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LAUDO PERICIAL PSICOLÓGICO

BRANDA KNIPPEL PEREIRA DA COSTA


PSICÓLOGA PERITA CRP 05/53637

Process Nº XXXXXXXXXXXXXXX

Reclamante: Fulana de Tal


Reclamada: XPTO LTDA

DESCRIÇÃO DA DEMANDA

A presente perícia tem como objetivo verificar se a reclamante sofreu ou sofre de


Transtorno de Pânico, bem como, caso afirmada a patologia e consequentemente dano
se esse apresente nexo causal com condições de trabalho junto à reclamada.

MÉTODOS E TÉCNICAS

A Avaliação percicial foi agendada para o dia xx/xx/xxx às 10 horas na Avenida


xxxxxxxxx.

Nessa ocasião foi realizada a anamnese que investiga de maneira abrangente a história
de vida do indivíduo e foram verificadas as condições do estado mental da periciada, a
qual permite dectar qualquer evidencia de desordem emocional ou doenca psiquica
existene no período pré-mórbido. Dentro dos métodos utilizados foi empregada a
entrevista semiestruturada.

Para MATTOS (2005)1 na entrevista semiestruturada, o investigador tem uma lista de


questões ou tópicos para serem preenchidos ou respondidos, como se fosse um guia. A
entrevista tem relativa flexibilidade. As questões não precisam seguir a ordem prevista no
guia e poderão ser formuladas novas questões no decorrer da entrevista. Mas, no geral,
a entrevista seguirá o que se encontra planejado. As principais vantagens das entrevistas
semiestruturadas são as seguintes: possibilidade de acesso à informação além do que se
listou, esclarecer aspectos da entrevistas, gerar pontos de vista, orientação e hipóteses
para o aprofundamento da investigação e definir novas estratégias e outros instrumentos
(TOMAR, 2007 ).

Alem disso, foi aplicado o teste AS PIRAMIDES DE PFISTER, que tem como objetivo
avaliar diversos aspectos da personalidade do periciado. Também foram utilizados a
escala de Beck, instrumento que nede a intensidade da depressão, ansiedade,
desesperança e risco de suicidio e, a partir disso, avalia a presença e a intensidade dos
sintomas que podem comprometer o funcionamento de pessoas com transtornos
psicológicos – psiquiátricos.

Branda Knippel Pereira da Costa - Psicóloga CRP 05/53637


Branda@knippel.com
Tel: (21) 96479-7581
LAUDO PERICIAL PSICOLÓGICO
BRANDA KNIPPEL PEREIRA DA COSTA
PSICÓLOGA PERITA CRP 05/53637

DESCRIÇÂO

Fulana de Tal tem 54 anos, exerce a profissão de publicitária como autônoma na área de
comunicação, é casada há 17 anos e reside na cidade de Arco Íris.

Iniciou suas atividade laborativas na reclamada em xx/xx/xxxx e foi demitida em


xx/xx/xxxx.

O relacionamento da autora com os colegas de trabalho era “tranquilo”, mas com o


passar do tempo foi observado que sempre havia um funcionário “passando mal” em
função das atitudes do Sr. H., proprietário da reclamada, seus colegas eram humilhados
por ele, e de acordo com a reclamante, havia muita rotatividade na empresa.

Refere que exerceu diversas atividades junto à reclamada, e em xx/xxxx , o Sr. H


ofereceu-lhe o cargo de responsavel do departamento da empresa. Em consequencia do
cargo, a periciada começou a trabalhar diretamente com ele.

Fulana de tal relata que aceitou o cargo, mesmo sabendo da má reputação do Sr. H junto
aos empregados, ela mesmo já havia presenciado situaçoes constrangedoras, pois
segundo a periciada, ele constumava intimidar as pessoas.

É citado que diversas atividades desenvolvidas por ela eram frequentemente


desconsideradas pela chefia, no caso Sr. H, e o prazo para refaze-las era muito curto.

De acordo com Fulana, os sintomas de crise de pânico comecaram a aparecer em


xx/xxxx , relatando que os sintomas eram: sudorese nas mãos, alteração no batimento
cardíaco e dificuldade em concentração no trabalho.

Quando questionada sobre essa situação, a periciada informoi que não havia ninguem
para ouvir suas queixas ou até mesmo auxilia-la neste momento. Inclusive não podia
contar com a ajuda do Diretor Comercial, pois o mesmo mantia a mesma postura que o
Sr. H.

Em xx/xxxx , a periciada procurou o sindicato de classe de Arco Íris e verificou que


diversos direitos que possuia não estavam sendo cumpridos pela reclamada e que ela
poderia “demitir” a empresa, requerendo a recisão indireta. Procurou então o Sr. H com a
intenção de comunicar-lhe a decisão, quando então foi demitida.

