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Miriam Rodrigues

Miriam Rodrigues
Psicóloga formada pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie, especialista em
psicologia clínica e pós-graduada em medicina
comportamental pela Unifesp. Possui
experiência de 14 anos em atendimento
clínico com crianças, adolescentes e adultos.

Idealizadora da Educação Emocional


Positiva, programa psicoeducacional que
integra a psicologia positiva, educação
emocional, terapia cognitiva e arteeducação
como meio de instrumentalizar pais,
educadores e profissionais da saúde para
desenvolver nas crianças, as competências
socioemocionais e as habilidades para o bem
estar.

Resolução de Problemas
Problemas... todo mundo tem e os enfrenta constantemente.
Problemas são nossas fontes de stresse, e quando estamos diante de um,
sabemos reconhecê-lo devido ao desconforto emocional que sentimos, para
Nezu & Nezu (1995) um problema é a ligação que descreve o desequilíbrio entre
a demanda e a disponibilidade de uma resposta adaptativa do indivíduo ao
ambiente.
Os problemas podem ser “simples” ou complicados; na perspectiva infantil,
decidir entre ir na casa da avó para ver uma tia querida ou ir a uma festa do
pijama, ter posturas para se defender de colegas, explicar-se de maus
entendidos, pode representar um grande problema e demandar grande parte de
seu tempo, e muitas vezes a criança pode preferir a evitação ou esquivar-se, o
que impossibilita o aprendizado da habilidade em resolução de problemas.
Quando falamos em solução, devemos pensar na resposta adaptativa para
modificar a natureza da situação problemática, sendo que as soluções eficazes
são aquelas que além de modificar a natureza da situação problemática
minimizam as respostas negativas e potencializam as consequências positivas.
Essas habilidades podem ser aprendidas e uma vez que o indivíduo consegue
apreende-las torna-se habilidoso em encontrar soluções eficazes de modo a
diminuir emoções perturbadoras.

Objetivo
Esse e-book tem o objetivo de oferecer alguns direcionamentos lúdicos para o
aprendizado da habilidade em solução de problemas, para auxiliar os
profissionais a ampliarem os repertórios das crianças.

Todos os cartazes elaborados para esse ebook estão disponibilizados em pdf


para que o profissional possa imprimi-los e deixá-los em um lugar visível a
todos.
Passo 1- Identificação do problema
É importante a formulação, elucidação e compreensão da situação problemática de
modo específico.

Passo 2- Possíveis soluções


Levantamento de alternativas de soluções. O que podemos fazer? As possíveis
soluções devem ser seguras, saudáveis, respeitosas.

Passo 3- Escolha
Entre as alternativas que levantamos e com as informações que temos no momento,
escolher a melhor opção. Comparando as opções disponíveis.

Passo 4- Coloque em ação


Aplique a alternativa escolhida.

Passo 5 - Verificamos o resultado


Avaliação da eficácia da escolha observando o resultado final. Caso constate que a
alternativa escolhida é ineficaz, é necessário retornar a etapa 2 para uma nova escolha.
Esses passos sistematizados de resolução, nos ensinam que, para cada problema não
existe apenas uma solução, existem várias opções, e que a melhor solução é aquela
que nos atende no momento. Quando compreendemos que um individuo
emocionalmente saudável não é aquele que tem uma vida livre de problemas e sim
aquele que se torna habilidoso em resolvê-los, conseguimos entender a importância
desse treinamento para que possamos diminuir nossas angústias, ansiedade, fontes
de estresse.
Muitas vezes nos afastamos da resolução de problemas, pois nos preocupamos em ter
a melhor solução, e a melhor solução é aquela que colocamos em prática.
Nosso objetivo é de elucidar nossas crianças sobre a importância dessa habilidade,
desse modo conseguimos evitar que os problemas se tornem maiores devido a
inexperiência de solucionar problemas.
Focar na solução nos faz ser assertivos.
Somos assertivos quando defendemos nossos direitos sem desrespeitar os direitos do
outro.
Sugestões de Atividades
Um ponto importante é fazer uma lista de
problemas e categorizá-los em diferentes
graus de complexidade, em seguida ir
resolvendo os conflitos seguindo uma
hierarquia crescente de dificuldade, indo dos
mais fáceis para os mais difíceis.

