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Graduanda do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Christus – laritaveloso@gmail.com
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Mestre em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará – mateusgoncalves@gmail.com
RESUMO
In order to investigate in De Stijl the extent to which architecture can express the ideal
abstract of transcendence sought by Piet Mondrian in Neoplasticism, the general
proposal of this bibliographical work is to analyze the relationship between the
concepts of Mondrian painting, a representation two-dimensional, and three-
dimensional architecture. Considering the historical context of the First World War and
the influence of the De Stijl movement on the constitution of the forms of world
architecture, we established the discussion about the opposition between the concepts
of individual and universal in art and architecture. We will analyze De Stijl's search for
a universal language, comprehensible to all people without prior explanation, which
through art uses simple geometric shapes and primary colors to communicate its
concept.
Keywords: Modern architecture. Modern Art. De Stijl. Piet Mondrian. Van Doesburg.
1 INTRODUÇÃO
A poética do De Stijl significa a busca por uma linguagem universal da arte que
se comunicaria por meio de formas geométricas de modo a repassar sua mensagem
a todos os públicos. No De Stijl, a universalidade era colocada acima da
individualidade, sendo criado um padrão de perfeição que ao ser aplicado, traria a
harmonia que o mundo, em guerra, necessitava. O conceito de universalidade
trabalhado pelo De Stijl declara a possibilidade de se conquistar a harmonia por meio
da utilização de formas essenciais universais. Dentro do quadro da Primeira Guerra
Mundial encontraremos o conflito entre o universal e o individual tanto no
neoplasticismo de Mondrian, quanto no De Stijl de Theo van Doesburg4, como uma
busca por uma cultura que transcende a tragédia do indivíduo através de sua ênfase
em leis imutáveis.
3 No texto original Dabney Townsend afirma: “De Stijl was the name of a journal founded by Theo van
Doesburg in 1917; the name was applied to movements in architecture and painting that emphasized
geometric shape and simplicity. It was related to cubism. De Stijl is associated with the
Bauhausmovement, and its most prominent painter was Piet Mondrian. Suchmovements as De Stijl
changed aesthetic expectations in the first halfof the 20th century from representational realism to
formalism”. TOWNSEND, Dabney. Historical dictionary of aesthetics. Oxford: The Scarecrow Press,
2006 p. 94.
4 É comum na produção acadêmica em língua inglesa utilizar os termos Neoplasticismo e De Stijl
como sinônimos. Em língua portuguesa os termos por vezes aparecem como relacionados à pintura,
caso do Neoplasticismo, e à arquitetura, caso de De Stijl.
2 REVISÃO DE LITERATURA
1.Há uma antiga e uma nova consciência da época. A antiga se volta para o
indivíduo, e a nova para o universal. O conflito entre o individual e o universal
reflete-se na Guerra Mundial tanto quanto na arte de hoje (...).3. A nova arte
revelou a substância da nova consciência da época: um equilíbrio semelhante
entre o universal e o individual. (DOESBURG; MONDRIAN apud FRAMPTON,
2015, p.171)
Esses três manifestos afirmavam uma tese fundamental: o individualismo, na arte como
na vida, é causa de ruína e desvio do justo; é preciso opor a ele a serena clareza do
espírito, que por si só pode criar o equilíbrio entre o “universal e o individual”. (DE
MICHELI, 2004, p. 249)
A harmonia não é encontrada apenas nas formas, mas também nas cores,
limitadas à paleta primária. A arte invade todos os campos da vida humana e na
arquitetura não é diferente. Estruturas massivas que almejam transmitir uma sensação
de leveza são características do movimento, que estudava a possibilidade de traduzir
para a arquitetura, uma arte tridimensional, os princípios da pintura bidimensional de
Mondrian. A conexão entre a pintura de Mondrian e a arquitetura do De Stijl é íntima.
A arquitetura do De Stijl busca a expressão da transcendência almejada por Mondrian
em sua pintura neoplástica.
