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Direito Do Consumidor PDF
Direito Do Consumidor PDF
DIREITO DO CONSUMIDOR
autor do original
RAFAEL ALTAFIN GALLI
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2014
Conselho editorial durval corrêa meirelles, luiz alberto gravina belmiro e
ornella pacífico
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2014.
isbn: 978-85-60923-22-9
cdd 340
Prefácio 7
1. Noções de Direito 9
Introdução 10
Origem e finalidade do Direito 10
Conceito de direito 13
Norma escrita 13
Norma coativa 13
Direito Objetivo e Subjetivo 14
Distinção entre Direito e Moral 16
Ramos do Direito 16
Quadro Geral do Direito 17
Direito Positivo e Natural 17
Escola Jusnaturalista 18
Escola Positivista 19
Em resumo 19
Direito Nacional e Internacional 20
Direito público e privado 20
Ramos do Direito Público 20
Direito Constitucional e Administrativo 21
Direito Econômico, Financeiro e Tributário 24
Direito Penal e Processual 28
Direito da seguridade social 32
Ramos do Direito Privado 33
Direito Civil 33
Direito Comercial 34
Direito do Trabalho 34
2. Fontes do Direito 37
Introdução 38
Fontes do Direito: significado 38
Classificação 38
Fontes diretas: a lei e os costumes 39
Fontes indiretas: a doutrina e a jurisprudência 39
Definição de lei 40
O processo legislativo 41
Classificação das leis 41
Hierarquia das leis 42
Cessação da obrigatoriedade da lei 43
Retroatividade e irretroatividade da lei 43
Interpretação das leis 44
Interpretação das normas jurídicas 44
Integração das normas jurídicas 45
Analogia 45
Equidade 45
Princípios gerais do Direito 46
Introdução 52
As relações de consumo e dual evolução 52
A preocupação com o consumidor 54
O CDC – O código de defesa do consumidor 55
A política nacional de relações de consumo 55
A vulnerabilidade do consumidor e a busca do equilíbrio 57
Instrumentos de defesa do consumidor 58
Teoria geral do direito do consumidor 59
Conceito de consumidor 60
Conceito de fornecedor 60
Dos direitos básicos do consumidor 61
Proteção à vida, saúde e segurança 61
Educação e a divulgação do consumo adequado dos produtos 61
Direito de informação 62
Publicidade enganosa e abusiva 62
Cláusulas contratuais abusivas 63
Direito à indenização 63
Acesso à justiça 63
Inversão do ônus da prova 64
Prestação dos serviços públicos 64
Princípios específicos aplicáveis 64
Os vários campos de tutela 66
Introdução 70
O marketing e a sociedade de consumo 70
O marketing no contexto sócioempresarial 73
Evolução histórica 75
Tecnologias de conexão 76
Conexões com os clientes 77
Conexões com parceiros de marketing (interno e externo) 77
Conexões com o mundo ao nosso redor 77
Marketing e administração de marketing: conceito e delimitação 78
Função social do marketing 78
O direito difuso do marketing como corolário lógico da
função social da empresa 80
Introdução 88
A natureza jurídica do marketing e sua relação jurídica primária 88
A empresa inserta na relação jurídica de consumo 90
O marketing empresarial qualificado juridicamente como prática comercial 91
A atividade do marketing e a formação do contrato de consumo 92
Princípio da autonomia 93
Consensualismo 93
Relatividade 93
Obrigatoriedade 94
Revisão 94
Princípio da boa-fé 94
Princípio da supremacia da ordem pública 94
Aspectos jurídicos do primeiro P: produto 95
Aspectos jurídicos do segundo P: preço 100
Aspectos jurídicos do terceiro P: promoção 101
Aspectos jurídicos após a venda 103
O marketing na relação jurídica entre dois fornecedores 104
A responsabilidade civil 106
Análise da responsabilidade civil dos meios de comunicação
e das agências de publicidade 106
Responsabilidade civil das celebridades 107
Prefácio
Prezados(as) alunos(as)
7
1
Noções de Direito
Introdução
Neste primeiro capítulo, abordaremos o conceito de Direito, sua origem, sua
finalidade, os ramos do Direito Público e Privado e os conceitos referentes ao
Direito Internacional e Nacional.
OBJETIVOS
• Reconhecer a origem e a finalidade do Direito.
• Analisar a diferença entre Direito e Moral.
• Identificar os ramos do Direito Público e Privado;
• Reconhecer os conceitos de Direito Objetivo e Subjetivo.
REFLEXÃO
Você conhece o nosso ordenamento jurídico? Tem conhecimento das normas existentes
em nossa Constituição Federal? E a importância da Constituição Federal para a sociedade?
Neste capítulo, estudaremos esses temas, além de analisarmos o conceito de Direito, os prin-
cipais ramos do Direito Público e Privado, por exemplo, o Direito Administrativo, Econômico,
Financeiro, Civil e Empresarial.
10 • capítulo 1
ções criadas pelo homem e vigentes em dado momento histórico. As institui-
ções mudam, evoluem. Cabe ao Direito fixá-las, para que a sociedade se sinta
segura, para que as regras sociais, uma vez estabelecidas, sejam seguidas, sem
sustos pelos cidadãos em suas relações.
Desta forma, o Direito assume uma função verdadeiramente social, pois,
embora as ideologias variem e a sociedade se transforme, ele perdura consoli-
dando normas e protegendo interesses estabelecidos.
REFLEXÃO
Em que consiste a Teoria Tridimensional do Direito?
Segundo esta teoria, tem o Direito três dimensões: (a) os fatos que ocorrem na sociedade;
b) a valoração que se dá a esses fatos; (c) a norma, que pretende regular as condutas das
pessoas, de acordo com os fatos e valores. O resultado dos fatos que ocorrem na sociedade
é valorado, resultando em normas jurídicas. Há, portanto, uma interação entre fatos, valores
e normas, que se complementam. O Direito é uma ordem de fatos integrada numa ordem de
valores. Da integração de um fato em um valor surge a norma (MARTINS, 2008).
capítulo 1 • 11
Este é o caso dos chamados “Novos Direitos”, como os Direitos Difusos, Di-
reitos Coletivos, Direitos Sociais e Direitos Humanos.
Os Direitos Difusos são aqueles que, sendo indivisíveis e indisponíveis, po-
dem ser usufruídos por um número indeterminável de pessoas, por recaírem
sobre bens de toda a coletividade, por exemplo, o meio ambiente, o patrimônio
cultural etc.
Nessa categoria, os sujeitos têm um médio nível de organização, todos liga-
dos a uma relação-base. Esse vínculo tem carga nitidamente social e política,
que de certa forma “politiza” o próprio Direito, o mesmo que a razão liberal
tenta “despolitizar”, abstrair.
Já os Direitos Coletivos são compostos por interesses comuns a uma coleti-
vidade de pessoas e a elas somente, quando exista um vínculo jurídico entre os
componentes do grupo, como: a sociedade mercantil, a família, dentre outros.
São, assim, interesses comuns, nascidos em função de uma relação base que une
os membros das respectivas comunidades e que, não se confundindo com inte-
resses estritamente individuais de cada sujeito, merece sua identificação própria.
No âmbito dos Direitos Difusos põe-se em destaque hoje a questão ambiental,
pois que ela envolve o trato jurídico as próprias condições básicas da vida sobre a
Terra. O direito ambiental, pois, liga-se intimamente ao direito à vida. A realização
plena do direito de viver implica que seja assegurado a toda pessoa efetivamente
dispor dos meios apropriados de subsistência e de um padrão de vida decente.
O termo singular Direito Social pode ser definido como sendo o conjunto
de normas que disciplinam o organismo social com o objetivo de obter o equi-
líbrio da vida em sociedade. É, portanto, aquele direito que brota de modo es-
pontâneo no grupo social, como, as normas consuetudinárias. Em sentido mais
estrito ou específico, pode ser considerado aquele direito que rege as relações
trabalhistas, resolvendo a questão social ao procurar restabelecer o equilíbrio
social através da proteção do trabalhador e de seus dependentes. São direitos
típicos do século XX, da globalização, dos conflitos de massa.
Exemplos de Direitos Sociais são os que abrangem os direitos do trabalho,
incluindo: o próprio direito ao trabalho, o direito a uma remuneração justa, o
direito de sindicalização, o direito ao repouso e ao lazer, o direito ao bem estar
e à previdência social (que se desdobra em direito à seguridade social).
O termo Direitos Humanos pode ser definido como sendo o conjunto de
normas substantivas contidas na Declaração dos Direitos do Homem e do Cida-
dão (lavrada na França, em 1789) e na Declaração Universal dos Direitos do Ho-
12 • capítulo 1
mem (Carta das Nações Unidas de 1948, em que o Brasil é um dos signatários) e
não nas normas constitucionais, arrolando os direitos elementares à dignidade
humana, sejam eles civis, políticos, econômicos, sociais ou culturais, aplicáveis
aos homens individualmente ou como membros da sociedade. Tais normas
constitucionais restringem o poder estatal por constituírem uma limitação ao
Legislativo, Executivo e Judiciário que devem, por sua vez, respeitar os direitos
humanos. Mais adiante voltaremos a falar sobre isso.
Conceito de direito
Norma escrita
Norma coativa
capítulo 1 • 13
de organização política típica da Idade Moderna, caracterizada pela monopoli-
zação do exercício da violência em um certo território, devemos concluir que o
Direito Moderno é a mais típica manifestação do poder estatal.
Os profissionais que lidam com o Direito, não só juristas mas todos aqueles
que exercem funções de autoridade, promoção, fiscalização e assessoramento,
convivem diariamente com o exercício, atual ou potencial, da força física.
Via de regra o Direito se aplica a situações potencialmente conflituosas, per-
meadas por violência física ou psíquica. Para combater a violência na socieda-
de, evitando que ela seja utilizada entre particulares como critério para resolver
seus problemas, é que o Estado proíbe aos particulares o exercício da violência
e a torna exclusividade sua. Desde então, apenas o Estado, por seus agentes e
de acordo com os princípios de Direito, é que pode exercer atos de violência.
Todo ato de violência praticado por alguém que não esteja agindo em nome
do Estado e em obediência às regras do Direito, é um ilícito, objeto das mais
severas sanções penais.
Em conclusão, a coatividade do Direito significa a autorização dada, pelo
Direito ao Estado, para o exercício da violência, mas apenas com a finalidade de
diminuir a violência nesta mesma sociedade.
14 • capítulo 1
to”, a doutrina se dedica a traçar as inúmeras concepções do Direito, a saber: Direi-
to como ciência, Direito como justo, Direito como norma, Direito como faculdade
e Direito como fato social. A seguir, analisaremos rapidamente cada uma delas.
O Direito Objetivo é o conjunto das leis jurídicas dirigidas a todos que vivem
na sociedade, regendo o seu comportamento de modo obrigatório. Por isso, a
norma jurídica contém uma sanção no caso de sua violação (jus est norma agen-
di), ao passo que o Direito Subjetivo (facultas agendi) é a faculdade que tem cada
membro da sociedade de invocar a lei jurídica a seu favor, sempre que houver
violação de um direito por ela resguardado (DOWER, 2005).
capítulo 1 • 15
Distinção entre Direito e Moral
O direito se distingue da moral, principalmente pela chamada coercibilidade,
ou seja, a punição, a utilização da força para o cumprimento de uma regra. A
moral é incompatível com a força, com a punição dos homens, ao contrário do
direito, cujas normas devem ser cumpridas pela sociedade, sob pena de uma
determinada punição.
Ramos do Direito
A partir da compreensão do Direito como um conjunto de normas que discipli-
na as relações sociais em um determinado grupo, parte-se para a sua divisão.
Existem várias formas de se classificar o Direito, contudo adotaremos aqui a
mais simples delas, ou seja, a divisão dele em dois grandes grupos: o Direito
Público e o Direito Privado.
Nesse contexto, são de Direito Público aquelas normas e atuações em que
o Estado ou as entidades públicas se encontram presentes como tais, ou seja,
exercendo seu poder. Do mesmo modo, as normas de Direito podem regular
ações dentro de um mesmo país ou as relações do país com indivíduos. Assim,
o que caracteriza essas normas é a especial presença do poder estatal.
Por outro lado, o Direito Privado representa as normas que regulam as re-
lações entre pessoas. Nesse sentido, são de Direito Privado as ações em que o
Estado atua como particular, sem usar sua condição de poder.
Importante ressaltar ainda que essa divisão se justifica por existirem diferen-
16 • capítulo 1
tes níveis de relação jurídica entre os cidadãos, entre si e entre esses e o Estado.
O Direito Público pode ser dividido em Interno e Externo. O Direito Público
Interno tem como objeto a regulação dos interesses estatais e sociais. O Direito
Público Externo, por sua vez, tem como objetivo reger as relações entre os Estados
soberanos e as atividades individuais internacionalmente (MEIRELLES, 1999).
