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Povo Preto, Pan-Africanismo e Poder Preto

Publicado por X · 10 de agosto, 2018 · Diáspora Afrikana ·

∆∆∆

MARIMBA ANI É NOSSO FECHAMENTO!

Antropóloga preta, segundo ela mesma, treinada pelo Dr. John Henrik Clarke, pode
estudar também ao lado de Amos Wilson, ambos se influenciando reciprocamente,
e desenvolvendo uma visão mais apurada tanto sobre a realidade dos pretos a
partir da Maafa – quer dizer, do contato nada espontâneo travado entre povos
meridionais (do sul) e setentrionais (do norte) – como também da Asili europoide,
a partir da profunda análise do sistema de dominação e supremacia forjado pelo
Yurugu – palavra tomada de empréstimo da língua Dogon (que, em tal contexto,
comunica a força do caos). Ani faz isso para definir o homem branklux, enquanto
reforça nossa agência intelectual, no campo teórico – e protagonismo, na prática.
Outros conceitos foram propostos por Marimba Ani: em se falando da sua
conceituação tripartida da cultura, baseada nos seguintes termos, do Ki-Swahili:

 Asili, “o logos de uma cultura, dentro do qual seus vários aspectos


são coesos. É o germe / semente de desenvolvimento de uma cultura.
É a essência cultural, o núcleo ideológico, a matriz de uma entidade
cultural que deve ser identificada para dar sentido às criações
coletivas de seus membros”, a “matriz germinativa” de uma cultura;

 Utamawazo, “pensamento culturalmente estruturado. É a maneira


como a cognição é determinada por uma Asili cultural. É a maneira
como o pensamento dos membros de uma cultura deve ser
modelado para que a Asili se cumpra”; e

 Utamaroho, “a força vital de uma cultura, posta em movimento pela


Asili. É o impulso ou a fonte de energia de uma cultura; o que lhe dá o
tom emocional e motiva o comportamento coletivo de seus membros”

Ou seja, Marimba Ani nos fornece uma série de conceitos, os quais emprega a fim
de empreender uma análise profunda, que vai do éthos ao pathos dos europoides:
“Tanto Utamawazo quanto Utamaroho nascem da Asili e, por sua vez, a afirmam.
Não devem ser pensados como diferentes da Asili, mas como suas manifestações.”.
Pois se se costuma olhar para a EUAropa a partir da história de seu pensamento –
Marimba Ani vai lá e faz logo uma análise antropológica dos coisa, não apenas
“invertendo os papéis”, simplesmente criando antíteses; do contrário, parte duma
perspectiva própria (Afrocentricidade), apontando muito daquilo que já sabemos
sobre sua Asili, como sobre seu comportamento anti-natureza, auto-destrutivo,
bárbaro mesmo.

O irmão por detrás do canal OSH1 Autoimagem, Zaus Kush, reproduziu um


esquema, um framework que nossa irmã elaborou para o seu livro ‘Yurugu – Uma
Crítica Africano-Centrada do Pensamento e Comportamento Cultural Europeu’
(nas palavras de Molefi Kete Asante, um “trabalho elegante”) que diz respeito ao
cristianismo como mecanismo central da Asili europeia, o qual reproduzimos aqui

O objetivo desta postagem é viabilizar a introdução a alguns conceitos trabalhados


por Marimba Ani; que, a despeito das definições euro-referenciadas forjadas nas
“universidades” ocidentais, busca dar a palavras derivadas de línguas Africanas um
determinado sentido, tendo como premissa uma perspectiva Afrocentrada, nos
armando de conceitos que podem muito bem nos servir de ferramentas para não
só criarmos novas narrativas, mas para que possamos desencadear uma
verdadeira revolução epistemológica, sem rabo preso, não para “tencionar” ou
flertar com os cânones da brancademia, senão por nossa própria leitura. De resto,
os textos aqui reproduzidos são extratos de um registro ao qual podemos acessar
por ‘Guerreiras e o Pensamento Africano’, disponível via canal OSH1 Autoimagem.

Vai segurando a Visão 3d de Marimba Ani!


É So Dayi – Visão de Heru, Família!

***

(...) Mas uma Guerreira deve ser capaz de ir contra o que parece ser... popular. Um
Guerreiro deve agir contra, ir além. Mas, para fazermos isso, devemos ter certeza
de quem somos e o que é isso que queremos. E isso é o que as chamadas
~lideranças~ não têm sido capazes de nos dar: não possuem uma agenda. Significa
que sempre se comprometem, porque sempre agem com base no medo. (...) Não
significa que nunca sentimos medo, mas MEDO NÃO PODE SER SUA AGENDA.
Medo não pode ser a sua pauta.
(...) Tamo falando de Guerreiras. Agora, o Espírito Guerreiro os capacita a
confrontar TUDO que precisa ser confrontado, e deixar as lascas cair onde devem.

