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Wallacy Albino

www.ufo.com.br
Wallacy Albino

Ficha Técnica da Obra

Editor:  A. J. Gevaerd


Redação de texto: Fabrina Martinez e Danielle R. Oliveira
Revisão de texto: Fabiana Silvestre
Tradução de texto: Marcos e Martha Malvezzi Leal
Concepção de capa: A. J. Gevaerd
Projeto e artefinal: Equipe UFO
Elaboração de ilustrações: Daniel Fontoura Gevaerd
Arquivo de fotos: Wallacy Albino e CBPDV

Depósito legal na Biblioteca Nacional (Decreto n° 1.825 de 20/12/1.907).


Dados internacionais para catalogação na publicação do
Departamento Nacional do Livro:

A336 Albino, Wallacy,


O mistério dos círculos ingleses / Wallacy Albino. –
Campo Grande : CBPDV, 2002.
264p. ; 22cm.

ISBN 85-87362-13-5

1. Discos voadores. I. Centro Brasileiro de Pesquisas


de Discos Voadores. II. Título.

CDD 001.942

Todos os direitos desta edição reservados ao:


Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV),
Caixa Postal 2182, 79008-970 Campo Grande (MS), www.ufo.com.br.

Nenhuma parte desta obra, incluindo suas artes e fotos, poderá ser reproduzida ou
transmitida através de quaisquer meios eletrônicos, mecânicos, digitais ou outros que venham
ainda a ser criados, sem a permissão expressa e conjunta do autor e do editor.

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O Mistério dos Círculos Ingleses

Wallacy Albino

www.ufo.com.br

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Wallacy Albino

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O Mistério dos Círculos Ingleses

Dedicatória
Dedico esse livro ao meu querido e inesquecível pai,
Rivaldo Fidalgo Albino (1936-1990), que deixou muitas saudades
após sua partida. E a todos os meus familiares e amigos,
que me incentivam a continuar com minhas pesquisas
na tentativa de desvendar os inúmeros mistérios
existentes em nosso Universo...

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Wallacy Albino

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O Mistério dos Círculos Ingleses

Quem é Wallacy Albino

W
allacy Albino nasceu em 08 de novembro de 1968, na cidade de
Santos (SP). Seu interesse por Ufologia começou com dois avista-
mentos no início da década de 80. Em 1985, fundou o Grupo de
Estudos Ufológicos de Santos (Geufos), que manteve intensas pesquisas
no litoral paulista e no Vale do Paraíba, encerrando suas atividades dois
anos mais tarde. Em 1994, foi diretor-geral do Grupo Ufológico do Guarujá
(GUG), exercendo o cargo até 1999. Dois anos depois, Wallacy participou das
investigações do Caso Varginha, no sul de Minas Gerais, ocorrido em 1996 e
considerado uma das principais ocorrências ufológicas do Brasil.
Em 1997, realizou diversas pesquisas no Caribe, considerado um local de
intensa atividade ufológica. Em seguida, foi o principal pesquisador dos casos
relacionados com os ataques do Chupacabras na região do litoral paulista.
Foi também o primeiro ufólogo brasileiro a pesquisar a intensa casuística no
arquipélago de Fernando de Noronha (PE). Já em 1999, integrou o Instituto
Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (INFA), exercendo o
cargo de diretor de pesquisas. Atualmente, Wallacy faz parte do seleto grupo
de consultores da Revista UFO e é presidente do Grupo de Estudos Ufológicos
da Baixada Santista (GEUBS), fundado em 2000, hoje uma das entidades do
gênero mais atuantes no Brasil.
Durante este período, editou o informativo Hangar 18, produziu e
apresentou na cidade do Guarujá o programa semanal Contato UFO, de
rádio e tevê, além de ter realizado pesquisas
de campo e vigílias noturnas. É produtor, em
parceria com a empresa Zetek Software Ltda.,
do CD-ROM Contato UFO, o mais completo
sobre Ufologia já lançado em português, além
de criador do Prêmio Cindacta, que homena-
geia os melhores trabalhos ufológicos desen-
volvidos no Brasil. Desde 1998, é o diretor
regional da entidade norte-americana Mutual
UFO Network (MUFON) em toda a extensão
do litoral do Estado de São Paulo.

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Wallacy Albino

Desde o início da década de 90, Wallacy desenvolve um importante tra-


balho sobre o misterioso fenômeno dos círculos ingleses, tema escolhido para
este livro e para as palestras que vem ministrando em diversos congressos
brasileiros. Já escreveu algumas matérias para revistas especializadas no Fenô-
meno UFO, além de ter produzido, juntamente com o ufólogo Marco Antonio
Petit, o documentário Círculos Ingleses: o Enigma Continua..., reunindo um
vasto acervo sobre o tema que resultou nesta obra.

Endereço do autor:
R. Manoel Fernandes Jr, 157
Vila Maia, Jardim Ideal
11410-110 Guarujá (SP)
wallacyalbino@uol.com.br

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O Mistério dos Círculos Ingleses

Agradecimentos do autor

G
ostaria de fazer inúmeros agradecimentos a pessoas e instituições que
me ajudaram a elaborar esta obra. Entre eles, o pesquisador e amigo
A. J. Gevaerd, pela publicação deste livro na Coleção Biblioteca UFO, e
à Revista UFO, pela coragem de manter esta árdua batalha em prol da
divulgação da Ufologia em nosso país.
Reconheço as contribuições recebidas e agradeço aos pesquisadores Aldo
Novak, Alexandre Gutierrez, Antonio Faleiro, Arismaris Dias, Atílio Coelho, Carlos
Machado, Carlos Reis, Claudeir Covo, Dino Nascimento, Edson Boaventura,
Eustáquio Patounas, Francisco Varanda, Jamil Vila Nova, Jefferson Martinho,
José Estevão de Morais, José Ricardo Dutra, Josef David, Júlio Goudard, Luciano
Stancka e Silva, Marco Petit, Marco Túlio Chagas, Marcos Silva (†), Mario Rangel,
Philipe David, Rafael Cury, Renato Azevedo, Ricardo Varela, Roberto Beck,
Rodolfo Heltai, Thiago Ticchetti, Ubirajara Rodrigues, Vanderlei D’Agostino,
Walter de Oliveira. E a todos os incansáveis ufólogos brasileiros. Agradeço
também a Marcos e Martha Malvezzi Leal, pela laboriosa tradução de textos.
Entre os estudiosos internacionais que ajudaram e inspiraram minha
jornada, que resultou na presente obra, um merece especial citação: o brilhante
ufólogo britânico Colin Andrews, por continuar pesquisando e divulgando o
fenômeno dos círculos ingleses em todo o mundo.
Igualmente, também desejo agradecer toda a colaboração recebida do
Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (INFA), do
qual, com muita honra, faço parte, e a todos os grupos de Ufologia do Brasil,
que mesmo sem qualquer tipo de ajuda financeira continuam pesquisando
e divulgando o Fenômeno UFO. Continuem na luta!
Em especial, agradeço o apoio que recebi de toda equipe do Grupo de
Estudos Ufológicos da Baixada Santista (GEUBS): André Albino, Cláudio
Beltrame Monteiro, Homero Juliano F­ilho, Jamil Vila Nova, Karina Batista,
Marcelo de Araújo Barros, Marcos Guimarães Salgado, Renato Martins,
Renato Oliveira, Roberto Luiz Rabelo, Rodrigo Branco e Tatiana Corrales.
Desejo a todos muito sucesso nessa nossa jornada.
Por fim, agradeço a minha querida Juliana Seito Menks, a melhor de
todas as minhas descobertas!

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Wallacy Albino

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O Mistério dos Círculos Ingleses

O que é a Biblioteca UFO

A
coleção Biblioteca UFO é uma iniciativa inédita em nosso país, que
surgiu em 1998 com o objetivo primordial de ser uma série produzida
majoritariamente pelos ufólogos brasileiros que realmente constroem
esta disciplina e a mantêm firme no país, e por selecionados autores estran-
geiros. A coleção veicula obras que visam abastecer a Comunidade Ufológica
Brasileira com informações profundas e atuais, tão escassas hoje em dia,
sobre o chamado Fenômeno UFO. Para tanto, adota como principal critério
de seleção de seus autores não sua fama ou prestígio, mas a qualidade e im-
portância de sua pesquisa. São escolhidos aqueles cujos trabalhos constituem
verdadeira contribuição ao entendimento da questão ufológica, independente
de serem conhecidos ou renomados.
Os mais variados temas ufológicos têm sido tratados regularmente nas obras
da série, desde o fenômeno das abduções até a casuística avançada, nacional e
mundial, e a presença de extraterrestres em nosso folclore. Este foi, a propósito,
seu livro inicial, O Povo do Espaço, de Paulo Carvalho Neto. Em 1998, ele já
mostrava que casos ufológicos mal interpretados foram incorporados por
nossos antepassados às suas crenças. Quatro anos depois, Antonio Faleiro
aprofundou tal debate ao publicar UFOs no Brasil: Misteriosos e Milenares.
Com uma diferença: Faleiro vai mais fundo na questão casuística, especialmente
por ter protagonizado vários contatos com nossos visitantes.
Temas exóticos, como a origem da raça humana, seu relacionamento com
seres espaciais e a captura de alienígenas em
nosso país, também já foram tratados em nos-
sos livros. No primeiro caso, Terra: Laboratório
Biológico Extraterrestre, de Marco Petit, tratou de
um dos maiores questionamentos da Ufologia:
somos descendentes de ETs? No segundo, O
Caso Varginha, de Ubirajara Franco Rodrigues,
apresentou-se em detalhes o caso de maior
repercussão de que se tem notícia atualmen-
te, envolvendo a captura de estranhas criaturas
em nosso país. Raptos de seres humanos e sua

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Wallacy Albino

manipulação por aliens também foram abordados em outras obras, como em


Sequestros Alienígenas: Investigando Ufologia com e sem Hipnose, de Mário
Rangel, que apresenta uma vasta miríade de casos do gênero, e Implantes
Alienígenas: Somos Cobaias de ETs?, do norte-americano Roger Leir.
Alguns títulos da coleção Biblioteca UFO fizeram tanto sucesso que hoje
estão esgotados. Verdades que Incomodam, em que Alberto Romero reuniu
os aspectos mais intrigantes e questionáveis da Ufologia, e Um Homem
Marcado por ETs, em que o abduzido Antonio Tasca narrou um episódio
ufológico surpreendente, são alguns deles. Outros de nossos títulos são
ETs, Santos e Demônios na Terra do Sol, do escritor Reginaldo de Athayde,
que apresentou a surpreendente casuística ufológica nordestina, Quedas de
UFOs, de Thiago Luiz Ticchetti, que nos traz uma profunda pesquisa acerca
dos acidentes com discos voadores em nosso planeta, e Na Pista dos UFOs,
sobre a intensa casuística mineira.
A internacionalização da Biblioteca UFO aconteceu na última edição,
quando foi escolhido o livro de Roger Leir, Implantes Alienígenas, para inau-
gurar sua nova fase. Chegou-se a esse ponto para que fosse possível conferir
maior maturidade à série, além da constante melhoria de nossa qualidade
editorial e gráfica, como se constata nesta edição. A coleção passa neste mo-
mento por um fortalecimento que tende a regular sua periodicidade, sempre
com obras de caráter informativo inquestionável e procedentes de estudiosos
com reconhecida habilidade na pesquisa do Fenômeno UFO. Todas preten-
dem manter elevado o debate que se faz sobre Ufologia em nosso país, a que
nosso leitor já está habituado.
No presente trabalho, o ufólogo paulista Wallacy Albino nos mostra a
intimidade de um dos fenômenos mais intrigantes da atualidade: os círculos
nas plantações inglesas. Seu lançamento já estava previsto desde o início
desse ano, mas tomou mais corpo com a fantástica exposição que o filme
Sinais recebeu em nosso país. Os círculos ingleses são legítimos, e não uma
fraude, como mostrará Wallacy. E são a mais clara indicação de que nossos
visitantes extraterrestres tentam comunicar-se conosco, ainda que de maneira
tão inusitada quanto mensagens desenhadas em plantações.

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O Mistério dos Círculos Ingleses

Nossos lançamentos anteriores


A Coleção Biblioteca UFO tem até o momento 12 obras editadas, incluindo
a presente. Sua aceitação pela Comunidade Ufológica Brasileira é tão
positiva que duas edições da série já estão esgotadas. As obras abaixo
compõem a coleção e podem ser obtidas através do site www.ufo.com.br,
do telefone (67) 341-5445 ou do fax (67) 341-0245.

tado tado
Esgo Esgo

Março de 1998 Junho de 1998 Abril de 1999 Setembro de 1999

Maio de 2000 Agosto de 2000 Maio de 2001 Setembro de 2001

Fevereiro de 2002 Maio de 2002 Junho de 2002

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Wallacy Albino

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O Mistério dos Círculos Ingleses

Sumário

 Prefácio Convidado – Um Enigma a Ser Desvendado 19

 Prefácio do Autor – Fenômeno que Ninguém Explica 23


 Introdução – Incansável Busca por Respostas 27
 Capítulo 01 – Supostos Autores dos Círculos 35
 Capítulo 02 – Os Misteriosos Enigmas do Planeta 53
 Capítulo 03 – A Ligação dos Círculos com UFOs 67
 Capítulo 04 – Análise das Formações Inglesas 79
 Capítulo 05 – Mistérios no Brasil e Mundo Afora 101
 Capítulo 06 – Uma Mensagem das Estrelas 117
 Capítulo 07 – Contagem Regressiva para o Contato? 133
 Capítulo 08 – A Opinião dos Ufólogos e Estudiosos 145
 Capítulo 09 – As Incríveis Formações de 2002 171
 Conclusão – Estamos Perto de uma Resposta 193
 Apêndice – Referências sobre os Círculos Ingleses 199

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Wallacy Albino

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O Mistério dos Círculos Ingleses

“perder
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem
o bem que poderíamos conquistar,
se não fosse o medo de tentar

— William Shakespeare

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Wallacy Albino

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O Mistério dos Círculos Ingleses

Prefácio Convidado

Um Enigma a ser
Desvendado
“Tente mover o mundo. O primeiro
passo será mover a si mesmo”.
— Platão

Rafael Cury

I
nicialmente, gostaria de parabenizar toda a Equipe UFO pela
grande contribuição que vem prestando à pesquisa ufoló-
gica brasileira e internacional. Através dos vários títulos pu-
blicados, temos a oportunidade de conhecer melhor o traba-
lho de importantes nomes da Ufologia, dentre eles Wallacy
Albino. Recebi com grande orgulho seu convite para prefaciar
este livro, já que tenho acompanhado sua trajetória nesta área
há muito tempo, através de suas inúmeras realizações. Fui,
inclusive, um dos incentivadores na criação do Grupo de Es-
tudos Ufológicos da Baixada Santista (GEUBS), um dos mais
expressivos da Comunidade Ufológica Brasileira. Após tantos
anos, fico feliz ao ver que Wallacy e sua equipe estão fazendo
história na Ufologia.
Destaco aqui os importantes eventos criados e reali-
zados pelo grupo, como o Simpósio Ufológico da Baixada
Santista, que está em sua terceira edição, o Encontro Ufo-

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Wallacy Albino

lógico de Peruíbe, o Prêmio Cindacta, a realização do pro-


grama Contato UFO, transmitido todos os domingos pela
Rádio Sol Maior FM, na Baixada Santista, o vídeo Círculos
Ingleses: O Enigma Continua... e o CD-ROM Contato UFO,
além de textos publicados na Revista UFO e outras tantas
pesquisas importantes. Tudo isso faz do amigo Wallacy
um dos mais importantes ufólogos brasileiros. Ainda mais
agora, com a publicação deste livro, que nos levará a uma
profunda reflexão sobre um dos mais polêmicos enigmas
de todos os tempos, os círculos ingleses.
Quiseram os deuses que o palco principal desse fenômeno
fosse a Inglaterra. A Inglaterra de Stonehenge, dos druidas,
do mago Merlyn, do rei Arthur, dos Beatles, entre outros. Um
dos primeiros registros de aparições dos círculos ocorreu em
1991, na região de Barbury Castle, e representava a cópia exata
do famoso Diagrama de Mandelbrot, descoberto pelo matemá-
tico francês e professor da Universidade de Cambridge Benoit
Mandelbrot. Esse foi o início de uma série de marcas que se
renovam anualmente e que fazem com que novas perguntas
apareçam. Mas qual é o significado destes sinais? Que tipo de
tecnologia cria este fenômeno? Seriam os seres extraterrestres
os responsáveis por isso?
Wallacy Albino expõe o assunto em detalhes, mas ainda
há um mistério maior a desvendar. Com certeza, o leitor terá
um conjunto de informações para a melhor compreensão deste
enigma. A grande maioria dos círculos demonstra uma lingua-
gem conhecida. As simetrias são perfeitas, os desenhos atingem
centenas de metros e aparecem num piscar de olhos. Além
disso, não existem testemunhas. Já pudemos registrar figuras
que simbolizam os fractais, linguagens binárias, o Sistema Solar,
mandalas e desenhos geométricos complexos. Diante disso,
nos resta uma reflexão: estariam os alienígenas tentando se
comunicar com a Humanidade através dos círculos ingleses?
Para muitos pesquisadores, a resposta é sim. E você leitor, o
que pensará sobre isso após a leitura desse livro?

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O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia do Autor

O fenômeno dos
círculos espanta
até mesmo
os céticos,
devido a sua
complexidade e
geometria

Gostaria, por fim, de agradecer mais uma vez o autor


Wallacy Albino pela oportunidade de manifestar algumas pou-
cas palavras neste prefácio e deixar o mais importante para as
próximas páginas. A Ufologia Brasileira agradece. Parabéns a
Wallacy por nos presentear com mais este importante traba-
lho. Aos leitores, desejo sabedoria, responsabilidade e reflexão
em suas conclusões.

— Rafael Cury é coeditor de UFO,


presidente da Associação Nacional dos
Ufólogos do Brasil (ANUB) e
do Núcleo de Pesquisas
Ufológicas (NPU)

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Wallacy Albino

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O Mistério dos Círculos Ingleses

Prefácio do Autor

Um Fenômeno que
Ninguém Explica
“O pensamento só começa quando
há sinais de dúvidas”.
— Roger Martin

E
m meados de 1990, conheci o maravilhoso mistério que
estava ocorrendo na região sul da Inglaterra. Desde en-
tão, acompanhei e cataloguei as formações que vinham
surgindo a cada ano naquele país, colecionando materiais
através de revistas importadas ou de sites, criando um acervo
fotográfico das principais formações da última década. Tam-
bém reuni documentários lançados em vídeo e alguns livros.
Nos meus 15 anos de pesquisas ufológicas, esse mistério é o
que mais me intriga.
Quanto maior a ânsia por respostas, mais indecifrável
o fenômeno se torna. Acredito que se trate de mensagens
alienígenas, transcritas de maneira assustadoramente bela.
As imagens reproduzidas nos campos são construídas de
forma simetricamente perfeita, os caules são dobrados e
entrelaçados harmonicamente, sendo que algumas vezes
chegam a ter efeito tridimensional, quando observados de
grandes altitudes. Mas como não podia deixar de ser, este
fenômeno gera muitas perguntas e quase nenhuma resposta.

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Wallacy Albino

São obras de arte criadas apenas para nos intrigar e talvez


não tenham significado algum ou seus autores estejam nos
ensinando algo ainda desconhecido.
É um dos poucos fenômenos, ou quem sabe o único,
que obedece a uma certa disciplina em relação ao período de
formação, ou seja, no verão europeu, que começa em abril e
vai até o início de setembro, com ápice nos meses de junho e
julho. Não há dúvidas de que as imagens vão surgir, mais belas
e complexas e que ficaremos mais uma vez na expectativa. Tudo
ocorrerá como antes: de forma silenciosa, noturna e misterio-
sa. Esta obra não tem como objetivo desvendar os círculos,
mas a intenção de gerar uma reflexão sobre o assunto, por
isso apresento as variações desse mistério – palavra que traduz
perfeitamente os símbolos.
As formações começaram de forma modesta e evoluíram
para complicadas imagens, com mensagens subliminares e co-
dificadas, respostas diretas a fraudes, rostos humanos e, por fim,
a face de um alienígena. De formações esporádicas aumentaram
para formações em massa, que crescem a cada verão. Mas esse
é um mistério que está além de nós, seres humanos. Na ausência
de uma resposta completa para tal enigma, ofereço a você, leitor,
todas as informações disponíveis sobre o assunto e peço que me
acompanhe nessa busca.
A melhor abordagem para a resolução desta charada é
a intensa pesquisa e a contínua reflexão. Amparado no vasto
banco de dados que me permitiu escrever esse livro, agora peço
a você que me siga, na tentativa de compreendermos, juntos,
esse impasse genuíno, emocionante, e, acima de tudo, científico.
Lembre-se de manter sua mente aberta para as possibilidades,
que são muitas, quando penetramos cada vez mais profunda-
mente no mistério dos círculos.
Alguém já disse, no passado, que não devemos nos deter
ante a incompreensão dos fenômenos que nos rodeiam. Mas,
em vez disso, vamos usar nossas limitações para buscar subsí-
dios que nos permitam ampliar nossos horizontes. Os círculos

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O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia do Autor

A complexidade
dos círculos tem
aumentado
a cada ano,
indicando
claramente
que se tratam
de sinais
inteligentes

ingleses são um excelente pretexto para isso: acontecem com


regularidade, não apenas esporadicamente, e podem ser medi-
dos, fotografados e examinados cuidadosamente. É até mesmo
possível andar dentro deles.
Mais que isso, os círculos podem ser estudados sob todos
os ângulos do conhecimento humano, quiçá como uma nova
forma de comunicação que, involuntariamente, estamos vendo
ser estabelecida entre seres extraterrestres e nós, humildes e
atônitos mortais terrestres.

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Wallacy Albino

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O Mistério dos Círculos Ingleses

Introdução

Incansável Busca
por Respostas
“Se não existe vida fora da Terra, então o Universo
é um grande desperdício de espaço”.
— Carl Sagan

R
aros foram os dias do verão europeu em que não surgi-
ram relatos de fazendeiros indignados, cujas plantações
tinham sido o alvo de um fenômeno inexplicável. À
noite, fileiras e mais fileiras de milho, trigo e outros cereais
cultivados ficavam achatados, revelando à luz do dia misterio-
sos desenhos. Alguns eram pequenos, outros maiores e mais
complexos. O mistério ganhou a atenção pública. Milhares de
pessoas vinham de todas as partes do planeta, cada uma es-
perando ver um círculo nas plantações. Ou, melhor ainda: ver
quando e como eram feitos. Nem o primeiro ministro escapou
ao furor do episódio.
Em um dos casos mais notáveis, uma formação circular
apareceu na plantação da casa de campo de John Major, surgida
dentro de uma área cercada contra terroristas, por medida de
segurança. A imprensa especulava. Numa manchete, afirmava:
“Agora explique isto”. Alienígenas tinham aterrissado na resi-
dência onde o ministro passava as férias? Ou brincalhões esper-
tos haviam burlado o esquema de segurança? Uma declaração

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Wallacy Albino

oficial atribuiu o desenho a “condições de empobrecimento do


solo”. Diariamente, as notícias sobre o aparecimento de mais
formações se acumulavam, acompanhadas de avistamentos
de UFOs e abduções.
Mas o verão acabou. Chegou o mês de setembro e os fa-
zendeiros colheram a safra. O interesse da mídia foi diminuindo.
Ufólogos e pesquisadores sérios, no entanto, permaneceram
resolutos, nem a descrença do público os desanimava. Embo-
ra os jornais nacionais não estivessem mais trazendo matérias
sobre a ligação dos círculos com os UFOs, muitas pessoas
ainda sustentavam a ideia, explicando que o fenômeno esta-
va relacionado à visita de seres alienígenas. Um entusiasmado
turista norte-americano, apaixonado pela teoria extraterrestre,
fez sua própria formação num campo, soletrando: “Talk to us”
[Falem conosco].
Um fazendeiro ficou muito aflito quando, poucos dias
depois, sua plantação de milho foi novamente afetada pela res-
posta à mensagem, que ocupou um grande trecho do campo
e apareceu escrita em hebraico. Apesar das gozações e da im-
prensa hostil, os pesquisadores afirmavam que muitas perguntas
permaneciam sem resposta. Foi a partir dos anos 70 que os
fazendeiros começaram a descobrir formações circulares, que
vinham surgindo misteriosamente, durante a noite, nas plan-
tações de cereais, no interior da Inglaterra. As figuras eram
construídas em absoluto silêncio, durante poucas horas. Não
havia marcas visíveis ou qualquer indício de seus autores. Atu-
almente, os desenhos continuam aparecendo, cada vez mais
complexos, mas seus criadores não. O mundo começou a
tomar conhecimento dos círculos ingleses a partir da década
de 80, apesar de já existirem há séculos, como comprovam
relatos datados do século XVI.
As primeiras formações circulares eram extremamente
simples, reforçando a suspeita inicial dos fazendeiros locais
de que as estranhas circunferências fossem marcas causadas
pelos helicópteros da Royal Air Force (RAF), a Força Aérea

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O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Colin Andrews

Os fazendeiros
das áreas
atingidas, ao
percorrerem
suas plantações
nas manhãs do
verão inglês,
quase sempre
se deparam
com estranhas
figuras,
produzidas de
forma misteriosa
na noite anterior

Britânica, que realizava manobras sobre as plantações. Voando


com as hélices para baixo, eles desciam no meio das lavouras e
marcavam o lugar. Aproveitando-se dessa suposta explicação,
alguns fazendeiros ingleses – revoltados com o prejuízo em suas
colheitas – processaram o governo britânico, exigindo uma
indenização pelos prejuízos às suas colheitas.
O governo britânico – que não se responsabilizou pelas
figuras –, por sua vez, tornou a questão pública, desmentiu vee-
mentemente os fazendeiros e se isentou da culpa. E, para provar
que não estava envolvido naquele incidente, ofereceu um prêmio
de cerca de um milhão de libras esterlinas, algo em torno de
R$ 4,8 milhões (de acordo com a taxa do dia 10 de setembro
de 2002), para quem encontrasse o responsável pelos círculos,
ou que ao menos apresentasse alguma pista. Décadas depois,

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Wallacy Albino

o prêmio continua engavetado, esperando pelos verdadeiros


autores do fenômeno, se é que irão atrás do dinheiro.
Diversos ufólogos e pesquisadores fizeram vigílias e acam-
pamentos nos locais de grande intensidade do fenômeno, em-
bora houvesse casos de círculos gigantescos que surgiram
sem que ninguém tivesse ouvido ou visto qualquer coisa. Sim-
plesmente apareceram. Nestes locais, ou em sua proximidade,
nunca foram encontrados quaisquer traços ou pistas que indi-
cassem como foram feitos ou por quem. Não há pegadas de
pessoas ou marcas de pneus de veículos, nem sinal de que as
plantas em seu interior tenham sido manipuladas por humanos.
Até hoje, é absolutamente certo que qualquer um que se dirija
para as regiões de maior incidência, principalmente nos meses
de abril até o começo de setembro, em especial nos meses
de junho e julho – ápice do fenômeno –, encontrará dezenas
dessas formações.
Consideradas verdadeiras obras de arte por estudiosos e
especialistas, estima-se que cerca de 12 mil figuras tenham sido
descobertas no mundo, sobretudo no sudoeste da Inglaterra
(próximo à região de Stonehenge), onde a porcentagem de in-
cidência destas figuras chega a 90% dos círculos já encontrados.
Os outros 10% foram descobertos na Austrália, Estados Unidos,
França e Canadá. De forma simplista, se poderia dizer que os
círculos ingleses são um emaranhado de formas geométricas de
diversos tamanhos, dispostas de maneira organizada. Em casos
extremos, trata-se de círculos compostos por mais de 400 figu-
ras geométricas perfeitamente dispostas, numa extensão além
de 500 m de comprimento. Assim como em outros casos, os
estudiosos – incluindo os do governo britânico –, ufólogos e pes-
quisadores não possuem a menor ideia de como foram criados.
Nem mesmo os investigadores que acompanham os apa-
recimentos desde o começo da década de 80 se atrevem a
esboçar alguma explicação para o fenômeno. Todavia, um dos
maiores pesquisadores da área, Colin Andrews, tem se dedicado
à elucidação desta questão, financiado pela Fundação Lawrence

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O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Crop Circle Connector

Círculos
simples foram
aos poucos
dando lugar a
figuras mais
complexas,
formadas por
vários objetos
simétricos

Rockfeller, que apoia pesquisas não convencionais com grandes


investimentos, mas sem resultados concretos sobre este fenô-
meno. Outras duas organizações vêm estudando as formações,
como o Center for Crop Circles Studies [Centro para o Estudo
dos Círculos Ingleses] e outra conhecida apenas como Adas
Ltd., que trabalha em parceria com o Ministério da Agricultura
inglês. Uma de suas descobertas foi a de que os solos adquiriram
uma quantidade anormal de hidrogênio, após cada formação, o
que só seria possível se o mesmo recebesse uma carga elétrica
extremamente alta.
Colin montou uma equipe interdisciplinar para investigar
profundamente os círculos, contratou ex-agentes policiais e dete-
tives britânicos para que vasculhassem o local, minuciosamente,
a fim de descobrir quem ou o que criou tal figura. Eles seguiam
o procedimento de averiguar a área detalhadamente a cada ima-
gem surgida. Este esforço acabou sendo um dos elementos que
mais reforçou a hipótese alienígena, pois não foi possível encontrar
o menor vestígio de ação humana. “Isso significa, simplesmente,
que se os círculos não são feitos pelo homem então temos que
aceitar que alguém que não é da Terra os está produzindo”,
afirmou Colin. Normalmente as figuras aparecem à noite. E
quem quer que seja o autor não tem apenas dotes artísticos,
mas também sobrenaturais, pois realiza o que quiser sem que

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Wallacy Albino

outras pessoas percebam. Talvez esse dado seja um dos grandes


indícios para este fenômeno ser associado à Ufologia. Afinal, já é
mais do que conhecido que durante as abduções os alienígenas
apagam a lembrança das pessoas. É bem provável que seja
dessa forma que consigam estar a uma pequena distância de
acampamentos de vigília, realizando enormes desenhos, sem
serem notados. Por mais fantástico que isso possa parecer, o
misterioso surgimento é um fato e não uma especulação.
Com o passar dos anos, as imagens foram se tornando
cada vez mais complexas e inexplicáveis. Primeiro surgiam ape-
nas círculos simples, logo depois circunferências duplas, triplas,
círculos com anéis interiores e externos, tangentes entre si ou
interligados, formações triangulares, figuras ovais, desenhos em
espirais e várias outras combinações. Algumas dessas figuras
eram imensas, comparadas ao tamanho de um campo de fu-
tebol. A região sul da Inglaterra é a área de maior incidência do
fenômeno, principalmente nos condados de Wiltshire e Hamp-
shire. Grande parte das figuras envolve formações circulares
e, como as primeiras imagens que surgiram nas plantações
eram apenas circunferências simples, decidiu-se que o nome
do fenômeno deveria ser crop circles, que significa círculos nas
plantações. Mas o nome do fenômeno não é suficiente para
defini-lo, uma vez que há uma enorme quantidade de figuras
geométricas complicadas, interpostas umas às outras, com in-
crível perfeição e simetria.
Os desenhos parecem ser específicos a cada ano, quase como
capítulos num livro. Em 1994, por exemplo, houve uma prolifera-
ção de insetogramas, figuras em forma de escorpiões, aranhas,
teias de aranhas e outros insetos. Em 1993, houve a incidência
de padrões geométricos. Muitos tinham que ser observados do
alto, para que fosse possível colocar toda a figura no campo de
visão e, assim, ser notado o impressionante nível de elaboração
matemática de sua formação. Os fazendeiros, por conseguinte,
deixavam de relatar o surgimento das figuras para evitar que
centenas de curiosos invadissem suas propriedades, pois o

34
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Crop Circle Connector

Algumas figuras
causam espanto
pela composição
geométrica e por
sua inusitada
beleza

excesso de visitas fazia com que boa parte da plantação aca-


basse sendo pisoteada pela multidão, que caminhava sobre
ela até chegar no centro dos círculos. Em razão disso, até hoje
não se tem uma estimativa exata de quantos desenhos já surgi-
ram. Em 1995, os padrões pareciam sugerir sistemas solares,
cinturões de asteroides e outras figuras planetárias. Em 1996,
predominaram as figuras espirais.
Recentemente, alguns proprietários começaram a tirar pro-
veito da situação e passaram a cobrar taxas das pessoas que
desejavam caminhar até o local das formações. Estudiosos garan-
tem que, ao investigar os novos círculos, se esforçam para não
destruir as plantas que estão intactas. “Lamentamos a perda dos
fazendeiros, mas o fenômeno deve ser investigado custe o que
custar”, ressaltou o britânico Robin Cole, presidente do grupo
Circular Forum Society e um dos mais experientes circólogos
do mundo. Alguns fazendeiros resolveram o problema cobrando
uma espécie de pedágio, que varia de R$ 1 a R$ 10 – depen-
dendo da complexidade da figura e da quantidade de pessoas
que desejasse vê-la. Com isso, é possível encontrar proprietários
que ganham mais dinheiro com os desenhos do que com suas
atividades habituais, até porque 90% dos círculos autênticos
aparecem quase sempre nas mesmas áreas, todos os anos. Um
desses proprietários chegou a dar a seguinte declaração para

35
Wallacy Albino

uma equipe de tevê da rede BBC: “Não faço a menor ideia de


quem fez isso na minha propriedade, mas estou extremamente
contente com o resultado e espero que eles continuem por muito
tempo com esse trabalho”.
As formações surgem, principalmente, nas plantações de
trigo, cevada, soja, centeio, milho e canola [Cereal usado para
extração de óleo, base para a produção de margarina]. Os cau-
les destas plantas, quando entortados, se quebram facilmente,
atingindo 90º. Isso ocorre entre 20 a 80% da altura total da
planta. Uma característica deste fenômeno é que, quando o
caule é entortado, não é possível desentortá-los, pois há o risco
de quebrá-los. Outro fator interessante é que esses caules tam-
bém permanecem com seu desenvolvimento normal, crescendo
rasteiros ao chão. Sabe-se hoje que cerca de 70% dos círculos
genuínos surgem quase sempre nas mesmas áreas, ano após
ano, e invariavelmente sobre ou muito perto de sítios arqueoló-
gicos de milhares de anos, que só são descobertos depois do
aparecimento de um círculo. Outro fator digno de menção diz
respeito às pessoas que alegam ter sido afetadas pelos desenhos,
depois de terem pisado no interior das formações.
Alguns estudiosos comprovam estas estórias, como o dou-
tor Collete M. Dowell, que disse ter ficado ansioso e agitado em
algumas formações, noutras, feliz. Há pelo menos um ponto
comum em todas as pesquisas já realizadas com os desenhos
nas plantações: os círculos possuem obrigatoriamente um
componente não terrestre, ou seja, não são construídos por
mãos humanas. Essa teoria é sustentada por testemunhas que
participaram de vigílias, fazendeiros, estudiosos e curiosos que
avistaram luzes não identificadas sobrevoando as colheitas pouco
antes de descobrir as formações. O fenômeno é um fato, mas
suas explicações pertencem ao reino das suposições.

36
O Mistério dos Círculos Ingleses

Capítulo 01

Supostos Autores
dos Círculos
“A Terra é o provável paraíso perdido”.
— Garcia Lorca

P
ara determinar o responsável pelos círculos é necessário
levar em conta as características das formações, bem
expostas no livro Circular Evidence, escrito pelos britâni-
cos Pat Delgado e Colin Andrews: “É uma força silenciosa,
de curta duração, forte, contra-rotativa, que amassa sem
danificar, em turbilhão, que forma circunvoluções e veias, ris-
cos interrompidos, faz deitar ramos, provoca o crescimento
das plantas na horizontal, não interfere no crescimento, abre
caminhos retos, extrai as plantas, opera na total escuridão,
fecha os vãos, sobrepõe, agrupa círculos, independente das
condições do tempo, não deixa marcas externas, não esti-
pula condições topográficas e opera em qualquer parte do
mundo”. Nessas 21 observações, os britânicos traçaram o
suposto perfil do criador das marcas.
Várias dessas características já foram contestadas e des-
mentidas. A formação nem sempre é silenciosa, algumas vezes
é acompanhada por um zumbido ou cricrilado, que é ouvido
logo após a produção dos desenhos. A escuridão total tam-

37
Wallacy Albino

bém não é uma condição invariável, pois já foram registrados


círculos ao amanhecer ou anoitecer. Além disso, ainda não é
possível estipular condições topográficas, pois a alta incidência
dos desenhos em áreas próximas a terrenos considerados sa-
cros, como Stonehenge, Avebury, Silbury Hill e as sepulturas de
Wessex, deixa evidente que as figuras se agrupam de maneira
extremamente clara.
Em 1989, a crença de que os anéis em volta de alguns
círculos tendem a ser contra-rotativos foi desfeita de forma
bastante dramática. Um dos maiores estudiosos do assunto,
o doutor Terence Meaden, publicou em seu livro The Circles
Effect and its Mysteries [Os Efeitos dos Círculos e seus Mistérios]
que uma causa meteorológica desconhecida, um vórtice
plasmático eletromagnético, seria o responsável pelas marcas.
Como evidência, ele mostrou que cada ocorrência envolvia
um ou mais anéis externos, que haviam sido produzidos por
redemoinhos em movimentos giratórios contrários, ou melhor
dizendo, em diferentes direções, o que seria necessário para
manter a estabilidade do vórtice plasmático. Entretanto, apenas
alguns dias depois da publicação do livro, e obviamente desta
teoria, na manhã de 18 de junho de 1989, um novo tipo de cír-
culo foi encontrado em Cheesefoot Head, perto de Winchester.
Parecia uma atitude de ridicularização premeditada à teoria de
Meaden, já que tanto o círculo quanto o anel foram formados
por redemoinhos inclinados na mesma direção.
Essa reação imediata às ideias humanas é típica dos auto-
res. A atitude pode soar como uma ironia que confunde os
investigadores e derruba teorias. Mas essa não foi a única
vez que os cientistas tiveram de abandonar suas hipóteses
ao ver que uma imagem inviabilizava sua teoria. Em 1988, os
que acreditavam que isso seria obra de uma nave espacial se
depararam com um desenho embaixo de uma linha de cabos
de alta-tensão, que impossibilitava a descida de qualquer ob-
jeto. Outro acontecimento muito comum é quando os feitores
reagem de acordo com a vontade dos pesquisadores. Um caso

38
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Colin Andrews

IMAGENS EM
FORMATO
DE FIGURAS
ASTRONÔMICAS

Ao lado,
uma figura
que contém
informações
astronômicas
diversas. Abaixo,
Cortesia Linda Howe formação
surgida em
Bishop Sutton,
em 20 de junho
de 1995, mostra
representação
de um sistema
estelar composto
por um cinturão
de asteroides

que se tornou clássico foi o do fotógrafo Busty Taylor, um dos


pioneiros no estudo dos círculos nas plantações, que numa tarde
de 1986, depois de passar o dia buscando formações, disse a
si mesmo que gostaria de encontrar um desenho que tivesse
satélites e anéis em volta do círculo principal. Como uma cruz
celta. Vinte e quatro horas mais tarde, quando voava sobre o
mesmo lugar, encontrou a figura que desejou. “Quase caí do
avião”, relatou. O fotógrafo olhou para o chão e lá estava a for-
mação: um anel externo passando por quatro círculos menores
e um círculo grande no meio, um padrão que foi imediatamente
batizado de cruz celta.