Por fim, a busca pela compreensão da natureza dos principais ramos do
Direito, o Direito Público e o Privado, deve ser pautada na verificação da pre-
ponderância dos interesses em questão. Assim, predominando-se os interesses
particulares, tem-se o Direito Privado. Todavia, na predominância dos interes-
ses que afetariam toda a coletividade, teríamos o Direito Público.
• Direito Constitucional;
• Direito Administrativo;
• Direito Econômico;
• Direito Financeiro;
• Direito Tributário;
• Direito Penal;
• Direito Processual;
• Direito da Seguridade Social.
• Direito Civil;
• Direito Empresarial;
• Direito do Trabalho.
capítulo 1 • 17
qual ao seu modo, explicar o porquê do Direito, ou seja, de onde ele nasce e
para onde evolui.
Evidentemente, são inúmeras as escolas do pensamento jurídico, então não
há interesse aqui em ser feita uma abordagem de todas elas. Trataremos das
duas principais escolas: a Escola do Direito Natural ou Naturalista e a Escola do
Direito Positivo ou Positivista.
Escola Jusnaturalista
18 • capítulo 1
Escola Positivista
Em contraposição à ideia de que o Direito decorre de um conjunto de valores
inerentes ao próprio homem, surge a Escola Positivista com o intuito de firmar
a tese de que o Direito não é outra coisa senão a expressão clara da lei.
Vale dizer que o termo lei surge aqui para designar as normas de conduta
legisladas ou provenientes do costume, que disciplinam as relações humanas.
Nesse aspecto, percebe-se que o conceito de Direito Positivo é bastante amplo,
pois alcança não só o direito em vigor, como o que está fora de vigência, direito
histórico, direito costumeiro.
O ponto de partida do positivismo é, de fato, afirmar que Direito é apenas
aquele existente nas leis criadas pelo ser humano e postas pelo Estado. O positi-
vismo nega a existência de regras fora do Direito Positivo, isto é, fora do direito
imposto pelos homens (VENOSA, 2008).
Importante destacar que o positivismo jurídico (...) exalta o valor segurança,
enquanto o Jusnaturalismo não se revela tão inflexível quanto a este valor, por
se achar demais comprometido com os ideais de justiça e estar envolvido com
as aspirações dos direitos humanos (NADER, 2008).
Em resumo
O Direito Positivo tem por base o ordenamento jurídico, as leis de modo
geral. Trata-se de uma tentativa de transformar o estudo do Direito numa
verdadeira ciência que viesse a ter as mesmas características das ciências
físico-matemáticas, naturais e sociais, ou seja, para a solução de um deter-
minado caso concreto, basta procurar a lei que exatamente se encaixa para
a resolução do conflito.
A lei não pode cobrir todos os fatos e, na sentença, deverá haver sempre o
individualismo íntimo e pessoal do juiz que a conduz, baseado em princípios
mais elevados de raciocínio que possibilitam saber quais extrapolam a letra ex-
clusiva da lei. O juiz nunca poderá prescindir do exame dos valores que o cer-
cam. O juiz vocacionado, vivaz, interessado, sintonizado e perspicaz aplicará o
Direito dentro dos mais elevados padrões de justiça e atenderá à expectativa da
sociedade (VENOSA, 2008).
capítulo 1 • 19
A atual fase de desenvolvimento do Direito é chamada de Pós-positivista: uma su-
peração da Escola Positivista do Direito. Trata-se do reconhecimento de que o Di-
reito não é – e nunca será! – uma ciência matemática, pois a ideia de Justiça está
amplamente impregnada de fatores sociais, peculiares de cada caso concreto, e que
impossibilita o seu tratamento como sendo uma ciência exata. O Direito passa, nesta
nova fase, a ser interpretado à luz dos princípios – de força normativa reconhecida –
e que contribuem para dar maior coerência ao ordenamento jurídico (SOUZA, 2009).
20 • capítulo 1
Estudaremos a seguir cada um desses ramos do Direito de modo mais apro-
fundado.
Os ramos do Direito Público podem ser assim representados:
capítulo 1 • 21
Constituição, pois alterou toda a Constituição de 1967. A última é a Constitui-
ção da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Foi inspirada,
em parte, nas Constituições portuguesa e italiana e no que havia de mais mo-
derno na época. (MARTINS, 2008).
CONCEITO
O que significa Constituição?
Chama-se Constituição o complexo de regras que determinam a estrutura e o funcionamen-
to dos poderes públicos e asseguram a liberdade dos cidadãos. É a lei fundamental de um
país, anterior e posterior a todas as outras: fixa as relações recíprocas entre governantes e
governados e não pode ser modificada senão pelos meios excepcionais indicados no próprio
texto ou por uma revolução triunfante. (PINHO, NASCIMENTO, 2004).
22 • capítulo 1
Autarquias
Serviços autônomos, criados por lei, com personalidade jurídica, patrimônio
e receitas próprias, para executar atividades típicas da administração pública,
que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e finan-
ceira descentralizada.
Empresa pública
Entidades dotadas de personalidade jurídica de Direito Privado, com patrimô-
nio próprio e capital exclusivo da União, criadas por lei para a exploração de
atividade econômica que o governo seja levado a exercer fora de contingência
ou conveniência administrativa, podendo revestir-se de qualquer das formas
admitidas em direto.
capítulo 1 • 23
União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios obedecerá aos
seguintes princípios fundamentais (COTRIM, 2008):
Esses três ramos do Direito foram agrupados num mesmo tópico com a finali-
dade de informar ao leitor que, embora possuam pontos semelhantes, são ra-
mos autônomos do Direito e como tal devem ser estudados.
Começaremos com o Direito Econômico.
24 • capítulo 1
A ordem econômica é fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa. A expressão “ordem econômica” deve ser compreendida em função
da substituição da economia liberal pela economia intervencionista.
Os fundamentos da ordem econômica – ou seja, a base de sustentação do
sistema econômico – são: a liberdade de empreender ou de explorar a atividade
econômica (livre iniciativa) e a valorização do trabalho humano, que, de certa
forma, é um limitador da livre iniciativa, mas que com ela deve se relacionar
para a construção do sistema econômico nacional. A existência digna é a prin-
cipal finalidade da ordem econômica e existe, de acordo com o regulado pela
Constituição, quando o objetivo da justiça social é alcançado (MASSO, 2007).
Nesse contexto, o Direito Econômico é considerado um ramo do Direito Pú-
blico que estuda o conjunto de regras, princípios e instituições que visam à inter-
venção do Estado no domínio econômico. Referida intervenção tem, por sua vez,
a finalidade de regular o mercado de forma direta ou indireta. A primeira ocorre,
por exemplo, quando o Estado se utiliza de sociedades de economia mista e das
empresas públicas para a realização de seus fins. Já a intervenção indireta pode
ser notada quando o Estado apoia a atividade econômica dos particulares.
Inserido no estudo do Direito Econômico, a Constituição Federal traz em
seu artigo 192 as diretrizes do Sistema Financeiro Nacional, senão vejamos:
capítulo 1 • 25
finalidades: a) emitir papel moeda e metálica; b) receber os recolhimentos com-
pulsórios e voluntários das instituições financeiras; c) efetuar empréstimos às
instituições financeiras bancárias.
Por fim, o estudo das políticas urbanas, agrárias e fundiárias também in-
gressa no campo de estudo do Direito Econômico.
Passamos nesse momento para o estudo do direito financeiro.
Veremos que as despesas públicas, a receita pública, o crédito público e o
orçamento público são alguns dos objetos de estudo do Direito Financeiro.
O Direito Financeiro é um ramo autônomo da ciência do Direito, conforme
se verifica no inciso I, do artigo 24 da Constituição Federal, e é representado por
um conjunto de princípios e regras que buscam regular a atividade financeira
do Estado. Entre as atividades que o Estado desenvolve, tutelando necessidades
públicas, algumas são essenciais (segurança pública, prestação jurídica etc.) e
outras são complementares, protegendo outros itens (secundários), exercidas
através de concessionárias.
A finalidade da atividade financeira é a realização dos serviços públicos e o
atendimento das necessidades públicas, ou seja, as necessidades coletivas en-
campadas pelo poder político, inseridas no ordenamento jurídico. Logo, a ativi-
dade financeira encontra-se pautada em três necessidades públicas principais:
prestação de serviço, exercício do poder de polícia e intervenção econômica.
Outros temas, como a lei de responsabilidade fiscal (lei complementar n.º 101
de 4 de maio de 2000) e os precatórios, são analisados pelo Direito Financeiro.
Precatório provém do latim precatorius. Precatório é o documento em que se
pede alguma coisa. É o ato de pedir, de deprecar. É a requisição feita pelo juiz da
execução ao presidente do Tribunal, para que a Fazenda Pública expeça a ordem
de pagamento para saldar o débito a que foi condenada. O juiz de primeiro grau
não ordena, apenas solicita ao presidente do Tribunal que requisite o numerário
necessário para o pagamento do débito da Fazenda Pública (MARTINS, 2008).
À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela
Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-
se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e
à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas
nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim (art.
100 da Constituição Federal).
A previsão do art. 100 da Constituição relativamente à expedição de precató-
rios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pe-
26 • capítulo 1
queno valor que a Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal deva fazer
em virtude de sentença judicial transitada em julgado (MARTINS, 2008).
CONCEITO
O que significa Tributo?
A doutrina jurídica tributária é rica nos conceitos de tributo, contudo cabe aqui trazermos
a definição da lei, regulamentada no art. 3º do Código Tributário Nacional, senão vejamos:
“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa ex-
primir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada”.
O último ramo do Direito deste item é o Direito Tributário, que pode ser
considerado um conjunto de princípios e regras que regem o poder fiscal do
Estado, representado pela instituição, arrecadação e fiscalização de tributos
devidos pelos indivíduos ao governo.
Explicando melhor, tributo é “toda prestação pecuniária compulsória”, ou
seja, obrigatória, imposta pelo Estado no uso de seu poder de império. Deve ser
cobrado em “moeda ou cujo valor nela se possa exprimir”, logo o pagamento do
tributo não poderá ser em bens, por exemplo. Ainda, para se configurar o tribu-
to, tal cobrança não poderá representar sanção a ato ilícito, ou seja, tributo não
é multa e multa não é tributo. Este só poderá ser criado por lei ou ato normativo
com força equivalente (medida provisória).
E, por fim, a autoridade tributária não pode analisar se é aconselhável ou
conveniente cobrar determinado tributo, porquanto a cobrança deverá ser feita
de forma vinculada, sem margem de discricionariedade do administrador, fis-
cal, auditor ou procurador.
Note-se, ainda, que tributo é o gênero do qual são espécies os impostos, as
taxas, as contribuições de melhoria. Há autores nacionais que entendem que
os empréstimos compulsórios e as contribuições de melhorias, embora inte-
grantes da categoria taxas e impostos, também se enquadram como espécies
do gênero tributo.
Considerado “a viga mestra da arrecadação tributária”, o imposto é tributo
que apresenta a seguinte característica fundamental: o contribuinte, ao pagar
imposto, não recebe do Estado uma contraprestação imediata e específica em
troca do seu pagamento. Assim, quando uma pessoa paga Imposto de Renda,
capítulo 1 • 27
por exemplo, não recebe do Estado benefício específico em seu favor. O dinhei-
ro do imposto não se reverte imediatamente em prol do contribuinte, porque se
destina, de modo geral, ao bem comum (COTRIM, 2008).
A taxa caracteriza-se por ser tributo vinculado a uma contraprestação direta
do Estado em beneficio do contribuinte. Dessa maneira, o Estado só pode co-
brar taxas com base em serviço público específico (COTRIM, 2008).
Contribuição de melhoria é o tributo instituído para recuperar o custo da
obra pública de que decorra a valorização imobiliária. A contribuição de melho-
ria pode ocorrer no caso da valorização de imóveis de propriedade privada em
virtude das seguintes obras públicas: abertura, alargamento, pavimentação,
iluminação, arborização, esgotos pluviais, construção e ampliação de partes,
pontes, túneis, viadutos, ampliação de sistema de trânsito rápido, abasteci-
mento de água, esgoto, redes elétricas, telefones, proteção contra inundações,
aterros e construção de estradas de ferro (PINHO, NASCIMENTO, 2004).
Contribuição social é o tributo destinado a custear atividades estatais espe-
cíficas, que não são inerentes ao Estado. As contribuições sociais podem ser:
(a) de intervenção no domínio econômico – exemplo: salário – educação, FGTS;
(b) de interesses de categorias econômicas ou profissionais – exemplo: contri-
buição sindical, contribuição destinada aos órgãos fiscalizadores do exercício
da profissão (OAB, CREA, CRC, CRM etc.); (c) contribuição para o custeio do sis-
tema de seguridade social, que compreende a Previdência Social, a Assistência
Social e a Saúde (MARTINS, 2008).
