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EMC 5335 – Elementos de Máquinas

Engrenagens

Universidade Federal de Santa Catarina


Dep. de Engenharia Mecânica
Acires Dias e Rodrigo de Souza Vieira
Introdução
 Aplicação
– Entre os elementos mecânicos mais utilizados
nos mais variados tipos de máquinas e
equipamentos
– Complexo, tanto para o projeto como para a
fabricação
– Transmissão de movimentos com o objetivo de
ganho de torque, controle do movimento e/ou
alteração de direção de movimento
Exemplo de aplicação
 Alteração de direção do movimento, além do
aumento do torque
Projeto de engrenagens
 Conhecimento sobre:
– cinemática das relações de transmissão;
– esforços existentes;
– mecânica dos sólidos e materiais;
– limitações dos processos de fabricação
Tipos de engrenagens
 Cilíndricas:
– dentes retos, dentes helicoidais.
 Cônicas:
– dentes retos, dentes curvos.
 Hiperbolóidicas:
– hipóide, palóide.
Tipos de engrenagens
Engrenagens cilíndricas de dentes retos
 Utilizadas na transmissão entre eixos paralelos.
 O dimensionamento, fabricação, montagem e
manutenção deste é o mais simples.
 Rendimento é alto, podendo chegar a 98-99%.
 Cargas apenas radiais.
 Em altas velocidades apresenta problema de ruído
.
 Admitem grandes relações de transmissão.
Engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais

 Transmissão entre eixos paralelos.


 Indicadas para cargas e velocidades elevadas.
 Gera carregamentos axiais sobre os mancais além
dos radiais.
 O rendimento elevado.
 Utilizado para grandes relações de transmissão.
As engrenagens cônicas
 Usadas para transmissão entre eixos ortogonais
ou concorrentes com distintos ângulos entre eles.
 Exige precisão na montagem e seus dentes
podem ser oblíquos ou retos,
 Dentes retos tem limitação de velocidades de
operação.
 A relação de transmissão é limitada.
Engrenagens com helicóide dupla
 Vantagem de transmitir grandes carregamentos
sem gerar carga axial sobre os mancais.
 Este efeito também pode ser conseguido através
da montagem de duas engrenagens helicoidais,.
 Necessita de precisão de montagem
 Necessita alta rigidez para o eixo e mancais.
 Exigem máquinas especiais para sua fabricação.
 Criada por André Citroën
Engrenagens hipóides
 Possuem grande capacidade de carga.
 Permitem grande variação nas velocidades.
 São empregadas extensivamente em carros,
caminhões e tratores, exigindo maior precisão na
montagem.
 Tem a vantagem de ocupar pouco espaço.
Aplicações
 Brinquedos
 Máquinas ferramentas
 Indústria
 Veículos
Aplicações
Cinemática do engrenamento
 Transmissão de movimento
 Movimento transmitido por contato direto de dois
corpos sólidos

N w1 w1
w1 T
T O1 N O1
T
O1 N

A=B A=B A=B

N
T
T
O2 T O2 N
N O2
w2 w2 w2
Análise de velocidades

VA VNA
_____
 _____
 1
O1A O1C
VB VNB
_____
 _____
 2
O2B O2D

Como VNA = VNB


_____
1 O 2 D
 _____
2
O1C
 Por fim, como O1CI ~ O2DI
_____ _____
O2D O2I
_____
 _____
O1C O1I

 E assim...

 1 O2 I Ou seja, a relação de

 2 O1 I transmissão variará em
função do ponto A e B
Relação de transmissão constante
 Necessitamos: i
 condutor
constante!!
 conduzido

_____ _____
 Para tal: O 2 I e O1I também constante!

 Assim, o ponto I precisa ser constante, mas como


conseguir isto??
Perfis conjugados
 Os valores instantâneos dos raios primitivos, ou
seja, a distância entre o cento de rotação e o
ponto de contato de cada elemento, devem
permanecer constantes para todas as posições
operantes dos perfis de contato.

 Lei Básica da ação conjugada dos perfis:


– “para que o movimento seja uniforme, as
normais aos perfis a cada instante e em
todos os pontos de contato precisam
passar pelo ponto primitivo “
Condição de rolamento puro
 Para que haja rolamento puro, na
transmissão por contato direto do
movimento circular, o ponto de contato
deve coincidir, a cada instante, com o
ponto primitivo, e assim:

 1 r2
i 
 2 r1
 Observe que os tamanhos das
circunferências primitivas são
_____ inversamente proporcionais às
V1 O 2 I r1