39
Wallacy Albino

Essa resposta aos pesquisadores é uma das razões que nos


leva a crer que os círculos sejam criados por um campo de força
ignorada, manipulado por uma inteligência desconhecida. O
argumento favorável a um propósito inteligente, seja ele humano
ou não, é reforçado por diversas outras características, como
a forte concentração nas áreas próximas a Wessex e a clara
associação com lugares primitivos, além da impressão de que
alguma coisa estaria deliberadamente apontada. Algo que parece
ter se tornado urgente depois de 1980, embora existam sinais
anteriores a essa data. Observações desse gênero não são bem
vistas entre os cientistas ortodoxos, que, de acordo com suas
crenças pessoais, repelem a ideia de vida inteligente desconhe-
cida. Assim, alguns meteorologistas chegaram a afirmar que as
formações concentradas em Wessex e a proximidade dos locais
primitivos seriam apenas fantasias de observação.
Esses argumentos passaram a ser menos convincentes
com o decorrer dos anos. O mecanismo de origem dos círcu-
los ainda é um mistério. Milhares de estudiosos se reúnem no
sudoeste da Inglaterra atrás de novas figuras e reviram o local
em busca de vestígios que possam esclarecer a questão. Boa
parte destes círculos é composta por fraudes. Estima-se que
pelo menos 30% sejam falsos. Muitos surgiram após o governo
britânico ter oferecido recompensa pela identidade dos supostos
autores do fenômeno ou para aqueles que explicassem como
os misteriosos círculos surgiam no meio das plantações. Porém,
nunca ninguém que tenha reivindicado a autoria das formações
mostrou-se capaz de reproduzir ou de explicar como elas foram
criadas.
Um desses primeiros grupos foi uma equipe de balonistas
que alegava sair em passeios noturnos com seus balões. No
momento em que desciam no meio das plantações, liberavam
o ar dos objetos que, expelido em contato com a vegetação,
formavam tais desenhos. O que justifica a fraude é a tentativa
de desmoralizar os estudiosos do fenômeno, pessoas que com-
petem para ver quem realiza a cópia mais bela ou mais próxima

40
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Colin Andrews

IMAGENS EM
FORMATO
DE SISTEMAS
ESTELARES

Ao lado,
uma óbvia
mas curiosa
representação
do Sistema Solar.
Onde estaria o
Cortesia Colin Andrews terceiro planeta?
A imagem
surgiu em junho
de 1995, em
Long Wood
Warren. Abaixo,
outra estranha
representação
de um sistema
estelar, com
planetas e
satélites

da realidade, ala dos oportunistas. Em todos esses casos, os


resultados são ridículos e facilmente identificáveis pelos estu-
diosos mais experientes: irregulares, assimétricos e repletos de
vestígios. O exemplo mais clássico de forjadores é o dos dois
sexagenários de Preston Highs, Doug Bower e David Chorley.
Eles se tornaram conhecidos ao afirmarem publicamente, em
1991, serem os responsáveis pela criação de todos os círculos
que tinham aparecido desde 1976.
A dupla descreveu à mídia internacional como tinha tapeado
o mundo durante os últimos 15 anos. Mas após todo esse tempo,
pulando cercas de arame farpado e intrigando os donos de terra,

41
Wallacy Albino

os dois já estavam ficando cansados. Já estava na hora de revelar


ao público suas brincadeiras noturnas. A ideia surgiu enquanto
tomavam cerveja no bar que frequentavam, o Percy Hobbs, mas
resolveram assumir a autoria do fenômeno somente uma década
depois da primeira brincadeira, pois estavam cansados de ver suas
obras sendo atribuídas a seres extraterrestres. Descobriu-se mais
tarde que os dois aposentados, para darem mais credibilidade
a suposta autoria para si dessas formações, caminhavam até as
figuras mais complexas que surgiam misteriosamente e incluíam
duas letras D, fazendo alusão as iniciais dos seus nomes, numa
tentativa de darem uma espécie de assinatura para assumirem
a autoria do trabalho para eles.
Mas quando tentaram fazer alguns desenhos perante a
imprensa e alguns curiosos, conseguiram apenas produzir
circunferências pequenas, visivelmente toscas, comprovando
que não eram os verdadeiros autores dos pictogramas. A dupla
não conseguiu manter a mentira por muito tempo e alterou
diversas vezes sua história. A imprensa testemunhou a farsa
e o público teve a explicação que queria. Aparentemente, a
festa tinha terminado. Este é o engano mais considerável que
já se imputou ao fenômeno dos círculos. No Brasil, várias pu-
blicações consideraram o testemunho dos fraudadores como
o ponto final nas discussões.
A revista semanal norte-americana Time [www.time.com],
aceitou essas alegações como verdadeiras, mesma atitude ado-
tada pela revista brasileira Veja [www.veja.com.br]. Em razão dis-
so, Doug e David são considerados por pessoas desinformadas
como os verdadeiros criadores dos círculos ingleses, até hoje.
Mesmo que eles pudessem, de uma forma ou de outra, produzir
os efeitos de um círculo, jamais explicaram como fizeram isso.
Tampouco se deram ao trabalho de discriminar como criaram
os desenhos mais complexos. Após a mais famosa formação de
1996, o modelo fractal triplo batizado de Júlia, foi solicitado a
uma empresa de engenharia que reproduzisse a figura. A reposta
foi que devido à complexa estrutura matemática do desenho, só

42
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia UFO Magazine UK

SÍMBOLOS
DE ANTIGAS
CIVILIZAÇÕES

Ao lado, figura
em forma de
‘hannukah’,
utensílio
sagrado dos
judeus. Abaixo,
desenho que
Cortesia Colin Andrews lembra um
calendário solar
maia ou asteca,
cuja precisão
até hoje intriga
estudiosos

o trabalho preliminar para mapeamento levaria 11 dias, com o


uso de varas metálicas. Além disso, o custo estimado seria de
cinco mil libras esterlinas, aproximadamente R$ 25 mil (de
acordo com a taxa cambial do dia 13 de setembro de 2002).
A falsidade das alegações dos senhores ficou ainda mais
clara numa entrevista na televisão com o sobrevivente da du-
pla, Doug Bower. Quando insistiram para que fornecesse dados
técnicos, ele não foi capaz e evitou o assunto. Um dos mais
importantes pesquisadores do assunto, Colin Andrews, fundador
do Circles Phenomena Research International (CPRI), também
presente ao programa, perguntou a Bower como ele poderia

43
Wallacy Albino

explicar as 2.300 formações registradas, já que afirmava ser


o autor de apenas 200? A pergunta o obrigou a corrigir sua
afirmação original de que era o responsável por todas as for-
mações desde 1976. Conclusão: ainda havia muitas perguntas
que os dois homens não podiam responder, com seu pedaço
de corda e vara.
Natural de Wiltshire, Andrews sacrificou sua posição de
chefe de engenharia eletrônica no Test Valley Borough Council
para passar mais tempo estudando o fenômeno dos círculos.
Ele é um dos poucos pesquisadores no mundo que faz pes-
quisas em tempo integral. Também é coautor do best seller
Circular Evidence [Evidência Circular], obra presente na lista
de leitura da falecida rainha britânica. Tendo passado a maior
parte dos últimos 20 anos coletando informações, Andrews
possui o maior banco de dados que existe sobre os círculos.
Embora não seja cientista, é provavelmente a maior autoridade
no assunto, já tendo palestrado sobre o tema em todo o mundo.
Inclusive, foi convidado a apresentar o tema às Nações Unidas e
viajou a Moscou para expor suas descobertas a uma assembleia
internacional de cientistas.
Aturando o ceticismo da mídia no início dos anos 90, man-
teve-se firme em sua convicção de que o fenômeno é verdadeiro.
O CPRI, sediado em Connecticut (EUA), atraiu a atenção de pes-
soas famosas, como o bilionário do petróleo e ex-congressista
Lawrence Rockfeller, que admite se interessar por Ufologia e
fenômenos paranormais. O envolvimento de Rockfeller tem
sido expressivo. Suas verbas ajudaram na instalação de um novo
sistema computadorizado que explora tecnologia de posicio-
namento global por satélite, permitindo localizar formações de
círculos em todo o mundo. Os dólares de Rockfeller também
custearam voos regulares para pesquisa sobre Hampshire e
Wiltshire, na Inglaterra.
Além disso, investigadores particulares também foram con-
tratados na tentativa de esclarecer algo sobre o que Andrews
chama de “um problema em larga escala”. O estudioso quer

44
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Crop Circle Connector

SÍMBOLOS
QUE LEMBRAM
INSETOS

Estranhas
figuras entre os
círculos ingleses
parecem insetos.
Ao lado,
o esqueleto de
um aracnídeo,
Cortesia Crop Circle Connector formado a
partir de
simples círculos
entrelaçados.
Abaixo,
outro inseto,
observado numa
formação em
Barbury Castle,
em julho de
1994

aproveitar a experiência desses profissionais para descobrir se


há sinais da ação humana na criação dos círculos. “Estes ho-
mens sabem procurar detalhes que passariam despercebidos
a um ufólogo”, comentou. Ele acredita que o público britânico
está começando a se interessar pelo enigma dos círculos nas
plantações: “Entre 1990 e 1991, vimos o auge do interesse
público. Praticamente em todas as ruas do país havia alguém
conversando sobre o fenômeno”.
Circular Evidence chegou à lista de leitura da ex-rainha Elisa-
beth e o fenômeno dos círculos estava sendo mencionado até no
parlamento. Mas a atenção tinha diminuído após as histórias de

45
Wallacy Albino

Doug e Dave. “Agora estamos vendo o público voltar a atenção


para o fenômeno novamente. Estou recebendo e-mails de todas
as partes do mundo, convidando-me a dar palestras e divulgar
informações”, finalizou.
Estudiosos de outras disciplinas paracientíficas vêm se
debruçando sobre o fenômeno há muitos anos, em busca de
explicações racionais para seu aparecimento. Quase todos pro-
curaram o mesmo tipo de evidência que Andrews: que indicasse
um componente humano na fabricação dos círculos. Entre-
tanto, fracassaram, pois nenhum vestígio da ação humana foi
encontrado em mais de 70% dos círculos descobertos. Andrews
desabafa: “Isso significa simplesmente que, se os círculos não
são feitos pelo homem, então alguém que não é da Terra os
está produzindo”.
Apesar da imprensa, de um modo geral, ter dado o caso
por encerrado, acreditando na história dos velhinhos ceifado-
res, permitindo que a população cresse que o caso já estava
resolvido, o mistério foi se intensificando. Os círculos viraram
símbolos, figuras complexas e extraordinárias e a dupla de apo-
sentados ingleses continua recebendo o mérito. A quantidade
e a complexidade dessas figuras aumenta a cada ano, eviden-
ciando que as formações jamais nasceriam de mãos humanas,
mesmo que houvesse uma multidão de pessoas interessadas
em produzir tais desenhos. São formações com características
específicas, geometricamente perfeitas. Os caules ficam incli-
nados sem serem danificados, formando uma linha exata que
separa tais caules, que permanecem inclinados, daqueles que
continuam em pé, uma simetria extraordinária que os frauda-
dores não conseguem obter.
Atualmente têm surgido, em média, cerca de 300 figuras por
ano, somente em solo europeu, o que dá um total de mais de 12
mil figuras já listadas do início do fenômeno ao começo desse
século. Criar um círculo é algo extremamente difícil, demorado,
exaustivo, caro e, principalmente, ilegal. Mesmo assim, alguns
grupos continuam agindo e falsificando pequenas formações. O

46
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Colin Andrews

SÍMBOLOS QUE
SE ASSEMELHAM
A MANDALAS

Não se sabe ao
certo porquê,
mas figuras
esotéricas
semelhantes a
mandalas são
abundantes nos
Cortesia do Autor campos ingleses.
Como nesses
exemplos, sendo
o de cima
uma formação
descoberta em
Bythorne, em
setembro de
1993

ato de se produzir uma dessas figuras numa plantação particular


é encarado como um crime de severas punições, apesar de que
até os dias de hoje nenhum grupo ainda foi preso por ter sido
flagrado forjando uma dessas figuras.
Tais grupos, autointitulados de circle makers, os fazedores
de círculos [www.circlemakers.org], afirmam que não agem assim
apenas por brincadeira ou para enganar os pesquisadores, mas que
encaram isso como arte sagrada, que se utiliza de uma linguagem
milenar. Todos os grupos dos supostos criadores de círculos que
foram entrevistados já relataram ter presenciado fenômenos
estranhos e acontecimentos inexplicáveis no meio das planta-

47
Wallacy Albino

ções, como o surgimento de luzes misteriosas e bolas luminosas


que se movimentam pelo meio das plantas. Richardson Julia-
no, um dos fazedores de círculos de Northampton, contou que
numa noite, enquanto tentava produzir uma figura em forma
de pentagrama, perto de Cranford Andrews, observou uma
luz alaranjada surgir sobre uma colina existente no local. Isso
o fez concluir que os círculos que produzia estavam atraindo
UFOs que tentavam se comunicar. Esta versão apareceu após
casos em que figuras formadas por pessoas eram finalizadas
misteriosamente, na mesma noite.
Outro grupo relatou que, ao se dirigir para o interior das
plantações, com a intenção de criar alguns desenhos, foram
cercados por raios de luzes que os circundava, sem que pu-
dessem identificar a origem desses raios. Outros, por sua vez,
alegam ter a sensação de serem vigiados enquanto permanecem
na plantação. Desta forma, muitas pessoas acreditam que, ao
criar uma dessas figuras, ela se torna um imã, motivando a ocor-
rência de fenômenos psíquicos. Todos esses casos envolvendo
os circle makers aumentou o mistério sobre o significado dos
desenhos. Nos últimos anos, membros da comunidade científica
têm demonstrado um súbito interesse pelo fenômeno, colabo-
rando com a boa pesquisa que já está em andamento. Talvez
um dia encontremos a resposta para os círculos nas plantações
ou até mesmo ele já tenha sido respondido. Mas, a medida em
que esses círculos continuam aparecendo, em números cada
vez maiores e em várias partes do mundo, exibindo estranhas
características, uma coisa é certa: quem alega ser responsável
por eles, certamente deve ter muito trabalho a fazer.

Teorias que não convencem...

Diversas hipóteses foram levantadas para explicar a origem


das figuras. Alguns pesquisadores buscaram explicações naturais,
tais como fenômenos climáticos inusitados e casualidades me-
teorológicas. Uma dessas teorias defende que a Terra liberaria

48
O Mistério dos Círculos Ingleses

Arquivo UFO

Detalhe de como
ficam as plantas
após a ação
desconhecida
que provoca
a dobra dos
caules sem seu
rompimento

uma energia interna incomum, em forma de espiral, que, em


contato com nossa atmosfera, causaria estranho efeito nas plan-
tações, ocasionando formações circulares. Também foi levan-
tada a hipótese de que os círculos poderiam ser manifestações
do fenômeno poltergeist, expressão que denomina as ações de
espíritos brincalhões. Algumas pessoas relataram ter presencia-
do inusitados acontecimentos no meio das plantações, outras
ouviram sons intrigantes. Há também aqueles que viram luzes
nos locais das formações, manifestações supostamente geradas
por plasmavortex ou energias plasmáticas.
Nos anos 80, bem antes de surgirem Doug e Dave, o
cientista Terrence Meaden formulou a Teoria do Vórtice de
Plasma, numa tentativa de explicar o fenômeno. Meaden de-
fendia que vórtices até então desconhecidos se formavam
acima do solo e desciam subitamente, mais ou menos como
um raio, o que explicaria o padrão espiral de muitos dos cír-
culos nas plantações. Essa teoria ganhou considerável apoio.
Em um laboratório no Japão, o doutor Y. H. Ohtsuki e o
professor H. Ofuruton corroboraram as alegações de Meaden,
produzindo vórtices semelhantes com o uso de descargas
eletrostáticas e interferência de microondas e o professor H.
Hikuchi forneceu mais evidências do fenômeno, proporcio-
nando modelos teóricos dos vórtices de plasma.

49
Wallacy Albino

Por mais satisfatória que essa possibilidade parecesse, ra-


pidamente começou a perder crédito, pois não era capaz de
explicar os complexos pictogramas, que naquela época já co-
meçavam a aparecer. Eram figuras mais elaboradas do que as
circunferências isoladas dos anos 80. Grupos de círculos unidos
através de linhas e curvas começaram a aparecer com mais
frequência. Formavam imagens geometricamente complexas,
muitas das quais se assemelhavam a antigos símbolos religio-
sos, tais como a cruz celta e a estrela de Davi, do Judaísmo. A
ideia de simples vórtices criarem tão intrincados glifos parecia
absurda. De repente, a teoria do doutor Meaden já não era tão
boa e precisava ser reavaliada.
Muitas outras explicações surgiram tentando justificar aquilo
que Meaden não conseguira decifrar. Todos os tipos de proposi-
ções interessantes vieram à tona. Tudo, desde energia terrestre
até experimentos militares, foi explorado como possível causa.
O número de pesquisadores dos círculos ingleses, alguns dos
quais vinham estudando o fenômeno desde a década de 70, foi
aumentando diante dos olhos do público. Grandes operações de
vigília foram montadas em Alton Barnes e no Castelo Bratton,
duas das áreas inglesas em que as formações nas plantações
são mais frequentes. Nesses locais, os campos eram afetados
todos os anos. Câmeras e equipamentos de gravação foram
instalados, além de um sistema infravermelho de detecção.
A operação do Castelo Bratton logo começou a dar resul-
tados. Em um exercício de três semanas, foi possível notar uma
formação já no segundo dia, aos pés de um antigo forte sobre uma
colina. Embora o surgimento do círculo não tenha sido filmado,
os entusiasmados pesquisadores correram até o local; entre eles
havia fotógrafos e jornalistas, ávidos por flagrar o fenômeno e,
principalmente, o responsável por ele. E o que encontraram foi
uma brincadeira de amadores. O desenho era simples. O milho
tinha sido pisado intencionalmente e deixaram no centro uma
bola de barbante e um jogo de horóscopo. Desapontada, a
mídia foi aos poucos abandonando o local, deixando as vigí-

50
O Mistério dos Círculos Ingleses

Arquivo UFO

Duas imagens
mostram o
ponto central
de figuras
circulares, onde
as plantas
apresentam
aspecto torcido,
semelhante a um
redemoinho

lias somente a cargo dos pesquisadores obstinados e alguns


observadores regulares.
Vários dias depois, e a 400 m dali, algo mais sério e promis-
sor aconteceu. Noutro incidente bem documentado, algo que
realizava movimentos circulares foi visto pelos pesquisadores
através de lentes de visão noturna. Esse movimento durou uns
15 segundos, definindo a forma de um ponto de interrogação.
Uma observação do campo foi feita no dia seguinte, mostrando
justamente o desenho de um ponto de interrogação firmemente
impresso na plantação de milho. Era uma das muitas alega-
das aparições, cada vez mais relatadas. O público em geral e
muitos pesquisadores vinham afirmando ter visto exibições de
luzes, horas antes do aparecimento de uma nova formação. Os
fazendeiros também costumavam contar histórias sobre uma
estranha agitação de seus animais, ou a recusa deles em entrar
numa certa parte do campo, onde apareceria um novo desenho
no dia seguinte.
Alguns relatos de testemunhas envolviam um grande nú-
mero de pessoas e atraíam a atenção da mídia internacional. Na
terça-feira, 10 de julho de 1990, os moradores de Alton Barnes,

51
Wallacy Albino

no Vale de Pewsey, foram repentinamente acordados quando


todos os cães do vilarejo começaram a latir incessantemente,
por causa de um forte zumbido que permeava o ar noturno.
Aqueles que conseguiram dormir perceberam, ao acordar, que
não podiam usar seus carros para ir ao trabalho. Muitos des-
cobriram que os veículos não davam a partida; alguma coisa
havia descarregado as baterias. Carros, peruas e tratores não se
moviam. Pouco tempo depois, os habitantes do vilarejo notaram
uma vasta formação, medindo quase 181 m de um extremo a
outro, e sem dúvida a mais sofisticada até hoje, materializada
em um campo adjacente. Enquanto isso, e a apenas alguns
quilômetros dali, apareceu outro desenho, quase idêntico em
tamanho e forma.
As primeiras testemunhas de que se tem registro nos tem-
pos modernos são de 1972, quatro anos antes da alegada fraude
de Doug e Dave ter começado. No dia 12 de agosto daquele
ano, Bruce Bond e Arthur Shuttlewood estavam sentados em
Star Hill, perto de Warminster, admirando o céu noturno. De lá,
os dois alegaram ter observado a formação de um círculo: “De
repente, ouvi um ruído. Parecia que alguma coisa pressionava o
trigo. O ar estava completamente parado naquela noite. Olhei ao
redor. A Lua tinha acabado de aparecer, muito brilhante. Diante
de meus olhos, via uma impressão tomando forma. O trigo
estava sendo empurrado para baixo, em movimento circular e
no sentido horário”. Apesar do catálogo de aparições desde os
anos 70, o fenômeno dos círculos nas plantações inglesas não
é exclusivo dos tempos modernos.
Relatos de círculos inexplicáveis nas plantações de milho
remontam ao século XVII. Robert Plot, professor de Química em
Oxford e, coincidentemente, o primeiro a descobrir e registrar
um fóssil de dinossauro, fala sobre os círculos das fadas em seu
livro Natural History of Stattfordshire, publicado em 1686.
Nele, Plot descreve sua análise de círculos que apareciam nos
campos cultivados ao redor do condado de Stattfordshire, às
vezes em grupos de três ou mais.

52
O Mistério dos Círculos Ingleses

As semelhanças entre a descrição desses círculos das fadas


e as características demonstradas pelo espetáculo de hoje são
difíceis de ignorar. Suas observações incluem diâmetro de 36,4
m ou mais, desidratação do solo e resíduo branco sulfuroso.
Todas essas características aparecem em muitos dos círculos
modernos. O fenômeno continua progredindo, alguns símbolos
se repetiram por diversas vezes em diferentes anos e em locais
distantes. Cientistas defendem, inclusive, a existência de uma
representação de equações matemáticas extremamente sofis-
ticadas. Desta forma, agrônomos, físicos, botânicos e ufólogos
tentam desvendar e compreender os mistérios dessas impres-
sionantes figuras. Ademais, um fenômeno que aparentemente
muitos supunham se tratar de algo apenas passageiro, com o
passar dos anos se tornou extraordinário e disciplinado. Isso
vem atormentando a vida dos fazendeiros daquela região e in-
trigando não só pesquisadores e ufólogos em todo mundo, que
continuam a pesquisar, mas também os grupos que tentaram
forjar os desenhos e se viram completamente envolvidos numa
situação para a qual não há a menor explicação.
Na edição de junho de 2001, a revista britânica UFO Ma-
gazine UK [www.ufomag.co.uk] publicou uma matéria sobre os
círculos ingleses. Entre as informações, entrevistas e descobertas
havia o relato de David Park, que conta como seus pais presen-
ciaram a criação de uma das figuras, numa noite em setembro
de 1984. “Meus pais viram uma luz branca e brilhante, forte como
um holofote, através da janela da sala de estar, nos fundos de
sua casa, em Orpington, Kent”. Ao saírem para verificar, o casal
viu uma enorme nave discoide, com aproximadamente 30 m de
diâmetro, pairando a alguns metros acima da propriedade rural
de Godington Park, Inglaterra. “Eles sentiram algo como uma
forte lufada de vento que parecia vir da nave, e se seguraram
para ficar de pé. O vento continuou, mas o tempo, eles disse-
ram, estava frio, porém calmo, no resto da área. Luzes brancas
brilhavam ao redor de toda a nave, piscando num sentido e
voltando no sentido contrário”.

53
Wallacy Albino

Eles notaram outra luz no alto da nave, enquanto o raio


brilhante vindo da parte de baixo iluminava as casas e as es-
tradas. “Depois, meu pai precisou ir de carro até as lojas da
vizinhança e, no caminho, notou que o objeto se movera e
agora parecia ter a forma de um charuto, com mais ou menos
uns 60 m de comprimento”. Parecia pairar sobre a propriedade
rural de St. Paul, ainda mostrando suas luzes. Quando volta-
ram para casa, os dois observaram a nave naquela área até a
meia-noite. Depois o vento parou e ela voou a uma velocidade
incrível, desaparecendo no céu noturno. Na semana seguinte,
um jornal local independente, o News Shopper, publicou uma
matéria sobre o incidente. Parece que muitas pessoas na área
tinham avistado a nave e forneceram descrições semelhantes
ao testemunho de Park.

54
O Mistério dos Círculos Ingleses

Capítulo 02

Os Misteriosos
Enigmas do Planeta
“Conhece-te a ti mesmo
e conhecerás o Universo”.
— Sócrates

A
partir da década de 80, o enigma dos círculos foi am-
plamente noticiado na mídia, na televisão, revistas e
jornais. Todos queriam falar sobre o episódio e, assim
como os cientistas, as pessoas apenas desejavam entender o
que estava acontecendo. Ao contrário do que se imaginava ini-
cialmente, as ocorrências foram crescendo ano a ano, cada vez
mais complexas. Alguns estudiosos deixaram de se perguntar
até quando isto aconteceria e centralizaram suas pesquisas
numa das questões fundamentais que envolvem o assunto:
desde quando o fenômeno vem surgindo? O interessante é
que os pesquisadores têm a tendência de omitir informações
e agir com cautela diante de relatos de cunho duvidoso. Seja
como for, os primeiros círculos causaram espanto simplesmente
porque apareciam.
Atualmente, as formações assustam não somente pela
origem desconhecida, mas, sobretudo, pela complexidade dos
desenhos. Depois dessa exaustiva divulgação, surgiram histórias
de círculos anteriores à década de 70. No entanto, é necessá-

55
Wallacy Albino

rio registrar que nunca, em hipótese


alguma, tinham sido encontrados
desenhos ou referências de círculos
naquela época. Um exemplo foi o
caso de Jean Songhurst, uma se-
nhora que escreveu à revista Cou-
ntry Life [www.kountrylife.com], no
ano de 1992, dizendo que já tinha
observado diversas formações em
Donegal, Irlanda, há mais de 60
anos. Os círculos eram mantidos
em segredo, pois os fazendeiros temiam que se o fato se tor-
nasse público seriam prejudicados, já que cada grão vendido
era importante para eles. A senhora Songhurst acrescentou à
história que seu tio, residente na Escócia, também tinha visto
algumas formações em sua fazenda, perto da cidade de Thurso,
em 1890.
Histórias como essas, originadas de testemunhas idosas,
que sempre residiram no campo, tornaram-se comuns. Alguns
pesquisadores chegam a acreditar que essas manifestações po-
dem ter algo de concreto e que só se tornaram notórias devido
ao excesso de publicidade sobre as ocorrências dos últimos
20 anos. Enquanto o debate acerca do início das formações
se acirrava, os editores do Fortean Times [www.forteantimes.
com], jornal especializado em fenômenos estranhos, explora-
ram um achado que incendiou a polêmica em torno da origem
dos círculos. Por sua vez, Bob Skinner descobriu numa livraria
a reprodução de um panfleto datado de 22 de agosto de 1678,
com o título de O Demônio Ceifador, que narrava uma história
ligada aos círculos daquela época. O intrigante é que, quase no
mesmo período, diversas pessoas acharam figuras semelhan-
tes, em vários outros lugares, inclusive Jenny Randles, uma das
ufólogas mais ativas da Europa.
Pela primeira vez um panfletista do século XVII ilustrou
a capa de um jornal especializado de 1989, o The Journal of

56
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia do Autor

A capa de
um tabloide
londrino de 22
de agosto de
1678, retratando
a lenda do
Demônio
Ceifador. Na
página anterior,
outro demônio
cuja lenda está
associada aos
círculos ingleses
em tempos
remotos

Meteorology [Volume 14, número 143]. Esse assunto ainda é


motivo de debate: os desenhos seriam ou não a representação
de um círculo? Mais que isso, podem ser o indício de que essas
formações estão acontecendo há muito tempo.
A lenda do demônio ceifador narra que um rico proprie-
tário de terras possuía uma área de cultivo com aproximada-
mente três acres e meio. Quando a plantação amadureceu,
ele procurou um pobre camponês, na tentativa de contratá-lo

57
Wallacy Albino

para que colhesse o seu cereal. Entretanto, o empregado pe-


diu um preço muito alto para realizar a tarefa, o que levou o
fazendeiro a não aceitar a quantia. Depois de uma discussão
entre ambos, o proprietário, irritado com o camponês, disse
que o diabo colheria para ele, antes que tivesse que lhe dar o
serviço e pagar o preço que lhe foi pedido.
Naquela mesma noite, várias pessoas do vilarejo viram a
plantação brilhando, como se estivesse em chamas, durante toda a
madrugada. Na manhã seguinte, alguns camponeses foram contar
ao proprietário o que observaram e constataram que a aveia havia
sido colhida pelo próprio demônio, que para mostrar sua destreza
na arte agrícola e o seu desdém pelo modo de colher empregado
na época, ceifou toda a plantação em círculos e depois dobrou os
caules com tamanha precisão que teria sido necessário o trabalho
de uma vida inteira. Diante daquele episódio, o proprietário, receoso,
teve medo de levar a aveia para ser comercializada. Desde então,
várias figuras começaram a surgir nas plantações durante a noite,
o que levou os camponeses a realizarem rituais de cantos e danças
na época da semeadura, para afastar o demônio.
Essa relutância por comercializar a colheita é muito parecida
com o receio que os fazendeiros de Hampshire têm em colher a
plantação afetada pelas formações. Embora a história do demônio
ceifador seja apenas uma parábola para a disputa existente entre
os fazendeiros ricos e pobres, e para acirrar a relação de poder
entre eles, é necessário lembrar que no século XVII a ajuda que
necessitavam era vinculada à ação divina ou demoníaca. Os
panfletistas dessa época produziam suas melhores obras dentro
do tema das forças sobrenaturais, que sempre faziam justiça aos
desfavorecidos, pois essas entidades agiam contra os ganancio-
sos e esbanjadores. Diversos pesquisadores vêm tentando inter-
pretar o significado dos círculos, relacionando-os com símbolos
matemáticos, sistemas astronômicos e simbologia de civilizações
antigas. Em todo mundo celta, galês, teutônico ou escandinavo,
os cultos agrícolas eram extremamente semelhantes aos ritos
de adoração das forças da natureza.

58
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Michael Hesemann

A intersecção
de dois círculos
nesta belíssima
figura encontrada
em Ashbury,
região de
Oxfordshire, em
agosto de 1996

Por isso, não é difícil entender o fascínio que os ritos exer-


ciam sobre as sociedades arcaicas, que dependiam da terra
de maneira tão direta. A partir de todo o material colhido da
mitologia, folclore e dos costumes populares, surgem alguns
vínculos bastante curiosos. Os antecedentes científicos para as
tentativas atuais de compreender este fenômeno são bastante
claros e as teorias sobre os ventos e redemoinhos, antigas.
Quando se resolveu investigar as marcas circulares en-
contradas no chão, em 1680, Robert Plot – então pesquisador
do século XVII e professor de uma famosa universidade lon-
drina – comportou-se da mesma forma que um pesquisador
científico: foi para os campos, cavou a terra, provou-a, chei-
rou-a, observou a saúde e as cores da vegetação, analisou
o comportamento dos animais. Só assim pôde concluir que
as hastes da planta estavam apodrecidas, o solo infectado
de fungos e havia tubos ocos de relâmpago. Essa última ob-
servação foi denominada no capítulo anterior como a Teoria do
Vórtice Plasmático.
Contudo, os anéis estudados por Plot eram formados em
campos gramados, não havendo menções sobre áreas circulares
e plantas amassadas na terra cultivada. Se os círculos misterio-
sos fossem raros ou inexistentes, o que motivaria um aumento
tão significativo na frequência de aparições? Assim como Plot

59
Wallacy Albino

ignorou a ideia do demônio ceifador – incidente ocorrido na


mesma época em que o estudioso pesquisava –, é necessário
descartar a possibilidade de que bruxas ou elfos dançarinos
sejam os autores dos círculos.

Stonehenge e o Corredor de Wessex

Os primeiros círculos apareceram perto de Westbury, Wilt-


shire, Inglaterra, em 1980. As formações posteriores ocorreram
em 1981, perto de Winchester. No ano seguinte, surgiram de-
senhos próximos a Warminster. Em 1983, por sua vez, novos
círculos aportaram na região de Wessex e, em 1984, em Sussex.
Esse último desenho, todavia, desqualificou uma nova teoria,
denominada Corredor de Wessex, em referência às regiões de
Westbury, Wiltshire e Warminster, pertencentes ao condado de
Wiltshire e Hampshire. Tal teoria defende a existência de uma
sugestiva linha imaginária que apontaria para a direção sudoeste,
perto da Grande Pirâmide de Gizé1, no Egito. Na verdade, essa
ideia de localização exata dos círculos é refutada pela maioria
dos pesquisadores. Existem, inclusive, casos documentados de
fenômenos absolutamente idênticos, espalhados por lugares
distantes. Porém, ao contrário do fenômeno, o corredor tem
explicações plausíveis e extremamente terrenas. Inclusive, a im-
prensa londrina está próxima à área mais noticiada do condado
de Wessex, ignorando outras aparições e reforçando a tese do
corredor.

1
A Grande Pirâmide de Gizé, no Egito, cobre uma área de
52.611 m² e cada lado mede, na base, 228 m. Tem 148 m
de altura e contém dois milhões e 300 mil blocos de
granito, pesando, em média, duas toneladas e meia cada
um. Alguns desses blocos são maiores e chegam a pesar
15 toneladas. Do outro lado do Rio Nilo, e a apenas 13 km
a oeste da atual cidade do Cairo, a Pirâmide de Quéops
ergue-se sobre o relativamente alto platô de Gizé,
juntamente com as pirâmides de Quéfren e Miquerinos.

60
O Mistério dos Círculos Ingleses

Foto e croqui cortesia Michael Glickman

A incrível
formação que
surgiu próxima a
Stonehenge, em
1996. Trata-se
de um complexo
de círculos numa
disposição
espiral perfeita,
conforme estudo
abaixo

Examinando um mapa da distribui-


ção de todos os círculos notificados na
Grã-Bretanha, pode-se ver claramente
que o Corredor de Wessex é um conceito
artificial. Entretanto, muitos círculos con-
tinuam a aparecer próximo a Stonehen-
ge, Avebury, Silbury Hill e nas sepulturas
de Wessex, sítios arqueológicos muito
importantes. Dessa forma, associar o fenômeno às misteriosas
pedras soa irresistível para alguns pesquisadores, e ao se falar
sobre círculos ingleses é obrigatório que se comente também
sobre Stonehenge. A mais antiga referência ao monumento, su-
põe-se, foi a que fez o grego Hecateu de Abdera, na História dos
Hiperbóreos, datada de 350 a.C.: “... ergue-se um templo notável,
de forma circular, dedicado a Apolo, deus do Sol...”
Essas imagens, tão misteriosas quanto os círculos, foram
muito questionadas quanto à sua origem e utilidade. Assim, Sto-
nehenge continua com seus enigmas essenciais, em relação aos
métodos de transporte usados na locomoção das pedras azuis,
originárias das montanhas de Gales, que hoje se encontram na
Planície de Salisbury, sudoeste da Inglaterra [Isso significa um
deslocamento de 400 km, incluindo a travessia marítima de pedra,
que pesa aproximadamente 12 toneladas cada].

61
Wallacy Albino

Cortesia UFO Magazine UK

Os pesquisa-
dores ainda ques-
tionam que civi-
lização construiu
Stonehenge e qual
a finalidade de um
círculo composto
por pedras eretas,
com aproximada-
mente três mil anos a.C., segundo alguns arqueólogos. Atra-
vés de marcas existentes no solo, calcula-se que pelo menos
metade das pedras originais desapareceu misteriosamente.
O nome vem de um termo inglês muito antigo, que significa
pedras suspensas. Supõe-se que sejam representações geo-
gráficas, mapas astronômicos, simples decorações ou uma
espécie de árvore genealógica, em que a figura central seria
o homem do grupo cercado por seus familiares. Algumas das
inúmeras lendas que atribuem poderes místicos às pedras de
Stonehenge, tal como se moverem sozinhas, transmitiram
energia às pessoas que permaneceram em seu interior por
algum tempo. Outros creem que o monumento pode fertilizar
mulheres estéreis, curar pessoas que estão enfermas e, às
vezes, sussurrar previsões para àqueles que encostarem seus
ouvidos nos blocos de pedra.
Sensitivos também relatam ter passado por algumas ex-
periências sobrenaturais quando permaneceram no interior
do monumento. Curiosamente, essas estranhas sensações
também são percebidas por diversas pessoas que caminham
no interior dos círculos, sendo que algumas chegam a sentir
náuseas e fortes dores de cabeça quando ficam por um
tempo muito prolongado no centro das figuras. Da mesma
forma, existem algumas lendas que fazem menção ao fenôme-
no dos círculos em épocas remotas, comprovando que esses
desenhos já vêm surgindo há muito tempo naquela região – o
que nos faz especular que supostamente o monumento pode

62
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Lucy Pringle

A famosa espiral
que surgiu ao
lado do histórico
monumento
de pedras
megalíticas
Stonehenge
[Veja detalhe na
página anterior].
Segundo
estudiosos, a
formação marcou
a predominância
por espirais em
1996, sem que
se conheçam as
razões para isso

ter sido erguido por alguma civilização antiga, justamente com


o objetivo de imortalizar o fenômeno dos círculos, que ocorre
intensamente perto de algumas colinas pré-históricas como
Silbury, um morro artificial com cerca de 40 m de altura por
22 mil m² de base.
Os círculos ingleses – denominados agroglifos – representam
a mais surpreendente mensagem enviada aos homens. Toda-
via, tal como as formações inglesas, os geoglifos demonstram

63
Wallacy Albino

aos ufólogos a presença de seres extraterrestres. O primeiro é


feito nas imediações de sítios arqueológicos, tal como Avebury
e Stonehenge, que teria sido construída por seres humanos
que mantinham contato com extraterrestres – segundo a hi-
pótese mais aceita pela comunidade ufológica inglesa. Os
círculos, por conseguinte, seriam uma mensagem de adver-
tência, revelando que esse contato será restabelecido um dia.
Os geoglifos, porém, são desenhos grandes, representando
frequentemente figuras geométricas compostas por vários
círculos, triângulos, espirais e linhas retas localizadas uma ao
lado da outra. Ao redor e no interior destas linhas há grandes
zonas trapezoidais.
Mais antigos que os geoglifos, os biomorfos se asse-
melham mais aos círculos atuais, já que as quase 70 figuras
estilizadas formam animais como aranhas, pelicanos, entre
outros, que lembram as formações recentes. Estes desenhos
parecem ter sido criados cerca de mil anos antes do surgimento
dos geoglifos. Os animais não se alinham, nem sequer estão
na mesma direção das formas geométricas. Muitas linhas
de Nazca, no Peru, por exemplo, parecem não ter nenhum
padrão. Correm em todas as direções possíveis. Algumas
delas se estendem por oito até dez quilômetros, passando
por colinas e vales. Esses sinais só foram reconhecidos nos
anos 30, com os primeiros moradores da região. Uma das
últimas mensagens em pedras foi encontrada no Brasil, mais
precisamente no Estado do Acre.
Figuras geométricas gigantescas, com formas milimetri-
camente perfeitas, foram descobertas pelo paleontólogo Alceu
Ranzi, nas proximidades de Boca do Acre. O achado, ocorrido
no ano de 2001, quando Ranzi voltava de uma viagem a Brasília,
demonstrou que em pesquisas preliminares foram encontradas
seis figuras, localizadas a cerca de 10 km de Rio Branco. O
primeiro grupo de figuras encontra-se dentro da Fazenda Co-
lorado, pertencente ao comerciante conhecido como Alemão.
É composto de um círculo perfeito, com 80 m de diâmetro e

64
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Crop Circle Connector

Detalhe de um
dos círculos mais
incomuns, aquele
que mostra
uma espécie
de sistema
estelar. Vê-se os
montículos de
cereal ainda em
pé, em meio às
plantas dobradas

40 m de raio, um quadrado perfeito, com 130 m de lado e em


formato de U. O segundo grupo localiza-se nas terras do sitiante
Jacó Sá, mostrando a figura de um quadrado com um círculo
dentro e mais uma figura octogonal.
“Era final de tarde e o primeiro geoglifo que vi foi um círculo,
que me chamou muita atenção pela sua perfeição. Passávamos
em cima do seringal Bagaço e busquei um ponto de referência
para que posteriormente pudesse ir ver in loco o que era aqui-
lo. Pouco tempo depois, peguei o fotógrafo Edson Caetano e
sobrevoei a área em busca do círculo. Para minha surpresa,
acabamos por encontrar outras figuras que só ficaram em des-
coberto devido aos desmates da região”, explicou Alceu Ranzi.
Assim como as formações nas plantações inglesas, os geoglifos
foram associados ao Fenômeno UFO.
Devido à proximidade do lugar e a similaridade entre as
figuras, Alceu defende que os geoglifos descobertos possuem
um fio de ligação com discos voadores. “Acredito que a ori-
gem das figuras tenha relação, com a diferença de que lá foi
escavada em rocha e aqui, na terra. Para provar isso, teremos
que fazer muitas pesquisas e buscar novas marcas do mesmo
tipo que estejam escondidas na floresta. É um novo desafio que
vale a pena ser pesquisado com profundidade”, comentou. Essa
descoberta coloca o Brasil entre os maiores sítios arqueológicos

65
Wallacy Albino

Fotos cortesia Universidade Federal do Acre

do mundo e se resolvido os mistérios que o envolvem, algumas


das perguntas mais simbólicas da História da Humanidade es-
tarão a um passo de serem respondidas. Desse modo, uma
das teorias diz que os retângulos e as linhas retas são algum
tipo de pista de aterrissagem para naves extraterrestre. Como
alguns deles terminam abruptamente em cima de montanhas
ou pedras, elas não poderiam ser estradas normais.
Outras figuras ficaram largamente conhecidas na década
de 70 através do livro Eram os Deuses Astronautas?, do autor
suíço Erich von Däniken, que defendia que as civilizações pré-
colombianas, assim como a astecas, teriam sido visitadas por

66
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia Universidade Federal do Acre

Os geoglifos
descobertos
no Acre e
pesquisados pela
Universidade
Federal daquele
Estado. São
desenhos feitos
no solo, com
depressão da
terra. Estima-
se sua idade
em centenas
de anos e sua
origem como
sendo indígena.
Assemelham-
se aos círculos
ingleses, mas
sua natureza
é totalmente
diversa

alguma forma extraterrena inteligente, que teria deixado suas


marcas na região. Contudo, outra corrente defende que as fi-
guras foram escavadas nas pedras do vale como uma espécie
de santuário, onde se realizariam festas e oferendas para que
os deuses mandassem chuva e fartura na região, que é seca e
pedregosa.
Mas algumas perguntas importantes permanecem sem res-
postas satisfatórias: como todos estes desenhos foram feitos?
Por quem? Com que propósito? Como povos antigos puderam
utilizar o terreno do deserto para traçar sinais enormes e figuras
de dimensões tão perfeitas, sem qualquer possibilidade de se

67
Wallacy Albino

olhar para elas ou calcular a perfeição de seus desenhos? Como


poderiam estar seguros do que estavam fazendo sem apreciá-los
de uma grande altura? Seriam tais figuras dedicadas a um Deus
ou será que serviriam como algum sinal amável para visitantes
vindos do espaço? O porquê, quem e quando essas estruturas
foram criadas ainda é um mistério que a Ciência apenas come-
çou a estudar.