As hipóteses de criação de empréstimo compulsório são apenas: (a) para
atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de
guerra externa ou sua iminência; (b) no caso de investimento público de ca-
ráter urgente e de relevante interesse nacional (MARTINS, 2008). Trata-se de
um tributo cobrado com a promessa de restituição ao final do motivo que
ensejou a sua instituição.
O Direito Penal é o ramo do Direito Público que regula o poder punitivo do Es-
tado, bem como as normas jurídicas que ligam o crime à pena, disciplinando as
relações jurídicas daí resultantes.
O princípio base do Direito Penal chamado de Reserva Legal é retratado no
artigo 5º, inciso XXXIX, da Constituição Federal: “não há crime sem lei anterior
28 • capítulo 1
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Outros princípios nos in-
formam que a lei penal é irretroativa, contudo poderá retroagir para beneficiar
o réu. Tal princípio assegura que ninguém seja punido por fato atípico. Típico é
o fato que se molda à conduta descrita na lei penal. Daí decorre que o conjunto
de normas penais incriminadoras é taxativo, e não exemplificativo.
Outro ponto estudado pelo Direito Penal refere-se ao crime consumado e
tentado. De forma bem simples, é consumado o crime quando estão presentes
todos os elementos de sua definição legal (o criminoso passa pelas seguintes
etapas: cogitação, preparação, execução e consumação). Por outro lado, o crime
é tentado quando o agente percorre toda a trajetória do crime até a execução e,
uma vez iniciada a execução, não se consuma o resultado típico (crime) “por
razões alheias à vontade do agente”, ou seja, não ocorre o resultado.
Os crimes hediondos são definidos na Lei n.º 8.072/90, sejam eles con-
sumados ou tentados: homicídio simples, quando praticado em atividade
típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente; homi-
cídio qualificado; latrocínio (roubo seguido de morte); extorsão qualificada
pela morte; extorsão mediante sequestro; estupro; atentado violento ao pu-
dor; genocídio (MARTINS, 2008).
Ainda, a infração penal pode ser praticada por atitude dolosa, ou seja, o
agente pratica a conduta buscando alcançar o resultado criminoso, havendo,
portanto, intenção criminosa. Pode, entretanto, o indivíduo praticar uma con-
duta culposa ou sem intenção do resultado criminoso. A culpa pode decorrer
de ato imprudente (é um ato positivo, há uma ação do agente, como, por exem-
plo, dirigir um veículo com excesso de velocidade), negligente (nesta modalida-
de de culpa, existe omissão, deixar de fazer algo, como não utilizar o cinto de
segurança ou não dar manutenção nos freios do veículo) e fruto de imperícia (a
imperícia se verifica em alguém que está autorizado a praticar o ato determina-
do, contudo não de forma específica, pois não é perito. É o caso do médico clí-
nico geral que resolve realizar uma cirurgia plástica e causa lesões no paciente).
Excluem a ilicitude penal quando o agente pratica o fato: (a) em estado de
necessidade; (b) em legítima defesa; (c) em estrito cumprimento do dever legal
ou no exercício regular de direito (art. 23 do Código Penal). Considera-se em
estado de necessidade quem pratica o fato para se salvar de um perigo atual,
que não tenha sido provocado por sua vontade e que nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era ra-
zoável exigir-se. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente
capítulo 1 • 29
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu
ou de outrem (MARTINS, 2008).
Vale dizer também que aplica-se ao Direito Penal o princípio da intervenção
mínima, que orienta e limita o poder incriminador do Estado, preconizando
que a criminalização de uma conduta só se legitima constituir meio necessário
para a proteção de determinado bem jurídico. Logo, se para o restabelecimento
da ordem jurídica violada forem suficientes medidas civis ou administrativas,
são estas que devem ser empregadas, e não as penais. Por essa razão, diz-se ser
o Direito Penal a ultima ratio, isto é, deve atuar somente quando os demais ra-
mos do Direito revelarem-se ineficazes ou incapazes de dar a tutela devida a
bens relevantes do indivíduo e da própria sociedade.
Por fim, o Direito Processual é o ramo do Direito Público que regula as ativi-
dades do Poder Judiciário e das partes em conflito no decorrer do processo judi-
cial. Pode ser dividido em Direito Processual Civil, Processual Penal, Processual
do Trabalho e Processual Militar.
Em suma, dentre as várias formas de soluções dos conflitos, o processo se
apresenta como um instrumento para a resolução imparcial dos conflitos que
se verificam na vida social e que é composto por três sujeitos: o autor e o réu nos
polos contrastantes da relação processual, como sujeitos parciais e, como su-
jeito imparcial, o juiz representando o interesse coletivo orientado para a justa
resolução do litígio. No entanto, não se esgotou o rol de sujeitos processuais:
órgãos auxiliares da justiça, intervenção de terceiros, advogado.
O juiz é considerado sujeito imparcial do processo, investido de autoridade
para dirimir a lide (conflito). Como a jurisdição é função estatal, não pode o
juiz eximir-se de atuar no processo. Desse modo, com o objetivo de dar ao juiz
condições para o exercício de suas funções, são atribuídos a ele alguns poderes:
a) administrativos: ou de polícia para assegurar a ordem e o decoro e b) jurisdi-
cionais, que se desenvolvem no próprio processo, subdividindo-se em poderes
meios (ordinatórios, ou simples andamento processual, e os instrutórios, que
se referem à formação do convencimento do juiz) e poderes fins (que compre-
endem os decisórios e os de execução).
Aos juízes é vedado: (a) exercer, ainda que em disponibilidade, outro
cargo ou função, salvo uma de magistério; (b) receber, a qualquer título ou
pretexto, custas ou participação no processo; (c) dedicar-se à atividade po-
lítico-partidária; (d) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou con-
tribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas
30 • capítulo 1
as exceções previstas em lei; (e) exercer a advocacia no juízo ou tribunal do
qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por
aposentadoria ou exoneração (MARTINS, 2008).
Os juízes gozam das seguintes garantias: (a) vitaliciedade, que, no pri-
meiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo da
perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz esti-
ver vinculado, e, nos demais casos, de sentença transitada em julgado; (b)
inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público; (c) irredutibilidade
de subsídio, havendo incidência de imposto de renda e contribuição previ-
denciária (MARTINS, 2008).
Assim, inserido na Organização judiciária brasileira, verificamos que são
órgãos do Poder Judiciário:
capítulo 1 • 31
e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas:
(a) cujo valor de cada uma não exceda a 40 vezes o salário mínimo; (b) a ação de
despejo para uso próprio; (c) as ações possessórias sobre bens imóveis de valor
não excedentes a 40 salários mínimos; (d) as ações para a cobrança de hono-
rários de profissionais liberais e de condomínio. O Juizado terá ainda compe-
tência para executar seus julgados de títulos executivos extrajudiciais de até 40
salários mínimos (MARTINS, 2008).
Ademais, todos os poderes de que dispõe o juiz revestem-se da forma de
poderes-deveres, porquanto lhe são conferidos para a defesa de interesses do
próprio Estado, como um instrumento de prestação de serviço aos litigantes.
32 • capítulo 1
Ramos do Direito Privado
As normas de ordem privada ou do Direito Privado envolvem as relações entre
particulares, como, por exemplo, normas contratuais oriundas da manifesta-
ção da vontade dos interessados. Assim, o Direito Privado é o que diz respeito
aos interesses dos cidadãos no relacionamento recíproco e às normas contratu-
ais utilizadas entre particulares, manifestando a vontade das partes e vigoran-
do como lei entre os contratantes.
Divide-se o Direito Privado em: Direito Civil, Comercial e do Trabalho.
Vale ressaltar que alguns autores consideram o Direito do Trabalho como
pertencente à categoria do Direito Público.
Logo, temos que a divisão clássica do Direito Privado pode ser representada
da seguinte forma:
CONSTITUCIONAL
Direito Civil
O Código Civil vigente é dividido, por sua vez, em duas partes: geral e especial.
A parte geral do Código Civil trata dos temas ligados às pessoas naturais,
jurídicas, do domicílio, dos bens e sua classificação, dos fatos e atos jurídicos,
dos atos ilícitos, da prescrição e decadência e, por fim, dos meios prova.
Por outro lado, a parte especial do Código Civil em vigor divide-se em cinco
livros: o direito das obrigações, o direito de empresa, o direito das coisas ou
reais, direito de família e o direito das sucessões.
Outros temas relativos ao Direito Civil serão analisados com mais profundi-
dade no capítulo seguinte.
CONCEITO
O Direito Civil é o ramo do Direito Privado que rege as relações entre os particulares, disci-
plinando a vida das pessoas desde a concepção até a morte, regulamentando as relações de
família e as patrimoniais no âmbito da sociedade.
capítulo 1 • 33
Cumpre ressaltar, também, a existência do Direito do Consumidor, que
abrange o conjunto de normas que regulam as relações jurídicas de consumo
entre fornecedor e consumidor, bem como seus direitos e deveres. O Código de
Defesa do Consumidor (CDC), instituído pela Lei n.º 8.078, de 11/9/1990, é a
principal fonte das normas do Direito do Consumidor (COTRIM, 2008).
Direito Comercial
Direito Comercial é o conjunto de normas que regulam a atividade do empresá-
rio e da sociedade empresária (COTRIM, 2008).
O Código Civil trouxe em sua parte especial um livro específico chamado
de Direito de Empresa, para regular a atividade do empresário e da socieda-
de empresária.
Os conceitos de empresa, empresário, estabelecimento comercial, modali-
dade de sociedades existentes no Brasil, os títulos de crédito, como o cheque, a
duplicata e o instituto da falência e da recuperação de empresa, são alguns dos
temas que esse ramo do Direito estuda.
Direito do Trabalho
O Direito do Trabalho é o ramo da ciência do Direito que disciplina as normas,
as instituições jurídicas e os princípios que são inerentes às relações de traba-
lho subordinado e que determinam os seus sujeitos e as organizações destina-
das à proteção desse trabalho em sua estrutura e atividade.
No Brasil, as primeiras leis sociais foram: a Lei de Férias, de 1925; a cria-
ção do Ministério do Trabalho, em 1930; a criação das Juntas de Conciliação e
Julgamento, em 1932; a criação das comissões do salário--mínimo, em 1936; a
organização da Justiça do Trabalho, em 1932; a organização da Justiça do Tra-
balho, em 1939; a instituição do salário-mínimo, em 1940; a promulgação da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943. Atualmente, o texto legal
trabalhista do Brasil mais importante é a CLT, em que se encontra reunida a
maioria das leis, antes esparsas, sobre a matéria trabalhista (DOWER, 2005).
É importante dizer que o Direito do Trabalho não é apenas um conjunto de leis,
mas sim um conjunto de normas jurídicas, como os contratos coletivos, e que tam-
34 • capítulo 1
bém não regula apenas as relações entre empregados e empregadores num contra-
to de trabalho, mas se preocupa desde a sua preparação com a aprendizagem até as
consequências complementares, como a organização profissional.
Ademais, o Direito do Trabalho busca efetivar a melhoria das condições de
pactuação da força de trabalho na ordem socioeconômica, com a moderniza-
ção da legislação de forma progressista e caráter democrático.
REFLEXÃO
O estudo do primeiro capítulo permitiu entender o fenômeno do surgimento do Direito bem
como as escolas do pensamento jurídico, as concepções da palavra Direito e a diferença
entre Direito e Moral. Permitiu, também, uma melhor compreensão dos ramos que compõem
o Direito Público e Privado, assim como, do conceito de Direito Nacional e Internacional.
ATIVIDADE
01. Explique a principal diferença entre Direito e Moral?
05. Explique, com as suas palavras, o objeto de estudo do Direito Financeiro, Econômico
e Tributário.
LEITURA
MARTINS, Sérgio Pinto. Instituições de Direito Público e Privado. 8. ed. Atlas, 2008.
Nesta obra, o autor expõe de uma forma didática, o conceito de Direito Público e de seus demais
ramos, tais como o Direito Constitucional, Administrativo, Tributário, Penal, Processual e Interna-
cional público, e o conceito de Direito Privado e de seus demais ramos, tais como o Direito Civil,
Comercial e do Trabalho. Os temas relatados neste capítulo mostram-se presentes nesta obra, de
forma aprofundada, sendo de suma importância para um estudo complementar.
capítulo 1 • 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERGARIA, B. Instituições de Direito: para cursos de Administração, Ciências Contábeis, Economia,
Comércio Exterior e Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 2008.
BENTO BETIOLI, A. Introdução ao Direito. 10. ed . São Paulo: Saraiva, 2008.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. São Paulo: Saraiva, 2010.
CINTRA, Antonio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pelegrini, DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria
geral do processo. 24. ed. São Paulo: Malheiros, 2008.
