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(KORIN EWÉ)

(Como diz o velho ditado: Cada um meche a panela do seu jeito e canta conforme aprendeu..
Candomblé não é receita de bolo.

(1)-(Igbá) Àja wu’na góróró

(Igbá) Àja wu’na góróró

(Igbá) Àja wu’na

A wu inón

Igbá Ája abre caminho estreito

Igbá Ája abre caminho estreito

Igbá Ája abre caminho

Caminho de fogo

(2)-Òjò un a gbururu

Òjò un a gbururu

Òjò un a ewé inón

A chuva cai dispersa

A chuva cai dispersa

A chuva cai sobre a folha do fogo

(3)-Aaja wu nan bururu

Aaja wu nan bururu

Aaja wu nan wu inón

Aja abre o caminho estreito

Aja abre o caminho de fogo

(4)-Òjòó máà òfuurufú.


Òjòó máà òfuurufú.

Òjòó máà àrá inón

(5)-Ewe Pèrègún – O rei que desperta as divindades na Terra

Pèrègún, que simbolicamente significa alicerce, coluna. Na África, é considerada uma árvore
sagrada, uma “divindade”, é de costume vê-la plantada em lugares sagrados para os òrìsà,
junto ou próximo aos seus Ojúbo.

Em Òsogbo mesmo, encontramos muitos pèrègún plantados próximo ao Ojúbo Òsum


(santuário de Oxum), divindade que tem a mesma como uma árvore sagrada dentro do seu
culto e suas folhas, completamente essenciais ao mesmo.

Dracaena arborea

Também é utilizado para demarcar onde começa os patrimônios campestres de cada membro
de um mesmo clã. A origem desta planta é africana, porém, com a vinda de escravos africanos
para o Brasil, na infeliz época do tráfico escravista, esta árvore difundisse em nosso país .É
considerada a planta mais popular dentro das Casas de Candomblé (Culto Afro-brasileiro),
possuindo uma utilização bastante variada, essencial e indispensável na composição do Àgbo
(banho lustral e litúrgico composto de folhas e outros elementos ritualísticos), banhos,
sacudimentos, medicinas, magias e etc.

É uma folha que possui a regência de diversos irúnmolè como:

Èsù, Ògún, Òsányìn, Òsóòsì,Obalúayé e principalmente Òsun. É uma folha gún (de excitação).

Masculina e ligada ao elemento Terra.Sua principal ligação com Òsum se dá ao fato do


acúmulo de água em seu caule. Não sendo a toa um dos nomes populares desta planta, PAU
D”ÁGUA. Por isso, é uma planta que mesmo pertencendo ao elemento terra, possui grande
ligação ao elemento água.Muitas medicinas são realizadas com o pèrègún, tanto para chamar
e obter a sorte (àwúre oríire), quanto para agradar as feiticeiras (ìyónú ìyámi ).

Como folha gún, de excitação, tem o poder de despertar o transe, por isso é a primeira das
utilizadas no

àgbo ìgbèrè (banho de iniciação):

“Pèrègún ní í pe irúnm olè

l’át’òde òrun w’áyé.

É Pèrègún que chama as

divindades do céu para a terra.


Dracaena fragrans- Peregun

Na África, os àmì (assentamentos) Òsun, são colocados muitas vezes sob a copa desta árvore,
no Brasil, isso acontece com os àmì Ògún(assentamentos de Ògún). O Pèrègún é também
utilizado como cerca viva em torno do assentamento de Ògún em algumas casas de culto.Uma
folha de grande utilização nos àgbo (banhos) de sacramento dos objetos litúrgicos de Ògún,
Òsóòsì e Òsányìn.

Pèrègún é utilizado medicinalmente em banhos e chás para reumatismo.

Pèrègún alará gigùn o

Pèrègún alará gigùn

Oba o ni je o roro ókan

Pèrègún alará gigùn

Pèrègún gba agbára tuntun

Peregum, Você é dono de um corpo excitado.

Peregum, Dono de um corpo excitado.

O Rei que não deixa ter problema de coração.

Peregum, Dono de um corpo excitado.

Peregum que dá nova força (revigora).

TÈTÈRÈGÚN- Costus spicatus (Cana do brejo, cana-de-macaco, cana-do-mato, sanguelavô,


ubacaia)

Costus spiralis

Olóòkun é uma divindade importante da mitologia iorubana, considerada masculina no Benin


e feminina em Ifé . Ele está presente em vários mitos da Criação, ocupando lugar de destaque
junto a Orunmilá e Oduduwa. Olóòkun conhece o segredo da vida (e da morte), foi em suas
águas que ela teria surgido e depois se espalhado pela terra firme. Isso o torna um dos orixás
mais respeitados e temidos, sua natureza é imprevisível e sua fúria jamais deve ser atraída.
Segundo algumas lendas, seria pai de diversas divindades ligadas as águas, como Iyemojá
(ninfa do Rio Ògún), Òsun e Òsà, ninfa das lagoas.
Um itan nos conta que em uma época muito longínqua havia uma jovem de nome Tètèrègún.
A bela donzela havia se recusado a realizar oferendas a Olóòkun e por isso sofria com a seca,
suas terras haviam ficado estéreis, a vida se recusava a brotar. Olóòkun proibira suas filhas de
se aproximarem das terras de Tètèrègún. Foi quando a jovem resolveu consultar Ifá, o
adivinho, que lhe orientou a prestar serviços a Olóòkun por alguns dias. Todos os dias a jovem
saia pela manhã bem cedo e recolhia água do rio. Quando retornava para a morada de
Olóòkun, quase noite, despejava toda água aos pés de Olóòkun enquanto cantava
alegremente:

E Tètèrègún e Tètèrègún

Ojo gb’oomi wá ó Tètèrègún

Ojo gb’o omi wa e jô ó Tètèrègún

A chuva traz a água que molha teteregun

Chuva traz água, por favor, para molhar o teteregun

Com o tempo a mágoa de Olóòkun por não ter sido reverenciado pela jovem foi deixando o
seu coração. Até que em um dia o Grande Senhor resolveu presentear Tètèrègún,
transformando seu corpo em uma planta. Seus braços esguios viraram folhas. Olóòkun lhe
disse que, assim como ela conseguira apaziguar sua cólera trazendo-lhe água fresca, que a
partir daquele dia suas folhas seriam utilizadas para aspergir água nos seres, restituindo a
calma e refrescando o espírito de todos. Tètèrègún pôde voltar para casa, sua terra voltou a
ser fértil, a terra foi apazigada e a vida retornou. Agora ela cantava:

Tètèrègún òjò do ( m’pa )

Tètèrègún òjò wo bí wá

Teteregun é como a chuva que mata

Teteregun é como a chuva que dá a vida

Tètèrègún, como é chamada nas casas Ketu, está ligada aos orixás funfun, ou seja, orixás da
Criação, em especial Obatalá. Em alguns grupos Bantu é conhecida como muenge munjôlo,
utilizada como uma insaba (ewé) de Lemba. É interessante observarmos a paridade vida-
morte, frio-quente, eró-gún, frio-quente presentes nessa folha. Ela é tida por muitos como
uma folha que excita (gún), entretanto seu mito nos revela como foi utilizada para apaziguar
Olóòkun, revelando assim seu outro aspecto (eró).
É costume em algumas casas utilizar suas folhas com água ou omí eró para aspergir sobre os
filhos de santo, de forma a atrair coisas boas e até mesmo como forma de restituir o equilíbrio
e a paz. Mais uma alusão ao mito supracitado.

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