68
O Mistério dos Círculos Ingleses

Capítulo 03

A Ligação dos
Círculos com UFOs
“Se o conhecimento pode criar problemas, não
será através da ignorância que iremos solucioná-los”.
— Isaac Asimov

I
nicialmente, os círculos eram considerados indícios de pou-
sos de naves espaciais. Muitos pesquisadores afirmavam
que tais marcas peculiares eram sinais deixados pelo que
conhecemos como trem de pouso, as supostas hastes de apoio,
ou seja, quatro círculos pequenos simetricamente ao redor de uma
circunferência principal. No entanto, para alguns ufólogos e pes-
quisadores estava evidente que as formações eram de origem
alienígena, porém há diferenças entre as marcas de pouso e os
círculos, a plantação não fica queimada, fato bastante comum
nos chamados ninhos de UFOs. Alguns desenhos chegaram a
surgir embaixo de redes elétricas, sem que as fiações fossem
danificadas, condição que impossibilitava a aterrissagem.
A ligação com o Fenômeno UFO se intensificou e desper-
tou o interesse da maioria dos ufólogos, principalmente pela
quantidade de depoimentos de avistamentos nos locais de
maior incidência do fenômeno, frequentemente vistos nas pro-
ximidades em que os desenhos apareciam. Com isso, passou-
se a obter vários registros fotográficos, de sondas ufológicas

69
Wallacy Albino

– objetos voadores minúsculos e não tripulados – sobrevoando


as plantações, antes e depois dos desenhos surgirem. Uma ca-
racterística dos círculos misteriosos é o seu indubitável vínculo
com o Fenômeno UFO.
As pessoas podem apresentar duas reações: dizer que os
discos voadores são tolices ou talvez encará-los como naves es-
paciais alienígenas, tripuladas por homenzinhos verdes (ou cin-
zentos), que representam uma imagem criada por Hollywood
e pelos tabloides sensacionalistas, incapazes de compreender
a complexidade do fenômeno. Mas os UFOs não são tolices
e sua natureza está além da ideia simplista de naves vindas de
outros planetas. Mais comumente, a visão de UFOs, associada
ao aparecimento de círculos nas plantações, tem ocorrido em
lugares onde as formações não tinham sido vistas anteriormen-
te; é como se os mistérios do céu estivessem semeando os
novos locais de pouso, criando círculos misteriosos! Em 1990,
registraram-se outros exemplos de visões de UFOs, antes do
aparecimento de figuras em Bickington, Devon e em Hopton,
Norfolk. Em Bickington, um objeto misterioso, com fortes
luzes coloridas que piscavam, foi visto no mesmo lugar onde
apareceu na manhã seguinte um círculo enigmático com sete
satélites ao seu redor.
O caso mais recente, em Norfolk, que ainda está sob inves-
tigação, parece estar associado à formação de outros círculos
com vários satélites. É interessante observar que essa ocorrência
foi registrada num lugar sem fatos similares. Uma formação
de vários UFOs, na região de Warminster, no final das décadas
de 60 e 70, com alguns círculos e sinais, foi notada na mesma
época. Por outro lado, deve-se observar que esses UFOs se
apresentaram na maioria das vezes como naves estruturadas e
luminosas, cujo desaparecimento ocorreu numa fração de se-
gundo, em pleno ar. Em determinados casos, testemunhas viram
formações semelhantes aos círculos quíntuplo, triplo alinhado e
triplo equilateral, que observamos durante a década de 80. Essas
visões ocorreram precisamente em lugares como Warmins-

70
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Busty Taylor

Foto rara de uma


suposta sonda
ufológica, que
geralmente é
um ponto de luz
com 20 cm a 1,2
m de diâmetro,
flagrada por
um cinegrafista
amador sobre
um círculo
recém-produzido

ter, Upton Scudamore e Westbury, onde hoje são encontrados


os círculos ingleses. O que nos faz chegar à conclusão de que
ou essas sondas realmente estão de alguma maneira formando
tais desenhos nas plantações ou então elas podem estar muito
interessadas nas mesmas e, em consequência, podem estar se
aproximando para observá-las cada vez mais de perto.
Apesar do governo britânico até hoje não ter se manifestado
sobre o mistério dos círculos, é público o fato de que houve
o investimento em diversas pesquisas que, inclusive tentavam
desvendar o fenômeno, que foi discutido no Parlamento

71
Wallacy Albino

Britânico. A família real chamou para uma consulta especial


o lorde Solly Zuckerman, principal conselheiro científico do
Ministério da Defesa, mas se chegaram a alguma conclusão,
não foi divulgado. São comuns os relatos de moradores
das regiões em que o fenômeno ocorre com maior intensida-
de relatarem a presença de helicópteros negros, sem qualquer
tipo de identificação, sobrevoando as plantações onde surgiram
desenhos.
Supostamente, o príncipe Charles teria pedido ao De-
partamento de Ciência e Tecnologia britânico (MoCT) para
que fosse informado de todas as descobertas relacionadas
ao assunto. No entanto, o príncipe nunca veio a público se
manifestar a respeito e dizer se o dinheiro que investido surtiu
efeito de alguma maneira. Ademais, surgiram informações
de que algumas sociedades secretas, como os Cavaleiros
Templários de Malta, estariam envolvidas com o fenômeno
e que o Ministério da Defesa da Inglaterra (MoD) estaria en-
cobrindo o caso. Houve também indícios de que as próprias
forças armadas britânicas teriam forjado algumas figuras, na
tentativa de afastar o público da exata pista sobre o misté-
rio. A formação gigantesca de Wiltshire, registrada em 12 de
agosto de 2001, mais precisamente em Wansdyke, Milk Hill,
é composta de 409 círculos separados com um diâmetro total
de aproximadamente 300 m. Seu tamanho enorme, a precisão
e riqueza de detalhes eliminam toda e qualquer possibilidade
de participação humana em sua criação.
A ideia de que forças naturais poderiam ser responsá-
veis também é absurda. A pesquisadora de formações de
círculos e produtora de TV, a norte-americana Linda Moulton
Howe, realizou levantamentos profissionais que concluíram
que pelo menos dois dias seriam necessários para mapear
o solo para aquela formação, e isso se o trabalho fosse feito
à luz do dia! A tarefa essencial teria sido particularmente di-
fícil por causa das ondulações acentuadas do campo. John
Lundberg, porta-voz dos principais assumidos criadores de

72
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia Crop Circle Connector

Acima, a famosa
formação de
Oliver’s Castle,
em Wiltshire,
descoberta em
agosto de 1996.
Sua origem
é atribuída à
ação de sondas
ufológicas.
Abaixo, uma
formação mais
recente, também
da mesma área,
encontrada pelos
estudiosos em
1997. Ela foi
apelidada de
Aranha

falsos círculos, admitiu que se eles tivessem apenas quatro


horas de escuridão, teriam de achatar a plantação para cada
círculo individual a cada 30 segundos, o que lhes daria pouco
tempo até o levantamento feito à luz do dia. A hipótese de
que essa formação teria sido feita em vários dias, sem ser
notada, é igualmente ridícula.
As pessoas que conhecem a localidade sabem que os pes-
quisadores mantêm um intenso escrutínio da área nos meses de
verão. Qualquer nova formação é detectada em poucas horas
pelos numerosos helicópteros e pequenos aviões que sobrevoam
a área durante o dia, e até por pessoas saltando de asa delta das

73
Wallacy Albino

colinas na vizinhança, um ponto turístico no alto da montanha


muito frequentado por andarilhos e excursionistas.

Alguns Casos Inexplicados

Existem vários casos inexplicados envolvendo os círculos


ingleses nas regiões onde surgem, tornando o fenômeno mais
enigmático. Pesquisadores e curiosos relataram que, em algumas
ocasiões, suas máquinas fotográficas deixavam de funcionar no
interior das formações, assim como as baterias de filmadoras
se descarregavam instantaneamente. É comum ouvir ruídos
estranhos e observar misteriosas luzes movimentando-se pela
plantação, além de relâmpagos no céu, mesmo quando a noite
está totalmente estrelada e sem nuvens. Esses acontecimen-
tos são registrados principalmente em vigílias noturnas. E algo
ainda mais assustador é o fato de algumas pessoas mudarem
sua personalidade após passarem a noite no meio da planta-
ção. Que estranho efeito alteraria a personalidade de alguém?
Seriam dispositivos capazes de usar o poder do planeta para
gerar e provocar efeitos paranormais e psíquicos em quem se
aproxima deles? Será que algum tipo de energia invisível causa
as formações? Isso também afetaria os animais?
O primeiro registro dessas situações ocorreu em 1986, quando
o pesquisador inglês Colin Andrews levou para sua casa algumas
amostras do solo de uma plantação próxima a Wantage, onde
havia surgido uma figura. Depois disso, ele e sua família passa-
ram a ser perturbados por uma série de manifestações típicas
de atividades vinculadas ao fenômeno poltergeist. A esposa do
pesquisador declarou ter sentido uma presença maligna dentro
de casa por diversos dias. Outro episódio semelhante aconte-
ceu em 21 de agosto de 1988. J. C. Belcher observou ovelhas
pastando num campo em Baildon Moor, próximo a Yorkshire,
onde havia dois círculos simétricos no meio do terreno. Con-
forme afirmou Belcher, “... parecia que alguma radiação misteriosa
estava sendo emanada de cima ou debaixo da pastagem”. O

74
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Lucy Pringle

A formação de 12
de junho de 1995,
encontrada em
Telegraph Hill,
em Hampshire,
também lembra
um sistema
estelar

circólogo Ralph Noyes comenta que os círculos eram formados


pelas próprias ovelhas que lá pastavam. Será que algum tipo de
energia invisível, que possivelmente estaria causando esse efeito
nas plantações, também poderia afetar animais?
No mês de junho de 1990, foi organizada uma expedição
para procurar novos círculos, que durou cerca de 10 dias e foi
realizada entre as localidades de Silbury Hill e Wansdyke. Durante
a operação, seus integrantes ouviram zumbidos inexplicados,
semelhantes ao som das abelhas, e vinha do interior das planta-
ções. Em 12 de julho do mesmo ano, surgiu um pictograma na
plantação de trigo abaixo de Adam’s Grave, em Alton Barnes. A
figura media 130 m de comprimento e um morador que reside
a menos de um quilômetro do local declarou ter ouvido um
estranho zumbido no meio da noite, no mesmo instante em
que todos os cães da aldeia começaram a latir.
Coincidentemente, alguns moradores afirmaram que vários
carros tiveram problemas elétricos pela manhã, embora não seja
possível determinar se o que ocorreu durante aquela noite causou
o chamado efeito eletromagnético (EM) nos motores dos auto-
móveis. Outro acontecimento interessante, e que talvez prove
em definitivo a ligação dos desenhos com os UFOs, ocorreu
no Japão no dia 15 de abril de 1991, na vila de Akikawa-Cho, que
pertence ao município de Kanagawa. Nesse dia, dois garotos

75
Wallacy Albino

supostamente testemunharam a criação de um círculo, quando,


por volta das 16:30 h, Masamitsu Kikuchi, estudante de apenas
10 anos na época, estava andando de bicicleta numa estrada
próxima a sua casa e teria visto um objeto alaranjado e bastante
luminoso, voando lentamente em sua direção.
O garoto tentou correr, mas teria ficado paralisado. Mesmo
assim, observou o objeto, que descreveu como um pão inchado
e redondo no centro, de cor laranja intensa, e um pouco mais
amarelado nas bordas. Segundo o depoimento, “... o objeto
parou sobre a pastagem, diminuiu sua luminosidade e de repente
emitiu uma fumaça, como se fosse uma espécie de massa de
vapor branco, que permaneceu alguns metros abaixo do objeto”.
A fumaça era translúcida e aumentava constantemente,
girando em direção ao chão, formando um cone. Quando
tocou o solo, a testemunha sentiu uma desconfortável brisa,
além de gotas de vapor no rosto, enquanto escutava um
grunhido ao seu redor. O garoto presenciou quando a grama
estava se inclinando e ondulando do centro para a base e, em
questão de minutos, havia se formado um perfeito círculo.
Depois disso o cone de fumaça levantou-se vagarosamen-
te, foi reduzindo seu tamanho e desaparecendo na direção
do objeto. Quando o UFO sumiu entre as nuvens, Kikuchi
recuperou-se e chamou por seu amigo Tanaka, que estava
nas proximidades. Ao aproximar-se de Kikuchi, viu o objeto
aparecer parado, ao lado do primeiro círculo formado. Os
dois garotos foram imobilizados, enquanto presenciavam o
objeto, que estava transparente, quase imperceptível, expe-
lindo o vapor e formando um anel na vegetação. Em seguida,
um círculo concêntrico no interior do anel e logo depois um
terceiro círculo dentro do anterior.
As crianças afirmaram que o objeto não girava, somente o
cone de vapor agia assim. Ao sentirem-se livres, os garotos corre-
ram para dentro do círculo e puderam sentir o mato ainda quente e
úmido. A vegetação, de cerca de 50 cm de altura, estava rebaixada,
formando ângulos retos e sem galhos quebrados.

76
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Steve Patterson

O objeto
encontrado
em Litchfield,
na região de
Hampshire, em
julho de 1995.
Sua complexidade
está sendo até
hoje investigada

Quando tentaram reerguer alguns dos galhos que estavam


inclinados, estes se partiram. Numa madrugada de julho de
1991, a pesquisadora Rita Gold e outros investigadores do fe-
nômeno dos círculos, que lhe faziam companhia, durante vigília
em um campo próximo à pequena aldeia de Alton Barnes, na
Inglaterra – uma região de alta incidência – observaram, por
volta das 03:00 h, uma coluna branca luminosa que desceu
lentamente de uma nuvem em direção a uma colina próxima
daquele local. Aquela luminosidade envolveu todo o cume
da elevação, que tem cerca de 240 m de diâmetro, e depois
a coluna se desfez repentinamente. O episódio durou aproxi-
madamente oito segundos e não deixou nenhum vestígio que
pudesse ser descoberto durante o dia.
Isso ocorreu quando, na noite de 23 de julho de 1991, sur-
giu um pictograma na Alemanha. Dias após o aparecimento
do desenho, um jovem que estava equipado com detector de
metais encontrou três moedas bastante antigas, uma de ouro,
outra de prata, e uma terceira de bronze, enterradas na figura.
Mas o que chamou mais a atenção é que nessas moedas estava
esculpido o mesmo desenho que havia surgido na plantação.
Após análise foi possível constatar um elevadíssimo grau de
pureza nos metais, algo que seria praticamente impossível de se
obter na época em que aquelas moedas haviam sido cunhadas.

77
Wallacy Albino

No ano de 1993, por brincadeira,alguém forjou uma peque-


na figura composta por uma formação curva numa plantação em
Wiltshire. O interessante foi que naquela mesma noite apareceu
outra figura com as mesmas características, proporção e ângulo,
a cerca de oito quilômetros daquela, o que foi interpretado pelo
autor como sendo uma resposta pelos verdadeiros autores ao
seu desenho. A partir daquele ano, isso passou a se tornar algo
tão frequente que não seria possível se tratar apenas de uma
simples coincidência.
Em junho de 2000, um fazendeiro da vila de Yuzhnoye,
região do território russo de Stavropol, chamou os policiais lo-
cais quando encontrou estranhas marcas em seu campo de
cevada, semelhantes às descobertas na Inglaterra. Eles colheram
depoimentos dos proprietários da região, que afirmaram que na
noite em que os desenhos surgiram um objeto muito intrigante
pousou na plantação e voou segundos depois. Um exame mais
apurado no local revelou quatro círculos distintos, sendo que o
maior, localizado no centro da figura, media cerca de 20 m de
diâmetro e os outros três círculos externos variavam entre cinco
e sete metros de diâmetro. A plantação, curiosamente como
ocorre nas formações inglesas, tinha sido inclinada em sentido
horário. Vasily Belchenko, membro do Conselho de Segurança
de Stavropol, esteve no local investigando o caso e afirmou que
aquela figura jamais poderia ter sido feita por humanos. Certos
padrões de desenho vêm evoluindo ao longo dos tempos nos
locais onde houve casos em que até uma determinada formação
foi repetida em outra plantação, em apenas uma única noite.

A Estranha Teia de Aranha

Esta figura, que surgiu em Avebury e foi apelidada de Teia


de Aranha, se trata de uma das imagens mais impressionan-
tes entre todas as que surgiram nos últimos anos, na região
sul da Inglaterra. Foi produzida durante duas noites seguidas,
com detalhes que chamam a atenção, tal como os raios que

78
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Steve Patterson

A incrível Teia
de Aranha,
uma formação
complexa e
geometricamente
perfeita que
surgiu em
Avebury, em
1994. Abaixo,
nos detalhes,
imagem ampliada
da formação em
vista aérea e a

foram posicionados no
mesmo sentido em que
estão fincadas as pedras
existentes em Avebury, e
levemente deslocados,
mas de maneira simétrica,
do centro da figura, ou
seja, todos os raios não
partem do ponto central
do círculo, mas a cerca de
um metro à esquerda dele,
formando um desenho muito peculiar que, segundo especialistas
em imagens geométricas, seria uma maneira muito mais difícil
de se produzir tal figura. Os arcos existentes entre os círculos,
possuem diferentes circunferências entre si, sendo que os mais
externos têm círculos menores que os arcos internos. Essa é
realmente uma peculiaridade do fenômeno.
Todo esse conjunto de detalhes pode se tratar apenas de
um capricho do autor, mas intriga o mistério sobre como foi
feito. Segundo um artigo do diretor da revista australiana Nexus

79
Wallacy Albino

[www.nexusmagazine.com], seria necessário mais de 100 ho-


mens equipados com instrumentos de medição topográfica
para produzir essa mesma figura, numa semana.
Agora é o momento de descartar as teorias sobre o uso
de tábuas, vórtices de plasma, forças geomagnéticas naturais
etc. Todas essas hipóteses já foram apresentadas ou usadas por
outros para esconder o óbvio: a maioria das formações é obra de
alguma inteligência desconhecida. Embora tenham aparecido
muitas figuras grandiosas na Grã-Bretanha, se o desenho da
página anterior não for explicada como obra alienígena, qual
será a justificativa razoavelmente boa? A resposta é muito clara
para aqueles que realizam uma pesquisa séria e coerente sobre
o assunto; e depois de 20 anos de pesquisa, entender que os
círculos podem ser feitos por mãos não humanas, não é algo
absurdo. É a explicação mais coerente.

80
O Mistério dos Círculos Ingleses

Capítulo 04

Análise das
Formações Inglesas
“Se um homem não sabe a que porto se dirige,
nenhum vento lhe será favorável”.
— Lucius Annaeus Seneca

D
urante os vinte anos dedicados ao estudo dos círculos,
diversos cientistas recolheram amostras da vegetação
atingida e analisaram detidamente as peculiaridades das
formações. A característica mais comum encontrada foi a pre-
cisão geométrica dos desenhos, já que na maior parte deles as
zonas externas da colheita estavam exatamente delimitadas.
Somente anos depois as figuras passaram a apresentar formas
anulares, elípticas, retangulares, triangulares, entre outras.
Em determinadas formações, por sua vez, observa-se corte
brusco em algumas partes das plantas que ficam deitadas, e
também nas que estavam em pé, além do contínuo cresci-
mento e amadurecimento da lavoura, tombada quase sempre
na posição horizontal. Com relação a esse detalhe, Terrence
Meaden, físico da Universidade Dalhousie, em Halifax, no
Canadá, opina contrariamente. Para ele, o crescimento não
continua, mas as plantas apenas amadurecem na posição
horizontal. Não há continuidade no processo, apenas um
adiantamento da semeadura.

81
Wallacy Albino

Nesse período surgiram e se extinguiram diversas teorias


acerca da natureza dos círculos ingleses, embora diversas po-
lêmicas em torno do assunto não tenham resistido a um verão
europeu. Outras, todavia, continuam até hoje. Apesar disso,
é possível traçar uma espécie de mapa característico das for-
mações, que pode ajudar a solucionar o enigma em torno da
origem das figuras. Vejamos alguns pontos principais:

Multiplicidade dos movimentos dos caules — Da direita


para a esquerda, da esquerda para a direita, radial, reto, em for-
ma de suástica [Cruz]. Os caules são movimentados de acordo
com a necessidade do desenho. Não há um sentido único ou
dominante.

Diversos tipos de formação — Camadas diversas, formação


de veios, grupos de plantas torcidas, no caso do trigo.

Sincronia com atividades humanas — Frequentes sinais de


alinhamento das formações com marcas encontradas no solo,
como rastros de tratores e outras máquinas agrícolas.

Ausência de informação sobre os perpetradores — As


formações geralmente ocorrem à noite e sem barulho, embora
essa informação esteja sendo parcialmente desmistificada, já
que algumas testemunhas, estudiosos em vigília, moradores etc,
afirmaram ouvir um estranho zumbido, em alto e bom som, no
momento em que os desenhos surgem. Em junho de 1990, o
pesquisador John Haddington organizou uma operação a procu-
ra de círculos, que durou dez dias, entre Silbury Hill e Wansdyke.
Durante esse período, zumbidos e cricrilados foram ouvidos
várias vezes por algumas pessoas, inclusive com descrição das
observações na primeira edição da revista Cereologist. Outro
exemplo de que nem sempre o silêncio é uma regra imutável
durante a criação dos desenhos é o relato de um morador de
Alton Barnes. Ele contou ter ouvido um som estranho, como um

82
O Mistério dos Círculos Ingleses

zumbido, no meio da noite, no mesmo instante em que todos


os cães da aldeia começaram a latir.

Extraordinária variedade de formações — Com múltiplos


círculos ou anéis. Nesse período, calcula-se que tenham sido
feitas cerca de 12 mil formações, com aproximadamente 700
desenhos diferentes. Mas quando se menciona a quantidade de
desenhos descobertos, expressões como cerca e aproximada-
mente são vitais para o entendimento do assunto. Foram tantas
as formações até hoje, e num processo gradual tão acelerado,
que os estudiosos do assunto não tiveram tempo, tão pouco
estrutura financeira para acompanhar o crescimento do fenô-
meno de forma ideal. Entretanto, foi possível contabilizar essas
imagens. O pesquisador Colin Andrews, já citado, declara possuir
cerca de 10 mil fotos de círculos ingleses.

Aumento da complexidade das figuras — Elevação da com-


plexidade e quantidade das formações circulares durante toda a
década de 1980 e 1990. Inicialmente, os círculos eram apenas
circunferências simples, sem muitos detalhes e numa quantidade
que, se comparada com as hoje, é irrisória. De forma gradual e
crescente, os círculos foram ganhando anéis, satélites, mandalas
etc, e também obtiveram detalhes que tornavam suas imagens
ainda mais intrigantes.

Efeitos incomuns a fenômenos aleatórios — Características


não circulares e desenhos mais elaborados em 1990, marco
para o fenômeno. Foram quase mil formações, muito mais
que nos anos anteriores. As figuras apareciam da maneira
mais difícil possível de se prever. Eram formas não circulares.
A partir daí, foram encontrados halteres – dois círculos unidos
por uma reta, retângulos, triângulos, rolos de pergaminho etc.
O tamanho de alguns anéis individuais excedeu o dos maiores
círculos das formações anteriores. A partir desse ano, tais figuras
passaram a ser conhecidas como pictogramas, devido à sua ex-

83
Wallacy Albino

trema complexidade e grandiosidade – alguns chegavam a medir


150 m de extensão, cuja dificuldade e combinações variadas de
determinadas características mostravam detalhes, articulações e
habilidades nunca apresentadas anteriormente. Essa mudança,
aparentemente brusca, foi ensaiada durante toda a década de
80, mas ao que parece ganhou urgência na década seguinte.
As teorias que tentavam explicar os círculos como um fe-
nômeno natural foram caindo uma a uma e a possibilidade de
envolvimento de inteligências extraterrestres passou a ser mais
respeitada. Os primeiros círculos do ano de 1990 começaram
a aparecer no final do mês de abril e princípio de maio, ao norte
de Devizes, Inglaterra. Além de inúmeras pequenas formações,
outras imagens de círculos anelados foram encontradas em
plantações jovens, que apresentavam anéis estreitos e extrema-
mente precisos, com larguras que variavam entre 15 cm e 22
cm, nunca vistas anteriormente.

Orientação espacial da formação — Achatamento rotatório


da vegetação, que ocorre quando a planta fica dobrada no sen-
tido rotatório ou espiraloforme, em torno de um eixo que está
deslocado em relação ao centro geométrico do círculo. Algumas
formações apresentam dois centros distintos.

Sem regras de rotação definidas — A direção de rotação


aparentemente não demonstra nenhum predomínio pelo sentido
horário ou anti-horário. Nas formações mais complexas também
não parece haver regra quanto ao sentido de rotação dos círculos
satélites, nem entre eles. Durante um certo período acreditou-se
que a circunferência principal e seus satélites teriam os caules
virados em sentidos opostos. Mas quando essa crença foi assu-
mida como regra, os responsáveis pela formação a quebraram,
o que causou certo constrangimento na comunidade científica.

Não destruição das plantas envolvidas — Ausência de danos


às plantas, porém foram detectadas alterações biológicas. Não há

84
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Colin Andrews

Uma coisa
notória nos
círculos é a
multiplicidade
da inclinação dos
caules, da direita
para a esquerda,
da esquerda
para a direita,
ora são radiais,

registro algum de avaria às plantas do interior das formações, nem


as que ficam em volta. Ao contrário, elas continuam produzindo
e são férteis. Um fato que chega a ser curioso é que o cereal do
interior do desenho chega a se desenvolver muito mais rápido do
que aqueles que foram dobrados mais próximos das bordas. Foram
feitas diversas análises laboratoriais que indicaram que a matéria
das plantas afetadas tinha passado por uma mudança molecular:
as células se tornaram inchadas e expandidas, apesar da aparência
bastante enrugada. As amostras sofreram uma espécie de supera-
dubação, que chega a germinar até 40% mais rápido do que as
sementes do exterior, devido à alteração da parede interna das
células das sementes afetadas passarem por fortes adulterações,
tornando-se esticadas, distorcidas e espaçadas entre si. Essas
características não são encontradas nas sementes dos cereais
que se encontram fora das figuras.
Talvez se trate de um tipo de radiação que dilate suas pe-
quenas aberturas para a passagem dos íons e eletrólitos. Todos
esses testes foram realizados com amostras de pequenos cír-
culos forjados, mas nenhuma dessas alterações foi detectada.
O solo sob os círculos parece consideravelmente desidratado,
partido ou rachado, mesmo após fortes chuvas. Ademais, os
níveis de radiação dentro de um desenho chegam a ser 10 vezes
maiores que o normal.

85
Wallacy Albino

Evidências de ação não humana — Os talos são dobrados


acima do solo, como se fossem amassados por cima. Esse é um
forte indicativo de que seriam produzidos por mãos não huma-
nas. Ao mesmo tempo, não há indícios de pegadas ou rastros
na vegetação amassada. Sem esses sinais, é muito difícil explicar
como uma parte tão grande da plantação pode ser afetada. As
espigas e os caules das plantas ficam quase sempre intactos e
não há nenhuma intervenção humana próxima ou dentro dos
círculos. Fotos tiradas imediatamente após a descoberta dos
fenômenos não mostram nenhum rastro entre as formações,
a não ser o característico traçado linear deixado pelos tratores
durante a semeadura.

Diante do exposto, é interessante frisar que parte das forma-


ções foi descoberta em plantações de cereais maduros e prontos
para a colheita, em especial o trigo, a aveia e a cevada. Todavia,
é possível encontrar círculos em qualquer tipo de cultura arável,
desde que os caules sejam rígidos o suficiente para garantir a
duração da imagem, tal como nas culturas citadas, além das
de centeio, tabaco, mostarda, rapé, feijão, soja, erva medicinal,
espinafre, beterraba, milho e arroz. Os círculos descobertos em
plantas maiores foram apagados pelo vento num curto espaço
de tempo e as plantas que foram achatadas formaram algumas
faixas em sentidos opostos, dando a determinadas figuras a im-
pressão de um desenho sobreposto, visto em terceira dimensão
por aqueles que sobrevoam as plantações em pequenos aviões
e helicópteros, na tentativa de registrar as figuras.
Os caules das formações são manipulados de forma a forma-
rem feixes alternados por baixo e por cima, nos sentidos horário e
anti-horário. Esse trabalho independe das condições do terreno,
pois já foram notadas algumas figuras em regiões bastante íngre-
mes e de difícil acesso. Por essas e outras singularidades é que se
descartou a possibilidade da maioria dos círculos serem obras de
pessoas interessadas em fraudar as figuras, na tentativa de aguçar
a curiosidade geral e, principalmente, desmoralizar os pictogra-

86
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia Crop Circle Connector

Os talos são
dobrados acima
do solo, como
se fossem
amassados por
cima. Essa é
forte evidência
de que são feitos
por mãos não
humanas

mas perante a opinião pública.


Entretanto, o mais pontual de
todos os fenômenos – que faz
justiça à fama britânica – volta
todo ano cada vez mais nume-
roso, complexo e enigmático.
Apesar dos autores de círculos
afirmarem que no ano seguinte
irão parar de formar essas figuras, elas voltam a surgir, fazendo
com que os supostos autores caiam em contradições para explicar
porque não pararam com as mesmas.
A semelhança entre a descrição de Robert Plot, exposta no
segundo capítulo, sobre os círculos das fadas e as características
demonstradas pelo espetáculo de hoje são difíceis de ignorar.
Suas observações incluem desenhos com um diâmetro mínimo
de 36,4 m, desidratação do solo e resíduo branco sulfuroso.
Todos esses aspectos aparecem em muitos dos círculos mo-
dernos. Plot também faz referência à tendência de uma safra
maior na área da figura, após sua formação. Recentemente, os
fazendeiros costumam relatar um aumento não casual de até
30% na produção de suas colheitas. Com o considerável apoio
de seus contemporâneos, ele concluiu que os círculos deviam
ser causados por raios. E parou por aí sua análise. Com o pas-

87
Wallacy Albino

sar dos anos, muitos estudiosos se lançaram à arena numa


tentativa de esclarecer o insistente mistério. Alguns, aparente-
mente dispostos a arriscar sua reputação profissional, como
o astrônomo Gerald Hawkins, ex-diretor do Departamento de
Astronomia da Universidade de Boston (EUA), que contribuiu
com um capítulo particularmente interessante na história dos
círculos nas plantações.
Hawkins observou, usando os princípios da Geometria Eu-
clidiana, que muitos desenhos tinham distância regular entre si
e relações numéricas. Ele descobriu também que podia provar
quatro teoremas em todas as formações que havia estudado.
A partir dessas conclusões, o doutor Hawkins criou um quinto
teorema, mais geral. Cada uma das cinco teorias refletia certas
relações musicais conhecidas como “escala diatônica”. Nunca
antes os teoremas geométricos tinham sido associados à mú-
sica. Hawkins lançou um desafio aos leitores da Science News
[www.sciencenews.org] e Mathematics Teacher [http://my.nctm.
org/eresources/journal_home.asp?journal_id=2], para que de-
terminassem o quinto teorema, usando os outros quatro. Os
meses se passaram e ninguém tinha encontrado a resposta.
Mas o que aconteceu em seguida foi extraordinário. Enquanto
o mundo científico ainda tentava engolir o desafio, um círculo
surgiu numa plantação de Wiltshire, que o doutor Hawkins re-
conheceu imediatamente como sendo uma representação do
quinto teorema geométrico. Ele ficou boquiaberto. Os céticos
caracterizaram o episódio como coincidência, embora a chance
disso seja uma em um milhão!

O Procedimento de Euclides

Com sua obra Elementos, o matemático grego Euclides (330


a 277 a.C.) deu forma sistemática ao saber geométrico. No livro
ele enuncia 23 definições, cinco postulados e algumas noções
comuns sobre o assunto. Em seguida, deduz proposições ou
teoremas, os quais constituem o saber geométrico, como por

88
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia Crop Circle Connector

Há quem
garanta que
os círculos
acumulam algum
tipo de energia,
que seria
benéfica para
o ser humano.
Com base nisso,
ainda que a
tese não esteja
comprovada,
muitos turistas
e estudiosos
fazem
meditação e até
experiências
paranormais

exemplo: “Se num triângulo dois ângulos são iguais entre si,
os lados opostos a esses ângulos também são iguais”. Esse é,
portanto, o modo como Euclides ordena o conhecimento geo-
métrico no chamado Sistema Euclidiano. Durante séculos esse
princípio valeu como modelo insuperável do saber dedutivo. Os
termos da teoria eram introduzidos depois de suas definições
e as proposições só eram aceitas se demonstradas. Euclides
as escolhia de tal modo que ninguém pudesse levantar dúvi-
das sobre a sua veracidade: eram evidentes, portanto isentas
de demonstração, comprovando que os gregos raciocinavam
com toda a exatidão possível quando o tema era Matemática e
deixaram à Humanidade modelos de arte demonstrativa.
Em resumo, Euclides, como já fizera Aristóteles, buscou o
ideal de uma organização incontestável, que reduz à escolha de

89
Wallacy Albino

um pequeno número de suposições notoriamente verdadeiras


daquele domínio do conhecimento e à posterior dedução de
todas as outras proposições reais desse domínio, a partir delas.
Surge com Euclides e Aristóteles a busca de uma economia
do pensamento e o começo da busca por uma automatização
do raciocínio e do cálculo. Mas havia um problema no sistema
de Euclides: suas evidências não eram tão evidentes. O seu
quinto postulado não convenceu de modo algum e despertou
perplexidade na história do próprio pensamento grego, depois
no árabe e renascentista.
Quais são os traços característicos das técnicas adotadas
por Euclides? Em primeiro lugar, ele sempre enuncia as leis em
forma universal, isto é, não examina as propriedades de uma
determinada figura ou linha realmente existente. Analisa, ao
contrário, as propriedades que todas as linhas ou figuras de tal
ou qual espécie devem ter. Formula também as leis de modo a
torná-las absolutas. Diz, por exemplo, que a soma dos ângulos
de qualquer triângulo é sempre igual a dois ângulos retos. Impõe
isso como algo rigoroso e absolutamente verdadeiro. Ele também
não se limita a enunciar um grande número de leis geométricas, ao
contrário, demonstra-as, embora sejam de caráter indutivo. Em vez
disso, apresenta-nos manifestações de caráter dedutivo, por meio
das quais procura estabelecer as suas conclusões com o rigor da
absoluta necessidade lógica.
Deve-se lembrar que uma dedução não equivale a uma de-
monstração. Deduzir uma conclusão a partir de certas premissas
equivale a oferecer uma demonstração da conclusão quando já
estiver assegurada a verdade das premissas. Parece, portanto,
que algumas leis geométricas podem ser demonstradas e outras
não. Mas para fazer valer sua lei, Euclides fixou cinco postulados
em seu sistema: (a) Uma linha reta pode ser traçada de um ponto
para outro qualquer. (b) Qualquer segmento finito de reta pode
ser prolongado indefinidamente para constituir uma reta. (c)
Dados um ponto e uma distância qualquer, pode-se traçar um
círculo de centro naquele ponto e raio igual à dada distância.

90
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Steve Patterson

Caminhar entre
as trilhas dos
desenhos nas
plantações virou
um passatempo
de final de
semana para
muitos ingleses

(d) Todos os ângulos retos são iguais entre si. (e) Se uma reta
cortar duas outras retas de modo que a soma dos dois ângulos
internos, de um mesmo lado, seja menor que dois ângulos retos,
então as duas outras retas se cruzam, quando suficientemente
prolongadas, do lado da primeira reta em que se acham os
dois ângulos.
Logo, vê-se que as ideias de Euclides diferem muito das
concepções indutivas e empíricas adotadas pelos egípcios. Os
três primeiros postulados revelam que ele não está tratando de
nenhum problema de mensuração de terras. Em condições
reais não é sempre possível traçar uma reta que passe por dois
pontos. As condições práticas simplesmente não interessavam
a Euclides. Portanto, havia um espaço em que inexistiam obstá-
culos absolutos e em volta do qual também não havia fronteiras
exteriores absolutas. O quarto postulado de Euclides é, à primeira
vista, dispensável. Se dois ângulos são retos, parece óbvio que
sejam iguais.
Mas se ele tivesse dito que todos os ângulos retos são ân-
gulos retos, a observação seria uma verdade lógica e não uma
verdade geométrica. Segundo as concepções de Euclides, en-
tretanto, um ângulo reto pode ser obtido sobrepondo-se duas
retas de tal maneira que os ângulos adjacentes sejam iguais.
Dessa definição não se deduz, com auxílio da lógica apenas,

91
Wallacy Albino

que os ângulos obtidos desse modo sejam sempre iguais. O


quarto postulado, por conseguinte, não descreve uma verdade
dependente apenas da forma coerente, uma vez que ele será
necessário para demonstrações futuras. Euclides precisou enun-
ciá-lo explicitamente, na qualidade de postulado. O quinto deles
encerra uma lei mais complicada que as fixadas nos precedentes.
O responsável pela formação parecia ter conhecimento
particularmente detalhado de Matemática e Geometria. Além
disso, deve ter sido muito hábil, respeitando as especificações,
na total escuridão da noite e em poucas horas. Um verdadeiro
feito de engenhosidade! Outro acadêmico a entrar em cena
foi o biofísico William C. Levengood, residente em Michigan
(EUA), onde estuda as energias bioelétricas encontradas em
matéria vegetal. Com mais de 50 artigos publicados em pe-
riódicos científicos e dono de seis patentes, sua reputação
profissional inspira respeito. Ele se interessou pelo fenômeno
dos círculos quando descobriu uma estranha inclinação nos
caules de algumas plantas afetadas na Inglaterra, a altura
considerável do solo. Após analisar amostras tiradas de um
determinado círculo e compará-las com padrões de controle
laboratoriais, fez descobertas notáveis, o que o encorajou a
criar o seu próprio grupo, o BLT Research Team, formado
pelos pesquisadores Burke e Talbot, este um dos precursores
da pesquisa do fenômeno dos círculos.
Após muita investigação, Levengood também acredi-
ta ter descoberto os avanços mais significativos. “Se esses
resultados forem válidos, teremos feito a descoberta mais
excitante até hoje. Meus testes concluem que o campo mag-
nético em 20% da área que ocupa um círculo tem rotação
de alguns graus consistentemente fora de sincronia com o
campo magnético da Terra. Isso explicaria uma série de coi-
sas, o crescimento espiral das plantas e a aparente perda de
umidade, por exemplo”, explicou.
Na sede do Circles Phenomenon Research International
(CPRI), o pesquisador Colin Andrews [www.cropcircleinfo.com]

92
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Steve Patterson

De pequenos
anéis, as
formações
acabaram se
transformando
em figuras
complexas,
conjunto de
objetos de vários
formatos

também coordena uma montanha de dados sobre os desenhos


nas plantações, regularmente atualizados por seus colegas e
público em geral. As informações que recebe oferecem evidên-
cia inquestionável de que os círculos são um mistério genuíno,
que não pode ser descartado. Sem dúvida alguma, é claro que
há fraudes e seus perpetradores são responsáveis por alguns
elaborados desenhos artísticos. Mas como Andrews explica,
“20% deles permanecem um mistério. Ainda nem imaginamos
como são feitos, pois não mostram evidência de participação
humana”. Portanto, é necessário um estudo cauteloso para
compreendermos a diferença entre os círculos nas plantações
genuínos e os forjados.
Exames laboratoriais dos nodos, ou seja, dos nós inchados e
inflados dos caules e das mudanças celulares, proporcionam uma
ótima evidência de que o calor foi aplicado na vegetação com pre-
cisão. Isso pode ser visto facilmente quando notamos que os caules
enraizados pouco abaixo do nível médio do solo não são aquecidos
e permanecem intactos, embora seja óbvio, pelo desenho, que
também deveriam estar achatados. Esse efeito é mais comumente
encontrado nos locais onde as sementes germinaram, ao lado das
marcas dos pneus dos tratores. A aparência de achatamento nas
formações autênticas, onde grandes quantidades de plantas
são forçadas para baixo, é quase perfeitamente uniforme. Te-

93
Wallacy Albino

gumentos [Invólucro que envolve a semente], que não existem


nessas grandes regiões, são espalhados de maneira regular por
cima da área achatada.
É importante observar que no trigo maduro, especificamen-
te, os invólucros estão perfeitamente alinhados com o caule. Isso
ocorre porque a força aplicada age ao longo de toda a extensão
do caule e do tegumento. Essa característica foi apontada
pela pesquisadora norte-americana Ilyes, em sua excelente
monografia The Transmission of a Crop Circle, de 1996. Ela
considerou que a força mecânica usada para criar uma formação
falsa, geralmente através de pressão aplicada ao terço inferior
de todos os caules, abaixo da largura e da extensão de uma
tábua, está compreendida entre 90 cm e 1,20 m. É óbvio que,
à medida que uma tábua move-se para frente, a meios passos,
esse processo necessariamente comprime numerosos grupos de
caules ao mesmo tempo, deixando longas fileiras horizontais de
caules e tegumentos na parte superior da área achatada, porém
irregulares, separadas entre si por cerca de meio metro, mas a
90º na direção da área – efeito um pouco parecido com o espaço
entre as ondas do mar, quebrando-se na praia.
A força mecânica só pode ser aplicada aos caules mais baixos
da plantação e os tegumentos caem aleatoriamente de um lado
ou de outro no alto de cada caule. Como as plantas, em uma
formação falsa, são pisoteadas, os caules que germinaram nas
linhas dos tratores foram achatados, independente da posição da
altura da raiz. As maiores evidências para verdadeiras formações
são as grandes quantidades de pedregulhos e as raízes inclinadas e
expostas do trigo que foi achatado, estiradas por cima da terra mole
e pegajosa. Se tivessem usado tábuas para comprimir qualquer uma
das formações supracitadas, as lascas de giz e a raiz teriam sido
amassadas no chão macio. Entretanto, em um artigo publicado na
Cereologist n º 28, ironicamente intitulado Uma Lição de Discerni-
mento, Ron Russell escreve exatamente o contrário: “Em junho, levei
um medidor eletrostático TREK-520 para os campos, a fim de medir
a energia, sob a direção do doutor Simeon Hein. Obtivemos resulta-

94
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia Ron Russell

As plantas
envolvidas nos
círculos sofreram
variações em
maior ou menor
grau. Sementes
e caules
dos cereais
apresentaram
curiosas
mudanças

dos surpreendentes que de-


safiavam nossos conceitos
da Física atual. Nos círculos
verdadeiros, a energia é mais
alta nas bordas externas. Em
uma formação falsa, feita por
mãos humanas, não há nenhuma diferença de energia! Testamos
essa teoria várias vezes”, explica. O artigo prossegue mencionando
diversos testes realizados em formações muito conhecidas e impres-
sionantes e observando que as leituras ainda eram mensuráveis nos
vestígios, após as formações terem sido cortadas.
Pensando em todas as evidências físicas encontradas até hoje,
não há dúvidas de que existem somente duas razões práticas que
explicam a formação dos círculos e que merecem ser levadas a
sério. Em primeiro lugar, a rudimentar compressão das plantas
pela mão dos homens e, em segundo plano, uma avançada e
desconhecida tecnologia alienígena.

Anomalias Anatômicas nos Círculos Ingleses

Levengood se tornou referencial para o mundo científico.


Suas análises e descobertas acerca do fenômeno e suas impli-
cações são consideradas as mais profundas até agora expostas

95
Wallacy Albino

por diversos pesquisadores da área. Em seus estudos, concluiu


que as formações dos círculos ingleses consistem em pictogramas
organizados geometricamente, com medidas variantes de 2 a 80
m de diâmetro, nos quais as plantas são dobradas horizontalmente
e apresentam alterações anatômicas curiosas e inusitadas, que
não podem ser copiadas por fraudadores, tal como os talos, pró-
ximos ao solo, formam redemoinhos complexos.
Num estudo publicado recentemente, ele mostrou as alte-
rações celulares e estruturais significantes, porém microscópi-
cas, encontradas nas estruturas celulares das plantas. Como as
organizações geométricas dentro dos círculos são examinadas
bem próximas ou fotografadas, e os diagramas detalhados con-
tornando o pictograma são bem visíveis, temos a impressão de
que forças uniformes e ordenadas estão envolvidas nas suas
estruturas. Alguém pode achar que os padrões dos círculos
representam diagramas de força, com as plantas dando pistas
visuais para determinar o tipo e a estrutura de energia envolvida.
Por ser considerado o mais completo de todos os estudos,
reproduzimos, a seguir, algumas das mais significativas análises
e conclusões do doutor Levengood e explicamos os métodos e
materiais empregados na pesquisa.

Material vegetal — Um grupo de teste típico contém entre


seis e dez amostras retiradas do interior do círculo e um número
igual de plantas normais ou de controle, removidas do mesmo
campo, a uma distância variante entre 10 e 300 m da periferia
da formação. A maioria dos grupos de amostra para teste foi
coletada entre um e cinco dias após a formação.

Medidas dos nodos dos caules — Devido às variações na-


turais de tamanho dos caules, foi empregado um método de
medida, garantindo que tivessem tamanhos semelhantes. Cada
amostra de teste continha de seis a dez plantas, a maioria com
cinco nodos em crescimento, sendo o primeiro designado na
localização da base petaloide [De pétalas].

96
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Ron Russell

Os nodos
dos cereais
mostram um
efeito bastante
interessante:
são inchados
de dentro para
fora e tornam
os caules mais
duros. Uma vez
dobrados, eles
se partem ao
Diâmetro dos núcleos nas paredes celulares — O diâmetro desdobrá-los
dos núcleos foi obtido com um micrômetro ocular de precisão,
da largura de um fio de cabelo, com ampliação de 450 vezes.
Em cada amostra foram escolhidos aleatoriamente 30 núcleos
de paredes celulares.

Germinação das sementes — Em materiais de teste com


suprimentos limitados de sementes foi necessário estabelecer
o que pode ser descrito como monitoramento preciso de ger-
minação das reações das sementes. De cada grupo de teste,
20 sementes foram dispostas como se estivessem envolvidas
em papel. Em seguida, foram inseridas numa câmara com a
temperatura uniforme de 250° C, para que brotassem artificial-
mente. Para cada amostra, o número de sementes germinadas e
comprimentos médios puderam ser determinados. Esse percen-
tual é importante para a avaliação do potencial de crescimento.

Término do desenvolvimento embrionário — Uma das per-


turbações fisiológicas mais consistentes e comuns ocorreu
nas plantações de trigo, em meio às formações de círculos,
durante as fases de desenvolvimento de antese, ou seja, o
desabrochar da flor, e formação embrionária inicial. Quando
as plantas continuavam a se desenvolver durante toda a época

97
Wallacy Albino

do crescimento para a colheita, perto da fase de maturidade,


a estrutura das sementes era equivalente à aparência externa
daquelas ao seu redor.