COTRIM, GILBERTO. Direito fundamental: instituições de Direito Público e Privado. 22. ed. São Paulo:
Saraiva, 2008.
DALLARI, D. de A. Elementos de teoria geral do Estado. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
DINIZ, M. H. Compêndio de introdução à Ciência do Direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
DOWER, Nelson Godoy Bassil. Instituições de direito Público e Privado. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. A Ciência do Direito. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1980.
KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 2. ed. v. I. Coimbra: Armênio Amado, 1962.
MARTINS, S. P. Instituições de Direito Público e Privado. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 24. ed., São Paulo: Malheiros, 1999, p. 31 e 32.
______. Direito administrativo brasileiro. 16 ed. RT, 1991.
MONTORO, André Franco. Introdução à Ciência do Direito. 25. ed. São Paulo: RT, 2000.
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do Direito. 25 ed. São Paulo: Forense, 2008.
PINHO, Ruy Rebello, NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Instituições de Direito Público e Privado. 24. ed.
São Paulo: Atlas, 2004.
REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Introdução ao estudo do Direito. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
36 • capítulo 1
2
Fontes do Direito
Introdução
Neste segundo capítulo, abordaremos as fontes do Direito (diretas e indiretas).
Analisaremos também o processo legislativo do nosso país, a classificação das
leis, sua hierarquia e vigência. Por fim, estudaremos as normas de interpreta-
ção e integração da norma jurídica.
OBJETIVOS
• Reconhecer as fontes do Direito.
• Analisar a eficácia da lei no tempo e no espaço.
• Identificar a classificação das leis.
• Analisar a hierarquia e vigência das leis.
• Reconhecer as formas de interpretação e integração da norma jurídica.
REFLEXÃO
Você conhece o conceito de jurisprudência? A importância dos costumes e da doutrina na
formação das normas? Neste capítulo, estudaremos estes temas bem como o processo de
elaboração das leis, sua hierarquia, classificação e vigência. Analisaremos ainda a arte de
interpretação das leis, bem como a utilização da analogia, a equidade e os princípios gerais
do direito, quando do julgamento de um caso concreto.
Classificação
As fontes podem ser classificadas em diretas e indiretas. Nas fontes diretas ou
imediatas, enquadram-se a lei e o costume. Já nas fontes indiretas ou mediatas
elencam-se a doutrina e a jurisprudência.
38 • capítulo 2
Fontes diretas: a lei e os costumes
Abaixo da Constituição, existem as leis ordinárias, como: o Código Civil, que
trata de direitos e obrigações, de contratos, de regras sobre família e sucessões,
sobre coisas; leis sobre organização de sociedades, como a Lei das Sociedades
por Ações (Lei n.º 6.404/76); sobre benefícios da Previdência Social (Lei n.º
8.213/91) etc. (MARTINS, 2008).
Quanto à natureza, as leis podem ser classificadas em materiais e instru-
mentais ou processuais. As leis materiais regulam os direitos das pessoas,
como o direito ao casamento, à filiação, ao contrato de trabalho e aos direitos
trabalhistas etc. As leis instrumentais ou processuais são o meio que a pessoa
tem para fazer valer seu direito material, que são os Códigos de Processo Civil
(CPC), Código de Processo Penal (CPP) e outras normas (MARTINS, 2008).
CONCEITO
Qual o conceito de lei?
Lei, em sentido formal, é a norma emanada do Estado e tem caráter imperativo. Lei em sentido
material é a disposição imperativa, que tem caráter geral, contendo regra de Direito Positivo.
O costume é a norma jurídica que não faz parte da legislação. É criado es-
pontaneamente pela sociedade, sendo produzido por uma prática geral, cons-
tante e reiterada. A aplicação do costume varia conforme o ramo do Direito.
Em Direito Comercial, o costume tem considerável importância. Já no Direito
Penal o costume, com força de lei, é radicalmente proibido. Segundo o Código
Penal, não há crime sem lei anterior que o defina (COTRIM, 2008).
capítulo 2 • 39
a) como base justificativa e interpretativa do texto legal;
c) como solução das questões para as quais a lei não fornece elementos;
d) como repositório de princípios que não podem ser submetidos à lei escrita pela
própria natureza.
Definição de lei
A palavra lei, vem do latim, do termo Lex. Consiste em uma regra jurídica geral,
emanada de um órgão competente e que possui uma força coativa.
O conceito de lei assenta--se sobre quatro noções fundamentais: a pri-
meira, a de que ela é uma declaração jurídica; a segunda, a de que essa de-
claração se reveste da forma escrita; a terceira, a de que o seu conteúdo há
de ser uma norma; e a quarta, a de que ela deve provir de órgãos estatais
competentes (BARROS, 2009).
CURIOSIDADE
Dentre as mais antigas legislações de todo o mundo, podemos destacar os textos meso-
potâmicos do segundo milênio, o Código de Hamurabi, a Lei de Talião, dentre outras, todas
escritas séculos antes de cristo.
40 • capítulo 2
O processo legislativo
O processo legislativo de elaboração das leis compreende algumas fases, sendo elas:
capítulo 2 • 41
Hierarquia das leis
Quanto à hierarquia das leis, elas se classificam da seguinte forma (BARROS, 2009):
42 • capítulo 2
Cessação da obrigatoriedade da lei
A revogação consiste na publicação de outra lei capaz de retirar total (ab-roga-
ção) ou parcialmente (derrogação) a eficácia da lei anterior. A revogação poderá
ser expressa, também conhecida como direta, ou tácita (indireta). A primeira
ocorre quando a lei revogadora menciona nos dispositivos da lei antiga que fi-
cam extintos, podendo abranger todos eles ou apenas alguns. Assim que entrar
em vigor a nova lei, perdem eficácia os preceitos legais da lei antiga. Poderá
ocorrer que a lei fixe uma data para que o dispositivo revogado deixe de existir
(BARROS, 2009).
A revogação tácita, por sua vez, é norteada pelo princípio da incompatibili-
dade, que não permite a contradição entre normas integrantes do sistema jurí-
dico. Havendo incompatibilidade, prevalece a norma mais recente. É certo que
essa incompatibilidade nem sempre é total. Poderá ocorrer situação em que a
lei revogadora discipline apenas parte da matéria, de forma que a torne contra-
ditória somente no tocante a alguns dispositivos, que ficam revogados pela lei
nova, mas coexistem com os demais que lhe são compatíveis (BARROS, 2009).
Ressalta-se por fim que, podem existir também leis temporárias, ou seja,
criadas para durar durante determinado prazo ou durante determinado
acontecimento.
capítulo 2 • 43
Interpretação das leis
A interpretação das normas jurídicas, para que possa ser corretamente com-
preendida, deve ser vista como uma verdadeira arte: a arte de extrair da norma
a vontade expressada pelo legislador quando da sua elaboração. Trata-se de um
processo interpretativo permanente, por meio do qual os operadores do Direito
constroem e reconstroem o direito e a realidade. Esse processo de interpreta-
ção do Direito é também chamado de hermenêutica jurídica.
Hermenêutica é a teoria da interpretação da norma. A palavra provém de
Hermes, o deus da arte de compreender, expressar, explicar, descobrir o senti-
do. Era uma homenagem a esse deus, que era considerado eloquente e o men-
sageiro dos deuses (MARTINS, 2008).
O processo de edição da norma é um momento de criação do Direito. A her-
menêutica representa outro momento. Etimologicamente, é um vocábulo deri-
vado do grego hermeneuein, comumente tida como filosofia da interpretação.
A atividade do hermeneuta é, assim, construtiva, e não meramente interpreta-
tiva; é como se fosse a ideia de ir conhecendo um trabalho que ainda se constrói.
Vale salientar ainda que um erro muito comum é quando se fala em in-
terpretação e integração do Direito, quando, na realidade, o que se interpre-
ta e se aplica é a lei!
Para tanto, utilizamo-nos dos métodos de aplicação do Direito para definir
qual a lei (regra) aplicável no caso concreto. Os critérios são:
hierarquia Baseia-se no sistema pela qual uma lei busca seu funda-
das leis mento de validade em outra norma superior.
44 • capítulo 2
Integração das normas jurídicas
O processo de integração das normas jurídicas está relacionado à ideia de que
é impossível que o legislador preveja, por mais cauteloso que ele seja, todos os
fatos e acontecimentos da vida real que devem merecer proteção do Direito.
É possível que, ao tentar solucionar determinado caso, o juiz não encontre
no ordenamento jurídico lei específica que possibilite colocar fim ao conflito.
Neste caso, deverá o magistrado se valer dos meios de integração da norma ju-
rídica, quais sejam: a analogia, a equidade e os princípios gerais do Direito.
As lacunas podem ser de várias espécies: voluntárias, quando a inexistência
de normas é proposital pelo legislador, e involuntárias, quando o legislador efe-
tivamente não previu a situação. Por vezes, essa omissão é absolutamente clara
e manifesta; por vezes, o sistema apresenta normas que apenas aparentemente
se aplicam. Em outras oportunidades, a integração faz-se necessária porque as
disposições legais se chocam, são contraditórias, ocorrendo as chamadas anti-
nomias (VENOSA, 2008).
Analogia
Equidade
capítulo 2 • 45
excede a capacidade de inteligência humana. Em consequência, a rígida apli-
cação fria do texto legal poderá em determinado caso conduzir a uma situa-
ção que não é a desejada. Quando isso ocorrer, o magistrado deverá exercitar
o poder de decidir pela equidade, se a lei positiva o autorizar a fazer uso desse
processo de integração (PINHO, NASCIMENTO, 2004).
São as regras oriundas da lógica natural das coisas e do ser humano e que aca-
bam por auxiliar o juiz no momento de decidir determinado caso concreto. Te-
mos como princípios gerais do Direito:
I) Princípio do respeito à dignidade da pessoa humana, hoje encontrado até
mesmo na Constituição (art. 1º, III), como um dos objetivos da República Fe-
derativa do Brasil, como um Estado Democrático de Direito (MARTINS, 2008).
Segundo o artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal, “são invioláveis a in-
timidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito
à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
II) Princípio da função social, que consiste em regular a vida humana na sociedade esta-
belecendo regras de conduta que devem ser respeitadas por todos (MARTINS, 2008);
III) Princípio da boa-fé, que pressupõe lealdade entre as partes em uma relação jurídica;
46 • capítulo 2
mente assim se dará a ambas a possibilidade de expor suas razões, de apresen-
tar suas provas, de influir sobre o vencimento do juiz. Somente pela soma da
parcialidade das partes (uma representando a tese e a outra, a antítese) o juiz
pode corporificar a síntese, em um processo dialético (DINAMARCO, 2008).
EM RESUMO
Neste segundo capítulo, estudamos as fontes do Direito. Analisamos as fontes diretas do
Direito, como a lei e o costume, bem como as fontes indiretas do Direito, ou seja, a doutrina
e a jurisprudência. Estudamos também o processo legislativo, a classificação, a hierarquia e a
vigência das leis, e as formas de interpretação e integração da norma jurídica.
ATIVIDADE
01. O que significa jurisprudência?
LEITURA
1) NADER, Paulo. Introdução ao estudo do Direito. 32. ed. Forense, 2010.
O autor procura trazer nesta obra, de forma clara e precisa, os aspectos teóricos e práticos
que envolvem o Direito. Os temas relatados neste capítulo mostram-se presentes nesta obra,
de forma aprofundada, sendo ela de suma importância para um estudo complementar.
2) O texto a seguir encontra-se no site: <www.stf.jus.br>.
Pacto de San José da Costa Rica sobre direitos humanos completa 40 anos
capítulo 2 • 47
A Convenção Americana de Direitos Humanos completa 40 anos. O tratado, também
chamado de Pacto de San José da Costa Rica, foi assinado em 22 de novembro de
1969, na cidade de San José, na Costa Rica, e ratificado pelo Brasil em setembro de
1992. A convenção internacional procura consolidar entre os países americanos um
regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito aos direitos huma-
nos essenciais, independentemente do país onde a pessoa resida ou tenha nascido.
O Pacto baseia-se na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que compreende
o ideal do ser humano livre, isento do temor e da miséria e sob condições que lhe
permitam gozar dos seus direitos econômicos, sociais e culturais, bem como dos
seus direitos civis e políticos.
O documento é composto por 81 artigos, incluindo as disposições transitórias, que
estabelecem os direitos fundamentais da pessoa humana, como o direito à vida, à
liberdade, à dignidade, à integridade pessoal e moral, à educação, entre outros. A
convenção proíbe a escravidão e a servidão humana, trata das garantias judiciais,
da liberdade de consciência e religião, de pensamento e expressão, bem como da
liberdade de associação e da proteção a família.
