nunc temporis, aut in tempore, sed in
tempo ou no tempo, mas na eternidade. E aeternitate. Et ideo, ad significandum
portanto, para exprimirmos a presencialidade e a praesentialitatem et permanentiam aeternitatis,
permanência da eternidade, podemos, com potest dici quod semper nascitur, ut Origenes
Origines, dizer que sempre nasce9(In Ioan., t. 1.). Mas, dixit. Sed, ut Gregorius et Augustinus dicunt,
com Gregório10(Moral., l. XXIX, c. 1.) e Agostinho11(L. Octog. melius est quod dicatur semper natus, ut ly
Trium Quaestion., q. 37.), melhor é dizermos sempre semper designet permanentiam aeternitatis, et ly
nascido, designando sempre a permanência da natus perfectionem geniti. Sic ergo filius nec
eternidade, e nascido, a perfeição do ser gerado. imperfectus est, neque erat quando non erat, ut
Assim, pois, o Filho não é imperfeito, nem Arius dixit.
existia quando ainda não existia, como disse
Ário.
1.Liber de generatione divina ad Marium Victorinum, n. 4.; 2.In Symbolo, n. 39.; 3.Q. 41, a. 2.;
4.Ibid.; 5.De Verbis Domini, serm. Ad pop. 38 (al. De Verbis Evang. 117), c. 6.; 6.Parte III, c.
10.; 7.Q. 27, a. 2.; 8.Q. 10, a. 2, ad 1; a. 4, ad 2.; 9.In Ioan., t. 1.; 10.Moral., l. XXIX, c. 1.; 11.L.
Octog. Trium Quaestion., q. 37.
Art. 3 – Se nas Pessoas divinas há a ordem da ARTICULUS 3
natureza.
(I Sent., dist. XII, a. 1; dist. XX, a. 3; De Pot., q. 10, a. 3; Contra errors Graec., parte II, cap.
XXXI).

O terceiro discute-se assim. – Parece que nas Ad tertium sic proceditur. Videtur quod in
pessoas divinas não há a ordem da natureza. divinis personis non sit ordo naturae.
1. – Pois, tudo o que existe em Deus é essência Quidquid enim in divinis est, vel est essentia vel
ou pessoa ou noção. Ora, a ordem da natureza persona vel notio. Sed ordo naturae non
não significa a essência, nem nenhuma das significat essentiam, neque est aliqua
pessoas ou das noções. Logo, a ordem da personarum aut notionum. Ergo ordo naturae non
natureza não existe em Deus. est in divinis.
2. Demais. – Em todos os seres onde há a ordem
da natureza, um é anterior ao outro, ao menos Praeterea, in quibuscumque est ordo naturae,
pela natureza e pelo conceito. Ora, nas pessoas unum est prius altero, saltem secundum naturam
divinas, não há anterior nem posterior, como diz et intellectum. Sed in divinis personis nihil est
Atanásio (no Símbolo). Logo, nas pessoas prius et posterius, ut Athanasius dicit. Ergo in
divinas não há a ordem da natureza. divinis personis non est ordo naturae.
3. Demais. – Tudo o ordenado é distinto. Ora, a
natureza, em Deus, não é distinta. Portanto, não Praeterea, quidquid ordinatur, distinguitur. Sed
é ordenada. Logo, não há em Deus a ordem da natura in divinis non distinguitur. Ergo non
natureza. ordinatur. Ergo non est ibi ordo naturae.
4. Demais. – A natureza divina é a sua essência.
Ora, em Deus, não há a ordem da essência. Praeterea, natura divina est eius essentia. Sed
Logo, nem a da natureza. non dicitur in divinis ordo essentiae. Ergo neque
Mas, em contrário. – Onde quer que haja ordo naturae.
pluralidade sem ordem, há confusão. Ora, nas Sed contra, ubicumque est pluralitas sine ordine,
pessoas divinas não há confusão, como diz ibi est confusio. Sed in divinis personis non est
Atanásio1(Ibid.). Logo; há ordem. confusio, ut Athanasius dicit. Ergo est ibi ordo.