Uma amostragem tirada em Newton, na Inglaterra, no


dia 1º de julho de 1991, revela tegumentos que externamente
tinham aparência normal, tanto nas plantas de fora quanto
nas do interior do círculo. Cerca de 100 sementes de cada
grupo de controle, fora do círculo, foram examinadas. Numa
ampliação do tamanho original em cinco vezes, revelou-se
que 40% das amostras da área do círculo exibiam grotescas
má formações, enquanto a população de controle apre-
sentou 0% dessa característica. As sementes anormais do
círculo tinham coloração marrom e estavam completamente
achatadas, além de aquelas com tecido dentro da região em-
brionária se estenderem para fora do endosperma1 murcho.
Essas plantas foram observadas no estágio inicial de
desenvolvimento e, consequentemente, a endosperma ainda
não tinha enchido completamente as sementes. A maior par-
tes dessas deformações poderia ser explicada pela cessação
de desenvolvimento da vegetação, seguida de desidratação
prematura, que começou no momento da formação do cír-
culo. Em comparação, as plantas de controle aparentemente
continuaram a crescer durante todo o intervalo e não mani-
festaram desidratação. Essa persistência de desenvolvimento
embrionário alterado foi observada novamente nas amos-
tras de 1992. Um dos exemplos mais notáveis veio de um
campo de trigo em Montgomery County (EUA), em 02 de
junho daquele ano, que exibia o desenvolvimento de formas
irregulares. Como as amostras de 1991, os tegumentos de
trigo pareciam normais externamente. Porém, nos tegumen-
tos da formação, os embriões tinham menos da metade


1
Substância que acompanha o embrião em diversos
vegetais.

98
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia Andrew King

O traçado dos
círculos muitas
vezes permite
que áreas
amassadas em
direções opostas
se cruzem
[detalhe], como
nesse caso, em
Barbury Castle,
em julho de

do tamanho dos do grupo


de controle. Como no caso
de outros grupos de amos-
tra, o desenvolvimento re-
produtivo parecia terminar
no momento da formação
do círculo, que nesse caso
foi logo após a antese.

Núcleos celulares e germinação das sementes

Os efeitos colaterais das formações puderam ser detecta-


dos em brácteas em contato com as sementes de trigo onde
os núcleos das paredes celulares são relativamente uniformes
em tamanho2. Foram avaliados ainda tecidos recém-colhidos,
maduros e desidratados. Junto a observações sobre as plantas
dos círculos e as de controle foram feitos esforços paralelos para
prensar plantas intencionalmente, enviando-as em seguida ao la-
boratório, como se fossem plantas dos círculos. Essas amostras
achatadas artificialmente foram preparadas na Fazenda Carson,

2
As brácteas são folhas modificadas que se encontram
junto à flor ou envolvendo uma inflorescência.

99
Wallacy Albino

em Alton Barnes, em 04 de agosto de 1993. As amostras foram


tiradas num período de 24 horas após o achatamento e cada
grupo foi constituído pelas letras A, B e C, em diferentes locais
no campo, para diferenciação. A terceira, de um complexo de
anéis de Silbury Hill, em 20 de agosto de 1992, incluía plantas
de controle normais, eretas. Não havia outros tipos de plantas
achatadas nessa área de amostragem.
O material testado foi tirado em menos de 24 horas após a
ocorrência da formação. Os grupos intencionalmente achatados
não exibiam diferenças consideráveis de crescimento, enquanto os
valores dos núcleos das paredes celulares eram mais variáveis. Os
modelos do círculo exibiam crescimento significativamente mais
alto nas sementes e tamanhos maiores dos núcleos de paredes
celulares, em comparação aos três grupos de controle. Esse re-
lacionamento sugerido entre o diâmetro do núcleo da parede
celular, em tecido somático, e o desenvolvimento das mudas,
em tecido germinal, foi examinado mais extensivamente em um
grupo de dez amostras tiradas em Waden Hill, região próxima
de Avebury, em 17 de julho de 1992. Todas as observações em
laboratório foram feitas antes da divulgação da identidade de
cada amostra específica, cinco de controle e cinco da forma-
ção. Após todas as informações terem sido obtidas, os dados
coletivos foram examinados através de análises de regressão.
Os cinco grupos de controle, círculos abertos, mostram
essencialmente que não há qualquer relação entre o tamanho do
núcleo e o crescimento da muda. Um aspecto muito importante
a ser notado nesses dados é a gama de efeitos nas plantas dentro
do círculo em relação às de controle. Nas amostras da formação,
a variação do crescimento das mudas e do tamanho dos núcle-
os se encontra em ambos os lados da região delimitada pela
amostras de controle. A natureza inversa da linha de regressão
pode estar relacionada à desidratação e ao subsequente encolhi-
mento do tamanho dos núcleos com exposição prolongada. Um
grupo semelhante de amostras, divididas em dois subgrupos de
cinco, foi organizado a partir de uma formação artificial em West

100
O Mistério dos Círculos Ingleses

Wycombe, em 12 de julho de 1992, e, como no caso anterior, o


trabalho de laboratório foi completado antes de qualquer detalhe
ser divulgado sobre a formação.
Embora não tenha sido notada nenhuma correlação entre
o fato e os diâmetros médios dos núcleos nas cinco amostras
da formação artificial, houve um aumento nos valores médios
do tamanho dos núcleos das paredes celulares, possivelmente
devido ao esmagamento por instrumentos na manipulação. Até
mesmo uma análise de regressão das amostras de controle não
revelou qualquer correlação entre os tamanhos dos núcleos,
o que corrobora a análise dos grupos de controle no material
discutido anteriormente. A partir dessas variações observadas,
fica evidente que não se pode considerar o tamanho do núcleo
como único instrumento de validação.
Os fatores de desenvolvimento das amostras podem ter valo-
res significativamente mais altos que os modelos de controle, uma
situação que ocorreu em grupos de amostras de locais e espécies
de plantas completamente diferentes. O que faz desse crescimento
positivo uma característica distinta dos círculos é que ele é a reação
absolutamente oposta ao que seria esperado em sementes que,
comparadas às amostras de controle, têm coberturas encolhidas e
murchas, e em alguns casos também condições de peso reduzido,
o que reduz a viabilidade e o vigor nas sementes.
Em um milharal em Medina, Nova York (EUA), foram
colhidas amostras de uma formação circular em 07 de ou-
tubro de 1991. O milho ainda estava nas cascas e não havia
diferença externa na aparência dessas plantas, exceto pelo
aspecto prensado. Quando as sementes foram examinadas
sob luz branca oblíqua observou-se diferenças em sua apa-
rência externa. A membrana do pericarpo, invólucro do fruto,
estava cobrindo a região do embrião e revelou uma densidade
bem mais alta de rugas laterais, indicando maior grau de
encolhimento do endosperma.
Nessa região, um desenvolvimento incompleto é comum
em plantas achatadas, crescendo sob condições menos ideais.

101
Wallacy Albino

Isso também é indicado pelo fato de que as sementes das duas


amostras do círculo tinham peso entre 25% a 30% inferior
às sementes de fora. Os dados de crescimento das mudas
jovens são completamente diferentes do que se esperaria de
sementes desenvolvendo-se sob condições inadequadas. As
mudas com 10 dias permanecem com essa alteração durante
todo o estágio de germinação. Resultados semelhantes foram
obtidos repetindo os testes de germinação, 15 meses depois
do surgimento da formação.

102
O Mistério dos Círculos Ingleses

Capítulo 05

Mistérios no Brasil e
pelo Mundo Afora
“Que haja transformação, e que comece comigo”.
— Marylin Ferguson

O
s círculos ingleses, como mencionado anteriormente,
levam este nome devido à sua nacionalidade. Todavia,
com o passar dos anos e a evolução do fenômeno, as
formações começaram a aparecer em outros territórios, as
plantações britânicas já não satisfaziam seus autores. Embora
a Inglaterra não seja o único foco de atenção, continua a ser
privilegiada com as mais frequentes, ousadas e pontuais ma-
nifestações. Alguns casos isolados e esporádicos também já
ocorreram noutros continentes, como Ásia, Austrália e América.
Particularmente, pelo menos quatro episódios foram investiga-
dos no Brasil e alguns ufólogos acreditam que se trate de casos
relacionados com as misteriosas formações inglesas. São eles:

Passa Tempo (MG) — No ano de 1986, em Passa Tempo


(MG), surgiu uma formação num canavial localizado na Fazenda
Toca, de propriedade do senhor José Rangel. Este evento foi pes-
quisado e registrado pelo ufólogo mineiro e autor do livro UFOs
no Brasil, Misteriosos e Milenares [LV-10] Antonio Faleiro. Era

103
Wallacy Albino

uma figura composta por uma circunferência simples, com


características semelhantes aos círculos ingleses da década
de 80. As plantas da cana ficaram inclinadas em direção
ao solo, formando um desenho de aproximadamente 10 m
de diâmetro. Os pés da planta não estavam quebrados, mas
deslocados, como se uma força, vinda de cima, tivesse forçado
a plantação para baixo, dobrando as canas para os lados e em
sentido espiral, em direção às margens.
No entanto, as plantas de fora da figura estavam perfeitas.
Não havia nenhum vestígio de queima ou de dano mecânico à
lavoura. O canavial continuou crescendo normalmente, algum
tempo depois os caules amassados retornaram à posição original.
“Nenhum fenômeno como vento, redemoinho ou qualquer outra
coisa desse tipo ocorreu no lugar. Há indícios de que um objeto
arredondado baixou lentamente sobre as canas, rodando num
sentido único, fazendo com que todos os caules se curvassem
para o solo, sem danos”. Faleiro foi o único ufólogo a visitar o
lugar, que não foi pesquisado por ausência de pessoal especiali-
zado. Nos dias que antecederam a formação, uma luz muito forte
foi avistada sobrevoando uma área próxima à Fazenda Zeio do
Plínio, onde apareceu a estranha formação.

Cruzília (MG) — Em meados de 1993, o ufólogo Ubirajara


Franco Rodrigues, autor dos livros Na Pista dos UFOs [LV-05]
e Caso Varginha [LV-08], ambos lançados pela Biblioteca UFO,
pesquisou na cidade de Cruzília, a 360 km de Belo Horizonte
(MG), o aparecimento de três curiosos círculos no pasto de uma
fazenda. No entanto, tal fenômeno se opunha aos fatos ocorridos
nos campos da Inglaterra. As circunferências haviam sido for-
madas pelo capim que cresceu, ao invés de serem amassados ou
entortados. A formação lembrava o símbolo dos jogos olímpicos,
embora estivessem separados por uma distância de três metros. O
maior possuía cinco metros e meio de diâmetro e, os laterais, quatro
metros e meio. Tratava-se de círculos e não de circunferências com
a área preenchida pelo amassamento.

104
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Antonio Faleiro

O canavial
amassado de
forma misteriosa
numa fazenda
nos arredores
do município
de Passa
Tempo (MG).
Abaixo, uma
ampliação da
imagem, ainda
inexplicada.
Estudiosos
tentam relacionar
o caso mineiro
aos círculos
ingleses, embora
haja muita
discrepância
entre os
fenômenos

Um especialista da Empresa de Assistência Técnica e Ex-


tensão Rural (Emater) compareceu ao local e constatou apa-
rente alteração genética na pastagem. O capim que formava os
perímetros dos círculos crescera de forma anormal e adquirira
coloração mais escura, em virtude do rápido amadurecimento.
Nesse aspecto, havia um ponto em comum com os círculos
ingleses, pois a alteração biológica e supostamente molecular
da plantação era visível.
O capim havia sido amassado sem o aparente emprego
de força, ao invés de simplesmente pisoteado ou quebrado,
mantendo seu amadurecimento e crescimento no sentido do

105
Wallacy Albino

dobramento, que geralmente ocorre num ângulo de 90º. Ade-


mais, surgiu uma quantidade anormal de cogumelos, demasia-
damente grandes, dentro da área afetada, totalmente desidra-
tados, como se estivessem mumificados. “Inicialmente, pensei
que eram resultantes da forma como os sacos de adubo foram
colocados, numa disposição que facilitaria a alteração da cor
das plantas. Entretanto, também envolvia o crescimento anor-
mal”. Ubirajara ainda tem guardado 50 g da amostra e pretende
prosseguir com os estudos.
Nas décadas de 70 e 80, nos aeroportos argentinos, quando
os objetos eram vistos próximos à cabeceira da pista, cogumelos
gigantescos também foram encontrados. Em busca de novas
informações, foram recolhidas amostras do solo e realizados
testes de desenvolvimento genético nas mudas do capim. To-
davia, o caso não foi investigado por outros ufólogos e Ubirajara
não tomou conhecimento dos resultados dos exames. Não há
registro de avistamentos de discos voadores ou luzes naquele
período. Para Ubirajara, o caso pode ser comparado com um
ninho de UFOs [Marcas de aterrissagem de UFOs], tal como
aconteceu na Austrália, quando o pesquisador Robert Habner
encontrou vestígios num pasto, em 1971. O caso apresentou
características semelhantes ao de Cruzília, em termos de apa-
rência e alteração genética.

Guaratinguetá (SP) — No dia 03 de dezembro de 1996,


por volta das 17:00 h, dois agrimensores, que preferem não se
identificar, encontraram uma circunferência simétrica, com mais
de cinco metros de diâmetro, numa área pantanosa localizada
a 100 m da Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAER),
em Guaratinguetá, próximo à Rodovia Dutra, no Vale do Paraíba
(SP). A vegetação estava dobrada no sentido horário, os filetes do
capim não estavam quebrados, houve apenas um crescimento
repentino na borda do círculo, formando uma espécie de franja
de aproximadamente 30 cm de altura ao redor do desenho.
Este caso foi pesquisado in loco pelo ufólogo Walter de Olivei-

106
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Walter de Oliveira

Circunferência
simétrica
com mais de
cinco metros
de diâmetro,
encontrada
numa área
pantanosa
próxima à
Escola de
Especialistas da
Aeronáutica, em
ra, do grupo União das Forças Ostensivas de Lorena (UFOL). Guaratinguetá
Também, nas noites anteriores ao surgimento daquela figura, os (SP)
moradores observaram luzes alaranjadas, supostamente sondas
ufológicas que estariam sobrevoando a região.
Em exames preliminares, o professor de ciências agrárias
Valdinei José Paulino descartou a hipótese de se tratar de uma
formação natural. Após o episódio, foi construído um muro
separando a área militar do aeroclube local, e o charco foi
completamente aterrado para a construção de uma estrada,
descaracterizando por completo o lugar onde surgiu a marca.

Campos dos Goytacazes — No mês de maio de 2000, es-


tranhas formações circulares apareceram nos canaviais existen-
tes na cidade de Campos dos Goytacazes, região norte do Rio
de Janeiro, levando os estudiosos a imaginarem que tivessem
ligação com o enigma nas plantações inglesas. O cultivo de
cana-de-açúcar é muito comum naquela área e os proprietários
de terras não têm qualquer explicação para os desenhos que
se formaram, da noite para o dia, em suas colheitas. Algumas
suposições para o fenômeno já foram descartadas, como, por
exemplo, a de que poderiam ser marcas provocadas pela irriga-
ção de um pivô central, pois esse tipo de aparelho não é utilizado
na área, e nos locais onde é empregado não foram encontradas

107
Wallacy Albino

Fotos cortesia João Oliveira

as formações. Outra ideia é a


de que as marcas seriam
causadas pela ação de pra-
gas nos canaviais. No entan-
to, a perfeita simetria com
que foram feitas contraria essa hipótese. O professor e físico da
Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e presidente
do Clube de Astronomia local, Marcelo Oliveira, fez uma análise
aprofundada do caso.
Juntamente com a equipe de pesquisadores, recolheu e ana-
lisou as amostras do solo onde as evidências foram encontradas,
para verificar a existência de alterações biológicas ou substâncias
incomuns na terra. Alguns círculos foram observados, inclusive,
em locais onde a vegetação já não existia mais; isso porque no
local das marcas o terreno apresentava uma coloração desigual.
Uma das principais testemunhas do grande mistério por trás
das formações de Campos de Goytacazes é o piloto de ultraleve
Marco Antonio, que realiza voos diários sobre a região para fazer
suas reportagens para a Rádio Litoral FM, do município. Ele foi
o primeiro a constatar as formações na vegetação.
“Sobrevoo a região todos os dias e as formações surgiram
sem qualquer explicação, no intervalo de um dia para o outro”.
Caso as formações fossem resultado de tubos de irrigação, elas

108
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia João Oliveira

As inexplicadas
formações de
Campos dos
Goytacazes (RJ).
No detalhe da
página anterior,
a prova de que
a imagem não
desaparece
nem após a
aragem da
terra. E no desta
passariam a ser visíveis aos página, marca
poucos, e não de repente. em formato
A área onde o fenômeno triangular
pôde ser observado tem
mais de 60 km², uma exten-
são tão absurda que chega a atingir propriedades distintas. Nos
locais das marcas a terra se tornou estranhamente improdutiva,
ao contrário do que ocorre na área composta pelos círculos
ingleses, que continuam a manter bons níveis de fertilidade.
Alguns moradores do Jardim Aeroporto, bairro afastado do
centro urbano de Campos, afirmaram também que viram luzes
intrigantes sobrevoando a cidade naquela noite, mas nenhum
depoimento teve relação imediata com as formações. O caso
chegou a ser divulgado na Rádio Litoral FM, tornando os cír-
culos conhecidos por grande parte da população.
À frente das investigações está o publicitário e jornalista João
Oliveira [www.joaooliveira.com.br], entusiasta da Ufologia, que
quer uma resposta para o mistério: “Vamos investigar o enigma a
fundo, até encontrarmos uma explicação convincente para ele”.
Oliveira tem chamado a atenção da Comunidade Ufológica Bra-
sileira mostrando o fenômeno através da internet. Ele sobrevoa
a área constantemente em busca de novas marcas, e sempre
que as encontra, as apresenta aos estudiosos.

109
Wallacy Albino

Os Casos Brasileiros São Verídicos?

Os círculos encontrados nas plantações, independente


do lugar em que ocorrem, têm dividido opiniões em busca
de uma resposta para o fenômeno. Em todos os locais onde
surgiram foram realizadas análises do solo, da vegetação e das
condições gerais do ambiente, constatando-se algumas vezes
radiações no terreno e a improdutividade das terras afetadas,
além de superadubação. Mas o que realmente intriga os pesqui-
sadores é a simetria com que os desenhos são feitos e a forma
com que as hastes dos cereais são dobradas, sem apresentar
qualquer danificação. O ufólogo Lafayette Cyríaco acredita – com
base em suas pesquisas em Campos do Goytacazes (RJ) – que
os círculos foram feitos por sensores enviados por UFOs, pois
numa das áreas investigadas ele encontrou um pequeno índice
de radiação.
Utilizando o contador Geiger, Cyríaco registrou 0,4 Röentgen
[Unidade de medida] em uma escala de 0 a 10. Apesar desses
resultados, o ufólogo continua realizando outras investigações.
“Existe um tipo de adubo que contém uma substância à base
de fósforo e potássio, que possui uma pequena quantidade de
radiação. Mas pode ser também que o material seja algum ele-
mento de outro planeta”, sugeriu Lafayette.
Outra posição intrigante para o fenômeno dos círculos nos
Campos de Goytacazes é a do agrônomo Hamilton Jorge de
Azevedo, que também esteve no local realizando estudos no solo
e acredita que os desenhos sejam consequência da intensidade
de água expelida pelos borrifadores existentes nas plantações.
“As marcas foram feitas por ‘aspersores’, que têm maior pressão.
Os jatos de água pressionam as folhas da cana e realmente
formam círculos. Isso não tem nada a ver com extraterrestres”,
explicou. Para Hamilton, a polêmica que tem se formado em
torno do assunto é totalmente desnecessária, pois se tratam de
marcas comuns, feitas por aparelhos prosaicos. “Isso está bem
claro. É um fato”, enfatizou.

110
O Mistério dos Círculos Ingleses

Esta opinião é rebatida pelo publicitário João Oliveira. Nas


imagens que obteve, tratou de confirmar a teoria de Hamilton.
Para isso, fotografou um aspersor em funcionamento e verificou
que nada explicava as marcas. Para ele, os jornais da região estão
valorizando os círculos e deixando de dar atenção às marcas
mais intrigantes, como é o caso da que apelidou de “triângulo”.
Em entrevista à revista Vigília [www.vigilia.com.br], Oliveira foi
incisivo: “Na minha opinião as marcas, principalmente as trian-
gulares e ovais, não podem ser atribuídas a nada conhecido aqui
na região. Para se ter uma ideia, o triângulo mede mais de 30
m, visto de perto e do alto chega a causar medo de imaginar o
que poderia ter feito aquilo”, contou.
A marca oval tem mais de 90 m, parece um carimbo gi-
gante no meio do canavial. Sem falar nas fotos dos sinais que
aparecem mesmo no solo arado, que ainda não foram digitali-
zadas. Mais ainda, João diz que possui relatos de avistamentos
de UFOs naquela área. “Alguns moradores dizem ter visto luzes
estranhas, e os habitantes de Lagoa de Cima, área próxima ao
local, também relataram que luzes saem e voltam para dentro da
lagoa”, garantiu. Ele duvida que os círculos tenham relação com
as formas existentes na Planície Goytacá. “Os círculos ingleses
formam desenhos geométricos perfeitos; os daqui parecem
desordenados. Não acredito que tenham a mesma origem, ou
pelo menos, a mesma intenção”, finaliza.

Círculos de Mistério Também na Polônia

Pouco menos de dois meses após a descoberta das figuras


em Campos de Goytacazes, os círculos ingleses – que já tinham
perdido a exclusividade britânica para alguns esporádicos re-
latos na Austrália – viravam assunto na Polônia. Reproduzin-
do nota das agências internacionais, o jornal paulista Agora
publicou na seção Mundo, de 28 de julho de 2000, que os
habitantes da aldeia de Wylatowo estavam temerosos diante da
possibilidade de suas contas de energia elétrica serem aumen-

111
Wallacy Albino

Cortesia Fundacja Nautilus

tadas em razão do aparecimento de UFOs. Explica-se: segundo


os relatos de alguns camponeses, círculos nas plantações de
trigo teriam sido feitos por 10 discos voadores, utilizando-se a
eletricidade da aldeia. Ao que tudo indica, a polêmica em torno
das figuras nas plantações parecia estar longe de terminar e
tornava-se cada vez mais exagerada.

Fenômenos na Rússia

No mês de junho de 2000, os fenomenais círculos também


puderam ser vistos no sul da Rússia, deixando evidências muito
semelhantes às constatadas na Inglaterra. Um fazendeiro da vila
de Yuzhnoye – região do território russo Stavropol – chamou
os policiais locais quando encontrou estranhas marcas em seu
campo de cevada, suspeitando que fossem ataques de vândalos
destruindo sua propriedade. Já outros proprietários de terras da
região afirmam que o fenômeno possa ter alguma ligação com
extraterrestres, pois na noite em que os desenhos apareceram
viram algo muito estranho pousar na plantação, levantando voo
alguns segundos depois.
Os policias ficaram intrigados com as características inco-
muns das marcas encontradas. Um exame mais apurado, feito no
local, revelou quatro círculos distintos – um de 20 m de diâmetro

112
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Nikolay Subbotin

Ao lado,
estranha marca
num campo de
cevada russo,
encontrada por
um fazendeiro
de Stavropol. Na
página anterior, a
curiosa formação
de Wylatowo, na
Polônia

no centro e três exteriores, de cinco e sete metros de diâmetro


cada. A plantação curiosamente tinha sido achatada em sentido
horário. Os representantes do Conselho de Segurança de Stavro-
pol foram até o campo de cevada e recolheram depoimentos dos
moradores e material da vegetação e do solo.
Não se encontrou qualquer vestígio de radiação ou produtos
químicos. Vasily Belchenko, um dos membros do Conselho, acredi-
ta que os entrevistados realmente estejam falando a verdade. “Não
há dúvidas de que isso jamais poderia ter sido feito por humanos,
muito menos que possa ser qualquer obra de vandalismo”, disse.
“Um objeto desconhecido realmente aterrissou no local das marcas,
usando obviamente um princípio de pouso ignorado pelas técnicas
humanas”, acrescentou. Todos os relatos indicam que o interva-
lo entre a descida do objeto voador na cevada e sua decolagem
ocorreu em frações de segundos e realmente não poderia ter sido
algo feito por uma tecnologia terrestre.
Um furo cilíndrico de 20 cm de profundidade e bordas
lisas também foi encontrado na plantação, próximo ao centro
do círculo maior. A complexidade do fenômeno e a analogia
com os famosos círculos ingleses chamaram a atenção da
imprensa e a tevê estatal russa divulgou o caso com filmagens
na região. A reportagem sugeria que uma nave alienígena
teria pousado num campo de cevada na vila Yuzhnoye e que

113
Wallacy Albino

Cortesia Dirk Möller

a intenção de seus tripulantes seria colher amostras do solo


terrestre para futuras análises em seu planeta. Os fazendei-
ros procuram entender quais poderiam ser as intenções dos
alienígenas com esses desenhos, mas apesar de alguns es-
pecialistas terem analisado o local criteriosamente, nenhuma
conclusão foi obtida.

Ocorrências Registradas no Canadá

Em 17 de outubro de 1998, o município de Lowville, em


Ontário, Canadá, foi pego de surpresa com o aparecimento
de um agroglifos [Misterioso achatamento geométrico numa
plantação]. No dia 22 de outubro de 1999, fenômenos idênticos
ocorreram na mesma região, atingindo um milharal com quase
três metros de altura. Uma das figuras era enorme e tinha a forma
de lágrima, outras se assemelhavam a um disco. Paul Anderson,
do grupo Circles Phenomena Research (CPR), disse que uma
equipe de pesquisadores que esteve investigando o local teve
três bússolas simultaneamente desviadas do polo norte quando
fazia medições no interior da marca geométrica. Ela também
encontrou uma substância fibrosa e esbranquiçada, debaixo
de algumas plantas que estavam achatadas. Nada pôde ser
comprovado quanto à veracidade do incidente.

114
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia Frank Laumen

Círculos alemães
deste ano. Na
página anterior,
uma formação
encontrada em
Zueschen, em 20
de maio. Ao lado,
sinal achado em
Hessen, no dia 28
de abril

Círculos Também na Alemanha

A primeira formação alemã de 2002 foi descoberta por


estudiosos dos círculos naquele país, num campo de cereais
da vila de Fritzlar, em Hessen. Tal como a área de Avebury, na
Inglaterra, esta localidade é considerada o ponto culminante
de aparições de círculos na Alemanha. O desenho era angular,
com um círculo pequeno no meio. A segunda formação, por
sua vez, apareceu no dia 1° de maio deste ano, ao norte da
cidade de Kassel, também em Hessen (a posição exata da fi-
gura foi omitida a pedido dos fazendeiros locais). Tinha formato
de dois anéis concêntricos, com quatro círculos colocados no
interior e no exterior do campo.
Em 20 de maio passado, duas outras formações surgiram
num campo de cevada, na vila de Zueschen, em Hessen. A
primeira figura tinha a forma de um “S”, com um pequeno
círculo em seu fundo. Já a segunda mostrou um sol irradiado
por 12 circunferências, com um anel oval na parte externa. Por
fim, a quarta figura apareceu entre os condados de Sinsheim e
de Grombach, no Estado de Baden-Wurttemberg. A única carac-
terística deste desenho é em relação à sua forma em espiral,
criada dentro de um dos anéis. Na Alemanha os círculos estão
se tornando cada vez mais comuns.

115
Wallacy Albino

Formações nos Estados Unidos

Quando pisou fora de seu caminhão, em 26 de julho pas-


sado, a primeira coisa que Ed Corrigan observou à sua frente
foram às plantas quebradas que circundavam a colheita loca-
lizada no campo de Naperville (EUA). “Para quem sobrevoa o
desenho, é possível ver uma série dos anéis despedaçados,
concêntricos, cortados no campo, fora da estrada de Diehl, em
Naperville. Assemelha-se muito àqueles círculos encontrados na
Inglaterra”, descreveu. Mas alguns investigadores apresentaram
outras causas para o fenômeno, ou seja, campos magnéticos,
tempestades de vento e até aterragens de UFOs. No entanto,
um detalhe não passou despercebido. O círculo da colheita de
Naperville apareceu duas semanas antes do filme Sinais, estre-
lado por Mel Gibson ir ao ar.
Em Wiltshire, Inglaterra, outra figura também foi descoberta
no mesmo período, imitando a façanha anterior. O desenho pos-
suía partes que imitavam as orelhas do Mickey Mouse. Acredita-se
que numa homenagem a companhia cinematográfica Disney,
que distribuiu o filme. William Leone, pesquisador de UFOs,
disse que somente uma análise de solo mais detalhada poderia
determinar se o círculo foi criado por seres humanos ou não.
Quando investigou uma série de 11 círculos num campo
localizado próximo ao Laboratório Nacional de Argonne, em
Lemont (EUA), em 1994, Leone encontrou diferenças genéticas
nas plantas, dentro e fora dos desenhos, e disse que todos
mediam cerca de 30 m.
“Nós não podemos dizer que determinados círculos foram
criados por UFOs, já que alguns povos creem nesses objetos,
outros não. Há muitas teorias para este fenômeno”, esclareceu
Leone. Policiais de Naperville não se recordam de nenhuma outra
figura nas colheitas locais, embora a cidade tenha pouquíssimas
terras destinadas à plantação. O porta-voz Dennis Vercler, da
fazenda de Illinois, disse que não ouviu nenhum relatório dos
fazendeiros em outra parte do Estado, sobre o fenômeno. O

116
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia National UFO Research Center

Uma formação
encontrada em
Teton, Estados
Unidos, em 10 de
agosto deste ano.
Foi comparada à
uma cruz celta.
No detalhe, a
imagem suspeita
de Naperville, de
25 de julho

campo de Berning está


localizado em meio a
edifícios, no setor mais
movimentado da cidade.
“Suponho que quem quer
que tenha feito esse desenho, o fez intencionalmente, como um
truque malicioso”, finalizou. Curiosamente, ao contrário do que
muitos poderiam supor, os Estados Unidos não têm um alto
índice de formações em plantações, e certamente está bem
atrás da Inglaterra.

Fenômenos que Surgem até na Fria Suécia

“Vi o primeiro círculo quando faltavam 16 dias para a co-


lheita e estava muito revirada. A aveia tinha começado a levantar
e muitas pessoas tinham caminhado sobre a formação, que es-
tava praticamente destruída”, relatou o senhor Birger Wenngren.
Ele fez alguns exames das amostras e percebeu que era quase
impossível dobrá-las, pois havia perigo de quebrá-las. Resolveu
então entrevistar o dono da fazenda e seus vizinhos. Todos esta-
vam muito interessados em saber algo mais sobre o fenômeno
que rondava a região, porque nunca nada de tão intrigante tinha
ocorrido naquele distrito. A formação apresentava um círculo

117
Wallacy Albino

grande e centralizado, cercado por 13 pequenas circunferên-


cias, cada uma com seis metros. Toda a colheita foi alojada no
círculo maior, mas em alturas diferentes, a aproximadamente
10 e 20 cm da terra. A formação inteira tinha sido construída
em sentido anti-horário.
Quando o fazendeiro olhou a manhã de quinta-feira pela
janela, viu algo estranho em sua plantação de aveia. Durante
a noite anterior tinha chovido muito, o que o levou a supor
que aquilo tinha sido causado pela chuva e pelo vento. Não
havia nenhuma área não cultivada, onde o trator não pudesse
passar e não havia outro trajeto que conduzisse ao círculo. O
fazendeiro Einar Forsberg e seu vizinho também resolveram
verificar a formação na propriedade de Wenngren. Ao verem o
desenho, Forsberg disse: “Isto foi feito por um UFO!” A certeza
de que se tratava de um objeto não identificado era em razão
do avistamento de várias luzes no céu da cidade, pelo menos
nos últimos 15 anos.

118
O Mistério dos Círculos Ingleses

Capítulo 06

Uma Mensagem
das Estrelas
“Você vê coisas que existem e pergunta: por quê?
Enquanto isso, eu sonho com coisas que nunca existiram e
pergunto: por que não?”
— George Bernard Shaw

A
vila de Chilbolton está localizada em Hampshire, Ingla-
terra, e encontra-se num vale situado entre as estradas
A3057 e B3420, a aproximadamente 24 km ao norte de
Winchester e 8 km ao sul de Andover. Chilbolton está muito próxi-
ma dos principais pontos de formação de círculos e, assim como
muitas vilas inglesas, sua história é extremamente rica. Indícios
nos levam a crer que havia vida nesta parte da Inglaterra na era
pré-histórica (entre 250.000 e 8.000 a.C.). Lá foi encontrado um
punhado de artefatos da era neolítica, datados do período de
4.000 a 1.800 a.C., mas somente descobertos em 1924. Num
museu da cidade de Winchester é possível conhecer as rochas
mais antigas já vistas em Chilbolton.
Mas atualmente o que mais vem intrigando os moradores
e pesquisadores locais são as misteriosas formações que estão
aparecendo próximas a uma antiga área do lugarejo. Uma delas,
por exemplo, surgiu em 1990, enquanto outras foram desco-
bertas dois anos depois, num campo isolado nos arredores da
cidade. Coisas estranhas acontecem na noite em que as forma-

119
Wallacy Albino

ções são criadas em Chilbolton. Testemunhas alegam ter visto


um “cobertor de névoa” sobre a plantação em que os desenhos
foram encontrados. Outros, por sua vez, viram um estranho
objeto branco, com uma luz muito brilhante, sobrevoando uma
lavoura de cevada, em grande velocidade.
Um episódio misterioso chamou a atenção dos habitantes
locais. Um avião bimotor deixou de funcionar na propriedade
onde as formações apareceram da noite para o dia. A partir
daí, inúmeras hipóteses começaram a surgir para justificar o
incidente. Uns diziam que o mau tempo tinha ocasionado a
falha. Outros alegaram que campos eletromagnéticos tinham
interferido na parte elétrica do aparelho. Mas nada disso foi com-
provado. Evento similar se deu em Pewley, região de Guildford
Surrey, em 15 agosto 1993, embora sem provas suficientes para
apontar a origem da ocorrência como extraterrestre. Esses fatos,
sempre acontecendo próximos das formações, vão ficando no
imaginário das pessoas. Até que, em 14 de agosto de 2001,
um novo desenho, descoberto próximo ao Observatório de
Chilbolton, que mostrava um “rosto humano”, causou alvoroço
na região. Tal observatório tem uma das maiores antenas de
radiotelescópios do Reino Unido.
Como se não bastasse este suposto rosto ter surgido ao
lado de uma instituição dedicada à pesquisa astronômica, no
dia 21 de agosto de 2001, apenas sete dias depois, outra for-
mação foi encontrada próximo ao radiotelescópio. Dessa vez
era uma imagem impressionante, composta de um grande
número de pequenas células ou diminutas unidades, que foram
chamadas pelos estudiosos de pixels, numa alusão à menor
unidade de visualização de um monitor de computador. Vistos
do solo esses pixels nada mostravam com clareza. Mas se ob-
servados de cima, durante um voo, formavam uma imagem
distinta. A figura se assemelhava de maneira absolutamente
surpreendente, em conteúdo e formato, com uma transmis-
são de rádio emitida pelo Programa de Busca por Inteligência
Extraterrestre [Search for Extraterrestrial Intelligence, SETI]1,

120
O Mistério dos Círculos Ingleses

através do radiotelescópio localizado em Arecibo, Porto Rico,


em 1974. Ambos os desenhos foram descobertos a aproxima-
damente 200 m distância um do outro, na mesma propriedade,
nos arredores da cidade, recebendo assim o nome de “A Men-
sagem de Chilbolton”.
A pesquisadora Lucy Pringle foi uma das primeiras a ficar
sabendo da ocorrência. Um morador passava no local, a cavalo,
quando a viu e resolveu procurá-la. Rapidamente Lucy seguiu
até a região. Lá chegando, ficou surpresa com o que avistou:
as duas formações eram exuberantes. A maior era constituída
por um enorme retângulo de cerca de 90 m de largura por 265
m de comprimento. A primeira impressão que Lucy teve era
de que se tratava de algum tipo de comunicação, em forma
de desenho na lavoura, semelhante a um chip de computador.
Mas o que significaria? A resposta, para Lucy e demais estudio-
sos que analisaram o caso, tinha que ver com as atividades do
Observatório de Chilbolton. A segunda imagem, por sua vez,
mostrava um retângulo menor, de 145 m de largura por 165 m
de comprimento, completamente indecifrável a partir do solo.
Lucy não conseguiu interpretá-lo e resolveu apenas tirar algumas
fotografias.
No dia seguinte, ao revelá-las, percebeu que o desenho me-
nor mostrava uma face tridimensional, se observada por cima.
Imediatamente, Lucy digitalizou as figuras e enviou uma cópia, via
e-mail, para o especialista em computação gráfica Paul Vigay, um
dos mais ativos participantes do site Crop Circles Connector [www.

1
Projeto de Radioastronomia que rastreia e analisa sinais
capturados do espaço pelo maior e mais sensível
radiotelescópio do mundo, responsável pela descoberta de
várias galáxias. Instalado no Observatório de Arecibo, em
Porto Rico, surgiu inicialmente como um programa
governamental norte-americano, passando para a
iniciativa privada após anos sem grandes resultados.
Atualmente, no entanto, é patrocinado por grandes
empresas mundiais.

121
Wallacy Albino

Fotos cortesia Lucy Pringle

cropcircleconnector.com],
considerado o mais completo
sobre o assunto. Lucy solicitou o
parecer de Vigay sobre o dito
chip. Em minutos Vigay re-
tornou. Para ele, o desenho
não se parecia com o que ela
supunha, mas mostrava uma
semelhança impressionante
com a mensagem enviada pelo telescópio de Arecibo, em Porto
Rico, ao conjunto globular de radioestrelas M13, localizadas há
aproximadamente 20.000 anos-luz da Terra, na periferia da Via
Láctea. Esta mensagem foi remetida em forma de código binário,
constituído por 1.679 pulsos, como veremos adiante, mediante a
combinação de dois números principais: 23 e 73. Esta tem sido
a língua universal usada no planeta para a comunicação com
outras inteligências. A mensagem de Arecibo continha uma
grande quantidade de informações codificadas sobre a vida na
Terra e seus habitantes.
Os membros do SETI que a idealizaram pretendiam usar
uma linguagem que consideravam universal, para que, caso
alguém a recebesse, tivesse mais chance de interpretar e res-
ponder. O que se queria dizer é: “Olhem, ETs, aqui no Sistema

122
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia Lucy Pringle

Duas fotos
mostram
diferentes
ângulos das
formações de
Chilbolton, de
agosto de 2001.
Na página
anterior, as
formações em
primeiro plano
e o Observatório
Solar o terceiro planeta a partir do Sol ao fundo. O
tem vida inteligente, capaz de tentar se detalhe mostra
comunicar com vocês”. Isso deixa a uma ampliação
questão da Mensagem de Chilbolton do “Rosto de
Chilbolton”. Ao
particularmente interessante. Será que
lado, a antena
alguém teria recebido nossa mensa-
do Observatório
gem e a respondeu, ponderaram os
à frente e a dita
estudiosos. Alguns argumentaram “Mensagem de
que uma inteligência superior que Chilbolton” ao
tivesse respondido a mensagem fundo, também
não o faria desenhando algo como ampliada no
aquilo numa plantação. “Mas por que respectivo
não?”, pergunta o editor da Revista UFO, A. J. Gevaerd. “Assim, detalhe
como pode ser incomum para nós que alguém utilize uma la-
voura para passar uma mensagem, para outras inteligências é
possível se utilizar de mensagem de rádio para fazer o mesmo
seja absurdamente estranho”.
Outras características curiosas envolvem o mistério. A forma-
ção que lembra a mensagem de Arecibo estava no solo alinhada
numa grade, desenhada sutilmente sobre a vegetação. Tal grade
parecia uma mensagem codificada subliminar. A forma com que
a estranha face estava exposta na plantação nunca tinha sido ob-
servada anteriormente entre os círculos ingleses. Nunca havia sido

123
Wallacy Albino

Cortesia Peter Sorensen

registrada uma formação


com essas características
– e essa surge justamente
ao lado de um telescópio.
Era como se alguém ti-
vesse desenhado a figu-
ra ali com um propósito
muito evidente. E fazer o
desenho é uma tarefa que, com certeza, está além da habilidade
humana, ainda mais se realizada num espaço de tempo tão cur-
to quanto a noite. Seriam necessárias horas e mais horas para
essa façanha. Outra observação interessante é que em ambas as
formações nenhum caule estava quebrado. Ao contrário, foram
dobrados na base do tronco. Também foram encontrados caules
com apenas um nodo.
O casal de investigadores Charles e Frances Mallett,
numa visita à formação após a colheita, notou que não havia
uma linha abaixo da figura que representava a Mensagem de
Chilbolton. Mas havia uma espécie de linha de grade no estanho
rosto, a outra formação, medindo cerca de 5 cm de diâmetro.
Quem poderia ter feito isso? Se a origem dessas formações
é humana ou um mistério, ainda não sabemos. O fato é que
a conformação geométrica e as peculiaridades de ambas as
formações, agora ampliadas com a descoberta das grades,
gerava um desconforto entre os circólogos – e um terrível mal
estar entre os céticos, que estavam sem condição de explicar
o que se passava.
Observando melhor as fotografias de Lucy, Vigay também
notou que havia diversas discrepâncias nos desenhos, princi-
palmente no que diz respeito aos cinco números atômicos que
constituem os elementos necessários para a vida terrestre, re-
presentados na formação: fósforo, oxigênio, nitrogênio, carbo-
no e hidrogênio. Ele fez uma comparação entre a mensagem
transmitida de Arecibo e a que foi encontrada em Chilbolton, já
considerando-as absolutamente interligadas. Vigay descobriu

124
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Lucy Pringle

Na página
anterior, detalhe
da formação
retangular em
que estava
o “Rosto de
Chilbolton”.
Ao lado, outra
formação no
mesmo local, em
outra data

que na formação inglesa havia um sexto elemento químico,


cujo número estava identificado como 14 e era adicionado à
figura maior. Tratava-se do silício. “Isso sugere que uma outra
civilização inteligente no Universo – aquela que respondeu à
mensagem de Arecibo –, poderia ter o silício como matéria
base da vida, assim como na Terra é o carbono”, declarou. A
resposta ao mistério estava vindo cada vez mais clara nas análi-
ses do estudioso. Para ele, a Mensagem de Chilbolton era, sim,
uma resposta à transmissão de Arecibo. Mas assim como nós
mandamos pelo radiotelescópio de Porto Rico uma mensagem
dizendo que a vida na Terra é centralizada no carbono, a resposta
“deles”, para Vigay, era de que sua forma de vida tinha também
o componente silício. Ora, silício pode substituir o carbono em
muitas circunstâncias, uma vez que ambos têm características
muito próximas e estão na mesma família na Tabela Periódica
dos Elementos Químicos.
Mas embora fosse possível analisar o padrão da formação
em código binário, observando a imagem de cima, alguns as-
pectos não estavam visíveis o bastante para discernir os dígitos
individualmente. Em consequência disso, Vigay resolveu visitar as
figuras cinco dias após a ocorrência. Sua amiga Lucy foi a primei-
ra pessoa a anunciar publicamente esta novidade ao jornal local
Daily Mirror. E nas 72 horas seguintes, a agitação nos meios jor-

125
Wallacy Albino

Cortesia Peter Sorensen

nalísticos foi intensa. O


assunto se espalhou por
todo o mundo, embora
boa parte da comunida-
de científica tenha des-
prezado a história. Mas
diversos pesquisadores
dos círculos ficaram curiosos com a novidade e resolveram visitar
a propriedade na qual o fato aconteceu. No entanto, o gerente
da fazenda, Ben Gibbons, não permitiu que ninguém entrasse
no local e assegurou que qualquer um que transgredisse a or-
dem seria expulso. Embora sua atitude parecesse radical, Ben
se mostrou muito interessado pelas formações, mesmo não
podendo explicá-las. Em virtude da proibição, Lucy contou o
episódio a Darcy Ladd, gerente do radiotelescópio de Chilbolton,
e à cientista Jan Lass.
Jan não tinha ideia de que a formação menor mostrava
uma face, se observada de cima, até que acessou o site de Lucy
[http://home.clara.net/lucypringle] e comprovou o fato através das
fotos publicadas. Jan, no entanto, afirmou que no Observatório
de Chilbolton nada tinha sido captado nas noites anteriores às
formações. O equipamento tem a finalidade de realizar pesquisas
sobre o tempo, utilizando sinais em forma de pulsos. Foi cons-
truído pelo governo britânico, em 1965, com o objetivo de captar
frequências de rádio do espaço que atravessam as camadas da
atmosfera. A princípio, seu objetivo era estudar os efeitos que a
radiação eletromagnética cósmica teria sobre os satélites de co-
municação e outros, em órbita da Terra.
“O radiotelescópio pretendia receber informações do espaço,
mas foi transformado numa espécie de radar e atualmente só
transmitia sinais de rádio. Nunca foi usado para comunicação
com outras civilizações”, explicou Darcy. “Enquanto escuta as
radioestrelas [Estrelas capazes de emitir fortes ondas de rádio], ele
analisa a magnitude dos sinais e observa suas mudanças quando
passam através das nuvens e da atmosfera”. Hoje, o radioteles-

126
O Mistério dos Círculos Ingleses

Editoria de Arte

Na página
anterior, mais
uma imagem em
posição natural
do “Rosto de
Chilbolton”.
Ao lado, o
significado da
Mensagem
de Arecibo e
sua respectiva
e curiosa
reprodução na
formação de
Chilbolton

cópio é utilizado não apenas para emitir pulsos de energia para


fora da Terra, mas para ouvir os sinais que retornam de lá. O
Observatório de Chilbolton está engajado em pesquisa comer-
cial, mas é uma instalação governamental, que está associada ao
Laboratório Rutherford Appleton – este subordinado ao Conselho
Britânico de Pesquisa em Ciência e Tecnologia.
Funciona de forma semelhante às instalações da Comissão
Federal de Comunicação (FCC), organismo norte-americano que
regula as telecomunicações nos Estados Unidos. Inclusive, as
forças armadas norte-americanas foram os primeiros usuários
dessa tecnologia a obter informações sobre Meteorologia.
 