A autora então foi em busca de um psiquiatra, informando que antes desse episódio não
havia feito nenhum acompanhamento. Consta apenas nos autos que, 5 dias antes à sua
demissão, havia procurado o atendimento emergencial da UNIMED e recebeu um
atestado que constava Transtorno de Pânico e que por isso necessitava de um dia de
repouso. Os demais atestados apresentados não mencionam nenhuma patologia ou CID
correspondente á esta efermidade.

Branda Knippel Pereira da Costa - Psicóloga CRP 05/53637


Branda@knippel.com
Tel: (21) 96479-7581
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Desde xx/xxxx faz acompanhamento psiquiatrico junto ao Dr. X , CRM xxxx/xx


Segundo Fulana de Tal, não existe nenhum histórico familiar com doeças psiquiátricas,
informando apenas que seu pai faleceu de cancer.

ANÁLISE

A reclamante permanceu por um ano e tres meses na reclamada. Conforme relato,


apesar de presenciar o descontentamento dos seus colegas perante o comportamento de
intimidação que o Sr. H, dispensava aos seus subordinados, a periciada encotrava-se
bem de saude. No entanto, nos ultimos cinco ou seis meses anteriores à sua demissão,
iniciaram os sintomas de Panico, que ela se refere à sudorese e alteração dos
batimentos cardiacos. Isso se agravou quando Fulana de Tal foi trabalhar diretamente
com o proprietário , ou seja, dois meses antes à sua demissão.

Verificando o inicio da patologia, xx/xxxx, considera-se que dificilmente a periciada


conseguiria permanecer com os sintomas de transtorno de panico por todo esse tempo
sem buscar auxilio médico, pois seria insuportável ou até mesmo improvavel conseguir
sair de casa para o trabalho, portanto, os sintomas e dinamica narrada não corrobam a
tese da existencia da patologia.

Para maior entendimento, apresento o conceito de Transtorno de Panico ( F 41.0)


conforme a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamentos (CID -10).

O Transtorno de Pânico caracteriza-se por ataques constantes de ansiedade grave, ou


seja, o pânico. Os sintomas dominantes variam de pessoa para pessoa. Quase
invariávelmente há também um medo secundáriode morrer, perder o controleou ficar
louco. Um individuo em um ataque de panico, frequentimente experimenta um crescendo
de medos e sintomas autonomos, o qual resulta em uma saída, usualmente apressada,
de onde quer que esteja. Essa patologia produz medo de ficar sozinha ou ir a lugares
públicos. O ataque de Panico com frequencia é seguido por um medo persistente de ter
outro ataque ( CID – 10 )2.

De acordo com Aragão (2015)3 , uma das características dessa patologia é fato de que
não existe um gatilho aparente ou fatores que possam desencadear uma crise, ou seja, a
pessoa está tranquila, desempenhando suas atividades cotidianas, em atividades de
lazer ou até mesmo dormindo, quando de repente do nada, emergem os sintomas.

No caso da autora, o descontentamento com o seu trabalho na reclamada e sua


permanecia sob condições de desconforto, geraram os sintomas descritos por ela,
principamente considerando as dificuldades de relacionamento com o proprietário que
poderia sim, estar intimidando Fulana de tal.

Branda Knippel Pereira da Costa - Psicóloga CRP 05/53637


Branda@knippel.com
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Em xx/xxxx , procurou o sindicato da categoria e verificou que havia vários direitos


trabalhistas que não estavam sendo cumpridos pela empresa e a partir desse momento,
foi aconselhada a fazer a recisão indireta, porem foi demitida antes que o fizesse.

Entende-se que Fulana de tal poeria ter desenvolvido os sintomas citados na inicail em
outras empresas com atividades que demandassem exigencias por parte de chefia ou en
sutuaçoes que fossem consideradas conflitantes e estressantes.

Observa-se que apesar da reclamante citar sintomas como sudorese nas mãos, alteração
de batimento cardíaco e dificuldade de concentração no trabalho, não buscou auxílio
médico aos primeiros sinais da patologia e sim orientações pertinentes aos seus direitos
trabalhistas. Lembrando que também informa que os sintomas melhoraram,
consideravelmente após a sua demissão.

Entende-se , que a periciada em função do ambiente de trabalho, realmente sentia-se


ansiosa ao tentar resolver os problemas existentes. Essa ansiedade pode ser
considerada normal, pois a preocupação, apreensão e o temor sçao comuns nesses
casos e nos cargos de tal responsabilidade.