E o que fizemos foi desenvolver um programa, plano e tal, que é pra dizer: “Vamos
– pelo caminho que oferece menos resistência...” – “Qual o caminho mais fácil?” (...)
“o caminho para que as pessoas não fiquem com raiva de nós?” – Essa não é uma
agenda política e NÃO É POSICIONAMENTO DE GENTE SOBERANA.

Então, penso que o que estou fazendo é questionar toda essa coisa de... liderança.

(...) Tem que ser popular, dizer coisas populares... Veja bem, eu fui treinada por
JOHN HENRIK CLARKE. Eu me dou O Poder pra dizer o que eu penso ser A Verdade
pro meu povo. E foi isso que ele fez. Mesmo quando não era ~popular~ entre
nosso povo, ele estava dizendo >>A<< verdade, quando dizia: “Cuidado aí!!!” –
“Ele não trabalha pra vocês.” – “CUIDADO.”

E as pessoas foram a ele, com algo do tipo: “Professor Clarke, você quer realmente
dizer isso?” – “Quer realmente assumir essa posição?” – Ao que ele disse: “Sim. Pois
essa é a Verdade”. Assim eu fui treinada. Então, devo fazer o mesmo. Certo?!

Mas quando falamos de liderança hoje (...) Falamos de uma pessoa que quer se
manter popular. Falamos de uma pessoa que pode ser eloquente. Lida bem com as
palavras, MAS NÃO ESTÁ DIZENDO NADA de fato. É disso que estamos falando (...)
de uma pessoa que desenvolve um lance de personalidade, que torna tudo a
respeito dela (...) quer permanecer nos holofote. Uma pessoa viajando no ego.

Então, estou sugerindo que RISQUEMOS esse termo – “líder”. E agora, precisamos
de >>Organizadores<<. Precisamos de Guerreiras. Precisamos de Vencedores.

Eu? – EU ESTOU NESSA PRA GANHAR. Nada menos que isso.

(...) O problema é que as chamadas lideranças não estão fazendo análise política;
não estão fazendo análise histórica. Então, não estão em posição de serem
vanguarda. Percebem? – não estão em posição de ensinar. Porque não estão
fazendo o trabalho que se faz quando se quer conduzir seu povo pra onde ele
precisa ir. Então, estou levantando isso aqui e dizendo que precisamos pensar mais
em termos de o que precisamos ser para sermos Guerreiras. O que precisamos ser
para sermos organizadores do nosso povo, e daí, uma das coisas mais importantes
que abordarei é sermos VISIONÁRIAS. É isso que nos falta!

Se uma pessoa fica na sua frente, e ela se propõe a ser sua líder, ou alguém a
apresenta como líder – deve haver responsabilidade em confrontar as pessoas, não
de forma negativa, mas para dizer a elas – QUAL SUA VISÃO PRO NOSSO POVO?

E eu te garanto que todas as pessoas de hoje que a mídia chama de “lideranças”


meio que coçarão suas cabeças, se sacudirão um pouco e tal, porque não pensaram
sobre aquilo, e não tem um posicionamento em relação a:
QUAL É A VISÃO DE VITÓRIA PARA O NOSSO POVO?

Você tem que ter isso! Porque é isso que te diz como se organizar. E é por isso que
não temos uma agenda. Porque as pessoas que deveriam estar desenvolvendo isso,
não o fazem. Elas não têm uma agenda. Então, tudo que elas fazem é reagir ao que
o inimigo faz. Percebem?

Temos inclusive que ter uma Visão que vá além da presença e da existência dos
Yurugu. Temos que sermos capazes de visualizar um mundo sem Yurugu. Um
Mundo Africano, que seja como queremos que seja.

O QUE QUEREMOS PARA NOSSAS CRIANÇAS NO NOSSO MUNDO?

Temos que ter a coragem de construirmos nossa própria realidade – é disso que
Garvey falava. Porque ele disse que olhou ao redor e não viu o que pensou que
deveria estar lá. Então o que ele fez? – ele nem se sentiu pressionado! Não se sentiu
derrotado... ele disse: “Construirei o governo que precisamos ter!”

DE ONDE VEIO AQUELE TIPO DE OUSADIA?...