A Mensagem de Arecibo

Arecibo está localizada na costa norte de Porto Rico e pos-


sui o formato de uma rocha discoide. Nesta região, em 1965,
foi construído o maior radiotelescópio do mundo, com 330 m
de diâmetro, que tem como objetivo captar as frequências de

127
Wallacy Albino

rádio que atravessam a camada atmosférica. Em 1974, diversas


modificações foram realizadas no transmissor, permitindo a
difusão de sinais numa potência de até 20 terawatts [Terawatt
é o mesmo que um trilhão de watts]. Para testar esta novida-
de, o programa SETI transmitiu uma mensagem codificada
ao espaço, apontando para o conjunto estelar M13, distante
da Terra cerca de 25 mil anos-luz e formada por 300 mil
estrelas localizadas na constelação de Hércules. A mensa-
gem foi transmitida no dia 16 de novembro do mesmo ano
e foi composta por 1.679 pulsos de código binário, numa
frequência de 2.380 MHz (megahertz). O teste levou pouco
mais que três minutos para ser concluído.
Os cientistas do SETI presumiram que toda civilização suficien-
temente inteligente do espaço procuraria construir uma forma de co-
municação única e universal utilizando números, elementos químicos
ou dígitos binários que existam em todo o Universo. Por isso, não
poderiam usar em sua transmissão medidas comuns à nossa raça,
tais como centímetros, quilogramas, números decimais etc. Assim, o
código binário foi a linguagem utilizada na mensagem por ter abran-
gência universal, de forma que fosse possível algum eventual receptor
compreender o que estava sendo dito no desenho transmitido. A título
de esclarecimento complementar ao leitor, informamos que o código
binário é um sistema de numeração que possui apenas dois algaris-
mos: o 1 e o zero. Funciona como o sistema de numeração arábico
(método que adotamos) que quando chega ao 9 retorna ao 0.
Mas como o código binário só possui dois algarismos, quan-
do se aumenta 1 ao valor 1, volta-se ao 0. Quando os primeiros
computadores foram projetados, notou-se a necessidade de se
representar com valores diferentes todos os números, letras mai-
úsculas, minúsculas, acentuadas ou não, e símbolos diversos.
Calculou-se que seriam necessários aproximadamente 250 códi-
gos diferentes para acomodar tanta variação. Sendo assim, cada
caractere diferente (número, letra ou símbolo) recebeu um valor
respectivo. A letra A maiúscula, por exemplo, foi chamado de
65, o B de 66 e assim por diante.

128
O Mistério dos Círculos Ingleses

Editoria de Arte

O código binário,
uma linguagem
teoricamente
universal,
baseada em
apenas dois
algarismos,
que poderia ser
compreendido
por civilizações
alienígenas que
eventualmente
recebessem
nossas
mensagens

Dessa forma, suponhamos que alguém deseja iluminar


uma sala com exatamente 167 watts. O responsável pela ilu-
minação implanta um sistema com um potenciômetro, aquela
barra deslizante, como os botões de volume dos aparelhos de
som antigos, com marcações divididas de 10 em 10. Para ajustar
a iluminação em 167 watts então seria só deslocar o botão um
pouco mais para frente da metade da marcação, entre 160 e
170. Deu certo? Não. Este “um pouco mais além da metade”
é muito impreciso. A iluminação poderá ficar em 166,8 watts,
como em 167,2 watts, por exemplo, e a iluminação deveria estar
em 167 exatamente. Como faríamos, então?
Para esta tarefa um tanto incomum, deveríamos instalar
oito lâmpadas. Cada uma delas com valores de potência
dobrados, começando com a primeira, que teria 1 watt. En-
tão, a segunda teria 2 watts, a terceira 4 watts, a quarta 8
watts, e assim por diante, até a oitava, que teria 128 watts. A
curiosidade matemática nisto é que o valor de cada lâmpada
é potência de 2. Para acionar o valor 167 watts, teríamos de

129
Wallacy Albino

ligar a primeira, a segunda a terceira, a sexta e a oitava lâm-


padas. Considerando o valor 1 para ligado e 0 para desligado,
teríamos 11100111, sendo que a primeira lâmpada é a da
extremidade direita.
Nos computadores foi instalado um sistema parecido com
este. O código binário, como o nome sugere, possui apenas dois
algarismos: o zero e o 1. Cada um desses valores foi chamado
de bit, que é a menor unidade de informação. Então, para se
representar qualquer valor entre 1 e 256, basta ligar ou desligar
os bits. Concluindo, o A, que é representado pelo 65, em lin-
guagem de máquina, se transformou em 01000001, o B, que é
indicado pelo 66, 01000010 e assim sucessivamente. Pensando
dessa forma, quando a letra A é pressionada no teclado, o que
é enviado ao processador do computador é o correspondente
binário do valor 65 – 01000001.
O conjunto de oito bits agregados forma um byte, que cor-
responde, portanto, a um caractere. Esse também é o sistema
usado pelas estações rastreadoras que há pelo mundo afora,
como os radiotelescópios de Arecibo e, em menor escala, o
de Chilbolton. Isso torna as coisas ainda mais curiosas, pois
a decodificação do conteúdo da Mensagem de Chilbolton se
obteve interpretando o desenho a luz do código binário – a
mesma linguagem usada no Observatório que está à frente de
onde a formação surgiu. Coincidência? Seria o mesmo que,
guardadas as proporções, um aventureiro groenlandês deixasse
a poucos metros de uma aldeia de aborígenes australianos uma
mensagem em seu idioma...
Alguns pesquisadores dos círculos ingleses, além de
Vigay, acreditam e levam verdadeiramente a sério a ideia
de que a Mensagem de Chilbolton poderia ser de fato uma
resposta às transmissões enviadas ou um estranho eco in-
tergaláctico. Outros fazem uma analogia dessa face com o
rosto de Cydonia, a estranha figura na planície marciana de
mesmo nome, que tem um formato de rosto humano – tal
qual a segunda formação de Chilbolton. Seria essa imagem

130
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia Jet Propulsion Laboratory

A interessante
montanha
sobre a Planície
Cydonia, na
superfície de
Marte, bastante
semelhante
a um rosto
humano, que
pode ser melhor
observado no
detalhe abaixo

de Cydonia, que há muito


tempo intriga estudiosos 2,
uma obra de formadores de
círculos intergalácticos ou de meros fraudadores? Será ela
também uma representação da nossa própria face humana?
Será que estamos prestando atenção no espaço ou o espaço
está prestando atenção em nós? Até o momento, a melhor
forma de resposta é a análise. E essas perguntas merecem
resposta. A mensagem original de Chilbolton foi escrita em
diversas colunas, cada uma descrevendo um aspecto particu-
lar de nossa civilização, tal qual aquela que foi transmitida por

2
Em 1976, as sondas norte-americanas Viking 1 e 2 enviaram
imagens do hemisfério setentrional de Marte, onde eram
visíveis algumas estruturas anômalas. Na região chamada
Cydonia notou-se a presença de diversas formações
misteriosamente simétricas para serem naturais. Entre elas
sobressaía-se uma estranha construção, semelhante a um
rosto humano, com o olhar fixo no alto.

131
Wallacy Albino

Arecibo. No alto da figura estão as representações binárias dos


números 1 até 10, exibindo de forma interessante os números
oito, nove e 10 como duas colunas. Isto mostra que qualquer
um pode decodificar a mensagem e que podemos especificar
dígitos extensos demais para serem escritos numa única linha.
A coluna seguinte contém em valores binários os números 1,
6, 7, 8 e 15, que indicam os números atômicos dos elemen-
tos essenciais à vida na Terra – respectivamente hidrogênio,
carbono, nitrogênio, oxigênio e fósforo, respectivamente. A
coluna maior, de três fileiras, representa as fórmulas para as
moléculas que são as bases dos nucleotídeos do DNA. Abaixo
desta há uma representação gráfica do nosso DNA, com a
hélice dupla uma ao lado da outra, numa barra vertical reta,
que indica o número dos nucleotídeos.
Logo abaixo da hélice dupla há a imagem de uma pequena
figura humana, com corpo, cabeça, dois braços e duas pernas.
À esquerda está o número em valor binário da população da
Terra, referente à quantidade aproximada de habitantes do pla-
neta em 1974, ou seja, 4,29 bilhões de pessoas. À direita do
ser representado há uma indicação da altura média dos seres
humanos, apresentada em unidades de comprimento de ondas,
já que não podemos nos comunicar com ETs usando medidas
humanas, tais como metros ou centímetros, conforme já foi
dito. Também como mencionado anteriormente, a mensagem
real foi transmitida em 2.380 MHz, informação esta que também
está na própria transmissão.
A coluna seguinte dela é uma representação simplificada
do nosso Sistema Solar, mostrando o Sol e os nove planetas,
com a Terra ligeiramente destacada na terceira órbita. A última
coluna, por fim, descreve a origem da mensagem original – o
Radiotelescópio de Arecibo, encravado numa região ao norte
da ilha de Porto Rico. Abaixo deste, as últimas duas linhas da
mensagem mostram outro número binário – 100101111110 –
que se iguala a 2.430 na contagem decimal, valor aproximado
do diâmetro da antena do telescópio. 

132
O Mistério dos Círculos Ingleses

As Implicações das Formações de Chilbolton

Voltamos às formações inglesas. Depois de exaustivas


análises, Vigay descobriu nove principais discrepâncias entre o
que se viu em Chilbolton e a mensagem original transmitida às
estrelas, em 1974. Os detalhes dessas mudanças não puderam
ser confirmados até que a formação fosse examinada in loco, a
fim de se verificar o código binário formado na imagem pelos
caules amassados das plantas, que simbolizavam o número 0, e
os caules que permaneciam eretos se enquadravam na análise
como o número 1. Os números 1 a 10 aparecem exatamente
na mesma posição. Entretanto, os números atômicos tiveram
um valor introduzido na sequência binária, que foi adicionado
precisamente, levando-se em consideração o código original.
Foi apenas após decodificar a mensagem que Vigay descobriu
que o algarismo 14 foi incluído, e que, como dito, representa o
elemento químico silício.
Logo abaixo vemos a mudança mais surpreendente na for-
mação de Chilbolton – e que mais uma vez indica que, quem
quer que a tenha feito, em resposta à nossa transmissão, usou
o formato de nossa mensagem para, adaptando-o, transmitir
as características de seus responsáveis. Essa mudança consiste
numa linha extra ao lado da dupla hélice do DNA, que indica
uma variação genética em relação ao ser humano, ao mesmo
tempo em que comporta boa parte de suas características fun-
damentais. Há mudanças significativas em relação à forma do
humanoide também representado, que se torna quase a figura
de um extraterrestre “típico”, assim como no diagrama de Arecibo.
Outra alteração, mais sutil, está no código binário que indica o
número dos nucleotídeos no centro do DNA.
Mais um detalhe evidencia as alterações nos números que
indicam a altura mediana do ser humano e a quantidade de habi-
tantes no mundo. Ambos os valores foram acrescidos, como se
fossem adaptados à época da mensagem. Porém, se a sequência
binária da população for decodificada corretamente, obtém-se

133
Wallacy Albino

o valor aproximado de 21,3 bilhões – muito além da população


terrestre. Na coluna a seguir se observam as modificações no
desenho que mostra o Sistema Solar. O planeta Terra não é o
único a ser destacado, pois Marte e Júpiter também o são. Este
último, ademais, é o mais realçado de todos, recebendo três
pixels adicionais.
Há algumas implicações importantes na formação, como
a forma do ET vista de cima. Isto está claramente relacionado
com a estrutura corpórea apresentada: dois braços, dois pés,
uma cabeça desproporcional e dois olhos distintos – uma clara
referência aos grays3. A formação ainda apresenta uma indi-
cação de alteração na estrutura básica do DNA do alienígena,
sugerindo mudança genética ou até mesmo mutação. A repre-
sentação das formações que ocorreram nos últimos anos na área
de Chilbolton são as mais difíceis de se interpretar. Por esta razão,
teorias e explicações, geralmente absurdas, surgem tentando
justificar a escolha desta área. Entretanto, o autor apresenta
somente os fatos, para que o leitor possa formular suas próprias
conclusões. Independente de nossas futuras atitudes e de nossa
capacidade de interpretar ou não a possível mensagem que está
sendo repassada através desses desenhos nas plantações, nos
consolaremos com o tão sonhado resultado de nossa procura:
a constatação de que não estamos sós no Universo!

3
Grande parte dos relatos de contatos diretos com ETs se refere
a esse tipo de criatura, também chamada de Alfa. São de
estatura baixa, em torno de 1,30 m, possuem a cabeça ovalada
e desproporcionalmente maior que o corpo franzino. Os enormes
olhos pretos contrastam com o reduzido tamanho da
boca e do nariz. Não apresentam nenhum vestígio de cabelo ou
pelo de qualquer espécie. A pele é cinza ou branca, os braços são
longos e as pernas finas e curtas, bem menores que o corpo.

134
O Mistério dos Círculos Ingleses

Capítulo 07

Contagem Regressiva
para o Contato?
“A verdade é filha do tempo,
não da autoridade”.
— Francis Bacon

S
e em 2001 as formações de Chilbolton desestruturaram
discursos prontos, explicações calcadas em clichês e dei-
xaram a comunidade ufológica em êxtase, 2002 daria uma
verdadeira rasteira nos estudiosos. Quando as discussões acerca
das supostas respostas de Arecibo pareciam ter esfriado e os
pesquisadores se conformavam com o fato de que este ano não
haveria nenhuma formação surpreendente, eis que Hampshire
cede chão a uma das mais assustadoras manifestações do fenô-
meno desde seu início: um rosto de extraterrestre e uma circun-
ferência que, aparentemente, teria mensagens codificadas. Essa
formação, surgida na segunda semana de agosto de 2002, em
Crabwood Farm House, Hampshire, seria um dos eventos mais
significativos do fenômeno dos círculos ingleses, se não fossem
as diversas dúvidas que rondam a imagem.
O colaborador do site Crop Circle Connector [www.
cropcircleconnector.com] Andrew Fairbank foi avisado
do surgimento da figura pelo seu editor, M. J. Fussell,
em meio a uma grande agitação, natural a um fenômeno

135
Wallacy Albino

desse porte. Durante o telefonema, Andrew só compre-


endeu duas palavras do amigo: extraterrestre e disco
codificado. “Ele parecia confuso ao telefone e tentava
me falar de uma formação surgida na noite anterior”.
Andrew contou que até determinado momento, o dese-
nho era visto apenas como uma grande formação, mas
o silêncio das pessoas ao notarem o que representava
a figura foi mais forte que qualquer palavra. “Quando
o desenho apareceu na tela do computador, a sala se
encheu de rostos perplexos, misturados à descrença.
A sala foi preenchida com respirações ofegantes, que
tentavam aliviar o choque”.
Essas reações humanas diante de um possível contato ex-
traterrestre é uma das coisas mais interessantes a se testemu-
nhar. E esse é, sem dúvida alguma, o pictograma mais sinistro
da história dos círculos ingleses. “Essa ‘cicatriz’ no campo de
trigo chega a ser ofensiva”. E de fato é um verdadeiro acinte
o que acabara de surgir em Crabwood, uma espécie de tapa
na cara dos estudiosos. Devidamente recompostos, Fairbank e
Fussell visitaram o local o mais rápido possível, já que algo tão
sutil seria logo invadido por curiosos.
Após uma hora e meia, o grupo estava dentro do corpo da
figura alienígena na plantação, que era totalmente incompre-
ensível se visto do solo. Mesmo que a imagem fosse observada
anteriormente, distinguir a que parte ela se referia era algo mui-
to difícil. “Entretanto, uma vez que nos localizamos, as coisas
ficaram um pouco mais fáceis. Sem contar a pequena fortuna
que gastamos para ver a formação num avião”. Para Andrew, a
comparação com Chilbolton é inevitável. “Assim como ao visitar
as mensagens do rosto e no código de 2001 senti algumas sen-
sações estranhas, há algo extremamente subjetivo e opressivo
nessa formação. Só poderia dizer que os sentimentos de maus
presságios e pavor eram os sabores deste evento. Certamente
havia a impressão de que todos experimentaram as mesmas
coisas que em Chilbolton, porém, agora era mais intenso”.

136
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Lucy Pringle

Uma visão aérea


do fabuloso e
completamente
inexplicável
fenômeno de
Crabwood, em
Hampshire. Uma
formação que
contém um rosto
semelhante a
ETs do tipo gray
(cinza) e um disco
como um CD-ROM

O irônico é que as duas formações, 2001 e 2002, parecem


feitas pelo mesmo autor que, nesse ano, se concentrou em deixar
o mundo ainda mais desconcertado. É como se os eventos do ano
anterior fossem um aquecimento para este que, sozinho, superaria
todas as reações passadas. Outro aspecto interessante do desenho
era a posição, localizado no ponto mais elevado do lugar e pró-
ximo ao radiotelescópio do Observatório de Chilbolton, um local
já habituado a mistérios. Talvez esta localidade seja uma tentativa
deliberada de criar uma série de imagens que provoquem medo,
pavor ou qualquer outra sensação bizarra nas pessoas.
Sobre a possibilidade de fraude, Andrew é categórico ao
afirmar que isso é improvável. Ele garante que todas as áreas da
formação estavam intocadas quando chegou lá, sem evidências
de incursão prévia. Com a ausência de marcas ou indícios de
presença humana, o estudioso analisou todos os locais da ima-
gem, concluindo que uma falsificação seria apenas hipotética e
remota teoria. “Ao menos uma falsificação padrão está descarta-
da”, disse Andrew. Uma prova da autenticidade era o estrago que

137
Wallacy Albino

os circólogos estavam causando à plantação, já que por onde


andavam despedaçavam as plantas sob seus pés, deixando sinais
muito óbvios do peso do corpo humano. “Como poderia um
grupo de falsificadores estar lá e não deixar a coisa inteira, sem
danos ou indícios de presença, como nós? A plantação estava
seca e frágil, fazendo com que se desintegrasse ao menor toque.
Em todas as análises de círculos forjados nunca encontramos
solos com estas características”, finalizou.
Enquanto alguns pesquisadores consideram que, ines-
peradamente, a Humanidade recebeu a chave que facilitaria
a comunicação com os extraterrestres, outros ponderam
que a figura seja o maior e mais bem elaborado embuste
de todos os tempos. Assim como em outros casos, é neces-
sário lembrar que quando não for possível entender a razão
dessas simbologias deve-se ter a certeza de que ao menos
tudo isso faz sentido. É, no mínimo, a representação de uma
revolucionária tecnologia de comunicação alienígena. Uma
análise realizada pelos estudiosos Marshall Masters e Robert
Heger, criadores do site Your Own World USA (Yowusa)
[www.yowusa.com], garante que a finalidade preliminar da
formação de Crabwood é mostrar como se estabelece um
diálogo com uma raça extraterrestre.
Para iniciar essa conversa, deve-se usar uma linguagem que
se presume ser comum no Universo. A localização da formação,
ao lado de antenas de rádio, é uma indicação de que alguém está
tentando difundir uma mensagem, talvez até mesmo em caráter
digital – e a presença de uma espécie de CD-ROM na figura de
Crabwood é o que a torna mais acintosa. Depois de analisar as
imagens, os pesquisadores concluíram que os dados estão orga-
nizados em espiral, representando números binários pela forma
como os caules foram amassados. Os que permaneceram eretos
simbolizam o número 1 e o restante mostra o algarismo zero.
A procedência dos dados indicados pela formação de
Crabwood ainda é um mistério. Alguns estudiosos acreditam
que se trate de uma espécie de código, e outros cogitam até

138
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia Crop Circle Connector

Ampliação da
formação de
Crabwood, que
continua sob
intensas análises
por parte dos
especialistas.
Veja no detalhe
como se
apresentavam
as plantas na
área do canto
inferior esquerdo
do quadro, com o
rosto do suposto
alien

mesmo o Código Morse.


Criado em 1832 por Sa-
muel Morse, o sistema
representa os caracteres
alfabéticos e algarismos
através de pontos e tra-
ços, correspondendo-os a impulsos elétricos que resultam
em sinais acústicos ou luminosos de uma certa duração. Mas
devido à evolução tecnológica, o código Morse está cada vez
mais em desuso. Alguns circólogos chegaram a tentar tradu-
zir a mensagem do tal CD-ROM usando essa velha forma de
decodificação.
Entretanto, não há nada na imagem que indique o uso desse
sistema – e se realmente for uma mensagem alienígena, a deco-
dificação será ainda mais difícil. Nela há uma espécie de indicador
que mostra o fim da sequência dos dados, localizado na borda
exterior da espiral. Pode ser interpretado como um sinal de que
a mensagem, qualquer que seja, estaria completa. Resta agora

139
Wallacy Albino

entendê-la e saber o que a Humanidade fará com estas informa-


ções: a decodificará ou irá além disso e elaborará uma resposta?
A pesquisadora Lucy Pringle, veterana no fenômeno dos cír-
culos, soube da formação por e-mail no mesmo dia em que foi
descoberta, 15 de agosto de 2002. Uma mensagem a alertava
sobre um novo desenho no campo a leste de Winchester, área
de reconhecida incidência de círculos. A pesquisadora recebeu
diversas mensagens que relatavam a ocorrência, mas sempre com
endereços diferentes, de diversas testemunhas. Depois de desco-
berta a localização exata, Lucy notificou o pesquisador e especialista
em geometria Paul Vigay [www.cropcircleresearch.com], para que
pudessem investigar a ocorrência. A formação estava encravada
precisamente na Fazenda do Vale, na localidade de Pitt, Winchester,
que é propriedade de Mike Burge, a quase 14 km de Chilbolton,
onde a mensagem e o rosto de Arecibo apareceram em agosto de
2001. Burge permitiu a entrada dos pesquisadores na formação,
com relutância. Assim, Pringle e Vigay, paralelamente a Andrews
e Fussell, começavam também suas análises – e também foram
acometidos da mesma sensação de surpresa.
O fato se tornou público na sexta-feira, 16 de agosto,
através de uma pessoa não identificada que telefonou para
a estação de rádio Ocean FM, para relatar uma formação
claramente visível naquela que é chamada a Velha Estrada de
Sarum. Após analisar a localização com o fazendeiro, concor-
daram que a formação só poderia ser vista por alguém que
estivesse próximo à estrada. Depois de algumas investigações,
descobriu-se que a pessoa que ligou para a rádio era uma mu-
lher que cavalgava na região, próxima às torres. Pippa Head,
repórter que sobrevoa a localidade todos os dias para noticiar o
tráfego, foi solicitada para investigar a formação e foi a primeira
pessoa a ver a imagem do ar. Sid Colles, vizinho da Fazenda do
Vale, ouviu a notícia e avisou Mike Burge sobre o que estava
acontecendo. O proprietário, pacato, não imaginava que sua
fazenda iria virar palco nacional de atrações. Em pouco tempo,
o “Alienígena de Crabwood”, como ficou instantaneamente co-

140
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia M. J. Fussell

Ampliação do
misterioso
disco presente
no conjunto da
formação de
Crabwood, ainda
sendo analisado.
Veja no detalhe,
como estavam
apresentadas as
plantas na área
interna da figura,
semelhante a um
CD-ROM

nhecido, se tornou o car-


tão de visitas da região e
um problema para os es-
tudiosos. Todos queriam
respostas, inclusive eles.
Mas a visita de muita gente ao local acabaria por destruir as
possibilidades de um exame melhor da formação.
Burge acabou cedendo e resolveu abrir o campo a todos
aqueles que quisessem ver a formação. Pessoas vinham de vários
lugares do país apenas para visitá-la. No sábado, 17 de agosto,
Lucy entrou no local acompanhada de dois amigos. Dirigiu-se
diretamente até onde estava representada a cabeça da figura
alienígena. Ela e seus acompanhantes sentiram vertigens com
a aproximação e decidiram se afastar rapidamente, indo para o
fundo da formação. “Nesse momento, o mal estar sumiu com-
pletamente”, disse Lucy, que suspeita que isso pode ser originário
de emanações de ondas de rádio. “Só vi algo parecido em 2001,
em Chilbolton, aquela imagem que parecia uma colheita aplai-

141
Wallacy Albino

nada, como se os caules fossem colocados individualmente”.


Fazer isso em Chilbolton ou agora, em Crabwood, seria uma
tarefa além das habilidades de um homem ou um grupo de
homens, num curto período de tempo e na escuridão. Como
em todos os círculos considerados originais, os caules não
foram quebrados, mas dobrados na base. Sem se partirem e
tendo seus nodos explodido de dentro para fora.
Baseada em suas pesquisas, Lucy afirma que a origem da
formação é mais complexa do que se imagina, embora seja difícil
de determinar precisamente o que a causou. Mas há alguns de-
talhes que podem ser analisados e os estudiosos trabalham cada
vez mais seriamente com a origem extraterrestre. Nas formações
de 2001, os autores da Mensagem de Chilbolton deixaram plantas
em pé, sem dobrá-la. Eram elas que determinavam o formato do
desenho. Mas agora, em 2002, aconteceu precisamente o contrá-
rio. “É como se em Chilbolton a fotografia estivesse em negativo”,
diz Lucy. Também um outro aspecto similar entre as figuras é
que o significado desta nova formação não é ambíguo. Trata-se
da face de um extraterrestre, sem nenhuma outra possibilidade
de interpretação. A construção do rosto do alienígena é mais
tradicional que a empregada na circunferência que o acompa-
nha, o CD-ROM – como se fossem dois autores distintos que
realizaram a façanha.
Entretanto, a pesquisadora questiona os motivos de uma
inteligência tão avançada usar algo tão primário quanto o
código binário para tentar transmitir uma suposta mensagem.
Para ela, a pergunta-chave é se há alguma relação da imagem
e a emanação de microondas pelas torres do Observatório
de Chilbolton, praticamente ao lado da formação. Embora
tenha todas essas dúvidas, a pesquisadora continua colhendo
dados sobre o caso e entrevistando moradores das casas e
fazendas próximas.
Mary é uma das moradoras da área que foi entrevistada
pela estudiosa. Ela contou que ouviu o ruído de um helicóptero
sobre o campo entre meia-noite e meia e 01:30 h da manhã de

142
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Lucy Pringle

O portão da
fazenda de Mike
Burge denuncia
que a formação
de Crabwood,
que no início lhe
deu dores de
cabeça, acabou
rendendo-lhe
dividendos:
“Ingresso a duas
libras”
quinta-feira, 15 agosto. Tinha se deitado pouco antes da meia-
noite e estava quase dormindo quando ouviu o som do que
pensou ser um helicóptero se aproximar e plainar por cerca de
10 a 20 minutos sobre o local. Seu marido, Dermot, que dormia
ao seu lado, garante não ter ouvido nada. Ela conta que helicóp-
teros sobrevoam a área ocasionalmente por causa da prisão que
fica próxima à estrada de Romsey, e que suspeitou da fuga de
algum prisioneiro. No dia seguinte, depois que a formação se
tornou pública, várias pessoas, helicópteros, turistas e curiosos
invadiram o local.
Para Mary, era uma busca intensa a um fugitivo extre-
mamente perigoso, tanto que procurou se informar por que
não foi comunicada de uma situação como essa. Stephen
Short, morador de Warnford, vizinha a Crabwood, a tranqui-
lizou. “Trata-se de mais um círculo na plantação, não de um
fugitivo”. Ele aproveitou e contou à Lucy que, durante a noite
de quinta-feira, 15 agosto, também testemunhou uma luz
surpreendente dançando sobre o campo à frente de sua casa.
O objeto luminoso se arremessava contra o chão e voltava
novamente pra cima, como se uma estrela tivesse disparando
raios de luz. Os testemunhos não são poucos e a maioria
deles aponta para objetos noturnos. No domingo seguinte ao
fato, 25 de agosto, Marie Wakelam, que mora numa casa de

143
Wallacy Albino

fazenda nos limites de Crabwood, ligou para Lucy contando


que entre 22:00 h e 22:30 h daquela noite foi surpreendida
por um forte cheiro de queimado vindo do campo. As janelas
de seu quarto e sala estavam abertas àquela hora, e ambas
ficam viradas para a plantação onde surgiu a formação.
Esses fatos poderiam ser reais? Extraterrestres estariam
fazendo no campo o desenho de seu rosto ao lado de um
disco cheio de informações para os povos da Terra? Trata-
se de algo muito distante e fora dos conceitos normais. Se
o intuito era transmitir uma mensagem objetiva, por que
não fazer algo mais direto? “Certamente, existe uma tecno-
logia criadora dessas coisas nas plantações, e não é desse
mundo”, diz Lucy. “Tudo o que se poderia dizer sobre isso
é que de algum modo esta mensagem surpreendente está
lá e foi criada de cima”. Embora os estudiosos estejam di-
vididos entre a fraude ou veracidade, o que se pode afirmar
é que, independente da origem, o fenômeno nunca será o
mesmo depois dessa formação. Se for provado que se trata
de uma brincadeira, ficará demonstrado que os fraudado-
res evoluíram muito nesse período e que são capazes de
criar imagens tão perfeitas quanto às originais, usando
tecnologia até então desconhecida. Mas se for provada
que essa é uma mensagem original, só nos resta saber
quando faremos contato.

Uma Tentativa de se Decifrar a Mensagem

Como se esperava, o disco continha uma mensagem


em código binário, e segundo um estudo de decodificação
realizado pela equipe da pesquisadora norte-americana Lin-
da Moulton Howe, a mensagem foi decifrada aplicando-se
a ela os oito códigos binários que descrevem os caracteres
internacionais do ASCII, códigos usados nos computadores.
A mensagem contida no disco da figura seria a seguinte, de
acordo com os achados de Linda:

144
O Mistério dos Círculos Ingleses

 
“Atenção aos portadores de falsos presentes e
suas promessas quebradas. Muita dor, mas ainda há
tempo. EELRIJUE. Ainda há o bem lá fora. Nós nos
opomos a fraudes. Fechamento [Som de sino]”.
 
Mas qual seria o significado dessa mensagem? Quem
seriam os portadores de presentes e promessas falsas men-
cionados no desenho da plantação? E o que querem dizer
com a afirmação de que “nos opomos à fraude”? Será que
se tratam das próprias formações, que seriam forjadas? E
o que dizer do som de sinos tocando no final da mensagem?
Esses são todos grandes mistérios, que talvez não tenhamos
condições tão cedo de compreender.
Mas o maior enigma dessa mensagem trata realmente
do que significa a palavra sem sentido “EELRIJUE”. Ela pode
ser a chave para elucidar de uma vez por todas esse mistério.
Infelizmente, hoje em dia, em todos os aspectos do fenômeno
ufológico atingimos um estágio de conhecimento em que tudo
parece ser bom demais para ser verdade. Tanto que acaba se
tornando muito suspeito!

145
Wallacy Albino

146
O Mistério dos Círculos Ingleses

Capítulo 08

A Opinião de
Ufólogos e Estudiosos
“A maioria de nós prefere olhar para
fora e não para dentro de si mesmos”.
— Albert Einstein

O
tema dos círculos ingleses é fascinante e mexe profun-
damente com crenças e emoções. Em virtude de sua
repetição cada vez mais acentuada nos verões europeus,
há uma oportunidade única, para os ufólogos, de acompanharem
o que se passa, coletarem dados, comporem teorias e testá-las a
exaustão. Basta esperar o verão chegar, em fins de maio, e começar
a contar os círculos que surgem. São exuberantes e intrincados,
cada vez mais complexos e desafiadores. Diferentemente do Fenô-
meno UFO, que ocorre com um grau de imprevisibilidade muito
alto, os círculos são relativamente previsíveis.
Sua incidência estimula o pensamento e são raros os estu-
diosos do fenômeno ufológico que não relacionam os mistérios
dos campos ingleses com os discos voadores. Este livro mostra
que essa relação existe e busca interpretá-la. Mas a opinião dos
ufólogos brasileiros, que apresentamos a seguir, pode ajudar
cada leitor, individualmente, a achar suas respostas. Essa é ou-
tra característica dos círculos: eles permitem um amplo leque de
interpretações, como veremos neste capítulo.

147
Wallacy Albino

Aldo Novak,
jornalista e editor do Relatório Alfa,
consultor da Revista UFO,
Guarulhos (SP)

“As figuras nas plantações são


fenômenos reais, cujos registros
podem ser encontrados, inclusive,
desde um panfleto do ano de 1678 até em revistas
científicas recentes, como o Journal of Meteorology.
Lendas citam os Kornbocks, espécie de deuses com
corpo de cabrito, cujos seguidores faziam festas nas
plantações, deixando as marcas na colheita. Hoje, em
pleno século XXI, a explicação usada é a de que seja
obra de alguma inteligência alienígena. Qual dessas
explicações é a melhor? Do ponto de vista da Ciência,
nenhuma. Até porque não temos nada que suporte tais
hipóteses, exceto nossa própria fé, ou a falta dela. Mas
isso não inviabiliza a realidade dos círculos, que estão lá.
Isso é um fato. E contra fatos, não existem argumentos.
A pergunta que ainda persiste é: como algo que não
deveria acontecer, está acontecendo?”

Ari José Mallmann Homem,


editor do jornal Contato UFO,
Ribeirão Preto (SP)

“Quando soube da existência destes


círculos achei algo curioso, porém
estava sem muitos subsídios para
entender o fenômeno. Com o passar
dos anos e meu aprofundamento no assunto, pude
perceber que o que vemos é muito mais que uma
simples aparição de símbolos em plantações. Tenho
razões para crer que quem realiza tais insígnias tenta

148
O Mistério dos Círculos Ingleses

uma forma de comunicação geométrica, talvez uma


geometria subconsciente. Milhares de pesquisadores
tentam decifrá-los, várias provas já foram obtidas e
muitas conclusões foram expostas. No entanto, uma
coisa é real: quem provoca isso está muito além
dos nossos padrões de entendimento, sejam seres
extraterrestres ou não. É como se estivessem preparando
uma abertura para os nossos limitados arquétipos de
conhecimento sobre nós mesmos”.

Arismaris Baraldi Dias,


pioneiro da Ufologia Brasileira,
consultor da Revista UFO e autor do
Código de Ética dos Ufólogos,
São Paulo (SP)

“Observem que as figuras repetem


símbolos e desenhos conhecidos.
São mensagens que demonstram muita tecnologia,
conhecimento e harmonia de quem as manda.
Admito que sejam de criaturas superiores a nós, seres
extraterrestres. Estariam nos lembrando o que ensinaram
desde os tempos bíblicos e o que trouxeram para cá?
Mas de que maneira pode estar sendo feito? Podem ser
energias concentradas através de equipamentos com um
molde preparado, que em questão de segundos faria as
energias emitidas traçarem as figuras, deixando impresso
o desenho. E as plantações atingidas são de alimentos
que fornecem energia ao corpo humano. Somente
saberemos o que significam quando a nossa consciência
extrapolar os limites da matéria, para abranger,
mentalmente, outras dimensões. Isso pode ser difícil para
a maioria das pessoas, mas com
certeza um dia acontecerá e poderemos viver melhor
e percorrer nosso caminho cósmico”.

149
Wallacy Albino

Carlos Alberto Machado,


mestre em Educação, presidente do
Centro de Investigações e Pesquisas
Exobiológicas (CIPEX), consultor de UFO
e autor do livro Olhos de Dragão,
Curitiba (PR)

“Hipoteticamente, os círculos ingleses


poderiam tratar-se de algum tipo de comunicação, que
tem várias formas de se apresentar e, sem dúvida alguma,
o símbolo é uma das melhores expressões universais. A
escrita são os símbolos, que evoluíram com o tempo.
No princípio, as figuras eram mais simples, de fácil
percepção. Aos poucos foram se tornando complexas
e sofisticadas, exigindo de nós conhecimentos além de
nossa compreensão. Possivelmente, os primeiros sinais
que apareceram tratavam de uma espécie de Pedra da
Roseta, utilizada para o entendimento de frases e que
provavelmente estão sendo enviadas nos tempos atuais.
Essas frases poderiam ser ensinamentos alienígenas
traduzidos como arte, literatura ou Ciência”.

Claudeir Covo,
engenheiro elétrico e presidente do
Instituto Nacional de Investigação de
Fenômenos Aeroespaciais (INFA), coeditor
de UFO,
São Paulo (SP)

“Um tabloide londrino do século XVII


já registrava a presença desses círculos, atribuindo o
fato a demônios ceifadores. Acontecem em todo o
verão, sempre em grandes quantidades e cada vez
mais sofisticados. Brincadeira de alguém? Fraude?
Redemoinhos atmosféricos? Não, de forma alguma.

150
O Mistério dos Círculos Ingleses

Explicações simplistas como essas já foram descartadas


há anos. As poucas farsas que apareceram foram
desmascaradas. Pessoas que estiveram no interior desses
círculos sentiram uma estranha sensação. Alguma energia
emanada pelo local ou a reação do corpo humano por
estar de frente ao desconhecido? Depois dos discos
voadores, os círculos da Inglaterra são a maior provocação
do século e continuam acontecendo e desafiando
abertamente nosso conhecimento. Não há nenhuma
autoridade responsável no governo britânico que não
se preocupe com a questão, assim como militares e
cientistas conscientes da gravidade da situação. E assim, o
enigma dos círculos ingleses prossegue...”

Edison Boaventura Júnior,


Bancário e presidente do
Grupo Ufológico de Guarujá (GUG),
Guarujá (SP)

“O fenômeno anômalo dos círculos,


que tem aparecido em diversos países,
como Inglaterra, Austrália, Canadá,
Estados Unidos, Brasil, Japão, entre outros, desconcerta
a capacidade humana. Estas formações foram
redescobertas nas décadas de 70 e 80, evoluíram
em quantidade e complexidade, ganhando a atenção
da mídia escrita e televisiva. Eu, particularmente,
acredito que este feito possui um vínculo estreito
com o Fenômeno UFO e seria uma espécie de
comunicação inteligente, de origem desconhecida.
Seria produzido através de energia não convencional,
pois causa até alterações físicas na estrutura celular das
plantações atingidas. Acredito ainda que tais formações
inexplicadas guardam relação no grafismo com os
símbolos antigos e místicos”.

151
Wallacy Albino

Eduardo e Osvaldo Mondini,


coordenadores do Centro
de Estudos e Pesquisas
Exobiológicas (CEPEX),
Sumaré (SP)

“Acreditamos que este


enigma possa fazer parte
do contexto geral sobre a busca de vida fora da Terra e
da provável visita de seres alienígenas em nosso planeta.
Cremos ainda que estes enigmáticos símbolos possam
estar relacionados com alguma mensagem criptografada
ou ainda algo como uma arte, tal como os geoglifos,
feitos há centenas de anos no Peru, Chile, Egito e outros
países. Talvez a mesma civilização extraterrestre que aqui
esteve possa estar deixando esta simbologia para nossa
sociedade. O real objetivo destes símbolos, ou se são
provocados por seres extraterrestres, ainda é um desafio,
mas a Ufologia continua buscando toda a verdade, que
com absoluta certeza está mais próxima a cada dia”.

Eustáquio Andrea Patounas,


Escritor e presidente da Sociedade de
Estudos Extraterrestres (SOCEX),
autor do livro Contatos Interestelares
e consultor da Revista UFO.

“Certamente um dos maiores


enigmas de nosso século. Os
círculos ingleses, no princípio geometricamente
simples, foram ficando cada vez mais complexos e
enigmáticos para a Humanidade. A alusão inicial
de que não passavam de uma brincadeira de dois
velhinhos confessos caiu por terra com a frequente
pluralidade com que as formações foram aparecendo.

152
O Mistério dos Círculos Ingleses

Creio, particularmente, que inteligências de outros


mundos, que nos visitam, estejam passando
mensagens numa linguagem universal (neste caso
as formações diversas). Pressinto que, com o
avanço constante de nossa Ciência, muito em breve
conseguiremos decifrar qual o verdadeiro significado
de cada um desses desenhos. Talvez possamos até
buscar as respostas que procuramos em outros
campos, como no passado da Terra e na antiguidade
de nossa civilização”.

Marco Antonio Petit,


empresário e escritor,
presidente da Associação Fluminense
de Estudos Ufológicos (AFEU)
e coeditor da Revista UFO,
Conservatória (RJ)

“Um dos maiores mistérios de


nosso tempo. Apesar das tentativas de explicar seu
aparecimento, através de elementos atmosféricos ou
intervenção do homem, a verdade é que essas tentativas
estão bastante longe de serem aceitas, pois além do
número e complexidade cada vez maior, os vegetais que
foram afetados sofreram alterações em sua estrutura
genética, indicando uma possível energia atuando sobre
eles. A presença de sondas ufológicas e UFOs nas áreas
onde o fenômeno se repete, a cada ano, pode ser a pista
sobre a natureza e a origem dessas marcas. Elas são sutis,
mas detectáveis e já foram testemunhadas por várias
pessoas. Os círculos têm uma ligação direta com os
discos voadores e as civilizações de onde se originam, e
podem se tratar de uma forma de comunicação, mas essa
ideia é apenas uma especulação e o mistério ainda está
longe de ser resolvido”.