A partir da promulgação da Emenda Constitucional 45/2004 (Reforma do Judiciá-
rio), os tratados relativos aos direitos humanos passaram a vigorar de imediato e a
ser equiparados às normas constitucionais, devendo ser aprovados em dois turnos,
por pelo menos três quintos dos votos na Câmara dos Deputados e no Senado Fe-
deral. O primeiro deles a ser recebido como norma constitucional a partir da EC
45/2004 foi a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, voltada
para a inclusão social dessas pessoas e para a adaptabilidade dos espaços.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERGARIA, B. Instituições de Direito: para cursos de Administração, Ciências Contábeis, Economia,
Comércio Exterior e Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 2008.
BENTO BETIOLI, A. Introdução ao Direito. 10. ed . São Paulo: Saraiva, 2008.
CINTRA, Antonio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pelegrini, DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria
geral do processo. 24. ed. São Paulo: Malheiros, 2008.
COTRIM, GILBERTO. Direito fundamental: instituições de Direito Público e Privado. São Paulo: Saraiva,
22. ed., 2008.
48 • capítulo 2
DALLARI, D. de A. Elementos de teoria geral do Estado. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
DINIZ, M. H. Compêndio de introdução à ciência do Direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
DOWER, Nelson Godoy Bassil. Instituições de Direito Público e Privado. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. A ciência do Direito. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1980.
MARTINS, S. P. Instituições de Direito Público e Privado. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 24. ed. São Paulo: Malheiros, 1999, p. 31 e 32.
MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 25. ed. São Paulo: RT, 2000.
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do Direito. 25. ed. São Paulo: Forense, 2008.
PINHO, Ruy Rebello, NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Instituições de Direito Público e Privado. 24. ed.
São Paulo: Atlas, 2004.
REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Introdução ao estudo do Direito. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
capítulo 2 • 49
3
A Proteção das
Relações de
Consumo
Introdução
Neste capítulo, analisaremos, em síntese,as normas de proteção às relações de
consumo descritas no Código de Defesa do Consumidor.
Refletiremos sobre a política nacional das relações de consumo, os direitos
básicos do consumidor, os princípios de direito do consumidor, o conceito de
consumidor e fornecedor e os vários campos de tutela do direito do consumidor.
OBJETIVOS
Por meio do estudo desse capítulo você estará apto a:
• Reconhecer as normas de proteção às relações de consumo;
• analisar a política nacional das relações de consumo;
• estabelecer os direitos básicos do consumidor;
• avaliar os princípios aplicáveis às relações de consumo;
• identificar o conceito de fornecedor, consumidor e relação de consumo.
REFLEXÃO
Você se lembra dos direitos básicos do consumidor? Do direito à informação quanto à qua-
lidade e à quantidade de um produto? Neste capítulo, estudaremos estas questões, bem
como, as regras referentes à divulgação dos produtos no mercado, o direito do consumidor
de acesso à justiça, além dos princípios fundamentais previstos no CDC, tais como: equilíbrio
contratual, irrenunciabilidade de direitos, igualdade nas relações de consumo e interpretação
favorável ao consumidor.
52 • capítulo 3
desabamentos com vítimas fatais: o empreiteiro da obra, além de ser obrigado
a reparar cabalmente os danos causados ao empreitador, sofria punição (mor-
te), caso houvesse o mencionado desabamento vitimado o chefe de família;
caso morresse o filho do dono da obra, pena de morte para o respectivo parente
do empreiteiro, e assim por diante (FILOMENO, 2007).
Com o decorrer dos anos, no mundo inteiro, foram surgindo leis esparsas
de proteção ao consumidor, bem como tratados internacionais. Desponta-se,
na Índia, o sagrado Código de Manu, na Grécia Antiga, França, Espanha e em
legislação por todo o mundo.
Quanto aos tratados internacionais, no Brasil vigem as regras da teoria dualis-
ta, de modo que, para ter vigência no território brasileiro, o tratado ou a conven-
ção dependem de recepção pelo ordenamento jurídico brasileiro (NUNES, 2008).
No que diz respeito ao movimento consumerista, porém, já com a plena
consciência dos interesses a serem defendidos e a definição de estratégias para
protegê-los, pode-se detectar nos chamados movimentos frigoríficos de Chica-
go já o despertar daquela consciência. Entretanto, embora coevos, os movimen-
tos trabalhistas e consumeristas acabaram por cindirem-se, mais precisamen-
te pela criação da denominada Consumer’s League, em 1891, tendo evoluído
posteriormente para o que hoje é a poderosa e temida Consumer’s Union dos
Estados Unidos. A referida entidade, dentre outras atividades de conscientiza-
ção dos consumidores, promoção de ações judiciais etc. chega a adquirir quase
todos os produtos que são lançados no mercado norte-americano para análise
e, em seguida, por intermédio de sua revista Consumer’s Report, aponta as van-
tagens e desvantagens do produto dissecado (FILOMENO, 2007).
Destaca-se nesse sentido que, no Brasil, o Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor (IDEC), bem como o Instituto Nacional de Metrologia, Normaliza-
ção e Qualidade Industrial (Inmetro), tem direcionado parte de suas atividades
exatamente naquele sentido, destacando-se pesquisas em matéria de garrafas
térmicas, chuveiros elétricos, botijões de gás, fusíveis, chupetas, leites, águas
minerais, temperos, contraceptivos de látex etc., com especial ênfase para a
questão da qualidade dos produtos e segurança em face da incolumidade do
consumidor (FILOMENO, 2007).
capítulo 3 • 53
A preocupação com o consumidor
A preocupação com os direitos do consumidor é universal, sendo tema de estu-
dos e de legislações por todo o mundo.
Diante disso, a Organização das Nações Unidas (ONU), em sua resolução
n. 39/248, traçou uma política geral de proteção ao consumidor destinada aos
Estados filiados. Nela, basicamente, encontra-se a preocupação fundamental
de: proteger o consumidor quanto a prejuízos à saúde e segurança, fomentar
e proteger seus interesses econômicos, fornecer-lhe informações adequadas
para capacitá-lo a fazer escolhas acertadas de acordo com as necessidades e de-
sejos individuais, educ-lo, criar possibilidades de real ressarcimento, garantir
a liberdade para formação de grupos de consumidores e outras organizações
de relevância, e oportunidade para que essas organizações possam intervir nos
processos decisórios a elas referentes (FILOMENO, 2007).
No Brasil, além da resolução da ONU, da qual é adepto, na Constituição Fe-
deral de 1998, foi reforçada a política de defesa do consumidor, quando assim
dispôs em seu artigo 5, inciso XXXII:
Art. 5. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garan-
tindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
[...]
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor (BRASIL, 2014);
54 • capítulo 3
Após a Constituição de 1988, nós tivemos, no Brasil, a promulgação da lei
n. 8.078/90, que dispõe sobre a proteção do consumidor, estabelecendo, assim,
um Código de Defesa do Consumidor.
capítulo 3 • 55
I – reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
III – harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e com-
patibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento
econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a
ordem econômica, sempre com base na boa-fé e no equilíbrio nas relações entre
consumidores e fornecedores.
56 • capítulo 3
Com efeito, o artigo 4, do Código de Defesa do Consumidor, constitui-se numa
verdadeira alma, no sentido de que se visa a atender não apenas às necessidades
dos consumidores e respeito à sua dignidade, de sua saúde e segurança, proteção
de seus interesses econômicos, melhoria de sua qualidade de vida, como tam-
bém à imprescindível harmonia das relações de consumo (FILOMENO, 2007).
capítulo 3 • 57
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
[...]
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o con-
sumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
equidade;
§ 1. Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
[...]
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natu-
reza e o conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias pecu-
liares ao caso.
58 • capítulo 3
V - concessão de estímulos à criação e ao desenvolvimento das Associações de
Defesa do Consumidor.
3. O consumidor, não dispondo, por si só, de controle sobre a produção de bens de
consumo ou prestação de serviços que lhe são destinados, arrisca-se a submeter-se
ao poder e condições dos produtores daqueles mesmos bens e serviços.
capítulo 3 • 59
Conceito de consumidor
Segundo o artigo 2, do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8078/90), con-
sumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou ser-
viço como destinatário final. Equipara-se ao consumidor, também, toda coleti-
vidade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações
de consumo (parágrafo único, art. 2, Lei n. 8078/90).
Pela definição do artigo 2 do CDC, consumidor há de ser (ALMEIDA, 2009):
b. que adquire (compra diretamente) ou que, mesmo não tendo adquirido, utiliza
(usa, em proveito próprio ou de outrem) produto ou serviço, entendendo-se por pro-
duto “qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial” (CDC, art. 3, parágrafo 1)
e por serviço qualquer atividade fornecida a terceiros, mediante remuneração, desde
que não seja de natureza trabalhista (CDC, art. 3, parágrafo 2);
c. como destinatário final, ou seja, para uso próprio, privado, individual, familiar ou
doméstico, e até para terceiros, desde que o repasse não se dê por revenda.
Conceito de fornecedor
Segundo o artigo 3, do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8078/90), for-
necedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estran-
geira, bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, expor-
tação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Produto pode ser conceituado como qualquer bem, móvel ou imóvel, ma-
terial ou imaterial (parágrafo 1, art. 3, CDC) e serviço, como qualquer atividade
fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de na-
tureza bancária, de crédito e secundária, salvo as decorrentes das relações de
caráter trabalhista (parágrafo 1, art. 3, CDC).
60 • capítulo 3
Fornecedor é não apenas quem produz ou fabrica, industrial ou artesanal-
mente, em estabelecimentos industriais centralizados ou não, como também
quem vende, ou seja, comercializa produtos nos milhares e milhões de pontos
de venda espalhados por todo o território. Nesse ponto, portanto, a definição de
fornecedor se distancia da de consumidor, pois, enquanto este há de ser o desti-
natário final, tal exigência já não se verifica àquele que pode ser o fabricante ori-
ginário, o intermediário ou o comerciante, bastando que faça disso sua profissão
ou atividade principal. Fornecedor é, pois, tanto aquele que fornece bens e servi-
ços ao consumidor como aquele que o faz para o intermediário ou comerciante,
porquanto o produtor originário também deve ser responsabilizado pelo produ-
to que lança no mercado de consumo (CDC, art. 18) (ALMEIDA, 2009).
Vale ressaltar que todo fornecedor é um empresário, que desenvolve ativida-
de de oferecimento de bens ou serviços ao mercado.
capítulo 3 • 61
É primordial que o consumidor seja educado para o consumo, para que au-
mente o seu nível de consciência e possa enfrentar os percalços do mercado.
Educação formal é aquela incluída nos currículos escolares; e informal, a que
deriva dos meios de comunicação social. Objetiva-se dotar o consumidor de co-
nhecimentos acerca da fruição adequada de bens e serviços, de tal sorte que
possa ele, sozinho, optar e decidir, exercendo um outro direito, o de liberdade
de escolha entre os vários produtos e serviços de boa qualidade colocados no
mercado (ALMEIDA, 2009).
Direito de informação
62 • capítulo 3
Cláusulas contratuais abusivas
Direito à indenização
Acesso à justiça
capítulo 3 • 63
Ao direito à indenização está diretamente ligado o direito de acesso à Justiça
e à Administração, vias nas quais poderá ser pleiteado e obtido o respectivo res-
sarcimento. E, nesse acesso à justiça, está incluída a “facilitação da defesa de
seus direitos”, ou seja, deve o Estado remover os entraves ou criar mecanismos
que tornem mais fácil a defesa do consumidor em juízo, certo que a própria lei
já indica dois desses meios: a inversão do ônus da prova no processo civil, obe-
decidas as condições legais, e a Assistência Judiciária (ALMEIDA, 2009).
a. soberania;
64 • capítulo 3
b. dignidade da pessoa humana;
c. liberdade;
d. justiça;
e. solidariedade;
f. isonomia;
i. informação;
j. eficiência;
k. publicidade.
capítulo 3 • 65
Interpretação O CDC estabeleceu que as cláusulas contratuais devem ser
favorável ao interpretadas favoravelmente ao consumidor, em caso de
consumidor dubiedade de interpretação.
EM RESUMO
Neste capítulo, analisamos a proteção nas relações de consumo no Brasil. Refletimos sobre
o surgimento do Código de Defesa do Consumidor, a política nacional de relações de con-
sumo, a vulnerabilidade do consumidor e a busca do equilíbrio nas relações de consumo.
Estudamos também os direitos básicos do consumidor, previstos no artigo 6 do CDC, bem
como o conceito de fornecedor e consumidor e os princípios constitucionais aplicáveis às
relações de consumo.
66 • capítulo 3
ATIVIDADE
01. Qual o conceito de consumidor?
LEITURA
Livro: Manual de Direitos do Consumidor
Autor: José Geraldo Brito Filomeno
Atlas, 9. ed., 2007
Esta obra traz todas os princípios e regras descritas no Código de Defesa do Consumidor,
proporcionando também instrumentos práticos para ações em defesa dos interesses dos
consumidores.
capítulo 3 • 67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, João Batista. A proteção jurídica do consumidor. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009;
______. Manual de direito do consumidor. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
COTRIM, Gilberto. Direito fundamental: instituições de direito público e privado. 22.ed. São Paulo:
Saraiva, 2008.
FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual de direitos do consumidor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
GAMA, Hélio Zaghetto. Curso de direito do consumidor. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
GRINOVER, Ada Pellegrini (et al). Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: comentado pelos
autores do anteprojeto. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.
NUNES, Rizzato. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
SILVA, José Alberto Quadros de Carvalho. Código de Defesa do Consumidor Anotado e legislação
complementar. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
68 • capítulo 3
4
O Marketing e
a Sociedade de
Consumo
Introdução
Após aprender sobre os fundamentos gerais do Direito e compreender as dire-
trizes que envolvem o direito do consumidor, chegou a hora de entender como
esses conceitos influenciam a relação entre consumo e marketing.
OBJETIVOS
Por meio do estudo desse capítulo você estará apto a:
• reconhecer o marketing no contexto sócioempresarial;
• analisar a evolução histórica do marketing;
• avaliar a administração de marketing, seu conceito e delimitação;
• identificar a função social do marketing.
REFLEXÃO
Você sabia que, na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridí-
culo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça? Que o consumidor
pode pleitear a desconsideração da personalidade jurídica da empresa, pleiteando judicial-
mente contra o fornecedor pessoa física? Neste capítulo, abordaremos estes temas, bem
como, as regras previstas no CDC referentes à oferta e à venda de produtos no mercado.
70 • capítulo 4
criar e manter relações sociais, bem como para mediar valores fundamentais e
proceder à construção ativa de formas particulares de cultura.
Com o advento da sociedade industrial, caracterizada pela produção em mas-
sa dos bens e sustentada pela consolidação do capitalismo, a separação entre
pessoas e coisas passa a ser a base do próprio sistema de propriedade, sendo
poucos os objetos não alienáveis no mercado. Nesse contexto, as relações comer-
ciais tornam-se impessoais e utilitárias, de forma que os indivíduos podem tran-
sacionar de maneira independente e autônoma os bens (DUARTE, 2010).
Na sociedade moderna, consumo é um processo social inerente às diversas
formas de provisão de bens e serviços, bem como às diferentes maneiras de
acesso a esses itens; é uma construção social entendida pelas ciências sociais
como produtor de sentido e identidade; é também uma tática empregada no
cotidiano por diferentes grupos sociais para definir várias situações em termos
de direitos, estilo de vida e identidade (BARBOSA; CAMPBELL, 2006).
Levando em conta essa ideia, o consumo pode ser visto como um processo
social ambíguo, pois por muitas vezes é percebido como uma maneira de mani-
pulação por parte das grandes corporações capitalistas; e em outras situações é
entendido como um processo consciente de compra de um bem ou serviço por
individuo (BARBOSA; CAMPBELL, 2006).
Conforme disposto em capítulos anteriores, o Código de Defesa do Consu-
midor estabelece as normas de proteção e defesa do consumidor sendo que,
em seu artigo 2 também trouxe um conceito de consumidor, como sendo toda
pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como desti-
natário final.
A visão de que o consumidor é um tomador de decisão racional vem sendo
ampliada por estudos que incluem a noção experiencial do consumo pelos pes-
quisadores (ADDIS; HOLBROOK apud PINTO; LARA, 2009, p. 1). Tal noção refere-
se ao “luxo de fantasias (sonhos, imaginação, desejos inconscientes), sentimen-
tos (emoções tais como amor, ódio, raiva, inveja, divertimento) e diversão (prazer
hedônico derivado de atividades divertidas, alegres e prazerosas) associado ao
consumo” de acordo com ADDIS; HOLBROOK apud PINTO; LARA (2009). Assim:
[...] além dessas questões, é possível incorporar uma série de variáveis que até então
não ocupava um lugar de destaque na pesquisa do consumidor: o papel dos senti-
mentos e das emoções no comportamento de compra, o significado do simbolismo
capítulo 4 • 71
no consumo, a necessidade do consumidor de buscar divertimento e prazer, o papel
do consumo para além do ato da compra, sem esquecer que os consumidores utili-
zam bens e serviços para dizer alguma coisa sobre si mesmos, para reafirmar suas
identidades, para definir sua posição no espaço social, para declarar seu pertenci-
mento a um ou outro grupo, para falar de gênero e etnia, para celebrar ou superar
passagens, para afirmar ou negar sua relações com os outros ou para atribuir quais-
quer outros significados (PINTO; LARA, 2009, p. 1 ).
Estímulos de marketing
Produto
Preço
Praça
Promoção
Decisões do consumidor
Outros estímulos
Escolha do produto
Econômico
Processo de decisão Escolha da marca
Tecnológico
do consumidor Escolha do revendedor
Político
Época da compra
Cultural
Quantidade comprada
Fatores culturais
Fatores sociais
Fatores pessoais
Fatores psicológicos
Influenciadores do
comportamento
do consumidor
72 • capítulo 4
O marketing no contexto sócioempresarial
O conceito de marketing fundamenta-se em quatro pilares: mercado-alvo, neces-
sidades dos consumidores, marketing integrado (coordenado) e rentabilidade.
Neste contexto sócioempresarial do marketing, é importante destacarmos
as regras pertinentes às práticas comerciais da oferta de produtos e serviços até
o destinatário final, o consumidor.
Práticas comerciais são os procedimentos, mecanismos, métodos e técni-
cas utilizados pelos fornecedores para, mesmo indiretamente, fomentar, man-
ter, desenvolver e garantir a circulação de seus produtos e serviços até o desti-
natário final (GRINOVER, 2007).
As divulgações do produto ou do serviço, bem como das suas propriedades
e dos seus preços, caracterizam a informação ou publicidade com o objetivo de
atrair os consumidores. São as formas de divulgação ou informação os anún-
cios veiculados por qualquer meio, as embalagens dotadas de modelos ou figu-
ras indutivas ao consumo, as bulas, ou invólucros, os manuais de instrução e
quaisquer tipos de prospectos que propaguem as propriedades ou as vantagens
apresentadas pelo que é ofertado (GAMA, 2008).
Segundo o artigo 30 do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90),
toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qual-
quer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços ofereci-
dos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar
e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Nesse sentido, a partir de 11 de março de 1991, toda oferta relativa a produ-
tos e serviços vincula o fornecedor ofertante, obrigando-o ao cumprimento do
que oferecer. Aliás, em caso de descumprimento da oferta, pode o consumidor,
inclusive, exigi-la do fornecedor por meio de execução específica, forçada, da
obrigação de fazer. E a característica marcante da oferta é dirigir-se a uma gama
indeterminada de consumidores (NUNES, 2009).
Vale ressaltar que equiparam-se aos consumidores todas as pessoas deter-
mináveis ou não, expostas à publicidade, nos termos do artigo 29 do Código de
Defesa do Consumidor.
Segundo o artigo 31 do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90), a
oferta e a apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações
corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas carac-
terísticas, qualidade, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de vali-
capítulo 4 • 73
dade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à
saúde e à segurança dos consumidores.
Sendo a oferta o momento antecedente à conclusão do ato do consumo,
deve ser precisa e transparente o suficiente para que o consumidor, devida-
mente informado, possa exercer o seu direito de livre escolha. Assim, as infor-
mações devem ser verdadeiras e corretas, guardando correlação fática com as
características do produto ou serviço, redigidas em linguagem clara, lançadas
em lugar e forma visíveis. Além disso, devem ser escritas em língua portugue-
sa. Devem incluir os elementos que interessam ao consumidor para fazer sua
escolha, como características e dados técnicos (qualidade, quantidade, compo-
sição, preço, garantia, prazos de validade, origem, além de outros) e potenciali-
dade danosa (riscos que apresentam à saúde e à segurança dos consumidores)
(ALMEIDA, 2009).
Quanto à responsabilidade do fornecedor de produtos ou serviços, a regra
básica é que aquele que oferta está obrigado a cumprir a obrigação nos termos
propostos. É o chamado princípio da vinculação, acolhido plenamente pelo
CDC (art. 30). Da oferta duas consequências derivam para o fornecedor: (a) pas-
sa a integrar o contrato e (b) obriga-o ao cumprimento da obrigação subjacente,
porquanto a aceitação do consumidor aperfeiçoou o círculo obrigacional e a
relação de consumo (art. 30). Sem esquecer que o fornecedor é solidariamente
responsável pelos atos de seus empregados, prepostos, agentes ou represen-
tantes (art. 34) (ALMEIDA, 2009).
Se o fornecedor de produtos ou serviços se recusar a cumprir à oferta, apre-
sentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre
escolha (art. 35 do CDC):
74 • capítulo 4
Sem dúvida alguma, a responsabilidade dos arts. 30 e 35 é objetiva, pois seu
texto em nada alude à culpa do anunciante, razão pela qual não pode o intér-
prete agregá-la, muito menos num contexto em que, seja pela vulnerabilidade
da parte protegida (o consumidor), seja pelas características do fenômeno agre-
gado (a publicidade), o Direito, antes mesmo da interferência do legislador, já
se encaminhava na direção da objetivação da responsabilidade civil. Em outras
palavras, “a publicidade será exigível ainda que sua inexatidão não se deva à
culpa ou dolo do anunciante” (GRINOVER, 2007).
Segundo, ainda, as palavras da autora Ada Pellegrini Grinover (2007), é visível,
então, que nos regimes jurídicos modernos de proteção do consumidor, como o
CDC brasileiro, o equívoco inocente (= não culposo) não exclui a responsabilida-
de civil do fornecedor. Assim, por exemplo, se o fabricante se equivoca com uma
fórmula ou design e lança seu produto no mercado com uma desconformidade
(de todo indesejada por ele), ainda assim é responsabilizado, havendo dano.
Evolução histórica
Analisando um pouco a história das relações de consumo, a partir do período
pós-Revolução Industrial, com o crescimento populacional nas metrópoles,
que gerava aumento de demanda e, portanto, uma possibilidade de aumento
da oferta, a indústria em geral passou a querer produzir mais, para vender para
mais pessoas. Passou-se, então, a pensar um modelo capaz de entregar, para
um maior número de pessoas, mais produtos e mais serviços. Para isso, criou-
se a chamada produção em série, a standartização da produção, a homogenei-
zação da produção (NUNES, 2008).
Essa produção homogeneizada, “standartizada”, possibilitou uma diminui-
ção profunda dos custos e um aumento enorme da oferta, indo atingir, então,
uma larga camada de pessoas. Este modelo de produção é um dos que deram
certo; veio crescendo na passagem do século XIX para o século XX; a partir da
Primeira Guerra Mundial, houve um incremento na produção, que se solidifi-
cou e cresceu em níveis extraordinários a partir da Segunda Guerra Mundial
com o surgimento da tecnologia de ponta, do fortalecimento da informática,
do incremento das telecomunicações, dentre outras (NUNES, 2008).
Em nosso ordenamento jurídico, toda esta evolução histórica na produção
e nas relações de consumo, culminou com a elaboração da lei n. 8.078, de 11 de
capítulo 4 • 75
setembro de 1990, que criou o Código de Defesa do Consumidor.
No tocante ao marketing, como filosofia, é um princípio geral orientador do
trabalho da empresa que tem o cliente como elemento central. As filosofias expres-
sam os princípios de uma organização e ajudam a definir a identidade, o caráter,
manifestando-se nas maneiras de pensar pressupostos, padrões morais, políticas,
diretrizes e normas da empresa. Num efeito maior, as filosofias moldam atitudes,
dirigem comportamentos, facilitam a comunicação, inspiram e motivam os fun-
cionários no desempenho de suas atividades (URDAN; URDAN, 2006).
EXEMPLO
Avanços tecnológicos, a rápida globalização e contínuas mudanças econômicas e sociais es-
tão causando profundas transformações no mercado, mudando também, consequentemente,
aqueles que atendem esse mercado.
Tecnologias de conexão
76 • capítulo 4
Conexões com os clientes
capítulo 4 • 77
com as responsabilidades ambiental e social e à utilização do marketing pelas
organizações sem fins lucrativos e do setor público.
Nesse sentido, destaca-se também o artigo 51, inciso XIV, do Código de De-
fesa do Consumidor, o qual dispõe que são nulas de pleno direito, entre outras,
as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que
infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais.
78 • capítulo 4
que precisa ser exercido dentro dos limites da probidade e boa-fé.
