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EMC 5335 – Elementos de Máquinas

Juntas Parafusadas

Universidade Federal de Santa Catarina


Dep. de Engenharia Mecânica
Rodrigo de Souza Vieira
Histórico
 Provável invenção:
– Archytas 400 AC.
– Arquimedes (200 AC)
• Elevação de água
– Gutenberg (XV)
• Prensa
– Jacques Besson (1568)
• Torno
Histórico
 Revolução industrial
– Fixadores
 Watt (1765)
– Máquina a vapor  fixadores rosqueados
 Whithey (1801)  intercambialidade
 Whitworth (1841)  Sistema uniforme de roscas
– 55º entre os fios da rosca
– Número de fios por polegada é função do diâmetro
– Crista e fundo da rosca arredondados
– 1881 – padrão britânico
Padronização de roscas
 William Sellers (1864)  padrões de roscas
– Mudança de 55º para 60º  facilidade de
conferência
– Cristas e vales planos maior resistência
– Padrão EUA e em alguns países
 Whitworth ≠ Sellers  imcompatibilidades
 ISO (1948)  padrão mundial
– ISO polegada
– ISO métrico  mais fracos !!
ISO
 1971 – ISO métrico ótimo
– Modelo atual: ANSI/ISO
Objetivo das juntas parafusadas
 Utilidade:
Caracterização geral das roscas

 Avanço (l)
Tipos de roscas – Roscas Unificadas
 Roscas Unificadas
– Séries
• Normal
• Fina
• Extra-fina
• Série 8
• Série 12
• Série 16
Roscas unificadas
 Classes ( folga  facilidade de montagem)
– 1 – grosseira
– 2 – mais utilizada
– 3 – sem folgas
– Utiliza-se A  rosca externa e B rosca
interna
 Exemplos:

 UNC e UNF
Roscas métricas
 Séries
– 1 a 4 da mais grossa p/
mais fina
 Classes
– g – grosseira
– m – média (padrão)
– f – fina
Roscas métricas

 Exemplos:
– M10 M10X1
Vantagens e desvantagens das uniões parafusadas

 Vantagens
– Confiabilidade
– Montagem e desmontagem
– Variedade de opções
– Custo baixo por componente.
 Desvantagens
– Concentradores de tensão;
– Sensibilidade à cargas dinâmicas;
– Diminuem a resistência mecânica.
Tipos de parafusos
Tipos de porcas e arruelas
Aplicações de juntas parafusadas

Parafuso de centragem Parafuso de cabeça quadrada


DIN 609 DIN 478
Parafuso de fenda simples Parafuso borboleta
DIN 63 DIN 444
Parafuso de vedação Parafuso de ponta atuante
DIN 910-909 DIN 553- 551
Tipos de roscas Parafuso de potência – Rosca
trapezoidal
 Ângulo de perfil reduzido (atrito)
 Folga nas cristas
 Raio r  concentração de tensões
 Tamanho da rosca
– DIN 103 – Normal
– DIN 378 – Fina
– DIN 379 – Grossa
Tipos de roscas Prafuso de potência– Rosca dente
de serra
 Cargas em única direção
 Ângulos de 30º no fio
 Folga nas cristas
 Tamanho da rosca
– DIN 513 – Normal
– DIN 514 – Fina
– DIN 515 - Grossa
Tipo de roscas parafuso de potência – Rosca
quadrada
 Máxima eficiência
 Sem cargas radiais
 Cargas de impacto
 Dificuldade de
fabricação
Parafusos de potência
 Transformam movimento angular em linear
 Aplicações:
– Elevadores, fusos de torno, máquinas CNC,
prensas, etc..
Cálculo dos parafusos de potência
 Dada uma rosca quadrada com diâmetro médio
dm, passo p e ângulo de hélice β, sob uma força
axial F .
Análise do filete de rosca
 Desenvolvendo o filete – 1 volta teremos:

Para levantar a carga...

Para baixar a carga...


Avaliando as forças no parafuso
 Igualando os pares de equação teremos:

Para levantar a carga... Para baixar a carga...