153
Wallacy Albino

Marcos Rodrigues Silva (†),


ex-presidente do Grupo de Estudos de
Objetos Voadores Não Identificados (GEONI),
São Paulo (SP)

“Defendo que os sinais denominados


círculos ingleses tratam-se de uma
forma de comunicação. Resta saber
quem é o emissor das mensagens, que possuem
fundamentos específicos em simbologia, já utilizados
por civilizações antigas. Se intensificarmos os estudos
e pesquisas, em breve descobriremos o emissor deste
tipo de escrita, obtendo, assim, meios exclusivos para
compreender sua verdadeira intenção. Este tipo de
código, ao que parece, possui grande quantidade de
informação compactada. Basta descobrir a chave para a
leitura, pois a escrita, com certeza, seja em que situação
for, deve ter sido um meio para que a comunicação
pudesse resultar em formatos mais estruturados. Isso
tudo, considerando que a Terra é,
por enquanto, o espelho do Universo”.

Mário Nogueira Rangel,


ufólogo, hipnólogo, autor do livro
Sequestros Alienígenas
e consultor da Revista UFO,
São Paulo (SP)

“Tive oportunidade de conhecer


algumas das obras mais notáveis da
Antiguidade, como as pirâmides no
Egito e México, as construções em Machu Picchu,
sobrevoei as linhas de Nazca, estive na Porta do Sol, em
Tiahuanaco, caminhei pelas Muralhas da China.
Vi em museus os crânios de ouro feitos pelos incas,

154
O Mistério dos Círculos Ingleses

presenciei a retirada de uma múmia perto de Lima,


Peru, pesquisei os crânios de cristal, o mapa de Piri
Reis, as estátuas da Ilha de Páscoa e fiz experiências
de telepatia e Parapsicologia. O mistério dos círculos
ingleses supera todos esses, pois são feitos há
séculos, em maior quantidade, beleza e sofisticação
nos últimos anos, sem que a Humanidade consiga
identificar seus autores, nem estabelecer algum tipo de
comunicação com os mesmos”.

Rafael Cury,
presidente da Associação Nacional
dos Ufólogos Brasileiros (ANUB), do Núcleo de
Pesquisas Ufológicas (NPU) e
coeditor da Revista UFO,
Curitiba (PR)

“Os círculos ingleses são um dos


enigmas mais fascinantes da história da Humanidade.
Apesar de muitos desacreditarem o fato, os círculos
resistem a qualquer explicação lógica e terrestre.
Creio que o Fenômeno UFO é responsável pela origem
dos desenhos. Em muitas oportunidades pudemos
contemplar a presença de estranhos objetos voadores e
diversas aparições serviram para chamar nossa atenção
para a presença alienígena em nosso planeta. Na
questão das formações, do mesmo modo, acho que o
fenômeno se repete. São mensagens explícitas, alguma
forma de comunicação, encontradas pelos nossos
visitantes para chegarem até nós, através de uma
linguagem conhecida, por meio de fractais, mandalas
etc – mesmo que nós não a compreendamos, pelo
menos ainda... Mas logo entenderemos esta forma de
comunicação e tiraremos as devidas conclusões para
um real aproveitamento dos fatos”.

155
Wallacy Albino

Ricardo Varela Corrêa,


engenheiro e vice-presidente do Instituto
Nacional de Investigações de Fenômenos
Aeroespaciais (INFA), e consultor de UFO,
São José dos Campos (SP)

“Um dos enigmas mais intrigantes


da era moderna. Apenas alguns poucos
pesquisadores tentaram decifrá-lo, mas desistiram
por falta de suporte oficial. Nunca um fenômeno se
manifestou de forma tão clara e constante. As evidências
de que poderiam ser obra de seres extraterrestres ainda
são muito fracas, embora seja um fenômeno passível
de intensa investigação científica. Qual a razão do medo
de nossa Ciência? Seria justamente por se tratar de um
indício que realmente está vinculado com civilizações
extraterrestres? Acredito que muito em breve teremos
a participação ativa de nossos pesquisadores na busca
da verdade. Espero que o pavor que a Humanidade
tem do desconhecido seja aplacado pela veracidade do
fenômeno e que possamos confirmar que não estamos
sós no Universo”.

Roberto Affonso Beck,


presidente da Entidade Brasileira de
Estudos Extraterrestres (EBE-ET) e
consultor da Revista UFO,
Brasília (DF)

“Não creio que tais desenhos possam


ser obras de mãos humanas, através
do uso de máquinas conhecidas pelo homem, dada às
circunstâncias com que são realizados. A perfeição de
seus traços e a rapidez com que aparecem, da noite
para o dia, nos indica que é como se uma espécie de

156
O Mistério dos Círculos Ingleses

matriz, forma ou molde, transportado para o local,


sabe-se lá como, fosse aplicado sobre a área desejada.
Na ausência de uma explicação plausível, dentro do
conhecimento científico conhecido, fico com a hipótese
extraterrestre para o fenômeno. Quanto aos objetivos de
raças alienígenas estarem realizando este tipo de coisa,
aí fica a grande dúvida! Estariam elas testando nossa
inteligência, verificando se alguém é capaz de decifrar o
que realmente deve estar ali escrito?”

Thiago Luiz Ticchetti,


gerente comercial e diretor da Entidade
Brasileira de Estudos Extraterrestres (EBE-ET),
autor do livro Quedas de UFOs e
coordenador de representações
internacionais da Revista UFO,
Brasília (DF)

“O que está acontecendo nos campos de trigo,


soja e cevada da Inglaterra, Canadá, Estados Unidos,
Austrália, Escócia e outros países? Ninguém sabe ao
certo. Por mais de 20 anos esses estranhos sinais são
vistos nos campos e ninguém, até hoje, foi capaz de
explicar a origem do fenômeno e nenhuma tecnologia
terrestre seria hábil a reproduzir aqueles pictogramas.
Esses desenhos simples ou complexos têm formas
geométricas perfeitas e já somam mais de 10 mil
figuras diferentes. Muitas pessoas já tentaram assumir
a autoria do fenômeno, mas nenhuma explicação dada
por eles foi aceita como verdadeira. O que sabemos,
no entanto, é que a origem está ligada aos seres
extraterrestres, principalmente porque já foram vistos
discos voadores sobre a área em que os desenhos são
criados. Estamos diante de algo que ainda desafiará
nossa inteligência por muito tempo”.

157
Wallacy Albino

Ubirajara Franco Rodrigues,


advogado, professor universitário,
autor dos livros Na Pista dos UFOs e
O Caso Varginha, coeditor de UFO,
Varginha (MG)

“No ano de 1993, pesquisei em


Cruzília (MG) o aparecimento de três
círculos num pasto, onde foi constatada uma alteração
genética no capim. Neste aspecto pode-se verificar
um ponto em comum com os círculos ingleses, pois
houve alteração biológica e molecular nas plantações,
já que os caules foram entortados sem o emprego de
força humana e não estavam amassados ou quebrados,
mantendo seu crescimento natural. As evidências
que ligam este evento com o Fenômeno UFO são
muito fracas. Mas essas alterações nas pastagens
têm insinuado que os desenhos podem partir de uma
tecnologia desconhecida. Nos círculos de Cruzília, por
exemplo, houve o surgimento anormal de enormes
cogumelos total e inexplicavelmente desidratados. Por
essa e outras razões, a ocorrência dos círculos é de
grande interesse para a Ufologia”.

Luciano Stancka e Silva,


médico e diretor do Instituto Nacional
de Investigação de Fenômenos
Aeroespaciais (INFA), consultor de UFO,
São Paulo (SP)

“O fenômeno dos círculos ingleses
é, sem dúvida, um dos grandes
enigmas que desafiam nossa Ciência atual, não só pela
complexidade, como pela velocidade que são feitos,
nos apresentando peças inexplicáveis de um grande

158
O Mistério dos Círculos Ingleses

quebra-cabeças. Creio que o que mais incomoda é que


sempre temos inúmeras perguntas e pouquíssimas
respostas. Quanto às hipóteses de serem fraudes, me
parece uma explicação muito simplista para aqueles
que preferem não ter o trabalho de pensar e pesquisar
os fatos reais. Achei incrível um vídeo que mostrava
um UFO produzindo um desses desenhos em questão
de segundos. Talvez essas complexas formas possam
ser um tipo de comunicação que um dia poderemos
usar para entendermos melhor os mistérios que cercam
nossa existência”.

José Estevão de Morais Lima,


gerente de vendas e presidente da
Associação de Pesquisas Extraterrestres
de Minas Gerais (ASPET),
Belo Horizonte (MG)

“Como todo mistério envolvendo a


temática dos UFOs, o fenômeno dos
círculos ingleses provoca grandes questionamentos e
indagações que só fazem aumentar a aura de mistério
sobre estes acontecimentos, sempre presentes em
nossa rica e vasta casuística ufológica. E é o mistério
em torno do fenômeno que nos leva a questionar sobre
aquilo que poderia ser uma possível forma de contato
magistralmente transmitida através destes fabulosos
símbolos e imagens. Acredito que o fenômeno seja uma
forma de comunicação ou um teste no qual estamos
sendo convidados a entender ou até mesmo acreditar.
Com trabalho, seriedade e dedicação, acho que teremos
mais respostas para este e outros questionamentos.
Resta-nos esperar e aguardar o desenrolar dos fatos,
para encontrarmos esta e tantas outras respostas. Só
esperamos que isso não demore muito...”

159
Wallacy Albino

Vanderlei D’Agostino,
professor e escritor independente
sobre Ufologia,
consultor da Revista UFO,
Santo André (SP)

“O fascínio pelo não explicado sempre


foi uma das molas propulsoras da
Humanidade. Os círculos ingleses são um exemplo disso.
Como eles têm mostrado um desenvolvimento, isso gera
uma expectativa de verificar o que a próxima estação
trará. Mas quem os estaria fazendo e por quê? Eu não me
arriscaria a dizer, mas gostaria de lançar uma hipótese
sobre a evolução da complexidade do fenômeno. Não
poderia ser o próprio ser humano que ditaria esse
intricado mistério? Não teria o homem entrado em
contato com alguma entidade física ou não, que produz
os círculos, sendo essa produção decorrente do aumento
da consciência do ser humano de que realmente não
estamos sozinhos? Em outras palavras: os círculos não
seriam em si obra do homem, mas seus formatos sim.
Afinal, só vemos aquilo que estamos preparados para
ver”.

Philipe Kling David,


ilustrador digital e artista gráfico,
consultor de arte da Revista UFO,
Niteroi (RJ)

“O fenômeno dos crop circles se


apresenta como uns dos últimos grandes
enigmas das sociedades modernas. Fato
que talvez explique sua associação com o maior enigma
de todos os tempos, o Fenômeno UFO. Alguns aspectos
permanecem envoltos no mais profundo mistério. Os

160
O Mistério dos Círculos Ingleses

círculos apresentam questões a serem compreendidas,


como a logística por trás de sua produção, sua
evolução ao longo dos anos, sua lógica matemática
e padrões fractais, além dos seus efeitos sobre os
cereais. Independentemente de atribuir o fenômeno aos
alienígenas ou a ‘velhinhos engraçadinhos’, o mistério
permanece. A verdade é que os círculos são um prodígio
que precisa ser estudado e compreendido.
Ele desafia nossa tecnologia e cabe aos pesquisadores
clarificar suas peculiaridades”.

Júlio César Goudard,


administrador de empresas,
integrante do Centro de Investigação e
Pesquisas Exobiológicas (CIPEX),
Curitiba (PR)

“Na minha opinião, os círculos ingleses


são uma espécie de linguagem
criptografada de uma civilização extraterrestre que
utilizaria estes sinais para passar uma mensagem
por meio de cifras, nas formações nos campos,
que representam um código que ainda não tivemos
a capacidade de decifrar. Traço um paralelo com o
filme Contato para exemplificar minha opinião sobre o
fenômeno, no qual a cientista Jodie Foster recebe sinais
extraterrestres e só consegue conhecer seus significados
após desvendá-los. Resta a nós, pesquisadores e
estudiosos concentrados, aprofundarmos o estudo
científico e sério dos círculos para decifrarmos as
mensagens ocultas que transmitem. Também deve-se
analisar as consequências que os cereais e o
meio ambiente afetados pelos desenhos sofrem
e, consequentemente, fazer um estudo médico na
população consumidora desses cereais”.

161
Wallacy Albino

Atílio Coelho,
professor e presidente do Núcleo Tron,
São Paulo (SP)

“Como uma civilização extraterrestre


poderia nos contatar? Que linguagem
deveria utilizar? Imagine a gama de
frequência de transmissão de dados
que outras civilizações poderiam utilizar para enviar tais
mensagens? É, portanto, bastante aceitável a ideia de
que elas pudessem transmitir dados ou informações
e que estas mensagens chegassem até nós. Quando
observo tais círculos, penso na hipótese de uma forma de
contato entre alguma cultura extraplanetária e a nossa.
Imprimir literalmente estas figuras em nossos campos
talvez seja a forma mais simples que eles encontraram
de nos passar informações, já que levaríamos muito
tempo para identificar o sistema de transmissão que
utilizam, de forma que pudéssemos entender que não
estamos sós no Universo, independente do estágio em
que nos encontramos”.

José Ricardo Q. Dutra,


representante comercial,
presidente do Grupo de Estudos Ufológicos
de Barbacena (GEUB),
Barbacena (MG)

“Os círculos ingleses, que na verdade


também existem em outros países, é
um fenômeno muito interessante e ao mesmo tempo
inexplicável. De grandes dimensões, eles aparecem
durante a noite, alguns ao lado de rodovias com grande
movimento, embora jamais alguém tenha sido apanhado
fazendo qualquer um deles. Algumas marcas autênticas

162
O Mistério dos Círculos Ingleses

contêm plantas que sofreram alterações em sua


estrutura, causa provável da exposição de uma intensa
radiação térmica. Acho o fenômeno dos círculos difícil
de ser explicado, já que criar um desenho da noite para o
dia – geometricamente perfeito e de grandes proporções
– é, na maioria das vezes, só compreendido quando visto
do céu. Não pode ser obra de alguns fazendeiros locais.
Acredito que a verdade ainda está longe de aparecer,
tornando o mistério cada vez mais enigmático,
polêmico e inexplicável”.

A Opinião de Quem Esteve no Local

Ademar José Gevaerd é editor da


Revista UFO e presidente do Centro
Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores
(CBPDV), de Campo Grande (MS). É
um dos poucos ufólogos brasileiros
que esteve num círculo e participou
ativamente das pesquisas sobre a origem
e a natureza do fenômeno, ao lado dos
maiores circólogos do mundo. Ele pôde viver momentos
de grande emoção ao entrar num círculo na região de
Alton Barnes, em plena luz do dia. Sua experiência foi
compartilhada pelos estudiosos que o acompanhavam. Eis
seu depoimento sobre o que se passou.

“Existem muitas teorias que tentam explicar os círculos ingle-


ses, mas nenhuma delas consegue justificar satisfatoriamente o que
está acontecendo. Acredito, entre outras coisas, que exista uma
civilização de origem extraterrestre que já conviveu com os povos
que habitavam aquela região – celtas, vikings, druidas – e que agora
voltaram, fazendo uma espécie de jogo com a comunidade local.
Não há dúvidas de que a origem dessas figuras é absolutamente
extraplanetária. Agora, o que pretendem, não sei. Elas começa-

163
Wallacy Albino

Fotos Arquivo UFO

ram há mais de 20 anos,


com círculos simples e de-
senhos primários que foram
gradativamente evoluindo,
como uma espécie de alfa-
betização. Hoje, com a alta complexidade das figuras, podemos
deduzir que os responsáveis pelos círculos julgam-nos conhe-
cedores de seus significados. Por isso, agora, parece que estão
nos enviando informações completas, talvez novas formas de
escrituras, óperas ou concertos, tratados matemáticos com-
pletos, grandes ensinamentos sobre a origem do Universo etc,
sempre em forma de figuras. Mas sejam o que forem, até o
momento permanecem indecifráveis.
“Já visitei a Inglaterra inúmeras vezes, para proferir conferên-
cias em várias cidades, sempre a convite de grupos ufológicos.
Numa das últimas vezes em que lá estive, em junho de 1998, a
convite do grupo Circular Forum, que pesquisa o fenômeno dos
círculos, fui levado para conhecer a área de maior incidência das
formações, Alton Barnes, próximo ao monumento de Stonehen-
ge, perto de Silbury Hill, 100 km à sudoeste de Londres. Durante
dois dias percorri o lugar onde surgiram diversos círculos, mas,
infelizmente, eles já estavam bastante danificados, em razão das
visitas constantes ao local, que acabaram por destruir os dese-

164
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos Arquivo UFO

O editor de UFO,
Gevaerd, dentro
do círculo em
Alton Barnes.
No detalhe da
página anterior,
o centro da
formação e, no
dessa página, os
caules de trigo
dobrados

nhos. Numa dessas visitas,


inclusive, observei uma for-
mação bastante firme, ape-
lidada pelos pesquisadores
de ‘Relógio’, perto de Silbury
Hill, a maior montanha artificial existente na Europa, e de Avebury
Circle, que também fica na região de Stonehenge.
“A experiência foi extremamente curiosa, porque os círculos,
assim como outros fenômenos, demonstram que existe a incidên-
cia de algo inusitado, misterioso e assustador naquela região. Ao
contrário do Fenômeno UFO – que ocorre no mundo inteiro – as
formações são mais intensas, enquanto as aparições de discos
voadores são fugazes. Na Inglaterra é absolutamente certo que
de abril ao começo de setembro serão encontrados desenhos
nas plantações. E a cada verão, aumenta sua quantidade e prin-
cipalmente complexidade. A manifestação do Fenômeno UFO
acontece de forma regular, exceto nas estações frias. E está lá
para quem quiser conferir pessoalmente.
“No segundo dia de minha visita, entrei num círculo recém-
descoberto. Por volta das 13:00 h de uma tarde bastante chuvosa
e quente, seguimos até o restaurante Barge Inn, um estabeleci-
mento peculiar e típico do local, encravado na região de maior
incidência de círculos. É lá que as pessoas se reúnem para

165
Wallacy Albino

discutir o assunto, localizado em Alton Barnes. No Barge Inn há


um verdadeiro museu sobre os círculos e até congressos sobre
o tema acontecem no restaurante. De repente, o pesquisador
Peter Sorensen entrou dizendo que havia sido descoberta uma
nova formação a quase dois quilômetros dali e resolvemos seguir
até lá. Ao chegarmos, os outros ufólogos notaram meu interesse
pelo fato e disseram: ‘Gevaerd, como você nunca entrou num
círculo, será o primeiro a pisar nesse’.
“Entrei na plantação e atrás de mim vinham os demais pes-
quisadores, filmando aquele momento inesquecível. A formação
tinha cerca de 25 m de diâmetro e apresentava apenas a área da
circunferência, a coroa, com uma bola na parte de baixo e outra
fora do conjunto. Em virtude das chuvas daquele dia, fiquei todo
encharcado. Senti no interior daquele círculo algo inexplicável,
uma coisa estranha, que não consigo descrever. Uma espécie de
energia e um arrepio tomou conta do meu corpo. Nunca havia
sentido algo parecido em toda a minha vida. Tenho certeza que
esta sensação está relacionada com aquele lugar e com aquele
desenho. Para mim, a experiência foi magnífica!”

O Depoimento do Maior Circólogo do Mundo

Colin Andrews é engenheiro eletrônico, presidente do Circles


Phenomena Research International (CPRI), um
centro de pesquisa dedicado ao estudo dos
círculos ingleses, e uma das maiores autori-
dades no estudo deste fenômeno. Os agro-
glifos são o tema central de suas conferências
em diversos países, assunto ao qual dedicou
grande parte de sua vida, levando-o, inclusi-
ve, a editar o livro Circular Evidence, que se
tornou um best seller. O título foi traduzido
para os idiomas japonês, alemão, espanhol e italiano, consa-
grando o autor como o melhor e mais respeitado pesquisador.
Em entrevista concedida, por e-mail, ao ufólogo Thiago Luiz

166
O Mistério dos Círculos Ingleses

Ticchetti, coordenador de representações internacionais da


Revista UFO, ele fala de suas crenças, pesquisas e perspecti-
vas diante do maior e mais intrigante fenômeno da atualidade.
Vejamos seu depoimento:

“Eu me envolvi com o fenômeno dos círculos ingleses após


ter encontrado cinco formações num campo próximo de Win-
chester, Hampshire, Inglaterra, em julho 1983. A partir desse
descobrimento, dei forma a CPRI, nesse mesmo ano. No início,
éramos uma equipe muito pequena, que dirigia uma entidade
dependente de financiamentos externos. Atualmente, algumas
pequenas organizações realizam doações, além dos próprios
membros, mas grande parte da renda vem da venda de livros,
fotos e do patrocínio da Fundação Rockfeller. Trabalho em tempo
integral com diversos cientistas, coordenadores e investigadores
em projetos específicos. Conto com a ajuda de coordenadores
voluntários em todo o Reino Unido e nos Estados Unidos, além
das filiais no Canadá, Japão e Austrália. Todos em busca da
verdade sobre o fenômeno.
“Tenho cadastrado e investigado em meu banco de dados
mais de 2.000 mil tipos de círculos, mas estimo que já existam
mais de 12 mil figuras, somente na Inglaterra. Há vários padrões
para as circunferências, que vão desde desenhos simples até
os mais complexos. Para cada hieroglifo diferente que surge é
dado um número, que apelidei de Catálogo de Andrews. Em
quase todas as 27 mil fotografias de nossa biblioteca é possível
verificar a presença de objetos estranhos próximos aos círculos,
a maioria com aproximadamente 20 cm de diâmetro. Um novo
estudo está sendo planejado para pesquisar esses UFOs, muitos
dos quais passariam despercebidos. Em nossas investigações,
algumas análises detectaram mudanças na estrutura das plantas.
O doutor Levengood [Ver capítulo 04] foi um dos que realizou
exames na vegetação atingida e evidenciou descobertas inques-
tionáveis. O problema é que nós, pesquisadores, não podemos
indicar de forma precisa o motivo gerador dessa situação, que

167
Wallacy Albino

Fotos Cortesia CPRI

está intimamente ligado ao aparecimento dos círculos, algo


inexplicável até o momento. No entanto, esses resultados vieram
a público, embora de maneira limitada, através da internet.
“Algumas estruturas celulares das amostras retiradas do inte-
rior das formações apresentam sinais de exposição a calor intenso
ou à radiação. Como isto está sendo documentado? Todos os
círculos genuínos mostram este tipo da mudança? Infelizmente
não posso responder a isso, mas há relatórios na internet – mais
específicos e apurados – que apresentam estas anomalias e
esclarecem, principalmente, todas as dúvidas sobre o assunto,
eliminando os boatos em torno do tema. As análises publicadas
afirmam que o solo e a água ainda serão examinados, mas o exame
das plantas tem sido realizada por mais de 10 anos, eviden-
ciando que as estruturas internas mudaram em relação ao seu
nível celular. Elas foram afetadas mais no seu centro do que
nas partes superiores. [O texto do doutor Levengood teve suas
partes mais significativas publicadas no capítulo 04 deste livro].
Isso está além de qualquer fraude.
“Há 19 anos, quando iniciei a pesquisa dos círculos, não
acreditava que pudessem ser produzidos por mãos humanas,
mas desde que meu livro Circular Evidence foi lançado e o meu
programa de televisão foi ao ar, em 1989, muitos desenhos
começaram a ser criados pelos homens, contrariando todas as

168
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia CPRI

UM HEROICO
PESQUISADOR

Colin Andrews
em várias
atividades. Da
esquerda para
direita: testando
um aparelho
que pretendia
medir pulsos
mentais dentro
de um círculo,
minhas crenças. Hoje em dia, podemos diferenciar as figuras debatendo com
reais das que são falsas. A explicação, ou melhor, as razões para os militares
que um fraudador haja assim são muitas: alguns querem con- durante
fundir os pesquisadores, outros, por sua vez, o fazem por pura a famosa
diversão. Mas, também acredito na cultura de desinformação Operação
e nos militares que tentam nos embaraçar. No entanto, essa é Blackbird e em
uma longa estória. entrevista na
tevê, ao lado de
“Não sei especificar se todos os círculos genuínos exibiram
Pat Delgado
esta mudança ou se foram usados como um indicador, para
avaliar se são uma fraude ou não. Acredito que 80% dos círculos
ingleses atuais que surgiram na Inglaterra são fraudulentos. Uma
visita ao interior de uma formação não diz muita coisa sobre a
sua autenticidade, mas numa vista aérea da figura é possível
esboçar uma ideia legítima. Visitei muitas figuras ditas falsifica-
das e integrei inúmeras experiências de reprodução dos círculos
genuínos, inclusive com o exército britânico, mas existem algu-
mas características que podem ser levadas em consideração na
análise da veracidade do projeto geométrico perfeito do desenho,
tal como ausência de danos às plantas, anomalias magnéticas
etc. A coisa mais engraçada que observo quando converso com
os fraudadores é ouvi-los dizer que não sabem porque criam
essas formações. É fascinante. A verdade é que as fazem por
diversão ou publicidade, mas só conseguem resultados toscos.

169
Wallacy Albino

“Antes do lançamento do meu livro houve um período que


pode ser chamado de ‘não contaminado’. Um momento em
que não havia simulações em lugar algum. Depois, as pessoas
tornaram-se cientes de que algo incomum estava acontecendo.
Naturalmente, esse processo elevou a quantidade de fraudes
e reivindicações sobre elas. Entretanto, essa questão de au-
tenticidade e indício de falsidades ainda está em estudo e há
várias discrepâncias entre um e outro pesquisador. Ou seja,
não há consenso sobre o assunto. O governo britânico sabe
que algo está acontecendo e que helicópteros negros oficiais
são vistos constantemente sobrevoando as formações. Não
possuo provas disso, mas as teorias conspiratórias sempre
existiram. Uma delas, inclusive, envolve o primeiro-ministro
britânico e a CIA, que pode ou não ser verdadeira. Como eu
disse, não tenho provas.
“Somente depois de muitos anos o fenômeno dos círculos
ingleses começa a ser notado. Inclusive, fui um dos colaborado-
res da Disney [Estúdio norte-americano] na realização de Sinais,
que trata dos círculos nas plantações, fornecendo dados e fotos
sobre as figuras. Não os auxiliei a escrever o roteiro, produzir ou
dirigir, apenas fui uma fonte de consulta para o diretor Shyama-
lan. Acredito que o filme seja importante para mostrar que algo
está acontecendo em diversos países. Mas há muito a ser feito
ainda. Acho que 80% das formações são confeccionadas por
mãos humanas, embora isso não invalide o fenômeno, já que 20%
dos círculos continuam sem explicação. Um exemplo disso é o
desenho mostrado no próprio filme, ou seja, a enorme pictografia,
extremamente difícil de fazer, que consumiria diversos homens
para sua criação. Ademais, o filme apresenta alguns fatos reais,
mas há muito exagero. É possível que o governo esteja utilizando
Hollywood para começar a inserir a Ufologia no cotidiano das
pessoas. Eles sabem que o público vai descobrir mais cedo ou
mais tarde a verdade e é melhor estarem preparados.
“Experimentei coisas incomuns em relação aos círculos que
visitei, tais como sentimentos e sensações físicas intrigantes.

170
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia CPRI

UM INCANSÁVEL
BUSCADOR

Colin Andrews
com o cientista
Matt Moniz, dos
Laboratórios
Springborne, de
Massachusetts,
discutindo as
análises feitas
em amostras de
Há muitas referências sobre isso amido recolhidas
no meu livro. Mas a minha expe- de plantas
riência mais memorável ocorreu que estavam
ao visitar um círculo num campo fora [Detalhe
superior] e
remoto de Kimpton, Hampshire,
dentro [Inferior]
em julho de 1987. Lá ouvi um
de um círculo
som estranho, uma espécie de
inglês
zumbido, que parecia não só es-
tar perto de mim, mas interagir
comigo. Fui oprimido pela expe-
riência. Depois de algum tempo,
tornei a ouvir o barulho, vindo do
meu lado esquerdo, e notei que
estava no anel da formação, sozinho. Um ano mais tarde, o
mesmo som foi gravado em duas ocasiões.
“Ainda não temos todas as respostas que buscamos para
o fenômeno, mas alguns símbolos mostram informações astro-
nômicas muito acuradas, outros nos dão pistas de estruturas
moleculares e até mesmo existem aqueles que possuem apenas
informações técnicas. Temos muito trabalho a fazer e estamos
tentando decifrar as mensagens transmitidas pelos desenhos.
Tenho certeza de que há uma estrita ligação desses desenhos
com os povos antigos, já que esses pictogramas possuem uma

171
Wallacy Albino

forte conexão com os desenhos pré-históricos e os sítios arque-


ológicos. Mas, acima disso, creio também que independente de
que área da Ufologia alguém tenha escolhido, ou caso seja apenas
um admirador, deve-se buscar a verdade e informar as pessoas
das descobertas. Não exagerem ou fabriquem casos, a verdade
será muito importante no futuro”.

172
O Mistério dos Círculos Ingleses

Capítulo 09

As Incríveis
Formações de 2002
“O homem está sempre disposto a
negar aquilo que não compreende”.
— Pascal

N
este ano, os pesquisadores dos círculos ingleses se sur-
preenderam. Enquanto alguns incrédulos tiveram suas
teorias momentaneamente reforçadas pela difícil interpre-
tação das manifestações, os autores dos desenhos estavam guar-
dando forças para os meses seguintes e as históricas manifes-
tações que ocorreriam em 2002. Entre uma ou outra formação
– que parecia suscitar os padrões de anos anteriores – surgiram
imagens complexas e assustadoramente perfeitas. Não há dúvidas
de que os responsáveis pelos círculos ingleses se empenharam em
produzir belas, grandes e reveladoras imagens num dos períodos
mais ricos deste fantástico fenômeno.
Num ano com tantas referências e significados, nada
melhor do que cedermos à experiência dos melhores pesqui-
sadores, fotógrafos, jornalistas e especialistas no assunto e
entendermos porque este ano é tão importante quanto 1990,
quando os círculos deixaram de ser simples circunferências
e se tornaram obras de arte. O leitor encontrará no encarte
deste livro dúzias de fotos coloridas referentes apenas ao ano

173
Wallacy Albino

corrente. São as imagens mais impressionantes do último


verão europeu. Nem todas as formações estão no encarte,
mas pelo menos as mais significativas. E neste capítulo se
verá como foram encontradas e por quem, como foram in-
terpretadas e o que se pensa delas.

Abril: O Primeiro Círculo do Ano

A primeira formação de 2002 apareceu sem grandes sur-


presas e não exigiu muita criatividade e esforço de seu autor.
Tratava-se de uma formação isolada, que ocupou 15 m de
diâmetro de uma plantação de nabos silvestres, localizada na
extremidade nordeste de Long Road, próximo ao vilarejo de
Soberton, em Hampshire. O círculo foi descoberto por James
Andrews, que o viu pela primeira vez no dia 12 de abril. A
britânica não entrou no lugar, mas notou a simplicidade do
desenho. Procurou então pelos circólogos Steve Alexander e
Karen Douglas do The Crop Circle Connector [www.cropcir-
cleconnector.com], que visitaram a formação e relataram o
surgimento da única formação neste mês. Aparentemente,
este seria um ano sem muitas novidades.

Maio: Surpresa com um Haltere Triplo

Passadas algumas semanas desde a última formação em


Hampshire, e quando muitos já não acreditavam na possibilidade
de uma nova manifestação, o imprevisível aconteceu. O lugar
escolhido foi North Down, perto de Beckhampton, Wiltshire, no
dia 06 de maio, registrando a segunda formação de 2002, numa
área com o maior número de ocorrências do fenômeno. Esse
pictograma media aproximadamente 40 m de comprimento e
consistia num anel de caules em pé, localizado dentro de uma
meia-lua, com uma trilha de 1,5 m de largura, além de três pe-
quenas circunferências de nove metros de diâmetro, próximas
do corpo principal da formação.

174
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia Peter Sorensen

O primeiro
círculo deste
ano, descoberto
próximo ao
vilarejo de
Soberton, em
Hampshire, em
12 de abril.
No detalhe,
ampliação de
duas esferas no
anel externo da
Criada numa enorme figura
“lona” amarela, essa for-
mação tinha ares surrealis-
tas. Michael Glickman, pes-
quisador britânico, contou
que para chegar até o círculo atravessou um campo saturado
de nabos silvestres. Todas as áreas achatadas da plantação pa-
reciam perfeitas e organizadas, embora a maior parte dos caules
amassados estivessem partidos, um forte indício de presença
humana, que dificultaria qualquer possibilidade de uma avaliação
realista [Página 02 do encarte].
No dia 23 de maio, em Newton Saint Loe, perto de
Bath, o pesquisador Stuart Dike relatou uma nova formação.
“Fomos informados da descoberta de um desenho numa área
sem ocorrências registradas desde 1993”. Esse é um dos cam-
pos mais tranquilos ao redor de Bath, “... mas mesmo assim
foi um alívio saber que o fenômeno voltou, e no quintal de
nossa casa!”. Dike lembrou que nessa época o tempo estava
muito úmido na Inglaterra e que isso inspirou desconfiança
nos pesquisadores, que desacreditavam da possibilidade de
novas formações. Esse evento foi uma surpresa, pois o trigo não
estava suficientemente maduro, fazendo com que a plantação
se recuperasse rapidamente. O desenho se baseava no modelo

175
Wallacy Albino

clássico de um haltere triplo, extremamente comum nos campos


ingleses da década de 90, quando os círculos se tornaram obras
complexas e indecifráveis.

Junho: As Descobertas Aumentam

Próximo ao vilarejo de Beckhampton, Wiltshire, um episódio


expressivo abriu oficialmente a temporada das formações de
2002. Nesta região, existem duas enormes rochas, conheci-
das como Adão e Eva, situadas entre Folly Hill e Beckhampton
Drove, no campo de Longstones Field. O desenho que apare-
ceu numa plantação de cevada no dia 02 de junho, admirou
os pesquisadores, dentre eles Stuart Dike, pois a qualidade da
figura era extraordinária. O padrão do solo era perceptível. No
entanto, por ser uma lavoura que se recupera rapidamente, os
pesquisadores tiveram de considerar o fator tempo nas análises
do solo e agir rápido, já que um dia a mais significava pôr em
dúvida a autenticidade da formação.
O desenho em si parecia ser um tipo de cruz celta1,
com 39 círculos ligados ao anel exterior. Cada circunferência
continha um centro, com as plantas em pé. A parte interna
da figura incluía seis triângulos equiláteros convexos, que se
entrelaçavam – uma característica já observada anteriormente

1
A Cruz Celta é utilizada por muitas organizações neonazistas e
de extrema-direita. Considerada um dos símbolos mais
antigos da Humanidade, é referenciada nas tradições
espirituais dos budistas e dos índios norte-americanos,
estando particularmente associada aos rituais célticos,
pagãos e cristãos. A cruz céltica teve maior evidência, uso e
desenvolvimento no período de 300 a. C. a 1400 a. C. e
seu simbolismo básico é a conexão entre a Terra e o céu
ou eixo do mundo, em que o braço vertical da cruz
representa o mundo celestial e o braço horizontal, o mundo
material. O ponto de encontro de ambas é de onde emana
um “halo” ou “aura de unificação”, dando um sentido de
unidade e de um todo.

176
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia British Life Magazine [Detalhe cortesia Crop Circle Connector]

Turista posa para


foto ao lado
das enormes
pedras Adão e
Eva. No detalhe,
a formação
tipo hélice de
Halewick Lane,
próximo de
Worthing, numa
lavoura de trigo

em algumas formações
de 1999, na mesma re-
gião. Esse formato in-
trigou os pesquisadores,
que se questionavam se o padrão triangular nos desenhos
estaria retornando [Página 04 do encarte].
Noutro episódio, na área residencial de West Sussex, foi des-
coberto um desenho na manhã do dia 03 de junho. Os moradores
de Halewick Lane, Sompting, próximo de Worthing, confirmaram
que a lavoura de trigo estava limpa no dia anterior, ou seja, nada
figurava no solo. O desenho era essencialmente um círculo com
dois braços em forma de Lua crescente de cada lado, cada um
culminando numa circunferência pequena. A figura possuía 84 m
de extensão, com o círculo central medindo 18 m de diâmetro. Os
braços apresentavam 58 m de comprimento por sete metros de
largura cada, na parte mais larga, e 30 cm nas extremidades. Os
pequenos círculos externos possuíam oito metros de diâmetro
cada [Página 07 do encarte].

177
Wallacy Albino

O padrão do desenho tinha contornos bem delineados e o


achatamento das plantas era uniforme. Os caminhos pisoteados
não estavam lá originalmente, mas foram feitos por visitantes.
Dois dias depois, boa parte da plantação já havia se recuperado.
O círculo central estava achatado em sentido anti-horário, assim
como os círculos externos. Curiosamente, havia evidências de
entrelaçamento na área achatada, demonstrando que os braços
foram formados antes do círculo do qual eram projetados. Mais
relevante que a complexidade ou as medidas da figura era o lugar
escolhido por seus autores. À noite, o campo é bem iluminado
pelas luzes das ruas e há, inclusive, um bar e muitas casas. Lo-
calizado na área leste da famosa Igreja dos Templários de Santa
Maria, esse campo é um dos poucos na Inglaterra que não tinha
sido marcado pelo fenômeno dos círculos nas plantações, até
esta ocorrência. Uma plantação à oeste dali recebeu duas cruzes
celtas em anos anteriores, além dos campos ao norte, sul e leste.
Na noite em que essa formação apareceu, por volta da
01:00 h da manhã, um garoto de 10 anos afirmou que foi acor-
dado por uma intensa luz que entrava pelas cortinas do seu
quarto. Ao olhar para fora, teve a impressão de que a fonte
luminosa parecia estar acima do campo em questão. A irmã
do menino também acordou assustada e avistou a luminosi-
dade pela janela. A visão durou cerca de dois a três minutos e
se apagou abruptamente. As crianças foram entrevistadas pela
equipe inglesa do Southern Circular Research, que considerou
os relatos confiáveis e sinceros. Algumas amostras da formação
foram enviadas ao doutor Andrew King, do Centre of Crop Circle
Studies, para testes. O pesquisador obteve total permissão para
recolher as amostras da plantação.
Esse fenômeno parece ter uma relação especial com a
figura da cruz. Por exemplo, os moradores de Silbury Hill, região
próxima de Avebury, Wiltshire, amanheceram no dia 04 de junho
com a companhia de uma figura que pode ser descrita como
tal. Além da grande incidência de formações nesta localidade,
ela é também conhecida como The Highest Down [A Grande

178
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Crop Circle Connector

A formação de
Great Shelford,
próximo de
Cambridge,
encontrada numa
plantação de
trigo, no dia 10
de junho

Descida] e inclui o famoso complexo funerário pré-histórico de


West Kennett Long Barrow, além de outros jazigos que remon-
tam à própria origem de Avebury. Segundo o pesquisador Steve
Alexander, que encontrou o pictograma, “... trata-se aparente-
mente de uma formação original, já que está localizada num dos
melhores locais da região, próximo da colina de Silbury Hill, e
apresenta traços perfeitos”, comentou [Página 11 do encarte].
Enquanto os primeiros meses do verão europeu não mos-
travam grandes manifestações do fenômeno dos círculos, o mês
de junho continuava a surpreender, mesmo pela ação dos frauda-
dores que, ao que parece, começaram a agir. Em Great Shelford,
próximo de Cambridge, foi encontrado um grande círculo numa
plantação de trigo, no dia 10 de junho, com aproximadamente
sete metros de comprimento, contendo uma circunferência me-
nor em seu interior. A formação era visível a partir da principal
ferrovia e possuía sinais claros de que pessoas haviam pisado na
plantação, forte indício de criação humana.
Em 17 de junho, por sua vez, mais um desenho foi desco-
berto numa plantação de cevada. O insetograma era achatado
nas partes mais baixas da figura e o lado superior às plantas
era muito mais curto. As circunferências foram dispostas de
forma que a extremidade pontiaguda, mais alta, se encontrava
no topo de uma colina, com o corpo se estendendo para baixo.

179
Wallacy Albino

A manipulação dos caules não ocorreu de forma circular e, sim,


como se estivesse acompanhando o círculo colina abaixo. As
circunferências que compunham a cauda, no fundo, seguiam
em sentido horário, bem como as pernas, na parte inferior da
foto, acompanhavam a mesma direção. Somente as pernas
da extremidade mais distante estavam em sentido anti-horário
[Página 10 do encarte].
Algumas vezes o contexto que envolve a imagem se torna
mais interessante que a própria, nesse caso, mais interessante
que a figura foi a forma como a descobriram. Num sábado,
dia 22 de junho, um passageiro do trem que percorria a ferrovia
próxima ao campo, com destino a Penistone, avistou a figura.
Acredita-se que tenha surgido no dia anterior, embora não se
tenha certeza disso. A formação estava situada atrás da Igreja de
São João Batista, centro do vilarejo, fora de Green Lane – área
acessível somente a pé, por uma via pública. Entretanto, não é
uma região nova em manifestações, já que as ocorrências se dão
ali desde 1997. A imagem continha um grande pentágono no
interior de um círculo, com outro pentágono menor ao centro.
Apesar de todas essas grandes formações, uma das mais
significativas deste ano apareceu no topo de uma colina, em West
Overton, Wiltshire, no dia 23 de junho. O campo de North Farm,
em particular, já foi muito visitado por quem quer que esteja crian-
do os círculos e, consequentemente, por pesquisadores. Numa
imagem aérea, os pesquisadores do The Crop Circle Connector
notaram que a figura representava duas cobras entrelaçadas e
ocupava aproximadamente 75 m da plantação de cevada, que
amadureceu rápido, fazendo com que os contornos da formação
perdessem a vivacidade das bordas.
Os caules amassados formavam os corpos espiralados
dos répteis, que apresentavam 1,80 m de largura. A área
estava limpa e em perfeita ordem, exceto em alguns locais
específicos, onde parecia um pouco dura, talvez devido a
considerações topográficas ou algum visitante anterior. A
construção de alta qualidade exibia características interes-

180
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Crop Circle Connector

Uma recente
formação situada
bem atrás da
Igreja de São
João Batista
[Indicada com o
círculo], centro
do vilarejo de
Penistone

santes, em particular, o detalhe dos olhos das cobras [Página


13 do encarte]. Para algumas pessoas, o surgimento de uma
imagem com todo um simbolismo é um evento excitante.
Independente das questões místicas, a figura é a maior espiral
já observada nos campos ingleses.
Pela primeira vez nesse ano, em 28 de junho, surgiu um
pictograma na plantação de trigo de Sompting, próxima de Wor-
thing, West Sussex. Em forma de triângulo equilátero convexo,
com bordas curvadas, o desenho era cercado por três círculos
sobrepostos [Página 05 do encarte]. “Cada um dos círculos, lo-
calizados nas pontas do triângulo, tem um raio que é exatamente
a metade de um dos lados”, descreveu o estudioso Allan Brown.
Segundo o pesquisador Andy Thomas, a figura possuía cerca
de 90 m de diâmetro e seis metros de comprimento, enquanto
o diâmetro de cada circunferência era de 82 m, em média. No
interior da formação, as plantas estavam inclinadas no sentido
horário, em três blocos distintos.
No centro existiam dois grandes montes de pó branco,
espalhados sobre o solo e a vegetação. Aparentemente, essa
substância parecia fina, como giz, mas não se tratava de talco, sal
ou farinha e não apresentava cheiro ou gosto. Algumas amostras
foram recolhidas e levadas para análises, mas nenhum resultado
foi apresentado até o momento.