SOLUÇÃO – A ordem supõe sempre relação
com um princípio. Ora, a palavra princípio tem Respondeo dicendum quod ordo semper dicitur
múltiplos sentidos, a saber: o locativo, como o per comparationem ad aliquod principium. Unde
ponto; o intelectivo, como o princípio da sicut dicitur principium multipliciter, scilicet
demonstração; o relativo a cada causa. Assim secundum situm, ut punctus, secundum
também a ordem. Mas, em Deus, o princípio é intellectum, ut principium demonstrationis, et
relativo à origem, sem idéia de prioridade, como secundum causas singulas; ita etiam dicitur ordo.
vimos2(Q. 33, a. 1 ad 3). Por onde, há necessariamente In divinis autem dicitur principium secundum
em Deus a ordem, quanto à origem, sem idéia de originem, absque prioritate, ut supra dictum est.
prioridade. E essa é a ordem da natureza, Unde oportet ibi esse ordinem secundum
conforme Agostinho, quando diz: Não por ser originem, absque prioritate. Et hic vocatur ordo
um anterior ao outro, mas por ser um procedente naturae, secundum Augustinum, non quo alter sit
do outro3(Contra Maximin., l. II (al. III), c. 14.). prius altero, sed quo alter est ex altero.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA


OBJEÇÃO. – Ordem da natureza significa a Ad primum ergo dicendum quod ordo naturae
noção de origem, em comum, não porém, em significat notionem originis in communi, non
especial. autem in speciali.
RESPOSTA À SEGUNDA. – Nas criaturas, Ad secundum dicendum quod in rebus creatis,
embora a que provém de um princípio seja com etiam cum id quod est a principio sit suo
este coevo, quanto à duração, todavia o seu principio coaevum secundum durationem, tamen
princípio lhe é anterior, real e logicamente se o principium est prius secundum naturam et
considerarmos na sua noção própria. Mas, intellectum, si consideretur id quod est
considerando as relações mesmas de causa e de principium. Sed si considerentur ipsae relationes
causado, e de principio e de principiado, é claro causae et causati, et principii et principiati,
que são relativas, simultaneamente, real e manifestum est quod relativa sunt simul natura et
logicamente, porque um entra na definição do intellectu, inquantum unum est in definitione
outro. Ora, em Deus as próprias relações são alterius. Sed in divinis ipsae relationes sunt
pessoas subsistentes numa mesma natureza. subsistentes personae in una natura. Unde neque
Donde, nem quanto a natureza nem quanto às ex parte naturae, neque ex parte relationum, una
relações, uma pessoa pode ser anterior à outra, e persona potest esse prior alia, neque etiam
nem quanto à natureza e ao intelecto. secundum naturam et intellectum.
RESPOSTA À TERCEIRA. – Quando falamos da Ad tertium dicendum quod ordo naturae dicitur,
ordem da natureza, isso não significa que a non quod ipsa natura ordinetur, sed quod ordo in
natureza mesma seja ordenada, mas que a divinis personis attenditur secundum naturalem
ordem, nas pessoas divinas, é considerada na sua originem.
origem natural.
RESPOSTA À QUARTA. – A natureza, de certo Ad quartum dicendum quod natura quodammodo
modo, importa a noção de princípio; não porém importat rationem principii, non autem essentia.
a essência. Por isso a ordem de origem melhor Et ideo ordo originis melius nominatur ordo
se denomina ordem de natureza do que de naturae, quam ordo essentiae.
essência.
1.Ibid.; 2.Q. 33, a. 1 ad 3; 3.Contra Maximin., l. II (al. III), c. 14.

ARTICULUS 4
Art. 4 – Se o Filho é igual ao Pai em
grandeza. Ad quartum sic proceditur. Videtur quod filius
(I Sent., dist. XIX, q. 1, a. 2; IV Cont. Gent., cap. VII, XI. In Boet. De Trin., q. 3, a. 4). non sit aequalis patri in magnitudine.
O quarto discute-se assim. – Parece que o Filho
Dicit enim ipse, Ioan. XIV, pater maior me est; et
não é igual ao Pai em grandeza.
apostolus, I Cor. XV, ipse filius subiectus erit illi
1. – Pois, ele próprio o diz, na Escritura (Jo 14, qui sibi subiecit omnia.