O marketing também está inserido na função social da empresa. A Cons-
tituição Federal, em seu artigo 170, promove como um dos princípios gerais
da atividade econômica a função social da empresa, ao dispor que “a ordem
econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, observados os seguintes princípios”:
I – soberania nacional;
II – propriedade privada;
IV – livre concorrência;
capítulo 4 • 79
O direito difuso do marketing como corolário
lógico da função social da empresa
80 • capítulo 4
O próprio CDC, em seu artigo 51, parágrafo primeiro, descreveu as vanta-
gens consideradas abusivas ou excessivas como sendo as que:
capítulo 4 • 81
Ciente dos constantes abusos que se perpetravam nessa área, como ofensa
à dignidade do devedor, exposição a ridículo e utilização de práticas violentas,
por exemplo ameaça e constrangimento, é que o legislador procurou restabe-
lecer o império do direito, ou, no dizer de um doutrinador, “o modo civilizado
de se cobrar”. Colima-se, como o tratamento legislativo da questão, fazer com
que o exercício regular do direito do credor se compreenda dentro dos limites
legais, não os extrapolando para atingir contornos abusivos. Não se procura
obstar o recebimento do crédito, o que era e continua a ser exercício regular de
direito (CC, art. 160, I), mas a utilização de métodos condenáveis e ofensivos à
dignidade humana, que se procura extirpar do meio social (ALMEIDA, 2009).
Cabe ao Magistrado, nesses casos, analisar cada situação em específico, ou
seja, se a forma da cobrança efetuada pelo credor trouxe constrangimento ou
expôs o devedor ao ridículo, sendo que, em caso positivo, cabe a este pleitear
indenização pelos danos morais sofridos, de acordo com o disposto no artigo 6,
inciso VI do Código de Defesa do Consumidor.
Destaca-se, por fim, que o Código de Defesa do Consumidor adotou inte-
gralmente a chamada desconsideração da personalidade jurídica. Segundo
o artigo 28, do CDC, o juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da
sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito,
excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos
ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver
falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração.
O efeito prático da adoção dessa teoria é que, ocorrendo os pressupostos do
art. 28 – abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou
violação dos estatutos ou contrato social, em detrimento do consumidor – o juiz
pode desconsiderar a pessoa jurídica e responsabilizar civilmente o sócio-geren-
te, o administrador, o sócio-majoritário, o acionista controlador etc., alcançan-
do-lhe os respectivos patrimônios, adotando o mesmo procedimento em caso de
falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade de pessoa jurídica
provocados por má administração e até genericamente quando a personalidade
jurídica for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados
aos consumidores (art. 28, caput, e parágrafo 5) (ALMEIDA, 2007).
Toda a imposição das responsabilidades aos dirigentes será feita quando a
pessoa jurídica causar danos aos consumidores através de atos iníquos e não
haverá limite ao grau de comprometimento dos capitais sociais das pessoas
82 • capítulo 4
jurídicas. Isso significa que, quando houver dolo ou culpa que acarretem pre-
juízos, desapareceu o sistema das responsabilidades limitadas dos sócios-ge-
rentes e dos sócios controladores, ainda que disso estivessem eles protegidos
pelos instrumentos dos estatutos ou contratos que erigem a “razão social” da
pessoa jurídica (GAMA, 2008).
EM RESUMO
Neste capítulo, analisamos o marketing e a sociedade de consumo. Refletimos sobre o
marketing no contexto sócioempresarial, sobre sua evolução histórica e as regras descritas
no CDC referentes à administração do marketing. Estudamos, por fim, o direito difuso do
marketing como corolário da função social da empresa.
ATIVIDADE
01. Em que consiste os direitos difusos?
02. Destaque duas práticas abusivas que são proibidas pelo nosso ordenamento (CDC).
LEITURA
Livro: Curso de Direito do Consumidor
Autor: Rizzato Nunes
Saraiva, 6.ed., 2011
Essa obra traz todas as normas e os princípios do direito do consumidor. Além disso, apre-
senta um estudo detalhado da Responsabilidade Civil dos fornecedores de produtos e servi-
ços, analisando casos concretos com base nas decisões dos tribunais.
capítulo 4 • 83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Almeida, UNIRG, 2008. Disponível no site: <http://www.ricardoalmeida.adm.br/index.php>.
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Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da
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DUARTE, A. A antropologia e o estudo do consumo: revisão crítica das suas relações e possibilidades.
Etnográfica, junho de 2010, 14 (2): 363-393.
COTRIM, Gilberto. Direito fundamental: instituições de direito público e privado. 22. ed. São Paulo:
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GALHANONE, R. F. Atitudes, emoções e comportamentos de compra: um estudo com consumidores
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GAMA, Hélio Zaghetto. Curso de Direito do Consumidor. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
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MOREIRA, D. Administração da produção e operações. São Paulo: Livraria Pioneira, 3. ed.., 1998.
NUNES, Rizzato. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2009;
PINTO, M. R.; LARA, J. E. Desvendando as experiências de consumo na perspectiva da teoria da
cultura do consumo: possíveis interlocuções e questões emergentes para a pesquisa do consumidor.
In: Encontro Nacional da Associação Nacional dos Programas de pós-graduação em Administração,
São Paulo, 33, 2009.
84 • capítulo 4
RICHERS, R. O que é marketing. São Paulo: Brasiliense, 1986.
SEMENIK, J. R.; BAMOSSY, G. J. Princípios de marketing: uma perspectiva global. São Paulo: Makron
Books, 1995.
SILVA, José Alberto. Quadros de Carvalho. Código de Defesa do Consumidor. Anotado e legislação
complementar. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
URDAN, F. T.; URDAN, A. T. Gestão do composto de marketing. São Paulo: Atlas, 2006.
capítulo 4 • 85
5
O Marketing e a
Relação Jurídica de
Consumo
Introdução
Neste capítulo, estudaremos a natureza jurídica do marketing e sua relação ju-
rídica primária. Analisaremos a empresa e as relações de consumo, o marketing
empresarial como prática comercial, a atividade do marketing na formação do
contrato de consumo, o marketing na relação jurídica entre dois fornecedores e
a responsabilidade civil dos fornecedores de produtos e serviços de acordo com
o disposto no Código de Defesa do Consumidor.
OBJETIVOS
Por meio do estudo desse capítulo você estará apto a:
• reconhecer a natureza jurídica do marketing;
• avaliar a formação do contrato de consumo;
• reconhecer os aspectos jurídicos do marketing;
• analisar o marketing na relação jurídica entre dois fornecedores;
• identificar a responsabilidade civil dos fornecedores de produtos e serviços.
REFLEXÃO
Neste último capítulo, estudaremos a relação jurídica entre o empresário e o consumidor
e as práticas abusivas, consideradas ilegais pelo Código de Defesa do Consumidor. Você
conhece, por exemplo, a responsabilidade de um empresário ao comercializar um produto
defeituoso no mercado? Os direitos do consumidor ao adquirir um produto com defeito?
Vamos aos estudos!
88 • capítulo 5
que “considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econô-
mica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”.
Segundo o autor Ricardo Negrão (2010, p. 69), pela definição legal, é empre-
sário aquele que exerce:
(3) profissionalmente.
CONCEITO
Deste conceito, podemos demonstrar uma das principais características do empresário e da
atividade empresarial, qual seja: o seu fim lucrativo. Toda atividade empresarial visa ao lucro.
A principal característica de uma empresa individual ou de uma sociedade empresarial é o
seu fim lucrativo. “Se não visa ao lucro, não é empresa”.
capítulo 5 • 89
ATENÇÃO
A lei prevê, ainda, a sociedade sem fins lucrativos, sem fins econômicos. São as denominadas
associações. “Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para
fins não econômicos”. (CC, art. 53). Portanto, não têm elas finalidade lucrativa. Porém, nada
impede que uma associação, de caráter cultural ou altruísta, mantenha uma atividade econô-
mica apenas para sobreviver (DOWER, 2005).
As sociedades empresárias são pessoas jurídicas de direito privado com fins lu-
crativos e que exerçem atividade empresarial.
As sociedades, assim como toda pessoa jurídica, são revestidas de persona-
lidade jurídica, ou seja, possuem aptidão genérica para adquirir direitos e su-
jeitarem-se a obrigações de natureza civil. Portanto, a sociedade é considerada
sujeito de direito.
A personalidade jurídica de uma sociedade empresária tem início com a
inscrição do seu ato constitutivo no Registro Público de Empresas Mercantis
da sua respectiva sede. Nesse sentido, dispõe o artigo 45, do Código Civil, que
“começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscri-
ção do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas
as alterações por que passa o ato constitutivo” (BRASIL, 2013).
Conforme o ensinamento de Requião (2010), ao adquirir personalidade ju-
rídica, ocorrem diversas consequências úteis, tais como:
90 • capítulo 5
• A sociedade possui individualidade, isolando-se da vida particular dos sócios que
a compõem, sendo que os efeitos do exercício de sua atividade não comprometem
direta e pessoalmente o seu quadro social;
capítulo 5 • 91
8.078/90), é proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de cará-
ter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo,
mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da na-
tureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e
quaisquer outros dados sobre produtos e serviços (parágrafo 1, art. 37, do CDC).
Em primeiro lugar, podemos identificar dois tipos básicos de publicidade
enganosa: a por comissão e a por omissão. Na publicidade enganosa por comis-
são, o fornecedor afirma algo capaz de induzir o consumidor em erro, ou seja,
diz algo que não é. Já na publicidade enganosa por omissão, o anunciante deixa
de afirmar algo relevante e que, por isso mesmo, induz o consumidor em erro,
isto é, deixa de dizer algo que é (GRINOVER, 2007).
É abusiva, dentre outras, a publicidade discriminatória de qualquer natureza,
a que incite úteis, tais como à violência, explore o medo ou a superstição, aprovei-
te-se da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeite valores
ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma
prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança (parágrafo 2, art. 37 do CDC).
Conforme ressalta João Batista de Almeida (2009), a publicidade abusiva
não chega a ser mentirosa, mas é distorcida, desvirtuada dos padrões da publi-
cidade escorreita e violadora de valores éticos que a sociedade deve preservar.
Além disso, deturpa a vontade do consumidor, que pode, inclusive, ser induzi-
do a comportamento prejudicial ou perigoso à sua saúde e segurança.
92 • capítulo 5
Apesar de existirem divergências entre autores quanto ao número de princí-
pios, podemos explicar a existência de 7 (sete) princípios considerados funda-
mentais à formação dos contratos, sendo eles:
Princípio da autonomia
Consensualismo
Relatividade
capítulo 5 • 93
Obrigatoriedade
Por esse princípio, o contrato deverá ser cumprido, sob pena de execução pa-
trimonial contra o inadimplente, a menos que ambas as partes o rescindirem
voluntariamente ou haja a escusa por caso fortuito ou força maior (CC, art. 393,
parágrafo único), de tal sorte que não se poderá alterar o seu conteúdo, nem
mesmo judicialmente (DINIZ, 2006).
Revisão
Princípio da boa-fé
Segundo este princípio, acima do contrato, está a ordem pública. Assim, apesar
da liberdade e da autonomia contratual, proíbe-se a estipulação de cláusulas
contrárias à ordem pública, bem como à moral e aos bons costumes.
Destaca-se ainda a existência, em nosso ordenamento jurídico, dos chama-
dos contratos de adesão. Nesta modalidade de contrato, uma das partes impõe
todas as cláusulas sem que a outra possa participar ou discutir.
Esta modalidade de contrato é válida em nosso ordenamento jurídico, po-
rém, tanto o Código Civil como o Código de Defesa do Consumidor trazem nor-
94 • capítulo 5
mas específicas quanto à sua constituição.
Segundo o artigo 53, do Código de Defesa do Consumidor, contrato de ade-
são é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente
ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem
que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.
O artigo 54, do mesmo código, define e estabelece regras para estes contratos,
visando à proteção do contratante que não participou da elaboração do contrato.
Atualmente, o Código Civil também traz disposições relativas ao contrato
de adesão, visando proteger a parte mais fraca (o aderente). Exemplo: quando
houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, deve valer
a interpretação mais favorável ao aderente (art. 423) (COTRIM, 2008).
capítulo 5 • 95
pode ser obtido no Painel do Ibope. Todos esses dados ajudarão a identificar
as necessidades e características de consumo demandado (MILAN et al, 2007).
O Código de Defesa do Consumidor traz regras referentes à qualidade dos
produtos e serviços oferecidos no mercado.
Segundo o artigo 12, do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8078/90),
o fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabri-
cação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acon-
dicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua utilização e riscos.
O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitima-
mente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, en-
tre as quais (parágrafo 1, art. 12 do CDC):
I – sua apresentação;
96 • capítulo 5
dano ressarcível e sua extensão (ALMEIDA, 2009).