Dividindo as duas equações por cos(β ) e admitindo que


tan(β )= l/(πdm)
Definição do torque de atuação
 Sabendo que o torque de acionamento é o
produto da força pelo raio:

Para levantar a carga: Para baixar a carga


Exemplo de aplicação
 Um fuso de uma só entrada conta com um atrito
entre os seus filetes de rosca da ordem de 0,08.
Sabe-se que ele deve elevar uma carga de 3.500
kg e que seu passo é de 16 mm para um
diâmetro máximo de 75 mm (DIN 103  dm = 70
mm) assim, calcule a força necessária para tal.
Exemplo: solução

 l    16 
   

d      70  0,08  
P  F  m    3.500  9,81  
  l    1   0,08 16  
 1       
  d m       70  
P  5.276,6 N
Condição de auto-retenção
 Condição para travamento com uma carga dada

ou, (6.10)
Exemplo de aplicação
 Para o exemplo anterior, calcule o coeficiente de
atrito mínimo para auto retenção!
Exemplo: Solução

l 16
d m  l   
d m   70
  0,07

Assim sendo, o sistema já é autotravante. Avalie portanto a


força necessária para baixar a carga.

Faça agora o mesmo processo para um μ=0,03


Eficiência nos parafusos de potência
 Necessidade de encontrar um rendimento
máximo: ( atrito zero)

 Assim, a eficiência do parafuso de potência será


dado como:
Conclusões do valor de eficiência
 Maiores coeficientes de atrito  menor eficiência
 Eficiência tende a 0 se β = 0o e/ou β = 0o
 Ângulos de hélice são normalmente baixos
 Uso de parafusos de esferas diminui o atrito, da
ordem de 0,02 – 0,01
 Baixo atrito, baixa condição auto travante
Exemplo
 Calcule a eficiência para o fuso apresentado nos
exemplos anteriores
Cálculo do Torque para rosca trapezoidal
 Efeito do ângulo α

 Assim, para levantar a carga:

 Para baixar:
Efeito apenas no
atrito
Exemplo
 Admitindo os dados do 1º exemplo, sabendo que
α = 15º calcule o Torque necessário par elevar a
carga. Avalie também o aumento percentual do
torque necessário e o valor final da eficiência.
Cálculo do torque com efeito do colar
 Utilizado quando há mancal de escora

 Dado um coeficiente de atrito


no colar igual a μc, para um
diâmetro médio deste dado por
dc.

 O torque devido ao atrito será:


Efeito do colar no torque
 Assim para elevar a carga com colar:

 Para baixar...
Considerações sobre o colar
 Esferas ou rolos no colar diminuem o atrito
– Desprezar o termo do atrito
Tensões no filete das roscas
 Dada a situação abaixo:

 Admitindo que a carga seja uniformemente


distribuída ao longa da altura h, teremos
a tensão de cisalhamento dada como:
Tensão cisalhante na rosca
 Dado que a área é:
p = passo da rosca
e h = altura da rosca
dr = diâmetro da raiz

 Assim, a tensão é dada como:

 Admitindo que os filetes da porca poderiam falhar


(diâmetro d) e assim: Deve-se adotar
um coeficiente de
segurança aqui!
Tensões normais
 Compressão na superfície da rosca

 Para:

 O que leva à:

 É possível determinar um h para que a porca não falhe


Altura mínima da porca
 ABNT recomenda h = 0,8 d
Pré-carregamento
 Aperta-se o parafuso para
uma força incial de tração Fi

 Junta deve suportar a cargas


de tração P e de cisalhamento
Fs.
 Pré-carregamento
– Melhor resistência nas partes em compressão
– Aumento do atrito  Melhora resistência ao
cisalhamento
Valores recomendados de pré-carga
 Carga estática:
– 90% da carga de prova

 Carga dinâmica
– 75% da carga de prova

 Por que estes valores?


– Diagrama tensão-deformação progride suavemente atá
a fratura
– Tensão de torção desaparece após o aperto
 Se um parafuso não falhar no aperto, há chance de ele
nunca falhar
Diâmetro de tração
 Diâmetro
de tração (dt)
 Diâmetro
efetivo (d2)
 Diâmetro
da raiz (dr)
Área de resistência
 Calculada por:

 Para:

Tensão de tração
no parafuso
Condição de carga e deformação na junta

 A) Parafuso montado sem carregamento


 B) Porca apertada criando uma força de tração Fi
 C) Carga P atuada sobre a junta (Fp no parafuso e
Fm na junta )
Dado este problema...
 Objetivo é:
– avaliar a segurança da junta contra separação.
– avaliar parafuso contra falha.
Análise do problema – Durante a montagem
Análise do problema – Durante o serviço
Juntando os dois gráficos...
Análise das deformações
 Como as peças não se separam

 E como...

 Temos....
Forças no parafuso e na junta
 Como...

 Teremos:
Cálculo da rigidez
 Dividiremos o problema em duas partes
– Cálculo da rigidez do parafuso
– Cálculo da rigidez das peças
Cálculo da rigidez do parafuso
 Da lei de Hooke:

 Para...