28): O Pai é maior do que eu. E o Apóstolo (1
Cor 15, 28): O mesmo Filho estará sujeito Praeterea, paternitas pertinet ad dignitatem
aquele que sujeitou a ele todas as coisas. patris. Sed paternitas non convenit filio. Ergo
2. Demais. – A paternidade é própria à non quidquid dignitatis habet pater, habet filius.
dignidade do Pai. Ora, a paternidade não Ergo non est aequalis patri in magnitudine.
convêm ao Filho. Logo, nem toda dignidade que Praeterea, ubicumque est totum et pars, plures
tem o Pai tem o Filho. Portanto, não é igual ao partes sunt aliquid maius quam una tantum vel
Pai em grandeza. pauciores; sicut tres homines sunt aliquid maius
3. Demais. – Onde há todo e partes, muitas são quam duo vel unus. Sed in divinis videtur esse
mais que uma só ou algumas; assim, três totum universale et pars, nam sub relatione vel
homens são mais que dois ou um. Ora, em Deus, notione plures notiones continentur. Cum igitur
o todo é universal e parte; pois, a relação ou a in patre sint tres notiones, in filio autem tantum
noção inclui várias noções. Portanto, como no duae, videtur quod filius non sit aequalis patri.
Pai há três noções, e no Filho somente duas, não Sed contra est quod dicitur Philip. II, non
é este igual ao Pai. rapinam arbitratus est esse se aequalem Deo.

Mas, em contrário, a Escritura (Fp 2, 6): Não


SOLUÇÃO – Devemos admitir que o Filho seja Respondeo dicendum quod necesse est dicere
igual ao Pai em grandeza. Mas a grandeza de filium esse aequalem patri in magnitudine.
Deus não é outra coisa senão a perfeição da sua Magnitudo enim Dei non est aliud quam
natureza. Ora, é da essência da paternidade e da perfectio naturae ipsius. Hoc autem est de ratione
filiação que o filho, pela geração, tenha a paternitatis et filiationis, quod filius per
perfeição da natureza existente no pai, como generationem pertingat ad habendam
também o pai. Mas como a geração humana é perfectionem naturae quae est in patre, sicut et
uma transmutação do ser, que passa da potência pater. Sed quia in hominibus generatio est
para o ato, o filho não é imediatamente igual, transmutatio quaedam exeuntis de potentia in
desde o seu nascimento, ao pai que o gerou, actum, non statim a principio homo filius est
mas, pelo crescimento continuado, chega à aequalis patri generanti; sed per debitum
igualdade, a menos que não suceda de outro incrementum ad aequalitatem perducitur, nisi
modo, por defeito do princípio da geração. aliter eveniat propter defectum principii
generationis.
Ora, é manifesto pelo que dissemos1(Q. 27, a. 2; q. 33, a. 2, Manifestum est autem ex dictis quod in divinis
ad 3, 4; a. 3), que em Deus há, própria e est proprie et vere paternitas et filiatio. Nec
verdadeiramente, paternidade e filiação. Nem se potest dici quod virtus Dei patris fuerit defectiva
pode dizer que a virtude de Deus Pai fosse in generando; neque quod Dei filius successive et
deficiente ao gerar; nem que Filho de Deus per transmutationem ad perfectionem pervenerit.
chegasse à perfeição sucessivamente e por Unde necesse est dicere quod ab aeterno fuerit
mudanças. Por onde, necessário é concluir, que patri aequalis in magnitudine. Unde et Hilarius
abeterno foi igual ao Pai em grandeza. E por isso dicit, in libro de Synod., tolle corporum
Hilário diz: Suprime as enfermidades do corpo, infirmitates, tolle conceptus initium, tolle dolores
suprime o desenvolvimento da inteligência, et omnem humanam necessitatem, omnis filius
suprime as dores do parto e toda a humana secundum naturalem nativitatem aequalitas patris
necessidade: todo filho, pela natividade natural, est, quia est et similitudo naturae.
é igual ao pai porque tem a semelhança da
natureza2(De Synod., num. 73.).
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA Ad primum ergo dicendum quod verba illa
OBJEÇÃO. – As palavras citadas entendem-se intelliguntur dicta de Christo secundum
ditas da natureza humana de Cristo, pela qual é humanam naturam, in qua minor est patre, et ei
menos do que o Pai e a este sujeito. Mas, pela subiectus. Sed secundum naturam divinam,
sua natureza divina, é igual ao Pai. E é o que diz aequalis est patri. Et hoc est quod Athanasius
Atanásio no Símbolo: Igual ao Pai pela dicit; aequalis patri secundum divinitatem, minor
divindade; menor que o Pai, pela humanidade3(In patre secundum humanitatem. Vel, secundum
Symbolo). Ou conforme Hilário: O Pai é maior pela Hilarium, in IX libro de Trin., donantis
autoridade Doador; mas menor não é aquele a auctoritate pater maior est, sed minor non est cui
quem foi dado o mesmo ser4(IX libro de Trin., num. 54.). E unum esse donatur. Et in libro de Synod. dicit
diz ainda, que a sujeição do Filho é o amor da quod subiectio filii naturae pietas est, idest
natureza5(De Synod., num. 79.), i. é, o reconhecimento da recognitio auctoritatis paternae, subiectio autem
autoridade paterna; porém, a sujeição aos demais ceterorum, creationis infirmitas.