No entanto, nos termos do parágrafo 3, do artigo 12, do CDC, o fabricante, o
construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
fazem com que o produto não funcione adequadamente, como um liquidificador que
não gire;
fazem com que o produto funcione mal, como a televisão sem som, o automóvel que
“morre” toda hora etc.;
capítulo 5 • 97
diminuam o valor do produto, como riscos na lataria do automóvel, mancha no terno, etc.;
não estejam de acordo com as informações, como o vidro de mel de 500 ml que só
tem 400 ml; o saco de 5 kg de açúcar que só tem 4,8 kg; o caderno de 200 páginas
que só tem 180 etc.;
Não sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 (trinta) dias, pode o con-
sumidor exigir, alternativamente e à sua escolha (parágrafo 1, art. 18, do CDC):
ATENÇÃO
Poderão as partes, também, convencionar a redução ou ampliação do prazo de 30 dias para
saneamento do defeito, não podendo ser inferior a 7 (sete) nem superior a 180 (cento e
oitenta) dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em
separado, por meio de manifestação expressa do consumidor (parágrafo 2, do artigo 18, do
CDC). Trata-se da chamada garantia contratual.
98 • capítulo 5
prazo de 30 dias, contados da sua aquisição. Esse prazo legal de garantia de sa-
neamento, no entanto, somente deve ser observado em se tratando de produtos
industrializados agregados, vale dizer, que permitam a dissociação de seus com-
ponentes, como é o caso dos eletrodomésticos, veículos de transporte, computa-
dores, armários de cozinha, copa ou dormitório. Se os mesmos vícios afetarem
os produtos industrializados essenciais, que não permitem dissociação de seus
elementos, como, por exemplo, vestimentas, calçados, alimentos, medicamen-
tos, bebidas de todo gênero, não se oferece a oportunidade de saneamento, e o
consumidor pode imediatizar a tutela reparatória (GRINOVER, 2007).
Porém, esta previsão da garantia contratual não impede que o consumidor,
ao cabo de 30 dias legalmente previstos para reparação do vício, acione as alter-
nativas previstas no parágrafo 1, do art. 18, pleiteando a substituição do produ-
to, a restituição da quantia paga ou o abatimento do preço (GRINOVER, 2007).
Vale ressaltar ainda que, tendo o consumidor optado pela substituição do
produto por outro da mesma espécie, e não sendo possível a substituição do
bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diver-
sos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço,
sem prejuízo das demais opções do consumidor, previstas nos incisos II e III,
do artigo 18, do CDC (parágrafo 4, art. 18, do CDC).
No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o
consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente o
seu produtor (parágrafo 6, art. 18, do CDC).
Nesse sentido, são impróprios ao uso e consumo (parágrafo 6, do art.
18 ,do CDC):
III – os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que
se destinam.
capítulo 5 • 99
Aspectos jurídicos do segundo P: preço
O preço está por toda parte e pode ser expresso por diferentes termos, depen-
dendo da situação, como, por exemplo, o pagamento do aluguel pelo seu apar-
tamento, honorários para seu advogado, médico ou dentista, passagem para
andar de ônibus, mensalidades para escola, taxas para entrar no clube, juros
pelo dinheiro que toma emprestado do banco, salário para funcionários, e as-
sim por diante.
Na verdade, tudo isso são preços de produtos, mas que, por serem diferen-
tes, possuem nomenclaturas específicas e diferentes também.
Almeida (2008) nos mostra que a ideia de se estabelecer o preço é relati-
vamente recente. Ao longo da história, o preço costumava ser determinado
no momento da venda, por meio de negociação entre comprador e vendedor.
Como em um mercado árabe, a cada negociação um preço diferente era acor-
dado, resultado de um conjunto diverso de fatores do momento. É um processo
muito diferente do que hoje encontramos, por exemplo, em um supermercado,
onde o preço é fixo e não negociável.
Preço é a soma de todos os valores que os consumidores trocam pelos bene-
fícios de obter ou utilizar um produto ou serviço (KOTLER, ARMSTRONG, 2003).
O preço é um dos mais importantes elementos do composto de marketing, já
que é o único que representa receita para a empresa, enquanto produto, promo-
ção e ponto de venda envolvem apenas despesas. Também é importante porque
pode ser modificado com mais rapidez que os demais, tais como uma alteração de
produto, mudança de posicionamento ou nova estrutura de canais de distribuição.
O Código de Defesa do Consumidor também traz regras referentes ao preço
dos produtos no mercado.
É vedada, por exemplo, ao fornecedor de produtos ou serviços a elevação
sem justa causa do preço de produtos ou serviços (art. 39, X, CDC).
A regra, então, é que os aumentos de preço devem sempre estar alicerça-
dos em justa causa, vale dizer, não podem ser arbitrários, leoninos ou abusivos.
Em princípio, numa economia estabilizada, elevação superior aos índices de
inflação cria uma presunção – relativa, é verdade – de carência de justa causa
(GRINOVER, 2007).
E ainda, no caso de fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos ao re-
gime de controle ou de tabelamento de preços, os fornecedores deverão res-
peitar os limites oficiais sob pena de não o fazendo responderem pela restitui-
100 • capítulo 5
ção da quantia recebida em excesso, monetariamente atualizada, podendo o
consumidor exigir, à sua escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo de
outras sanções cabíveis (art. 41 do CDC).
Também é vedado ao fornecedor de produtos ou serviços aplicar fórmula ou
índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido.
É comum no mercado a modificação unilateral dos índices ou fórmulas
de reajuste nos negócios entre consumidores e fornecedores (contratos imo-
biliários, de educação e planos de saúde, por exemplo). O dispositivo veda tal
comportamento, criando um ilícito de consumo, que pode ser atacado civil ou
administrativamente (GRINOVER, 2007).
capítulo 5 • 101
• Oferecer informações e incentivos para o consumidor adquirir o produto ou
serviço da empresa;
• Gerar atitude favorável dos diversos segmentos de público que interagem com
a empresa.
102 • capítulo 5
dor (Lei n. 8.078/90), é vedado ao fornecedor de produtos ou serviços enviar ou
entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer
qualquer sérviço.
O fornecimento não solicitado é uma prática corriqueira – e abusiva – do mer-
cado. Uma vez que, não obstante a proibição, o produto ou serviço seja fornecido,
aplica-se o disposto no parágrafo único do dispositivo: o consumidor recebe o
fornecimento como mera amostra grátis, não cabendo qualquer pagamento ou
ressarcimento ao fornecedor, nem mesmo os decorrentes de transporte. É ato
cujo risco corre inteiramente por conta do fornecedor (GRINOVER, 2007).
Por fim, é importante ressaltar que a lei n. 5.768/71 traz regras referentes à
distribuição gratuita de prêmios, mediante sorteio, vale-brinde ou concurso, a
título de propaganda, sendo que qualquer prática empresarial nesse sentido
também deve respeitas as regras previstas no CDC.
Com relação à lei n. 5.768/71, é importante destacar o disposto em seu arti-
go 1, o qual determina que a distribuição gratuita de prêmios a título de propa-
ganda quando efetuada mediante sorteio, vale-brinde, concurso ou operação
assemelhada, dependerá de prévia autorização do Ministério da Fazenda.
Além disso, a autorização somente poderá ser concedida a pessoas jurídi-
cas que exerçam atividade comercial, industrial ou de compra e venda de bens
imóveis comprovadamente quites com os impostos federais, estaduais e muni-
cipais, bem como com as contribuições da Previdência Social (art. 1, parágrafo
1, lei n. 5.768/71).
Destaca-se que nenhuma pessoa física ou jurídica poderá distribuir ou pro-
meter distribuir prêmios mediante sorteios, vale-brinde, concursos ou opera-
ções assemelhadas, fora dos casos previstos na lei n. 5.768/71, exceto quando
tais operações tiverem origem em sorteios organizados por instituições dedica-
das exclusivamente a atividades filantrópicas, com o objetivo de obter recursos
adicionais, necessários à manutenção ou custeio de obra social a que se dedi-
cam (art. 4, lei n. 5.768/71).
capítulo 5 • 103
termo escrito (art. 50, CDC). O termo de garantia ou equivalente deve ser pa-
dronizado e esclarecer, de maneira adequada, em que consiste a mesma ga-
rantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os
ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preen-
chido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de
instrução, de instalação e uso de produto em linguagem didática, com ilustra-
ções (parágrafo único, art. 50, CDC).
Os prazos das garantias legal e contratual começam a correr, simultaneamen-
te, com a aquisição do produto ou serviço no mercado de consumo, pois, como
a própria lei diz, uma é complementar à outra – e não suplementar, como já en-
tendeu a Terceira Câmara do extinto – TACivSP (RT 761/269). Porém, se o vício for
oculto, conforme regra da garantia legal o prazo decadencial iniciar-se-á somente
com a verificação do defeito (art. 26, parágrafo 3, do CDC) (SILVA, 2008).
104 • capítulo 5
do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se pere-
cer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição”.
Com relação à publicidade comparativa, ela não foi vetada pelo nosso ordena-
mento jurídico, porém ela deve ser utilizada sem esbarrar nos limites impostos pelo
Código de Defesa do Consumidor, no que tange à publicidade enganosa e abusiva.
Nessa técnica, o anunciante mostra seu produto ou serviço na relação com o
de seu concorrente. Para apresentá-lo, o anunciante tem de cumprir as seguin-
tes regras (NUNES, 2009):
b. a comparação deve ser feita de forma objetiva, evitando o uso de alusões de
caráter subjetivo, e deve ser passível de ser comprovada;
c. os modelos a serem comparados devem ter a mesma idade, tendo sido produzi-
dos no mesmo ano. A comparação entre modelos de épocas diferentes só é possível
se pretender demonstrar evolução, que deve ficar claramente caracterizada;
d. não pode estabelecer confusão entre produtos, serviços e marcas do produto,
serviço ou marca concorrente;
f. em se tratando de comparação entre produto ou serviço cujo preço seja de desi-
gual nível, tal circunstância deve ser claramente indicada.
CURIOSIDADE
Segundo o artigo 60, do CDC, a imposição de contrapropaganda será cominada quando
o fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa ou abusiva, sendo que a contra-
propaganda será divulgada pelo responsável da mesma forma, frequência e dimensão e,
preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma capaz de desfazer o
malefício da publicidade enganosa ou abusiva (§ 1).
capítulo 5 • 105
A responsabilidade civil
Conforme já descrito anteriormente, o fornecedor de produtos ou serviços res-
ponde de forma objetiva (independentemente de dolo ou culpa) pelos danos
causados ao consumidor.
COMENTÁRIO
É evidente a dificuldade que teria o consumidor de provar o desvio da publicidade e provar
tecnicamente ser enganosa ou abusiva, embora possa indicar elementos para tal. Por isso
mesmo, o legislador consignou a regra de que o ônus da prova da veracidade e correção da
informação ou comunicação publicitária incumbe a quem as patrocina, ou seja, ao fornecedor
interessado na sua veiculação (ALMEIDA, 2009).
106 • capítulo 5
propaganda deve ser veiculada da mesma forma e com a mesma força de como
foi difundido o produto (art. 60) (GAMA, 2008).
Não obstante, as publicidades abusiva e enganosa geram ao fornecedor e,
excepcionalmente, ao publicitário e ao meio de comunicação (art. 7, parágrafo
único, e art. 25, parágrafo 1, ambos do CDC) a obrigação solidária de reparar os
danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos, em conformida-
de com o princípio da plena reparação dos danos (art. 6, VI) e o direito básico
de proteção contra esse tipo de publicidade (art. 6, IV, 1ª parte) (SILVA, 2008).
Com relação ao ônus da prova quanto à veracidade e à correção da infor-
mação ou comunicação publicitária, o mesmo, cabe a quem as patrocina, nos
termos do artigo 38 do Código de Defesa do Consumidor.
EM RESUMO
Neste capítulo, estudamos o marketing empresarial e suas regras jurídicas previstas no CDC.
Analisamos a atividade do marketing na formação do contrato de consumo, o marketing na
relação jurídica entre dois fornecedores e a responsabilidade civil dos fornecedores de pro-
dutos e serviços de acordo com o disposto no Código de Defesa do Consumidor.
ATIVIDADE
01. Em que consiste a chamada venda casada?
capítulo 5 • 107
03. O CDC é aplicável à relação jurídica entre dois fornecedores? Fundamente.
04. Quais são as regras previstas no Código de Defesa do Consumidor referentes ao preço
dos produtos no mercado.
05. Descreva as regras previstas no CDC referentes à garantia contratual de produtos ofe-
recidos no mercado.
LEITURA
Livro: Manual de Direito do Consumidor
Autor: João Batista de Almeida
Saraiva, 5. ed. 2011
Este manual traz, de forma completa, todas as normas de defesa do consumidor, de maneira
prática, didática e de fácil compreensão. A obra inicia-se com um estudo histórico do surgi-
mento e evolução das leis de proteção ao consumidor, no Brasil e no mundo, para, logo em
seguida, nos demais capítulos, explicar e comentar todas as normas de proteção do consu-
midor previstas na lei n. 8.078/90.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da
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