181
Wallacy Albino

Pode-se afirmar que a imagem que melhor representou


esse mês, descoberta pelo pesquisador Steve Alexander, era
formada por 20 a 30 pequenos círculos, de até 10 m de diâmetro
cada, numa sequência curva [Página 08 do encarte]. A efígie foi
desenhada em Uffington White Horse, Oxfordshire, e relatada
no dia 23 de junho. Antenas radiais incomuns emanavam de
vários círculos maiores e o desenho parecia representar um
inseto com asas. Todavia, o aspecto de brincadeira cósmica
sugeria uma libélula. Esse foi o segundo insetograma do ano e,
aparentemente, seria tema de 2002. A plantação de trigo estava
completamente verde no dia em que os pesquisadores visitaram
o local. A vegetação se recuperou rapidamente, como observado
no dia 30 de junho. Até o fim de julho o contorno já não podia ser
perceptível. Amostras tiradas do interior da formação indicaram
que ela poderia ser verdadeira. Esse modelo de 2002 é o quinto
evento ocorrido em nove anos – que se iniciou em 1994 – no
lado norte da colina White Horse.
Uma das últimas formações do mês de junho foi relatada
pelo pesquisador Gordon Clark, no dia 27. Estava localizada na
região leste da Inglaterra, na direção de Ashford. Tratava-se de
uma figura simples, formada por apenas duas circunferências,
uma ao lado da outra. O desenho maior, com quase 28 m de
diâmetro, possuía adornos que se pareciam com plumagens ao
redor de seu perímetro, cujo efeito era realçado pelos delicados
tegumentos de cevada, que estavam alinhados com os caules,
sendo que algumas plantas apresentavam uma curvatura em
forma de C. Havia também pequenos ninhos em forma de
pirâmide, simetricamente dispostos no solo. O círculo menor,
com sete metros de diâmetro e distante cerca de 12 m do maior,
apresentava a figura de uma espiral, formando o número oito
[Página 12 do encarte]. Embora tenha sido relatado em 27 de
junho, alguns moradores afirmaram que a figura estava lá há
uma semana. Se esse fato for verdadeiro, então seu estado é no-
tável para uma formação tão velha! As evidências sugeriram que
o desenho recebeu poucos visitantes, se é que recebeu algum.

182
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Busty Taylor

O cavalo branco
de Uffington é um
enorme desenho
medieval num
morro, feito
com material
duradouro que
lembra giz. Em
sua proximidade
surgem muitas
formações

Julho: O Auge do Fenômeno

Uma interessante formação surgiu num campo em Low


Hangbank, perto de Darlington, Yorkshire, em 07 de julho.
Trata-se de uma figura proeminente e bem delineada em meio
ao trigo verde. Na foto tirada por Nick Nicholson, do The Crop
Circle Connector, é notório que o círculo encontrado no solo
possui uma ilha redonda de caules eretos em seu flanco, do
lado sudoeste. Do contorno do círculo principal partiam cinco
formas recurvadas, que terminavam num caminho curto e
reto. Julho foi um mês muito produtivo para os criadores dos
círculos ingleses, sem dúvida alguma. No dia seguinte ao relato
anterior, 08 de julho, outra figura surgiu num campo de trigo
em Upper Beeding, oeste de Sussex.
A formação consistia em dois elementos principais: um
grande círculo individual e uma forma triangular que lembrava
uma folha de trevo. Essa imagem era composta de três circun-
ferências, com o mesmo tamanho, que se entrelaçavam, além de
um círculo central um pouco maior. O local parecia intocado, à
primeira inspeção, o que é notável, considerando-se que a figura
surgiu num período de tempo úmido. Outro círculo, um pouco
maior, também estava situado no centro do desenho, acima das
três circunferências menores. Na formação propriamente dita,

183
Wallacy Albino

esses centros pareciam realmente se espalhar pela área e se abrir


para serem percebidos. Uma geometria perfeita. Já em 09 de
julho, outro pictograma surgiu próximo à Estalagem Bell, ao longo
de um campo pertencente a Wiltshire.
Composto de uma grande área comprimida triangular,
com círculos anexos em todas pontas, o desenho tinha nume-
rosas formas adicionais, dispostas próximo ao corpo principal
da formação. Entre elas se incluía, no topo do desenho, um par
de caixas retangulares, com um arco no cume de ambas, de
vários tamanhos, ligados aos dois cantos inferiores. No santuário
dos círculos, Alton Barnes e East Field, o terreno voltou a teste-
munhar uma manifestação surpreendente apelidada de Árvore
do Universo. Até aquele momento era a figura mais incomum
já encontrada nos campos ingleses, enquanto nas últimas duas
décadas as formações lembravam mandalas. De fato, isso é uma
parte essencialmente importante para entendermos o poder
dos desenhos nas plantações. Normalmente, os pesquisadores
têm de andar até uma certa distância dentro de East Field para
encontrar os pictogramas, mas essa formação estava localizada
num ponto ainda mais distante do que normalmente elas são
encontradas, em direção a Adam Grave.
Há mais de 100 pequenos círculos formando as maçãs
da árvore. Muitas delas apresentavam um centro em pequeno
relevo, quase imperceptível, mas o desenho no solo, com o
tronco e a área em cada lado, era extremamente plano. Tratava-
se de uma das regiões mais achatadas já observadas neste ano,
mas muito limpa. Na verdade, era totalmente multidimensional
em sua interpretação, com referências à mitologia nórdica de
Yggdrasil2, como um renascimento para a Humanidade. É um
grande exemplo do imprevisível ano de 2002. A imagem que
surgiu em Latton Part, perto de Harlow, Hertfordshire, em 23
de julho é composta por um círculo achatado com um anel
externo e uma circunferência menor, ligada a uma linha ondula-
da. O colaborador do site The Crop Circle Connector, Bazman,
garantiu que não poderia especificar a data exata da formação,

184
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia David Russell

A figura que
surgiu no campo
de trigo em
Upper Beeding,
em 08 de
julho passado.
A formação
consistia em
dois elementos
principais. No
detalhe, plantas
amassadas
mas que ela apresentava
boas condições, apesar
das abundantes visitas.
Uma das dificuldades dos
estudiosos em determinar
a quantidade exata de formações diz respeito à forma como
elas surgem, sem aviso prévio, outras nem chegam a se tornar
públicas. Por diversas razões alguns círculos são registrados
de forma precária, como relatou Adam Giddins, que descobriu
um desenho em Lea, Preston, também em 23 de julho. “Estava
a uma certa distância do local e, infelizmente, não havia uma
posição elevada que oferecesse um melhor ângulo de visão. No
círculo principal havia uma planta alta, de aproximadamente 1,5

2
Yggdrasil é a árvore do mundo, segundo a mitologia
escandinava. É também conhecida como árvore do
conhecimento, árvore do universo e a árvore do destino. Há
várias versões dos mitos escandinavos relativos à árvore e
Yggdrasil é representada em condições ligeiramente diferentes
em cada um deles. Há ainda uma única imagem ou tema que
persiste nas várias lendas. De uma maneira ou de outra, isto
representa conceitos adversários de mito e conhecimento, do
conhecido e do desconhecido, do mistério e da razão assim
como de espaço e tempo.

185
Wallacy Albino

m. Todo o milho ao redor dela estava completamente achatado,


embora essa planta, especificamente, não tenha sido afetada.
Era como se tivesse crescido depois da criação da imagem”.
Outra figura que surpreendeu os ufólogos surgiu em Ivinghoe
Beacon, Buckinghamshire, no dia 26 de julho. Segundo o re-
lator Russell Stannard, essa foi a primeira formação daquela
localidade. A plantação de trigo estava muito mais avançada
que as de Wiltshire, fato visível nos achatamentos ligeiramente
desordenados em determinadas áreas [Página 24 do encarte].
Em Gilroyd, perto de Dodworth, South Yorkshire, Mick Haywood
também relatou o surgimento, em 27 de julho, de um anel com
aproximadamente 54 a 60 m na lavoura. A imagem era dividida
em seis seções iguais, cada uma com plantas achatadas e em pé,
em quantidades iguais. Em determinados lugares, o padrão era
bastante desordenado, enquanto noutras áreas era ordenado e
fluídico. Isso poderia ter ocorrido devido às condições climáticas,
pois algumas regiões do campo foram açoitadas pelo vento.
No lado nordeste onde está situado o Círculo de Pedras
de Avebury, o fenômeno dos círculos manifesta-se notoria-
mente nos campos ingleses, tal como se deu com a famosa
formação Teia de Aranha [Veja o capítulo 03], de 1994. Neste
ano, mais precisamente em 28 de julho, uma figura inusitada
surgiu inesperadamente. Com representações inegáveis do
princípio Yin Yang, do conceito chinês da natureza, na parte
central do desenho era possível verificar os dois símbolos
opostos, segundo a regra geral de que o dia é Yang, na parte
superior do símbolo, e que o oposto, Yin, representa a noite.
Normalmente, ambos são expressos com pequenos pontos
circulares em seu interior. Esses pontos, todavia, não existiam
na figura, mas havia um círculo bem centralizado separando
os dois opostos. No solo, a construção era impressionante.
Mesmo com uma micro-luz, a 150 m de distância, a figura
era facilmente avistada.
Pequenos canais de plantas ao redor da imagem eram
notados, a poucos centímetros de distância, mas uma ca-

186
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Crop Circle Connector

O círculo achado
em Lea, na região
de Preston, em
23 de julho. É
curioso como ele
surgiu embaixo
de uma rede de
alta tensão

racterística muito incomum se evidenciava em volta da parte


central da figura: as plantas estavam tombadas num ângu-
lo diferente do fluxo normal. Mas isso se restringia a uma
porção pequena de plantas curvadas em volta do perímetro
[Página 14 do encarte]. Essa era a segunda formação nesta
localidade em 2002, a cerca de 73 m de distância de uma
complexa formação em forma de mandala, relatada em 21
de junho [Página 06 do encarte]. Esse campo, em particular,
está repleto de linhas ley. Elas o atravessam, chegam ao antigo
círculo de pedras e continuam.
As linhas ley são alinhamentos dos locais antigos ou
sagrados, tal como os círculos de Stonehenge ou igrejas.
O interesse nestas linhas nasceu com a publicação, em
1922, do livro Early British Trackways [Caminhos Britânicos
Ancestrais], por Alfred Watkins (1855-1935), um arqueó-
logo e antiquário amador autodidata. Baseado no fato de
que num mapa de Blackwardine, próximo de Leominster,
Inglaterra, era possível ligar vários pontos antigos com
uma série de linhas retas, Watkins convenceu-se de que
tinha descoberto uma antiga rota comercial. O interesse
nessas alegadas estradas comerciais, como fontes de ener-
gia mística, tornou-se muito popular entre os adeptos do
movimento New Age da Grã-Bretanha.

187
Wallacy Albino

Noutro episódio, pouco depois da meia-noite de 17 de


julho, o investigador norueguês Guro Kokaas Parvanova, se
encontrava na varanda de um chalé, em Manningford Abbot,
olhando na direção ao Pewsey White Horse, em Wiltshire. De-
pois de 20 minutos naquela posição, observou algumas luzes
no céu, logo acima do campo localizado entre Manningford e
White Horse. “Fiquei surpreso ao notar que as luzes desciam
verticalmente até o chão, repetidas vezes. Nunca tinha visto
aquilo antes. Avisei meus companheiros imediatamente e fi-
camos atônitos quando descobrimos, no dia seguinte, que
um círculo tinha aparecido naquela área especifica”, relatou.
O mais interessante não é o depoimento, mas sim o fato que
o sucede. Logo depois, apareceu uma figura numa plantação
de trigo ainda verde, que ficou conhecida como o Caracol de
Pewsey [Página 18 do encarte].
Além das belas imagens nas plantações, as escarpas das
montanhas localizadas ao longo da Rodovia A361, em direção
a Beckhampton, Wiltshire, fazem parte do rico cenário históri-
co dos vilarejos que constituem a população de Avebury. Não
apenas nessa área em particular, mas em toda a região ao seu
redor, desde os tempos mais remotos, várias formações têm
surgido no verão. De fato, uma dessas figuras era semelhante
a um balão de histórias em quadrinhos e apareceu no topo da
colina local, em 18 de julho. Bastante conhecido dos pesqui-
sadores, este desenho recorda o ano de 1994, quando outras
ocorrências semelhantes foram registradas em North Down.
Uma singularidade sobre a formação é que ela estava posicionada
num declive muito íngreme, o que impossibilitava sua inteira
visão para quem estivesse em pé, no segundo círculo [Página
20 do encarte]. As plantas ao redor desse desenho seguiam em
direção oposta às demais. O solo estava extremamente limpo,
mesmo após os dias que sucederam a formação.
Entretanto, uma inspeção mais detalhada revelou algumas
anomalias no terreno. Uma delas, por exemplo, foi um montículo
pequeno e incomum encontrado no círculo maior. As plantas

188
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Great Britain Environment

As linhas ley
são pontos de
concentração de
energia, como
a Avenida das
Pedras, como
é conhecido
um conjunto
megalítico de
Avebury

em volta dele seguiam na direção oposta aos demais. Isso diz


respeito apenas a um punhado de plantas, mas foi característi-
ca digna de nota porque desafiava totalmente o fluxo geral do
desenho. Acredita-se que a direção do círculo foi afetada pelo
declive da colina. O pesquisador Stuart Dike sobrevoou várias
formações na área de Wiltshire, o que lhe permitiu averiguar
qualquer característica incomum no solo. Isso forneceria maiores
pistas sobre a origem das figuras.
Ao sobrevoar esse desenho, Dike notou que a cauda da
formação estava ligeiramente projetada nos dois círculos aci-
ma. “Acredito que a direção do círculo foi afetada pelo declive
da colina. Esse tipo de distúrbio já foi visto em formações
localizadas em inclinações muito íngremes e, de fato, eviden-
cia que o processo do círculo pode ‘escorregar’ quando se
encontra sobre certos declives”, comentou. Isso, obviamente,
significa que o processo está operando com todas as forças
da gravidade e confirma a ideia de Dike de que quem quer
que esteja criando esses desenhos não é, de modo algum,
perfeito em sua arte.
Para encerrar o mês de julho, eis que surge uma formação
em Cathill, próxima de Barnsley, sul de Yorkshire, observada em
19 de julho, que consistia num grande círculo, de aproximada-
mente 45 m, composto de 19 círculos de tamanhos variados e

189
Wallacy Albino

características diferentes. Uma das circunferências apresentava


uma espécie de alvo no centro do desenho, junto a dois pequenos
círculos. Acompanhando esse detalhe é possível verificar que havia
duas circunferências grandes, ligadas por um caminho, embora
não esteja claro se apareceram juntas com a formação central ou
depois dela. De um modo geral, essa é uma figura impressionan-
te, embora não se equipare aos padrões de desenhos dos anos
anteriores na mesma região [Página 14 do encarte].

Agosto: As Formações Mais Recentes

O mês mais surpreendente do fenômeno começou com


uma suposta fraude. Em Walkway, perto de Bitton, South
Gloucestershire, mais uma figura brotou num campo de
milho maduro, desta vez em 04 de agosto. O círculo maior
possuía uma estrela de cinco pontas em seu interior, com
uma circunferência ao centro. Na manhã daquele dia a for-
mação parecia intocada, mas à tarde a impressão que o
pesquisador desse episódio, Rob Richardson, teve foi de
que vários visitantes haviam passado por lá e danificado
boa parte da plantação. Isto pode ser considerado um forte
indício de que não era um círculo original.
Apesar disso, Firle Beacon, na região de Lewes, a aproxima-
damente seis quilômetros de East Sussex, ostentava magníficas
paisagens e não registrava muitos círculos nas plantações, quando
foi marcada com um desenho. A última formação catalogada foi
avistada perto de Beddinghan, em 1990. Desta vez, o desenho foi
encontrado no dia 07 de agosto, junto à rodovia que leva a Firle
Beacon. A formação em questão era um simples e largo anel na
lavoura de trigo, com aproximadamente 42 m de diâmetro, na
parte mais larga, abrigando um anel menor, com 20 m, dentro
do qual havia um círculo menor, achatado, com cerca de nove
metros [Página 29 do encarte].
A figura lembra a formação apelidada de Anjo, que surgiu
em Cambridgeshire, no dia 25 de julho de 2001, mas sem as

190
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Colin Andrews

A bonita
formação de
Walkway, do
começo de agosto
passado, numa
plantação de
milho ainda
bastante precoce

linhas que formavam os raios. Uma inspeção inicial da área


achatada revelou um efeito confuso a princípio mas, ao mesmo
tempo, intrigante. Os tegumentos estavam remexidos, voltados
para diferentes direções. Contudo, em alguns locais da figu-
ra principal, a disposição das plantações era repentinamente
curvada para fora, na direção da borda, por uma distância de
aproximadamente seis metros, em vez de prosseguir no sentido
horário – um modo muito difícil de dispor um círculo. Não há
nenhum rompimento aparente na continuidade da trajetória do
desenho nesse ponto.
O círculo central, apesar da má qualidade e da extrema
fragilidade das plantas, era impressionante, tinha um centro
em relevo espesso. Já a área achatada, partia dele em espiral,
seguindo ao redor do primeiro anel. Este, por fim, juntava-se
novamente ao círculo central, com a área achatada pene-
trando e colocando-se acima do fluxo do círculo. No local
onde o primeiro e o segundo círculo se encontravam havia
uma interessante anomalia. O fluxo do anel interior era cor-
tado severamente, permitindo que a área achatada externa
prevalecesse. Na verdade, o anel exterior parecia tornar-se
mais largo, para introduzir o que já havia sido achatado pelo
primeiro anel. Então, após atravessar esse segmento da for-
mação, dividia-se novamente em dois fluxos, um continuando

191
Wallacy Albino

a circundar – para formar o restante do anel externo – e o outro


prosseguindo a trajetória do anel interno, para dentro e acima
do círculo central.
Numa primeira análise, a salsa que se encontrava entrelaça-
da à área achatada não apresentou nenhum dano e continuava
a crescer e florescer abundantemente. Entretanto, foi encontrada
uma significativa quantidade de caule que fora literalmente ar-
rancado do solo, junto com as raízes. As plantas achatadas na
área do círculo, por sua vez, estavam curvadas bem abaixo do
caule ou imediatamente acima da base, sem apresentar os danos
laterais que seriam encontrados caso as plantas tivessem sido
dobradas manualmente. Na mesma data, o pesquisador Tony
Smith se surpreendeu com a formação que surgiu em Chirton,
próximo a Devizes, Wiltshire. Ele comenta que, ao ver o desenho
do helicóptero, pensou que se tratasse de uma fraude. Porém,
ao visitar o local notou que era extremamente incomum, já que
formações como essa não vinham aparecendo mais neste ano.
O surpreendente é que esta imagem parecia ser autêntica, apesar
da geometria clássica e rara [Página 35 do encarte]. A figura era
um conjunto de anéis interligados por linhas, que lembravam
um sistema estelar.
O dia 15 de agosto ficou marcado como uma das datas
mais importantes da história do fenômeno dos círculos ingle-
ses ao registrarem o surgimento da formação de Crabwood
[Veja no capítulo 07, Contagem Regressiva para o Contato?].
Entretanto, noutro episódio, desta vez em 21 de agosto, num
campo localizado ao sul do Cemitério Lawn Memorial, na es-
trada de Woodingdean a Brighton, leste de Sussex, um círculo,
semelhante a uma flor, apareceu numa plantação de trigo. A
imagem era visível para quem estivesse no ponto mais alto da
estrada, próximo do campo de corrida de Brighton Ovingde-
an, local de várias formações em anos anteriores. O diâmetro
total da formação era de 44 m e tinha o formato do símbolo
denominado flor-da-vida 4, com seis partes e um perímetro
adicional de dois metros.

192
O Mistério dos Círculos Ingleses

A plantação estava achatada, de um modo geral, mas em


perfeita ordem e mostrava uma variedade de centros e direções.
Um dos centros, por exemplo, mostrava os caules presos num
nó firme, enquanto outros se deslocavam para fora, ao redor
dos centros, em pé. As pétalas internas, achatadas em sua maio-
ria, possuíam um lado que se projetava para fora e outro para
dentro. Já as pétalas amassadas externas pareciam se alternar
nos sentidos horário e anti-horário. Uma delas apresentava dois
centros, outras já eram menos definidas.

4
A flor-da-vida é um símbolo antigo, usado pela civilização celta,
com grande significado espiritual. O círculo representa o
Universo e os símbolos que se encontram no centro são as
triquetras, que em latim quer dizer três esquinas. Para
alguns, esta insígnia simboliza Jesus, já que também é
considerado um emblema cristão.

193
Wallacy Albino

194
O Mistério dos Círculos Ingleses

Conclusão

Estamos Perto
de uma Resposta
“Estas imagens nos fazem refletir sobre a existência de
algo que vai muito além de nossa compreensão”.
— Pitágoras

O
mistério dos círculos nas plantações é um fenômeno
que nos acompanha desde o século XVII e perdura até
os dias de hoje, tendo se avantajado escandalosamen-
te nos últimos anos. A cada verão europeu as manifestações
se tornam mais complexas, intrigantes e inexplicáveis. Basta
uma análise da evolução dos desenhos, que inicialmente eram
simples circunferências, às vezes complementadas por uma
coroa ou outro círculo menor, e hoje são complexas figuras
compostas por centenas de objetos, para se ver que estamos
de fato diante de algo de extrema gravidade. E o fim deste
mistério não parece estar próximo. A cada novo verão, eis
os círculos de novo nos campos ingleses e com menor – e
inexplicável – intensidade noutros países.
Assim, o mais pontual e previsível de todos os enigmas
contemporâneos possui atualmente um total aproximado
de 12 mil figuras já registradas, da década de 80 até o ano
2002 – período de pouco mais de 20 anos. A incidência do
fenômeno se dá também nos Estados Unidos, Canadá, Japão,

195
Wallacy Albino

Nova Zelândia, Austrália, Rússia, República Tcheca, Alemanha,


Romênia, França, Holanda e até no Brasil, gerando ainda mais
polêmica em relação à sua autoria e autenticidade. Com a in-
tensidade das aparições, foi necessário entender seus padrões.
A simetria, estrutura dos caules, apresentação geométrica, ca-
racterísticas do solo e outros fatores têm sido criteriosamente
estudados por circólogos, e cada vez mais indicam que há evi-
dente legitimidade no fenômeno.
Mas enquanto alguns estudiosos se dedicam a provar que a
existência de algo extremamente inteligente e independente da
mente humana acontece por trás dos círculos, alguns céticos
ainda buscam minimizar a credibilidade destas manifestações.
Há até aqueles que se envolvem nos debates de forma a ridicula-
rizá-los, ora criando imagens toscas nos campos, ora assumindo
a autoria dos fatos. Entretanto, mesmo com a oposição em
franca atividade, a evolução do fenômeno, visível e desafiadora,
gera para o bom entendedor indícios claros de que estamos
no início de uma contagem regressiva para o contato com as
inteligências por trás do fenômeno. Seriam ETs?
A relação dos círculos com o Fenômeno UFO ocorreu de
forma despretensiosa no começo dos anos 80, quando alguns
ufólogos acreditavam que eram cicatrizes na vegetação, causa-
das pelas aterrissagens de naves extraterrestres. Essa ligação
passaria a ser inevitável, já que a maioria dos fenômenos que
surgem sem explicação acabam, de alguma maneira ou de
outra, sendo associada aos UFOs. Foi assim com o misterioso
e assustador Triângulo das Bermudas, o mistério que ainda en-
volve as construções das pirâmides egípcias, o desaparecimento
repentino dos dinossauros da superfície de nosso planeta, a
misteriosa civilização de Atlântida, a Planície de Nazca e outros
mistérios da Humanidade.
Hoje esta relação ainda é bastante discutida e considera-
da, mas depois de alguns anos de manifestação do fenôme-
no, ela assume novo formato. A explicação das aterrissagens
já foi abandonada e a relação de UFOs com círculos adquiriu

196
O Mistério dos Círculos Ingleses

força, tornado-se mais evidente devido à grande incidência


de objetos não identificados sobre as regiões em que as
figuras se dão. Hoje os círculos não são mais vistos como
marcas de pouso de naves, mas certamente como obra de
quem as pilota.
Essa teoria tem sido defendida pela maioria dos pesqui-
sadores que acompanham o tema e cada vez ganha mais
adeptos, apesar de ninguém, até hoje, ter observado a criação
por alienígenas das figuras nas plantações, o que geralmente
ocorre à noite. Algumas testemunhas apenas afirmam terem
visto luzes estranhas no céu, rondando as lavouras. Mas nenhum
ET foi observado descendo de sua nave e fazendo os desenhos.
Porém, apesar da caricatura, acredito que no dia em que com-
provarmos a relação desse fenômeno com os UFOs – e tudo
nos leva a crer que isso esteja cada vez mais próximo – as fotos
desses pictogramas irão se tornar algo muito mais importante
para a Humanidade.
Eles seriam a prova de que seres inteligentes estão vindo à
Terra para tentar se comunicar e interagir conosco. Os círculos
serão vistos como formas de comunicação, mensagens em
aspecto geométrico que, infelizmente, até então, não conse-
guimos compreender. Diversas pesquisas em torno dessa teoria
foram lançadas e se intensificaram ao longo dos anos, a fim de
se comprovar esta tese. Os circólogos ou cereologistas, como
também são conhecidos, formam hoje uma potente voz em
defesa da teoria de que as figuras não são obra humana. É im-
possível ignorá-los, como bem sabem a imprensa, os governos,
a Ciência e os militares, da Inglaterra ou de qualquer outro país.
Mas ainda assim as perguntas cruciais permanecem inque-
brantavelmente sem resposta definitiva: quem ou o que está
formando esses desenhos? Por que motivos? O que querem
dizer? Evidentemente, trata-se de uma grande provocação, pois
é algo que mexe com nossas mais tradicionais teorias e concei-
tos, destruindo-os um a um. O que sabemos, por enquanto, é
que o fenômeno é real e compreendê-lo é urgente. Se muitos

197
Wallacy Albino

cientistas ainda não percebem isso, ao menos alguns diretores


de cinema sim, e os círculos chegam a Hollywood. Foi o que
vimos desde o final de setembro passado, com a mega produção
Sinais, filme escrito e dirigido pelo indiano M. Night Shyamalan
e estrelado por Mel Gibson.
De igual maneira, como é mostrado na película, os círculos
podem significar uma contagem regressiva para o tão aguardado
contato final com seres extraterrestres. Particularmente, acre-
dito que realmente sejam mensagens alienígenas. Não temos
como não admitir que existe uma linguagem por trás dessas
figuras, mesmo que isso signifique assumir a incapacidade de
entendimento.
No início do terceiro milênio da Humanidade, finalmente o
assunto começa a chamar a atenção do grande público, ainda
que sob forma de uma ficção. Em Sinais, Gibson interpreta o
pastor Graham Hess, que perdeu sua fé depois da morte sú-
bita da esposa num acidente de carro. Ele vive numa fazenda
com os filhos e o irmão, e tem sua fé posta à prova quando se
defronta com figuras enigmáticas em sua plantação de milho.
Seria um círculo, lá plantado para servir de marcas geográficas
que alertariam os ETs sobre onde iriam realizar sua invasão da
Terra, descoberta por Hess e muito próxima.
O tema invasão, vale dizer, já gerou comédias de mau
gosto no cinema, como em Marte Ataca, em 1996, além de
manifestos exageros de patriotismo, como em Independence
Day, no mesmo ano. Mas Shyamalan ofereceu um ponto de
vista diferente para o assunto, somando artifícios positivos de
outros filmes relacionados. Os “sinais”, aqueles verdadeiros,
têm esse condão. E gostaria ainda de acrescentar que, nas
entrelinhas, o diretor deixa a mensagem de que, apesar de
ridicularizados, os ufólogos realmente tem razão naquilo que
afirmam. Ao colocar juntas questões máximas da Humani-
dade – a fé e a dúvida – o diretor fez com que o filme cami-
nhasse para um drama misturado com ação. Infelizmente,
o assunto dos círculos caiu para segundo plano. Isso gerou

198
O Mistério dos Círculos Ingleses

grande decepção na comunidade ufológica, levando muitos


pesquisadores a questionar por que fazer um filme calcado
num tema ufológico se este é apenas um detalhe coadjuvante?
Porque isto é Hollywood e a indústria não pode perder tempo
e milhões de dólares falando sobre vórtices e caules.
O público quer ação e informação. Pois bem, esse livro mos-
tra os fatos, não fictícios, de que estamos sendo gradativamente
visitados e que esperamos brevemente por um contato. Foi essa
minha intenção ao escrever a obra. Muito mais que aceitar uma
postura comercial, como no caso de Sinais, é necessário assumir
uma atitude concreta com relação aos círculos. O fenômeno
é real. É preciso enfatizar que muito mais do que um discurso
militante ou a suposta opinião de um ufólogo – como dirão os
descrentes –, esse livro foi construído em cima de pesquisas,
análises de fotos, entrevistas, conversas e reflexões. Mais que
teorias, a obra joga os fatos na mão do leitor para que ele
decida qual conclusão lhe parece mais plausível, quer acredite
em vórtices, quer acredite em UFOs. Capítulo a capítulo, não
são impostas respostas ou soluções para o fenômeno, pois
não quis convencer ninguém de que estes desenhos sejam
obra de seres de outras dimensões. Gostaria apenas que o
leitor trabalhasse comigo e ajudasse a encontrar respostas
definitivas para o mistério.
O que começou como uma cartilha, caminhou prospera-
mente para uma obra mais elaborada. Não era minha intenção
chegar a um livro tão volumoso e repleto de detalhes. Mas
sua mecânica conduzia a isso, pois é impossível ser superficial
com um assunto dessa magnitude. Hoje, os círculos se tor-
naram imagens complexas e ricas em detalhes matemáticos,
sacros ou definidos. Independente de qual adjetivo que se use,
esses agroglifos apresentam aspectos singulares. Enquanto nos
primórdios do século XVII bruxas e demônios eram tidos como os
autores dessas formações, estudiosos hoje sabem que a resposta
é muito mais profunda e intrincada – e sua compreensão pode
ter reflexos extraordinários sobre nossa vida. Talvez venhamos

199
Wallacy Albino

a conhecer grandes revelações quando conseguirmos entender


o significado dos círculos. Mas uma grande mensagem para
todos nós esse fenômeno já deu: como ser ousados e criativos
na investigação de mistérios que nos desafiam, sobrenaturais e
assustadores, e que ainda não podemos compreender. No fe-
nômeno dos círculos nas plantações, cabe perfeitamente aquela
frase de que “uma foto vale mais do que mil palavras”.

200
O Mistério dos Círculos Ingleses

Apêndice

Referências sobre
os Círculos Ingleses
“Quem não lê, não pensa, e quem
não pensa será para sempre um servo”.
— Paulo Francis

Há muitas fontes de informação sobre os


círculos nas plantações e este apêndice indica onde
encontrá-las. Um significativo número de livros sobre
o tema, alguns com abordagem mais generalizada,
outros cobrindo áreas específicas, constituem vasto
material de pesquisa. No entanto, muitos já estão
desatualizados devido ao contínuo desenvolvimento
do fenômeno, embora permaneçam como valiosos
registros de períodos específicos, fontes objetivas
de dados ou apenas material especulativo. Aquelas
pessoas que desejarem conhecer mais profundamente
o mistério deste fenômeno podem se aventurar
nas obras escritas em inglês, embora haja muitas
publicações noutras línguas, algumas já esgotadas.
Elas são apresentadas com um breve resumo e
podem ser obtidas em lojas virtuais na internet e em
conferências mundiais sobre o tema.

201
Wallacy Albino

Livros que Abordam a Temática dos Círculos

 Crop Circle Year Books [Publicação Anual dos


Círculos nas Plantações], de Steve Alexander & Karen
Douglas. Temporary Temple Press, 1999 em diante.

É impressionante que ninguém tenha pensado numa pu-


blicação sobre os círculos até o ano de 1999, mas a espera foi
compensada com esta admirável obra. Apesar de curta, cada
edição tem um formato volumoso e é ricamente ilustrada, con-
siderada um guia das formações daquele período. As fotos são
do renomado pesquisador Steve Alexander e os textos e legendas
das imagens foram escritos por sua parceira Karen Douglas,
que descreveu os círculos como “templos temporários para a
era moderna”, frase muito repetida nos dias atuais. Concen-
trando-se nas áreas de Wiltshire e Hampshire, cada edição traz
as melhores imagens das formações mais importantes até hoje
descobertas na Inglaterra. A qualidade das fotos a distância e
ampliadas destacam os detalhes dos desenhos. A atenção com
o material impresso é admirável.

 The Secret of Crop Circles [O Segredo dos


Círculos nas Plantações], de Werner Anderhub & Hans
Peter Roth. Lark Books, 2002.

Planejada para ser publicada em 2002, esta obra é a tra-


dução inglesa de um livro de origem alemã, do ano de 2000.
Trata-se de uma publicação extremamente útil à biblioteca
de todo estudioso. Seu conteúdo apresenta o histórico do
fenômeno, expõe as teorias em torno do assunto e explora
detidamente os símbolos, analisando possíveis significados
para eles. Werner Anderhub é um dos pesquisadores euro-
peus mais ativos e sua extensa galeria de fotos coloridas e em
preto-e-branco – a maioria de seu arquivo particular – tornam
o livro muito atraente.

202
O Mistério dos Círculos Ingleses

 Crop Circles – Harbingers of World Change


[Círculos nas Plantações – Precursores da Mudança
Mundial], de Alick Bartholomew. Gateway, 1991.

Considerado a sequência da obra The Crop Circle Enig-


ma [O Enigma dos Círculos Ingleses] lançada em 1990,
este é o primeiro livro a concentrar-se nas mensagens das
formações em vez do mecanismo que as produz. Analisa as
formações registradas até 1991 com excelentes fotos coloridas.
Como na obra anterior, vários entusiastas de destaque aprofun-
daram suas opiniões e discutiram especulações sobre o tema
nesta publicação. Embora pareça um tanto quanto místico para
alguns, é impensável ter em sua biblioteca o livro de 1990 e não
possuir também este anuário. Infelizmente, o livro teve reper-
cussão menor do que merecia, já que foi publicado na mesma
época da farsa disseminada por Doug e Dave.

 Crop Circles, Gods and Their Secrets [Círculos


nas Plantações, Deuses e Seus Segredos], de Robert
J. Boerman. The Ptah Foundation, 2000.

Um livro místico que defende a existência de um có-
digo cabalístico em diversas formações, associando os
círculos à obra do escritor holandês Zecharia Sitchin e sua
teoria sobre o planeta perdido Nibiru e seus habitantes,
que estariam prestes a retornar de uma grande órbita elíp-
tica para a nossa galáxia. Considerado esotérico demais
para alguns, o livro traz algumas afirmações fascinantes,
que requerem investigação e apuração detalhada. Um
bom exemplo é a crença de Boerman de que as forma-
ções representam a matemática do ciclo de precessão
dos equinócios, que na Astronomia significa o movimento
retrógrado dos pontos equinociais. Ilustrado com algumas
fotos em preto-e-branco e vários diagramas, é uma leitura
válida para o estudante mais dedicado ao tema.

203
Wallacy Albino

 Crop Circle Wisdom [Sabedoria dos Círculos


nas Plantações], de Denni Clarke. Spirit Passage, 2001.

Clarke é uma figura conhecida nos campos de Wiltshire e


escreveu um livro extremamente atraente, cujo subtítulo, Tea-
chings from the Circlemakers [Ensinamentos dos Fazedores de
Círculos], explica a proposta da obra que reúne elucubrações
espirituais da autora sobre como os círculos inspirariam as
pessoas e o que se aprenderia através deles. Cada foto colo-
rida da formação é acompanhada de um texto para meditação
sobre questões íntimas que o fenômeno incita. Não é indicado
para as mentes mais científicas, mas aqueles com inclinação
espiritualista o apreciarão.

 The Circlemakers [Os Fazedores de Círculos],


de Andrew Collins. ABC Books, 1992.

A capa extravagante desta obra sugere um romance de
ficção científica, mas é uma avaliação sóbria e até injusta das
teorias do médico fundador da Psicoterapia Wilhelm Reich
sobre a energia orgânica relacionada ao fenômeno dos círcu-
los. Tomando como ponto de partida suas explorações com
grupos de sensitivos nas formações, em 1991, Collins foi um
dos primeiros pesquisadores a realmente explorar a ligação
entre a consciência humana, o comportamento dos círculos
e o Fenômeno UFO, chegando a conclusões consideradas
heréticas na Ufologia. Constituído principalmente de textos,
com poucas fotos, o livro apresenta leitura consistente – em
termos de páginas este é o livro mais longo já escrito sobre o
assunto –, mas oferece uma visão diferenciada para o estudo
das formações. Se sua hipótese for válida, a obra terá conse-
quências para outros fenômenos paranormais. No entanto, até
então, não há unanimidade a respeito e os circólogos, tanto pela
natureza de seu trabalho quando pelo objeto de sua pesquisa,
continuam desunidos.

204
O Mistério dos Círculos Ingleses

 Crop Circle Secrets [Segredos dos Círculos nas


Plantações], de Donald L. Cyr. Viewpoint, 1991.

A presente publicação é composta de várias dissertações,


altamente técnicas, baseadas na hipótese do whistler [Pulsos ge-
rados por relâmpagos]. Segundo o autor, estes pulsos são os
responsáveis pelos círculos nas plantações, embora na época em
que o livro foi lançado acreditava-se que só os primeiros picto-
gramas tenham surgido de acordo com esta teoria. De maneira
um tanto incomum para uma visão científica, a hipótese leva
em conta as linhas ley, energias da terra e a ligação com antigos
sítios arqueológicos. O livro possui muitos diagramas e poucas
fotos em preto-e-branco e foi lançado após outra obra idêntica,
O Primeiro Círculo Numa Plantação Americana.

 Ciphers in the Crops [Cifras nas Plantações],


de Beth Davis. Gateway, 1992.

Série de cuidadosos ensaios de diversos colaboradores, que
pode ser associada à obra Crop Circles – Harbingers of World
Change, de Alick Bartholomew. Os autores estudam o significado
das evidências e da simbologia de três importantes formações de
1991, surgidas em Barbury Castle, Mandelbrot e Froxfield, esta
última região onde surgiu o desenho conhecido como Serpente.
Oito páginas com fotos coloridas contribuem para tornar este
livro um valioso tributo àquelas formações que, em 1992, eram
as mais espetaculares já descobertas.

 Circular Evidence [Evidência Circular], de Pat


Delgado & Colin Andrews. Bloomsbury, 1989.

Trata-se de um livro polêmico que expôs o fenômeno dos
círculos ao público, documentando as descobertas dos autores
nos anos 80, acrescido por impressionantes relatos de aconte-
cimentos associados ao mistério nas plantações. Considerado

205
Wallacy Albino

como um artifício paranormal por alguns que procuravam so-


luções críveis para o mistério, esta obra inspirou a criação de
grupos de pesquisa por todo o mundo. Num retrospecto, sua
especulação é notavelmente contida, mas breves menções a
UFOs dão indicações da direção que seria logo seguida pelos
investigadores. Todavia, é uma obra bem equilibrada, com da-
dos apurados e numerosas fotos coloridas. Um guia essencial
para o princípio do fenômeno, escrito muito antes de Andrews
expor ceticamente sua opinião sobre as formações.

 Crop Circles: The Latest Evidence [Os Círculos


nas Plantações: Evidências mais Recentes], de
Pat Delgado & Colin Andrews. Bloomsbury, 1990.

O circo da mídia estava totalmente agitado e a capa


refletiu esse fato através da chamada “Poderiam ser Aliení-
genas?”, ao lado de um arranjo de elaborados pictogramas
que chocou o mundo em 1990. Pouco mais que um diário
dos eventos daquela década, como sugere o título, a obra
documenta o desenvolvimento do fenômeno, que tornou o
livro anterior obsoleto logo após o lançamento. Portanto, é
uma publicação necessária, embora seu brilho tenha sido um
tanto apagado pelo lançamento do The Crop Circle Enigma
[O Enigma dos Círculos nas Plantações], no mesmo ano.
Fotos atraentes e textos pequenos tornam este livro uma
leitura muito útil, mas não obrigatória.

 Conclusive Evidence? [Evidência Conclusiva?], de


Pat Delgado. Bloomsbury, 1992.

Este livro foi publicado na época das farsas de Doug e Dave
e o ponto de interrogação no título é um tanto sem sentido. Não
é uma obra ruim, mas as elucubrações de Delgado são vagas
e revelam precaução em evitar controvérsias, embora o autor
desmascare com citações e explicações as mentiras dos dois

206
O Mistério dos Círculos Ingleses

aposentados. Essencialmente, é uma publicação bem ilustrada


das formações de 1991 e inclui informações sobre círculos em
outros países, além de algumas anedotas e observações. Pouco
depois, Delgado se afastou da pesquisa ativa.

 The Tao of the Circles [O Tao dos Círculos], de


Carl Garant. Humanics, 2000.

Esta é uma obra simples, com diagramas em preto-e


-branco, alguns modelos de círculos famosos ou nem tanto,
até 1998, e respostas intuitivas do autor sobre a utilização
das técnicas chinesas do Tao Te Ching, de Lao Tsé, pelos
autores das formações. Acompanhando cada um dos 81
pictogramas, há passagens apresentando um profundo e
incitante insight que, como acontece com esse gênero de
literatura, podem ou não entrar em sintonia com o leitor.
Intelectualmente denso, a reprodução gráfica é menos con-
creta, mas pode interessar às pessoas que acreditam que os
pensamentos inspirados nos círculos são mais importantes
que a busca interminável para identificar mecanismos ou
inteligências por trás deles.

 Crop Circles: An Introduction [Círculos nas


Plantações: Uma Introdução], de Kent Goodman.
Wessex Books 1996/2000.

Aparente e curto guia turístico dirigido ao visitante de


Wiltshire. Este livro foi publicado pela primeira vez em 1996,
intitulado Crop Circles of Wessex [Círculos nas Plantações de
Wessex], sendo posteriormente reeditado com outro nome.
Extremamente atraente, com fotografias em preto-e-branco,
diagramas e mapas, a obra cumpre seu papel como intro-
dução ao fenômeno para leitores iniciantes. O cantor pop
britânico e entusiasta do fenômeno Reg Presley e Pat Delgado
contribuíram com suas sugestões.

207
Wallacy Albino

 Corn Circles/Crop Circles [Círculos nos


Milharais/Círculos nas Plantações], de Michael
Glickman. Wooden Books 1996/2000.