V 2 _____ r 2
velocidades angulares das duas
O1I engrenagens.
Definições
 Perfil Ativo – é a porção de um perfil que compreende os pontos de contato durante a
condução considerada.
 Circunferência Primitiva – as circunferências traçadas com centros O1 e O2 e raios r1=
e r2= são chamadas circunferências primitivas ou de rolamento . Transmitem
movimento por atrito, mas sem escorregamento.
 Ponto de Contato Primitivo ou de Rolamento (I) – é o ponto determinado pela
interseção da normal comum aos perfis com a linha de centros. É o ponto de tangência
das duas circunferências primitivas.
 Linha de Contato ou Trajetória de Contato – é o lugar geométrico de todos os pontos
de contato durante a condução.
 Linha de Ação – dado um ponto de contato qualquer, uma linha reta, normal aos dois
perfis pode ser traçada deste ao ponto primitivo
 Ângulo de Condução ou Ação () – é o ângulo de que gira um elemento, a partir do
instante em que se inicia o contato até o instante em que este cessar.
 Ângulo de Aproximação (a) – é o ângulo de que gira um dos elementos, a partir do
instante em que se inicia o contato até o instante em que o contato ocorre sobre a linha
de centros.
 Ângulo de Afastamento ou de Separação (s) – é o ângulo descrito por um dos
elementos, a partir do instante em que o contato ocorre sobre a linha de centros até o
momento em que esse cessar.
 Ângulo de Pressão () – é o menor ângulo formado pela normal aos perfis, no ponto de
contato, a linha de ação, com a perpendicular à linha de centros que passa pelo ponto
primitivo.
Curva envolvente
 É a curva descrita por um ponto de
uma reta que gira sem deslizamento
sobre uma circunferência

 Características
– a usinagem é feita por geração da
evolvente
– a relação de velocidades angulares
não varia com a a distância entre
centros
– facilidade de obtenção de dentes
corrigidos
– a direção da força resultante entre
os dentes permanece invariável
Ação conjugada da envolvente
Definições:

Ponto de Contato Primitivo, I – passa a


ser a interseção da tangente comum
interna às circunferências de base (normal
comum aos perfis) com a linha de
centros.

Linha de Ação – No caso de perfis


evolventes a linha de ação coincide com a
linha de contato e também com a
tangente comum interna às duas
circunferências de base.

Ângulo de pressão,  - é o ângulo de


incidência quando o contato se der sobre
o ponto I.
Propriedades da envolvente
 Qualquer geratriz da evolvente é tangente ao círculo de base.
 Evolventes com circunferência de base iguais são iguais.
 A forma da evolvente depende apenas da circunferência de base.
 Se as circunferências de base forem diferentes a diferença entre as evolventes
será puramente escalar.
 Se uma evolvente gira a uma velocidade angular constante, ela transmitirá
movimento angular a uma taxa constante à outra evolvente em contato, para
qualquer distância entre as circunferências de base.
 A relação de transmissão depende apenas das circunferências de base.
 A interseção da tangente comum com a linha de distância entre centros das
duas circunferências de base estabelece os raios primitivos das circunferências
primitivas.
 Os diâmetros primitivos das evolventes em contato são diretamente
proporcionais às circunferências de base.
 O ângulo de pressão de duas evolventes agindo em conjunto é o ângulo entre
a tangente comum às circunferências de base e a linha perpendicular à sua
linha de centros comum.
 A forma da cremalheira básica da evolvente é uma linha reta. O ângulo de
pressão de uma evolvente agindo contra essa cremalheira é o ângulo entre a
linha de ação e a linha que representa a direção na qual a cremalheira se
move.
Evolvente como Perfil de Dentes de Engrenagem

 Traçam-se várias curvas evolventes eqüidistantes


sobre uma mesma circunferência de base

 O passo da base é definido


como:
2rb
pb 
z

– Z = n. de dentes da engrenagem
– rb = raio da circunferência de base.
 O comprimento do arco entre dois perfis
sucessivos homólogos na circunferência primitiva
é o passo primitivo ou simplesmente passo.
2r
p
z

 A relação entre os dois passos é:


2rb 2r
pb   cos  p.cos
z z
Condição de funcionamento
 Para que um par engrenado funcione é necessário
que os passos de base sejam idênticos

– p1=p2
Módulo
 Uma das relações importantes da engrenagem, e
é a razão entre o diâmetro primitivo e o número
de dentes.
d
m
z

 Como p = mπ , a condição de funcionamento é: m1


= m2
 O módulo é empregado nos países que utilizam o
sistema métrico
Diametral pitch
 Empregado em países com unidade inglesa

z
DP 
d

 Relação com módulo:

25,4
m
DP
Terminologia
Dentes normais
 Possuem adendos iguais tanto no pinhão como na
engrenagem, com o dedendo ligeiramente maior
devido  folga de fundo de dente.
 Ângulo de pressão: 14,5° , 20° ou 25°
 Adendo: ha = m
 Dedendo: hf = m(1+c)
 Fator de folga c: 0,250 ou 0,167
Relação de transmissão

rb 2 m.z1
i r1 
rb1 2

1 r 2
i  z2
 2 r1 i
z1

m.z 2
r2 
2
Módulos normalizados – DIN 780
Exercício
 Dado um par de engrenagens com Z1=21
dentes e Z2=43 dentes, módulo 5mm, ângulo
de pressão α=20° e rotação n=480rpm.
Determinar:
– A relação de transmissão.
– Os diâmetros primitivos.
– Os diâmetros de adendo ou de cabeça.
– Os diâmetros de dedendo ou de fundo.
– Os diâmetros de base.

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