Então, temos que retroceder até Garvey, que disse que ele viria de novo. Ele disse
que estaria aqui conosco1, não importa quanto tempo leve. E eu digo a vocês que –
a forma como ele retorna É NO NOSSO TRABALHO. Não o honrando com palavras,
o idolatrando e todas essas coisas – mas o honrando ao fazermos O QUE ELE FEZ.

QUANTOS DE NÓS TEM A CORAGEM DE FAZER ISSO?

***

[So-dayi – Visão-nítida, Visão-vitoriosa, Visão-da-vontade, Visão de Heru...]

(...) precisamos desenvolver visão, e A Visão deve ser de Soberania Africana. Isso é
nítido e nos mantém focadas.

[Giri-so, o conhecimento descritivo2]

(...) o menor nível de conhecimento (...) onde a visão de mundo europeia está
construída. É o mais simplista – não simples num bom sentido, mas simplista.
Então, chamamos de ‘palavra pela frente’ – “você tem o que você vê” – é o nível
superficial, não tem profundidade. (...)

1
Marcus Garvey nos prometeu voltar, para ser, na morte, “o terror dos inimigos da liberdade Africana”;
em seu discurso ‘Procure por mim na tempestade’ – para ver um trecho, clique aqui.
2
Assim define Maulana Karenga estes princípios Dogon aqui elencados por Marimba Ani: >>Os Dogon
definem quatro estágios fundamentais do conhecimento, direcionados à compreensão da história do
mundo e do lugar e da responsabilidade de cada um dentro dele. O primeiro nível do conhecimento se
chama Giri-so, ou “antepalavra”. Consiste de fatos básicos e explicações descritivas e também se chama
“primeiro conhecimento”.<< Karenga diz ainda o seguinte: “A categorização dos estágios do
conhecimento como a antepalavra, a palavra-de-lado [Benne-so], a palavra-por-trás [Bolo-so] e a palavra
nítida [So-dayi] sugere a abordagem multidimensional e integrativa (holística) do conhecimento.”
E isso é sobre Pensamento Africano Profundo. Você não pode “pegar leve” quando
o assunto é Pensamento Africano. (...) [se] não há interpretação, não pode haver
qualquer entendimento.

[Benne-so, o conhecimento analítico3]

(...) e o que acontece com Benne So, é que você começa a olhar o mundo por
ângulos diferentes. Entende?! Você ganha alguma perspectiva. Se traduz como
‘palavra pelo lado’.

(...) Estou interpretando e usando, assim como fiz com o termo Maafa. Assim como
fiz com o termo Yurugu. Estou usando meu Espírito Africano para dizer: como isso
se aplica a nós? Como podemos usar isso para análises? Então, Benne So é quando
se começa a pensar. Nada a ver com o pensamento ao nível Giri So, que não é
Pensamento Africano.

Então, temos o Benne So e começamos a desenvolver um ponto de vista, (...) o


início do desenvolvimento de uma perspectiva. E uma das coisas mais importantes
que ensino às nossas crianças – e falo de pequenas de 6 em diante – é que temos
que entender que temos uma perspectiva como Povo Africano. Então, o que você
quer que sua criança saiba, e vocês mesmos, é olhar, desenvolver e saber onde está
a Perspectiva Afrocentrada do que quer que você esteja falando.

Quando alguém diz a você: “Ah, só existem coisas objetivas, isso é universal... então,
não precisa interpretar” – essa pessoa está jogando com você. É isso que os
europeus fazem, e têm sido capazes de convencer alguns do nosso povo que estão
nas... UNIVERSIDADES – que: “sim, esse é o mais alto grau! Essa coisa objetiva que
não possui base cultural.” – Isso é um GRANDE ERRO!

Porque essa “visão objetiva” particular, “verdade objetiva” ou seja lá o que te dizem
ou entreguem – representa a visão de mundo deles e suas perspectivas... que são
anti-África. (...) Então, estou recuando e dizendo: “não!”

[Bolo-so, o conhecimento comparativo4]

(...) é traduzido como ‘palavra por trás’. Porque realmente está aberto para nós
pensarmos e olharmos de diferentes formas. (...) Para mim, quando estou diante de
algo que posso ver por trás, significa que eu consigo ver através. Então, eu digo que
se entra naquilo. Isso é realmente profundo, já que se entra naquilo. Certo? Então,
digo que é penetrar no significado interno do que quer que esteja olhando.

Agora, lembre-se, se voltarmos ao Giri So, você está olhando apenas a superfície,
pensando que sabe alguma coisa, mas você não sabe nada. (...) não se está no nível
do significado, e significado importa, muito, demais. Sem significado, o que é algo?