Série de pequenos livros de diversos autores, examinando


a arte sagrada na paisagem inglesa, num formato simples e
agradável. Os círculos nas plantações ou nos milharais, como
insistia o título original, são exemplos em primeira mão de arte
sacra moderna. O autor, arquiteto e pesquisador, exalta as vir-
tudes poéticas e geométricas dos próprios modelos. Há ênfase
no desenvolvimento dos modelos, embora os outros aspectos
do fenômeno não sejam discutidos. Entretanto, isso é antes um
pró que um contra, pois dá espaço para que a genialidade dos
criadores anônimos fale por si. Foi atualizado em 2000 e reeditado
sob o novo título mencionado.

 The Cosmic Connection [A Conexão Cósmica], de


Michael Hesemann. Gateway, 1996.

Este livro, publicado originalmente em alemão, não disfarça o


intento de convencer o leitor de que os círculos são feitos por ETs.
Metade de suas páginas é dedicada aos círculos e o restante do
material é relacionado ao Fenômeno UFO. O autor apresenta sua
hipótese de maneira eficiente e intrigante. Um resumo excelente e
detalhado da moderna história dos círculos até 1994. Há também
a reprodução de fotos coloridas muito bonitas.

 The Deepening Complexity of Crop Circles.


Scientific Research & Urban Legends [Complexidade
Cada Vez Mais Profunda dos Círculos], de Dr. Eltjo
Haselhoff. Frog, 2001.

O autor usa sua bagagem científica para apresentar um


trabalho altamente lógico sobre a misteriosa causa por trás do
fenômeno, equilibrando análises biológicas impressionantes

208
O Mistério dos Círculos Ingleses

com outros aspectos paranormais do mistério, sem se com-


prometer com nenhum dos lados ou arriscar uma especulação
mais profunda. O estudo científico da circologia não tem repre-
sentação literária suficiente e este livro, de fácil leitura, presta
excelente serviço de informação. Registra as mais importantes
descobertas feitas através de exames de amostras de vegetais
e outras linhas de investigação diagnóstica. Fotos coloridas e
diagramas apresentados de maneira atraente ajudam a tornar
o assunto acessível em todos os níveis.

 Mysterious Lights and Crop Circles [Luzes


Misteriosas e os Círculos nas Plantações], de Linda
Moulton Howe. Paper Chase Press, 2000.

Escrito como diário de viagem jornalístico, este livro é uma


investigação valiosa das variadas formas luminosas, bolas de luz
e outros fenômenos aéreos vistos nos círculos ou perto deles. O
grande número de testemunhos de pessoas entrevistadas pela
autora, em suas viagens até Wiltshire, atesta a realidade desse
aspecto. Finalmente, alguns casos que são discutidos há tempos,
bem como fotos e vídeos, são registrados no livro. Uma seção
colorida acrescenta impacto às fotos em preto-e-branco e, no final,
a maioria dos leitores não terá dúvida de que algo muito estranho
realmente acontece nos campos da Inglaterra.

 1991 – Scientific Evidence for the Crop Circle


Phenomenon [1991 – Evidência Científica para o
Fenômeno dos Círculos nas Plantações], de Montague
Keen. Elvery Dowers Publications/CCCS, 1992.

O livreto foi produzido pelo Centre for Crop Circle Studies
(CCCS) [Centro para Estudos dos Círculos nas Plantações] e ex-
põe os caminhos tomados até 1991 para desenvolver um teste
legítimo para os círculos. A procura incerta de Dudley e Chorost
por partículas radioativas e o antigo trabalho de W. C. Levengood

209
Wallacy Albino

sobre mudanças biológicas em caules afetados pelos desenhos são


apresentados numa linguagem acessível ao leigo. A obra possui
formato simples e é ilustrada por fotos em preto-e-branco e diagra-
mas. Um exame útil da evidência física encontrada nas formações
até agora é frustrante devido à sua natureza nada conclusiva, que
o consultor científico da CCCS e autor desta obra admite aberta-
mente. Posteriormente, Keen se tornaria mais prudente e acabaria
desafiando a metodologia inicial de Levengood.

 Crop Circle Apocalypse [Apocalipse dos Círculos], de


John Macnish. Circlevision, 1993.

O subtítulo Crop Circles Case Closed [O Fim dos Casos de


Círculos nas Plantações] diz tudo o que você precisa saber sobre
este livro, que atribui a farsas e brincadeiras todo o mistério, com
ênfase especial a Doug e Dave. Após ter feito um dos melhores
vídeos sobre o fenômeno, Crop Circle Communiqué [A Comunica-
ção dos Círculos nas Plantações], é surpreendente que seu criador
tenha assumido um papel tão criticamente parcial e subjetivo e
publicado um livro com texto consistente e parcamente ilustrado
com fotos em preto-e-branco.

 Crop Circles: A Beginners Guide [Círculos nas


Plantações: Guia para Iniciantes], de Hugh Manistre.
Hodder & Stoughton, 1999.

Não vale a pena comentar muito sobre este livro, uma vez que
se um iniciante começasse por ele provavelmente perderia logo o
interesse. Este é um exemplar de uma série de guias sobre vários
assuntos metafísicos, com tom de ceticismo exagerado e aspecto
de um ensaio de alguém mal informado, aparentemente baseado
em material muito limitado do início dos anos 90, apesar de sua
publicação tardia. Não é útil para o iniciante nem para o entusiasta
experiente. Algumas fotos acompanhando os diagramas ajudariam
muito. Em vez disso, não há nenhuma.

210
O Mistério dos Círculos Ingleses

 Crop Circle Geometry [Geometria dos Círculos


nas Plantações], de John Martineau. Wooden
Books, 1992 em diante.

Há várias edições e atualizações publicadas dessa obra – ori-


ginalmente intitulada The Sophistication of Agriglyph Geometry
[A Sofisticação da Geometria Agrícola] – em diferentes forma-
tos, por isso o número de páginas varia. Martineau foi um dos
primeiros a reconhecer as sublimes qualidades geométricas e a
matemática explícita nos primeiros pictogramas. As descobertas
são apresentadas em diagramas claros e precisos, atravessados
por linhas que mostram alinhamentos inerentes e harmonias pro-
porcionais. Mesmo com possível margem de erro nas medidas
do levantamento original, a engenhosa seriedade e qualidade dos
desenhos é incontestável. Ilustrados de maneira atraente, contém
dados comparativos astronômicos e arqueológicos. Seu trabalho
com os círculos acabaria inspirando o autor a investigar toda a
geometria do Sistema Solar em A Book of Coincidence [O Livro
da Coincidência], de 1995, reeditado em 2001 com o título A
Little Book of Coincidence [O Pequeno Livro da Coincidência], em
formato resumido, cujo impacto merece maior atenção. A obra
apresenta uma dissecação criteriosa da geometria de nosso Sis-
tema Solar. Os círculos, que inspiraram a publicação, aparecem
no apêndice original mas foram omitidos da edição resumida.

 Crop Circle Classification [Classificação dos Círculos


nas Plantações], de Pat Palgrave-Moore.
Elvery Dowers, 1991.

Um livreto audacioso, porém fútil. O autor tenta compi-


lar todas as formas componentes dos primeiros pictogramas
para que os desenhos possam ser documentados de maneira
concisa e descritos com números-código. Uma formação com
aparência de haltere, por exemplo, é classificada como “1B1”,
enquanto uma mais elaborada pode ser “NaBg 50 A”. Se o

211
Wallacy Albino

fenômeno não tivesse desenvolvido, essa classificação poderia


ajudar, mas sua evolução já coloca em dúvida a utilidade do
livro em suas últimas páginas, encaixando formações com-
plexas como a de Barbury Castle, de 1991, à força no sistema
de códigos, rotulando-a de “Número 132”. Embora a ideia de
classificação não tenha se tornado popular, vale a pena ter
o livro por causa do mais detalhado registro de desenhos
estilizados encontrados nos campos até hoje.

 Crop Circles: The Greatest Mystery of Modern


Times [Círculos nas Plantações: o Maior Mistério
dos Tempos Modernos], de Lucy Pringle. Thorsons, 1999.

Este livro é um guia geral para o fenômeno, mas dá ênfase


aos sintomas psicológicos e fisiológicos sobre as pessoas que
entram nas formações e outras estranhas anomalias extraídas de
formulários preenchidos por testemunhas e entrevistas individu-
ais. Resultado de anos de pesquisa pessoal que deram origem
a uma obra bem ilustrada, principalmente com fotos da própria
autora. Valioso registro de uma área às vezes negligenciada da
investigação do fenômeno.

 Crop Circles: A Mystery Solved [Círculos nas


Plantações: Um Mistério Resolvido], de Jenny Randles
& Paul Fuller. Robert Hale, 1990.

Se o leitor puder ignorar o título tão afirmativo, há diversas


informações, relatórios úteis e observações válidas neste livro,
embora seja porta-voz da hipótese dos vórtices de plasma. Ran-
dles escreveu muitos livros sobre UFOs, mas parece insinuar
aqui que grande quantidade dos avistamentos se deve a fenô-
menos meteorológicos e atmosféricos. Quando os pictogramas
começaram a aparecer, ela e Fuller chegavam a se declarar
céticos quanto às formações complexas, mas mesmo aqui há
uma boa dose de especulação sobre as farsas em torno do

212
O Mistério dos Círculos Ingleses

assunto. Ilustrado com poucas fotos em preto-e-branco nada


atraentes e alguns diagramas.

 The Gift [O Dom], de Doug Ruby. Blue Note, 1995.

Uma publicação norte-americana que propõe a ideia de que


as primeiras formas dos pictogramas são diagramas bidimensio-
nais de dispositivos tridimensionais que, construídos, nos darão
o “dom” da propulsão antigravitacional, supostamente usada
em espaçonaves extraterrestres. Ruby chegou a construir e girar
modelos em escala para atestar sua teoria, ilustrada com fotos
coloridas e em preto-e-branco. Os resultados são indiscutivelmen-
te fascinantes, embora alguns possam tirar conclusões próprias
sobre o que tudo isso significa. Os passos que levam a cada ex-
perimento são bem descritos, apesar do tom de deslumbramento
infantil do autor. Que Ruby é novato no estudo do fenômeno
– quando escreveu o livro, nunca tinha pisado num círculo – é
claramente perceptível, mas isso acrescenta em vez de prejudicar
à agradável inocência desta obra.

 Round in Circles [Andando em Círculos], de Jim


Schnabel. Penguin, 1993.

Esse é o livro que criou uma polêmica no mundo dos círculos


por cinco minutos, até todos perceberem que era divertido e se
esquecerem dele. Exceto alguns que se sentiram lesados para
sempre, e com motivo. Schnabel, que alega ter sido um “forjador”
de círculos, narra os bastidores da pesquisa, derruba os templos e
ilustra o livro com algumas fotos em preto-e-branco. O fenômeno
em si é o segundo plano de uma coletânea de histórias sobre
brigas de ego, egoísmo e ilusão que infestaram a “comunidade”
desde o princípio. Tudo é exagerado para criar efeito, mas às
vezes a crítica é justificada. O mal do livro é justamente o que
autor não menciona. Apresentado de maneira resoluta apenas
pelo ponto de vista do autor, sua confiabilidade é duvidosa, mas

213
Wallacy Albino

ninguém o processou. O ceticismo em relação aos círculos é


certo, embora implícito, e são poucas as evidências de uma
epidemia de farsas. Se fosse um livro mal escrito seria ofensivo,
mas trata-se de um texto competente e divertido. Lamenta-se
somente que a diversão que ele instiga seja às custas da imagem
de outras pessoas.

 Crop Circles of 1991 [Círculos de 1991], de


Busty Taylor. Beckhampton Books, 1992.

Busty Taylor foi um dos primeiros a fotografar os círculos


de um avião ou erguendo precariamente a câmera sobre um
mastro de nove metros. Este livro pequeno é repleto de fotos
coloridas e documenta o ano mencionado no título com foto-
grafias de página inteira e breves legendas, mostrando muitos
desenhos diversificados do alto ou do solo. Uma boa lembrança
do ano que produziu o Triângulo de Barbury Castle, as Baleias
e os insetogramas.

 The Answer [A Resposta], de Margot Williams &


Carolyn Morgan. Grosvenor Press, 1991.

A história retrata as tentativas das autoras de interpretar o


pictograma de Alton Barnes de 1990 e outros círculos na Ilha
de Wight, ambos na Inglaterra, usando canalização psíquica. As
experiências são narradas numa série de vinhetas seguidas de
relatos de supostos encontros com ETs. Não ilustrado.

 Fields of Mystery [Campos de Mistério], de Andy


Thomas. S. B. Publications, 1996.

Este foi o primeiro livro do autor e ainda é o documento
mais completo sobre o assunto. Dois locais importantes,
porém pouco mencionados, que recebem o fenômeno são
os condados de East Sussex e West Sussex, na costa sudeste

214
O Mistério dos Círculos Ingleses

da Inglaterra, que há décadas recebe as manifestações dos


pictogramas. Esta obra traz a história completa dos padrões
dos círculos de Sussex e faz uma pincelada sobre o mistério
em âmbito mundial, com muitas anedotas e insights, ilus-
trados com fotos coloridas, em preto-e-branco e diagramas.

 Quest for Contact [Em Busca do Contato], de Andy


Thomas & Paul Bura. S. B. Publications, 1997.

Um relato da expedição de quatro anos do grupo Southern


Circular Research (SCR), que tentou gravar em vídeo um cír-
culo sendo formado por forças não humanas, uma missão não
cumprida, mas compensada por outros acontecimentos extra-
ordinários. Coescrito pelo paranormal Paul Bira, o livro relata os
círculos notáveis que foram encontrados, os locais sagrados de
Sussex, interações com fenômenos aéreos, entidades psíquicas
e coincidências cósmicas. Todas essas experiências culminaram
com o experimento em que uma formação foi aparentemente
criada com o poder do pensamento. Qualquer grupo que queira
tentar uma experiência de comunicação semelhante deve ler esta
obra antes. Ilustrada com fotos tiradas durante as explorações.

 The Secret History of Crop Circles [A História Secreta


dos Círculos nas Plantações], de Terry Wilson. Centre
for Crop Circle Studies (CCS), 1998.

Uma documentação que reúne relatos de círculos an-


teriores a 1980, remontando talvez a 1590. Embora tenha
uma apresentação modesta, é importante ao preencher uma
grande lacuna nos dados das pesquisas. Demonstra claramente
um fenômeno genuíno e duradouro que vem se desenvolvendo
há anos. Acompanham diagramas e algumas fotos em preto-e
-branco, além da história resumida de eventos até 1997. Trata-se
de uma leitura essencial para interessados em pesquisa e um
cutucão nas costelas daqueles que duvidam destas ocorrências.

215
Wallacy Albino

Produções e Documentários em Vídeo

Com o passar dos anos, todos os tipos de documentários


sobre os círculos já foram produzidos, alguns profissionais, ou-
tros feitos por amadores que lançam suas melhores imagens
do ano em vídeo. Alguns merecem destaque, embora muitos
estejam invariavelmente desatualizados.

 Crop Circle Communiqué [A Comunicação dos Círculos


nas Plantações], de John Macnish, oferece uma das melhores
perspectivas do fenômeno, no ano de 1991. O filme só é arrui-
nado pela sequência Revelations [Revelações], que se volta para
o total ceticismo.

 Undeniable Evidence [Evidência Inegável], de 1990, é es-


sencialmente uma conversa com o pesquisador Colin Andrews,
antes de se tornar bastante cético com relação ao tema.

 The Mystery of the Crop Circles [O Mistério dos Círculos


nas Plantações], produzido em 1990 por Michael Hesemann,
contém entrevistas com os primeiros pesquisadores do fenô-
meno, além de imagens dos pictogramas iniciais. Um valioso
documento em vídeo da época pré Doug e Dave.

 Phenomenon [Fenômeno] é uma meditação silenciosa e


bastante eficaz de Grant Wakefield, em 1992, com imagens e fotos
em 8 mm dos círculos em preto-e-branco e coloridas. Wakefield
usa uma abordagem bem diferente em seu filme Croppies, de
1998. Obra irreverente e reveladora que mexe com os céticos.

 Circular Sussex [Sussex Circular], de 1995, produ-


zido por Andy Thomas, é um registro das formações no
condado de Sussex e da pesquisa de campo realizada pela
equipe inglesa da Southern Circular Research (SCR) em dois
anos. Uma boa análise geral do fenômeno é a obra de Bert

216
O Mistério dos Círculos Ingleses

Jansseen e Janet Ossebaard, Crop Circles: What on Earth


is Going On?, de 1996, e a sequência Crop Circles – The
Research, de 1999. Juntos avaliam as possíveis teorias e os
esforços de pesquisa com boas filmagens dos círculos. O
primeiro inclui a altamente polêmica sequência de Oliver’s
Castle, que mostraria um círculo em formação. Um terceiro
trabalho, Contact, de 2001, reúne imagens de fenômenos
aéreos feitos nos círculos e ao redor deles no decorrer dos
anos. Um valioso compêndio.

 O Enigma dos Círculos Ingleses foi lançado em 1998


pela Videoteca UFO. Trata-se do primeiro documentário sobre
as formações a ser disponibilizado no Brasil, e discutiu a origem
dos desenhos e a relação com o Fenômeno UFO. Produzido por
Giorgio Bongiovanni, traz imagens de círculos e as teorias de
ufólogos e cientistas sobre o mistério.

 Crop Circle Update [Atualidade sobre os Círculos], de Chris


Everard, é um tanto longo, mas apresenta uma série de meticu-
losas entrevistas, no ano de 1999, com vários pesquisadores dos
círculos e contém análise detalhada do vídeo de Oliver’s Castle.

 Connections [Conexões], de Frank Laumen, é uma via-


gem impressionista e surrealista através de várias filmagens de
excelentes formações e paisagens sagradas do ano de 2000.

 Humanity’s Wake-up Call [O Chamado para Despertar


a Humanidade]. Peter Sorensen também possui um grande
catálogo de vídeos. A série documenta cada estação em que
os círculos apareceram nos últimos dez anos.

 The Crop Circle Lectures [As Palestras Sobre os Círculos


nas Plantações], que Michael Glickman lançou em uma série de
vídeos, registrando algumas de suas mais proeminentes apre-
sentações sobre o tema no decorrer dos anos.

217
Wallacy Albino

 A Verdade Sobre os Círculos Ingleses é um vídeo pro-


duzido pelo pesquisador norte-americano Mike Fitsch e lan-
çado em 2002 pela Videoteca UFO. Registra algumas das
mais controversas figuras entre as 12 mil já catalogadas e
retrata com profundidade as manifestações do fenômeno,
as alterações biológicas das plantas e a possível origem
extraterrestre. Assim como o primeiro lançamento, prima
pela qualidade visual e editorial.

Muitos outros vídeos e até documentários para o cinema es-


tavam sendo preparados paralelamente ao lançamento do filme
Signs [Sinais], em 2002. Também há diversos documentários
que ocasionalmente vão ao ar em tevês a cabo e por satélite.
Alguns desses programas são bons, mas a maioria não passa
de jornalismo banal, que apenas lida superficialmente com o
tema. O ceticismo é um elemento forte nesses programas e as
conclusões são, no mínimo, simplistas.

Periódicos e Organizações sobre o Tema

Diversas publicações periódicas foram lançadas nos úl-


timos anos, várias já extintas. A internet está aos poucos
substituindo a palavra impressa como meio mais útil de atu-
alizar as informações sobre os círculos. Entretanto, diversas
publicações ainda existem.

 The Cereologist [O Cereologista] foi a primeira publicação


da espécie e continua viva desde 1990. Editada três vezes ao ano,
tinha como objetivo original ser o jornal interno do CCCS, antes
de ganhar tanto destaque. A qualidade da revista tem variado
muito através de mudanças na equipe editorial, virtualmente se
tornando um fórum cético em determinada fase; mas nos últimos
anos tem apresentado uma abordagem bem mais equilibrada.
Os primeiros fascículos, editados por John Mitchell, ainda são
leitura indispensável. Após The Cereologist, a CCCS produziu

218
O Mistério dos Círculos Ingleses

um segundo título, The Circular, uma produção trimestral. Como


sua antecessora, a qualidade tem flutuado muito por causa dos
diferentes editores-chefe, mas sua posição não confrontante e
seu texto objetivo dão o tom apropriado para a organização.
The Circular Review é atualmente uma revista trimestral e a única
colorida. Os relatos são feitos nas formações pela equipe de East Midland,
às vezes crua em suas opiniões, mas sempre honesta e interessante. The
Spiral, por sua vez, é um boletim mensal e única publicação confeccio-
nada pelo Wiltshire Crop Circle Study Group [Grupo de Estudos dos
Círculos nas Plantações de Wiltshire]. Abertamente esotérico, combate
os céticos com ferocidade. Já Medway Crop Circular é um boletim do
grupo Medway Crop Circle [Círculos nas Plantações de Medway] e se
concentra principalmente nos eventos ingleses, mas com observações
sobre questões mais amplas e pertinentes. Finalmente, Crop Circles
Commentary [Comentários dos Círculos nas Plantações] é um boletim
editado duas vezes por ano que emite opiniões a respeito do fenômeno
e publica artigos sobre eventos nos Estados Unidos e outros países.

Sites com Informações sobre os Círculos

A internet é hoje, sem dúvida, a fonte de informações esco-


lhida pelos entusiastas dos círculos. Nesse meio encontram-se
relatos de formações enquanto ainda podem ser vistas e notícias
atualizadas a uma velocidade que não pode ser acompanhada pela
mídia em geral. Há também uma infinidade de endereços, mas
os principais fornecem links para outras páginas que da mesma
forma lidam com o tema. São elas:

 Swirled New [www.swirlednews.com]. É o principal


endereço de notícias sobre eventos no mundo dos
círculos.

 Crop Circle Connector [www.cropcircleconnector.com].


Registra os relatos mais recentes dos últimos desenhos
nas formações.

219
Wallacy Albino

 Crop Circle Research [www.cropcircleresearch.com].


Bem atualizado e com informações gerais sobre os
círculos.

 Invisible Circle [http://invisiblecircle.de/uk]. Relatos


de novos desenhos com ênfase na Alemanha e outros
países europeus.

 Grupo de Estudos Ufológicos da Baixada


Santista (GEUBS) [www.geubs.com]. É o site da
entidade presidida pelo autor.

 Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos


Voadores (CBPDV) [www.ufo.com.br]. É ao mesmo
tempo o site Revista UFO e da própria entidade.

Endereços para Contato Atualizados até 2002

 The Cereologist: Global Circles Research, 17 Spindle


Road, Norwich, NR6 6JR, Inglaterra.

 The Circular: Centre for Crop Circle Studies, Kemberley,


Victoria Gardens, Biggin Hill, Kent, Inglaterra.

 The Circular Review: 39 Richmond Avenue, Ilkeston,


Derbyshire, DE7 8QY, Inglaterra.
 Crop Circles Commentary: CCCS EUA Network, 20075
SW Imperial Street, Aloha, Oregon 97006, EUA.

 Medway Crop Circular: Medway Crop Circle, 87


Hurstwood, Chattam, Kent, ME5 0XH, Inglaterra.

 The Spiral: Wiltshire Crop Circle Study Group, P. O. Box


2079, Devizes, Wiltshire, SN10 1US, Inglaterra.

220
O Mistério dos Círculos Ingleses

221
Wallacy Albino

222
O Mistério dos Círculos Ingleses

Bibliografia

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do autor em parceria com Zetek Software Ltda,
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autores. São Paulo, 2000.

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Misteriosos Sinais dos Céus. Revista UFO 20. Centro
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Enciclopédia Mistérios do Desconhecido, capítulo 3.
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224
O Mistério dos Círculos Ingleses

Ocorrências de 2002

225
Cortesia Charles Mallett Wallacy Albino

Vista do solo de um dos primeiros desenhos surgidos nos campos ingleses no


ano de 2002. A formação apareceu em North Down, região de Wiltshire, em 06
de maio, e continua sendo analisada pelos estudiosos
Cortesia Charles Mallett

Vista aérea do desenho que apareceu em North Down, região de Wiltshire, em 06


de maio. Trata-se de um anel com uma meia-lua acoplada, além de três objetos
menores fora do círculo

226
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Stuart Dike


Uma cruz formada por diversos círculos de tamanhos variáveis surgiu em Avebury
Manor, região de Wiltshire, em 18 de junho. No centro dessa imagem aérea vemos
uma pessoa em pé, para efeito de comparação de tamanhos

Cortesia Stuart Dike

Detalhe de alguns dos círculos que formam a figura descoberta em Avebury


Manor, Wiltshire. Para o padrão das formações que surgiram ao longo de 2002,
esta é relativa e inexplicavelmente simples

227
Fotos cortesia Steve Alexander Wallacy Albino

Vista aérea de uma graciosa formação surgida numa das áreas de maior inten-
sidade de círculos, Avebury Trusloe, também em Wiltshire, em 02 de junho. No
detalhe, uma ampliação da curiosa figura

228
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Mick Haywood


Vista do solo de um objeto em forma de mandala, descoberto por Mick Haywood
em Dodworth, ao sul de Yorkshire, em 27 de junho. Infelizmente não há foto aérea
disponível para que se observe melhor a figura

Cortesia David Russell

Um conjunto de círculos entrelaçados e arcos formando um curioso objeto desco-


berto em Sompting, West Sussex, em 28 de junho. A formação surgiu sobre uma
plantação de canola, planta usada para fabricação de margarina

229
Cortesia Steve Alexander Wallacy Albino

Objeto em forma de mandala, com uma complexa geometria, vista do alto. Foi
descoberto pelos estudiosos em Avebury, Wiltshire, em 21 de junho. A safra deste
ano de círculos na Inglaterra conta com muitas formações semelhantes
Cortesia Stuart Dike

Imagem terrestre do objeto em forma de mandala descoberto em Avebury,


Wiltshire, em 21 de junho. Observe-se como há clara definição entre as plantas
dobradas pela força misteriosa e aquelas que permaneceram intocadas

230
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia David Russell


Curiosa formação que surgiu a poucos metros de uma área residencial de West
Sussex, a cidade de Halewick Lane, em 03 de junho. Os autores desses sinais
mostram-se cada vez mais audaciosos

Cortesia Bob Parsons

Outra observação da formação de Halewick Lane, em 03 de junho. Os moradores da


cidade se surpreenderam quando observaram uma formação dessas tão próxima
às suas casas, o que é um fato cada vez menos raro na Inglaterra

231
Cortesia Steve Alexander Wallacy Albino

Vista aérea da Libélula, como ficou conhecida esta formação, que foi descoberta
em 02 de junho pelo circólogo Steve Alexander. O local é Woolstone, em Oxfordshi-
re. A imagem é gigantesca e muito precisa

232
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia Steve Alexander [Detalhe inferior de Stuart Dike]

Círculo encontrado em Waden Hill, Wiltshire, em 22 junho. Trata-se de uma figura


anelar com raios. Nos detalhes, pode-se observar a perfeição e a complexidade
do desenho, atraindo curiosos que caminham em seus vãos

233
Cortesia Russell Stannard Wallacy Albino

A “mandala” de Telegraph Hill, encontrada num campo nos arredores de Her-


tfordshire, em 01 de junho passado. Estudiosos relacionam os ângulos dos arcos
internos da formação com figuras geométricas
Cortesia Russell Stannard

Um insetograma, variação de agroglifos em forma de inseto, visto em Streatley,


região de Bedfordshire. O desenho tem uma interessante combinação de círculos
e semicírculos, dispostos de forma a se parecer com um inseto

234
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Steve Alexander


Silbury Hill, em Wiltshire, é famosa por ser um dos “hot spots” de círculos na
Inglaterra, locais de grande incidência. Este desenho foi encontrado lá, em junho,
por Steve Alexander e seu grupo, o Crop Circle Connector

Fotos cortesia Stuart Dike

Vista terrestre do desenho de Silbury Hill.


Observe as intersecções entre as áreas
amassadas e as intactas

235
Brian Demerel
Cortesia North Circular Wallacy Albino

Um conjunto
Figura relativamente
de esferas
simples,
feitas numa
descoberta
pastagem
em High
de Cathill,
Halden, emregião
South de
Yorkshire,
Kent, eme
27 de junhoem
descoberta deste
19 de
ano.
julho
Trata-se
dessede
ano.
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composição
vem sendo
feitaanalisado
sobre umapelos
plantação
espe-
de
cialistas
trigo já
doquase
grupopronta
North Circular
para a colheita
Research
Graham
Cortesia
Cortesia Tucker
M. J. Fussell

A belíssima
O que mais echama
perfeitamente
a atençãosimétrica
dos estudiosos,
figura denoAvebury,
caso dessa
na área
figura
dede
Stone
HighCircle,
Hal-
den, é a maneira
Wiltshire, encontrada
comoemas28plantas
de julho.
de Otrigo
objeto
foram
dá aamassadas,
impressão desempre
contersem
esferas
que
se partissem,
(as mais externas)
mas não
em movimento
obedecendorotatório
a um padrão
sobreespecífico
as internas

236
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Julian
CharlesGibson
Mallett
Uma espiral com mais de 50 m de comprimento que surgiu em North Farm, também
na região de Wiltshire, em 23 de junho. A imagem foi relatada por fazendeiros
ao ufólogo Charles Mallett, que fez a documentação

Cortesia Stuart Dike

Vista do
aérea
altoda
de espiral
uma formação
de NorthdoFarm,
tipo mandala
Wiltshire.naObserve
região deque
Barbury
o ângulo
Castle,
de for-
em
mação do desenho
Wroughton, na ativaéárea
preciso.
de Wiltshire.
A imagemA foi
imagem
feita foi
sobre
registrada
uma plantação
pelos fazendeiros
de trigo e
é a 24
em maior
de julho
espiral
passado,
já observada
sobre uma
nos campos
plantação
ingleses
de canola

237
Cortesia North Circular Wallacy Albino

Um conjunto de esferas feitas numa pastagem de Cathill, em South Yorkshire, e


descoberta em 19 de julho desse ano. O caso vem sendo analisado pelos espe-
cialistas do grupo North Circular Research
Cortesia M. J. Fussell

A belíssima e perfeitamente simétrica figura de Avebury, na área de Stone Circle,


Wiltshire, encontrada em 28 de julho. O objeto dá a impressão de conter esferas
(as mais externas) em movimento rotatório sobre as internas

238
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Julian Gibson

Vista do alto de uma formação do tipo mandala na região de Barbury Castle, em


Wroughton, na ativa área de Wiltshire. A imagem foi registrada pelos fazendeiros
em 24 de julho passado, sobre uma plantação de canola

239
Cortesia M. J. Fussell Wallacy Albino

Grande formação com vários círculos internos e raios, descoberta em The Gallops,
na região de Beckhampton, em 28 de julho. A figura também combina precisão e
alto nível de detalhamento, cada vez mais constantes nos círculos
Cortesia M. J. Fussell

Ampliação do centro da figura em The Gallops, onde as pessoas – turistas e


estudiosos – caminham sem problemas. Observe que os canais que formam os
raios têm sua extremidade mais próxima do centro, com diâmetro maior

240
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Crop Circle Connector


Os turistas são atraídos pela curiosidade e, de todo o Reino Unido, além de outros
países, vão até o sudoeste da Inglaterra para apreciar as formações. Essa foi
descoberta em Windmill Hill, em 18 de julho passado

Cortesia Steve Alexander

A incrível e intrincada formação de Windmill Hill, de 18 de julho, vista de cima.


Note como são feitos os detalhes internos da figura, com grande variedade de
desenhos e raios partindo de um ponto a outro da formação

241
Cortesia Andrew King Wallacy Albino

O Caracol de Pewsay, em White Horse, como já ficou conhecida essa peculiar for-
mação surgida em 17 de julho numa plantação de trigo ainda verde. A imagem
chama a atenção por sua beleza e complexidade
Cortesia Charles Mallett

Vista do solo do caracol achado em White Horse, em 17 de julho passado. A bela


imagem contrasta com o fundo, onde está um morro conhecido no sudoeste da
Inglaterra por abrigar inúmeros sítios arqueológicos

242
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia M. Willians

Fotografia aérea de outra figura encontrada em julho, em Wiltshire, desta vez


no dia 22. A formação surgiu próxima de uma colina em South Field, na área de
Alton Priors. Observe no detalhe acima sua engenhosidade

243
Cortesia Colin Andrews Wallacy Albino

Conjunto de círculos encontrado em North Down, Beckhampton, em 18 de julho


deste ano. São esferas de tamanhos variados, dispostas em sequência. Estudiosos
analisam as relações matemáticas de seus diâmetros
Cortesia Crop Circle Connector

Curiosos caminham dentro da maior das esferas do conjunto encontrado em North


Down, neste ano. Alguns turistas acreditam que os círculos tenham propriedades
terapêuticas, mas não há nada comprovado a respeito

244
O Mistério dos Círculos Ingleses

Fotos cortesia M. Willians

Vista aérea da bela formação helicoidal de Stanton Bridge, em Wiltshire, des-


coberta em 26 de junho, próxima à área de Honey Camps. A rodovia ao lado é
bastante movimentada. No detalhe, ampliação da imagem

245
Northern
Cortesia
Cortesia Circular
Colin Andrews Wallacy Albino

Formação
Objeto de estranha
produzida conformação,
por mãos invisíveis
envolvendo
sobre
um quadrado
plantação dentro
de fenodeem
um Gilroyd
círculo,
tendo ao seu
Dodworth, emcentro
Yorkshire,
outro círculo.
em 27 Adeimagem
julho deste
foi relatada
ano. Visto
por Colin
do solo,
Andrews,
o desenho
após
ter sido descoberta
apresenta padrões retilíneos
em Andover,perfeitos
Hampshire, em 02 de julho
Andrew
Charles
Cortesia
Cortesia King
Mallett

Uma bela
Vista do solo
figura
de uma
com arcos,
grandeanéis
formação
e outros
descoberta
elementos,
na localidade
registradade
emEast
Ivinghoe
Field,
Alton Barnes,
Beacon, em Buckinghamshire,
em área de grande
no dia
incidência
26 de julho.
de Wiltshire.
Sua curiosa
Pessoas
geometria
caminham
se difere
no
interior
de grandeda parte
imagem,
das encontrada
formações observadas
em 15 de julho
este ano

246
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Richard
Steve Alexander
Harrison
Vista do
Figura que
sololembra
de uma
umaformação
estrela, de
formada
vários com
anéis
a composição
em trigo já maturado
de círculos,e anéis
prontoe
arcos.colheita,
para Foi encontrada
em Liss em
Hampshire,
Englishcombe,
em 01 na
de região
julho. Este
de North
é um tipo
Sommerset,
relativamente
em 07
de julho.deA círculo
comum área não
observado
é prolífica
na em
Inglaterra
aparecimento de círculos

Cortesia
Fotos cortesia
StuartSteve
Dike Alexander

A Rosa,
Em Etchilhampton
como ficou conhecida
Hill, Devizes,
a figura
em 28
de
de julho, o estudioso
Normanton Down, Wiltshire,
do fenômeno
em 04dosde
círculos
julho passado.
Stuart No
Dike
detalhe,
descobriu
uma ampliação
essa ima-

247
Cortesia Northern Circular Wallacy Albino

Formação produzida por mãos invisíveis sobre plantação de feno em Gilroyd


Dodworth, em Yorkshire, em 27 de julho deste ano. Visto do solo, o desenho
apresenta padrões retilíneos perfeitos
Cortesia Andrew King

Uma bela figura com arcos, anéis e outros elementos, registrada em Ivinghoe
Beacon, em Buckinghamshire, no dia 26 de julho. Sua curiosa geometria se difere
de grande parte das formações observadas este ano

248
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Richard Harrison


Vista do solo de uma formação de vários anéis em trigo já maturado e pronto
para colheita, em Liss Hampshire, em 01 de julho. Este é um tipo relativamente
comum de círculo observado na Inglaterra

Fotos cortesia Steve Alexander

A Rosa, como ficou conhecida a figura de


Normanton Down, Wiltshire, em 04 de
julho passado. No detalhe, uma ampliação

249
Cortesia M. J. Fussell [O detalhe é cortesia de Crop Circle Connector] Wallacy Albino

A formação de Windmill Hill, em Avebury, região de Wiltshire, descoberta em 02


de agosto por M. J. Fussell, é uma das primeiras desse mês, que é o mais ativo
para o surgimento dos círculos. No detalhe, ampliação vista do solo

250
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Andrew King


Interessante imagem surgida num campo de Sharpenhoe Clappers, em Bedfordshi-
re, em 15 de julho. Mais uma vez, os autores fizeram uso de vários elementos
geométricos de forma a compor uma bela figura

Cortesia J. M. Fussell

A instigante formação que ficou conhecida como Dança dos Golfinhos, descoberta
em East Field, Alton Barnes, Wiltshire, é considerada uma das mais bonitas de
todo o verão inglês deste ano

251
Cortesia M. J. Fussell Wallacy Albino

Vista do solo de uma formação descoberta em Avon Walkway, South Glouces-


tershire, em 04 de agosto último. O descobridor, M. J. Fussell, é um dos maiores
pesquisadores e fotógrafos do fenômeno
Fotos cortesia Karen Douglas

A estrela de Beckhampton, em Avebury,


achada em 02 de agosto por Karen Dou-
glas. No detalhe, fotografia aérea

252
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia David Russell


Vista aérea dos círculos primários de Firle Beacon, na região de Lewes, em East
Sussex, área em que não há grande incidência do fenômeno. A formação surgiu
sobre uma plantação já pronta para ser colhida

Fotos cortesia Steve Alexander

O anel de Crooked Soley, em Hungerford, Wiltshire, impressiona pelas intrincadas


características geométricas. Foi descoberto em 28 de agosto passado e seu desenho
tem sido exaustivamente analisado em busca de relações aritméticas

253
Cortesia Stuart Dike Wallacy Albino

Entrelaçado de espirais encontrado em uma plantação de trigo quase maturada


de Ridgewater, em Avebury, no dia 18 de agosto. A espiral de cima é ligeiramente
maior que a de baixo
Cortesia M. J. Fussell

Turistas e estudiosos passeiam pelo entrelaçado de espirais de Ridgewater, como


já virou costume. Nos fins de semana, durante o verão, caravanas de londrinos
migram para Wiltshire e passam o dia em busca de novos círculos

254
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia M. J. Fussell
Um circólogo descansa tranquilamente nas bordas de um enorme círculo primário
encontrado em Uffington, na área de White Horse, em Oxfordshire. O desenho
foi encontrado em 03 de agosto desse ano

Fotos cortesia Steve Alexander

Uma árvore circunscrita num anel? É o que parece a figura acima, descoberta em
um plantação de canola, em Winchester, Hampshire, em 15 de agosto. A figura
também foi interpretada como uma ramificação neuronal

255
Fotos cortesia Steve Alexander Wallacy Albino

Mais uma enigmática figura dos campos ingleses desse ano, esta imagem surgiu em
15 de agosto em Crabwood Farm House, em Hampshire. Mostra a face de um suposto
ET e um objeto semelhante a um CD-ROM. No detalhe, uma vista terrestre

256
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Steve Alexander


Ampliação da incrível formação de Crabwood, de 15 de agosto. Estudiosos se
dividem quando o assunto é a legitimidade da figura, que seria, para uns, uma
grande fraude, e para outros, uma prova de contato com ETs

Cortesia M. J. Fussell

Vista do solo de um detalhe da formação de Crabwood, de 15 de agosto. Se for


legítima, será a mais inequívoca demonstração de que o fenômeno dos círculos
tem origem extraterrestre

257
Cortesia Graham Tucker Wallacy Albino

Um círculo relativamente simples, descoberto em Charing Ashford, na região de


Kent, em 11 de julho passado. A formação foi feita sobre uma plantação de trigo
quase pronta para a colheita
Cortesia Steve Alexander

Enigmática figura que lembra um símbolo da Maçonaria, encontrada numa área


que pouco a pouco vai se tornando de grande incidência: Beacon Hill, em Highclere,
Hampshire. A data é 21 de julho de 2002

258
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia John Sayer


Outra formação mediana e sem complexidade, desta vez descoberta num campo
de pastagem próximo a Aylsham, em Norfolk, em 17 de julho passado. É curioso
como essas imagens muitas vezes surgem próximas a residências

Cortesia Steve Alexander

Um conjunto de anéis interligados por linhas, lembrando a representação de um


sistema estelar. Foi descoberto em Chirton, na área de Devizes, em Wiltshire, em
07 de agosto passado. Até hoje está sem explicação...

259
Cortesia Peter Sorensen Wallacy Albino

Um anel simples parece ter marcado a volta dos círculos na região de Adam’s
Grave, neste ano, aos seus primórdios de 20 anos atrás. A imagem foi localizada
por Peter Sorensen em 21 de setembro
Cortesia Paul Chambers

Bem às margens de uma movimentada rodovia da região de Yorkshire, em 05 de


agosto passado, surgiu esse conjunto de círculos e anéis inexplicados. A localidade
chama-se Gilroyd Dodworth e é bem conhecida por estes fenômenos

260
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia David Russell


Espantosa, enorme e altamente complexa formação com anéis e arcos, criando
belas intersecções, encontrada em Nursteed, Devizes, Wiltshire, em 11 de agosto
passado. É uma das mais extraordinárias desse ano

Cortesia Steve Alexander

Uma formação contendo anéis concêntricos e arcos elipsoidais foi achada pelo
pesquisador britânico Steve Alexander em Rogate Petersfield, em West Sussex,
em 21 de julho passado. Foi comparada a uma engrenagem

261
Cortesia Frank Laumen Wallacy Albino

O fenômeno dos círculos também esteve ativo, este ano, além do Canal da Man-
cha. Esta foto, de uma formação alemã na área de Baden-Württemberg, de 15
de julho, mostra acontecimentos também noutros pontos da Europa
Cortesia Ernst Dahlin

O mesmo se pode dizer de algumas regiões dos países escandinavos. Neste caso,
um curioso, embora pequeno, desenho surgiu numa plantação ainda precoce de
trigo em Davidshyttan, Hedemora, na Suécia, em 04 de julho

262
O Mistério dos Círculos Ingleses

Cortesia Crop Circle Connector


A França também foi palco de alguns círculos no verão passado. Nessa imagem,
vê-se uma formação que surgiu inexplicavelmente em Waldwisse, em 07 de julho,
uma área onde o fato raramente aconteceu antes

Cortesia Crop Circle Connector

Observação a partir do solo da formação francesa de Waldwisse, de 07 de julho


passado, mostra que as imagens congêneres do outro lado da Mancha não se
comparam àquelas verificadas no território inglês

263
Cortesia Fundacja Nautilus Wallacy Albino

A Polônia também registrou alguns poucos casos de formações em plantações


de cereais neste ano e nos anteriores. Esse evento aconteceu na vila de Mogilno,
em Wylatowo, e foi encontrado apenas acidentalmente
Cortesia Canadian Crop Circle Research

Também no Canadá tivemos ocorrências de círculos, que vêm sendo investigadas


pelos estudiosos locais. Esta aconteceu em East Garafraxa, em Ontário, em 28 de
agosto passado, sobre uma plantação de trigo

264
O Mistério dos Círculos Ingleses

Esta obra foi impressa em novembro de 2002 pela


A. G. Gráfica e Editora Ltda.,
Avenida das Bandeiras 608, Fone (67) 382-7641.
Campo Grande – Mato Grosso do Sul.
Fotolitos fornecidos pelo editor.

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