Quando trabalhamos com crianças e adolescentes,


queremos que elas tenham a oportunidade de aprender
as etapas de resolução de modo prático e para isso
criamos alguns problemas para que elas possam resolver
seguindo os passos descritos acima.

Os profissionais podem desenvolver algumas atividades que


sejam trabalhosas para que a cada problema que surgir diante
da atividade, elas possam seguir os passos de resolução.

Um exercício que deve ser incluído na rotina são os ensaios


mentais. Pede-se inicialmente que a criança e o profissional,
fechem os olhos e mentalizem todos os passos de resolução de
problemas.

Em sala de aula, em grupo, uma das técnicas usadas na


resolução de problemas, além dos ensaios mentais, é a
dramatização. Podemos brincar de role play, que é a troca de
papéis, para a dramatização do problema e em seguida a
dramatização de todas as etapas de resolução.
Esse é um jogo de roleta para que as crianças possam
brincar. Essa roda da escolha fornece ao estudante uma
lista de estratégias que pode ser usada por um tempo
especifico e devem ser sempre praticadas, é como se
fosse um jogo, “ o que eu posso fazer”?
Essa imagem refere-se a algumas possíveis soluções simples, para problemas do dia a
dia, principalmente de convivência.

O que eu posso fazer?

- Ignorar e ir para longe por algum tempo?


- Dizer para ela parar. Com tom de voz e posturas firmes.
- Fazer outra atividade, optando pela distração ao invés de ficar remoendo o problema.
- Um problema de decisão simples, utilizar pedra papel e tesoura.
- Posso falar comigo mesmo.

Utilizar algumas frases construtivas que descrevam o que devemos fazer e dizermos
baixinho a nós mesmos, ou mentalmente, por exemplo “eu consigo” “só preciso fazer
mais um pouco...”
- Desculpar-se.
Diante do erro, além de se desculpar, é importante se perguntar -“Como posso reparar
meu erro? ” Para que a desculpa saia do campo das palavras, é importante fazer
alguma ação intencional de reparação, pois houve uma ação que causou um dano,
então como eu posso reparar esse meu dano?

- Falar sobre isso.

Expressar seus sentimentos, ideias e intenções. Falar sobre as emoções é


fundamental e altamente benéfico para o nosso cérebro.

- Ignorar.
Quando eu decido não ligar para aquela situação, esperar e me acalmar.
Qual o tamanho do meu problema? E qual o tamanho da minha
reação? A roda da escolha.
Essa atividade deve ser impressa e distribuída individualmente para que as crianças
possam preenchê-las, e desse modo aprender a identificar seus problemas e o
tamanho da sua reação.
Um exemplo: - Meu amigo pisou no meu pé! Qual é o tamanho desse problema? É
grande, muito grande? Médio?
Qual foi a minha reação:- Dei um soco!
Então minha reação foi muito maior que o problema em si.
Desse modo estamos trabalhando a consciência de suas emoções e de suas ações.

Um ponto a ser destacado: Crianças resolvem problemas de crianças.

Porém, existem alguns tipos de problemas que são fundamentais o auxílio de um


adulto de confiança, e há problemas que não são da criança, mas a mesma incorpora
para si.
- Qual é o tamanho do meu problema?
- Será que é um problema que eu consigo resolver?
- Preciso da ajuda de um adulto?
Coisas fora do meu controle

Esse cartaz serve como uma lembrança, para nos atentar de que não importa o
que nos aconteça, temos como decidir o que fazer com aquilo que nos
aconteceu.