é pela imperfeição da criação.
RESPOSTA À SEGUNDA. – A igualdade se Ad secundum dicendum quod aequalitas
funda na grandeza. Ora, esta, em Deus, exprime attenditur secundum magnitudinem. Magnitudo
perfeição da natureza, como se disse, e pertence autem in divinis significat perfectionem naturae,
à essência. Portanto, a igualdade em Deus e a ut dictum est, et ad essentiam pertinet. Et ideo
semelhança dizem respeito ao essencial; nem aequalitas in divinis, et similitudo, secundum
podemos lhe atribuir desigualdade ou essentialia attenditur, nec potest secundum
semelhança quanto à distinção das relações. Por distinctionem relationum inaequalitas vel
isso diz Agostinho: A questão da origem é a de dissimilitudo dici. Unde Augustinus dicit, contra
saber de que um ser provém: a da igualdade, a Maximinum, originis quaestio est quid de quo
de saber, que qualidade tem6(Contra Maximinum, L. II (al. III), c. sit; aequalitatis autem, qualis aut quantus sit.
18.). Logo, a paternidade é a dignidade do Pai, Paternitas igitur est dignitas patris, sicut et
assim como é a sua essência. Pois, a dignidade é essentia patris, nam dignitas absolutum est, et ad
um absoluto e pertence à essência. Portanto, essentiam pertinet. Sicut igitur eadem essentia
assim como a mesma essência, que no Pai é a quae in patre est paternitas, in filio est filiatio; ita
paternidade, no Filho é a filiação; assim, a eadem dignitas quae in patre est paternitas, in
mesma dignidade, que no Pai é a paternidade, no filio est filiatio. Vere ergo dicitur quod quidquid
Filho é a filiação. Por onde, verdadeiramente dignitatis habet pater, habet filius. Nec sequitur,
dizemos que toda dignidade que tem o Pai, tem paternitatem habet pater, ergo paternitatem habet
o Filho, sem daí seguir-se que pelo Pai ter a filius. Mutatur enim quid in ad aliquid, eadem
paternidade, também a tenha o Filho. Porque se enim est essentia et dignitas patris et filii, sed in
muda o ponto de vista absoluto (quid) no patre est secundum relationem dantis, in filio
relativo (ad aliquid). Pois a mesma é a essência e secundum relationem accipientis.
a dignidade do Pai e do Filho; mas, no Pai, pela
relação de dador: no Filho, pela de quem recebe.
RESPOSTA À TERCEIRA. – A relação em Deus Ad tertium dicendum quod relatio in divinis non
não é um todo universal, embora seja predicada est totum universale, quamvis de pluribus
de cada uma das relações; porque todas as relationibus praedicetur, quia omnes relationes
relações são essencial e existencialmente uma sunt unum secundum essentiam et esse, quod
mesma relação; o que repugna à noção de repugnat rationi universalis, cuius partes
universal, cujas partes se distinguem pelo ser. E secundum esse distinguuntur. Et similiter
semelhantemente, a pessoa, como dissemos7(Q. 30, persona, ut supra dictum est, non est universale
a. 4, ad 3), não é um universal em Deus. Por onde, in divinis. Unde neque omnes relationes sunt
todas as relações juntas não são em nada maius aliquid quam una tantum; nec omnes
maiores que uma só delas; nem todas as pessoas personae maius aliquid quam una tantum; quia
juntas são em nada maiores que uma delas tota perfectio divinae naturae est in qualibet
somente; porque a perfeição total da natureza personarum.
divina está em cada uma das pessoas.
1.Q. 27, a. 2; q. 33, a. 2, ad 3, 4; a. 3; 2.De Synod., num. 73.; 3.In Symbolo; 4.IX libro de Trin.,
num. 54.; 5.De Synod., num. 79.; 6.Contra Maximinum, L. II (al. III), c. 18.; 7.Q. 30, a. 4, ad 3
Art. 5 – Se o Filho está no Pai e inversamente. ARTICULUS 5
(I Sent., dist. XIX, q. 3, a. 2; IV Cont. Gent., cap. IX; Ioan., cap. X; cap. XVI, lect. VII).