Deformação na parte rosqueada

Deformação na parte lisa


 Assim,

 Como Ar = At,

 Por fim,
Cálculo da rigidez das peças
 Problemas:
– Diferentes materiais ( molas em série)
– Área efetiva das peças  difícil identificar

 Forma de definir...
Rigidez das peças
 Dado...

 E aplicando a lei de Hooke


 Admitindo um mesmo material e mesma área, ou
seja:

 Teremos...
Modelo de volume cônico de Juvenall
 A rigidez será dada
como:

 Para:
Relação de rigidez
 Alguns autores recomendam relações de Km/Kp.
 Juvenall sugere Km/Kp = 6
 Shigley recomenda Km/Kp = 8
 Usando a recomendação de Shigley por exemplo,
teremos a distribuição de carga dada como:
Segurança na junta
 Valor de pré-carga

 Valores de resistência de prova


Classificação SAE e Métrica de parafusos
Força crítica no parafuso
 Ocorrerá quando a força entre as
peças for nula  separação
 Assim,

 Para um coeficiente de segurança dado como:


Pré carga mínima
 Assim, para não ocorrer a falha, com uma
segurança dada por ns = 1,2 a 1,8, teremos:

Ou...
Exemplo
 Duas chapas de aço (E=207 GPa) com 15 mm de
espessura cada são unidas por um parafuso M8
com 50 mm de comprimento da classe 8.8. Para
uma carga de trabalho de 5 kN, qual o valor da
força de pré-carga? Admita um coeficiente de de
segurança de 60%. Qual a força crítica para tal
montagem.
Torque de Montagem
 Objetivo aqui agora é saber como obter o pré-
carregamento

 Se possível avaliar o alongamento do parafuso


pode meio de medição  aplicar diretamente
Hooke

 Se não! Calcular o torque necessário para gerar


um Fi.
Avaliação dos torques
 T1 – torque na porca
 T2 – torque de atrito na face da porca
 T3 – torque de atrito na face da (cabeça)
 T4 – torque de aperto requerido (cabeça)
Tensão equivalente
 Aplicando von Misses

 Teremos:

 Falha se...
Avaliação do torque de montagem
 Similar ao problema de parafuso de potência
– Carga de elevação = pré carga

(6.66)

– Diâmetro do colar dado pela porca, pela


fórmula:
Avaliação do torque de montagem
 Inserindo o valor de dc na equação do torque:

(6.68)

=K

Segundo experiência de Blake e Kurtz, K≈0,20, e :


Segurança contra afrouxamento
 Deformação elástica  picos de rugosidades
 Perda de pré carga por desgaste ou corrosão
 5% se perde minutos após o aperto
 5% se perde após algumas semanas
 Sempre há afrouxamento
 Formas de evitar o afrouxamento da porca:
– Pré carga maior
– Roscas finas
– Superfícies duras
– Aumento do atrito por arruela de pressão
– Utilizar pinos de segurança
– Utilizar trava química
Parafuso sob carregamento de fadiga

 Admitindo no primeiro filete a tensão equivalente


dada por:
 Para evitar a falha estática:

 Mas e para um carregamento dinâmico?


Parafuso sob carregamento dinâmico
 Fazendo Fm e Fa função de P1 e P2,

 O que leva à:
Aplicação do Critério de Goodman

 Tensões médias e alternantes


Diagrama com o limite modificado...
Objetivo  encontrar uma reta que:

e
Exemplo
 Um parafuso M10 classe 8.8 está sob
carregamento cíclico axial, variando entre 4 kN a
8 kN, unindo duas peças de aço 1040 (E=207
GPa) uma com 25 mm de altura e a outra com 35
mm. Para um coeficiente de segurança de 1,8 no
parafuso, qual a pré carga necessária? Avalie se
ela está dentro do limite máximo permitido! ( usar
dr = 8,1 mm Ke = 1/3 – rosca laminada e Ke = 0,78)
Solução
Considerações sobre a resistência a fadiga

 Se ns é baixo, o que fazer?


– Diminuir Fi?
• Consequências!!
Resolvendo o problema de segurança

 Encontrar um km/kp elevado !

 Outra solução  Número de parafusos


Uniões com juntas
 Neste caso a rigidez das peças passa a ser dado
como:

 Como:

 Então:

 Observar limite de pressão do fabricante


Limite de esmagamento Papel Hidráulico
Seleção da porca
 Primeiro filete absorve maior parte da carga
 Solução – maior deformação na parte inferior da
porca
 Aparecimento de carga radial  efeito de cunha
– Dilatação da porca
 Escoamento  distribui a carga
 Porca mais macia  melhor distribuição da carga

 3 filetes = resistência completa

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