3
>>O segundo estágio do conhecimento é Benne-so, ou “a palavra de lado”, e envolve um encontro mais
aprofundado com o que é dado, bem como com a categorização e a procura do significado.<< (Karenga)
4
>>O terceiro estágio no processo Dogon do conhecimento é Bolo-so, ou “a palavra por trás”, que se
direciona à comparação e à ligação das diferentes partes num todo significativo e instrutivo.<< (Karenga)
Então eles dizem: “Quero apenas os fatos. Só quero os fatos.” – Fato é NADA fora do
CONTEXTO. Para um fato ter significado, você tem que colocá-lo em um contexto.
E definirmos qual e o que é o contexto, é Soberania Africana.

E nossas crianças podem fazer isso! Se as treinarmos apropriadamente, elas


podem pensar nesse nível, ainda pequenas. Então, encontramos a essência de algo
no nível de Bolo So. É ver através. E nós conseguimos discernimento. Insight.

***

Mas veja, o que vocês pensam que é, e é um erro do nosso pensamento: “Pode ser
imperialismo ou colonialismo, mas não é escravidão!” É realmente o que vocês
pensam por dentro, ou sentem – “Nós não somos escravos!” – Mas farei uma
pergunta: o que impede de sermos?

Temos Poder? Consolidamos nosso poder para que possamos nos defender e nos
precaver de sermos escravos? Podemos proteger nossas crianças? Irmãos, podem
proteger suas esposas? Percebem o que digo?

Isso só vem do poder, e vem de uma consciência que nos diz quem somos. Você
tem que saber como nós nos definimos.

***

[So-dayi: conhecimento ativo5]

E aí, chegamos ao So Dayi. (...) vou colocar isso como o que queremos alcançar.
Então, ‘So Dayi’ se traduz como ‘palavra precisa’ na língua Dogon. E eu uso para
dizer que aqui nós ganhamos entendimento. Essa é >>A<< visão – com
entendimento.

Ver além do que pensamos que vemos, da parte física. É ver além disso... E então,
ganharmos visão. Porque é isso que a Visão é. Na Visão, você tem que ser capaz de
usar a imaginação, a imaginação instruída pelo Espírito Africano. E o irmão Amos,
de quem fui muito próxima e grande amiga, me ensinou e me falou sobre
imaginação:

“IMAGINA uma NAÇÃO”

Percebem?!... Mas isso deve ser parte da Visão. Pra ser visionária, é preciso ver
além dessa caixa. É preciso ver além da Maafa. É preciso ver o que é que o nosso
povo deve ter por direito.

E isso foi o que Garvey fez.


Garvey teve Visão.

5
Por fim, Maulana Karenga, refletindo sobre o caminho, o destino, a função e o futuro dos estudos
Africana, vai definir o quarto estágio no processo Dogon do conhecimento: >>E o estágio final é So-dayi,
“a palavra nítida”, que “se preocupa com o edifício do conhecimento na sua complexidade ordenada” e
com sua aplicação na prática ao assumir a responsabilidade no mundo e por ele.<<
[links ativos, abaixo]

 Dra. Marimba Ani: Guerreiras(os) e o Pensamento Africano

 Dra. Marimba Ani: Visão de Mundo Africano

 Yurugu – Uma Crítica Africano-Centrada do Pensamento e Comportamento


Cultural Europeu
ANEXO – Pirâmide da Supremacia Branca (tradução por Abibiman Shaka Touré)

Vai vendo a fita, esses brancos seguiram direitinho o exemplo de um Malcolm X, de


um Kwame Ture – ou talvez de seu par branco, a professora Jane Elliott, vai saber...
A ideia é que pessoas brancas se eduquem entre si, se querem de fato combater o
racismo, que o façam entre os seus, em sua própria comunidade, e não se metam
nos assuntos da nossa comunidade. Eles é que tem que ser civilizados, esse é o
entendimento. Fato é que todas as pessoas envolvidas na criação ou veiculação
deste diagrama, adaptado por uma tal de Ellen Tuzzolo, são brancas – esta última,
inclusive. No rodapé, consta que foi organizado por uma instituição branca dos
EUA, chamada Safehouse Progressive Alliance for Nonviolence’s – repare nesta
última palavra, a organização diz-se não-violenta... Destaco isso exemplarmente,
apenas pelo fato de ter que discordar do lugar psicológico do qual se parte (o
próprio nome, pra lá de narcísico – e tá errado? Não! – do curso ministrado por
Erin Stutelberg: “Diversidade e o Eu”...), além de certas terminologias/conceitos
empregados, para os quais deixarei alguns apontamentos, logo abaixo. Resolvi
traduzir o diagrama, ao qual cheguei através de uma publicação do professor
Carlos Machado, porque ele acaba que sendo bem didático...