O quinto discute-se assim. – Parece que o Filho Ad quintum sic proceditur. Videtur quod filius
não está no Pai e inversamente. non sit in patre, et e converso.
1. – Pois, segundo o Filósofo1 (IV Physic., c. 3.), de oito Philosophus enim, in IV Physic., ponit octo
modos pode um ser existir em outro; e por modos essendi aliquid in aliquo; et secundum
nenhum deles o Filho está no Pai; e nullum horum filius est in patre, aut e converso,
inversamente, como claramente o verá quem ut patet discurrenti per singulos modos. Ergo
examinar cada um desses modos. Logo, o Filho filius non est in patre, nec e converso.
não está no Pai, nem inversamente.
2. Demais. – O que saiu de um ser já neste não Praeterea, nihil quod exivit ab aliquo, est in eo.
está. Ora, o Filho abeterno saiu do Pai, segundo Sed filius ab aeterno exivit a patre, secundum
a Escritura (Mq 5, 2): Cuja geração é desde o illud Micheae V, egressus eius ab initio, a diebus
princípio, desde os dias da eternidade. Logo, o aeternitatis. Ergo filius non est in patre.
Filho não está no Pai.
3. Demais. – Um dos contrários não está no Praeterea, unum oppositorum non est in altero.
outro. Ora, o Filho e o Pai opõem-se Sed filius et pater opponuntur relative. Ergo unus
relativamente. Logo, um não pode estar no non potest esse in alio.
outro.

Sed contra est quod dicitur Ioan. XIV, ego in


Mas, em contrário, a Escritura (Jo 14, 10): Eu patre, et pater in me est.
estou no Pai e o Pai está em mim.

Respondeo dicendum quod in patre et filio tria


SOLUÇÃO – Três coisas devemos considerar no est considerare, scilicet essentiam, relationem et
Pai e no Filho, a saber: a essência, a relação e a originem; et secundum quodlibet istorum filius
origem. E segundo cada uma delas, o Filho está est in patre, et e converso. Secundum essentiam
no Pai e inversamente. – Pela essência o Pai está enim pater est in filio, quia pater est sua essentia,
no Filho, porque o Pai é a sua essência e a et communicat suam essentiam filio, non per
comunica ao Filho sem sofrer nenhuma aliquam suam transmutationem, unde sequitur
mudança. Donde se segue que, estando no Filho quod, cum essentia patris sit in filio, quod in filio
a essência do Pai, no Filho está o Pai. sit pater. Et similiter, cum filius sit sua essentia,
Semelhantemente, sendo o Filho a sua essência, sequitur quod sit in patre, in quo est eius
segue-se que está no Pai, no qual também ela essentia. Et hoc est quod Hilarius dicit, V de
está. E é o que diz Hilário: Conseqüente com a Trin., naturam suam, ut ita dicam, sequitur
sua natureza, para assim nos exprimirmos, Deus immutabilis Deus, immutabilem gignens Deum.
imutável gera um imutável Deus subsistente. E Subsistentem ergo in eo Dei naturam
entendemos que neste está a natureza subsistente intelligimus, cum in Deo Deus insit. Secundum
de Deus, por estar nele Deus2(V de Trin., num. 37, 38.). – etiam relationes, manifestum est quod unum
Mas, quanto às relações, é claro que um oppositorum relative est in altero secundum
contrário está no outro relativamente, pelo intellectum. Secundum originem etiam
intelecto. – Também quanto à origem, é claro manifestum est quod processio verbi intelligibilis
que a processão do verbo inteligível não é non est ad extra, sed manet in dicente. Id etiam
exterior, mas permanece no dicente. Pois, o que quod verbo dicitur, in verbo continetur. Et eadem
é dito pelo verbo no verbo está contido. – E o ratio est de spiritu sancto.