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Sobre a utilização de elementos ortogonais, afirma Schoenmaekers: “Os dois opostos fundamentais
e completos que formam nossa Terra e tudo o que é dela são: a linha horizontal do poder, que é o
curso da Terra ao redor do Sol, e o movimento vertical, profundamente espacial, dos raios que se
originam no centro do Sol”. (DER LECK apud FRAMPTON, 2015, p. 172)
simples mudança de uma regra do neoplasticismo, mas como uma verdadeira volta as
forças arbitrárias das paixões, do individualismo, raiz de todos os males modernos. (DE
MICHELI, 2004, p. 250).
Figura 2: Piet Mondrian - Evening; Red Tree (1908–10) – óleo sobre tela - 70 × 99 cm -
Gemeentemuseum Den Haag, Holanda
Figura 3: Grey Tree (1911) Haags Gemeentemuseum, Hague
A nova arquitetura é anticúbica; ou seja, ela não procura prender as várias células
espaciais dentro de um cubo fechado, mas atirar as células espaciais funcionais... para
longe do centro... para fora, assim, a altura, a largura, a profundidade + o tempo tendem
a uma expressão plástica completamente nova em um espaço aberto. Dessa forma, a
arquitetura adquire um aspecto mais ou menos flutuante, como se fossem obras contra
as forças gravitacionais da natureza. (VAN DOESBURG apud CURTIS, 2008, p. 149).
A nova arquitetura declarada por Theo van Doesburg buscará fugir das
limitações do cubo branco. Seria preciso compreender que a concepção espacial de
uma arquitetura cúbica estaria limitada pelas paredes retas de seus lados. A nova
concepção de espaço do De Stijl conduziria ao aspecto flutuante remetido por
Doesburg. Na arquitetura do De Stijl encontramos, dessa maneira, a tentativa de
trazer leveza à estrutura maciça, ao grande quadrado concretado; com paredes que
parecem flutuar no espaço, que mantém um equilíbrio dinâmico mesmo na assimetria,
a exemplo da pintura de Mondrian. Como exemplo, citamos a Casa Schröder (1923-
1924) como sendo provavelmente a primeira edificação a incorporar esse conceito,
englobando intenções formais, iconográficas e espaciais, inclusive a aplicação das
cores primárias. Nela, portanto, encontramos a tentativa de executar a concepção
transcendente do Neoplasticismo.
Figura 6: Residência Rietveld Schröder, de Gerrit Rietveld (1924).
3 MÉTODOS
4 CONCLUSÃO
ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
CURTIS, W. Arquitetura Moderna Desde 1900. Trad. br. Alexandre Salvaterra. Porto
Alegre: Bookman, 2008.
DOESBURG, Theo van. The End or Art. In: BALJEU, Joost. Theo Van Doesburg.
New York: Macmillan Publishing Co, 1974.
DE MICHELI, Mario. As Vanguardas Artísticas. Trad. br. Pier Luigi Cabra. 3ª Ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2004.
TONNIES, Ferdinand. Comunity and Civil Society. Trad. Jose Harris and Margaret
Hollis. Cambridge University Press. Cambridge, 2001
APÊNDICE – LISTA DE FIGURAS
Piet Mondrian - Along the Amstel (1903) – óleo sobre cartão - 31 x 41 cm - Gemeentemuseum Den
Haag, Holanda
Piet Mondrian - Trees on the Gein: Moonrise (1908) Haags Gemeente Museum, The Hague
Piet Mondrian - Geinrust Farm in Watery Landscape (1905)
Piet Mondrian - Moulin au Soleil Rouge (1908)
Piet Mondrian - Evening; Red Tree (1908–10) – óleo sobre tela - 70 × 99 cm - Gemeentemuseum Den
Haag, Holanda
Piet Mondrian - View from the Dunes with Beach and Piers, Domburg (1909) – óleo e lapis sobre
cartão - Museum of Modern Art, New York City
Piet Mondrian - Grey Tree (1911) Haags Gemeentemuseum, Hague
Piet Mondrian - Flowing Apple Tree (1912)
Piet Mondrian - Still Life with Ginger Jar I (1911-1912) Haags Gemeentemuseum, Hague.