Particularmente, não tenho muitas objeções, apenas algumas observações a serem


feitas. Por exemplo: “POC” – empregado para People of Colors – é empregado duas
vezes. (Não precisa nem esticar o chiclete, né, essa terminologia está superada...)
Outro exemplo, à respeito dessa ideia de “Privilégio Branco”, recorrente explicita
ou implicitamente (em sua essência) no quadro – como assim, “Privilégio Branco”?
Isso é uma redundância! Sim, não estou negando o fato de que essa sociedade foi
construída com nosso sangue, suor e lágrimas; mas, note, por eles e para eles,
apenas. “Branquitude” que fala, né? – taí, outro eufemismo! Mas, sigamos... indo
direto à raiz do problema: “Direitos Humanos” foi nada menos que um
desmembramento sobretudo da 2ª guerra deles lá, e devia se chamar, em verdade,
Direitos dos Brancos... polêmico eu? Investigue o contexto da criação da ONU –
nada mais do que um órgão mediador/regulador de conflitos entre europeus; sim,
as chamadas Primeira e Segunda “Guerras Mundiais” (não seria mais apropriado
falar em “Grande Guerra”, pois não louvamos a guerra...) não passam disso: guerras
fratricidas. Vai ler a Paz Perpétua, de Kant pra entender, da ONU ao fascismo...
Marianne Rocha pode falar melhor do que eu sobre.

Kwame Ture diz: “Embora a Europa tenha travado mais guerras fratricidas que
qualquer outro continente, ou que todos os continentes juntos, europeus
continuam falando em ‘União Europeia’.” Lembra aquele discurso histórico de
Aimé Césaire condenando o colonialismo? Ele disse: “antes de serem as suas
vítimas, foram os cúmplices” – ele falava sobre o nazismo. Agora a Europa não se
via em posição de definir: sua reação ao nazismo – quando este se voltou contra a
Europa (seu “Eu) – agora justificava nossa resistência ao colonialismo. Em um
contexto particular, por exemplo, em se falando dos EUA, a luta pelos direitos civis.
A ONU – ou a “Democracia Americana” – cairia em grande contradição, seria um
contrassenso enorme não estender os “direitos humanos” (ou “civis”) aos
Africanos (ou aos chamados negros...), é ou não é? – mas: “No fim do humanismo
formal e da renúncia filosófica, há Hitler.” E por isso falamos em termos de
“sociedade branca”, “mundo branco”... em outras palavras, supremacia branca.
Papo de resumo: só pode haver “justa competição” entre eles (isso, quando!...) – e
aqui entra o discurso de meritocracia: eles estão falando para eles, entre eles. No
fundo, no fundo, é como se dissessem: não é pro seu bico! Nisso, pretos não serão
sequer “cotados”... De resto, acho que dá pra aproveitar bastante coisa do tal
diagrama. O foco não é nem educar os brancos, é mais um instrumento aí pra nós,
por nós e para nós compreendermos, de forma sistemática, a dinâmica, nem tanto
do racismo (efeito), mas da supremacia branca (causa)... Na verdade, na verdade
memo, eu resolvi traduzir este diagrama pra anexá-lo a um documento que
organizei, ainda lá atrás, como uma das primeiras contribuições para a página
Povo Preto... para uma tradução de Zaus Kush de uma palestra/fala da grande
Marimba Ani, onde eu ensejei um breve texto visando apresentação/contextualizar
a contribuição dessa nossa irmã... segue nos comentários o documento, com a
pirâmide da supremacia branca anexada. Espero que seja de bom proveito.

A pirâmide é didática porque é tudo que está acontecendo ou em vias de acontecer


no Brasil. Não se pode brincar com coisa séria, mas em determinado momento eu
chego até a mimetizar a categoria “Minimização”, atualizando-a para nossa
realidade no Brasil – Mini“mimimi”zação... De resto, é só bater o olho, e perceber
que eles estão muito próximos de chegar ao cume da pirâmide, para o genocídio se
consolidar... Logo abaixo, nos comentários, deixo link para o texto do irmão Carlos
Machado, através de quem tomei conhecimento dessa piramide... e acima, como
imagem, a própria – Pirâmide da Supremacia Branca:

[texto postado originalmente no Facebook; para acessar a tabela à parte deste material, clique aqui]

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