mesmo devemos dizer do Espírito Santo.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA Ad primum ergo dicendum quod ea quae in
OBJEÇÃO. – O modo de ser das criaturas não creaturis sunt, non sufficienter repraesentant ea
representa suficientemente o modo de ser de quae Dei sunt. Et ideo secundum nullum eorum
Deus. Por isso, de nenhum dos modos, que o modorum quos philosophus enumerat, filius est
Filósofo enumera, o Filho está no Pai e in patre, aut e converso. Accedit tamen magis ad
inversamente. O modoporém que mais se hoc modus ille, secundum quem aliquid dicitur
aproxima é aquele pelo qual dizemos que um ser esse in principio originante, nisi quod deest
está no seu principio originante; salvo que, nos unitas essentiae, in rebus creatis, inter principium
seres criados, falta a unidade de essência entre o et id quod est a principio.
princípio e o que dele provém. Ad secundum dicendum quod exitus filii a patre
RESPOSTA À SEGUNDA. – O Filho sai do Pai a est secundum modum processionis interioris,
modo de processão interior, assim como o verbo prout verbum exit a corde, et manet in eo. Unde
sai da mente e nela permanece. Por onde, esse exitus iste in divinis est secundum solam
modo de proceder, em Deus, funda-se na só distinctionem relationum, non secundum
distinção das relações, e não em nenhuma essentialem aliquam distantiam.
separação essencial. Ad tertium dicendum quod pater et filius
RESPOSTA À TERCEIRA. – O Pai e o Filho opponuntur secundum relationes, non autem
opõem-se pelas suas relações e não, pela secundum essentiam. Et tamen oppositorum
essência. E contudo um dos contrários está relative unum est in altero, ut dictum est.
relativamente no outro, como se disse.
1.IV Physic., c. 3.; 2.V de Trin., num. 37, 38.

ARTICULUS 6
Art. 6 – Se o Filho é igual ao Pai pelo poder.
(I Sent., dist. XX, a. 2; IV Cont. Gent., cap. VII, VIII). Ad sextum sic proceditur. Videtur quod filius
non sit aequalis patri secundum potentiam.
O sexto discute-se assim. – Parece que o Filho
não é igual ao Pai pelo poder. Dicitur enim Ioan. V, non potest filius a se facere
quidquam, nisi quod viderit patrem facientem.
1. – Pois, diz a Escritura (Jo 5, 19): O Filho não
Pater autem a se potest facere. Ergo pater maior
pode de si mesmo fazer coisa alguma senão o
est filio secundum potentiam.
que vir fazer ao Pai. Mas, o Pai pode fazer por
si. Logo, o Pai é maior que o Filho, pelo poder. Praeterea, maior est potentia eius qui praecipit et
2. Demais. – Maior é o poder de quem manda e docet, quam eius qui obedit et audit. Sed pater
ensina do que o de quem obedece e ouve. Ora, o mandat filio, secundum illud Ioan. XIV, sicut
Pai manda o Filho, segundo a Escritura (Jo 14, mandatum dedit mihi pater, sic facio. Pater etiam
31): Faço o que o Pai me ordena. O Pai também docet filium, secundum illud Ioan. V, pater
ensina ao Filho, segundo ainda o Evangelho (Jo diligit filium, et omnia demonstrat ei quae ipse
5, 20): O Pai ama ao Filho e mostra-lhe tudo o facit. Similiter et filius audit, secundum illud
que faz. Enfim o Filho ouve, ainda segundo a Ioan. V, sicut audio, iudico. Ergo pater est
Escritura (Jo 5, 30): Assim como ouço, julgo. maioris potentiae quam filius.
Logo, o Pai tem maior poder que o Filho. Praeterea, ad omnipotentiam patris pertinet quod
3. Demais. – Pela sua onipotência é que o Pai possit filium generare sibi aequalem, dicit enim
gera um Filho igual a si, segundo Agostinho: Se Augustinus, in libro contra Maximin., si non
não pôde gerar um filho igual a si, onde está a potuit generare sibi aequalem, ubi est
onipotência de Deus Padre?1(Contra Maximin., L. II (al. III), c. 7.) omnipotentia Dei patris? Sed filius non potest
Ora, o Filho não pode gerar o Filho, como se generare filium, ut supra ostensum est. Non ergo
demonstrou. Logo, nem tudo o que pode a quidquid pertinet ad omnipotentiam patris, potest
onipotência do Pai o pode também o Filho. filius. Et ita non est ei in potestate aequalis.
Portanto, este não lhe é igual em poder. Sed contra est quod dicitur Ioan. V, quaecumque
Mas, em contrário, a Escritura (Jo 5, 19): Tudo pater facit, haec et filius similiter facit.
o que fizer o Pai o faz também semelhantemente
o Filho.