É importante diferenciar-mos a ansiedade normal da ansiedade patológica, onde


podemos considerar normal a ansiedade que advem de uma resposta adaptativa do ser
humano frente a situações ameaçadoras, preparando o individuo para evitar a ameaça
ou atenuar suas consequencias. Quando nos referimos à ansiedade patológica, falamos
em um intenso grau de sofrimento para que esta adaptaçãp ocorra. O fato de conseguir
conviver com os sintomas durante cinco meses, demonstra que não houve um sofrimento
suficiente que a leva-se a desadaptação, ou seja, o período de adaptação ao sofrimento
mantendo suas atividades laborativas, mesmo que insuficiente, não apontam o
transtorno.

No entanto, não se pode ignorar que a relação conflituosa existente entre a reclamante e
sua chefia, em muitos momentos, tornou-se constrangedora. Apesar desse
comportamento não ser direcionado exclusivamente à ela, contribuiu para que se
sentisse insegura e insatisfeita com o seu trabalho. Isso foi um fator desencadeante para
o surgimento da ansiedade e consequentemente, o desconforto físico.

No que diz respeito ao resultado a aplicação das Escalas Beck, a periciada não
apresentou nenhum sinal de desordem emocional. Os inventários são compostos pelo
Inventário de Depressão (BDI) que mede a intensidade de depressão, Inventario de
Ansiedade (BAI) verifica a intensidade de ansiedade, Escala de Desesperança (BHS),
que é uma medida de pessimismo e oferece indícios sugestivos de risco de suicidio em
sujeitos deprimidos ou que tenham história de tentativa de suicidio e a Escala de Ideação
Suicida ( BSI ) que detecta a presença de ideação suicida, mede a extensão da
motivação e planejamento de um comportamento suicida.

Branda Knippel Pereira da Costa - Psicóloga CRP 05/53637


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QUESITOS DO JUIZO

1 – Existe ou não nexo causal?


- Prejudicado, uma vez que a pericia não identificou na periciada a patologia
alegada.

2- A patologia é ou não ocupacional?


- Prejudicado.

3- Há incapacidade para trabalho ?


- Não há incapacidade para trabalho.

4 – Existem sequelas ?
- Não

5 – Permanente ou Temporário?
- Prejudicado, uma vez que não existem sequelas.

6 – Teria desenvolvido independente das atividades laborativas ?


- Entende-se que Fulana de Tal poderia ter desenvolvido os sintomas citados em
outras empresas com atividades que demandassem exigencias por parte da
chefia ou em situações que considerasse estressantes.

QUESITOS DA RECLAMANTE

1 – A reclamante sofreu abalo psicológico em decorrencia do tratamento humilhante,


desrespeitodo e rigoso recebido por parte do proprietário da reclamada ( Sr. H) e do
Diretor Comercial ?
- A reclamante apresentou sintomas de ansiedades decorrentes do refetido
comportamento intimidador e descortês do Sr. H.

2 – a reclamante encontra-se em tratamento psicologico ou psiquiatrico ?


- Encontra-se em tratamento psiquiatrico e medicamentoso
3 – O assédio moral desencadeou alguma patologia ( Sindrome de Pânico, depressão,
etc.. ) ?
- Apesar de ter apresentado o atestado ( xxxx ) com o diagnóstico de trantorno de
panico, pela análise do processo, relatos da periciada e resultado dos testes, não
foram evidenciados os critérios de patologia alegada.
-
4 – O ambiente de trabalho era saudável ?

- De acordo com o relato da periciada , o ambiente de trabalho não era saudável.

Branda Knippel Pereira da Costa - Psicóloga CRP 05/53637


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QUESITOS DA RECLAMADA

1 – Qual é o tempo de vigencia do contrato de trabalho da reclamante com a reclamada?

- A periciada trabalhou de xx/xx/xxxx ou seja, um ano e dois meses e vinte e dois


dias.

2 – A reclamante é portadora de alguma doença psiquiátrica ?

- Favor, reportar-se ao quesito nº 3 da reclamante.

3 – Informe se a reclamante requereu e/ou gozou benefício previdenciário durante a


contratualidade da reclamada?

- Não consta nos autos e não foi refeerido pela autora o gozo de qualquer benefício
previdenciário.

CONCLUSÃO

Por todo o exposto acima, entendemos que a periciada não preencheu os critérios para
um diagnóstico de Transtorno de Pânico. Entretanto, em função das condições de
ambiente de trabalho, a periciada passou por momentos que lhe causaram ansiedade,
decepção e apreensão, mesmo não havendo dano psiquico grave, é inegável que houve
um abalo emocional.

Branda Knippel Pereira da Costa - Psicóloga CRP 05/53637


Branda@knippel.com
Tel: (21) 96479-7581

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