Existem coisas que a gente não controla, pois estão fora do nosso controle como
por exemplo: as ações dos outros, as palavras dos outros, os esforços dos
outros, os comportamentos, as ideias, sentimentos e erros dos outros, isso está
fora do nosso alcance, eu não tenho controle.

- Do que eu posso ter controle?

Das minhas palavras, minhas ações, das minhas ideias, dos meus esforços, dos
meus erros e do meu comportamento. Isso é uma tentativa de internalizar que
eu tenho escolha de fazer algo construtivo para minha saúde emocional.
5 passos para manejar emoções intensas:

Só se pode pensar depois de se acalmar. Essa mãozinha


tem a finalidade de lembrar quais são as regrinhas básicas
para o manejo de emoções intensas.

Conseguir manejar emoções intensas é um dos


componentes da resolução de problemas.
Otimismo aprendido

O desenvolvimento da habilidade de resolução de


problemas pode ser um passo para a incorporação do
otimismo aprendido, um dos temas abordados em
Psicologia Positiva. Problemas são eventos que fazem
parte da natureza humana, querer ignorá-los é deixar de
aceitar a vida em sua totalidade e pensar em problemas
como algo mal pode levar a estados ansiosos e
estressantes.

Todas as pessoas, passam por adversidades na vida,


independente de quem sejam, porém o modo como
interpretamos essas adversidades, fazem toda a
diferença em meu estado do humor. Veja quais são as
explicações que facilitam o otimismo aprendido.

Estilo explicativo
otimista sobre
o infortúnio.

não irão durar para sempre, terá


Passageiras um fim.

São específicas afetam somente um setor da minha


vida.

Externa levar em consideração o contexto.

São estratégias cognitivas para incorporar o otimismo.


A postura otimista leva à esperança, emoção positiva que
me faz elaborar uma mudança criativa para mudar uma
situação que eu não gosto.
Nossa sociedade está vivendo constantes mudanças, que parece nos fazer
perder algumas habilidades fundamentais para a relação interpessoal.

Crianças percebem algumas regras sociais que muitas vezes são


contraditórias, seja na escola, na família, elas convivem com diferentes
valores e se deparam com muitos problemas, até com a falta de percepção
do outro. Conviver hoje em dia está ficando cada vez mais difícil,
principalmente porque as crianças não estão tendo tempo de brincar
espontaneamente, pois tem todos seus horários, preenchidos com
atividades extras-curriculares e jogos em tablets.

O brincar é fundamental para o aprendizado das habilidades sociais,


inclusive a resolução de problemas.

E Por que nós queremos que elas sejam


felizes.

Muitos adultos preocupam-se somente em


isentar as crianças de qualquer tipo de
problema acreditando que assim estão fazendo
de tudo para que elas sejam felizes. Pelo
contrário, nós precisamos nutrir suas aptidões
de resoluções de problemas para que desse
modo elas se tornem conscientes de suas
competências.

Resolver problemas não é algo que nasce


pronto. É um conjunto de habilidades
aprendidas e desenvolvidas ao longo dos anos
quando nos engajamos em seu processo.
Saber lidar com as emoções é uma
é uma importante lição!

Referências:
CABALLO, Vicente. Manual de técnicas de terapia e modificação do
comportamento (1996). Editora Santos. São Paulo.

DEL PRETTE, Zilda, DEL PRETTE, Almir. Psicologia das habilidades sociais na
infância: teoria e prática (2013). Editora Vozes. Rio de Janeiro.

HAWTON, K. SALKOVSKIS, P. KIRK, J. CLARK, D. Terapia Cognitivo-


Comportamental para Problemas Psiquiátricos (1997). Editora Martins Fontes.
NEZU, A. M, NEZU, C.M. Clinical decision making in behavior therapy: a problem-
solving perspective (1989).

SELIGMAN, M. Aprenda a ser otimista (2005). Editora Nova Era. Rio de Janeiro

http://www.therapyandlearningservices.com/blog/activities-for-strengthening-
executive-function

https://www.socialthinking.com/LandingPages/Mission

http://www.casel.org/

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