SOLUÇÃO – É forçoso admitirmos que o Filho Respondeo dicendum quod necesse est dicere
é igual ao Pai em poder. Pois, o poder de agir quod filius est aequalis patri in potestate.
resulta da perfeição da natureza. Assim, vemos Potentia enim agendi consequitur perfectionem
que quanto mais perfeita for a natureza de uma naturae, videmus enim in creaturis quod quanto
criatura, tanto maior será o seu poder de agir. aliquid habet perfectiorem naturam, tanto est
Porque, como demonstramos2(Q. 42, a. 4.), a essência maioris virtutis in agendo. Ostensum est autem
mesma da paternidade e da filiação divina exige supra quod ipsa ratio divinae paternitatis et
que o Filho seja igual ao Pai em grandeza, i. é, filiationis exigit quod filius sit aequalis patri in
em perfeição natural. Donde resulta que o Filho magnitudine, idest in perfectione naturae. Unde
é igual ao Pai em poder. – E o mesmo devemos relinquitur quod filius sit aequalis patri in
dizer do Espírito Santo, em relação às outras potestate. Et eadem ratio est de spiritu sancto
duas pessoas. respectu utriusque.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA
OBJEÇÃO. – Quando a Escritura diz: O Filho Ad primum ergo dicendum quod in hoc quod
não pode de si mesmo fazer coisa alguma– não o dicitur quod filius non potest a se facere
priva por isso de nenhum poder do Pai; pois, quidquam, non subtrahitur filio aliqua potestas
logo acrescenta: - Tudo o que fizer o Pai o faz quam habeat pater; cum statim subdatur quod
também semelhantemente o Filho. Mas essa quaecumque pater facit, filius similiter facit. Sed
expressão mostra que o Filho tem o poder, do ostenditur quod filius habet potestatem a patre, a
Pai, de quem recebeu a natureza. Por isso diz quo habet naturam. Unde dicit Hilarius, IX de
Hilário: A unidade da natureza divina é tal que o Trin., naturae divinae haec unitas est, ut ita per
Filho faz por si o que não faz de si3(IX de Trin., num. 48.). se agat filius, quod non a se agat.
RESPOSTA À SEGUNDA. – Quando a Escritura
diz que o Pai ensina e o Filho ouve, não quer Ad secundum dicendum quod in demonstratione
dizer senão que o Pai comunica a sua ciência ao patris et auditione filii, non intelligitur nisi quod
Filho e também a sua essência. No mesmo pater communicat scientiam filio, sicut et
sentido podemos entender o mandado do Pai; essentiam. Et ad idem potest referri mandatum
porque abeterno deu ao Filho, gerando-o, a patris, per hoc quod ab aeterno dedit ei scientiam
ciência e a vontade de agir. – Ou antes, devemos et voluntatem agendorum, eum generando. Vel
referir o mandado a Cristo, na sua natureza potius referendum est ad Christum secundum
humana. humanam naturam.
RESPOSTA À TERCEIRA. – Assim como a Ad tertium dicendum quod, sicut eadem essentia
mesma essência é no Pai a paternidade, e no quae in patre est paternitas, in filio est filiatio; ita
Filho, a filiação, assim pelo mesmo poder o Pai eadem est potentia qua pater generat, et qua filius
gera e o Filho é gerado. Por onde é manifesto generatur. Unde manifestum est quod quidquid
que tudo quanto pode o Pai pode o Filho. potest pater, potest filius. Non tamen sequitur
Donde, porém não se segue que este possa gerar; quod possit generare, sed mutatur quid in ad
mas que se muda o ponto de vista absoluto aliquid, nam generatio significat relationem in
(quid) o relativo a (ad aliquid). Pois, geração divinis. Habet ergo filius eandem omnipotentiam
significa relação em Deus. Tem portanto o Filho quam pater, sed cum alia relatione. Quia pater
o mesmo poder que o Pai, mas com outra habet eam ut dans, et hoc significatur, cum
relação. Porque o Pai o tem como dador, e é o dicitur quod potest generare. Filius autem habet
que se exprime quando se diz que pode gerar; o eam ut accipiens, et hoc significatur, cum dicitur
Filho, porém, o tem como quem recebe e é o que quod potest generari.
se exprime quando se diz que pode ser gerado.
1.Contra Maximin., L. II (al. III), c. 7.; 2.Q. 42, a. 4.; 3.IX de Trin., num. 48.

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